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Prescrição e Decadência No Direito Tributário Entenda Como Aplicar Os Arts. 150, 4º, 173 e 174 Do Código Tributário Nacional... (Murillo Akio Arakaki) (Z-Library)
Prescrição e Decadência No Direito Tributário Entenda Como Aplicar Os Arts. 150, 4º, 173 e 174 Do Código Tributário Nacional... (Murillo Akio Arakaki) (Z-Library)
1. Introdução............................................................................................................................... 7
2. Considerações preliminares sobre a relação jurídica tributária material................ 9
2.1. Fato gerador da obrigação tributária............................................................................ 10
2.2. Lançamento do crédito tributário.................................................................................. 12
2.2.1. Lançamento de ofício..................................................................................................... 16
2.2.2. Lançamento por declaração (misto)........................................................................... 17
2.2.3. Lançamento por homologação (autolançamento).................................................... 18
2.2.4. Lançamento por arbitramento..................................................................................... 20
2.3. Suspensão da exigibilidade do crédito tributário........................................................ 21
2.4. Extinção do crédito tributário........................................................................................ 23
3. Prescrição e decadência...................................................................................................... 25
3.1. Decadência do direito de constituir o crédito tributário em tributos sujeitos ao
lançamento de ofício e ao lançamento por declaração..................................................... 26
3.2. Decadência do direito de constituir o crédito tributário em tributos sujeitos ao
lançamento por homologação................................................................................................ 29
3.3. Prescrição do crédito tributário.................................................................................... 37
3.4. Das hipóteses de interrupção do prazo prescricional................................................ 45
3.5. Das hipóteses de suspensão do prazo prescricional................................................... 50
4. Conclusão.............................................................................................................................. 53
1. Introdução
1. Introdução
Para bem compreender esses institutos jurídicos não basta uma simples lei-
tura dos os arts. 150, § 4º, 173 e 174 do Código Tributário Nacional, mas sim um
estudo sobre inúmeras matérias essenciais do Direito Tributário, na legislação, na
doutrina e na jurisprudência.
Entretanto, acredito que você demoraria um bom tempo para adquirir esse
conhecimento nessas várias fontes do direito.
Por isso, para economizar o seu tempo, eu elaborei esse e-book especialmen-
te para você compreender todo o necessário para conseguir identificar uma rela-
ção jurídica tributária extinta pela prescrição ou pela decadência, especialmente
conforme o atual entendimento do Superior Tribunal de Justiça.
Saliente-se que não será objeto do presente estudo a relação jurídica tribu-
tária formal, relacionada às obrigações acessórias, como por exemplo declarações
fiscais, cadastros do contribuinte, entre outras.
Sendo assim, necessário explanar brevemente sobre cada uma delas, do nas-
cimento da obrigação à extinção do crédito tributário.
Logo, podemos dizer que o fato gerador é o fato, ato ou situação jurídica que,
legalmente prevista, faz nascer a obrigação tributária.
Assim, para o início de uma concreta relação jurídica tributária, tais fatos,
atos ou situações jurídicas precisam obrigatoriamente corresponder à exata hipó-
tese de incidência tributária prevista em lei, nos moldes da ilustração abaixo:
Sendo assim, após a prática do fato gerador pelo contribuinte haverá o nasci-
mento de uma obrigação tributária (dever de pagar tributo), que, por sua vez, fará
parte de uma relação jurídico tributária, nos moldes do art. 113, § 1º, do Código
Tributário Nacional:
Desse modo, fica claro que a notificação de lançamento é o ato que consuma
a constituição do crédito tributário.
I. de ofício;
Por sua vez, o auto de infração também é utilizado para a revisão de lança-
mentos efetuados mediante declaração fiscal do contribuinte ou responsável, bem
como para lançamentos que deveriam ser realizados mediante a declaração fiscal
do contribuinte ou responsável (mas não foram), conforme hipóteses dos incisos
II a IX do art. 149 do Código Tributário Nacional.
Caso não haja a homologação expressa do pagamento feito pelo sujeito pas-
sivo no prazo de cinco anos, ocorrerá a sua homologação tácita, nos moldes do §
4º do art. 150 do Código Tributário Nacional:
Esse lapso de tempo de cinco anos refere-se ao prazo decadencial para que o
fisco homologue expressamente o pagamento antecipado feito pelo sujeito passivo
do crédito tributário.
Após o devido processo legal (art. 5º, inciso LIV da Constituição Federal), a
autoridade tributária arbitrará o valor de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos
e, consequentemente, o tomará como base para o cálculo do tributo a ser lançado.
Podemos citar como exemplo o ITBI – Imposto sobre Transmissão inter vivos
de Bens Imóveis em que contribuinte declara um valor do imóvel a ser vendido
muito abaixo do verdadeiro. Assim, como o fisco identifica o “erro grosseiro” do
Assim que o crédito tributário é constituído pelo lançamento, ele passa a ser
exigível pela administração tributária, de modo que, em caso de pagamento fora
do vencimento, haverá o acréscimo de multa, juros e demais encargos legalmente
previstos.
Porém, o Código Tributário Nacional, em seu art. 151, prevê hipóteses de sus-
pensão da exigibilidade do crédito tributário, quais sejam:
Devemos nos atentar nessa questão, pois o dispositivo trata sobre a suspen-
são da exigibilidade do crédito tributário e não da suspensão do crédito tributário.
Por outro lado, se ainda não houve a constituição do crédito tributário, não
há nenhum impedimento do fisco de providenciar o lançamento tributário (mesmo
que a sua exigibilidade já inicie suspensa), haja vista que somente assim o crédito
tributário passaria a ser exigível.
Toda relação jurídica tributária caminha em direção à sua extinção. Ela não
pode ser eterna.
Pois bem, como o presente estudo trata especialmente sobre a hipótese pre-
vista no inciso V do mencionado artigo, deixaremos a explicação das demais hipó-
teses para outra oportunidade. Assim, após explorarmos os conhecimentos prévios
para a necessária compreensão da prescrição e decadência, seguiremos para o
tema principal no capítulo seguinte.
O prazo decadencial sempre será de cinco anos, o que varia conforme a situa-
ção é o termo inicial da contagem desse prazo.
Ainda sobre o termo inicial decadencial do inciso I do art. 173 do Código Tribu-
tário Nacional, o parágrafo único do citado artigo prevê a possibilidade de anteci-
pação do termo a quo caso o contribuinte seja notificado sobre ações preparatórias
necessárias à constituição do crédito tributário.
Por sua vez, o inciso II do art. 173 do Código Tributário Nacional refere-se ao
prazo decadencial para o lançamento de crédito tributário anulado por vício formal.
Importante salientar que o novo prazo para o fisco realizar novo lançamento
Por isso, não há o que se falar em aplicação do art. 150, § 4º, do Código Tri-
butário Nacional quando o contribuinte não antecipa o pagamento do tributo.
Como essa regra é uma das que mais geram confusão no direito tributário,
podemos ilustrá-la pelo seguinte gráfico:
Logo, o fisco tem total liberdade de instaurar fiscalização para que, em caso
de pagamento insuficiente, ele possa lavrar um auto de infração do montante re-
sidual não pago, não homologando assim os valores recolhidos pelo contribuinte.
Tal entendimento sumular se faz justificável pelo fato de, ausente a decla-
ração fiscal, o tributo passe a ser constituível integralmente por auto de infração
(lançamento de ofício) e, por isso, segue a regra geral do art. 173 do Código Tri-
butário Nacional.
Ademais, esse termo a quo “data da sua constituição definitiva” foi pacificado
pelo STJ – Superior Tribunal de Justiça como sendo a data do exaurimento da ins-
tância administrativa com o decurso do prazo para a impugnação ou da notificação
de seu julgamento definitivo e esgotado o prazo concedido pela administração
para o pagamento voluntário.
Nesse mesmo sentido foi julgado o Tema Repetitivo nº 980 do Superior Tribu-
nal de Justiça, sobre IPTU, firmando a seguinte tese:
(...)
13. Outrossim, o exercício do direito de ação pelo Fisco, por inter-
médio de ajuizamento da execução fiscal, conjura a alegação de
inação do credor, revelando-se incoerente a interpretação segundo
a qual o fluxo do prazo prescricional continua a escoar-se, desde a
constituição definitiva do crédito tributário, até a data em que se
der o despacho ordenador da citação do devedor (ou até a data
em que se der a citação válida do devedor, consoante a anterior
redação do inciso I, do parágrafo único, do artigo 174, do CTN).
14. O Codex Processual, no § 1º, do artigo 219, estabelece que
a interrupção da prescrição, pela citação, retroage à data
da propositura da ação, o que, na seara tributária, após as
alterações promovidas pela Lei Complementar 118/2005,
conduz ao entendimento de que o marco interruptivo ati-
nente à prolação do despacho que ordena a citação do exe-
cutado retroage à data do ajuizamento do feito executivo, a
qual deve ser empreendida no prazo prescricional.
15. A doutrina abalizada é no sentido de que: “Para CÂMARA LEAL,
como a prescrição decorre do não exercício do direito de ação, o
exercício da ação impõe a interrupção do prazo de prescrição e faz
Assim, caso o fisco não encontre o devedor ou não encontre o que penho-
rar no patrimônio do executado, o juiz suspenderá a execução fiscal por um ano
e, posteriormente a isso, o prazo quinquenal começará a fluir novamente. Na
inércia da exequente por todos esses anos, o crédito tributário será extinto pela
prescrição intercorrente, conforme art. 174 do Código Tributário Nacional aplicado
conjuntamente com o art. 40 da Lei de Execuções Fiscais (Lei nº 6.830/1980):
O inciso III do mencionado art. 174 trata sobre qualquer ato judicial que
constitua em mora o devedor, entretanto, como o Superior Tribunal de Justiça já
pacificou que, para fins de prescrição, o despacho de citação retroage à data da
propositura da execução fiscal, vislumbramos poucas hipóteses da aplicação desse
inciso.
Após toda a análise da aplicabilidade dos arts. 150, § 4º, 173 e 174 do Código
Tributário Nacional, bem como após a análise de toda matéria preliminar para bem
compreender os institutos da prescrição e da decadência no Direito Tributário, es-
pero sinceramente que você tenha percebido a grande oportunidade que está em
suas mãos com esse conhecimento.
Porém, não vivemos mais em uma época em que o fisco pode confiscar os bens
dos contribuintes a seu bel prazer e a seu livre critério. Temos uma Constituição
Federal que reserva o tema de prescrição e decadência à lei complementar (art.
146, inciso III, alínea “b”) e um Código Tributário que garante que as obrigações
tributárias não serão eternas, ou seja, sempre caminharão para a sua extinção.
Por isso, caro leitor, nós temos que juntos utilizar esse conhecimento em prol
de nossos clientes. Eu acredito que você pode!