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EQUIPE DIRETIVA
ORGANIZAÇÃO
EQUIPE EDITORIAL
PROJETOS E NEGÓCIOS
Coleção
Projeção lato sensu
Volume 66
Copyright © Projeção
Brasília - 2022
37.018.43
ISBN 978-65-89213-91-8
ISBN 978-65-5431-018-5 (Coleção Projeção latu sensu)
05 ..................................................................Módulo 01
Análise de Cenário para Projetos
16 ........................................................................Módulo 02
Conhecimento e Inovação em Projetos
30 ........................................................................Módulo 03
Criatividade em Projetos
45 ........................................................................Módulo 04
Metodologia Ágil para Gestão de Projetos Scrum
M Ó D ULO 1
ANÁLISE DE CENÁRIO PARA PROJETOS
APRESENTAÇÃO
A análise de cenário é uma etapa fundamental na definição da estratégia empresarial. Essa
análise consiste do descritivo de uma situação atual, de uma situação almejada futura e da tra-
jetória de eventos que possibilitará que a empresa consiga atingir seus objetivos e metas. Nesse
módulo compreenderemos a análise SWOT, utilizada para verificar a posição estratégica da em-
presa a partir do estudo de um determinado cenário interno e externo. E a ferramenta PESTEL,
que também auxilia na elaboração do planejamento estratégico através da detecção de opor-
tunidades e ameaças significativas presentes em um determinado cenário. Conceitualmente,
podemos dizer que a análise de cenário é parte fundamental de um planejamento estratégico.
1. Análise de Cenários
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A composição ou desenvolvimento de ce- ciam positivamente o empreendimento,
nários possui variadas formas de execução, com configurando-se como uma vantagem
técnicas e ferramentas específicas que podem competitiva frente aos concorrentes. São
ser aplicadas em cada caso. Entre esses diversos variáveis controladas pelo empreendedor
instrumentos para o planejamento estratégico e, e que dizem respeito a aspectos internos
consequentemente, para a composição de ce- ao empreendimento. Por exemplo:
nários futuros, destacam-se a análise SWOT e a
o O empreendedor possui forte know-
PESTEL, como veremos a seguir.
-how na sua área de atuação
1.1 Análise SWOT o A empresa oferece um produto ou
O termo SWOT é um acrônimo para Stren- serviço inovador
gths, Weaknesses, Opportunities and Threats. o A empresa possui qualidade no aten-
Traduzido para o português: FOFA (Forças, Fra- dimento
quezas, Oportunidades e Ameaças). A análise a o Os preços praticados são competitivos
partir da matriz SWOT permite a realização de
um planejamento estratégico a partir da identi- • Pontos fracos — compreendem circuns-
ficação de forças, fraquezas, oportunidades e tâncias inadequadas no empreendimento,
ameaças, relacionadas condução de um projeto tomando-o vulnerável. São desvantagens
empreendedor. A Matriz SWOT é descrita abaixo. para a empresa. Porém, são variáveis con-
troláveis, ou seja, uma vez detectados es-
Figura 1: Matriz SWOT ses pontos fracos, o empreendedor pode
concentrar esforços na melhoria deles. Por
exemplo:
7
o Legislação favorável à expansão das 5. Auxilia o empreendedor a refletir sobre os
vendas pontos de melhoria.
1. Auxilia o empreendedor a ter uma visão O primeiro passo para uma análise PESTEL
global do negócio. é fazer um brainstorming (https://www.significa-
dos.com.br/brainstorming/) a respeito de cada
2. Auxilia o empreendedor a posicionar o seu
um dos seus fatores. Esse brainstorming pode
negócio com relação ao mercado e à con-
ser dividido em dois momentos:
corrência.
3. Auxilia na identificação de adversidades, • #01 – Brainstorming com questionamen-
possibilitando que o empreendedor consi- tos a respeito das ameaças considerando
ga tratá-las antes que elas inviabilizem o cada um dos fatores
negócio. • #02 – Brainstorming com questionamen-
4. Ajuda na visualização de oportunidades tos a respeito das oportunidades conside-
de negócio que poderiam passar desper- rando cada um dos fatores.
cebidas, caso o empreendedor não esteja
A PESTEL possui a seguinte representação:
alerta.
8
Figura 2 – PESTEL ficos da sociedade, incluindo distribuição etária,
população e sua taxa de crescimento, consciên-
cia de saúde e consciência de segurança. Algu-
mas das perguntas a serem analisadas são: Qual
é a taxa de crescimento da população e qual é
perfil de idade? Como isso impactará o negócio?
As tendências do mercado de trabalho e atitudes
em relação ao trabalho são diferentes para dife-
rentes faixas etárias? Como isso afeta o negócio?
Fonte: https://www.treasy.com.br/blog/analise-pest/ Que atitudes e tabus sociais podem afetar seu
Fatores Políticos negócio? Houve mudanças culturais recentes
que podem afetar o negócio? Entre outros.
Possibilitam reflexões sobre o grau de inter-
venção do governo na economia e como os fato- Fatores Tecnológicos
res políticos podem afetar as atividades da em- Possibilitam que o empreendedor faça re-
presa. Alguns questionamentos a serem feitos flexões sobre mudanças tecnológicas, automa-
durante as seções de brainstorm, para identificar ção e, claro, inovação. Para analisar este item,
as oportunidades e ameaças relacionadas aos fa- algumas das reflexões pode ser: Existem novas
tores políticos, podem ser, por exemplo: Como tecnologias que sua empresa poderia utilizar? Al-
as próximas eleições e o perfil de cada candidato gum software para automatizar gestão orçamen-
poderão afetar o setor de atuação da empresa? tária, de processos, projetos etc.? Os concorren-
Como problemas políticos podem afetar a eco- tes têm acesso às novas tecnologias que podem
nomia e o mercado consumidor? Como as mu- redefinir os produtos? Entre outros.
danças de governo podem influenciar nos finan-
Fatores Ambientais
ciamentos e nas linhas de crédito? Entre outros.
Dizem respeito à influência do meio ambien-
Fatores Econômicos
te e o impacto dos aspectos ecológicos. Com o
Ajudam o empreendedor a refletir sobre aumento da importância da RSE (Responsabili-
como fatores como taxa de inflação, taxa de dade Social Empresarial), fatores ambientais tor-
câmbio, taxa de juros, taxa de emprego/desem- nam-se cada vez mais importantes. Aqui entram
prego e outros indicadores econômicos que afe- itens como procedimentos de reciclagem, eli-
tam o negócio. Durante as seções de brainstorm, minação de resíduos e sustentabilidade. Alguns
é necessário refletir sobre questões como: A exemplos de questionamentos podem ser: O que
economia atual está crescendo, estagnada ou em diz a legislação ambiental a respeito do meu tipo
retração? As taxas de câmbio estão estáveis ou de negócio? Nossos clientes buscam por produ-
sofrendo grande variação? Qual o nível de renda tos “verdes” (imbuídos de responsabilidade am-
dos clientes? Como as taxas de desemprego afe- biental)? Existem outros fatores ambientais que
tam nosso negócio? Entre outros. provavelmente mudarão? Como eles afetarão o
Fatores Sociais negócio? Entre outros.
9
Fatores Legais
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DESAFIO
O planejamento estratégico possibilita e realizar análises dos ambientes in-
ternos e externos em que a empresa está inserida, verificando seus pontos
fortes e fracos; para executar uma estratégia da melhor forma.
Escolha um tipo de negócio que você tenha bastante familiaridade para re-
alizar uma análise de cenários baseada em SWOT e PESTEL. A partir dessa
análise, trace um plano de melhorias baseado nos pontos fracos e nas ame-
aças detectadas para o negócio.
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LEITURA COMPLEMENTAR
A título de leitura complementar, para se aprofundar nas questões tratadas nessa unidade, são
sugeridas três leituras:
3. A utilização da matriz SWOT como ferramenta estratégica – Um estudo de caso em uma escola
de idioma de São Paulo
Este artigo faz uma reflexão da Matriz SWOT como ferramenta estratégica, foi realizado um estudo
de caso na Escola A em São Paulo, analisando as diferentes formas de utilização dessa ferramenta
para obter um diferencial neste segmento. A matriz SWOT propõe que a empresa consiga ter uma
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visão clara e objetiva sobre quais são suas forças e fraquezas no ambiente interno, e suas opor-
tunidades e ameaças no ambiente externo, dessa forma com essa análise os gerentes conseguem
elaborar estratégias para obter vantagem competitiva e melhor o desempenho organizacional. O
estudo inicia-se com revisão de literatura sobre os conceitos da matriz SWOT, suas quatro vari-
áveis (forças, fraqueza, oportunidades e ameaças, relacionadas ao ambiente interno e externo) e
pesquisa de campo na Escola A. O objetivo deste estudo é demonstrar como escolas de idiomas
utilizam a matriz SWOT como ferramenta estratégica para atender as novas exigências e obter a
liderança de mercado, captação, satisfação e retenção de alunos, além de responder o problema: A
utilização da Matriz SWOT como ferramenta estratégica permite que escolas de idiomas se man-
tenham competitivas no mercado? Pode-se verificar que os resultados obtidos no estudo de caso
indicam que a SWOT traz bons resultados e permite à escola manter-se competitiva no segmento.
O estudo também permitiu observar que para potencializar o desempenho da escola poderiam ser
utilizadas outras ferramentas estratégicas.
http://www.aedmoodle.ufpa.br/pluginfile.php?file=%2F190974%2Fmod_forum%2Fattachment%2F310115%-
2FArtigo_Aplica%C3%A7%C3%A3o%20da%20matriz%20SWOT_2.pdf&lang=pt_br#:~:text=Pode%2Dse%20
verificar%20que%20os,ser%20utilizadas%20outras%20ferramentas%20estrat%C3%A9gicas
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SAIBA +
Tudo sobre a matriz SWOT
https://youtu.be/ObRgD4hM1aw
https://youtu.be/P4eAmCwN_pw
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Referências
BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL (BNDES). A importância
do capital de risco para inovação. 2017. Disponível em: <https://www.bndes.gov.br/wps/portal/
site/home/conhecimento/noticias/noticia/capital-de-risco>. Acesso em: 26 jan. 2021.
BATEMAN, Thomas S. Administração [recurso eletrônico] / Thomas S. Bateman, Scott A. Snell ; tra-
dução: Allan Vidigal Hastings; revisão técnica: Gilmar Masiero. – 2. ed. – Dados eletrônicos. – Porto
Alegre: AMGH, 2012.
ENDEAVOR BRASIL. Financie seu sonho: guia Endeavor de acesso a capital para empreendedores.
2014. Disponível em: <https://rdstation-static.s3.amazonaws.com/cms%2Ffiles%2F6588%2F-
1425318000financie_seu_sonho_acesso+a+capital.pdf>. Acesso em: 26 jan. 2021.
GODET, M. Scenarios and strategies: a tollbox for problem solving. Paris: Librairie des Arts et Mé-
tiers, 2004.
GUAZZELLI, Arianne Menna; XARÃO, Jacqueline Cucco. Planejamento estratégico. Porto Alegre:
SAGAH, 2018.
ROJO, C. A. Simulação de cenários e a estratégia nos negócios. CAP Accounting and Management,
v. 1, n. 1, p. 37-44, 2006.
15
M Ó D ULO 2
CONHECIMENTO E INOVAÇÃO EM PROJETOS
APRESENTAÇÃO
O conhecimento está diretamente ligado a inovação. Afinal, quanto mais conhecimento,
maiores as possibilidades de surgimento de ações inovadoras. O conhecimento é considera-
do um dos recursos mais essenciais às organizações atuais. Mas, será que conhecimento é a
mesma coisa que informação? Será que conhecimento é o mesmo que know-how? E, mais:
o que é fazer a gestão do conhecimento? Para compreendermos bem todas essas questões,
vamos começar analisando alguns conceitos importantes sobre os sistemas de informação.
1. Gestão do conhecimento
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te. O que envolve uma aprendizagem contínua 2. Gestão do conhecimento e da inovação
da organização, uma vez que ela precisa analisar
Podemos considerar o conhecimento como
seus erros e acertos para poder aprender com
sendo o principal ativo estratégico das organiza-
eles. É isso o que proporciona a evolução con-
ções atuais. Cabe à empresa administrá-lo, com
tínua da organização. Tidd e Bessant (2015, p.
o objetivo de otimizar o desempenho organiza-
39) ressaltam que “[...] a inovação é uma questão
cional (CAVALCANTI, 2011). Quando a organi-
de conhecimento - criar novas possibilidades por
zação sabe como gerenciar o seu estoque de
meio da combinação de diferentes conjuntos de
conhecimento, as chances de sucesso e de van-
conhecimentos”.
tagem competitiva frente aos concorrentes são
Vejamos, no esquema abaixo, um gráfico que muito maiores. Porém como vimos, não basta ter
apresenta o relacionamento entre todos esses o conhecimento sobre determinado assunto. É
aspectos vistos. necessário ter capacidade para transformar o co-
nhecimento em ações concretas, capazes de au-
Figura 2: tangibilidade x relevância mentar os resultados financeiros da organização.
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bientais, além das pressões efetuadas pela con- “inovação fechada”. Ou seja, a inovação aconte-
corrência e pelo mercado consumidor. cia internamente no âmbito das organizações.
Sua forma de gerar conhecimento, desenvolver
Por isso, as empresas precisam estar em
produtos e comercializá-los no mercado era um
constante aprendizado, usando sua gama de co-
segredo guardado a sete chaves.
nhecimentos adquiridos em prol da execução de
ações eficazes para a promoção de sua vantagem Até pouco tempo atrás, grandes empresas em
competitiva. todo o mundo geravam inovações como resulta-
do dos seus investimentos em pesquisa e desen-
2.2 Redes de inovação
volvimento (P&D), além do conhecimento perti-
Um dos diferentes caminhos pela qual a em- nente aos seus profissionais, seja por meio da sua
presa pode optar para obter novas tecnologias é qualificação ou então pelo seu talento. Quando
recorrer a fontes externas. Trott (2012) destaca necessário, essas empresas buscavam auxílio em
que as alianças estratégicas podem beneficiar os centros de pesquisa e universidades, para resol-
players de um mercado, contribuindo para o au- ver questões pontuais e que envolvessem tecno-
mento da inovação de forma colaborativa. Essas logias de última geração. Assim, as informações
redes de inovação permitem que os seus envol- chegavam ao mercado protegidos por patentes,
vidos explorem as potencialidades uns dos ou- que tinham como objetivo proteger os esforços
tros, assim como a tecnologia que já dominam, da empresa em busca da sua vantagem competi-
para desenvolver soluções que podem envolver tiva (STAL; NOHARA; CHAGAS JR., 2014).
conhecimentos em diferentes áreas.
A inovação fechada é caracterizada por um
Portanto, diferentes organizações podem es- maior controle sobre as etapas do processo de
tabelecer alianças entre si com diversos motivos. inovação. Esse controle funciona como uma bar-
Pode ser para melhorar o seu acesso à tecno- reira à entrada de novos concorrentes, na me-
logia, para o desenvolvimento conjunto de so- dida em que limitam o acesso de novos players
luções inovadoras, para acessarem soluções já as inovações já obtidas por grandes empresas.
testadas por outras empresas. Até mesmo insti- Nesse caso, as organizações precisam manter
tuições concorrentes podem se juntar em prol de seus próprios laboratórios de pesquisa, realizan-
um mesmo objetivo, para dividir o risco envolvi- do atividades de geração de conhecimento de
do em determinada operação. forma isolada. Na inovação fechada, a empresa
deve gerar suas próprias ideias.
Diferentes alianças também podem ser cons-
tituídas por organizações de diferentes setores, A figura a seguir demonstra, em forma de fu-
como empresas, governo, universidade, centros nil, um modelo fechado de inovação, pautado em
de pesquisa, agentes financeiros, entre outros. projetos de pesquisa.
2.3 Open Innovation
19
Figura 3: Modelo fechado de inovação O conceito de inovação aberta está relacio-
nado à busca por conhecimentos, ideias e tecno-
logias independentemente de onde eles estejam.
Podendo estar interna ou externamente à organi-
zação. Assim, universidades, centros de pesquisa,
fornecedores, outras pequenas empresas, clien-
tes e até mesmo os concorrentes podem servir
de fonte de conhecimento útil para o processo
de inovação. Vejamos, na figura abaixo, uma ilus-
tração a respeito do modelo aberto de inovação.
Fonte: adaptado de Chesbrough (2003)
Figura 4: Modelo aberto de inovação
Atualmente, as empresas que buscam ino-
var a partir de um modelo fechado, baseado no
controle integral da sua cadeia produtiva, podem
acabar perdendo oportunidades de negócio, por
deixarem de acessar uma vasta gama de conhe-
cimentos que podem ser gerados externamente
à organização. Além disso, a empresa também
corre o risco de dedicar esforços e investimentos
para uma área que não seja necessariamente o
seu core business, ou seja, o foco do seu negócio.
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Fazendo um comparativo entre inovação fe- sas estão mais dinâmicas e os seus trabalhadores
chada e aberta, temos o seguinte: também. Os profissionais cada vez mais traba-
lham por projetos. Está cada vez mais rara a ideia
Tabela 1: Características da inovação aberta
de fazer carreira em uma organização desde a
e inovação fechada
contratação quando o jovem até a aposentado-
Inovação fechada Inovação aberta ria. E, caso a empresa não imprima uma gestão
A empresa precisa reter
A empresa pode trabalhar com do conhecimento adequada, quando mudam de
pessoas
internamente emprego, os profissionais qualificados levam seu
talentosas interna e externa-
as pessoas mais talentosas. conhecimento consigo.
mente.
Para lucrar com P&D, a em- O P&D externo pode gerar Obviamente, a decisão pela inovação aberta
valor
presa deve não acontece porque a empresa deseja colaborar
significativo, enquanto o P&D
manter internamente a com as suas concorrentes ou porque ela deseja
pesquisa, o interno é necessário para ser boazinha com outras empresas. De acordo
desenvolvimento e a comer- garantir
com Chesbrough (2012), a inovação aberta cons-
cialização. a realização desse valor.
titui-se de fluxos intencionais de conhecimento,
A empresa não precisa originar para dentro e para fora da empresa, com o in-
A empresa quer ser pioneira a
tuito de acelerar a inovação interna e também
no mercado. pesquisa para obter lucro com
ela.
de expandir seu mercado par ao uso externo de
suas inovações. Nesse novo paradigma, as em-
A empresa acredita que A empresa acredita que cons-
truir presas podem usar caminhos internos e externos
quem
um modelo de negócio é
para buscar suas inovações.
lança uma inovação no
mercado melhor
Van Der Meer (2007), identificou que na fase
mais cedo obtém mais e mais importante do que ser a
inicial de projeto, ou seja, ainda no desenvolvi-
sucesso. primeira a entrar no mercado.
mento do conceito do novo produto ou serviço,
A empresa acredita que, se as empresas acessam ideias principalmente por
A empresa se preocupa em fizer
criar
meio de conferências, feiras, contatos com forne-
um uso mais eficiente das
ideias cedores e clientes e relações com universidades
maiores e melhores ideias no
mercado. internas e externas, terá
e institutos de pesquisa. Já na fase de desenvol-
sucesso. vimento do produto ou serviço, a empresa realiza
A empresa controla suas licenciamento de patentes e estabelece parcerias.
A empresa utiliza suas paten-
patentes,
tes e também
2.4 Gestão da propriedade intelectual
de modo que os competido-
as de terceiros, licenciando
res não
tecnologias O conhecimento está disperso pelo mundo,
possam tirar vantagem das
desenvolvidas externamente. podendo ser expresso através de documentos,
suas ideias.
artigos científicos, patentes, produtos, proces-
Fonte: Adaptado de Chesbrough (2003).
sos, pessoas especializadas, máquinas, entre
A questão é que o mundo está cada vez mais muitas outras formas. A propriedade intelectual
dinâmico. As informações circulam cada vez mais é um mecanismo fundamental para a proteção
rapidamente e o acesso à informação está muito desse conhecimento, possibilitando também a
mais fácil do que em outros tempos. As empre- geração de valor.
21
A propriedade intelectual, de acordo com a como saber comercializar a sua própria.
World Intellectual Property Organization (WIPO,
De acordo com Oliveira (2013), as principais
2020), pode ser entendida como sendo fruto das
estratégias de utilização de patentes são os con-
criações da mente, como as invenções, as obras
sórcios de patentes (patent pools), as licenças
literárias e artísticas, os desenhos e símbolos, os
cruzadas (cross licences) e os “emaranhados” de
nomes e imagens usados no comércio e protegi-
patentes (patent thickets). Vejamos como a autor
dos por lei. Portanto, são exemplos de proprie-
define essas diferentes estratégias.
dade intelectual: as patentes, os direitos autorais
e as marcas comerciais, que permitem que as • Consórcios de patentes: envolvem uma
pessoas obtenham reconhecimento ou benefício única entidade, nova ou detentora de algu-
financeiro com o que inventaram ou criaram. Ao mas patentes do consórcio, que licencia as
encontrar equilíbrio entre os interesses dos ino- patentes de duas ou mais empresas para
vadores e o interesse público, o sistema de pro- terceiros em um pacote fechado.
priedade intelectual visa promover um ambiente • Licenças cruzadas: baseadas na troca de
no qual a criatividade e a inovação possam flo- um ativo protegido por outro, de modo
rescer (WIPO, 2020). que duas ou mais empresas compartilham
suas patentes entre si.
Portanto, a propriedade intelectual tem como
• “Emaranhados” de patentes: podem ser
objetivo garantir aos inventores ou responsáveis
formados tanto por patentes de uma mes-
por qualquer produção intelectual, o direito de
ma empresa quanto pela sobreposição de
auferir benefícios, ou seja, uma recompensa, pela
patentes de proprietários distintos. Assim,
sua própria criação. Pelo menos, por um determi-
criam-se redes e direitos sobrepostos que
nado período, dependendo da legislação especí-
constituem barreiras de entrada no merca-
fica de cada país.
do, podendo inviabilizar o lançamento de
Essa é uma questão importante para prote- um novo produto.
ger aquelas empresas que verdadeiramente in- Portanto saber lidar com produtos, tecno-
vestem em pesquisa e desenvolvimento, dificul- logias, conhecimentos, patentes, entre outros
tando o oportunismo, principalmente no que se recursos, faz parte da gestão da propriedade
refere ao desenvolvimento de tecnologia. Afinal,intelectual, e consequentemente da gestão do
um dos principais objetivos de quem investe em conhecimento nas informações. A forma de lidar
P&D é o de evitar ser copiado, de forma desau- com suas patentes tem impacto sobre o modelo
torizada, pelos seus concorrentes. de negócio da empresa, na medida em que pos-
Para algumas empresas, o valor de mercado sibilitam monetização. Afinal, o conhecimento
está na comercialização do seu próprio conhe- patenteado pode ser disponibilizado para outras
cimento. Nesse caso, as patentes e os direitos empresas, por meio de licenciamentos ou empre-
autorais deixam de ser tratados como ferramenta endimentos conjuntos.
de vantagem competitiva, passando a ser o pró- 2.5 Modelos organizacionais para inovação
prio produto a ser comercializado. Para Ches-
Em termos gerais, podemos categorizar as
brough (2012), a empresa deve saber fazer uso
organizações como sendo mecanicistas ou orgâ-
da propriedade intelectual de terceiros, assim
nicas. Ao comparar esses dois modelos, é pos-
22
sível compreender diferenças significativas entre te externo, ou seja, mais mecanicistas, possuem
as duas formas de se conduzir um negócio. É bem completo controle sobre seus processos de ino-
verdade que não existe uma forma certa para ad- vação. O pode significar vantagens importantes
ministrar uma empresa. Portanto, não podemos em termos de inovações radicais. Principalmente,
afirmar que um modelo seja melhor do que o no caso de grandes empresas que investem em
outro. De qualquer forma, a maneira como cada P&D e necessitam de sigilo para garantir vanta-
empresa é conduzida internamente e também se gens relevantes, e até mesmo surpreender seus
relaciona com seu meio externo (consumidores, concorrentes.
fornecedores, concorrentes), pode influenciar na
Entretanto, em geral, o modelo orgânico pode
sua capacidade de inovação. Vejamos, a seguir,
trazer maiores possibilidades para as inovações
uma comparação entre os dois modelos.
organizacionais contemporâneas. Entre esses as-
Tabela 2: Modelos mecanicista e orgânico pectos, Moreira e Queiroz (2007), destacam os
Características Mecanicista Orgânico
seguintes na condução de projetos inovadores:
23
vação nas organizações que adotam um modelo surgimento de ideias inovadoras.
orgânico.
2.5.3 Facilitadores
2.5.1 Visão compartilhada sobre inovação
Os facilitadores são indivíduos-chave para
O cérebro humano tende à acomodação. proporcionar a inovação. São indivíduos que de-
Nossa tendência natural é de buscar o menor es- sempenham funções de coordenar, congregar e
forço e a manutenção sempre das mesmas prá- incentivar os processos de inovação. Por exemplo:
ticas. Entretanto, a inovação está relacionada à
• proporcionando conhecimento e domínio
mudança. Ela exige energia e determinação para
técnico para que a inovação seja gerada ou
superar a barreira do comodismo. Uma das preo-
desenvolvida;
cupações das organizações inovadoras deve ser
• contribuindo para a solução de problemas
buscar formas de proporcionar com que os indi-
técnicos fundamentais para conduzir o
víduos com boas ideias sejam capazes de levá-las
processo de inovação;
adiante. É importante incentivar e prover meios
• motivando a equipe;
para que as ideias inovadoras sigam o seu curso.
Para isso é fundamental o envolvimento da alta • contribuindo com a competência necessá-
gestão, principalmente para que todos na organi- ria para obter recursos ou convencer even-
zação vejam o posicionamento favorável da em- tuais gestores céticos ou críticos acerca da
presa e o seu comprometimento com a inovação. necessidade de inovar;
Afinal, a inovação deve ser um compromisso da • conectando pessoas construindo redes de
organização como um todo. relacionamentos;
• coletando informações de diversas fontes
2.5.2 Estrutura adequada
para transmiti-las as pessoas mais aptas a
É importante que haja elementos estruturais utilizá-las.
na organização capazes de favorecer a condução
2.5.4 Clima criativo
de processos inovadores. Entre esses elementos,
podemos citar: contexto organizacional, flexibili- Podemos compreender a criatividade como
dade hierárquica, os fluxos de comunicação e a sendo a grande iniciadora do processo de inova-
própria estrutura física. Salas de multimeios, am- ção. Não há inovação sem criatividade. Mais que
bientes que promovam a criatividade, acesso fa- isso! A inovação é produto do esforço criativo de
cilitado a departamentos para trabalhar colabo- muitas pessoas, de forma combinado. Por isso é
rativamente, entre vários outros fatores, podem tão importante criar um clima favorável ao exer-
contribuir com o surgimento da inovação. cício criativo. No intuito de favorecer um contex-
to criativo no âmbito das organizações, podemos
Uma empresa dotada de decisões centraliza-
citar o seguinte:
das, com pouca interação entre os setores, uma
comunicação muito formal e verticalizada, é um • Proporcionar segurança emocional nas re-
ambiente pouco propício para que sejam desen- lações interpessoais, para que as pessoas
cadeados fluxos de informações, cooperação e, se sintam à vontade em apresentar suas
consequentemente, para que surja inovação. Por ideias de opiniões;
outro lado, ambientes livres, informais, onde não • desafiar e envolver as pessoas na solu-
existe burocracia, pode ser bastante favorável ao ção dos desafios, assegurando motivação
24
e comprometimento não apenas com as
operações diárias, mas também com as
metas de médio e longo prazo da empresa;
• construir e apoiar a utilização de espaços
que favoreçam o surgimento de ideias, dis-
ponibilizando tempo para que as pessoas
possam usufruir desses espaços;
• compreender que conflitos e debates fa-
zem parte do dia-a-dia, que pessoas pen-
sam diferente e que isso não invalida o sur-
gimento de boas ideias, sendo necessário
o gerenciamento eficaz de determinados
conflitos;
• assumir riscos, de forma calculada e equi-
librada, a fim de que as pessoas se sintam
confortáveis em aventurar-se frente ao
desconhecido;
• tolerância ao erro, uma vez que errar é
uma consequência inevitável de decisões
tomadas em contextos de incerteza;
• proporcionar autonomia e liberdade aos
colaboradores, permitindo que eles de-
finam a melhor forma de conduzir o seu
próprio trabalho.
25
DESAFIO
A gestão da inovação pode melhorar a competitividade das empresas
e ampliar sua participação de mercado. Geralmente, a inovação está
relacionada à introdução e ao desenvolvimento de novas tecnologias e
à capacidade de aproveitar as oportunidades. Entretanto, ela também
serve para implementação de novas formas de servir mercados já es-
tabelecidos e maduros.
26
LEITURA COMPLEMENTAR
A título de leitura complementar, para se aprofundar nas questões tratadas nessa unidade, são
sugeridas três leituras:
Este artigo trata de algumas variáveis inerentes à motivação dos indivíduos em seus ambientes de tra-
balho e do incentivo à gestão de inovação de processo e produto. Mediante pesquisa realizada em duas
organizações do ramo industrial na região de Curitiba-PR, pretende-se mostrar a importância da cria-
ção de um ambiente propício à motivação que gere, consequentemente, inovação nas organizações.
https://revistafae.fae.edu/revistafae/article/view/485/380
27
SAIBA +
Arthur Igreja é palestrante em centenas de eventos por ano, como Rock in
Rio Academy e TEDx no Brasil, EUA, Europa e América do Sul. Referência
em “inovação disruptiva”, ele possui experiência profissional e acadêmica
em mais de 25 países, Masters in International Business nos EUA pela Ge-
orgetown University, corporate Masters of Business Administration na Es-
panha pela ESADE, mestrado Executivo em Gestão Empresarial pela FGV/
EBAPE. Cursa o Doctorate in Business Administration na ESC Rennes na
França e possui certificações executivas em Harvard & Cambridge, pós-M-
BA em Negociação pela FGV e MBA pela FGV/Ohio University.
Nessa palestra TEDx, Arthur Igreja defende que novação é sobre as pesso-
as. Mais do que máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que inteli-
gência, precisamos de amabilidade e gentileza. Arthur Igreja traz a reflexão
sobre a evolução da tecnologia e os relacionamentos.
https://www.youtube.com/watch?v=gKUeqHuhTcQ
28
Referências
CAVALCANTI, M. (Org). Gestão estratégica de negócios: evolução, cenários, diagnóstico e ação. 2.
ed. São Paulo: Cengage Learning, 2011.
CHESBROUGH, H. Inovação aberta: como criar e lucrar com a tecnologia. Porto Alegre: Bookman,
2012.
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gy. Boston: Harvard Business School, 2003.
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Creativity Innov Manag, v. 16, n. 2, p. 192-202, 2007.
29
MÓDULO 3
CRIATIVIDADE EM PROJETOS
30
APRESENTAÇÃO
Neste módulo de ensino, analisaremos a importância da criatividade para o desenvolvi-
mento de bons projetos. Veremos como acontece o processo criativo, que é capaz de gerar
algo novo e inusitado. Conheceremos as características pessoais e ambientais favoráveis ge-
ração dessas novas ideias. Compreenderemos também como ocorre o processo criativo e
quais as características desse processo de criação e gestão de novas ideias, incluindo a utili-
zação do funil de ideia. Por fim, estudaremos como o Design Thinking tem sido amplamente
utilizado nas mais diversas áreas do conhecimento e da gestão, relacionando os conceitos de
design para buscar soluções para problemas.
1. Ideia e criatividade
31
ralmente, não somos educados para lidar com o mais altos, estratégicos, passando por suas áreas
erro. Portanto, ambientes onde são muito pre- funcionais e resultando no nível operacional.
sentes à crítica e à punição, não são favoráveis
1.1.2 Ambientação propícia
ao surgimento de ideias criativas.
Organizações que tem como praxe acolher
A liberdade de pensar sem censuras e à dis- novas ideias, geralmente possuem ambientes es-
posição de transformar alguma coisa sem que pecificamente dedicados a fomentar o surgimen-
haja resistência, proporciona maior qualidade na to dessas novas ideias. É comum que esse tipo
concepção de ideias criativas. Além disso, pes- de empresa invista em um layout favorável ao
soas com diferentes olhares, perfis, histórias, ca- surgimento da ideia criativa, dedicando espaços
racterísticas e atividades, também podem trazer não convencionais para a congregação de pesso-
experiências e visões diversas. É importante per- as, a troca de informações e a descontração.
cebermos que a diversidade também pode con-
tribuir para o sucesso de empreendimentos ou Esses espaços podem envolver presença de
de projetos criativos. jogos, disponibilidade de sucata, móveis des-
contraídos, espaços de lazer e de relaxamento,
Uma ideia nasce a partir da concepção que tudo o que possa significar o alívio das pressões,
temos a respeito de uma determinada solução a fluidez das ideias e o consequente estímulo à
para uma circunstância ou fato. Ela deriva uma imaginação. Abaixo, podemos observar espaços
representação mental a respeito das nossas per- em diferentes empresas dedicados a essa fina-
cepções sobre o mundo que nos rodeia. Ideias lidade, chamados também de espaços de des-
podem figurar como sendo o produto da criati- compressão.
vidade. Elas podem ser muito criativas ou pouco
criativas. O desenvolvimento do conhecimento e Figura 1: Sala de descompressão 1
da percepção que temos a respeito de determi-
nado assunto, assim como a mente aberta para
perceber o novo, são fatores que contribuem
com o surgimento de ideias criativas.
32
Figura 2: Sala de descompressão 2 são acolhidas de forma organizada no início do
funil para que, posteriormente, sejam amadure-
cidas. Uma vez gerenciadas, será possível ana-
lisá-las com calma, verificando sua viabilidade e
aplicabilidade.
33
3. Processo criativo pazes de sistematizar esse processo. Graham
Wallas (apud MONTEIRO JÚNIOR, 2011), ainda
Embora muitas pessoas ainda pensem que a
em 1926, elaborou um modelo do pensamento
criatividade é fruto de um dom divino, quando
criativo que é adotado até hoje por estudiosos
se estuda o processo criativo, percebemos que
da área. O modelo é composto pelas seguintes
ela pode ser desenvolvida, conforme os estímu-
etapas:
los que são dados às pessoas e também a forma
como são trabalhados esses estímulos. 1. Preparação: coleta de informações neces-
sárias sobre a problemática que deve ser
Monteiro Júnior (2011) menciona que, quan-
resolvida.
do estudamos as invenções e as inovações re-
levantes para a humanidade, podemos perceber 2. Incubação: período de descanso mental,
alguns elementos que são comuns a esse pro- que permite um afastamento do problema.
cesso criativo. São eles: 3. Iluminação: momento do insight, que leva
à solução criativa.
• curiosidade;
4. Verificação: processo de ajuste e imple-
• capacidade de ver as coisas sob um ângulo mentação da solução.
inusitado;
Já o conceito de processo criativo, definido
• perseverança;
pelo neurocientista Daniel Goleman (1995), que
• autoconfiança;
também baseado em quatro fases, é descrito a
• humildade para perceber os próprios limites; seguir.
• capacidade de pedir ajuda;
• Definição do problema - Neste primeiro
• certeza de que uma nova ideia poderá ser momento, é necessário encarar o desafio
útil para resolver um determinado problema. de frente. É a hora de fazer perguntas e
começar a traçar um caminho para deci-
Obviamente, nem todas as pessoas ou se-
frá-lo.
tores de uma empresa possuem todas essas ca-
racterísticas listadas. Por isso, em se tratando de • Mergulho - Hora de ir o mais fundo pos-
organizações, existe o chamado processo criati- sível, buscando informações, bibliografias,
vo, que é a organização de pessoas e recursos fazendo pesquisas, vendo vídeos e tudo
na tentativa de possibilitar o afloramento da que pode ser fonte e base de ajuda para a
criatividade. Quando devidamente estimulada, a resolução do problema.
criatividade pode ajudar a resolver problemas e a • Relaxamento - Aquele momento para dei-
gerar resultados para as organizações. Portanto, xar a questão um pouco de lado e ouvir
é interessante que as empresas favoreçam o de- uma música, ler um livro, dar uma volta
senvolvimento do seu potencial interno, através ou, simplesmente, não fazer nada. Essa é
do processo criativo. a hora de libertar-se do problema. É a hora
de deixar o cérebro trabalhar. Estamos à
3.1 Características do processo criativo
espera do insight.
Não existe uma fórmula única para definir- • Execução - É a hora de realizar a sua ideia.
mos o processo criativo. Entretanto, é possível Você teve o insight e é hora de colocar em
buscar na literatura, algumas confluências ca- prática a sua teoria. Um dos momentos
34
mais delicados, já que, muitas vezes, boas 4. Repetição das etapas 2 e 3 - A repetição
ideias não são bem executadas. se refere a uma retomada das etapas ante-
riores (geração de alternativas e seleção da
Perceba que, tanto no modelo do pensamen-
alternativa), no caso de uma solução satis-
to criativo idealizado por Graham Wallas, como
fatória ainda não ter sido encontrada. Caso
também o processo criativo de Daniel Goleman,
a solução ideal tenha sido encontrada, en-
existe o momento do insight. Mas, para que
tão segue-se para a etapa seguinte.
ocorra o insight, existem momentos anteriores,
que tratam do conhecimento aprofundado acer- 5. Transferência das ideias para o mundo
ca do problema ou da questão a ser elucidada. real – Aqui, ocorre o nascimento do pro-
duto criativo, que pode ser a ideia a ser co-
A questão é que esses dois modelos priori-
locada em prática, um novo procedimento,
zam muito uma solução individual, não conside-
um novo produto ou serviço e até mesmo
rando que o processo criativo possa acontecer
uma nova forma de encarar uma realidade.
de maneira conjunta. Por isso, Alexandre Hiam
(apud MONTEIRO JÚNIOR, 2011), desenvolveu 6. Aprendizado obtido do processo criativo -
um modelo de processo criativo não linear, com Como podemos considerar que o processo
o intuito de não engessar a criatividade como criativo nunca se encerra, pois uma deter-
sendo fruto de apenas um indivíduo. Vejamos, minada solução ou ideia sempre pode ser
em que se baseia esse modelo de Hiam. aprimorada, é importante avaliar o produ-
to criativo em busca de melhorias. Caso a
1. Reconhecimento de insights - Refere-se
avaliação seja de que o produto criativo
à identificação de uma oportunidade de
está aderente às necessidades do momen-
inovação, visando propor soluções para
to, pode se passar para a etapa seguinte.
um determinado problema. O que pres-
supõem abertura para novas ideias e tam- 7. Fim da evolução do produto ou serviço:
bém sensibilidade para analisar o problema Ocorre quando nenhuma nova contribui-
proposto. ção ou aprimoramento será necessário à
solução encontrada.
2. Geração de alternativas - Refere-se à pro-
dução de alternativas distribuídas em ca- De forma esquematizada, esse processo cria-
tegorias para que possam ser analisadas, o tivo pode ser ilustrado da seguinte forma:
que requer fluência e flexibilidade para a
elaboração dessas alternativas.
3. Seleção de alternativas - Essa seleção
pode ser realizada, por exemplo, por uma
equipe, com o objetivo de encontrar a so-
lução mais criativa para determinado pro-
blema. Desde que a equipe esteja aberta
ao bom senso e a críticas construtivas.
Caso o trabalho seja realizado de maneira
individual, o indivíduo pode buscar a opi-
nião de outras pessoas para ajudar na sele-
ção da melhor alternativa.
35
Figura 5: Processo criativo de Hiam Quando a criatividade gera uma ideia ou
uma proposta para a solução de um problema,
ela passa de um conceito mais abstrato para
algo mais concreto, que pode ser colocado em
ação. Ou seja, estamos falando de um produto,
fruto da criatividade. As psicólogas Susan Bese-
mer e Karen O’Quin, citadas por Monteiro Júnior
(2011), idealizaram uma matriz capaz de analisar
esse produto criativo, com o objetivo de criar um
referencial capaz de avaliar de maneira mais ob-
jetiva, o grau de criatividade de uma ideia. Veja-
mos em que se baseia essa matriz.
4. Potencializando a criatividade
36
• autocrítica excessiva. perceber relações distantes e a habilidade
• Além dessas, podemos citar mais algumas: de síntese.
• desejo de adaptar-se a um padrão pré- • Solução criativa de problemas: de início,
-existente; uma sensibilização sobre o problema, se-
• ênfase excessiva em aspectos práticos e guida pelo delineamento de causas e con-
econômicos; sequências do problema e a proposição de
• polidez excessiva; soluções (avaliação e planificação).
• competição ou cooperação excessivas; • Metamorfose total do objeto: imaginação
• ênfase excessiva na razão ou na lógica; de novas formas, estruturas, utilidade, ta-
• atitudes de “tudo ou nada”; manho sobre o objeto; buscando estimular
a ideia de modificação do que se tem.
• conhecimento demais ou de menos;
• Jogo linguístico: flexibilização do vocabu-
• crença de que não vale a pena permitir-se
lário buscando novas combinações e for-
fantasiar.
mas de constituição.
Saber identificar essas barreiras já é um grande
• Desmanche de frases: decomposição e
passo para que pretende adotar uma postura mais
construção de frases para recompor o pro-
criativa. A transformação desses bloqueios em ati-
cesso de construção linguística; por meio
tudes mais positivas é fundamental, não só para
de sinônimos e antônimos de palavras, no-
estimular a criatividade, mas também para que o
vas frases são criadas.
indivíduo tenha uma postura mais positiva de vida.
• Análise recriadora de textos: recriar um
O Instituto Avançado de Criatividade Aplica- texto lido, seguindo o sentido original ou
da Total (lACAT), da Universidade de Santiago de recriando; levando o leitor a tonar-se críti-
Compostela, na Espanha, propõe o que se chama co e criador do texto.
de ativadores criativos, que são táticas para es-
• Leitura recriadora de imagens: observação
timular a criatividade, catalisando o pensamento
e descrição de uma imagem de modo sub-
criativo (MONTEIRO JÚNIOR, 2011). Os dez ati-
jetivo, estimulando a interpretação visual
vadores propostos estão listados a seguir.
individual.
• Brainstorm (tempestade de ideias): tudo • Projeto vital: simular um projeto, pensando
o que vem à mente sobre uma determina- em cada etapa a cumprir. Estímulo à práti-
da questão é apresentado livremente para ca de sonhar, planejar e executar, comba-
permitir a geração do maior número de tendo a preguiça e o comodismo mental.
ideias possíveis. (MONTEIRO JÚNIOR, 2011).
• Busca interrogatória: composição de per-
Portanto, pensar de forma criativa é perma-
guntas inusitadas sobre um tema para esti-
necer em constante desafio. Principalmente, no
mular descobrimento e criatividade.
que diz respeito a pensamentos já estruturados
• Analogia inusual: comparação entre ele- e ao comodismo do conformismo em manter-se
mentos díspares em busca de semelhanças trabalhando ou vivendo como sempre foi. Não se
e diferenças ou integrando em um terceiro constrói pensamento criativo sem flexibilidade. A
elemento resultante. Estimula o desafio de criatividade precisa de liberdade para poder se
37
manifestar. A criatividade não é restrita a pesso- ideias utilizando Design Thinking, precisam que
as talentosas, mas pode ser trabalhada, comen- o usuário esteja presente, como um sujeito ati-
tada, incentivada. vo em busca da solução. E, as equipes formadas
5. Design Thinking para solucionar essas demandas devem priorizar
a diversidade dos seus profissionais, a partir de
O termo Design Thinking tem sido ampla- diversas áreas do conhecimento.
mente utilizado nas mais diversas áreas do co-
nhecimento. Desde as áreas de cultura, arquite- O Design Thinking pode se firmar como uma
tura, design, até as áreas de empreendedorismo forte metodologia para alavancar a estratégia
e gestão. Seja qual for o modelo de negócio, a dos negócios. É uma forma de trabalhar ideias
ideia de Design Thinking está relacionada aos para buscar soluções através de um pensamento
conceitos de design para buscar soluções para corporativo e ao mesmo tempo criativo, gerando
problemas. propostas que serão desenvolvidas no âmbito da
organização em prol dos seus clientes. Esse pen-
De acordo com Tim Brown (2008), o Design
samento é capaz de alavancar o potencial merca-
Thinking se apresenta como uma maneira de
dológico das empresas para inovar. Consideran-
pensar baseada nos conceitos do design, junta-
do que o pensamento criativo pode melhorar e
mente com uma metodologia centrada no usuá-
inovar na relação dos usuários com os produtos,
rio para resolver problemas complexos. Para ele,
promovendo uma melhor experiência do cliente.
Design Thinking refere-se a um método com o
objetivo de gerar novas ideias, buscando resolver 5.1 Fases do design Thinking
as necessidades reais do usuário.
Como vimos, o Design Thinking é um méto-
O termo “design” está diretamente relacio- do. Portanto ele é dividido em fases que ajudam
nado à forma de interação do usuário com os a estruturar, de maneira organizada, a sequência
produtos. Podemos falar em design quando nos lógica para a sua implementação. Essas etapas
referimos a um móvel, a um carro e até mesmo são organizadas sequencialmente e cada uma
uma cafeteira. Por isso, podemos considerá-lo delas exige diferentes habilidades de quem está
como uma ferramenta capaz de ser trabalhada aplicando a metodologia. Para iniciar uma nova
em diversas áreas do conhecimento. etapa, é fundamental que se tenha finalizado à
A metodologia do Design Thinking tem como etapa anterior. As etapas do Design Thinking são
característica ser colaborativa, experimental e as seguintes.
centrada em pessoas, apresentando soluções Figura 6: Fases do Design Thinking
de maneira criativa. É um pensamento basea-
do na solução de problemas de diversas ordens
de complexidade. Entretanto, o Design Thinking
não busca desenvolver novos produtos ou ser-
viços, mas sim resolver os problemas dos que já
Fonte: https://robsoncamargo.com.br/blog/design-thinking-para-o-
existem, focando nas demandas ou necessidades
-processo-de-resolucao-de-problemas
dos usuários. Sua ideia principal é criar soluções
juntamente com os usuários. Apesar do design fim ser realizado de forma
sequencial, a equipe que o está implementando
Portanto, as etapas de desenvolvimento das
pode voltar a etapa anterior para revisá-la sem-
38
pre que for necessário. Vejamos as característi- soluções. Nesse momento todos devem gerar
cas de cada uma dessas etapas. ideias, com o objetivo de solucionar o proble-
ma do cliente. Quanto maior for a quantidade
• Empatia
de ideias, maiores as possibilidades de inovação
É quando se inicia o processo, ou seja, refe- com relação às soluções que estão sendo de-
re-se ao levantamento de dados a respeito do senvolvidas. Obviamente uma das técnicas mais
problema. Aqui, é importante buscar o maior utilizadas nessa fase é o brainstorm. Mas, tam-
número de informações possível sobre o pro- bém podem ser utilizadas outras técnicas como
duto ou serviço. Importante conversar com os kanban, onde a equipe utiliza posts-its para que
usuários para compreender os pontos fortes e sejam colocadas ideias que resolver um determi-
os pontos fracos, buscando compreender como nado problema.
usuário irá interagir com o produto ou serviço. O
• Prototipação
intuito dessa observação é montar um panora-
ma e buscar a base de conhecimento necessária É nesse etapa que a solução definitiva começa
para gerar a nova ideia. Uma técnica bastante a ser desenhada. Após analisar as ideias da etapa
utilizada nessa fase é o storytelling, que possi- anterior, inicia-se o processo de seleção daquelas
bilita a compreensão de uma situação através de que são mais viáveis de serem aplicadas. Nesse
uma história contada. ponto, a equipe deve se concentrar em questões
tecnológicas, econômicas, estruturais, entre ou-
• Definição do problema
tras, que poderão viabilizar ou inviabilizar o de-
Após a fase de levantamento de informações, senvolvimento da ideia. Portanto, a prototipação
é necessário trabalhar com essas informações é o momento de materialização da ideia selecio-
que foram obtidas do cliente. Para isso, é impor- nada. No caso de novos produtos, por exemplo,
tante interpretar tudo o que se obteve do cliente, pode-se utilizar maquetes, protótipos em 3D,
seja de forma implícita ou explícita, para conse- versões beta, modelos em escala, e tudo o que
guir compreender a melhor forma de solucionar puder dar uma ideia concreta da solução.
o problema. Nesta etapa, apresentação do pro- • Teste
blema deve ser feita aos demais envolvidos com
a metodologia de Design Thinking. E, para apre- Essa é a última etapa do Design Thinking.
sentar os resultados desta etapa, podem ser uti- Após ser desenvolvido o protótipo do produto,
lizadas técnicas como o mapa mental por exem- o teste é o momento em que se verificar a sua
plo, cuja intenção é montar um modelo gráfico a usabilidade. Aqui, será possível observar a rela-
respeito de determinada situação. Todos devem ção que o usuário terá com o novo produto e se,
enxergar com clareza o problema detectado, bem de fato, a solução encontrada resolve o problema
como as relações conceituais ligadas a ele. detectado no início do processo. Nesse momen-
to, também podem ocorrer ajustes eventualmen-
• Ideação te necessários.
Após a definição do problema é necessário É importante lembrar que, por suas caracte-
começar a buscar soluções. Idear é um momen- rísticas metodológicas, o Design Thinking requer
to em que a equipe busca, de maneira coletiva, que o usuário esteja presente durante todas as
apresentar ideias que irão se transformar em etapas, a fim de garantir que as suas demandas
39
estão sendo atendidas. O Design Thinking ge-
ralmente é utilizado com o objetivo de reunir
equipes para identificar uma proposta de valor
da organização. Ou seja, ele oferece mecanismos
para que a organização compreenda melhor qual
o seu diferencial mercadológico com relação aos
concorrentes. Essa é uma metodologia inovado-
ra porque busca compreender exatamente o que
o usuário precisa, focando na experiência e na
usabilidade do produto ou do serviço. Tudo isso,
a partir do olhar criativo, da geração de ideias e
de propostas inovadoras
40
DESAFIO
O design thinking possibilita a solução de problemas encontrados em
produtos e serviços, de forma criativa e inovadora. Para encontrar es-
sas soluções, a metodologia se concentra em analisar as necessidades
e os anseios dos usuários. Para isso, o design thinking propõe etapas,
que ajudam a elaborar uma solução criativa para os problemas. Essas
etapas servem para guiar a equipe no desenvolvimento de um novo
projeto, com o foco na inovação, em busca da solução.
41
LEITURA COMPLEMENTAR
A título de leitura complementar, para se aprofundar nas questões tratadas nessa unidade, são
sugeridas três leituras:
Neste artigo, podemos verificar como empresas de variados portes e segmentos estão sendo obri-
gadas a buscar novas alternativas de gestão, devido a fatores exógenos como a globalização, ne-
cessidade de administrar adequadamente o conhecimento para gerar inovação e competitividade,
e a formação de redes empresariais. O artigo também apresenta alguns dos autores clássicos e
tendências da gestão da inovação. Analisa criticamente os fatores essenciais da gestão da inovação
dentro das empresas através do prisma dos autores e da bibliografia consultada e da experiência
prática acumulada pelos autores durante mais de dez anos de trabalho no setor.
https://www.redalyc.org/pdf/4815/481548605003.pdf
3. Gestão da criatividade para inovação: a perspectiva das gestoras de uma startup graduada em
Caruaru-PE
O artigo aborda o conceito de criatividade a partir de uma perspectiva de gestão e, como tal, pas-
sível de ser administrada e desenvolvida pelos gestores nos negócios, novos ou tradicionais. Desta
forma, o estudo objetiva entender a gestão da criatividade no cenário das gestoras de uma star-
tup graduada no Armazém da Criatividade em Caruaru-PE. Concomitantemente, correlaciona-se o
processo criativo como precursor da inovação para inspirar outros gestores.
https://amazon-c.unifacs.br/index.php/rgb/article/view/6505
42
SAIBA +
Acessando o link abaixo você conhece um pouco mais sobre os espaços
criativos que podem ser adotados no âmbito das organizações. Essa empre-
sa de arquitetura é especializada na criação de espaços de descompressão.
https://blog.marelli.com.br/pt/afinal-o-que-sao-salas-de-descompressao-e-quais-seus-
-resultados/
https://viacarreira.com/escritorios-mais-criativos-do-brasil/
https://d1wqtxts1xzle7.cloudfront.net/63866149/eBook_Criatividade-
20200708-8370-jel4em.pdf?1594234024=&response-content-disposition=-
inline%3B+filename%3DCriatividade_fio_condutor_do_design.pdf&Expi-
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v k NbU 2 3 P Hj c 6 9 q 3 z l s ~ 6 G BqU L I 4 7 D 1 5 Nk 1 DdO GzFcc-AC ~ eC Zbx k FA i -
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JLOHF5GGSLRBV4ZA#page=74
43
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44
M ÓDULO 4
METODOLOGIA ÁGIL PARA GESTÃO
DE PROJETOS SCRUM
APRESENTAÇÃO
O gerenciamento ágil é indicado para projetos que envolvem alto grau de imprevisibilidade,
por sua abordagem mais experimental e adaptativa. Assim, a construção projeto pode
evoluir ao longo do seu desenvolvimento. Nesta unidade, estudaremos a metodologia ágil
denominada Scrum, que consiste em um framework com o objetivo de acelerar os projetos na
indústria da tecnologia, deixando-os mais ágeis. Acompanharemos também um comparativo
entre o Scrum e os modelos tradicionais, que precedem os modelos ágeis tinham estruturas
bem complexas e rígidas. Junto com a metodologia Scrum, estudaremos também o quadro
de tarefas Kanban, que exibe os status das tarefas durante o projeto. Por fim, conheceremos
como são realizadas as reuniões Scrum, também conhecidas como daily Scrum.
46
todos ágeis, coloca-se o cliente como centro de Conjunto de atividades
Ciclo/processo com
todo o processo e, desta forma, mudanças de a serem executadas
o objetivo de aten-
Plano do conforme o planeja-
requisitos e negociações com o cliente são bem- der a meta espera-
projeto mento com o objetivo
da e resultado para
de atender custo, pra-
-vistas o tempo todo. Os métodos ágeis seguem zo e qualidade.
o negócio.
47
Entregas são incre- suporte necessário e confiando neles para
mentais com pouca
Gerada uma quanti-
ou quase nenhu-
fazer o trabalho.
dade grande de do-
ma documentação.
Geração de cumentações neces-
Aposta-se nas en- 6. O método mais eficiente e eficaz de trans-
artefatos sárias para previsão
tregas versionadas mitir informações para e entre uma equipe
e direcionamento do
das funcionalidades
projeto.
priorizadas e apro- de desenvolvimento é por meio de conver-
vadas pelo cliente.
sa face a face.
Portanto, a metodologia ágil de gestão de
7. Software funcionando é a medida primária
projetos difere da tradicional, basicamente, pela
de progresso.
sua flexibilidade durante a condução do projeto e
8. Os processos ágeis promovem desenvol-
também por sua preocupação com as validações
vimento sustentável. Os patrocinadores,
constantes por parte do cliente que irá receber
desenvolvedores e usuários devem ser ca-
o produto do projeto. O sistema tradicional se
pazes de manter um ritmo constante inde-
mostra lento, pois são necessárias longas visitas
finidamente.
técnicas, análises de documentos, entrevistas e
análises de processos para, então, dar uma data 9. Contínua atenção à excelência técnica e
relativamente demorada com um valor relativa- bom design aumentam a agilidade.
mente alto para entregar um produto de software. 10. Simplicidade: arte de maximizar a quanti-
O que resulta em alto custo e lentidão. No siste- dade de trabalho não realizado é essencial.
ma ágil o processo é mais fatiado e incrementado.
11. As melhores arquiteturas, requisitos e de-
Agora, vejamos os 12 princípios de desenvolvi- signs emergem de times auto-organizáveis.
mento de software que estão presentes do próprio 12. Em intervalos regulares, a equipe reflete
site oficial do Manifesto Ágil (BECK et al., 2001). sobre como se tornar mais eficaz, e en-
tão refina e ajusta seu comportamento de
1. Nossa prioridade é satisfazer o cliente
acordo.
através da entrega contínua e adiantada de
software com valor agregado. Portanto, o método ágil para gerenciamento
2. Aceitar mudanças de requisitos, mesmo no de projetos é uma poderosa ferramenta e, para
fim do desenvolvimento. Processos ágeis quem já atua com programação ou projetos de
se adequam a mudanças, para que o clien- TI, ele faz muito sentido.
te possa tirar vantagens competitivas.
2. Gerenciamento ágil de projetos
3. Entregar frequentemente software fun-
Nos últimos anos, tem sido um consenso
cionando, de poucas semanas a poucos
entre os gestores de TI, que o gerenciamento
meses, com preferência à menor escala de
ágil de projetos é a melhor solução para condu-
tempo. Indivíduos e interação entre eles
zir projetos específicos da área de Tecnologia da
mais que processos e ferramentas.
Informação (TI). Entretanto, cada vez mais, di-
4. Pessoas de negócio e desenvolvedores versas outras áreas têm se valido das técnicas e
devem trabalhar diariamente em conjunto práticas de gerenciamento ágil de projetos, e não
por todo o projeto. somente a área de TI. A escolha da metodologia
5. Construir projetos em torno de indivíduos mais adequada (ágil ou tradicional) depende do
motivados, dando a eles o ambiente e o tipo de cada projeto, além do perfil do gestor, da
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equipe e, principalmente, do tipo de entrega do mento, são feitos os ajustes necessários e se
projeto. inicia um novo ciclo, sendo que, a cada nova
iteração, é incorporado o que foi feito no ciclo
Para compreendermos de forma simples a
anterior, acrescentando novas capacidades, para
gestão de projetos ágil, podemos nos valer do
que o produto tenha a evolução à qual se pro-
exemplo dado por Schwaber (LARSON; GRAY,
põe, conforme relatam Larson e Gray (2016).
2016), que faz uma analogia com a construção
Essa prática assegura que o produto que está
de uma casa para explicar a diferença entre me-
sendo construído trará valor no momento da en-
todologia ágil e metodologia tradicional. Para o
trega final.
autor, em uma abordagem tradicional, os donos
da casa só vão se mudar quando esta estiver Figura 1: Desenvolvimento de produto itera-
completamente pronta. Já na abordagem ágil, a tivo e incremental
casa é construída aposento por aposento, sendo
que, a cada aposento terminado, o construtor e o
cliente avaliam como ficou e efetuam os ajustes
necessários. Em alguns casos, o cliente poderá
optar por fazer mais cômodos ou trocar com-
pletamente de ideia sobre as próximas partes da
Fonte: adaptado de Larson e Gray (2016, p. 515).
casa, acrescentando ou removendo espaços con-
forme sua vontade. Esse método possui aplicações únicas, sendo
que a maioria se baseia nos seguintes princípios
Portanto, o gerenciamento ágil se adapta
de gerenciamento ágil:
melhor à imprevisibilidade, possuindo também
uma abordagem mais experimental e adaptativa. • foco no valor do cliente — prioriza os re-
Isso faz com que o projeto não seja simplesmen- quisitos e atributos que são guiados para
te executado, mas que ele evolua ao longo do o negócio;
seu desenvolvimento, conforme relatam Larson • entrega interativa e incremental — cria um
e Gray (2016). fluxo de valor que é destinado ao cliente
no momento que compartimentaliza as en-
O gerenciamento ágil está relacionado dire-
tregas do projeto em pequenos incremen-
tamente com uma metodologia de planejamento
tos funcionais;
e de programação em ondas, o que significa que
o desenho final do projeto é conhecido e cons- • experimentação e adaptação — inicia-se
truído por meio de iterações incrementais. Cada com testes de pressupostos no começo,
iteração, ou sprint, dura de uma a quatro sema- criando protótipos funcionais para solicitar
nas de trabalho; constituindo ciclos curtos de feedback ao cliente, podendo reafirmar e
trabalho, que têm por objetivo criar um produ- melhorar os requisitos do produto;
to que possa ir se ajustando durante o processo • auto-organização — decisão mais efetiva,
de construção, ao mesmo tempo em que busca pois organiza os membros da equipe, des-
atingir o objetivo que o cliente solicitou. crevendo quem fará o quê;
49
que vão surgindo ao longo do projeto. tas para arquitetura e engenharia de software era
• Conforme relatam Larson e Gray (2016), o muito caro e, em diversas situações, o sistema
desenvolvimento iterativo traz vantagens construído não justificava os custos. O Scrum
como: surgiu com a ideia de proporcionar entregas con-
• integração, verificação e validação contí- tínuas e parciais, divididas em ciclos de desen-
nuas do produto que está em evolução; volvimento chamados de sprints, com foco em
• demonstração frequente da evolução, au- alta performance, alta produtividade e com efe-
mentando a probabilidade de que o pro- tiva otimização do tempo. O gestor do projeto
duto final satisfará as necessidades dos gerenciado na metodologia Scrum é chamado de
Scrum Master.
clientes;
• detecção de defeitos e problemas assim Inicialmente, o Scrum foi pensado apenas
que estes ocorrem. para o gerenciamento de projetos voltados ao
Os autores ainda esclarecem que o desen- desenvolvimento de software, mas como a sua
volvimento iterativo e evolutivo é mais efetivo estrutura é extremamente flexível, ele permite
do que o gerenciamento tradicional, principal- que seus conceitos sejam adotados por outras
mente quando se trata de criar um produto. Isso, áreas envolvidas com projetos.
porque mais do que simplesmente um método, o De acordo com as ideias de Bezerra (2020),
gerenciamento ágil possui vários tipos de meto- como framework, o Scrum apresenta um concei-
dologias que o auxiliam nessa construção, como to de gerenciamento de projetos que abrange
Scrum, Extreme Programming (XP), Gerencia- desde a parte de organização inicial do projeto
mento Ágil, Lean Development, Rational Unified até a entrega final do produto. Seu modelo se
Process (RUP), Crystal Clear, Dynamic Systems baseia em entregas de pequenas partes de um
Development Method (DSDM) e Rapid Product todo, ou seja, ao invés de entregar o software
Development (RDP). Vamos dedicar esta unida- completo, somente no final do projeto, entregas
de ao estudo de uma das mais populares e mo- menores são feitas ao longo de todo o percurso
dernas metodologias: o Scrum. de desenvolvimento, agregando valor ao cliente
3. Metodologia Scrum em todos os momentos, que já pode utilizar par-
tes do produto desde o momento da finalização
O Scrum foi concebido por Jeff Sutherland,
das primeiras sprints. Essa ferramenta não segue
em conjunto com Ken Schwaber, no ano de 1993
um fluxo sequencial (linear), mas processos cícli-
(SUTHERLAND, 2016). O Scrum consiste em um
cos com equipes autogerenciáveis.
framework com o objetivo de acelerar os proje-
tos de desenvolvimento de software na indústria A metodologia Scrum apresenta três os pila-
da tecnologia. Antes do Scrum, os projetos de res (BEZERRA, 2020):
software contavam com muitos programadores
envolvidos e o produto levava muito tempo para • Transparência — Tudo aquilo que for sig-
ser entregue ao cliente, pois eram utilizados mo- nificativo para o processo deve estar visí-
delos tradicionais de desenvolvimento de siste- vel e transparente para todos, facilitando
mas, como o modelo em cascata, por exemplo. uma comunicação mais assertiva entre os
membros da equipe. Portanto, os fatos são
Além disso, o desenvolvimento de ferramen- apresentados da forma como estão. Isso
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torna possível padronizar as definições logia, o Scrum é usado na construção e na im-
sobre as etapas do trabalho, permitindo o plementação de software, além do desenvolvi-
surgimento de um senso comum no grupo mento de hardware e também a manutenção de
e fortalecendo uma relação de confiança, recursos de cloud computing.
já que todas as informações que são im-
3.1 Scrum e os métodos tradicionais
portantes para o bom andamento do pro-
jeto são compartilhadas abertamente en- Os modelos tradicionais que precedem os
tre os envolvidos. modelos ágeis tinham estruturas bem complexas
• Inspeção — Deve haver inspeção sobre e rígidas. O modelo cascata (waterfall model), por
os trabalhos que estão sendo realizados, exemplo, exige um planejamento muito bem defi-
de modo a medir se a equipe está conse- nido, caracterizado por escopo do projeto, custo
guindo atingir os objetivos. A inspeção tem e cronograma fixos. De acordo com Pressman e
que ser feita com cautela, em uma frequ- Maxim (2016), o modelo em cascata se estrutura
ência que não gere atrasos nas entregas em fases bem definidas, envolvendo comunicação,
e que não coloque a equipe em conflito. planejamento, modelagem, construção e entrega.
Ela é conduzida pela equipe Scrum como Figura 1: Fases do modelo em cascata (wa-
um todo. A ideia é verificar como estão o terfall model)
produto, os processos de desenvolvimento
e também o desempenho das pessoas en-
volvidas na execução das tarefas.
• Adaptação — Indica que podem ocorrer
adaptações ao longo do projeto. Geral- Fonte: Adaptada de Pressman e Maxim (2016).
mente, a necessidade de adaptações surge
quando são identificadas falhas no proces- Segundo Pressman e Maxim (2016):
so de inspeção. Estas falhas, também cha-
• Comunicação — É o momento inicial do
madas de desvios, pois podem e devem
projeto, quando há o levantamento de re-
ser ajustadas.
quisitos junto ao cliente. Apesar de ser a
Segundo Schwaber e Sutherland (2017), o fase inicial, essa etapa deve ser bem crite-
Scrum pode ser direcionado para diferentes pro- riosa, pois é a partir dela que será elabora-
pósitos, como: do o planejamento do projeto.
• Planejamento — Com os requisitos bem
• pesquisa de mercado, tecnologias e fun-
definidos, inicia-se a etapa de planejamen-
cionalidades de produtos;
to. Nela, as estimativas de esforço dos de-
• desenvolvimento de produtos e também senvolvedores e o cronograma são feitos.
projetos para sua melhoria; Aqui, também é organizado como será o
• sustentação e renovação de produtos. acompanhamento do projeto.
Portanto, o Scrum possui um importante pa- • Modelagem — Nesta fase é feita toda a
pel para o gerenciamento de operações e para análise do projeto. Também é definido
a entrega de produtos em diversas áreas. Com como serão construídas as funcionalidades
relação especificamente aos produtos de tecno- do software.
51
• Construção — Esta é a fase de codificação, ser observado no comparativo de percentuais de
ou seja, a construção do software em si. sucesso entre modelo ágil e modelo em cascata,
Nela, também são realizados todos os tes- apresentado pelos autores.
tes da aplicação desenvolvida.
Tabela 1: Percentual de sucesso — modelo
• Entrega — Esta é a fase final. Após a finali- ágil versus modelo cascata
zação do desenvolvimento do software, é
feita a entrega ao cliente. Dependendo do
contrato, há também o suporte ao clien-
te, no qual podem ser corrigidos os bugs.
Neste momento, é aberto um canal para
que o cliente possa dar seus feedbacks em
relação ao software.
Vejamos, portanto, algumas diferenças entre
essa metodologia de desenvolvimento em cas-
cata e o modelo ágil, do qual o Scrum faz parte. Fonte: Adaptado de Hastie e Wojewoda (2015)
Modelo cascata Modelo ágil (Scrum) Apesar de indicado para os Projetos de Sof-
Desenvolvimento dividido
Desenvolvimento baseado em tware, os Scrum Masters precisam estar atentos
em fases (modelo sequen-
cial)
ciclos (sprints) com relação a alguns desafios, que podem se
tornar obstáculos se não forem bem conduzidos
Estrutura flexível (pode haver
Estrutura rígida (não aceita
alterações no escopo do pro- durante a gestão do projeto. De acordo com Be-
modificações no projeto)
jeto)
zerra (2020), alguns desses desafios, são:
Testes ocorrem somen- Testes ocorrem em diversos
te após a construção do momentos enquanto o software • Ambiente organizacional desfavorável —
software está em desenvolvimento Para que seja efetivo, o Scrum pode requer
Não há interação com o mudanças na mentalidade dos envolvidos,
O cliente participa de todo o
cliente durante o processo
processo de desenvolvimento já que muitos desenvolvedores, mais acos-
de desenvolvimento
tumados aos modelos tradicionais, podem
Para Bezerra (2020), tanto o modelo em apresentar resistência em aceitar o Scrum.
cascata quanto o Scrum possuem vantagens e • Gerentes que demonstram resistência —
desvantagens em suas estruturas. Entretanto, Também pode ser um desafio convencer
o Scrum tem ganhado preferência nas empre- gerentes a aceitarem o Scrum já que, lite-
sas envolvidas com projeto de software, pois é ralmente, o papel de gerente não existe no
um modelo que, principalmente quando ligado modelo Scrum. Sendo reconhecido como
a abordagens que privilegiam o relacionamento Scrum master, muitos gestores de projeto
com o cliente, como o design thinking, tornam podem interpretar essa nomenclatura como
o processo de software muito mais humanizado. sendo uma involução ou perda de poder.
Além disso, para Hastie e Wojewoda (2015), • Equipes que não sabem lidar com autono-
a abordagem ágil como método de desenvolvi- mia — Os times Scrum possuem a autono-
mento pode ser extremamente assertiva, inde- mia como uma característica fundamental.
pendente da dimensão do projeto. O que pode O problema é que muitas equipes, mais
52
acostumadas ao modelo tradicional, não backlog está em constante atualização, pois ele
sabem lidar com a autogestão, o que pode acompanha a evolução do produto. Se no decor-
desencadear em uma série de relações con- rer do desenvolvimento surgir a necessidade de
flituosas entre os membros da equipe ágil.adicionar uma nova funcionalidade ao produto,
• Agilidade versus “fazer de qualquer jeito” ela entra na lista do backlog. Cabe ao product
— A agilidade proporcionada pelo Scrum owner priorizar quais itens do backlog devem ser
não pode ser confundida com entregas de desenvolvidos primeiro.
baixa qualidade. A equipe não pode deixar O backlog deve ser analisado pela equipe de
de documentar seus projetos ou deixar de desenvolvimento, a fim de identificar se as infor-
testá-los. mações para que determinada tarefa seja execu-
• Papéis confusos e indefinidos — No Scrum, tada são suficientes.
todas as funções devem ser muito bem
Além disso, os membros da equipe devem
definidas. Cada membro da equipe deve
analisar o backlog e fazer uma estimativa de
saber exatamente o seu papel dentro do
quanto esforço será dedicado para cada tarefa.
time. Isso fará com que as responsabilida-
Esse esforço não deve ser estimado em horas,
des de cada um estejam bem organizadas.
mas em tamanhos relativos, como pequeno, mé-
A falta dessa consciência e maturidade faz
dio e grande, ou em pontos.
com que as entregas atrasem ou percam
qualidade. Em seguida, de acordo com Bezerra (2002),
3.2 Implementação inicia-se a etapa de planejamento do sprint, onde
acontece a primeira reunião da equipe. Nela,
Vejamos como se dá a implementação do
ocorre a definição do sprint backlog, que, na prá-
Scrum a partir das explicações de Bezerra (2002).
tica, representa quais são as funcionalidades do
Inicialmente, é necessário definir o proprietá- backlog dos produtos que serão desenvolvidos
rio do produto (product owner). O product owner no período da sprint. Geralmente, cada sprint
é o responsável por designar as tarefas a serem (ciclo de desenvolvimento de algumas funcio-
realizadas pelo time de desenvolvimento. Além nalidades do backlog) dura em torno de duas a
disso, o product owner é o principal responsável quatro semanas, respeitando o período de, no
por efetuar a análise de riscos do projeto e fazer máximo, um mês.
a mediação entre o cliente e a equipe.
Durante essa reunião, o time observa todo
Um profissional deve também ser designa- o backlog e decide quais são as funcionalidades
do a desempenhar o papel de Scrum Master. O que serão entregues no período daquela sprint.
Scrum Master é o responsável por treinar a equi- Caso tenha havido sprints anteriores, devem
pe com a estrutura do Scrum, cuidando também ser analisados os números de pontos que foram
da performance do time. concluídos no sprint passado. Esses pontos pos-
sibilitam medir a velocidade de trabalho do grupo
O próximo passo é definir o backlog do pro-
sendo que, quanto maior o número de pontos,
duto a ser desenvolvido. Backlog é a coleção de
maior é a velocidade da equipe.
todas as funcionalidades que precisam ser de-
senvolvidas para que o software se torne real. O
53
3.3 Kanban Scrum é a reunião diária, também conhecida
como daily Scrum. Todos os dias, em um horá-
Junto com a metodologia Scrum, as equipes
rio predefinido, o time se reúne por, no máximo
de desenvolvimento costumam utilizar o quadro
15 minutos, para responder essencialmente três
de tarefas Kanban, que exibe os status das ta-
perguntas: o que foi feito no dia anterior? O que
refas em colunas to do (a fazer), in progress (em
será feito no dia de hoje? Há algum impedimento
progresso/em desenvolvimento/fazendo), test
técnico ou não que esteja dificultando a entrega
(em teste) e done (feito/concluído).
do sprint? (SUTHERLAND, 2016).
• To do — Aqui são listadas todas as tarefas
Mais adiante são realizadas as reuniões de
e funcionalidades que estão na fila de de-
revisão do sprint (sprint review), em que participa
senvolvimento daquele sprint.
toda a equipe e, se possível, também os clientes.
• In progress — Aqui ficam as tarefas que já Nessas reuniões são demonstradas todas as ta-
estão na fase de implementação naquele refas que já estão 100% concluídas e não depen-
sprint. dem de mais nenhuma ação para que funcionem.
• Test — Nesta coluna são adicionadas as Importante lembrar que aqui não se trata da en-
tarefas que já foram implementadas para trega do produto em si, mas das funcionalidades,
que sejam devidamente testadas. que precisam estar completas e funcionando.
• Done — Aqui entram as tarefas que já fo- Já na retrospectiva do sprint (sprint retros-
ram concluídas/testadas e que já estão pective), que ocorre após todas as entregas terem
prontas para serem colocadas em produ- sido devidamente realizadas, a equipe discute os
ção no sistema. pontos fortes e fracos da sprint em questão, com
Figura 3: Kanban o objetivo de conseguir um desempenho melhor
na próxima sprint.
Fonte:https://d57439wlqx3vo.cloudfront.net/iblock/ced/ce-
d30119cf8c38049119c706c288eb1e/c40e14481a64e-
321f4509b5b86be8da9.jpg
54
Scrum permite que ele seja aplicado em diversos
segmentos, mas os seus resultados positivos são
mais bem observados em projetos que envolvem
tecnologia e que sejam orquestrados por equi-
pes pequenas (CRUZ, 2018). As equipes redu-
zidas do Scrum visam estabelecer uma relação
de confiança durante todo o projeto, gerando
benefícios incalculáveis ao negócio e às pessoas
envolvidas.
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DESAFIO
O Scrum proporciona inúmeros benefícios aos times de desenvolvimen-
to de software. É quase uma unanimidade entre os Gestores de Proje-
tos de TI que o Scrum é, de fato, a metodologia mais acertada. Além
do ganho de velocidade nas entregas, o Scrum possibilita, por meio de
entregas parciais e contínuas, a manutenção de um fluxo de desenvol-
vimento autogerenciável.
- O aluno pode colocar um comentário sobre um livro que leu para que
outros alunos possam ver e comentar.
- O administrador do sistema de biblioteca pode visualizar os livros que
não foram entregues para verificar os alunos que os emprestaram.
- O administrador pode solicitar o empréstimo de livros entre bibliote-
cas para disponibilizá-los aos alunos.
- O atendente pode consultar os dados dos alunos para contatá-los,
caso seja necessário.
- O aluno pode efetuar a reserva de um livro pela Web para não ter que
ir até a biblioteca.
- O atendente pode consultar a localização de um livro para que possa
pegá-lo rapidamente.
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LEITURA COMPLEMENTAR
A título de leitura complementar, para se aprofundar nas questões tratadas nessa unidade, são
sugeridas três leituras:
Um dos maiores problemas enfrentados em projetos está relacionado aos prazos. Existem várias
causas relacionadas com atrasos nas entregas. O fato é que em relação ao cronograma, sua elabo-
ração com prazos bem estimados e seu controle, são essenciais para gerenciar com sucesso os pro-
jetos. O artigo é uma revisão de literatura que tem por objetivo apresentar os métodos de geren-
ciamento do cronograma sobre a perspectiva tradicional e abordagem ágil para desenvolvimento
do cronograma dos projetos. São discutidos sobre oitos pontos os métodos de gerenciamento do
cronograma, a saber, comportamento humano; estimativas de duração das atividades; multitarefa;
entregar os projetos no prazo; datas de início das atividades; corrente crítica e abordagem ágil;
atraso dos projetos; e comunicação entre os membros da equipe do projeto. Inclusive, aponta-se
que os fundamentos do Método da Corrente Crítica avançam além da própria variável tempo, pois
o método tem uma perspectiva de integração para abordar o gerenciamento do cronograma em
projetos e considera outras áreas de conhecimento em projetos.
http://www3.fi.mdp.edu.ar/riipro/journal/index.php/IJOPM/article/view/373/551
A melhor forma de ser ágil é construir somente o que o cliente valoriza e não mais que isto. O ex-
cesso de formalidade pode limitar o progresso do projeto, mas por outro lado, o caos total, sem a
utilização de processos pode impedir que se alcancem os objetivos do projeto. Scrum permite criar
produtos melhor adaptados à realidade do cliente de forma ágil. Além do mais, praticar Scrum nos
projetos traz grandes benefícios para a equipe como comprometimento, motivação, colaboração,
integração e compartilhamento de conhecimento, o que facilita em muito o gerenciamento e su-
cesso dos projetos. Este artigo explica porque e como usar o Scrum nos projetos.
https://www.academia.edu/download/49393858/EntendendoScrumparaGerenciarProjetosdeFormaAgil.pdf
Este trabalho apresenta o resultado de uma pesquisa-ação, realizada em uma pequena empresa de
base tecnológica, na qual se aplicou o método ágil Scrum em um projeto de desenvolvimento de
um produto de software. A empresa objeto desta atua em Itajubá/MG e seus principais produtos
são sistemas de software. Estudos indicam que a indústria de produção de software é ineficiente
e ineficaz. E as micro e pequenas empresas de base tecnológica (MPEBT) têm um desafio ainda
maior devido aos seus recursos restritos. Além disso, os métodos tradicionais de desenvolvimento
57
de produtos de softwares demandam muitos custos. Tendo em vista a importância estratégica das
MPEBT no desenvolvimento regional, seria importante que o Scrum fosse compatível com seus
processos, para que elas pudessem se tornar mais competitivas e usufruir de seus benefícios. O
objetivo deste trabalho foi analisar a implantação do método ágil Scrum nos projetos de desen-
volvimento de novos produtos de software de uma MPEBT, além de compreender e mensurar o
impacto desta implantação na empresa. Concluiu-se que os resultados alcançados sugerem que
o método melhorou a comunicação e aumentou a motivação do time, diminuiu o custo, o tempo
e o risco do projeto e aumentou a produtividade da equipe. Com esses resultados alcançados, a
organização tende a se tornar mais competitiva, pois a bem-sucedida gestão de desenvolvimento
de produtos é ponto crucial para o sucesso de uma empresa de base tecnológica.
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-530X2012000300009&script=sci_arttext
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SAIBA +
Entenda como funciona o Scrum em uma abordagem bem simples e didáti-
ca... e em apenas 9 minutos!
https://youtu.be/XfvQWnRgxG0
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Referências
BEZERRA, Whesley Rimar. Desenvolvimento de software com metodologias ágeis. Sagah: Porto
Alegre, 2020.
HASTIE, S.; WOJEWODA, S. Standish Group 2015 chaos report: Q&A with Jennifer Lynch. 2015.
Disponível em: https://www.infoq.com/articles/standish-chaos-2015. Acesso em: 3 dez. 2020.
LARSON, E. W.; GRAY, C. F. Gerenciamento de projetos: o processo gerencial. 6. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2016.
PRESSMAN, R.; MAXIM, B. Engenharia de software. 8. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016.
SCHWABER, K.; SUTHERLAND, J. Um guia definitivo para o Scrum: as regras do jogo. [S. l.:s. n.],
2017. Disponível em: https://www.scrumguides.org/docs/scrumguide/v2017/2017-Scrum-Guide-
-Portuguese-Brazilian.pdf. Acesso em: 3 dez. 2020.
SUTHERLAND, J. Scrum: a arte de fazer o dobro do trabalho na metade do tempo. 2.ed. São Pau-
lo: Leya, 2016.
AMARAL, D. C. et al. Gerenciamento ágil de projetos: aplicação em produtos inovadores. São Pau-
lo: Saraiva, 2012.
BECK, K. et al. Manifesto para desenvolvimento Ágil de software. 2001. disponível em: https://agi-
lemanifesto.org/iso/ptbr/manifesto.html. Acesso em: 15 dez. 2020.
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