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DE ACORDO COM EDITAL DO

CONCURSO DE ADMISSÃO 2020

ESFCEX
ESCOLA DE FORMAÇÃO COMPLEMENTAR DO EXÉRCITO

COMUM A TODAS A ÁREAS DO


CURSO DE FORMAÇÃO DE
OFICIAIS (CFO/QC)

CONTEÚDO
GRÁTIS
- Língua Portuguesa CONTEÚDO ONLINE
- Geografia do Brasil
- História do Brasil História
- O Sistema Colonial Português
na América, O Período Joanino
e a Independência do Brasil

Interpretação de Texto
- Tipologia Textual
e Tipos de Discurso
Português
- Verbo
Escola de Formação Complementar do Exército

ESFCEX
Comum a Todas a Áreas do Curso de Formação de Oficiais (CFO/QC):
Administração, Ciências Contábeis, Direito, Estatística, Informática
Magistério (Biologia, Espanhol, Física, Geografia, História, Inglês
Matemática, Português e Química), Pedagogia e Psicologia

NV-018JH-20

Cód.: 9088121444317
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OBRA

ESFCEX - Escola de Formação Complementar do Exército

Comum a Todas a Áreas do Curso de Formação de Oficiais (CFO/QC): Administração, Ciências Contábeis, Direito,
Estatística, Informática, Magistério (Biologia, Espanhol, Física, Geografia, História, Inglês, Matemática, Português e
Química), Pedagogia e Psicologia

EDITAL DO CONCURSO DE ADMISSÃO 2020

AUTORES
Língua Portuguesa - Profª Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco
Geografia do Brasil - Profª Silvana Guimarães e Elines Francisca
História do Brasil - Profª Silvana Guimarães e Heitor Ferreira

PRODUÇÃO EDITORIAL/REVISÃO
Aline Mesquita

DIAGRAMAÇÃO
Higor Moreira
Rodrigo Bernardes

CAPA
Joel Ferreira dos Santos

EDIÇÃO JUN/2020

www.novaconcursos.com.br

sac@novaconcursos.com.br
APRESENTAÇÃO

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Bons estudos!
SUMÁRIO

LÍNGUA PORTUGUESA
Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados. Níveis de significação: pressupostos, subentendidos
e implícitos. Reconhecimento de tipos e gêneros textuais.................................................................................................................... 01
Ortografia oficial..................................................................................................................................................................................................... 10
Emprego da acentuação gráfica....................................................................................................................................................................... 15
Coesão textual: referenciação e sequenciação textual.Emprego/correlação de tempos e modos verbais......................... 18
Estrutura morfossintática do período simples.Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração.
Relações de subordinação entre orações e entre termos da oração................................................................................................. 68
Emprego dos sinais de pontuação................................................................................................................................................................... 79
Concordância verbal e nominal......................................................................................................................................................................... 82
Emprego do sinal indicativo de crase............................................................................................................................................................. 90
Colocação dos pronomes átonos..................................................................................................................................................................... 93

GEOGRAFIA DO BRASIL
A Organização do Espaço Brasileiro. A integração brasileira ao processo de internacionalização da economia; o
desenvolvimento econômico e social; e os indicadores sociais do Brasil........................................................................................ 01
O processo de industrialização brasileira, os fatores de localização e as suas repercussões: econômicas, ambientais
e urbanas. A rede de transportes brasileira e sua estrutura e evolução. A questão urbana brasileira: processos
e estruturas. A agropecuária, a estrutura fundiária e problemas sociais rurais no Brasil, dinâmica das fronteiras
agrícolas e sua expansão para o Centro-Oeste e para a Amazônia. A população brasileira: evolução, estrutura
e dinâmica. A distribuição dos efetivos demográficos e os movimentos migratórios internos: reflexos sociais e
espaciais..................................................................................................................................................................................................................... 11
A Questão Regional no Brasil. A regionalização do país: sua justificativa socioeconômica e critérios adotados pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); as regiões e as políticas públicas para fins de planejamento. As
regiões brasileiras: especializações territoriais, produtivas e características sociais e econômicas....................................... 36
O Espaço Natural Brasileiro: seu aproveitamento econômico e o meio ambiente. Geomorfologia do território
brasileiro: O território brasileiro e a placa sul-americana; as bases geológicas do Brasil; as feições do relevo; os
domínios naturais e as classificações do relevo brasileiro..................................................................................................................... 38
A questão ambiental no Brasil. Os recursos minerais. As fontes de energia e os recursos hídricos. A biosfera e os
climas do Brasil........................................................................................................................................................................................................ 53

HISTÓRIA DO BRASIL

Brasil Colônia: administração, economia, cultura e sociedade. As Capitanias Hereditárias e Governos Gerais. As
atividades econômicas e a expansão colonial: agricultura, pecuária, comércio e mineração. Os povos indígenas
escravidão, aldeamentos; ação jesuítica. Os povos africanos escravizados no Brasil. A conquista dos sertões
entradas e bandeiras. O exclusivo comercial português. Os conflitos coloniais e os movimentos rebeldes de livres e
de escravos do final do século XVIII e início do século XIX. A transferência da Corte portuguesa para o Brasil e seus
efeitos; o período joanino no Brasil................................................................................................................................................................. 01
SUMÁRIO
O Brasil Monárquico. A independência do Brasil e o Primeiro Reinado. A Constituição de1824. Militares: a Guarda
Nacional e o Exército. A fase regencial (1831-1840). O Ato Adicional de 1834. As revoltas políticas e sociais das
primeiras décadas do Império. g. A consolidação da ordem interna: o fim das rebeliões, os partidos, o fortalecimento
do Estado, a economia cafeeira. Modernização: economia e cultura na sociedade imperial. A escravidão, as lutas
escravas pela liberdade. O movimento abolicionista e a abolição da escravatura. A introdução do trabalho livre e a
imigração. Política externa: as questões platinas, a Guerra do Paraguai e o Exército. O movimento republicano e o
advento da República............................................................................................................................................................................................ 17
A República brasileira A Constituição de 1891, os militares e a consolidação da República. A “Política dos
governadores”. O coronelismo e o sistema eleitoral. O movimento operário. O tenentismo. A Revolução de1930. O
período Vargas (1930-1945): economia, sociedade, política e cultura. O Estado Novo. O Brasil na II Guerra Mundial
FEB. O período democrático (1945-1964): economia, sociedade, política e cultura. A intervenção militar, sua natureza
e transformações entre 1964 e 1985. As mudanças institucionais durante o período. O “milagre econômico”. A
redemocratização. Os movimentos sociais nas décadas de 1970 e 1980: estudantes, operários e demais setores da
sociedade. A campanha pelas eleições diretas. A Constituição de 1988. O Brasil pós-1985: economia, sociedade
política e cultura...................................................................................................................................................................................................... 28
ÍNDICE

LÍNGUA PORTUGUESA

Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados. Níveis de significação: pressupostos, subentendidos


e implícitos. Reconhecimento de tipos e gêneros textuais.................................................................................................................... 01
Ortografia oficial..................................................................................................................................................................................................... 10
Emprego da acentuação gráfica....................................................................................................................................................................... 15
Coesão textual: referenciação e sequenciação textual.Emprego/correlação de tempos e modos verbais......................... 18
Estrutura morfossintática do período simples.Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração.
Relações de subordinação entre orações e entre termos da oração................................................................................................. 68
Emprego dos sinais de pontuação................................................................................................................................................................... 79
Concordância verbal e nominal......................................................................................................................................................................... 82
Emprego do sinal indicativo de crase............................................................................................................................................................. 90
Colocação dos pronomes átonos..................................................................................................................................................................... 93
Compreender significa
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO
Entendimento, atenção ao que realmente está escrito.
DE TEXTOS DE GÊNEROS VARIADOS.
O texto diz que...
NÍVEIS DE SIGNIFICAÇÃO:
É sugerido pelo autor que...
PRESSUPOSTOS, SUBENTENDIDOS E
De acordo com o texto, é correta ou errada a afirmação...
IMPLÍCITOS. RECONHECIMENTO DE
O narrador afirma...
TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS
Erros de interpretação
INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
• Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se sai do
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e rela- contexto, acrescentando ideias que não estão no
cionadas entre si, formando um todo significativo capaz texto, quer por conhecimento prévio do tema quer
de produzir interação comunicativa (capacidade de codi- pela imaginação.
ficar e decodificar). • Redução = é o oposto da extrapolação. Dá-se
Contexto – um texto é constituído por diversas fra- atenção apenas a um aspecto (esquecendo que
ses. Em cada uma delas, há uma informação que se liga um texto é um conjunto de ideias), o que pode
com a anterior e/ou com a posterior, criando condições ser insuficiente para o entendimento do tema
para a estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa desenvolvido.
interligação dá-se o nome de contexto. O relacionamento • Contradição = às vezes o texto apresenta ideias
entre as frases é tão grande que, se uma frase for retirada contrárias às do candidato, fazendo-o tirar con-
de seu contexto original e analisada separadamente, po- clusões equivocadas e, consequentemente, errar a
derá ter um significado diferente daquele inicial. questão.
Intertexto - comumente, os textos apresentam refe-
rências diretas ou indiretas a outros autores através de Observação: Muitos pensam que existem a ótica do
citações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas em
Interpretação de texto - o objetivo da interpreta- uma prova de concurso, o que deve ser levado em consi-
ção de um texto é a identificação de sua ideia principal. deração é o que o autor diz e nada mais.
A partir daí, localizam-se as ideias secundárias (ou fun-
damentações), as argumentações (ou explicações), que Os pronomes relativos são muito importantes na in-
levam ao esclarecimento das questões apresentadas na terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de
prova. coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que
existe um pronome relativo adequado a cada circunstân-
Normalmente, em uma prova, o candidato deve: cia, a saber:
que (neutro) - relaciona-se com qualquer anteceden-
• Identificar os elementos fundamentais de uma ar- te, mas depende das condições da frase.
gumentação, de um processo, de uma época (nes- qual (neutro) idem ao anterior.
te caso, procuram-se os verbos e os advérbios, os quem (pessoa)
quais definem o tempo). cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois
• Comparar as relações de semelhança ou de dife- o objeto possuído.
renças entre as situações do texto. como (modo)
• Comentar/relacionar o conteúdo apresentado com onde (lugar)
uma realidade. quando (tempo)
• Resumir as ideias centrais e/ou secundárias. quanto (montante)
• Parafrasear = reescrever o texto com outras Exemplo:
palavras. Falou tudo QUANTO queria (correto)
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria
Condições básicas para interpretar aparecer o demonstrativo O).

Fazem-se necessários: conhecimento histórico-literá- Dicas para melhorar a interpretação de textos


rio (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), lei-
tura e prática; conhecimento gramatical, estilístico (qua- • Leia todo o texto, procurando ter uma visão ge-
lidades do texto) e semântico; capacidade de observação ral do assunto. Se ele for longo, não desista! Há
e de síntese; capacidade de raciocínio. muitos candidatos na disputa, portanto, quanto
mais informação você absorver com a leitura, mais
LÍNGUA PORTUGUESA

Interpretar/Compreender chances terá de resolver as questões.


• Se encontrar palavras desconhecidas, não inter-
Interpretar significa: rompa a leitura.
Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir. • Leia o texto, pelo menos, duas vezes – ou quantas
Através do texto, infere-se que... forem necessárias.
É possível deduzir que... • Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma
O autor permite concluir que... conclusão).
Qual é a intenção do autor ao afirmar que... • Volte ao texto quantas vezes precisar.

1
• Não permita que prevaleçam suas ideias sobre as as mãos ao volante, ouvindo rock and roll no rádio. Pegar
do autor. a estrada com os filhos pequenos revelou-se uma delícia
• Fragmente o texto (parágrafos, partes) para me- insuspeitada.
lhor compreensão. Talvez porque eu tenha começado tarde, guiar me pare-
• Verifique, com atenção e cuidado, o enunciado de ce, ainda hoje, uma experiência incomum. É um ato que,
cada questão. mesmo repetido de forma diária, nunca se banalizou
• O autor defende ideias e você deve percebê-las. inteiramente.
• Observe as relações interparágrafos. Um parágra- Na véspera do Ano Novo, em Ubatuba, eu fiz outra des-
fo geralmente mantém com outro uma relação de coberta temporã.
continuação, conclusão ou falsa oposição. Identifi- Depois de décadas de tentativas inúteis e frustrantes,
que muito bem essas relações. num final de tarde ensolarado eu conquistei o dom da
• Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou flutuação. Nas águas cálidas e translúcidas da praia Bra-
seja, a ideia mais importante. va, sob o olhar risonho da minha mulher, finalmente con-
• Nos enunciados, grife palavras como “correto” segui boiar.
ou “incorreto”, evitando, assim, uma confusão na Não riam, por favor. Vocês que fazem isso desde os oito
hora da resposta – o que vale não somente para anos, vocês que já enjoaram da ausência de peso e esfor-
Interpretação de Texto, mas para todas as demais ço, vocês que não mais se surpreendem com a sensação
questões! de balançar ao ritmo da água – sinto dizer, mas vocês se
• Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia esqueceram de como tudo isso é bom.
principal, leia com atenção a introdução e/ou a Nadar é uma forma de sobrepujar a água e impor-se a
conclusão. ela. Boiar é fazer parte dela – assim como do sol e das
• Olhe com especial atenção os pronomes relativos, montanhas ao redor, dos sons que chegam filtrados ao
pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, ouvido submerso, do vento que ergue a onda e lança
etc., chamados vocábulos relatores, porque reme- água em nosso rosto. Boiar é ser feliz sem fazer força, e
tem a outros vocábulos do texto. isso, curiosamente, não é fácil.
Essa experiência me sugeriu algumas considerações so-
SITES bre a vida em geral.
Uma delas, óbvia, é que a gente nunca para de aprender
ou de avançar. Intelectualmente e emocionalmente, de
Disponível em: <http://www.tudosobreconcursos.
um jeito prático ou subjetivo, estamos sempre incorpo-
com/materiais/portugues/como-interpretar-textos>
rando novidades que nos transformam. Somos geneti-
Disponível em: <http://portuguesemfoco.com/pf/
camente elaborados para lidar com o novo, mas não só.
09-dicas-para-melhorar-a-interpretacao-de-textos-em-
Também somos profundamente modificados por ele. A
-provas>
cada momento da vida, quando achamos que tudo já
Disponível em: <http://www.portuguesnarede.
aconteceu, novas capacidades irrompem e fazem de nós
com/2014/03/dicas-para-voce-interpretar-melhor-um.
uma pessoa diferente do que éramos. Uma pessoa capaz
html>
de boiar é diferente daquelas que afundam como pedras.
Disponível em: <http://vestibular.uol.com.br/cursi- Suspeito que isso tenha importância também para os
nho/questoes/questao-117-portugues.htm> relacionamentos.
Se a gente não congela ou enferruja – e tem gente que já
está assim aos 30 anos – nosso repertório íntimo tende a
EXERCÍCIOS COMENTADOS se ampliar, a cada ano que passa e a cada nova relação.
Penso em aprender a escutar e a falar, em olhar o outro,
1. (EBSERH – Analista Administrativo – Estatística em tocar o corpo do outro com propriedade e deixar-se
– AOCP-2015) tocar sem susto. Penso em conter a nossa própria frustra-
ção e a nossa fúria, em permitir que o parceiro floresça,
O verão em que aprendi a boiar em dar atenção aos detalhes dele. Penso, sobretudo, em
conquistar, aos poucos, a ansiedade e insegurança que
Quando achamos que tudo já aconteceu, novas ca- nos bloqueiam o caminho do prazer, não apenas no sen-
pacidades fazem de nós pessoas diferentes do que tido sexual. Penso em estar mais tranquilo na companhia
éramos do outro e de si mesmo, no mundo.
Assim como boiar, essas coisas são simples, mas preci-
IVAN MARTINS sam ser aprendidas.
Estar no interior de uma relação verdadeira é como estar
na água do mar. Às vezes você nada, outras vezes você
LÍNGUA PORTUGUESA

Sei que a palavra da moda é precocidade, mas eu acre-


dito em conquistas tardias. Elas têm na minha vida um boia, de vez em quando, morto de medo, sente que pode
gosto especial. afundar. É uma experiência que exige, ao mesmo tem-
Quando aprendi a guiar, aos 34 anos, tudo se transfor- po, relaxamento e atenção, e nem sempre essas coisas
mou. De repente, ganhei mobilidade e autonomia. A ci- se combinam. Se a gente se põe muito tenso e cerebral,
a relação perde a espontaneidade. Afunda. Mas, largada
dade, minha cidade, mudou de tamanho e de fisionomia.
apenas ao sabor das ondas, sem atenção ao equilíbrio, a
Descer a Avenida Rebouças num táxi, de madrugada, era
relação também naufraga. Há uma ciência sem cálculos
diferente – e pior – do que descer a mesma avenida com

2
que tem de ser assimilada a cada novo amor, por cada Em “e”: ser necessário aprender nos relacionamentos,
um de nós. Ela fornece a combinação exata de atenção e porém sempre estando alerta para aquilo de ruim que
relaxamento que permite boiar. Quer dizer, viver de for- pode acontecer = incorreta – estar sempre cuidando,
ma relaxada e consciente um grande amor. não pensando em algo ruim.
Na minha experiência, esse aprendizado não se fez ra-
pidamente. Demorou anos e ainda se faz. Talvez porque 2. (TJ-SC – ANALISTA ADMINISTRATIVO – FGV-2018)
eu seja homem, talvez porque seja obtuso para as coi- Observe a charge a seguir:
sas do afeto. Provavelmente, porque sofro das limitações
emocionais que muitos sofrem e que tornam as relações
afetivas mais tensas e trabalhosas do que deveriam ser.
Sabemos nadar, mas nos custa relaxar e ser felizes nas
águas do amor e do sexo. Nos custa boiar.
A boa notícia, que eu redescobri na praia, é que tudo
se aprende, mesmo as coisas simples que pareciam
impossíveis.
Enquanto se está vivo e relação existe, há chance de me-
lhorar. Mesmo se ela acabou, é certo que haverá outra
no futuro, no qual faremos melhor: com mais calma, com
mais prazer, com mais intensidade e menos medo.
O verão, afinal, está apenas começando. Todos os dias se
pode tentar boiar.
http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/ivan-martins/
noticia/2014/01/overao-em-que-aprendi-boiar.html A charge acima é uma homenagem a Stephen Hawking,
destacando o fato de o cientista:
De acordo com o texto, quando o autor afirma que “To-
dos os dias se pode tentar boiar.”, ele refere-se ao fato de a) ter alcançado o céu após sua morte;
b) mostrar determinação no combate à doença;
a) haver sempre tempo para aprender, para tentar rela- c) ser comparado a cientistas famosos;
xar e ser feliz nas águas do amor, agindo com mais d) ser reconhecido como uma mente brilhante;
calma, com mais prazer, com mais intensidade e me- e) localizar seus interesses nos estudos de Física.
nos medo.
b) ser necessário agir com mais cautela nos relaciona- Resposta: Letra D
mentos amorosos para que eles não se desfaçam.
c) haver sempre tempo para aprender a ser mais criterio- Em “a”: ter alcançado o céu após sua morte; = incorreto
so com seus relacionamentos, a fim de que eles sejam Em “b”: mostrar determinação no combate à doença;
vividos intensamente. = incorreto
d) haver sempre tempo para aprender coisas novas, in- Em “c”: ser comparado a cientistas famosos; = incorreto
clusive agir com o raciocínio nas relações amorosas.
Em “d”: ser reconhecido como uma mente brilhante;
e) ser necessário aprender nos relacionamentos, porém
Em “e”: localizar seus interesses nos estudos de Física.
sempre estando alerta para aquilo de ruim que pode
= incorreto
acontecer.
Usemos a fala de Einstein: “a mente brilhante que es-
távamos esperando”.
Resposta: Letra A

Ao texto: (...) tudo se aprende, mesmo as coisas simples 3. (BANPARÁ – ASSISTENTE SOCIAL – FADESP-2018)
que pareciam impossíveis. / Enquanto se está vivo e
relação existe, há chance de melhorar = sempre há Lastro e o Sistema Bancário
tempo para boiar (aprender).
Em “a”: haver sempre tempo para aprender, para ten- [...]
tar relaxar e ser feliz nas águas do amor, agindo com Até os anos 60, o papel-moeda e o dinheiro deposita-
mais calma, com mais prazer, com mais intensidade e do nos bancos deviam estar ligados a uma quantidade
menos medo = correta. de ouro num sistema chamado lastro-ouro. Como esse
Em “b”: ser necessário agir com mais cautela nos rela- metal é limitado, isso garantia que a produção de dinhei-
cionamentos amorosos para que eles não se desfaçam ro fosse também limitada. Com o tempo, os banqueiros
LÍNGUA PORTUGUESA

= incorreta – o autor propõe viver intensamente. se deram conta de que ninguém estava interessado em
Em “c”: haver sempre tempo para aprender a ser mais trocar dinheiro por ouro e criaram manobras, como a re-
criterioso com seus relacionamentos, a fim de que eles serva fracional, para emprestar muito mais dinheiro do
sejam vividos intensamente = incorreta – ser menos que realmente tinham em ouro nos cofres. Nas crises,
objetivo nos relacionamentos. como em 1929, todos queriam sacar dinheiro para pagar
Em “d”: haver sempre tempo para aprender coisas no- suas contas e os bancos quebravam por falta de fundos,
vas, inclusive agir com o raciocínio nas relações amo- deixando sem nada as pessoas que acreditavam ter suas
rosas = incorreta – ser mais emoção. economias seguramente guardadas.

3
Em 1971, o presidente dos EUA acabou com o padrão- Em “d”, permitir o empréstimo de mais dinheiro =
-ouro. Desde então, o dinheiro, na forma de cédulas e correta
principalmente de valores em contas bancárias, já não Em “e”, preservar as economias das pessoas = incorreta
tendo nenhuma riqueza material para representar, é cria-
do a partir de empréstimos. Quando alguém vai até o 4. (BANPARÁ – ASSISTENTE SOCIAL – FADESP-2018)
banco e recebe um empréstimo, o valor colocado em sua A leitura do texto permite a compreensão de que
conta é gerado naquele instante, criado a partir de uma
decisão administrativa, e assim entra na economia. Essa a) as dívidas dos clientes são o que sustenta os bancos.
explicação permaneceu controversa e escondida por b) todo o dinheiro que os bancos emprestam é
muito tempo, mas hoje está clara em um relatório do imaginário.
Bank of England de 2014. c) quem pede um empréstimo deve a outros clientes.
d) o pagamento de dívidas depende do “livre-mercado”.
Praticamente todo o dinheiro que existe no mundo é
e) os bancos confiscam os bens dos clientes endividados.
criado assim, inventado em canetaços a partir da conces-
são de empréstimos. O que torna tudo mais estranho e Resposta: Letra A
perverso é que, sobre esse empréstimo, é cobrada uma
dívida. Então, se eu peço dinheiro ao banco, ele inventa Em “a”, as dívidas dos clientes são o que sustenta os
números em uma tabela com meu nome e pede que eu bancos = correta
devolva uma quantidade maior do que essa. Para pagar Em “b”, todo o dinheiro que os bancos emprestam é
a dívida, preciso ir até o dito “livre-mercado” e trabalhar, imaginário = nem todo
lutar, talvez trapacear, para conseguir o dinheiro que o Em “c”, quem pede um empréstimo deve a outros
banco inventou na conta de outras pessoas. Esse é o di- clientes = deve ao banco, este paga/empresta a ou-
nheiro que vai ser usado para pagar a dívida, já que a tros clientes
única fonte de moeda é o empréstimo bancário. No fim, Em “d”, o pagamento de dívidas depende do “livre-
os bancos acabam com todo o dinheiro que foi inventa- -mercado” = não só: (...) preciso ir até o dito “livre-
do e ainda confiscam os bens da pessoa endividada cujo -mercado” e trabalhar, lutar, talvez trapacear.
dinheiro tomei. Em “e”, os bancos confiscam os bens dos clientes endi-
Assim, o sistema monetário atual funciona com uma vidados = desde que não paguem a dívida
moeda que é ao mesmo tempo escassa e abundante. Es-
cassa porque só banqueiros podem criá-la, e abundante 5. (BANESTES – ANALISTA ECONÔMICO FINANCEI-
porque é gerada pela simples manipulação de bancos de RO GESTÃO CONTÁBIL – FGV-2018) Observe a charge
dados. O resultado é uma acumulação de riqueza e po- abaixo, publicada no momento da intervenção nas ati-
der sem precedentes: um mundo onde o patrimônio de vidades de segurança do Rio de Janeiro, em março de
80 pessoas é maior do que o de 3,6 bilhões, e onde o 1% 2018.
mais rico tem mais do que os outros 99% juntos.
[...]
Disponível em https://fagulha.org/artigos/
inventando-dinheiro/
Acessado em 20/03/2018

De acordo com o autor do texto Lastro e o sistema bancá-


rio, a reserva fracional foi criada com o objetivo de

a) tornar ilimitada a produção de dinheiro.


b) proteger os bens dos clientes de bancos.
c) impedir que os bancos fossem à falência.
d) permitir o empréstimo de mais dinheiro
e) preservar as economias das pessoas.
Há uma série de informações implícitas na charge; NÃO
Resposta: Letra D pode, no entanto, ser inferida da imagem e das frases a
seguinte informação:
Ao texto: (...) Com o tempo, os banqueiros se deram
conta de que ninguém estava interessado em trocar a) a classe social mais alta está envolvida nos crimes co-
dinheiro por ouro e criaram manobras, como a reserva metidos no Rio;
LÍNGUA PORTUGUESA

fracional, para emprestar muito mais dinheiro do que b) a tarefa da investigação criminal não está sendo
realmente tinham em ouro nos cofres. bem-feita;
Em “a”, tornar ilimitada a produção de dinheiro = c) a linguagem do personagem mostra intimidade com o
incorreta interlocutor;
Em “b”, proteger os bens dos clientes de bancos = d) a presença do orelhão indica o atraso do local da
incorreta charge;
Em “c”, impedir que os bancos fossem à falência = e) as imagens dos tanques de guerra denunciam a pre-
incorreta sença do Exército.

4
Resposta: Letra D 7. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE LE-
GISLATIVO MUNICIPAL – FGV-2018-ADAPTADA)
“Hoje, esse termo denota, além da agressão física, diver-
sos tipos de imposição sobre a vida civil, como a repres-
são política, familiar ou de gênero, ou a censura da fala
e do pensamento de determinados indivíduos e, ainda,
o desgaste causado pelas condições de trabalho e con-
dições econômicas”. A manchete jornalística abaixo que
NÃO se enquadra em nenhum tipo de violência citado
nesse segmento é:

a) Presa por mensagem racista na internet;


b) Vinte pessoas são vítimas da ditadura venezuelana;
NÃO pode ser inferida da imagem e das frases a se- c) Apanhou de policiais por destruir caixa eletrônico;
guinte informação: d) Homossexuais são perseguidos e presos na Rússia;
Em “a”, a classe social mais alta está envolvida nos cri- e) Quatro funcionários ficaram livres do trabalho escravo.
mes cometidos no Rio = inferência correta
Em “b”, a tarefa da investigação criminal não está sen- Resposta: Letra C
do bem-feita = inferência correta
Em “c”, a linguagem do personagem mostra intimida- Em “a”: Presa por mensagem racista na internet =
de com o interlocutor = inferência correta como a repressão política, familiar ou de gênero
Em “d”, a presença do orelhão indica o atraso do local Em “b”: Vinte pessoas são vítimas da ditadura vene-
da charge = incorreta zuelana = como a repressão política, familiar ou de
Em “e”, as imagens dos tanques de guerra denunciam gênero
a presença do Exército = inferência correta Em “c”: Apanhou de policiais por destruir caixa eletrô-
nico = não consta na Manchete acima
6. (TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FGV-2018) Observe Em “d”: Homossexuais são perseguidos e presos na
a charge abaixo. Rússia = como a repressão política, familiar ou de
gênero
Em “e”: Quatro funcionários ficaram livres do traba-
lho escravo = o desgaste causado pelas condições de
trabalho

8. (MPE-AL – ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO –


ÁREA JURÍDICA – FGV-2018)

Oportunismo à Direita e à Esquerda

Numa democracia, é livre a expressão, estão garantidos


o direito de reunião e de greve, entre outros, obedecidas
leis e regras, lastreadas na Constituição. Em um regime
de liberdades, há sempre o risco de excessos, a serem
devidamente contidos e seus responsáveis, punidos,
conforme estabelecido na legislação.
No caso da charge, a crítica feita à internet é:
É o que precisa acontecer no rescaldo da greve dos cami-
nhoneiros, concluídas as investigações, por exemplo, da
a) a criação de uma dependência tecnológica excessiva;
ajuda ilegal de patrões ao movimento, interessados em
b) a falta de exercícios físicos nas crianças;
se beneficiar do barateamento do combustível.
c) o risco de contatos perigosos;
Sempre há, também, o oportunismo político-ideológico
d) o abandono dos estudos regulares;
para se aproveitar da crise. Inclusive, neste ano de elei-
e) a falta de contato entre membros da família.
ção, com o objetivo de obter apoio a candidatos. Não
faltam, também, os arautos do quanto pior, melhor, para
Resposta: Letra A
desgastar governantes e reforçar seus projetos de po-
der, por mais delirantes que sejam. Também aqui vale o
Em “a”: a criação de uma dependência tecnológica que está delimitado pelo estado democrático de direito,
excessiva; defendido pelos diversos instrumentos institucionais de
LÍNGUA PORTUGUESA

Em “b”: a falta de exercícios físicos nas crianças; = que conta o Estado – Polícia, Justiça, Ministério Público,
incorreto Forças Armadas etc.
Em “c”: o risco de contatos perigosos; = incorreto A greve atravessou vários sinais ao estrangular as vias de
Em “d”: o abandono dos estudos regulares; = incorreto suprimento que mantêm o sistema produtivo funcionan-
Em “e”: a falta de contato entre membros da família. = do, do qual depende a sobrevivência física da população.
incorreto Isso não pode ser esquecido e serve de alerta para que as
Através da fala do garoto chegamos à resposta: de- autoridades desenvolvam planos de contingência.
pendência tecnológica - expressa em sua fala. O Globo, 31/05/2018.

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“É o que precisa acontecer no rescaldo da greve dos ca- Uma cultura de paz exige esforço para modificar o pen-
minhoneiros, concluídas as investigações, por exemplo, samento e a ação das pessoas para que se promova a
da ajuda ilegal de patrões ao movimento, interessados paz. Falar de violência e de como ela nos assola deixa
em se beneficiar do barateamento do combustível.” Se- de ser, então, a temática principal. Não que ela vá ser
gundo esse parágrafo do texto, o que “precisa acontecer” esquecida ou abafada; ela pertence ao nosso dia a dia e
é temos consciência disso. Porém, o sentido do discurso, a
ideologia que o alimenta, precisa impregná-lo de pala-
a) manter-se o direito de livre expressão do pensamento. vras e conceitos que anunciem os valores humanos que
b) garantir-se o direito de reunião e de greve. decantam a paz, que lhe proclamam e promovem. A vio-
c) lastrear leis e regras na Constituição. lência já é bastante denunciada, e quanto mais falamos
d) punirem-se os responsáveis por excessos. dela, mais lembramos de sua existência em nosso meio
e) concluírem-se as investigações sobre a greve. social. É hora de começarmos a convocar a presença da
paz em nós, entre nós, entre nações, entre povos.
Resposta: Letra D Um dos primeiros passos nesse sentido refere-se à ges-
tão de conflitos. Ou seja, prevenir os conflitos potencial-
Em “a”: manter-se o direito de livre expressão do pensa- mente violentos e reconstruir a paz e a confiança en-
mento. = incorreto tre pessoas originárias de situação de guerra é um dos
Em “b”: garantir-se o direito de reunião e de greve. = exemplos mais comuns a serem considerados. Tal missão
incorreto estende-se às escolas, instituições públicas e outros lo-
Em “c”: lastrear leis e regras na Constituição. = incorreto cais de trabalho por todo o mundo, bem como aos par-
Em “d”: punirem-se os responsáveis por excessos. lamentos e centros de comunicação e associações.
Em “e”: concluírem-se as investigações sobre a greve. Outro passo é tentar erradicar a pobreza e reduzir as de-
= incorreto sigualdades, lutando para atingir um desenvolvimento
Ao texto: (...) há sempre o risco de excessos, a se- sustentado e o respeito pelos direitos humanos, refor-
rem devidamente contidos e seus responsáveis, pu- çando as instituições democráticas, promovendo a liber-
nidos, conforme estabelecido na legislação. / É o que dade de expressão, preservando a diversidade cultural e
precisa acontecer... = precisa acontecer a punição dos o ambiente.
excessos. É, então, no entrelaçamento “paz — desenvolvimento —
direitos humanos — democracia” que podemos vislum-
9. (PC-MA – DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL brar a educação para a paz.
– CESPE-2018) Leila Dupret. Cultura de paz e ações sócio-educati-
vas: desafios para a escola contemporânea. In: Psicol.
Texto CG1A1AAA Esc. Educ. (Impr.) v. 6, n.º 1. Campinas, jun./2002 (com
adaptações).
A paz não pode ser garantida apenas pelos acordos
políticos, econômicos ou militares. Cada um de nós, in- De acordo com o texto CG1A1AAA, os elementos “gestão
dependentemente de idade, sexo, estrato social, crença de conflitos” e “erradicar a pobreza” devem ser concebi-
religiosa etc. é chamado à criação de um mundo pacifica- dos como
do, um mundo sob a égide de uma cultura da paz.
Mas, o que significa “cultura da paz”? a) obstáculos para a construção da cultura da paz.
Construir uma cultura da paz envolve dotar as crianças b) dispensáveis para a construção da cultura da paz.
e os adultos da compreensão de princípios como liber- c) irrelevantes na construção da cultura da paz.
dade, justiça, democracia, direitos humanos, tolerância, d) etapas para a construção da cultura da paz.
igualdade e solidariedade. Implica uma rejeição, indivi- e) consequências da construção da cultura da paz.
dual e coletiva, da violência que tem sido percebida na
sociedade, em seus mais variados contextos. A cultura da Resposta: Letra D
paz tem de procurar soluções que advenham de dentro
da(s) sociedade(s), que não sejam impostas do exterior. Em “a”: obstáculos para a construção da cultura da paz.
Cabe ressaltar que o conceito de paz pode ser abordado = incorreto
em sentido negativo, quando se traduz em um estado Em “b”: dispensáveis para a construção da cultura da
de não guerra, em ausência de conflito, em passividade paz. = incorreto
e permissividade, sem dinamismo próprio; em síntese, Em “c”: irrelevantes na construção da cultura da paz.
LÍNGUA PORTUGUESA

condenada a um vazio, a uma não existência palpável, = incorreto


difícil de se concretizar e de se precisar. Em sua concep- Em “d”: etapas para a construção da cultura da paz.
ção positiva, a paz não é o contrário da guerra, mas a Em “e”: consequências da construção da cultura da paz.
prática da não violência para resolver conflitos, a prática = incorreto
do diálogo na relação entre pessoas, a postura democrá- Ao texto: Um dos primeiros passos nesse sentido refe-
tica frente à vida, que pressupõe a dinâmica da coope- re-se à gestão de conflitos. (...) Outro passo é tentar er-
ração planejada e o movimento constante da instalação radicar a pobreza e reduzir as desigualdades = etapas
de justiça. para construção da paz.

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10. (TJ-AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE JUS- Com sua fala, a personagem revela que
TIÇA AVALIADOR – FGV-2018)
a) a violência era comum no passado.
b) as pessoas lutam contra a violência.
c) a violência está banalizada.
d) o preço que pagou pela violência foi alto.

Resposta: Letra C

Em “a”: a violência era comum no passado. = incorreto


Em “b”: as pessoas lutam contra a violência. = incorreto
Em “c”: a violência está banalizada.
Em “d”: o preço que pagou pela violência foi alto. =
incorreto
Infelizmente, a personagem revela que a violên-
cia está banalizada, nem há mais “punições” para os
agressivos.

12. (PM-SP - ASPIRANTE DA POLÍCIA MILITAR [INTE-


RIOR] – VUNESP-2017) Leia a charge.

O humor da tira é conseguido através de uma quebra de


expectativa, que é:

a) o fato de um adulto colecionar figurinhas;


b) as figurinhas serem de temas sociais e não esportivos;
c) a falta de muitas figurinhas no álbum;
d) a reclamação ser apresentada pelo pai e não pelo
filho;
e) uma criança ajudar a um adulto e não o contrário.
(Pancho. www.gazetadopovo.com.br)
Resposta: Letra B
É correto associar o humor da charge ao fato de que
Em “a”: o fato de um adulto colecionar figurinhas; =
incorreto
Em “b”: as figurinhas serem de temas sociais e não a) os personagens têm uma autoestima elevada e são
esportivos; otimistas, mesmo vivendo em uma situação de com-
Em “c”: a falta de muitas figurinhas no álbum; = pleto confinamento.
incorreto b) os dois personagens estão muito bem informados so-
Em “d”: a reclamação ser apresentada pelo pai e não bre a economia, o que não condiz com a imagem de
pelo filho; = incorreto criminosos.
Em “e”: uma criança ajudar a um adulto e não o con- c) o valor dos cosméticos afetará diretamente a vida
trário. = incorreto dos personagens, pois eles demonstram preocupação
O humor está no fato de o álbum ser sobre um tema
com a aparência.
incomum: assuntos sociais.
d) o aumento dos preços de cosméticos não surpreende
11. (PM-SP - SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR – VU- os personagens, que estão acostumados a pagar caro
NESP-2015) Leia a tira. por eles nos presídios.
e) os preços de cosméticos não deveriam ser relevan-
tes para os personagens, dada a condição em que se
encontram.
LÍNGUA PORTUGUESA

Resposta: Letra E

Em “a”: os personagens têm uma autoestima elevada


e são otimistas, mesmo vivendo em uma situação de
completo confinamento. = incorreto
Em “b”: os dois personagens estão muito bem infor-
mados sobre a economia, o que não condiz com a
(Folha de S.Paulo, 02.10.2015. Adaptado) imagem de criminosos. = incorreto

7
Em “c”: o valor dos cosméticos afetará diretamente a TIPOLOGIA E GÊNERO TEXTUAL
vida dos personagens, pois eles demonstram preocu-
pação com a aparência. = incorreto A todo o momento nos deparamos com vários tex-
Em “d”: o aumento dos preços de cosméticos não sur- tos, sejam eles verbais ou não verbais. Em todos há a
preende os personagens, que estão acostumados a presença do discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essência
pagar caro por eles nos presídios. = incorreto daquilo que está sendo transmitido entre os interlocuto-
Em “e”: os preços de cosméticos não deveriam ser res. Estes interlocutores são as peças principais em um
relevantes para os personagens, dada a condição em diálogo ou em um texto escrito.
que se encontram. É de fundamental importância sabermos classificar os
Pela condição em que as personagens se encontram, o textos com os quais travamos convivência no nosso dia
aumento no preço dos cosméticos não os afeta. a dia. Para isso, precisamos saber que existem tipos tex-
tuais e gêneros textuais.
13. (TJ-AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE JUS- Comumente relatamos sobre um acontecimento, um
TIÇA AVALIADOR – FGV-2018) fato presenciado ou ocorrido conosco, expomos nossa
opinião sobre determinado assunto, descrevemos algum
Texto 1 – Além do celular e da carteira, cuidado com lugar que visitamos, fazemos um retrato verbal sobre al-
as figurinhas da Copa guém que acabamos de conhecer ou ver. É exatamente
Gilberto Porcidônio – O Globo, 12/04/2018 nessas situações corriqueiras que classificamos os nossos
textos naquela tradicional tipologia: Narração, Descri-
ção e Dissertação.
A febre do troca-troca de figurinhas pode estar atingindo
uma temperatura muito alta. Preocupados que os mais
As tipologias textuais se caracterizam pelos aspec-
afoitos pelos cromos possam até roubá-los, muitos jor-
tos de ordem linguística
naleiros estão levando seus estoques para casa quando
termina o expediente. Pode parecer piada, mas há até Os tipos textuais designam uma sequência definida
boatos sobre quadrilhas de roubo de figurinha espalha- pela natureza linguística de sua composição. São obser-
dos por mensagens de celular. vados aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, rela-
ções logicas. Os tipos textuais são o narrativo, descritivo,
Sobre a estrutura do título dado ao texto 1, a afirmativa argumentativo/dissertativo, injuntivo e expositivo.
adequada é:
A) Textos narrativos – constituem-se de verbos de
a) as figurinhas da Copa passaram a ocupar o lugar do ação demarcados no tempo do universo narrado,
celular e da carteira nos roubos urbanos; como também de advérbios, como é o caso de an-
b) as figurinhas da Copa se somaram ao celular e à car- tes, agora, depois, entre outros: Ela entrava em seu
teira como alvo de desejo dos assaltantes; carro quando ele apareceu. Depois de muita con-
c) o alerta dado no título se dirige aos jornaleiros que versa, resolveram...
vendem as figurinhas da Copa; B) Textos descritivos – como o próprio nome indica,
d) os ladrões passaram a roubar as figurinhas da Copa descrevem características tanto físicas quanto psi-
nas bancas de jornais; cológicas acerca de um determinado indivíduo ou
e) as figurinhas da Copa se transformaram no alvo prin- objeto. Os tempos verbais aparecem demarcados
cipal dos ladrões. no presente ou no pretérito imperfeito: “Tinha os
cabelos mais negros como a asa da graúna...”
Resposta: Letra B C) Textos expositivos – Têm por finalidade explicar um
assunto ou uma determinada situação que se al-
Em “a”: as figurinhas da Copa passaram a ocupar o meje desenvolvê-la, enfatizando acerca das razões
lugar do celular e da carteira nos roubos urbanos; = de ela acontecer, como em: O cadastramento irá
incorreto se prorrogar até o dia 02 de dezembro, portanto,
Em “b”: as figurinhas da Copa se somaram ao celular e não se esqueça de fazê-lo, sob pena de perder o
à carteira como alvo de desejo dos assaltantes; benefício.
Em “c”: o alerta dado no título se dirige aos jornaleiros D) Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de uma
que vendem as figurinhas da Copa; = incorreto modalidade na qual as ações são prescritas de for-
Em “d”: os ladrões passaram a roubar as figurinhas da ma sequencial, utilizando-se de verbos expressos
Copa nas bancas de jornais; = incorreto no imperativo, infinitivo ou futuro do presente:
Em “e”: as figurinhas da Copa se transformaram no Misture todos os ingrediente e bata no liquidifica-
alvo principal dos ladrões. = incorreto dor até criar uma massa homogênea.
O título do texto já nos dá a resposta: além do celular E) Textos argumentativos (dissertativo) – Demarcam-
LÍNGUA PORTUGUESA

e da carteira, ou seja, as figurinhas da Copa também -se pelo predomínio de operadores argumenta-
passaram a ser alvo dos assaltantes. tivos, revelados por uma carga ideológica cons-
tituída de argumentos e contra-argumentos que
justificam a posição assumida acerca de um deter-
minado assunto: A mulher do mundo contemporâ-
neo luta cada vez mais para conquistar seu espaço
no mercado de trabalho, o que significa que os gê-
neros estão em complementação, não em disputa.

8
Gêneros Textuais Há no texto elementos característicos das tipologias ex-
positiva e injuntiva.
São os textos materializados que encontramos em
nosso cotidiano; tais textos apresentam características ( ) CERTO   ( ) ERRADO
sócio-comunicativas definidas por seu estilo, função,
composição, conteúdo e canal. Como exemplos, temos: Resposta: Certo. Texto injuntivo – ou instrucional – é
receita culinária, e-mail, reportagem, monografia, poema, aquele que passa instruções ao leitor. O texto acima
editorial, piada, debate, agenda, inquérito policial, fórum, apresenta tal característica.
blog, etc.
A escolha de um determinado gênero discursivo de-
pende, em grande parte, da situação de produção, ou INTERTEXTUALIDADE
seja, a finalidade do texto a ser produzido, quem são os
locutores e os interlocutores, o meio disponível para vei- Intertextualidade acontece quando há uma referên-
cia explícita ou implícita de um texto em outro. Também
cular o texto, etc.
pode ocorrer com outras formas além do texto, música,
Os gêneros discursivos geralmente estão ligados a
pintura, filme, novela etc. Toda vez que uma obra fizer
esferas de circulação. Assim, na esfera jornalística, por
alusão à outra ocorre a intertextualidade.
exemplo, são comuns gêneros como notícias, reporta-
Apresenta-se explicitamente quando o autor informa
gens, editoriais, entrevistas e outros; na esfera de divul-
o objeto de sua citação. Num texto científico, por exem-
gação científica são comuns gêneros como verbete de plo, o autor do texto citado é indicado; já na forma im-
dicionário ou de enciclopédia, artigo ou ensaio científico, plícita, a indicação é oculta. Por isso é importante para o
seminário, conferência. leitor o conhecimento de mundo, um saber prévio, para
reconhecer e identificar quando há um diálogo entre os
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS textos. A intertextualidade pode ocorrer afirmando as
mesmas ideias da obra citada ou contestando-as. Há
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- duas formas: a Paráfrase e a Paródia.
char. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010. PARÁFRASE
CAMPEDELLI, Samira Yousseff, SOUZA, Jésus Barbosa.
Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática – Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia
volume único – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002. do texto é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre
para atualizar, reafirmar os sentidos ou alguns sentidos
SITE do texto citado. É dizer com outras palavras o que já foi
dito. Temos um exemplo citado por Affonso Romano
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/reda- Sant’Anna em seu livro “Paródia, paráfrase & Cia” (p. 23):
cao/tipologia-textual.htm>
Texto Original
Minha terra tem palmeiras
EXERCÍCIO COMENTADO Onde canta o sabiá,
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá.
1. (TJ-DFT – CONHECIMENTOS BÁSICOS – TÉCNI- (Gonçalves Dias, “Canção do exílio”).
CO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – CESPE
– 2015) Paráfrase
Meus olhos brasileiros se fecham saudosos
Ouro em Fios Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’.
Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?
A natureza é capaz de produzir materiais preciosos, Eu tão esquecido de minha terra...
como o ouro e o cobre - condutor de ENERGIA ELÉTRICA. Ai terra que tem palmeiras
O ouro já é escasso. A energia elétrica caminha para isso. Onde canta o sabiá!
Enquanto cientistas e governos buscam novas fontes de (Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e
energia sustentáveis, faça sua parte aqui no TJDFT: Bahia”).
• Desligue as luzes nos ambientes onde é possível usar a
iluminação natural. Este texto de Gonçalves Dias, “Canção do Exílio”, é
LÍNGUA PORTUGUESA

• Feche as janelas ao ligar o ar-condicionado. muito utilizado como exemplo de paráfrase e de paródia.
• Sempre desligue os aparelhos elétricos ao sair do Aqui o poeta Carlos Drummond de Andrade retoma o
ambiente. texto primitivo conservando suas ideias, não há mudança
• Utilize o computador no modo espera. do sentido principal do texto, que é a saudade da terra
Fique ligado! Evite desperdícios. natal.
Energia elétrica.
A natureza cobra o preço do desperdício.
Internet: <www.tjdft.jus.br> (com adaptações)

9
PARÓDIA da informação que se encontra explícita, identificando e
compreendendo as informações implícitas - lendo nas
A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar entrelinhas.
outros textos, há uma ruptura com as ideologias impos- Os pressupostos são de mais fácil identificação, pois
tas e por isso é objeto de interesse para os estudiosos estão sugeridos no texto; são facilmente compreendidos
da língua e das artes. Ocorre, aqui, um choque de inter- devido a palavras ou expressões presentes na frase que
pretação, a voz do texto original é retomada para trans- permitem ao leitor identificar essa informação implícita.
formar seu sentido, leva o leitor a uma reflexão crítica Assim, o pressuposto é verdadeiro e irrefutável.
de suas verdades incontestadas anteriormente. Com esse Ao contrário das informações pressupostas, as su-
processo há uma indagação sobre os dogmas estabeleci- bentendidas não são marcadas no próprio enunciado,
dos e uma busca pela verdade real, concebida através do são apenas sugeridas, ou seja, podem ser entendidas
raciocínio e da crítica. Os programas humorísticos fazem como insinuações.
uso contínuo dessa arte. Frequentemente os discursos O uso de subentendidos faz com que o enunciador se
de políticos são abordados de maneira cômica e contes- esconda atrás de uma afirmação, pois não quer se com-
tadora, provocando risos e também reflexão a respeito prometer com ela. Por isso, diz-se que os subentendidos
da demagogia praticada pela classe dominante. Com o são de responsabilidade do receptor, enquanto os pres-
mesmo texto utilizado anteriormente, teremos, agora, supostos são partilhados por enunciadores e receptores.
uma paródia. Em nosso cotidiano, somos cercados por informações
subentendidas. A publicidade, por exemplo, parte de há-
Texto Original bitos e pensamentos da sociedade para criar subentendi-
Minha terra tem palmeiras dos. Já a anedota é um gênero textual cuja interpretação
Onde canta o sabiá, depende da quebra de subentendidos.
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá. SITE
(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”).
https://www.normaculta.com.br/pressuposto-e-su-
Paródia bentendido /
Minha terra tem palmares http://educacao.globo.com/portugues/assunto/estu-
onde gorjeia o mar do-do-texto/implicitos-e-pressupostos.html
os passarinhos daqui Acesso em: 01 jun. 2019
não cantam como os de lá.
(Oswald de Andrade, “Canto de regresso à pátria”).

O nome Palmares, escrito com letra minúscula, subs- ORTOGRAFIA OFICIAL


titui a palavra palmeiras, há um contexto histórico, social
e racial neste texto, Palmares é o quilombo liderado por
ORTOGRAFIA
Zumbi, foi dizimado em 1695, há uma inversão do sen-
tido do texto primitivo que foi substituído pela crítica à
A ortografia é a parte da Fonologia que trata da cor-
escravidão existente no Brasil.
reta grafia das palavras. É ela quem ordena qual som
devem ter as letras do alfabeto. Os vocábulos de uma
PRESSUPOSTOS E SUBENTENDIDOS
língua são grafados segundo acordos ortográficos.
A maneira mais simples, prática e objetiva de apren-
Informações ImplícitaS
der ortografia é realizar muitos exercícios, ver as palavras,
familiarizando-se com elas. O conhecimento das regras
Muitos candidatos a vagas em Concursos se pergun-
é necessário, mas não basta, pois há inúmeras exceções
tam como melhorar sua capacidade de interpretação
e, em alguns casos, há necessidade de conhecimento de
dos textos. Primeiramente, é preciso ter em mente que
etimologia (origem da palavra).
um texto é formado por informações explícitas e implí-
citas. As explícitas são aquelas manifestadas pelo autor
Regras ortográficas
no próprio texto; as implícitas, não, mas podem ser su-
bentendidas. Muitas vezes, para efetuarmos uma leitura
A) O fonema S
eficiente, é preciso ir além do que foi dito, ou seja, ler nas
entrelinhas.
São escritas com S e não C/Ç
Nos concursos, fazer inferências é uma habilidade
fundamental para a interpretação adequada dos textos
LÍNGUA PORTUGUESA

• Palavras substantivadas derivadas de verbos com


e dos enunciados.
radicais em nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender
Há dois tipos de informações que podem ser inferi-
- pretensão / expandir - expansão / ascender - as-
das: as pressupostas e as subentendidas.
censão / inverter - inversão / aspergir - aspersão /
Pressupostos e subentendidos são informações im-
submergir - submersão / divertir - diversão / im-
plícitas em um texto, não expressas formalmente, mas
pelir - impulsivo / compelir - compulsório / repelir
sugeridas por meio de marcas linguísticas ou pelo con-
- repulsa / recorrer - recurso / discorrer - discurso /
texto. Cabe ao leitor, em uma leitura proficiente, ir além
sentir - sensível / consentir – consensual.

10
São escritos com SS e não C e Ç Exceção: lápis + inho – lapisinho.

• Nomes derivados dos verbos cujos radicais termi- C) O fonema j


nem em gred, ced, prim ou com verbos terminados
por tir ou -meter: agredir - agressivo / imprimir - São escritas com G e não J
impressão / admitir - admissão / ceder - cessão /
exceder - excesso / percutir - percussão / regredir • Palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa,
- regressão / oprimir - opressão / comprometer - gesso.
compromisso / submeter – submissão. • Estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento,
gim.
• Quando o prefixo termina com vogal que se junta
• Terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com
com a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simé-
poucas exceções): imagem, vertigem, penugem,
trico - assimétrico / re + surgir – ressurgir.
bege, foge.
• No pretérito imperfeito simples do subjuntivo.
Exemplos: ficasse, falasse. Exceção: pajem.
São escritos com C ou Ç e não S e SS • Terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio,
litígio, relógio, refúgio.
• Vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açúcar. • Verbos terminados em ger/gir: emergir, eleger, fu-
• Vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: gir, mugir.
cipó, Juçara, caçula, cachaça, cacique. • Depois da letra “r” com poucas exceções: emergir,
• Sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu, surgir.
uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça, • Depois da letra “a”, desde que não seja radical ter-
caniço, esperança, carapuça, dentuço. minado com j: ágil, agente.
• Nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção /
deter - detenção / ater - atenção / reter – retenção. São escritas com J e não G
• Após ditongos: foice, coice, traição.
• Palavras derivadas de outras terminadas em -te, • Palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje.
to(r): marte - marciano / infrator - infração / absor- • Palavras de origem árabe, africana ou exótica: ji-
to – absorção. boia, manjerona.
• Palavras terminadas com aje: ultraje.
B) O fonema z
D) O fonema ch
São escritos com S e não Z São escritas com X e não CH
• Sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é subs- • Palavras de origem tupi, africana ou exótica: aba-
tantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos: caxi, xucro.
freguês, freguesa, freguesia, poetisa, baronesa, • Palavras de origem inglesa e espanhola: xampu,
princesa. lagartixa.
• Sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, • Depois de ditongo: frouxo, feixe.
metamorfose. • Depois de “en”: enxurrada, enxada, enxoval.
• Formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera,
quis, quiseste. Exceção: quando a palavra de origem não derive de
• Nomes derivados de verbos com radicais termi- outra iniciada com ch - Cheio - (enchente)
nados em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão /
empreender - empresa / difundir – difusão. São escritas com CH e não X
• Diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís -
Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis – lapisinho. Palavras de origem estrangeira: chave, chumbo, chas-
• Após ditongos: coisa, pausa, pouso, causa. si, mochila, espadachim, chope, sanduíche, salsicha.
• Verbos derivados de nomes cujo radical termina
E) As letras “e” e “i”
com “s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar
• Ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem.
– pesquisar.
Com “i”, só o ditongo interno cãibra.
• Verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar são
São escritos com Z e não S escritos com “e”: caçoe, perdoe, tumultue. Escreve-
LÍNGUA PORTUGUESA

mos com “i”, os verbos com infinitivo em -air, -oer


• Sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de adje- e -uir: trai, dói, possui, contribui.
tivo: macio - maciez / rico – riqueza / belo – beleza.
• Sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de Há palavras que mudam de sentido quando substituí-
origem não termine com s): final - finalizar / con- mos a grafia “e” pela grafia “i”: área (superfície), ária (me-
creto – concretizar. lodia) / delatar (denunciar), dilatar (expandir) / emergir
• Consoante de ligação se o radical não terminar (vir à tona), imergir (mergulhar) / peão (de estância, que
com “s”: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal anda a pé), pião (brinquedo).

11
Se o dicionário ainda deixar dúvida quanto à orto- 2. como conjunção subordinativa causal, substituível
grafia de uma palavra, há a possibilidade de consultar por “pela causa”, “razão de que” = Você perdeu
o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), porque se antecipou.
elaborado pela Academia Brasileira de Letras. É uma obra
de referência até mesmo para a criação de dicionários, PORQUÊ (uma só palavra, com acento gráfico)
pois traz a grafia atualizada das palavras (sem o signifi-
cado). Na Internet, o endereço é www.academia.org.br. Usos:

Informações importantes 1. como substantivo, com o sentido de “causa”, “ra-


zão” ou “motivo”, admitindo pluralização (por-
Formas variantes são as que admitem grafias ou pro- quês). Geralmente é precedido por artigo = Não
núncias diferentes para palavras com a mesma signifi- sei o porquê da discussão. É uma pessoa cheia de
cação: aluguel/aluguer, assobiar/assoviar, catorze/quator- porquês.
ze, dependurar/pendurar, flecha/frecha, germe/gérmen,
infarto/enfarte, louro/loiro, percentagem/porcentagem, ONDE / AONDE
relampejar/relampear/relampar/relampadar.
Os símbolos das unidades de medida são escritos Onde = empregado com verbos que não expressam
sem ponto, com letra minúscula e sem “s” para indicar a ideia de movimento = Onde você está?
plural, sem espaço entre o algarismo e o símbolo: 2kg, Aonde = equivale a “para onde”. É usado com verbos
20km, 120km/h. que expressam movimento = Aonde você vai?
Exceção para litro (L): 2 L, 150 L.
MAU / MAL
Na indicação de horas, minutos e segundos, não
deve haver espaço entre o algarismo e o símbolo: 14h, Mau = é um adjetivo, antônimo de “bom”. Usa-se
22h30min, 14h23’34’’(= quatorze horas, vinte e três mi- como qualificação = O mau tempo passou. / Ele é um
nutos e trinta e quatro segundos). mau elemento.
O símbolo do real antecede o número sem espaço:
R$1.000,00. No cifrão deve ser utilizada apenas uma bar- Mal = pode ser usado como
ra vertical ($).
1. conjunção temporal, equivalente a “assim que”,
Alguns Usos Ortográficos Especiais “logo que”, “quando” = Mal se levantou, já saiu.
2. advérbio de modo (antônimo de “bem”) = Você foi
POR QUE / POR QUÊ / PORQUÊ / PORQUE mal na prova?
3. substantivo, podendo estar precedido de artigo ou
POR QUE (separado e sem acento) pronome = Há males que vêm pra bem! / O mal
não compensa.
É usado em:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. interrogações diretas (longe do ponto de interro-
gação) = Por que você não veio ontem? SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
2. interrogações indiretas, nas quais o “que” equiva- Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
le a “qual razão” ou “qual motivo” = Perguntei-lhe CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
por que faltara à aula ontem. char - Português linguagens: volume 1. – 7.ª ed. Reform.
3. equivalências a “pelo(a) qual” / “pelos(as) quais” = – São Paulo: Saraiva, 2010.
Ignoro o motivo por que ele se demitiu. AMARAL, Emília... [et al.] Português: novas palavras: li-
teratura, gramática, redação. – São Paulo: FTD, 2000.
POR QUÊ (separado e com acento) CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
Produção de Textos & Gramática. Volume único / Samira
Usos: Yousseff, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – São Paulo:
1. como pronome interrogativo, quando colocado no Saraiva, 2002.
fim da frase (perto do ponto de interrogação) =
Você faltou. Por quê? SITE
2. quando isolado, em uma frase interrogativa = Por
quê? Disponível em: <http://www.pciconcursos.com.br/
aulas/portugues/ortografia>
LÍNGUA PORTUGUESA

PORQUE (uma só palavra, sem acento gráfico)


Hífen
Usos:
1. como conjunção coordenativa explicativa (equivale O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado
a “pois”, “porquanto”), precedida de pausa na es- para ligar os elementos de palavras compostas (como
crita (pode ser vírgula, ponto-e-vírgula e até ponto ex-presidente, por exemplo) e para unir pronomes áto-
final) = Compre agora, porque há poucas peças. nos a verbos (ofereceram-me; vê-lo-ei). Serve igualmente

12
para fazer a translineação de palavras, isto é, no fim de
uma linha, separar uma palavra em duas partes (ca-/sa; #FicaDica
compa-/nheiro).
Ao separar palavras na translineação
A) Uso do hífen que continua depois da Reforma (mudança de linha), caso a última palavra a
Ortográfica: ser escrita seja formada por hífen, repita-o
na próxima linha. Exemplo: escreverei anti-
1. Em palavras compostas por justaposição que for- inflamatório e, ao final, coube apenas “anti-”.
mam uma unidade semântica, ou seja, nos termos Na próxima linha escreverei: “-inflamatório”
que se unem para formam um novo significado: (hífen em ambas as linhas). Devido à
tio-avô, porto-alegrense, luso-brasileiro, tenente- diagramação, pode ser que a repetição do
-coronel, segunda-feira, conta-gotas, guarda-chu- hífen na translineação não ocorra em meus
va, arco-íris, primeiro-ministro, azul-escuro. conteúdos, mas saiba que a regra é esta!
2. Em palavras compostas por espécies botânicas e
zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer,
abóbora-menina, erva-doce, feijão-verde. B) Não se emprega o hífen:
3. Nos compostos com elementos além, aquém, re- 1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo
cém e sem: além-mar, recém-nascido, sem-núme- termina em vogal e o segundo termo inicia-se em
ro, recém-casado. “r” ou “s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas
4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas al- consoantes: antirreligioso, contrarregra, infrassom,
gumas exceções continuam por já estarem con- microssistema, minissaia, microrradiografia, etc.
sagradas pelo uso: cor-de-rosa, arco-da-velha, 2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudopre-
mais-que-perfeito, pé-de-meia, água-de-colônia, fixo termina em vogal e o segundo termo inicia-se
queima-roupa, deus-dará. com vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coedu-
5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte cação, autoestrada, autoaprendizagem, hidroelétri-
Rio-Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas
co, plurianual, autoescola, infraestrutura, etc.
combinações históricas ou ocasionais: Áustria-
3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos
-Hungria, Angola-Brasil, etc.
6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su- “dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h”
per- quando associados com outro termo que é inicial: desumano, inábil, desabilitar, etc.
iniciado por “r”: hiper-resistente, inter-racial, su- 4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando
per-racional, etc. o segundo elemento começar com “o”: coopera-
7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-dire- ção, coobrigação, coordenar, coocupante, coautor,
tor, ex-presidente, vice-governador, vice-prefeito. coedição, coexistir, etc.
8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-: 5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram no-
pré-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-gradua- ção de composição: pontapé, girassol, paraquedas,
ção, etc. paraquedista, etc.
9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se, 6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: ben-
abraça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc. feito, benquerer, benquerido, etc.
10. Nas formações em que o prefixo tem como segun-
do termo uma palavra iniciada por “h”: sub-hepáti- Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas correspon-
co, geo-história, neo-helênico, extra-humano, semi- dentes átonas, aglutinam-se com o elemento seguinte,
-hospitalar, super-homem. não havendo hífen: pospor, predeterminar, predetermina-
11. Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo
do, pressuposto, propor.
termina com a mesma vogal do segundo elemen-
Escreveremos com hífen: anti-horário, anti-infeccio-
to: micro-ondas, eletro-ótica, semi-interno, auto-
-observação, etc. so, auto-observação, contra-ataque, semi-interno, sobre-
-humano, super-realista, alto-mar.
O hífen é suprimido quando para formar outros ter- Escreveremos sem hífen: pôr do sol, antirreforma,
mos: reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar. antisséptico, antissocial, contrarreforma, minirrestaurante,
ultrassom, antiaderente, anteprojeto, anticaspa, antivírus,
autoajuda, autoelogio, autoestima, radiotáxi.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
LÍNGUA PORTUGUESA

SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa


Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

SITE

Disponível em: <http://www.pciconcursos.com.br/au-


las/portugues/ortografia >

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3. (TRANSPETRO – TÉCNICO AMBIENTAL JÚNIOR –
CESGRANRIO-2018) Obedecem às regras ortográficas
EXERCÍCIOS COMENTADOS da língua portuguesa as palavras

1. (EBSERH – TÉCNICO EM FARMÁCIA- AOCP-2015) a) admissão, paralisação, impasse


Assinale a alternativa em que as palavras estão grafadas b) bambusal, autorização, inspiração
corretamente. c) consessão, extresse, enxaqueca
d) banalisação, reexame, desenlace
a) Extrovertido – extroverção.
e) desorganisação, abstração, cassação
b) Disponível – disponibilisar.
c) Determinado – determinassão.
Resposta: Letra A
d) Existir – existência.
e) Característica – caracterizasão.
Em “a”: admissão / paralisação / impasse = corretas
Resposta: Letra D Em “b”: bambusal = bambuzal / autorização /
inspiração
Em “a”: Extrovertido / extroverção = extroversão Em “c”: consessão = concessão / extresse = estresse /
Em “b”: Disponível / disponibilisar = disponibilizar enxaqueca
Em “c”: Determinado / determinassão = determinação Em “d”: banalisação = banalização / reexame /
Em “d”: Existir / existência = corretas desenlace
Em “e”: Característica / caracterizasão = caracterização Em “e”: desorganisação = desorganização / abstração
/ cassação
2. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
I – CESGRANRIO-2018) O termo destacado está grafado 4. (MPU – ANALISTA – ÁREA ADMINISTRATIVA – ESA-
de acordo com as exigências da norma-padrão da língua F-2004-ADAPTADA) Na questão abaixo, baseada em
portuguesa em: Manuel Bandeira, escolha o segmento do texto que não
está isento de erros gramaticais e de ortografia, conside-
a) O estagiário foi mal treinado, por isso não desempe- rando-se a ortodoxia gramatical.
nhava satisfatoriamente as tarefas solicitadas pelos
seus superiores. a) Descoberta a conspiração, enquanto os outros não
b) O time não jogou mau no último campeonato, ape- procuravam outra coisa se não salvar-se, ele revelou
sar de enfrentar alguns problemas com jogadores a mais heróica força de ânimo, chamando a si toda a
descontrolados. culpa.
c) O menino não era mal aluno, somente tinha dificul-
b) Antes de alistar-se na tropa paga, vivera da profissão
dade em assimilar conceitos mais complexos sobre os
que lhe valera o apelido.
temas expostos.
c) Não obstante, foi ele talvez o único a demonstrar fé,
d) Os funcionários perceberam que o chefe estava de
mal humor porque tinha sofrido um acidente de carro entusiasmo e coragem na aventura de 89.
na véspera. d) A verdade é que Gonzaga, Cláudio Manuel da Cos-
e) Os participantes compreendiam mau o que estava ta, Alvarenga eram homens requintados, letrados, a
sendo discutido, por isso não conseguiam formular quem a vida corria fácil, ao passo que o alferes sempre
perguntas. lutara pela subsistência.
e) Com coragem, serenidade e lucidez, até o fim, enfren-
Resposta: Letra A tou a pena última.

Mal = advérbio (antônimo de “bem”) / mau = adjetivo Resposta: Letra A


(antônimo de “bom”). Para saber quando utilizar um
ou outro, a dica é substituir por seu antônimo. Se a Em “a”: Descoberta a conspiração, enquanto os outros
frase ficar coerente, saberemos qual dos dois deve ser não procuravam outra coisa se não salvar-se (senão se
utilizado. Por exemplo: Cigarro faz mal/mau à saúde salvar) , ele revelou a mais heróica (heroica) força de
= Cigarro faz bem à saúde. A frase ficou coerente – ânimo, chamando a si toda a culpa.
embora errada em termos de saúde! Então, a maneira Em “b”: Antes de alistar-se na tropa paga, vivera da
correta é “Cigarro faz mal à saúde”. profissão que lhe valera o apelido = correta
Vamos aos itens: Em “c”: Não obstante, foi ele talvez o único a demons-
Em “a”: O estagiário foi mal (bem) treinado = correta
LÍNGUA PORTUGUESA

trar fé, entusiasmo e coragem na aventura de 89 =


Em “b”: O time não jogou mau (bem)no último cam- correta
peonato = mal Em “d”: A verdade é que Gonzaga, Cláudio Manuel da
Em “c”: O menino não era mal (bom) aluno = mau Costa, Alvarenga eram homens requintados, letrados,
Em “d”: Os funcionários perceberam que o chefe esta-
a quem a vida corria fácil, ao passo que o alferes sem-
va de mal (bom) humor = mau
pre lutara pela subsistência = correta
Em “e”: Os participantes compreendiam mau (bem) o
Em “e”: Com coragem, serenidade e lucidez, até o fim,
que estava sendo discutido = mal
enfrentou a pena última = correta

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5. (TJ-MG – OFICIAL JUDICIÁRIO – COMISSÁRIO DA
INFÂNCIA E DA JUVENTUDE – CONSULPLAN-2017) EMPREGO DA ACENTUAÇÃO GRÁFICA
Estabeleça a associação correta entre a 1.ª coluna e a 2.ª
considerando o emprego do por que / porque.
(1) “Muitas pessoas se perguntam por que há tão poucas ACENTUAÇÃO
mulheres [...].”
(2) “Misoginia é o ódio contra as mulheres apenas porque Quanto à acentuação, observamos que algumas pa-
são mulheres.” lavras têm acento gráfico e outras não; na pronúncia, ora
( ) Faltei _____________ você estava doente. se dá maior intensidade sonora a uma sílaba, ora a outra.
( ) Todos sabem _____________ não poderei estar Por isso, vamos às regras!
presente.
( ) Não se sabe ____________realizou tal procedimento. Regras básicas
( ) Este ponto de vista é _________não há manifestação
de outro pensamento. A acentuação tônica está relacionada à intensida-
de com que são pronunciadas as sílabas das palavras.
A sequência está correta em: Aquela que se dá de forma mais acentuada, conceitua-se
como sílaba tônica. As demais, como são pronunciadas
a) 1, 1, 1, 2 com menos intensidade, são denominadas de átonas.
b) 1, 2, 1, 2
De acordo com a tonicidade, as palavras são classifi-
c) 2, 1, 1, 2
cadas como:
d) 2, 2, 2, 1
Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai so-
bre a última sílaba: café – coração – Belém – atum – caju
Resposta: Letra C
– papel
Faltei porque você estava doente. = conjunção causal Paroxítonas – a sílaba tônica recai na penúltima síla-
Todos sabem por que não poderei estar presente. = dá ba: útil – tórax – táxi – leque – sapato – passível
para substituir por “a causa pela qual” Proparoxítonas - a sílaba tônica está na antepenúlti-
Não se sabe por que realizou tal procedimento. = ma sílaba: lâmpada – câmara – tímpano – médico – ônibus
substituir por “a causa”
Este ponto de vista é porque não há manifestação de Há vocábulos que possuem uma sílaba somente: são
outro pensamento. = conjunção causal os chamados monossílabos. Estes são acentuados quan-
Teremos: 2, 1, 1, 2 do tônicos e terminados em “a”, “e” ou “o”: vá – fé – pó
- ré.
6. (TJ-SC – TÉCNICO JUDICIÁRIO AUXILIAR – FGV-
2018) “Um dia, o cercaram e lhe perguntaram porque ele Os acentos
só usava meias vermelhas”. Nesse segmento do texto 1
há um erro gramatical, que é: A) acento agudo (´) – Colocado sobre as letras “a” e
“i”, “u” e “e” do grupo “em” - indica que estas letras
a) empregar-se “o cercaram” em lugar de “lhe cercaram”; representam as vogais tônicas de palavras como
b) haver vírgula após a expressão “Um dia”; pá, caí, público. Sobre as letras “e” e “o” indica,
c) usar-se “lhe perguntaram” em lugar de “o além da tonicidade, timbre aberto: herói – céu (di-
perguntaram”; tongos abertos).
d) grafar-se “porque” em vez de “por que”; B) acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras
e) escrever-se “só usava” em lugar de “usava só”. “a”, “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre fe-
chado: tâmara – Atlântico – pêsames – supôs .
Resposta: Letra D C) acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a”
com artigos e pronomes: à – às – àquelas – àqueles
“Um dia, o cercaram e lhe perguntaram porque ele só D) trema ( ¨ ) – De acordo com a nova regra, foi to-
usava meias vermelhas” talmente abolido das palavras. Há uma exceção: é
Em “a”: empregar-se “o cercaram” em lugar de “lhe utilizado em palavras derivadas de nomes próprios
cercaram”; = está correto, pois o “o” funciona como estrangeiros: mülleriano (de Müller)
objeto direto (sem preposição) E) til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam
Em “b”: haver vírgula após a expressão “Um dia”; = está vogais nasais: oração – melão – órgão – ímã
correto, pois separa o advérbio no início do período
Em “c”: usar-se “lhe perguntaram” em lugar de “o per- Regras fundamentais
guntaram”; = está correto (o “lhe” é objeto indireto
LÍNGUA PORTUGUESA

– perguntaram o que a quem) A) Palavras oxítonas:acentuam-se todas as oxítonas


Em “d”: grafar-se “porque” em vez de “por que”;
terminadas em: “a”, “e”, “o”, “em”, seguidas ou não
Em “e”: escrever-se “só usava” em lugar de “usava só”.
do plural(s): Pará – café(s) – cipó(s) – Belém.
= correto, pois se invertermos haverá mudança de
sentido (ele usava só meias, nenhuma outra peça de
Esta regra também é aplicada aos seguintes casos:
roupa).
Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”,
A incorreção está no uso de “porque” no lugar de “por
seguidos ou não de “s”: pá – pé – dó – há
que”, já que se trata de uma pergunta indireta.

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Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos, Se analisarmos o “pôr” - pela regra das monossílabas:
seguidas de lo, la, los, las: respeitá-lo, recebê-lo, compô-lo terminada em “o” seguida de “r” não deve ser acentua-
da, mas nesse caso, devido ao acento diferencial, acen-
B) Paroxítonas: acentuam-se as palavras paroxítonas tua-se, para que saibamos se se trata de um verbo ou
terminadas em: preposição.
i, is: táxi – lápis – júri Os demais casos de acento diferencial não são mais
us, um, uns: vírus – álbuns – fórum utilizados: para (verbo), para (preposição), pelo (substanti-
l, n, r, x, ps: automóvel – elétron - cadáver – tórax vo), pelo (preposição). Seus significados e classes grama-
– fórceps ticais são definidos pelo contexto.
ã, ãs, ão, ãos: ímã – ímãs – órfão – órgãos Polícia para o trânsito para que se realize a operação
ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou planejada. = o primeiro “para” é verbo; o segundo, con-
não de “s”: água – pônei – mágoa – memória junção (com relação de finalidade).

#FicaDica #FicaDica
Memorize a palavra LINURXÃO. Repare que Quando, na frase, der para substituir o “por”
esta palavra apresenta as terminações das por “colocar”, estaremos trabalhando com
paroxítonas que são acentuadas: L, I N, U um verbo, portanto: “pôr”; nos demais casos,
(aqui inclua UM = fórum), R, X, Ã, ÃO. “por” é preposição: Faço isso por você. /
Assim ficará mais fácil a memorização! Posso pôr (colocar) meus livros aqui?

C) Proparoxítona: a palavra é proparoxítona quando Regra do Hiato


a sua antepenúltima sílaba é tônica (mais forte).
Quanto à regra de acentuação: todas as proparoxí- Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, segun-
tonas são acentuadas, independentemente de sua da vogal do hiato, acompanhado ou não de “s”, haverá
terminação: árvore, paralelepípedo, cárcere. acento: saída – faísca – baú – país – Luís
Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato
Regras especiais quando seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z:
Ra-ul, Lu-iz, sa-ir, ju-iz
Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se es-
abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento tiverem seguidas do dígrafo nh: ra-i-nha, ven-to-i-nha.
de acordo com a nova regra, mas desde que estejam em Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vie-
palavras paroxítonas. rem precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba
Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, for-
mando hiato quando vierem depois de ditongo (nas
FIQUE ATENTO! paroxítonas):
Se os ditongos abertos estiverem em uma
palavra oxítona (herói) ou monossílaba
Antes Agora
(céu) ainda são acentuados: dói, escarcéu.
bocaiúva bocaiuva
feiúra feiura
Antes Agora Sauípe Sauipe
assembléia assembleia
O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi
idéia ideia abolido:
geléia geleia
jibóia jiboia Antes Agora
apóia (verbo apoiar) apoia crêem creem
paranóico paranoico lêem leem
vôo voo
Acento Diferencial
enjôo enjoo
LÍNGUA PORTUGUESA

Representam os acentos gráficos que, pelas regras


de acentuação, não se justificariam, mas são utilizados
para diferenciar classes gramaticais entre determinadas
palavras e/ou tempos verbais. Por exemplo: Pôr (verbo) X
por (preposição) / pôde (pretérito perfeito do Indicativo do
verbo “poder”) X pode (presente do Indicativo do mesmo
verbo).

16
Resposta: Letra B
#FicaDica
“Bíblia” = esta é acentuada por ser uma paroxítona
Memorize a palavra CREDELEVÊ. São os terminada em ditongo.
verbos que, no plural, dobram o “e”, mas Em “a”, íris = paroxítona terminada em i(s)
que não recebem mais acento como antes: Em “b”, estórias = paroxítona terminada em ditongo
CRER, DAR, LER e VER. Em “c”, queríamos = proparoxítona
Repare: Em “d”, aí = regra do hiato
O menino crê em você. / Os meninos creem Em “e”, páginas = proparoxítona
em você.
Elza lê bem! / Todas leem bem! 2. (BANPARÁ – TÉCNICO BANCÁRIO – FADESP-2018)
Espero que ele dê o recado à sala. / Esperamos A sequência de palavras cujos acentos são empregados
que os garotos deem o recado! pelo mesmo motivo é
Rubens vê tudo! / Eles veem tudo!
Cuidado! Há o verbo vir: Ele vem à tarde! / a) público, função, dói.
Eles vêm à tarde! b) burocráticos, próximo, século.
c) será, aí, é, está.
d) glória, exercício, publicação.
As formas verbais que possuíam o acento tônico na e) hábito, bancário, poética.
raiz, com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de
“e” ou “i” não serão mais acentuadas: Resposta: Letra B

Antes Agora Em “a”, público = proparoxítona / função = o til tem


função de nasalizar (indicar som fechado) / dói = mo-
apazigúe (apaziguar) apazigue nossílabo formado por ditongo aberto
averigúe (averiguar) averigue Em “b”, burocráticos = proparoxítona / próximo = pro-
argúi (arguir) argui paroxítona / século = proparoxítona
Em “c”, será = oxítona terminada em ‘a” / aí = regra do
hiato / é = (verbo) monossílabo tônico terminado em
Acentuam-se os verbos pertencentes a terceira pes-
“e” / está = (verbo) oxítona terminada em “a”
soa do plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm
Em “d”, glória = paroxítona terminada em ditongo /
(verbo vir). A regra prevalece também para os verbos exercício = paroxítona terminada em ditongo / publi-
conter, obter, reter, deter, abster: ele contém – eles contêm, cação = o til indica nasalização (som fechado)
ele obtém – eles obtêm, ele retém – eles retêm, ele convém Em “e”, hábito = (substantivo) proparoxítona / ban-
– eles convêm. cário = paroxítona terminada em ditongo / poética =
proparoxítona
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
3. (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – NÍVEL SUPERIOR
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa – CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE-2014) O em-
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. prego do acento gráfico nas palavras “metálica”, “acú-
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- mulo” e “imóveis” justifica-se com base na mesma regra
char - Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform. de acentuação.
– São Paulo: Saraiva, 2010.
( ) CERTO   ( ) ERRADO
SITE
Resposta: Errado
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/grama-
tica/acentuacao.htm> O emprego do acento gráfico nas palavras “metálica”,
“acúmulo” e “imóveis” justifica-se com base na mesma
regra de acentuação.
metálica = proparoxítona / acúmulo = proparoxítona /
EXERCÍCIOS COMENTADOS imóveis = paroxítona terminada em ditongo

1. (BANPARÁ – TÉCNICO BANCÁRIO – EXATUS-2015) 4. (LIQUIGÁS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – CES-


LÍNGUA PORTUGUESA

Assinale a alternativa em que a palavra é acentuada pela GRANRIO-2018) A palavra que precisa ser acentuada
mesma razão que “Bíblia”: graficamente para estar correta quanto às normas em
vigor está destacada na seguinte frase:
a) íris.
b) estórias. a) Todo escritor de novela tem o desejo de criar um per-
c) queríamos. sonagem inesquecível.
d) aí. b) Os telespectadores veem as novelas como um espelho
da realidade.
e) páginas.

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c) Alguns novelistas gostam de superpor temas sociais 7. (TRE-AP - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2011) Entre
com temas políticos. as frases que seguem, a única correta é:

d) Para decorar o texto antes de gravar, cada ator rele a) Ele se esqueceu de que?
sua fala várias vezes. b) Era tão ruím aquele texto, que não deu para distribui-
e) Alguns atores de novela constroem seus personagens -lo entre os presentes.
fazendo pesquisa. c) Embora devessemos, não fomos excessivos nas
críticas.
Resposta: Letra D d) O juíz nunca negou-se a atender às reivindicações dos
funcionários.
Em “a”: Todo escritor de novela tem = singular (não e) Não sei por que ele mereceria minha consideração.
acentuado)
Em “b”: Os telespectadores veem = correta - plural do- Resposta: Letra E
bra o “e” (perdeu o acento com o Acordo)
Em “c”: Alguns novelistas gostam de superpor = Em “a”: Ele se esqueceu de que? = quê?
correta Em “b”: Era tão ruím (ruim) aquele texto, que não deu
Em “d”: Para decorar o texto antes de gravar, cada ator para distribui-lo (distribuí-lo) entre os presentes.
rele = relê (oxítona) Em “c”: Embora devêssemos (devêssemos), não fomos
Em “e”: Alguns atores de novela constroem = correta excessivos nas críticas.
Em “d”: O juíz (juiz) nunca (se) negou a atender às rei-
5. (TJ-SP - ANALISTA EM COMUNICAÇÃO E PROCES- vindicações dos funcionários.
SAMENTO DE DADOS JUDICIÁRIO – VUNESP/2012) Em “e”: Não sei por que ele mereceria minha
Seguem a mesma regra de acentuação gráfica relativa às consideração.
palavras paroxítonas:

a) probatório; condenatório; crédito. COESÃO TEXTUAL: REFERENCIAÇÃO E


b) máquina; denúncia; ilícita. SEQUENCIAÇÃO TEXTUAL.EMPREGO/
c) denúncia; funcionário; improcedência. CORRELAÇÃO DE TEMPOS E MODOS
d) máquina; improcedência; probatório. VERBAIS
e) condenatório; funcionário; frágil.

Resposta: Letra C COESÃO E COERÊNCIA

Vamos a elas: Na construção de um texto, assim como na fala, usa-


Em “a”: probatório = paroxítona terminada em ditongo mos mecanismos para garantir ao interlocutor a com-
/ condenatório = paroxítona terminada em ditongo / preensão do que é dito, ou lido. Estes mecanismos lin-
crédito = proparoxítona. guísticos que estabelecem a coesão e retomada do que
Em “b”: máquina = proparoxítona / denúncia = paro- foi escrito - ou falado - são os referentes textuais, que
xítona terminada em ditongo / ilícita = proparoxítona. buscam garantir a coesão textual para que haja coerên-
Em “c”: Denúncia = paroxítona terminada em diton- cia, não só entre os elementos que compõem a oração,
go / funcionário = paroxítona terminada em ditongo como também entre a sequência de orações dentro do
/ improcedência = paroxítona terminada em ditongo texto. Essa coesão também pode muitas vezes se dar de
Em “d”: máquina = proparoxítona / improcedência = modo implícito, baseado em conhecimentos anteriores
paroxítona terminada em ditongo / probatório = pa- que os participantes do processo têm com o tema.
roxítona terminada em ditongo Numa linguagem figurada, a coesão é uma linha ima-
Em “e”: condenatório = paroxítona terminada em di- ginária - composta de termos e expressões - que une
tongo / funcionário = = paroxítona terminada em di- os diversos elementos do texto e busca estabelecer rela-
tongo / Frágil = paroxítona terminada em “l” ções de sentido entre eles. Dessa forma, com o emprego
de diferentes procedimentos, sejam lexicais (repetição,
6. (TJ-AC – TÉCNICO EM MICROINFORMÁTICA - CES- substituição, associação), sejam gramaticais (emprego de
PE/2012) As palavras “conteúdo”, “calúnia” e “injúria” pronomes, conjunções, numerais, elipses), constroem-se
são acentuadas de acordo com a mesma regra de acen- frases, orações, períodos, que irão apresentar o contexto
tuação gráfica. – decorre daí a coerência textual.
LÍNGUA PORTUGUESA

Um texto incoerente é o que carece de sentido ou


( ) CERTO   ( ) ERRADO o apresenta de forma contraditória. Muitas vezes essa
incoerência é resultado do mau uso dos elementos de
Resposta: Errado coesão textual. Na organização de períodos e de pará-
grafos, um erro no emprego dos mecanismos gramati-
“Conteúdo” = regra do hiato / calúnia = paroxítona cais e lexicais prejudica o entendimento do texto. Cons-
terminada em ditongo / injúria = paroxítona termina- truído com os elementos corretos, confere-se a ele uma
da em ditongo. unidade formal.

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Nas palavras do mestre Evanildo Bechara, “o enun- de progressão textual, dada sua característica: são ele-
ciado não se constrói com um amontoado de palavras e mentos que não significam, apenas indicam, remetem
orações. Elas se organizam segundo princípios gerais de aos componentes da situação comunicativa.
dependência e independência sintática e semântica, reco- Já os componentes concentram em si a significação.
bertos por unidades melódicas e rítmicas que sedimentam Elisa Guimarães ensina-nos a esse respeito:
estes princípios”. “Os pronomes pessoais e as desinências verbais in-
Não se deve escrever frases ou textos desconexos – dicam os participantes do ato do discurso. Os pronomes
é imprescindível que haja uma unidade, ou seja, que as demonstrativos, certas locuções prepositivas e adverbiais,
frases estejam coesas e coerentes formando o texto. Re- bem como os advérbios de tempo, referenciam o momento
lembre-se de que, por coesão, entende-se ligação, rela- da enunciação, podendo indicar simultaneidade, anterio-
ção, nexo entre os elementos que compõem a estrutura ridade ou posterioridade. Assim: este, agora, hoje, neste
textual. momento (presente); ultimamente, recentemente, ontem,
há alguns dias, antes de (pretérito); de agora em diante,
Formas de se garantir a coesão entre os elementos no próximo ano, depois de (futuro).”
de uma frase ou de um texto:
A coerência de um texto está ligada:
• Substituição de palavras com o emprego de sinô-
nimos - palavras ou expressões do mesmo campo 1. à sua organização como um todo, em que devem
associativo. estar assegurados o início, o meio e o fim;
• Nominalização – emprego alternativo entre um 2. à adequação da linguagem ao tipo de texto. Um
verbo, o substantivo ou o adjetivo correspondente texto técnico, por exemplo, tem a sua coerência
(desgastar / desgaste / desgastante). fundamentada em comprovações, apresentação
• Emprego adequado de tempos e modos verbais: de estatísticas, relato de experiências; um texto
Embora não gostassem de estudar, participaram informativo apresenta coerência se trabalhar com
da aula. linguagem objetiva, denotativa; textos poéticos,
• Emprego adequado de pronomes, conjunções, por outro lado, trabalham com a linguagem figura-
preposições, artigos: da, livre associação de ideias, palavras conotativas.

O papa Francisco visitou o Brasil. Na capital brasileira, REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA


Sua Santidade participou de uma reunião com a Presiden-
te Dilma. Ao passar pelas ruas, o papa cumprimentava as CAMPEDELLI, Samira Yousseff, SOUZA, Jésus Barbosa.
pessoas. Estas tiveram a certeza de que ele guarda respeito Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática –
por elas. volume único – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.

• Uso de hipônimos – relação que se estabelece com SITE


base na maior especificidade do significado de um
deles. Por exemplo, mesa (mais específico) e móvel Disponível em: <http://www.mundovestibular.com.
(mais genérico). br/articles/2586/1/COESAO-E-COERENCIA-TEXTUAL/
• Emprego de hiperônimos - relações de um termo Paacutegina1.html>
de sentido mais amplo com outros de sentido mais
específico. Por exemplo, felino está numa relação
de hiperonímia com gato. EXERCÍCIO COMENTADO
• Substitutos universais, como os verbos vicários.
1. (BANESTES – ANALISTA ECONÔMICO FINANCEIRO
Verbo vicário é aquele que substitui outro já utilizado GESTÃO CONTÁBIL – FGV-2018)
no período, evitando repetições. Geralmente é o verbo
fazer e ser. Exemplo: Não gosto de estudar. Faço porque Texto 2
preciso. O “faço” foi empregado no lugar de “estudo”,
evitando repetição desnecessária. “A prefeitura da capital italiana anunciou que vai banir a
A coesão apoiada na gramática se dá no uso de co- circulação de carros a diesel no centro a partir de 2024. O
nectivos, como pronomes, advérbios e expressões ad- objetivo é reduzir a poluição, que contribui para a erosão
verbiais, conjunções, elipses, entre outros. A elipse jus- dos monumentos”. (Veja, 7/3/2018)
tifica-se quando, ao remeter a um enunciado anterior,
LÍNGUA PORTUGUESA

a palavra elidida é facilmente identificável (Exemplo.: O A ordem cronológica dos fatos citados no texto 2 é:
jovem recolheu-se cedo. Sabia que ia necessitar de todas
as suas forças. O termo o jovem deixa de ser repetido e, a) redução da poluição / banimento da circulação de car-
assim, estabelece a relação entre as duas orações). ros / erosão dos monumentos;
b) banimento da circulação de carros / erosão dos mo-
Dêiticos são elementos linguísticos que têm a pro- numentos / redução da poluição;
priedade de fazer referência ao contexto situacional ou c) erosão dos monumentos / redução da poluição / ba-
ao próprio discurso. Exercem, por excelência, essa função nimento da circulação de carros;

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d) redução da poluição / erosão dos monumentos / ba- as inovações, estavam produtos relacionados a experiên-
nimento da circulação de carros; cias de realidade virtual e à utilização de inteligência ar-
e) erosão dos monumentos / banimento da circulação tificial — que hoje é um dos temas que mais desperta
de carros / redução da poluição. interesse em profissionais da área, tendo em vista a am-
pliação do uso desse tipo de tecnologia nos mais diver-
Resposta: Letra E sos segmentos.
Mais do que prestar atenção às novidades lançadas no
“A prefeitura da capital italiana anunciou que vai banir evento, vale refletir sobre o motivo que nos leva a uma
a circulação de carros a diesel no centro a partir de ansiedade tão grande para consumir produtos que pro-
2024. O objetivo é reduzir a poluição, que contribui metem inovação tecnológica. Por que tanta gente se dis-
para a erosão dos monumentos”. põe a dormir em filas gigantescas só para ser um dos
Primeiro ocorreu a erosão dos monumentos (=1) de- primeiros a comprar um novo modelo de smartphone?
vido à poluição; optou-se pelo banimento da circula- Por que nos dispomos a pagar cifras astronômicas para
ção dos carros (=2) para que a poluição diminua (=3), comprar aparelhos que não temos sequer certeza de que
o que preservará os monumentos. serão realmente úteis em nossas rotinas?
A teoria de um neurocientista da Universidade de Oxford
2. (BANCO DA AMAZÔNIA – TÉCNICO BANCÁRIO – (Inglaterra) ajuda a explicar essa “corrida desenfreada”
CESGRANRIO-2018) A ideia a que o pronome destaca- por novos gadgets. De modo geral, em nosso processo
do se refere está adequadamente explicitada entre col- evolutivo como seres humanos, nosso cérebro aprendeu
chetes em: a suprir necessidades básicas para a sobrevivência e a
perpetuação da espécie, tais como sexo, segurança e sta-
a) “Ela é produzida de forma descentralizada por mi- tus social.
lhares de computadores, mantidos por pessoas que Nesse sentido, a compra de uma novidade tecnológica
atende a essa última necessidade citada: nós nos senti-
‘emprestam’ a capacidade de suas máquinas para criar
mos melhores e superiores, ainda que momentaneamen-
bitcoins” [computadores]
te, quando surgimos em nossos círculos sociais com um
b) “No processo de nascimento de uma bitcoin, que é
produto que quase ninguém ainda possui.
chamado de ´mineração´, os computadores conecta-
Foi realizado um estudo de mapeamento cerebral que
dos à rede competem entre si” [bitcoin]
mostrou que imagens de produtos tecnológicos ativa-
c) “O nível de dificuldade dos desafios é ajustado pela
vam partes do nosso cérebro idênticas às que são ativa-
rede, para que a moeda cresça dentro de uma faixa
das quando uma pessoa muito religiosa se depara com
limitada, que é de até 21 milhões de unidades” [rede]
um objeto sagrado. Ou seja, não seria exagero dizer que
d) “Elas são guardadas em uma espécie de carteira, que o vício em novidades tecnológicas é quase uma religião
é criada quando o usuário se cadastra no software.” para os mais entusiastas.
[espécie ] O ato de seguir esse impulso cerebral e comprar o mais
e) “Críticos afirmam que a moeda vive uma bolha que em novo lançamento tecnológico dispara em nosso cére-
algum momento deve estourar.” [bolha] bro a liberação de um hormônio chamado dopamina,
responsável por nos causar sensações de prazer. Ele é
Resposta: Letra E liberado quando nosso cérebro identifica algo que repre-
sente uma recompensa.
Em “a”: “Ela é produzida de forma descentralizada por O grande problema é que a busca excessiva por recom-
milhares de computadores, mantidos por pessoas que pensas pode resultar em comportamentos impulsivos,
(= as quais – retoma o termo “pessoas”) que incluem vícios em jogos, apego excessivo a redes
Em “b”: “No processo de nascimento de uma bitcoin, sociais e até mesmo alcoolismo. No caso do consumo,
que é chamado de ‘mineração’ (= o qual - retoma o podemos observar a situação problematizada aqui: gasto
termo “processo de nascimento”) excessivo de dinheiro em aparelhos eletrônicos que nem
Em “c”: “O nível de dificuldade dos desafios é ajustado sempre trazem novidade –– as atualizações de modelos
pela rede, para que a moeda cresça dentro de uma de smartphones, por exemplo, na maior parte das vezes
faixa limitada, que é de até 21 milhões de unidades” = apresentam poucas mudanças em relação ao modelo
retoma o termo “faixa limitada” anterior, considerando-se seu preço elevado. Em outros
Em “d”: “Elas são guardadas em uma espécie de cartei- casos, gasta-se uma quantia absurda em algum aparelho
ra, que é criada (= a qual – retoma “carteira”) novo que não se sabe se terá tanta utilidade prática ou
Em “e”: “Críticos afirmam que a moeda vive uma bolha inovadora no cotidiano.
que (= a qual) em algum momento deve estourar.” No fim das contas, vale um lembrete que pode ajudar a
[bolha] = correta conter os impulsos na hora de comprar um novo smart-
phone ou alguma novidade de mercado: compare o efei-
LÍNGUA PORTUGUESA

3. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR to momentâneo da dopamina com o impacto de imagi-


– CESGRANRIO-2018-ADAPTADA) nar como ficarão as faturas do seu cartão de crédito com
a nova compra.
O vício da tecnologia O choque ao constatar o rombo em seu orçamento pode
ser suficiente para que você decida pensar duas vezes a
Entusiastas de tecnologia passaram a semana com os respeito da aquisição.
olhos voltados para uma exposição de novidades eletrô- DANA, S. O Globo. Economia. Rio de Janeiro, 16 jan.
nicas realizada recentemente nos Estados Unidos. Entre 2018. Adaptado.

20
A ideia a que a expressão destacada se refere está expli- 4. (PETROBRAS – ENGENHEIRO(A) DE MEIO AMBIEN-
citada adequadamente entre colchetes em: TE JÚNIOR – CESGRANRIO-2018)

a) “relacionados a experiências de realidade virtual e à Texto I


utilização de inteligência artificial — que hoje é um
dos temas que mais desperta interesse em profissio- Portugueses no Rio de Janeiro
nais da área” [experiências de realidade virtual]
b) “tendo em vista a ampliação do uso desse tipo de tec- O Rio de Janeiro é o grande centro da imigração portu-
nologia nos mais diversos segmentos” [inteligência guesa até meados dos anos cinquenta do século passa-
artificial] do, quando chega a ser a “terceira cidade portuguesa do
c) “a compra de uma novidade tecnológica atende a essa mundo”, possuindo 196 mil portugueses — um décimo
última necessidade citada” [segurança] de sua população urbana. Ali, os portugueses dedicam-
d) “O ato de seguir esse impulso cerebral e comprar o -se ao comércio, sobretudo na área dos comestíveis,
mais novo lançamento tecnológico dispara em nosso como os cafés, as panificações, as leitarias, os talhos,
cérebro a liberação de um hormônio chamado dopa- além de outros ramos, como os das papelarias e lojas
mina” [mapeamento cerebral] de vestuários. Fora do comércio, podem exercer as mais
e) “Ele é liberado quando nosso cérebro identifica algo variadas profissões, como atividades domésticas ou as de
que represente uma recompensa.” [impulso cerebral] barbeiros e alfaiates. Há, de igual forma, entre os mais
afortunados, aqueles ligados à indústria, voltados para
Resposta: Letra B
construção civil, o mobiliário, a ourivesaria e o fabrico de
bebidas.
Ao texto:
A sua distribuição pela cidade, apesar da não formação
Em “a”: “relacionados a experiências de realidade vir-
de guetos, denota uma tendência para a sua concentra-
tual e à utilização de inteligência artificial — que hoje
ção em determinados bairros, escolhidos, muitas das ve-
é um dos temas que mais desperta interesse em pro-
fissionais da área” [experiências de realidade virtual] zes, pela proximidade da zona de trabalho. No Centro da
Nesse caso, a resposta se encontra na alternativa: in- cidade, próximo ao grande comércio, temos um grupo
teligência artificial significativo de patrícios e algumas associações de por-
Em “b”: “tendo em vista a ampliação do uso desse tipo te, como o Real Gabinete Português de Leitura e o Liceu
de tecnologia nos mais diversos segmentos” [inteli- Literário Português. Nos bairros da Cidade Nova, Estácio
gência artificial] de Sá, Catumbi e Tijuca, outro ponto de concentração
Texto: Entre as inovações, estavam produtos relaciona- da colônia, se localizam outras associações portuguesas,
dos a experiências de realidade virtual e à utilização de como a Casa de Portugal e um grande número de casas
inteligência artificial — que hoje é um dos temas que regionais. Há, ainda, pequenas concentrações nos bairros
mais desperta interesse em profissionais da área, tendo periféricos da cidade, como Jacarepaguá, originalmente
em vista a ampliação do uso desse tipo de tecnologia formado por quintas de pequenos lavradores; nos subúr-
nos mais diversos segmentos.= correta bios, como Méier e Engenho Novo; e nas zonas mais pri-
Em “c”: “a compra de uma novidade tecnológica aten- vilegiadas, como Botafogo e restante da zona sul carioca,
de a essa última necessidade citada” [segurança] área nobre da cidade a partir da década de cinquenta,
Texto: (...) suprir necessidades básicas para a sobrevi- preferida pelos mais abastados.
vência e a perpetuação da espécie, tais como sexo, se- PAULO, Heloísa. Portugueses no Rio de Janeiro: sala-
gurança e status social. / Nesse sentido, a compra de zaristas e opositores em manifestação na cidade. In:
uma novidade tecnológica atende a essa última neces- ALVES, Ida et alii. 450 Anos de Portugueses no Rio de
sidade citada... = status social Janeiro. Rio de Janeiro: Ofi cina Raquel, 2017, pp. 260-1.
Em “d”: “O ato de seguir esse impulso cerebral e com- Adaptado.
prar o mais novo lançamento tecnológico dispara em
nosso cérebro a liberação de um hormônio chamado “No Centro da cidade, próximo ao grande comércio, temos
dopamina” [mapeamento cerebral] um grupo significativo de patrícios e algumas associações
(...) vício em novidades tecnológicas é quase uma re- de porte”. No trecho acima, a autora usou em itálico a
ligião para os mais entusiastas. / O ato de seguir esse palavra destacada para fazer referência aos
impulso cerebral e comprar
Em “e”: “Ele é liberado quando nosso cérebro identi- a) luso-brasileiros
fica algo que represente uma recompensa.” [impulso b) patriotas da cidade
cerebral] c) habitantes da cidade
LÍNGUA PORTUGUESA

(...) a liberação de um hormônio chamado dopamina, d) imigrantes portugueses


responsável por nos causar sensações de prazer. Ele é e) compatriotas brasileiros
liberado = dopamina
Resposta: Letra D

Ainda hoje é o utilizado o termo “patrício” para se re-


ferir aos portugueses. “Patrício” significa “da mesma
pátria”.

21
5. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – FGV-2018) To- “A crise não trouxe apenas danos sociais e econômicos.
das as frases abaixo apresentam elementos sublinhados Mostrou também danos morais”. A palavra ou expressão
que estabelecem coesão com elementos anteriores (aná- do primeiro período que leva à produção do segundo
fora); a frase em que o elemento sublinhado se refere a período é
um elemento futuro do texto (catáfora) é:
a) a crise.
a) “A civilização converteu a solidão num dos bens mais b) não trouxe.
preciosos que a alma humana pode desejar”; c) apenas.
b) “Todo o problema da vida é este: como romper a pró- d) danos sociais.
pria solidão”; e) (danos) econômicos.
c) “É sobretudo na solidão que se sente a vantagem de
viver com alguém que saiba pensar”; Resposta: Letra C
d) “O homem ama a companhia, mesmo que seja apenas
a de uma vela que queima”; 1.º período: A crise não trouxe apenas danos sociais e
e) “As pessoas que nunca têm tempo são aquelas que econômicos.
produzem menos”. 2.º período: Mostrou também danos morais.
A expressão que nos dá a ideia de que haverá mais
Resposta: Letra B informações que complementarão a primeira “tese”
apresentada é “apenas”.
Em “a”: “A civilização converteu a solidão num dos
bens mais preciosos que a alma humana pode dese- 7. (IBGE – RECENSEADOR – FGV-2017)
jar” = retoma “bens preciosos”
Em “b”: “Todo o problema da vida é este: como romper Texto 3 – “Silva, Oliveira, Faria, Ferreira... Todo mundo
a própria solidão” = o pronome se refere ao período tem um sobrenome e temos de agradecer aos romanos
que virá (= catáfora) por isso. Foi esse povo, que há mais de dois mil anos
Em “c”: “É sobretudo na solidão que se sente a vanta- ergueu um império com a conquista de boa parte das
gem de viver com alguém que saiba pensar” = retoma terras banhadas pelo Mediterrâneo, o inventor da moda.
“solidão” Eles tiveram a ideia de juntar ao nome comum, ou pre-
Em “d”: “O homem ama a companhia, mesmo que nome, um nome.
seja apenas a de uma vela que queima” = retoma Por quê? Porque o império romano crescia e eles preci-
“companhia” savam indicar o clã a que a pessoa pertencia ou o lugar
Em “e”: “As pessoas que nunca têm tempo são aque- onde tinha nascido”.
las que produzem menos” = retoma “pessoas” (Ciência Hoje, março de 2014)

6. (MPE-AL - TÉCNICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO “Todo mundo tem um sobrenome e temos de agradecer
– FGV-2018) aos romanos por isso”. (texto 3) O pronome “isso”, nesse
segmento do texto, se refere a(à):
NÃO FALTOU SÓ ESPINAFRE
a) todo mundo ter um sobrenome;
A crise não trouxe apenas danos sociais e econômicos. b) sobrenomes citados no início do texto;
Mostrou também danos morais. c) todos os sobrenomes hoje conhecidos;
Aconteceu num mercadinho de bairro em São Paulo. A d) forma latina dos sobrenomes atuais;
dona, diligente, havia conseguido algumas verduras e e) existência de sobrenomes nos documentos.
avisou à clientela. Formaram-se uma pequena fila e uma
grande discussão. Uma senhora havia arrematado todos Resposta: Letra A
os dez maços de espinafre. No caixa, outras freguesas
perguntaram se ela tinha restaurante. Não tinha. Obser- Todo mundo tem um sobrenome e temos de agrade-
varam que a verdura acabaria estragada. Ela explicou que cer aos romanos por isso = ter um sobrenome.
ia cozinhar e congelar. Então, foram ao ponto: caramba,
havia outras pessoas na fila, ela não poderia levar só o 8. (MPU – ANALISTA – ANTROPOLOGIA – CESPE-2010)
que consumiria de imediato?
“Não, estou pagando e cheguei primeiro”, foi a resposta. Inovar é recriar de modo a agregar valor e incrementar a
Compras exageradas nos supermercados, estoques do- eficiência, a produtividade e a competitividade nos pro-
mésticos, filas nervosas nos postos de combustível – teve cessos gerenciais e nos produtos e serviços das organi-
muito comportamento na base de cada um por si. zações. Ou seja, é o fermento do crescimento econômico
LÍNGUA PORTUGUESA

Cabem nessa categoria as greves e manifestações opor- e social de um país. Para isso, é preciso criatividade, ca-
tunistas. Governo, cedendo, também vou buscar o meu pacidade de inventar e coragem para sair dos esquemas
– tal foi o comportamento de muita gente. tradicionais. Inovador é o indivíduo que procura respos-
Carlos A. Sardenberg, in O Globo, 31/05/2018. tas originais e pertinentes em situações com as quais ele
se defronta. É preciso uma atitude de abertura para as
coisas novas, pois a novidade é catastrófica para os mais
céticos. Pode-se dizer que o caminho da inovação é um

22
percurso de difícil travessia para a maioria das institui- refugindo às especulações metafísicas que, no plano da
ções. Inovar significa transformar os pontos frágeis de idealidade, serviram aos filósofos do pacto social para a
um empreendimento em uma realidade duradoura e lu- explicação dos fundamentos do Estado ou da sociedade
crativa. A inovação estimula a comercialização de produ- civil, ele procurou ingressar no terreno dos fatos.
tos ou serviços e também permite avanços importantes Fernanda Leão de Almeida. A garantia institucional do
para toda a sociedade. Porém, a inovação é verdadeira Ministério Público em função da proteção dos direitos
somente quando está fundamentada no conhecimento. humanos.
A capacidade de inovação depende da pesquisa, da ge- Tese de doutorado. São Paulo: USP, 2010, p. 18-9.
ração de conhecimento. É necessário investir em pesqui- Internet: <www.teses.usp.br> (com adaptações).
sa para devolver resultados satisfatórios à sociedade. No No trecho “controle recíproco entre”, o pronome “eles” faz
entanto, os resultados desse tipo de investimento não referência a “ramos diversos”.
são necessariamente recursos financeiros ou valores eco-
nômicos, podem ser também a qualidade de vida com ( ) CERTO   ( ) ERRADO
justiça social.
Luís Afonso Bermúdez. O fermento tecnológico. In: Dar- Resposta: Certo
cy. Revista de jornalismo científico e cultural da Univer-
sidade de Brasília, novembro e dezembro de 2009, p. 37 Ao período: (...) reclama a distribuição do poder em
(com adaptações). ramos diversos, com a disposição de meios que asse-
Subentende-se da argumentação do texto que o pro-
gurem o controle recíproco entre eles para o advento
nome demonstrativo, no trecho “desse tipo de investi-
de um cenário de equilíbrio e harmonia.
mento”, refere-se à ideia de “fermento do crescimento
econômico e social de um país”.
10. (PC-PI – AGENTE DE POLÍCIA CIVIL – 3.ª CLAS-
SE – NUCEPE-2018 - ADAPTADA) Alguém apaixonado
( ) CERTO   ( ) ERRADO
sempre atrai novas oportunidades, se destaca do grupo, é
Resposta: Errado promovido primeiro, é celebrado quando volta de férias,
é convidado para ser padrinho ou madrinha e para ser
Ao trecho: (...) É necessário investir em pesquisa para companhia em momentos prazerosos. Quanto melhor vi-
devolver resultados satisfatórios à sociedade. No entan- vemos, mais motivos surgem para vivermos bem. A pros-
to, os resultados desse tipo de investimento = inves- peridade é um ciclo que se retroalimenta. O importante é
tir em pesquisa / desse tipo de investimento. decidir fazer parte dele.
Em: O importante é decidir fazer parte dele, a palavra
9. (MPU – ANALISTA DO MPU – CESPE-2015) Dele retoma, textualmente,

Texto I a) ciclo.
b) Alguém.
Na organização do poder político no Estado moderno, c) padrinho.
à luz da tradição iluminista, o direito tem por função a d) grupo.
preservação da liberdade humana, de maneira a coibir e) apaixonado.
a desordem do estado de natureza, que, em virtude do
risco da dominação dos mais fracos pelos mais fortes, Resposta: Letra A
exige a existência de um poder institucional. Mas a con-
quista da liberdade humana também reclama a distri- Voltemos ao período:
buição do poder em ramos diversos, com a disposição A prosperidade é um ciclo que se retroalimenta. O im-
de meios que assegurem o controle recíproco entre eles portante é decidir fazer parte dele.
para o advento de um cenário de equilíbrio e harmonia
nas sociedades estatais. A concentração do poder em um
só órgão ou pessoa viria sempre em detrimento do exer- REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
cício da liberdade. É que, como observou Montesquieu,
“todo homem que tem poder tende a abusar dele; ele vai Dá-se o nome de regência à relação de subordina-
até onde encontra limites. Para que não se possa abusar ção que ocorre entre um verbo (regência verbal) ou um
do poder, é preciso que, pela disposição das coisas, o nome (regência nominal) e seus complementos.
poder limite o poder”.
Até Montesquieu, não eram identificadas com clareza Regência Verbal = Termo Regente: VERBO
LÍNGUA PORTUGUESA

as esferas de abrangência dos poderes políticos: “só se


concebia sua união nas mãos de um só ou, então, sua A regência verbal estuda a relação que se estabele-
separação; ninguém se arriscava a apresentar, sob a for- ce entre os verbos e os termos que os complementam
ma de sistema coerente, as consequências de conceitos (objetos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (ad-
diversos”. Pensador francês do século XVIII, Montesquieu juntos adverbiais). Há verbos que admitem mais de uma
situa-se entre o racionalismo cartesiano e o empirismo regência, o que corresponde à diversidade de significa-
de origem baconiana, não abandonando o rigor das dos que estes verbos podem adquirir dependendo do
certezas matemáticas em suas certezas morais. Porém,
contexto em que forem empregados.

23
A mãe agrada o filho = agradar significa acariciar, oblíquos o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses
contentar. pronomes podem assumir as formas lo, los, la, las (após
A mãe agrada ao filho = agradar significa “causar formas verbais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos,
agrado ou prazer”, satisfazer. nas (após formas verbais terminadas em sons nasais),
enquanto lhe e lhes são, quando complementos verbais,
Conclui-se que “agradar alguém” é diferente de objetos indiretos.
“agradar a alguém”. São verbos transitivos diretos, dentre outros: aban-
O conhecimento do uso adequado das preposições donar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar,
é um dos aspectos fundamentais do estudo da regência admirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, au-
verbal (e também nominal). As preposições são capazes xiliar, castigar, condenar, conhecer, conservar, convidar,
de modificar completamente o sentido daquilo que está defender, eleger, estimar, humilhar, namorar, ouvir, pre-
sendo dito. judicar, prezar, proteger, respeitar, socorrer, suportar, ver,
visitar.
Cheguei ao metrô. Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente
Cheguei no metrô. como o verbo amar:
Amo aquele rapaz. / Amo-o.
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no Amo aquela moça. / Amo-a.
segundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado. Amam aquele rapaz. / Amam-no.
Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.
A voluntária distribuía leite às crianças.
A voluntária distribuía leite com as crianças.
Observação:
Na primeira frase, o verbo “distribuir” foi emprega-
Os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos
do como transitivo direto (objeto direto: leite) e indireto
para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos
(objeto indireto: às crianças); na segunda, como transiti-
vo direto (objeto direto: crianças; com as crianças: adjun- adnominais):
to adverbial). Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
Para estudar a regência verbal, agruparemos os ver- Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua
bos de acordo com sua transitividade. Esta, porém, não é carreira)
um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de dife- Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau
rentes formas em frases distintas. humor)

A) Verbos Intransitivos C) Verbos Transitivos Indiretos

Os verbos intransitivos não possuem complemento. É Os verbos transitivos indiretos são complementados
importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exi-
aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los. gem uma preposição para o estabelecimento da relação
de regência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de
Chegar, Ir terceira pessoa que podem atuar como objetos indire-
tos são o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não se
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos ad- utilizam os pronomes o, os, a, as como complementos
verbiais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas de verbos transitivos indiretos. Com os objetos indiretos
para indicar destino ou direção são: a, para. que não representam pessoas, usam-se pronomes oblí-
Fui ao teatro. quos tônicos de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos
Adjunto Adverbial de Lugar pronomes átonos lhe, lhes.

Ricardo foi para a Espanha. Os verbos transitivos indiretos são os seguintes:


Adjunto Adverbial de Lugar
Consistir - Tem complemento introduzido pela pre-
Comparecer posição “em”: A modernidade verdadeira consiste em di-
reitos iguais para todos.
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido Obedecer e Desobedecer - Possuem seus comple-
por em ou a. mentos introduzidos pela preposição “a”:
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais.
último jogo.
LÍNGUA PORTUGUESA

Eles desobedeceram às leis do trânsito.


B) Verbos Transitivos Diretos Responder - Tem complemento introduzido pela
preposição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para in-
Os verbos transitivos diretos são complementados dicar “a quem” ou “ao que” se responde.
por objetos diretos. Isso significa que não exigem prepo- Respondi ao meu patrão.
sição para o estabelecimento da relação de regência. Ao
Respondemos às perguntas.
empregar esses verbos, lembre-se de que os pronomes
Respondeu-lhe à altura.

24
Observação: Pedir

O verbo responder, apesar de transitivo indireto quan- Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente
do exprime aquilo a que se responde, admite voz passiva na forma de oração subordinada substantiva) e indireto
analítica: de pessoa.
O questionário foi respondido corretamente.
Todas as perguntas foram respondidas Pedi-lhe favores.
satisfatoriamente. Objeto Indireto Objeto Direto
Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus comple-
Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio.
mentos introduzidos pela preposição “com”.
Objeto Indireto Oração Subordinada Substan-
Antipatizo com aquela apresentadora.
tiva Objetiva Direta
Simpatizo com os que condenam os políticos que go-
vernam para uma minoria privilegiada.
A construção “pedir para”, muito comum na lingua-
D) Verbos Transitivos Diretos e Indiretos gem cotidiana, deve ter emprego muito limitado na lín-
gua culta. No entanto, é considerada correta quando a
Os verbos transitivos diretos e indiretos são acom- palavra licença estiver subentendida.
panhados de um objeto direto e um indireto. Merecem Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em
destaque, nesse grupo: agradecer, perdoar e pagar. São casa.
verbos que apresentam objeto direto relacionado a coi-
sas e objeto indireto relacionado a pessoas. Observe que, nesse caso, a preposição “para” intro-
duz uma oração subordinada adverbial final reduzida de
Agradeço aos ouvintes a audiência. infinitivo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa).
Objeto Indireto Objeto Direto
Preferir
Paguei o débito ao cobrador.
Objeto Direto Objeto Indireto Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto
indireto introduzido pela preposição “a”:
O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
com particular cuidado:
Prefiro trem a ônibus.
Agradeci o presente. / Agradeci-o.
Agradeço a você. / Agradeço-lhe.
Observação:
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
Paguei minhas contas. / Paguei-as. Na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado sem
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes. termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil ve-
zes, um milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo
Informar prefixo existente no próprio verbo (pre).

Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto Mudança de Transitividade - Mudança de


indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa. Significado
Informe os novos preços aos clientes.
Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os no- Há verbos que, de acordo com a mudança de transi-
vos preços) tividade, apresentam mudança de significado. O conhe-
cimento das diferentes regências desses verbos é um re-
Na utilização de pronomes como complementos, veja curso linguístico muito importante, pois além de permitir
as construções: a correta interpretação de passagens escritas, oferece
Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos possibilidades expressivas a quem fala ou escreve. Den-
preços. tre os principais, estão:
Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou
sobre eles)
Agradar
Observação:
Agradar é transitivo direto no sentido de fazer cari-
A mesma regência do verbo informar é usada para os nhos, acariciar, fazer as vontades de.
LÍNGUA PORTUGUESA

seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir. Sempre agrada o filho quando.
Aquele comerciante agrada os clientes.
Comparar
Agradar é transitivo indireto no sentido de causar
Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento
as preposições “a” ou “com” para introduzir o comple- introduzido pela preposição “a”.
mento indireto: Comparei seu comportamento ao (ou com O cantor não agradou aos presentes.
o) de uma criança. O cantor não lhes agradou.

25
O antônimo “desagradar” é sempre transitivo indire- Muito custa viver tão longe da família.
to: O cantor desagradou à plateia. Verbo Intransitivo Oração Subordinada Substantiva
Subjetiva Reduzida de Infinitivo
Aspirar
Custou-me (a mim) crer nisso.
Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, ins- Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva
pirar (o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o) Subjetiva Reduzida de Infinitivo
Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter
como ambição: Aspirávamos a um emprego melhor. (As- A Gramática Normativa condena as construções que
pirávamos a ele)
atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por
pessoa: Custei para entender o problema.
Como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pes-
= Forma correta: Custou-me entender o problema.
soa, as formas pronominais átonas “lhe” e “lhes” não são
utilizadas, mas, sim, as formas tônicas “a ele(s)”, “a ela(s)”.
Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (= Implicar
Aspiravam a ela)
Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
Assistir
A) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitu-
Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, pres- des implicavam um firme propósito.
tar assistência a, auxiliar. B) ter como consequência, trazer como consequên-
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos. cia, acarretar, provocar: Uma ação implica reação.
As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
Como transitivo direto e indireto, significa compro-
Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presen- meter, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões
ciar, estar presente, caber, pertencer. econômicas.
Assistimos ao documentário.
Não assisti às últimas sessões. No sentido de antipatizar, ter implicância, é transiti-
Essa lei assiste ao inquilino. vo indireto e rege com preposição “com”: Implicava com
quem não trabalhasse arduamente.
No sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é in-
transitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de
Namorar
lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos numa
conturbada cidade.
Sempre tansitivo direto: Luísa namora Carlos há dois
Chamar anos.

Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, so- Obedecer - Desobedecer


licitar a atenção ou a presença de.
Por gentileza, vá chamar a polícia. / Por favor, vá Sempre transitivo indireto:
chamá-la. Todos obedeceram às regras.
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes. Ninguém desobedece às leis.

Chamar no sentido de denominar, apelidar pode Quando o objeto é “coisa”, não se utiliza “lhe” nem
apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere pre- “lhes”: As leis são essas, mas todos desobedecem a elas.
dicativo preposicionado ou não.
A torcida chamou o jogador mercenário. Proceder
A torcida chamou ao jogador mercenário.
A torcida chamou o jogador de mercenário. Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter
A torcida chamou ao jogador de mercenário. cabimento, ter fundamento ou comportar-se, agir. Nessa
segunda acepção, vem sempre acompanhado de adjunto
Chamar com o sentido de ter por nome é pronominal:
adverbial de modo.
Como você se chama? Eu me chamo Zenaide.
As afirmações da testemunha procediam, não havia
Custar como refutá-las.
LÍNGUA PORTUGUESA

Você procede muito mal.


Custar é intransitivo no sentido de ter determinado
valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adver- Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a prepo-
bial: Frutas e verduras não deveriam custar muito. sição “de”) e fazer, executar (rege complemento introdu-
zido pela preposição “a”) é transitivo indireto.
No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransiti- O avião procede de Maceió.
vo ou transitivo indireto, tendo como sujeito uma oração Procedeu-se aos exames.
reduzida de infinitivo. O delegado procederá ao inquérito.

26
Querer

Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter vontade de, cobiçar.


Querem melhor atendimento.
Queremos um país melhor.

Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição, estimar, amar: Quero muito aos meus amigos.

Visar

Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.

O homem visou o alvo.


O gerente não quis visar o cheque.
No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como objetivo é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
O ensino deve sempre visar ao progresso social.
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar público.

Esquecer – Lembrar

Lembrar algo – esquecer algo


Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronominal)
No 1.º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja, exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
No 2.º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e exigem complemento com a preposição “de”. São, portanto,
transitivos indiretos:
Ele se esqueceu do caderno.
Eu me esqueci da chave.
Eles se esqueceram da prova.
Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.

Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembrada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve alte-
ração de sentido. É uma construção muito rara na língua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos clássicos
tanto brasileiros como portugueses. Machado de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
Não lhe lembram os bons momentos da infância? (= momentos é sujeito)

Simpatizar - Antipatizar

São transitivos indiretos e exigem a preposição “com”:


Não simpatizei com os jurados.
Simpatizei com os alunos.

Importante:

A norma culta exige que os verbos e expressões que dão ideia de movimento sejam usados com a preposição “a”:
Chegamos a São Paulo e fomos direto ao hotel.
Cláudia desceu ao segundo andar.
Hoje, com esta chuva, ninguém sairá à rua.

Regência Nominal

É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse
nome. Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em
LÍNGUA PORTUGUESA

conta que vários nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de
um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os
nomes correspondentes: todos regem complementos introduzidos pela preposição a. Veja:
Obedecer a algo/ a alguém.
Obediente a algo/ a alguém.

Se uma oração completar o sentido de um nome, ou seja, exercer a função de complemento nominal, ela será com-
pletiva nominal (subordinada substantiva).

27
Regência de Alguns Nomes

Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por

Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios

Longe de Perto de

Observação:

Os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a; pa-
ralelamente a; relativa a; relativamente a.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Cochar - Português linguagens: volume 3. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
LÍNGUA PORTUGUESA

SITE

Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php>

28
Resposta: Letra C
EXERCÍCIO COMENTADO Em “a”: Podemos esperar para um futuro melhor = po-
demos esperar o quê?
1. (LIQUIGÁS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO Em “b”: Podemos esperar com um futuro melhor = po-
– CESGRANRIO-2018) demos esperar o quê?
Em “c”: Podemos esperar um futuro melhor = correta
O ano da esperança
Em “d”: Podemos esperar porquanto um futuro me-
lhor = sentido de “porque”
O ano de 2017 foi difícil. Avalio pelo número de ami-
gos desempregados. E pedidos de empréstimos. Um Em “e”: Podemos esperar todavia um futuro melhor =
atrás do outro. Nunca fui de botar dinheiro nas relações conjunção adversativa (ideia contrária à apresentada
de amizade. Como afirmou Shakespeare, perde-se o di- anteriormente)
nheiro e o amigo. Nos primeiros pedidos, eu ajudava, A única frase correta – e coerente - é podemos esperar
com a consciência de que era uma doação. A situação um futuro melhor.
foi piorando. Os argumentos também. No início era para
pagar a escola do filho. Depois vieram as mães e avós 2. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES-
doentes. Lamentavelmente, aprendi a não ser genero- GRANRIO-2018) Considere a seguinte frase: “Os lança-
so. Ajudava um rapaz, que não conheço pessoalmente. mentos tecnológicos a que o autor se refere podem re-
Mas que sofreu um acidente e não tinha como pagar a sultar em comportamentos impulsivos nos consumidores
fisioterapia. Comecei pagando a físio. Vieram sucessivas desses produtos”. A utilização da preposição destacada
internações, remédios. A situação piorando, eu já estava a é obrigatória para atender às exigências da regência
encomendando missa de sétimo dia. Falei com um ami- do verbo “referir-se”, de acordo com a norma-padrão da
go médico, no Rio de Janeiro. Ele aceitou tratar o caso língua portuguesa. É também obrigatório o uso de uma
gratuitamente. Surpresa! O doente não aparecia para a preposição antecedendo o pronome que destacado em:
consulta. Até que o coloquei contra a parede. Ou se con-
sultava ou eu não ajudava mais.
a) Os consumidores, ao adquirirem um produto que
Cheio de saúde, ele foi ao consultório. Pediu uma
receita de suplementos para ficar com o corpo atlético. quase ninguém possui, recém-lançado no mercado,
Nunca conheci o sujeito, repito. Eu me senti um idiota passam a ter uma sensação de superioridade.
por ter caído na história. Só que esse rapaz havia perdido b) Muitos aparelhos difundidos no mercado nem sempre
o emprego após o suposto acidente. Foi por isso que me trazem novidades que justifiquem seu preço elevado
deixei enganar. Mas, ao perder salário, muita gente perde em relação ao modelo anterior.
também a vergonha. Pior ainda. A violência aumenta. As c) O estudo de mapeamento cerebral que o pesquisador
pessoas buscam vagas nos mercados em expansão. Se a realizou foi importante para mostrar que o vício em
indústria automobilística vai bem, é lá que vão trabalhar. novidades tecnológicas cresce cada vez mais.
Podemos esperar por um futuro melhor ou o que nos d) O hormônio chamado dopamina é responsável por
aguarda é mais descrédito? Novos candidatos vão sur- causar sensações de prazer que levam as pessoas a se
gir. Serão novos? Ou os antigos? Ou novos com cabeça sentirem recompensadas.
de velhos? Todos pedem que a gente tenha uma nova e) As pessoas, na maioria das vezes, gastam muito mais
consciência para votar. Como? Num mundo em que as do que o seu orçamento permite em aparelhos que
notícias são plantadas pela internet, em que muitos sites elas não necessitam.
servem a qualquer mentira. Digo por mim. Já contaram
cada história a meu respeito que nem sei o que dizer. Já
Resposta: Letra E
inventaram casos de amor, tramas nas novelas que escre-
vo. Pior. Depois todo mundo me pergunta por que isso
ou aquilo não aconteceu na novela. Se mudei a trama. Em “a”: Os consumidores, ao adquirirem um produ-
Respondo: — Nunca foi para acontecer. Era mentira da to que (= o qual) quase ninguém possui, recém-lan-
internet. çado no mercado, passam a ter uma sensação de
Duvidam. Acham que estou mentindo. superioridade.
CARRASCO, W. O ano da esperança. Época, 25 dez. Em “b”: Muitos aparelhos difundidos no mercado nem
2017, p.97. Adaptado. sempre trazem novidades que (= as quais) justifiquem
seu preço elevado em relação ao modelo anterior.
Considere o trecho “Podemos esperar por um futuro me- Em “c”: O estudo de mapeamento cerebral que (= o
lhor”. Respeitando-se as regras da norma-padrão e con- qual) o pesquisador realizou foi importante para mos-
LÍNGUA PORTUGUESA

servando-se o conteúdo informacional, o trecho acima trar que o vício em novidades tecnológicas cresce
está corretamente reescrito em: cada vez mais.
Em “d”: O hormônio chamado dopamina é responsá-
a) Podemos esperar para um futuro melhor vel por causar sensações de prazer que (= as quais)
b) Podemos esperar com um futuro melhor levam as pessoas a se sentirem recompensadas.
c) Podemos esperar um futuro melhor
Em “e”: As pessoas, na maioria das vezes, gastam mui-
d) Podemos esperar porquanto um futuro melhor
to mais do que o seu orçamento permite em apare-
e) Podemos esperar todavia um futuro melhor
lhos de que (= das quais) elas não necessitam.

29
3. (MPU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE-2010) 5. (TJ-SP – ADVOGADO - VUNESP/2013 - ADAPTADA)
Na passagem – ... e ausência de candidatos para preen-
A pobreza é um dos fatores mais comumente respon- chê-las. –, substituindo-se o verbo preencher por concor-
sáveis pelo baixo nível de desenvolvimento humano rer e atendendo-se à norma-padrão, obtém-se:
e pela origem de uma série de mazelas, algumas das
quais proibidas por lei ou consideradas crimes. É o caso a) … e ausência de candidatos para concorrer a elas.
do trabalho infantil. A chaga encontra terreno fértil nas b) … e ausência de candidatos para concorrer à elas.
sociedades subdesenvolvidas, mas também viceja onde c) … e ausência de candidatos para concorrer-lhes.
o capitalismo, em seu ambiente mais selvagem, obriga d) … e ausência de candidatos para concorrê-las.
crianças e adolescentes a participarem do processo de e) … e ausência de candidatos para lhes concorrer.
produção. Foi assim na Revolução Industrial de ontem
Resposta: Letra A
e nas economias ditas avançadas. E ainda é, nos dias de
hoje, nas manufaturas da Ásia ou em diversas regiões do
Vamos por exclusão: “à elas” está errada, já que não
Brasil. Enquanto, entre as nações ricas, o trabalho infan-
temos acento indicativo de crase antes de pronome
til foi minimizado, já que nunca se pode dizer erradica- pessoal; quando temos um verbo no infinitivo, po-
do, ele continua sendo grave problema nos países mais demos usar a construção: verbo + preposição + pro-
pobres. nome pessoal. Por exemplo: Dar a eles (ao invés de
Jornal do Brasil, Editorial, 1.º/7/2010 (com adaptações). “dar-lhes”).

O emprego de preposição em “a participarem” é exigido CLASSES DE PALAVRAS


pela regência da forma verbal “obriga”.
1. ADJETIVO
( ) CERTO   ( ) ERRADO
É a palavra que expressa uma qualidade ou caracte-
Resposta: Certo rística do ser e se relaciona com o substantivo, concor-
dando com este em gênero e número.
(...) o capitalismo, em seu ambiente mais selvagem, As praias brasileiras estão poluídas.
obriga crianças e adolescentes a participarem = Praias = substantivo; brasileiras/poluídas = adjetivos
quem obriga, obriga alguém (crianças e adolescentes – (plural e feminino, pois concordam com “praias”).
objeto direto) a algo (a participarem – objeto indireto:
com preposição – no caso, uma oração com a função Locução adjetiva
de objeto indireto).
Locução = reunião de palavras. Sempre que são ne-
4. (PC-SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP-2013) cessárias duas ou mais palavras para falar sobre a mes-
Considerando as regras de regência verbal, assinale a al- ma coisa, tem-se locução. Às vezes, uma preposição +
substantivo tem o mesmo valor de um adjetivo: é a Lo-
ternativa correta.
cução Adjetiva (expressão que equivale a um adjetivo).
Por exemplo: aves da noite (aves noturnas), paixão sem
a) Ao ver a quantidade excessiva de prateleiras, o amigo
freio (paixão desenfreada).
comentou de que o livro estava acabando.
b) Enquanto seu amigo continua encomendando livros Observe outros exemplos:
de papel, o autor aderiu o livro digital.
c) Álvaro convenceu-se de que o melhor a fazer seria sair
para jantar. de águia aquilino
d) As estantes que o autor aludiu foram projetadas para de aluno discente
armazenar livros e CDs. de anjo angelical
e) O único detalhe do apartamento que o amigo se ateve
de ano anual
foi o número de estantes.
de aranha aracnídeo
Resposta: Letra C de boi bovino
de cabelo capilar
Em “a”: Ao ver a quantidade excessiva de prateleiras, o
amigo comentou de (X) que = comentou que de cabra caprino
LÍNGUA PORTUGUESA

Em “b”: Enquanto seu amigo continua encomendando de campo campestre ou rural


livros de papel, o autor aderiu o = aderiu ao de chuva pluvial
Em “c”: Álvaro convenceu-se de que o melhor a fazer
seria sair para jantar = correta de criança pueril
Em “d”: As estantes que o autor aludiu = às quais/a de dedo digital
que de estômago estomacal ou gástrico
Em “e”: O único detalhe do apartamento que o amigo
de falcão falconídeo
se ateve = ao qual/ a que

30
de farinha farináceo Estados e cidades brasileiras:

de fera ferino
Alagoas alagoano
de ferro férreo
Amapá amapaense
de fogo ígneo
Aracaju aracajuano ou aracajuense
de garganta gutural
Amazonas amazonense ou baré
de gelo glacial
Belo Horizonte belo-horizontino
de guerra bélico
Brasília brasiliense
de homem viril ou humano
Cabo Frio cabo-friense
de ilha insular
Campinas campineiro ou campinense
de inverno hibernal ou invernal
de lago lacustre Adjetivo Pátrio Composto
de leão leonino
Na formação do adjetivo pátrio composto, o primei-
de lebre leporino ro elemento aparece na forma reduzida e, normalmente,
de lua lunar ou selênico erudita. Observe alguns exemplos:
de madeira lígneo
África afro- / Cultura afro-americana
de mestre magistral
germano- ou teuto-/Competições
de ouro áureo Alemanha
teuto-inglesas
de paixão passional américo- / Companhia
América
de pâncreas pancreático américo-africana
de porco suíno ou porcino belgo- / Acampamentos
Bélgica
belgo-franceses
dos quadris ciático
China sino- / Acordos sino-japoneses
de rio fluvial
hispano- / Mercado
de sonho onírico Espanha
hispano-português
de velho senil Europa euro- / Negociações euro-americanas
de vento eólico franco- ou galo- / Reuniões
França
de vidro vítreo ou hialino franco-italianas
Grécia greco- / Filmes greco-romanos
de virilha inguinal
Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
de visão óptico ou ótico
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
Observação: Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros
Nem toda locução adjetiva possui um adjetivo corres-
pondente, com o mesmo significado: Vi as alunas da 5ª Flexão dos adjetivos
série. / O muro de tijolos caiu.
O adjetivo varia em gênero, número e grau.
Morfossintaxe do Adjetivo (Função Sintática):
Gênero dos Adjetivos
O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função
dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuan- Os adjetivos concordam com o substantivo a que se
do como adjunto adnominal ou como predicativo (do referem (masculino e feminino). De forma semelhante
sujeito ou do objeto). aos substantivos, classificam-se em:

Adjetivo Pátrio (ou gentílico) A) Biformes - têm duas formas, sendo uma para o
masculino e outra para o feminino: ativo e ativa,
LÍNGUA PORTUGUESA

Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. mau e má.


Observe alguns deles:
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no
feminino somente o último elemento: o moço norte-a-
mericano, a moça norte-americana.

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Exceção: surdo-mudo e surda-muda. A) Comparativo

B) Uniformes - têm uma só forma tanto para o mas- Nesse grau, comparam-se a mesma característica
culino como para o feminino: homem feliz e mu- atribuída a dois ou mais seres ou duas ou mais caracte-
lher feliz. rísticas atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser
de igualdade, de superioridade ou de inferioridade.
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica inva-
riável no feminino: conflito político-social e desavença Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade
político-social.
No comparativo de igualdade, o segundo termo da
Número dos Adjetivos comparação é introduzido pelas palavras como, quanto
ou quão.
A) Plural dos adjetivos simples
Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de
Superioridade
Os adjetivos simples se flexionam no plural de acordo
com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos Sílvia é menos alta que Tiago. = Comparativo de
substantivos simples: mau e maus, feliz e felizes, ruim e Inferioridade
ruins, boa e boas.
Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de
função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a pa- superioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São
lavra que estiver qualificando um elemento for, original- eles: bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/supe-
mente, um substantivo, ela manterá sua forma primitiva. rior, grande/maior, baixo/inferior.
Exemplo: a palavra cinza é, originalmente, um substanti-
vo; porém, se estiver qualificando um elemento, funcio- Observe que:
nará como adjetivo. Ficará, então, invariável. Logo: cami-
sas cinza, ternos cinza. • As formas menor e pior são comparativos de supe-
rioridade, pois equivalem a mais pequeno e mais
Motos vinho (mas: motos verdes) mau, respectivamente.
Paredes musgo (mas: paredes brancas). • Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos). (melhor, pior, maior e menor), porém, em compa-
rações feitas entre duas qualidades de um mesmo
B) Adjetivo Composto elemento, deve-se usar as formas analíticas mais
bom, mais mau,mais grande e mais pequeno. Por
É aquele formado por dois ou mais elementos. Nor- exemplo:
malmente, esses elementos são ligados por hífen. Ape-
nas o último elemento concorda com o substantivo a que Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois
se refere; os demais ficam na forma masculina, singular.
elementos.
Caso um dos elementos que formam o adjetivo com-
Pedro é mais grande que pequeno - comparação de
posto seja um substantivo adjetivado, todo o adjetivo
composto ficará invariável. Por exemplo: a palavra “rosa” duas qualidades de um mesmo elemento.
é, originalmente, um substantivo, porém, se estiver qua-
lificando um elemento, funcionará como adjetivo. Caso Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de
se ligue a outra palavra por hífen, formará um adjetivo Inferioridade
composto; como é um substantivo adjetivado, o adjetivo Sou menos passivo (do) que tolerante.
composto inteiro ficará invariável. Veja:
Camisas rosa-claro. B) Superlativo
Ternos rosa-claro.
Olhos verde-claros. O superlativo expressa qualidades num grau muito
Calças azul-escuras e camisas verde-mar. elevado ou em grau máximo. Pode ser absoluto ou rela-
Telhados marrom-café e paredes verde-claras. tivo e apresenta as seguintes modalidades:

Observação: B.1 Superlativo Absoluto: ocorre quando a qualidade


de um ser é intensificada, sem relação com outros
Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer seres. Apresenta-se nas formas:
adjetivo composto iniciado por “cor-de-...” são sempre
invariáveis: roupas azul-marinho, tecidos azul-celeste, • Analítica: a intensificação é feita com o auxílio de
vestidos cor-de-rosa. palavras que dão ideia de intensidade (advérbios).
LÍNGUA PORTUGUESA

O adjetivo composto surdo-mudo tem os dois ele- Por exemplo: O concurseiro é muito esforçado.
mentos flexionados: crianças surdas-mudas. • Sintética: nessa, há o acréscimo de sufixos. Por
exemplo: O concurseiro é esforçadíssimo.
Grau do Adjetivo

Os adjetivos se flexionam em grau para indicar a in-


tensidade da qualidade do ser. São dois os graus do ad-
jetivo: o comparativo e o superlativo.

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Observe alguns superlativos sintéticos: Estudei bastante. = modificando o verbo estudei
Ele canta muito bem! = intensificando outro advérbio
benéfico beneficentíssimo (bem)
Ela tem os olhos muito claros. = relação com um ad-
bom boníssimo ou ótimo jetivo (claros)
comum comuníssimo
cruel crudelíssimo Quando modifica um verbo, o advérbio pode acres-
centar ideia de:
difícil dificílimo Tempo: Ela chegou tarde.
doce dulcíssimo Lugar: Ele mora aqui.
fácil facílimo Modo: Eles agiram mal.
Negação: Ela não saiu de casa.
fiel fidelíssimo Dúvida: Talvez ele volte.
B.2 Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade Flexão do Advérbio
de um ser é intensificada em relação a um conjun-
to de seres. Essa relação pode ser: Os advérbios são palavras invariáveis, isto é, não apre-
sentam variação em gênero e número. Alguns advérbios,
• De Superioridade: Essa matéria é a mais fácil de porém, admitem a variação em grau. Observe:
todas.
• De Inferioridade: Essa matéria é a menos fácil de A) Grau Comparativo
todas.
Forma-se o comparativo do advérbio do mesmo
O superlativo absoluto analítico é expresso por meio modo que o comparativo do adjetivo:
dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente,
antepostos ao adjetivo. • de igualdade: tão + advérbio + quanto (como): Re-
O superlativo absoluto sintético se apresenta sob nato fala tão alto quanto João.
duas formas: uma erudita - de origem latina – e outra • de inferioridade: menos + advérbio + que (do que):
popular - de origem vernácula. A forma erudita é cons- Renato fala menos alto do que João.
tituída pelo radical do adjetivo latino + um dos sufixos • de superioridade:
-íssimo, -imo ou érrimo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo;
A.1 Analítico: mais + advérbio + que (do que): Renato
a popular é constituída do radical do adjetivo português
fala mais alto do que João.
+ o sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo.
A.2 Sintético: melhor ou pior que (do que): Renato fala
Os adjetivos terminados em –io fazem o superlativo
melhor que João.
com dois “ii”: frio – friíssimo, sério – seriíssimo; os termi-
nados em –eio, com apenas um “i”: feio - feíssimo, cheio
B) Grau Superlativo
– cheíssimo.
O superlativo pode ser analítico ou sintético:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
B.1 Analítico: acompanhado de outro advérbio: Rena-
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
to fala muito alto.
char - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
muito = advérbio de intensidade / alto = advérbio
– São Paulo: Saraiva, 2010.
de modo
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
B.2 Sintético: formado com sufixos: Renato fala
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
altíssimo.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Observação:
SITE
As formas diminutivas (cedinho, pertinho, etc.) são
comuns na língua popular.
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se-
Maria mora pertinho daqui. (muito perto)
coes/morf/morf32.php>
A criança levantou cedinho. (muito cedo)
2. ADVÉRBIO
Classificação dos Advérbios
LÍNGUA PORTUGUESA

Compare estes exemplos:


De acordo com a circunstância que exprime, o advér-
O ônibus chegou.
bio pode ser de:
O ônibus chegou ontem.
A) Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá,
Advérbio é uma palavra invariável que modifica o
atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, per-
sentido do verbo (acrescentando-lhe circunstâncias de
to, aí, abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, de-
tempo, de modo, de lugar, de intensidade), do adjetivo e
fronte, nenhures, adentro, afora, alhures, nenhures,
do próprio advérbio.

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aquém, embaixo, externamente, a distância, à dis- Advérbio: refere-se a um verbo, adjetivo, ou a outro
tância de, de longe, de perto, em cima, à direita, à advérbio e não sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muito.
esquerda, ao lado, em volta. Pronome Indefinido: relaciona-se a um substantivo
B) Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora, e sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muitos quilômetros.
amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente,
antes, doravante, nunca, então, ora, jamais, agora,
sempre, já, enfim, afinal, amiúde, breve, constan-
#FicaDica
temente, entrementes, imediatamente, primeira- Como saber se a palavra bastante é
mente, provisoriamente, sucessivamente, às vezes, advérbio (não varia, não se flexiona) ou
à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em pronome indefinido (varia, sofre flexão)? Se
quando, de quando em quando, a qualquer mo- der, na frase, para substituir o “bastante” por
mento, de tempos em tempos, em breve, hoje em “muito”, estamos diante de um advérbio; se
dia. der para substituir por “muitos” (ou muitas),
C) Modo: bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, de- é um pronome. Veja:
pressa, acinte, debalde, devagar, às pressas, às 1. Estudei bastante para o concurso. (estudei
claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, muito, pois “muitos” não dá!) = advérbio
aos poucos, desse jeito, desse modo, dessa ma- 2. Estudei bastantes capítulos para o concurso.
neira, em geral, frente a frente, lado a lado, a pé, (estudei muitos capítulos) = pronome
de cor, em vão e a maior parte dos que termi- indefinido
nam em “-mente”: calmamente, tristemente, pro-
positadamente, pacientemente, amorosamente,
docemente, escandalosamente, bondosamente, Advérbios Interrogativos
generosamente.
D) Afirmação: sim, certamente, realmente, decer- São as palavras: onde? aonde? donde? quando? como?
to, efetivamente, certo, decididamente, deveras, por quê? nas interrogações diretas ou indiretas, referen-
indubitavelmente. tes às circunstâncias de lugar, tempo, modo e causa. Veja:
E) Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum,
de forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum.
F) Dúvida: acaso, porventura, possivelmente, prova- Interrogação Direta Interrogação Indireta
velmente, quiçá, talvez, casualmente, por certo, Como aprendeu? Perguntei como aprendeu
quem sabe.
Onde mora? Indaguei onde morava
G) Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em ex-
cesso, bastante, mais, menos, demasiado, quanto, Por que choras? Não sei por que choras
quão, tanto, assaz, que (equivale a quão), tudo, Aonde vai? Perguntei aonde ia
nada, todo, quase, de todo, de muito, por com-
Donde vens? Pergunto donde vens
pleto, extremamente, intensamente, grandemente,
bem (quando aplicado a propriedades graduáveis). Quando voltas? Pergunto quando voltas
H) Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão, so-
mente, simplesmente, só, unicamente. Por exem- Locução Adverbial
plo: Brando, o vento apenas move a copa das
árvores. Quando há duas ou mais palavras que exercem fun-
I) Inclusão: ainda, até, mesmo, inclusivamente, tam- ção de advérbio, temos a locução adverbial, que pode
bém. Por exemplo: O indivíduo também amadure- expressar as mesmas noções dos advérbios. Iniciam ordi-
ce durante a adolescência. nariamente por uma preposição. Veja:
J) Ordem: depois, primeiramente, ultimamente. Por
exemplo: Primeiramente, eu gostaria de agradecer A) lugar: à esquerda, à direita, de longe, de perto,
aos meus amigos por comparecerem à festa. para dentro, por aqui, etc.
B) afirmação: por certo, sem dúvida, etc.
Saiba que: C) modo: às pressas, passo a passo, de cor, em vão,
em geral, frente a frente, etc.
Para se exprimir o limite de possibilidade, antepõe-se D) tempo: de noite, de dia, de vez em quando, à tarde,
ao advérbio “o mais” ou “o menos”. Por exemplo: Ficarei hoje em dia, nunca mais, etc.
o mais longe que puder daquele garoto. Voltarei o menos
tarde possível. A locução adverbial e o advérbio modificam o verbo,
Quando ocorrem dois ou mais advérbios em -mente, o adjetivo e outro advérbio:
LÍNGUA PORTUGUESA

em geral sufixamos apenas o último: O aluno respondeu Chegou muito cedo. (advérbio)
calma e respeitosamente. Joana é muito bela. (adjetivo)
De repente correram para a rua. (verbo)
Distinção entre Advérbio e Pronome Indefinido
Usam-se, de preferência, as formas mais bem e mais
Há palavras como muito, bastante, que podem apare- mal antes de adjetivos ou de verbos no particípio:
cer como advérbio e como pronome indefinido. Essa matéria é mais bem interessante que aquela.

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Nosso aluno foi o mais bem colocado no concurso! No caso de os nomes próprios personativos estarem
O numeral “primeiro”, ao modificar o verbo, é advér- no plural, são determinados pelo uso do artigo: Os Maias,
bio: Cheguei primeiro. os Incas, Os Astecas...
Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a)
Quanto a sua função sintática: o advérbio e a locução para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (do
adverbial desempenham na oração a função de adjunto artigo), o pronome assume a noção de “qualquer”.
adverbial, classificando-se de acordo com as circunstân- Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda)
cias que acrescentam ao verbo, ao adjetivo ou ao advér-
bio. Exemplo: Toda classe possui alunos interessados e desinteressa-
Meio cansada, a candidata saiu da sala. = adjunto ad- dos. (qualquer classe)
verbial de intensidade (ligado ao adjetivo “cansada”)
Trovejou muito ontem. = adjunto adverbial de intensi- Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é fa-
dade e de tempo, respectivamente. cultativo: Preparei o meu curso. Preparei meu curso.
A utilização do artigo indefinido pode indicar uma
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ideia de aproximação numérica: O máximo que ele deve
ter é uns vinte anos.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- O artigo também é usado para substantivar palavras
char - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform. pertencentes a outras classes gramaticais: Não sei o por-
– São Paulo: Saraiva, 2010. quê de tudo isso. / O bem vence o mal.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. Há casos em que o artigo definido não pode ser
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa usado:
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Antes de nomes de cidade (topônimo) e de pessoas
SITE conhecidas: O professor visitará Roma.
Mas, se o nome apresentar um caracterizador, a pre-
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- sença do artigo será obrigatória: O professor visitará a
coes/morf/morf75.php> bela Roma.

3. ARTIGO Antes de pronomes de tratamento: Vossa Senhoria


sairá agora?
O artigo integra as dez classes gramaticais, definindo- Exceção: O senhor vai à festa?
-se como o termo variável que serve para individualizar
ou generalizar o substantivo, indicando, também, o gê- Após o pronome relativo “cujo” e suas variações: Esse
nero (masculino/feminino) e o número (singular/plural). é o concurso cujas provas foram anuladas?/ Este é o can-
Os artigos se subdividem em definidos (“o” e as va- didato cuja nota foi a mais alta.
riações “a”[as] e [os]) e indefinidos (“um” e as variações
“uma”[s] e “uns]). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

A) Artigos definidos – São usados para indicar seres CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
determinados, expressos de forma individual: O char - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
concurseiro estuda muito. Os concurseiros estu- – São Paulo: Saraiva, 2010.
dam muito. AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
B) Artigos indefinidos – usados para indicar seres de literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
modo vago, impreciso: Uma candidata foi aprova- SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
da! Umas candidatas foram aprovadas! Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
Circunstâncias em que os artigos se manifestam: char - Português linguagens: volume 1– 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010.
Considera-se obrigatório o uso do artigo depois
do numeral “ambos”: Ambos os concursos cobrarão tal SITE
conteúdo.
Nomes próprios indicativos de lugar (ou topônimos) Disponível em: <http://www.brasilescola.com/grama-
LÍNGUA PORTUGUESA

admitem o uso do artigo, outros não: São Paulo, O Rio de tica/artigo.htm>


Janeiro, Veneza, A Bahia...
Quando indicado no singular, o artigo definido pode 4. CONJUNÇÃO
indicar toda uma espécie: O trabalho dignifica o homem.
No caso de nomes próprios personativos, denotando Além da preposição, há outra palavra também inva-
a ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso riável que, na frase, é usada como elemento de ligação:
do artigo: Marcela é a mais extrovertida das irmãs. / O a conjunção. Ela serve para ligar duas orações ou duas
Pedro é o xodó da família. palavras de mesma função em uma oração:

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O concurso será realizado nas cidades de Campinas e Ou escolho agora, ou fico sem presente de aniversário.
São Paulo.
A prova não será fácil, por isso estou estudando muito. D) Conclusivas: ligam a oração anterior a uma oração
que expressa ideia de conclusão ou consequência.
Morfossintaxe da Conjunção São elas: logo, pois (depois do verbo), portanto,
por conseguinte, por isso, assim.
As conjunções, a exemplo das preposições, não exer-
cem propriamente uma função sintática: são Marta estava bem preparada para o teste, portanto
conectivos. não ficou nervosa.
Você nos ajudou muito; terá, pois, nossa gratidão.
Classificação da Conjunção
E) Explicativas: ligam a oração anterior a uma ora-
De acordo com o tipo de relação que estabelecem, ção que a explica, que justifica a ideia nela con-
as conjunções podem ser classificadas em coordenati- tida. São elas: que, porque, pois (antes do verbo),
vas e subordinativas. No primeiro caso, os elementos porquanto.
ligados pela conjunção podem ser isolados um do outro.
Esse isolamento, no entanto, não acarreta perda da uni- Não demore, que o filme já vai começar.
dade de sentido que cada um dos elementos possui. Já Falei muito, pois não gosto do silêncio!
no segundo caso, cada um dos elementos ligados pela
conjunção depende da existência do outro. Veja: Conjunções Subordinativas
Estudei muito, mas ainda não compreendi o conteúdo. São aquelas que ligam duas orações, sendo uma de-
Podemos separá-las por ponto: las dependente da outra. A oração dependente, intro-
Estudei muito. Ainda não compreendi o conteúdo. duzida pelas conjunções subordinativas, recebe o nome
de oração subordinada. Veja o exemplo: O baile já tinha
Temos acima um exemplo de conjunção (e, conse-
começado quando ela chegou.
quentemente, orações coordenadas) coordenativa –
O baile já tinha começado: oração principal
“mas”. Já em:
quando: conjunção subordinativa (adverbial temporal)
Espero que eu seja aprovada no concurso!
ela chegou: oração subordinada
Não conseguimos separar uma oração da outra, pois
As conjunções subordinativas subdividem-se em in-
a segunda “completa” o sentido da primeira (da oração
principal): Espero o quê? Ser aprovada. Nesse período te- tegrantes e
mos uma oração subordinada substantiva objetiva direta
(ela exerce a função de objeto direto do verbo da oração adverbiais:
principal).
Integrantes - Indicam que a oração subordinada por
Conjunções Coordenativas elas introduzida completa ou integra o sentido da prin-
cipal. Introduzem orações que equivalem a substantivos,
São aquelas que ligam orações de sentido completo ou seja, as orações subordinadas substantivas. São elas:
e independente ou termos da oração que têm a mesma que, se.
função gramatical. Subdividem-se em:
Quero que você volte. (Quero sua volta)
A) Aditivas: ligam orações ou palavras, expressando
ideia de acréscimo ou adição. São elas: e, nem (= Adverbiais - Indicam que a oração subordinada exer-
e não), não só... mas também, não só... como tam- ce a função de adjunto adverbial da principal. De acordo
bém, bem como, não só... mas ainda. com a circunstância que expressam, classificam-se em:

A sua pesquisa é clara e objetiva. A) Causais: introduzem uma oração que é causa da
Não só dança, mas também canta. ocorrência da oração principal. São elas: porque,
que, como (= porque, no início da frase), pois que,
B) Adversativas: ligam duas orações ou palavras, ex- visto que, uma vez que, porquanto, já que, desde
pressando ideia de contraste ou compensação. que, etc.
São elas: mas, porém, contudo, todavia, entretanto,
no entanto, não obstante. Ele não fez a pesquisa porque não dispunha de meios.
LÍNGUA PORTUGUESA

Tentei chegar mais cedo, porém não consegui. B) Concessivas: introduzem uma oração que expressa
ideia contrária à da principal, sem, no entanto, im-
C) Alternativas: ligam orações ou palavras, expressan- pedir sua realização. São elas: embora, ainda que,
do ideia de alternância ou escolha, indicando fatos apesar de que, se bem que, mesmo que, por mais
que se realizam separadamente. São elas: ou, ou... que, posto que, conquanto, etc.
ou, ora... ora, já... já, quer... quer, seja... seja, talvez...
talvez. Embora fosse tarde, fomos visitá-lo.

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C) Condicionais: introduzem uma oração que indica a A briga começou assim que saímos da festa.
hipótese ou a condição para ocorrência da princi-
pal. São elas: se, caso, contanto que, salvo se, a não H) Comparativas: introduzem uma oração que expres-
ser que, desde que, a menos que, sem que, etc. sa ideia de comparação com referência à oração
principal. São elas: como, assim como, tal como,
Se precisar de minha ajuda, telefone-me. como se, (tão)... como, tanto como, tanto quanto,
do que, quanto, tal, qual, tal qual, que nem, que
(combinado com menos ou mais), etc.
#FicaDica
Você deve ter percebido que a conjunção O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem.
condicional “se” também é conjunção
integrante. A diferença é clara ao ler as I) Consecutivas: introduzem uma oração que expres-
orações que são introduzidas por ela. Acima, sa a consequência da principal. São elas: de sorte
ela nos dá a ideia da condição para que que, de modo que, sem que (= que não), de forma
recebamos um telefonema (se for preciso que, de jeito que, que (tendo como antecedente na
ajuda). Já na oração: Não sei se farei o oração principal uma palavra como tal, tão, cada,
concurso. = Não há ideia de condição tanto, tamanho), etc.
alguma, há? Outra coisa: o verbo da oração
principal (sei) pede complemento (objeto Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora do
direto, já que “quem não sabe, não sabe exame.
algo”). Portanto, a oração em destaque
exerce a função de objeto direto da oração FIQUE ATENTO!
principal, sendo classificada como oração
Muitas conjunções não têm classificação
subordinada substantiva objetiva direta.
única, imutável, devendo, portanto, ser
classificadas de acordo com o sentido que
apresentam no contexto (destaque da Zê!).
D) Conformativas: introduzem uma oração que ex-
prime a conformidade de um fato com outro. São
elas: conforme, como (= conforme), segundo, con-
soante, etc. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

O passeio ocorreu como havíamos planejado. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
E) Finais: introduzem uma oração que expressa a fi- CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
nalidade ou o objetivo com que se realiza a ora- char - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
ção principal. São elas: para que, a fim de que, que, – São Paulo: Saraiva, 2010.
porque (= para que), que, etc. AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
Toque o sinal para que todos entrem no salão.
SITE
F) Proporcionais: introduzem uma oração que ex-
pressa um fato relacionado proporcionalmente Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se-
à ocorrência do expresso na principal. São elas: coes/morf/morf84.php>
à medida que, à proporção que, ao passo que e
as combinações quanto mais... (mais), quanto me- 5. INTERJEIÇÃO
nos... (menos), quanto menos... (mais), quanto me-
nos... (menos), etc. Interjeição é a palavra invariável que exprime emo-
ções, sensações, estados de espírito. É um recurso da lin-
O preço fica mais caro à medida que os produtos guagem afetiva, em que não há uma ideia organizada de
escasseiam. maneira lógica, como são as sentenças da língua, mas
sim a manifestação de um suspiro, um estado da alma
Observação: decorrente de uma situação particular, um momento ou
um contexto específico. Exemplos:
São incorretas as locuções proporcionais à medida Ah, como eu queria voltar a ser criança!
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
LÍNGUA PORTUGUESA

em que, na medida que e na medida em que.


Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
G) Temporais: introduzem uma oração que acrescenta hum: expressão de um pensamento súbito =
uma circunstância de tempo ao fato expresso na interjeição
oração principal. São elas: quando, enquanto, an-
tes que, depois que, logo que, todas as vezes que,
desde que, sempre que, assim que, agora que, mal
(= assim que), etc.

37
O significado das interjeições está vinculado à ma- Saiba que:
neira como elas são proferidas. O tom da fala é que dita
o sentido que a expressão vai adquirir em cada contexto As interjeições são palavras invariáveis, isto é, não so-
em que for utilizada. Exemplos: frem variação em gênero, número e grau como os no-
mes, nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto e
Psiu! voz como os verbos. No entanto, em uso específico, al-
contexto: alguém pronunciando esta expressão na gumas interjeições sofrem variação em grau. Não se trata
rua ; significado da interjeição (sugestão): “Estou te cha- de um processo natural desta classe de palavra, mas tão
mando! Ei, espere!” só uma variação que a linguagem afetiva permite. Exem-
Psiu! plos: oizinho, bravíssimo, até loguinho.
contexto: alguém pronunciando em um hospital;
significado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça Locução Interjetiva
silêncio!”
Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma
Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio! expressão com sentido de interjeição: Ora bolas!, Virgem
puxa: interjeição; tom da fala: euforia Maria!, Meu Deus!, Ó de casa!, Ai de mim!, Graças a Deus!
Toda frase mais ou menos breve dita em tom excla-
Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte! mativo torna-se uma locução interjetiva, dispensando
puxa: interjeição; tom da fala: decepção análise dos termos que a compõem: Macacos me mor-
dam!, Valha-me Deus!, Quem me dera!
As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:
1. As interjeições são como frases resumidas, sintéti-
A) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimin- cas. Por exemplo: Ué! (= Eu não esperava por essa!)
do alegria, tristeza, dor, etc.: Ah, deve ser muito / Perdão! (= Peço-lhe que me desculpe)
interessante! 2. Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é
B) Sintetizar uma frase apelativa: Cuidado! Saia da mi- o seu tom exclamativo; por isso, palavras de outras
nha frente. classes gramaticais podem aparecer como inter-
As interjeições podem ser formadas por: jeições. Por exemplo: Viva! Basta! (Verbos) / Fora!
Francamente! (Advérbios)
• simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô 3. A interjeição pode ser considerada uma “palavra-
• palavras: Oba! Olá! Claro! -frase” porque sozinha pode constituir uma men-
• grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu sagem. Por exemplo: Socorro! Ajudem-me! Silên-
Deus! Ora bolas! cio! Fique quieto!
4. Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imi-
Classificação das Interjeições tativas, que exprimem ruídos e vozes. Por exemplo:
Miau! Bumba! Zás! Plaft! Pof! Catapimba! Tique-ta-
Comumente, as interjeições expressam sentido de: que! Quá-quá-quá!, etc.
5. Não se deve confundir a interjeição de apelo «ó»
A) Advertência: Cuidado! Devagar! Calma! Sentido! com a sua homônima «oh!», que exprime admira-
Atenção! Olha! Alerta! ção, alegria, tristeza, etc. Faz-se uma pausa depois
B) Afugentamento: Fora! Passa! Rua! do «oh!» exclamativo e não a fazemos depois do
C) Alegria ou Satisfação: Oh! Ah! Eh! Oba! Viva! «ó» vocativo. Por exemplo: “Ó natureza! ó mãe pie-
D) Alívio: Arre! Uf! Ufa! Ah! dosa e pura!” (Olavo Bilac)
E) Animação ou Estímulo: Vamos! Força! Coragem!
Ânimo! Adiante! REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
F) Aplauso ou Aprovação: Bravo! Bis! Apoiado! Viva!
G) Concordância: Claro! Sim! Pois não! Tá! SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
H) Repulsa ou Desaprovação: Credo! Ih! Francamente! Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Essa não! Chega! Basta! CAMPEDELLI, Samira Yousseff, SOUZA, Jésus Barbosa
I) Desejo ou Intenção: Pudera! Tomara! Oxalá! Queira - Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática
Deus! – volume único – 3.ª Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
J) Desculpa: Perdão!
K) Dor ou Tristeza: Ai! Ui! Ai de mim! Que pena! SITE
L) Dúvida ou Incredulidade: Que nada! Qual o quê!
M) Espanto ou Admiração: Oh! Ah! Uai! Puxa! Céus! Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se-
Quê! Caramba! Opa! Nossa! Hein? Cruz! Putz! coes/morf/morf89.php>
LÍNGUA PORTUGUESA

N) Impaciência ou Contrariedade: Hum! Raios! Puxa!


Pô! Ora! 6. NUMERAL
O) Pedido de Auxílio: Socorro! Aqui! Piedade!
P) Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve! Viva! Numeral é a palavra variável que indica quantidade
Olá! Alô! Tchau! Psiu! Socorro! Valha-me, Deus! numérica ou ordem; expressa a quantidade exata de pes-
Q) Silêncio: Psiu! Silêncio! soas ou coisas ou o lugar que elas ocupam numa deter-
R) Terror ou Medo: Credo! Cruzes! Minha nossa! minada sequência.

38
Os numerais traduzem, em palavras, o que os núme- “Me empresta duzentinho...”
ros indicam em relação aos seres. Assim, quando a ex- É artigo de primeiríssima qualidade!
pressão é colocada em números (1, 1.º, 1/3, etc.) não se O time está arriscado por ter caído na segundona. (=
trata de numerais, mas sim de algarismos. segunda divisão de futebol)
Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem
a ideia expressa pelos números, existem mais algumas Emprego e Leitura dos Numerais
palavras consideradas numerais porque denotam quan-
tidade, proporção ou ordenação. São alguns exemplos: Os numerais são escritos em conjunto de três algaris-
década, dúzia, par, ambos(as), novena. mos, contados da direita para a esquerda, em forma de
centenas, dezenas e unidades, tendo cada conjunto uma
Classificação dos Numerais separação através de ponto ou espaço correspondente a
um ponto: 8.234.456 ou 8 234 456.
A) Cardinais: indicam quantidade exata ou determi- Em sentido figurado, usa-se o numeral para indicar
nada de seres: um, dois, cem mil, etc. Alguns car- exagero intencional, constituindo a figura de linguagem
dinais têm sentido coletivo, como por exemplo: conhecida como hipérbole: Já li esse texto mil vezes.
século, par, dúzia, década, bimestre. No português contemporâneo, não se usa a conjun-
B) Ordinais: indicam a ordem, a posição que alguém ção “e” após “mil”, seguido de centena: Nasci em mil no-
ou alguma coisa ocupa numa determinada se- vecentos e noventa e dois.
quência: primeiro, segundo, centésimo, etc. Seu salário será de mil quinhentos e cinquenta reais.

As palavras anterior, posterior, último, antepenúltimo, Mas, se a centena começa por “zero” ou termina por
final e penúltimo também indicam posição dos seres, dois zeros, usa-se o “e”: Seu salário será de mil e quinhen-
mas são classificadas como adjetivos, não ordinais. tos reais. (R$1.500,00)

C) Fracionários: indicam parte de uma quantidade, ou Gastamos mil e quarenta reais. (R$1.040,00)
seja, uma divisão dos seres: meio, terço, dois quin-
Para designar papas, reis, imperadores, séculos e par-
tos, etc.
tes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais
D) Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação
até décimo e, a partir daí, os cardinais, desde que o nume-
dos seres, indicando quantas vezes a quantidade
ral venha depois do substantivo;
foi aumentada: dobro, triplo, quíntuplo, etc.

Flexão dos numerais Ordinais Cardinais


João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
Os numerais cardinais que variam em gênero são um/
uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/ D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
duzentas em diante: trezentos/trezentas, quatrocentos/ Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
quatrocentas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
variam em número: milhões, bilhões, trilhões. Os demais
cardinais são invariáveis. Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)

Os numerais ordinais variam em gênero e número: Se o numeral aparece antes do substantivo, será lido
como ordinal: XXX Feira do Bordado. (trigésima)

primeiro segundo milésimo


#FicaDica
primeira segunda milésima
primeiros segundos milésimos Ordinal lembra ordem. Memorize assim, por
associação. Ficará mais fácil!
primeiras segundas milésimas

Os numerais multiplicativos são invariáveis quando Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o or-
atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do es- dinal até nono e o cardinal de dez em diante:
forço e conseguiram o triplo de produção.
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)
triplas do medicamento.
LÍNGUA PORTUGUESA

Ambos/ambas = numeral dual, porque sempre se re-


Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e
fere a dois seres. Significam “um e outro”, “os dois” (ou
número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/
“uma e outra”, “as duas”) e são largamente empregados
duas terças partes.
para retomar pares de seres aos quais já se fez referência.
Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma
Sua utilização exige a presença do artigo posposto: Am-
dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
bos os concursos realizarão suas provas no mesmo dia. O
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau
artigo só é dispensado caso haja um pronome demons-
nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização
trativo: Ambos esses ministros falarão à imprensa.
de sentido. É o que ocorre em frases como:

39
Quadro de alguns numerais

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


Um Primeiro
Dois Segundo Dobro, Duplo Meio
Três Terceiro Triplo, Tríplice Terço
Quatro Quarto Quádruplo Quarto
Cinco Quinto Quíntuplo Quinto
Seis Sexto Sêxtuplo Sexto
Sete Sétimo Sétuplo Sétimo
Oito Oitavo Óctuplo Oitavo
Nove Nono Nônuplo Nono
Dez Décimo Décuplo Décimo
Onze Décimo Primeiro • Onze Avos
Doze Décimo Segundo • Doze Avos
Treze Décimo Terceiro • Treze Avos
Catorze Décimo Quarto • Catorze Avos
Quinze Décimo Quinto • Quinze Avos
Dezesseis Décimo Sexto • Dezesseis Avos
Dezessete Décimo Sétimo • Dezessete Avos
Dezoito Décimo Oitavo • Dezoito Avos
Dezenove Décimo Nono • Dezenove Avos
Vinte Vigésimo • Vinte Avos
Trinta Trigésimo • Trinta Avos
Quarenta Quadragésimo • Quarenta Avos
Cinqüenta Quinquagésimo • Cinquenta Avos
Sessenta Sexagésimo • Sessenta Avos
Setenta Septuagésimo • Setenta Avos
Oitenta Octogésimo • Oitenta Avos
Noventa Nonagésimo • Noventa Avos
Cem Centésimo Cêntuplo Centésimo
Duzentos Ducentésimo • Ducentésimo
Trezentos Trecentésimo • Trecentésimo
Quatrocentos Quadringentésimo • Quadringentésimo
Quinhentos Quingentésimo • Quingentésimo
Seiscentos Sexcentésimo • Sexcentésimo
Setecentos Septingentésimo Septingentésimo
Oitocentos Octingentésimo Octingentésimo
Nongentésimo ou
Novecentos Nongentésimo
Noningentésimo
Mil Milésimo Milésimo
Milhão Milionésimo Milionésimo
Milhão Bilionésimo Bilionésimo
LÍNGUA PORTUGUESA

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Cochar - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.

40
SITE Irei à festa sozinha.
Entregamos a flor à professora! = o primeiro “a” é arti-
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- go; o segundo, preposição.
coes/morf/morf40.php>
Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o
7. PREPOSIÇÃO lugar e/ou a função de um substantivo: Nós trouxemos a
apostila. = Nós a trouxemos.
Preposição é uma palavra invariável que serve para
ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, Relações semânticas (= de sentido) estabelecidas
normalmente há uma subordinação do segundo termo por meio das preposições:
em relação ao primeiro. As preposições são muito im-
portantes na estrutura da língua, pois estabelecem a coe- Destino = Irei a Salvador.
são textual e possuem valores semânticos indispensáveis Modo = Saiu aos prantos.
para a compreensão do texto. Lugar = Sempre a seu lado.
Assunto = Falemos sobre futebol.
Tipos de Preposição Tempo = Chegarei em instantes.
Causa = Chorei de saudade.
A) Preposições essenciais: palavras que atuam ex- Fim ou finalidade = Vim para ficar.
clusivamente como preposições: a, ante, perante, Instrumento = Escreveu a lápis.
após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, Posse = Vi as roupas da mamãe.
por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para Autoria = livro de Machado de Assis
com. Companhia = Estarei com ele amanhã.
B) Preposições acidentais: palavras de outras classes Matéria = copo de cristal.
gramaticais que podem atuar como preposições, Meio = passeio de barco.
Origem = Nós somos do Nordeste.
ou seja, formadas por uma derivação imprópria:
Conteúdo = frascos de perfume.
como, durante, exceto, fora, mediante, salvo, se-
Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
gundo, senão, visto.
Preço = Essa roupa sai por cinquenta reais.
C) Locuções prepositivas: duas ou mais palavras va-
lendo como uma preposição, sendo que a última
Quanto à preposição “trás”: não se usa senão nas
palavra é uma (preposição): abaixo de, acerca de,
locuções adverbiais (para trás ou por trás) e na locução
acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com,
prepositiva por trás de.
em cima de, embaixo de, em frente a, ao redor de,
graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
cima de, por trás de.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
A preposição é invariável, no entanto pode unir-se Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
a outras palavras e, assim, estabelecer concordância em CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
gênero ou em número. Exemplo: por + o = pelo / por + char - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
a = pela. – São Paulo: Saraiva, 2010.
Essa concordância não é característica da preposição, AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
mas das palavras às quais ela se une. literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
Esse processo de junção de uma preposição com ou-
tra palavra pode se dar a partir dos processos de: SITE

• Combinação: união da preposição “a” com o artigo Disponível em: <http://www.infoescola.com/portu-


“o”(s), ou com o advérbio “onde”: ao, aonde, aos. gues/preposicao/ >
Os vocábulos não sofrem alteração.
• Contração: união de uma preposição com outra 8. PRONOME
palavra, ocorrendo perda ou transformação de fo-
nema: de + o = do, em + a = na, per + os = pelos, Pronome é a palavra variável que substitui ou acom-
de + aquele = daquele, em + isso = nisso. panha um substantivo (nome), qualificando-o de alguma
• Crase: é a fusão de vogais idênticas: à (“a” preposi- forma.
ção + “a” artigo), àquilo (“a” preposição + 1.ª vogal O homem julga que é superior à natureza, por isso o
do pronome “aquilo”). homem destrói a natureza...
LÍNGUA PORTUGUESA

Utilizando pronomes, teremos: O homem julga que é


O “a” pode funcionar como preposição, pronome superior à natureza, por isso ele a destrói...
pessoal oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a” Ficou melhor, sem a repetição desnecessária de ter-
seja um artigo, virá precedendo um substantivo, servindo mos (homem e natureza).
para determiná-lo como um substantivo singular e femi-
nino: A matéria que estudei é fácil! Grande parte dos pronomes não possuem significa-
Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois dos fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação
termos e estabelece relação de subordinação entre eles. dentro de um contexto, o qual nos permite recuperar a

41
referência exata daquilo que está sendo colocado por 1.ª pessoa do plural: nós
meio dos pronomes no ato da comunicação. Com ex- 2.ª pessoa do plural: vós
ceção dos pronomes interrogativos e indefinidos, os de- 3.ª pessoa do plural: eles, elas
mais pronomes têm por função principal apontar para as
pessoas do discurso ou a elas se relacionar, indicando- Esses pronomes não costumam ser usados como
-lhes sua situação no tempo ou no espaço. Em virtude complementos verbais na língua-padrão. Frases como
dessa característica, os pronomes apresentam uma for- “Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu
ma específica para cada pessoa do discurso. até aqui”- comuns na língua oral cotidiana - devem ser
Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada. evitadas na língua formal escrita ou falada. Na língua for-
[minha/eu: pronomes de 1.ª pessoa = aquele que fala] mal, devem ser usados os pronomes oblíquos correspon-
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada? dentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram-
[tua/tu: pronomes de 2.ª pessoa = aquele a quem se -me até aqui”.
fala] Frequentemente observamos a omissão do pronome
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada. reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias
[dela/ela: pronomes de 3.ª pessoa = aquele de quem formas verbais marcam, através de suas desinências, as
se fala] pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto: Fizemos
boa viagem. (Nós)
Em termos morfológicos, os pronomes são palavras
variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em nú- B) Pronome Oblíquo
mero (singular ou plural). Assim, espera-se que a refe-
rência através do pronome seja coerente em termos de Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na
gênero e número (fenômeno da concordância) com o sentença, exerce a função de complemento verbal
seu objeto, mesmo quando este se apresenta ausente no (objeto direto ou indireto): Ofertaram-nos flores. (ob-
enunciado. jeto indireto)
Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da
nossa escola neste ano. Observação:
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordân-
cia adequada] O pronome oblíquo é uma forma variante do prono-
[neste: pronome que determina “ano” = concordân- me pessoal do caso reto. Essa variação indica a função
cia adequada] diversa que eles desempenham na oração: pronome reto
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = con- marca o sujeito da oração; pronome oblíquo marca o
cordância inadequada] complemento da oração. Os pronomes oblíquos sofrem
variação de acordo com a acentuação tônica que pos-
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos, suem, podendo ser átonos ou tônicos.
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos.
B.1 Pronome Oblíquo Átono
Pronomes Pessoais
São chamados átonos os pronomes oblíquos que não
São aqueles que substituem os substantivos, indican- são precedidos de preposição. Possuem acentuação tô-
do diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou nica fraca: Ele me deu um presente.
escreve assume os pronomes “eu” ou “nós”; usa-se os Lista dos pronomes oblíquos átonos
pronomes “tu”, “vós”, “você” ou “vocês” para designar a
quem se dirige, e “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer 1.ª pessoa do singular (eu): me
referência à pessoa ou às pessoas de quem se fala. 2.ª pessoa do singular (tu): te
Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun- 3.ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto 1.ª pessoa do plural (nós): nos
ou do caso oblíquo. 2.ª pessoa do plural (vós): vos
3.ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes
A) Pronome Reto

Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sen-


tença, exerce a função de sujeito: Nós lhe ofertamos
flores.
Os pronomes retos apresentam flexão de número,
gênero (apenas na 3.ª pessoa) e pessoa, sendo essa úl-
LÍNGUA PORTUGUESA

tima a principal flexão, uma vez que marca a pessoa do


discurso. Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é
assim configurado:

1.ª pessoa do singular: eu


2.ª pessoa do singular: tu
3.ª pessoa do singular: ele, ela

42
A combinação da preposição “com” e alguns prono-
FIQUE ATENTO! mes originou as formas especiais comigo, contigo, consi-
Os pronomes o, os, a, as assumem formas go, conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos
especiais depois de certas terminações frequentemente exercem a função de adjunto adverbial
verbais: de companhia: Ele carregava o documento consigo.
1. Quando o verbo termina em -z, -s ou
-r, o pronome assume a forma lo, los, la A preposição “até” exige as formas oblíquas tônicas:
ou las, ao mesmo tempo que a terminação Ela veio até mim, mas nada falou.
verbal é suprimida. Por exemplo: Mas, se “até” for palavra denotativa (com o sentido de
fiz + o = fi-lo inclusão), usaremos as formas retas: Todos foram bem na
fazeis + o = fazei-lo prova, até eu! (= inclusive eu)
dizer + a = dizê-la
2. Quando o verbo termina em som nasal, As formas “conosco” e “convosco” são substituídas
o pronome assume as formas no, nos, na, por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pes-
nas. Por exemplo: soais são reforçados por palavras como outros, mesmos,
viram + o: viram-no próprios, todos, ambos ou algum numeral.
repõe + os = repõe-nos Você terá de viajar com nós todos.
retém + a: retém-na Estávamos com vós outros quando chegaram as más
tem + as = tem-nas notícias.
Ele disse que iria com nós três.
B.2 Pronome Oblíquo Tônico
B.3 Pronome Reflexivo
Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedi-
dos por preposições, em geral as preposições a, para, de São pronomes pessoais oblíquos que, embora fun-
e com. Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a cionem como objetos direto ou indireto, referem-se ao
função de objeto indireto da oração. Possuem acentua- sujeito da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe
ção tônica forte. a ação expressa pelo verbo.
Lista dos pronomes oblíquos tônicos: Lista dos pronomes reflexivos:

1.ª pessoa do singular (eu): mim, comigo 1.ªpessoa do singular (eu): me, mim = Eu não me lem-
2.ª pessoa do singular (tu): ti, contigo bro disso.
3.ª pessoa do singular (ele, ela): si, consigo, ele, ela 2.ª pessoa do singular (tu): te, ti = Conhece a ti mesmo.
1.ª pessoa do plural (nós): nós, conosco 3.ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo = Gui-
2.ª pessoa do plural (vós): vós, convosco
lherme já se preparou.
3.ª pessoa do plural (eles, elas): si, consigo, eles, elas

Observe que as únicas formas próprias do pronome Ela deu a si um presente.


tônico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa Antônio conversou consigo mesmo.
(ti). As demais repetem a forma do pronome pessoal do
caso reto. 1.ª pessoa do plural (nós): nos = Lavamo-nos no rio.
As preposições essenciais introduzem sempre prono- 2.ª pessoa do plural (vós): vos = Vós vos beneficiastes
mes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso com esta conquista.
reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o uso da 3.ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo = Eles se
língua formal, os pronomes costumam ser usados desta conheceram. / Elas deram a si um dia de folga.
forma:

Não há mais nada entre mim e ti. #FicaDica


Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela.
Não há nenhuma acusação contra mim. O pronome é reflexivo quando se refere
Não vá sem mim. à mesma pessoa do pronome subjetivo
(sujeito): Eu me arrumei e saí.
Há construções em que a preposição, apesar de sur- É pronome recíproco quando indica
gir anteposta a um pronome, serve para introduzir uma reciprocidade de ação: Nós nos amamos. /
oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos, o ver- Olhamo-nos calados.
bo pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um pro- O “se” pode ser usado como palavra
nome, deverá ser do caso reto. expletiva ou partícula de realce, sem ser
LÍNGUA PORTUGUESA

rigorosamente necessária e sem função


Trouxeram vários vestidos para eu experimentar. sintática: Os exploradores riam-se de suas
Não vá sem eu mandar. tentativas. / Será que eles se foram?

A frase: “Foi fácil para mim resolver aquela questão!”


está correta, já que “para mim” é complemento de “fá-
cil”. A ordem direta seria: Resolver aquela questão foi fácil
para mim!

43
C) Pronomes de Tratamento começamos a chamar alguém de “você”, não po-
deremos usar “te” ou “teu”. O uso correto exigirá,
São pronomes utilizados no tratamento formal, ceri- ainda, verbo na terceira pessoa.
monioso. Apesar de indicarem nosso interlocutor (por-
tanto, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
pessoa. Alguns exemplos: teus cabelos. (errado)
Vossa Alteza (V. A.) = príncipes, duques
Vossa Eminência (V. E.ma) = cardeais Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos
Vossa Reverendíssima (V. Ver.ma) = sacerdotes e reli- seus cabelos. (correto) = terceira pessoa do singular
giosos em geral
Vossa Excelência (V. Ex.ª) = oficiais de patente supe- ou
rior à de coronel, senadores, deputados, embaixadores,
professores de curso superior, ministros de Estado e de
Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
Tribunais, governadores, secretários de Estado, presiden-
te da República (sempre por extenso) teus cabelos. (correto) = segunda pessoa do singular
Vossa Magnificência (V. Mag.ª) = reitores de
universidades Pronomes Possessivos
Vossa Majestade (V. M.) = reis, rainhas e imperadores
Vossa Senhoria (V. S.a) = comerciantes em geral, ofi- São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical
ciais até a patente de coronel, chefes de seção e funcio- (possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo
nários de igual categoria (coisa possuída).
Vossa Meretíssima (sempre por extenso) = para juízes
de direito Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1.ª pessoa do
Vossa Santidade (sempre por extenso) = tratamento singular)
cerimonioso
Vossa Onipotência (sempre por extenso) = Deus
Número Pessoa Pronome
Também são pronomes de tratamento o senhor, a se- Singular Primeira Meu(s), minha(s)
nhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são em-
Singular Segunda Teu(s), tua(s)
pregados no tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”,
no tratamento familiar. Você e vocês são largamente em- Singular Terceira Seu(s), sua(s)
pregados no português do Brasil; em algumas regiões, a Plural Primeira Nosso(s), nossa(s)
forma tu é de uso frequente; em outras, pouco emprega-
da. Já a forma vós tem uso restrito à linguagem litúrgica, Plural Segunda Vosso(s), vossa(s)
ultraformal ou literária. Plural Terceira Seu(s), sua(s)
Observações: Note que:
1. Vossa Excelência X Sua Excelência: os pronomes de
A forma do possessivo depende da pessoa gramatical
tratamento que possuem “Vossa(s)” são emprega-
dos em relação à pessoa com quem falamos: Espe- a que se refere; o gênero e o número concordam com o
ro que V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribuição
encontro. naquele momento difícil.
2. Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito da
pessoa: Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Observações:
Sua Excelência, o Senhor Presidente da República,
agiu com propriedade. 1. A forma “seu” não é um possessivo quando resul-
3. Os pronomes de tratamento representam uma for- tar da alteração fonética da palavra senhor: Muito
ma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlo- obrigado, seu José.
cutores. Ao tratarmos um deputado por Vossa Ex- 2. Os pronomes possessivos nem sempre indicam
celência, por exemplo, estamos nos endereçando à posse. Podem ter outros empregos, como:
excelência que esse deputado supostamente tem A) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha.
para poder ocupar o cargo que ocupa. B) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40
4. Embora os pronomes de tratamento dirijam-se à anos.
2.ª pessoa, toda a concordância deve ser feita com C) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem
a 3.ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes pos- lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela.
sessivos e os pronomes oblíquos empregados em
3. Em frases onde se usam pronomes de tratamento,
relação a eles devem ficar na 3.ª pessoa.
LÍNGUA PORTUGUESA

o pronome possessivo fica na 3.ª pessoa: Vossa Ex-


Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas pro- celência trouxe sua mensagem?
messas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos. 4. Referindo-se a mais de um substantivo, o possessi-
vo concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus
5. Uniformidade de Tratamento: quando escreve- livros e anotações.
mos ou nos dirigimos a alguém, não é permitido 5. Em algumas construções, os pronomes pessoais
mudar, ao longo do texto, a pessoa do tratamen- oblíquos átonos assumem valor de possessivo: Vou
to escolhida inicialmente. Assim, por exemplo, se seguir-lhe os passos. (= Vou seguir seus passos)

44
6. O adjetivo “respectivo” equivale a “devido, seu, ou
próprio”, por isso não se deve usar “seus” ao uti-
lizá-lo, para que não ocorra redundância: Coloque Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Pau-
tudo nos respectivos lugares. lo; aquele está mais bem colocado que este. (= este [São
Paulo], aquele [Palmeiras])
Pronomes Demonstrativos
Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou
São utilizados para explicitar a posição de certa pa- invariáveis, observe:
lavra em relação a outras ou ao contexto. Essa relação Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s),
pode ser de espaço, de tempo ou em relação ao discurso. aquela(s).
Invariáveis: isto, isso, aquilo.
A) Em relação ao espaço:
Este(s), esta(s) e isto = indicam o que está perto da Também aparecem como pronomes demonstrativos:
pessoa que fala:
Este material é meu. • o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e
puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s),
Esse(s), essa(s) e isso = indicam o que está perto da aquilo.
pessoa com quem se fala:
Esse material em sua carteira é seu?
Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam o que está
Essa rua não é a que te indiquei. (não é aquela que te
distante tanto da pessoa que fala como da pessoa com
indiquei.)
quem se fala:
Aquele material não é nosso.
• mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s): variam
Vejam aquele prédio!
em gênero quando têm caráter reforçativo:
B) Em relação ao tempo:
Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem.
Este(s), esta(s) e isto = indicam o tempo presente em Eu mesma refiz os exercícios.
relação à pessoa que fala: Elas mesmas fizeram isso.
Esta manhã farei a prova do concurso! Eles próprios cozinharam.
Os próprios alunos resolveram o problema.
Esse(s), essa(s) e isso = indicam o tempo passado, po-
rém relativamente próximo à época em que se situa a • semelhante(s): Não tenha semelhante atitude.
pessoa que fala: • tal, tais: Tal absurdo eu não cometeria.
Essa noite dormi mal; só pensava no concurso! 1. Em frases como: O referido deputado e o Dr. Alci-
des eram amigos íntimos; aquele casado, solteiro
Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam um afastamen- este. (ou então: este solteiro, aquele casado) - este
to no tempo, referido de modo vago ou como tempo se refere à pessoa mencionada em último lugar;
remoto: aquele, à mencionada em primeiro lugar.
Naquele tempo, os professores eram valorizados. 2. O pronome demonstrativo tal pode ter cono-
tação irônica: A menina foi a tal que ameaçou o
C) Em relação ao falado ou escrito (ou ao que se fala- professor?
rá ou escreverá): 3. Pode ocorrer a contração das preposições a, de,
em com pronome demonstrativo: àquele, àquela,
Este(s), esta(s) e isto = empregados quando se quer deste, desta, disso, nisso, no, etc: Não acreditei no
fazer referência a alguma coisa sobre a qual ainda se que estava vendo. (no = naquilo)
falará:
Serão estes os conteúdos da prova: análise sintática, Pronomes Indefinidos
ortografia, concordância.
Esse(s), essa(s) e isso = utilizados quando se pretende São palavras que se referem à 3.ª pessoa do discur-
fazer referência a alguma coisa sobre a qual já se falou: so, dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando
Sua aprovação no concurso, isso é o que mais quantidade indeterminada.
desejamos! Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas
LÍNGUA PORTUGUESA

recém-plantadas.
Este e aquele são empregados quando se quer fazer
referência a termos já mencionados; aquele se refere ao Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pes-
termo referido em primeiro lugar e este para o referido soa de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de
por último: forma imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar
Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Pau- um ser humano que seguramente existe, mas cuja iden-
lo; este está mais bem colocado que aquele. (= este [São tidade é desconhecida ou não se quer revelar. Classifi-
Paulo], aquele [Palmeiras])
cam-se em:

45
A) Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o Cada um escolheu o vinho desejado.
lugar do ser ou da quantidade aproximada de se-
res na frase. São eles: algo, alguém, fulano, sicrano, Pronomes Relativos
beltrano, nada, ninguém, outrem, quem, tudo.
São aqueles que representam nomes já mencionados
Algo o incomoda? anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem
Quem avisa amigo é. as orações subordinadas adjetivas.
O racismo é um sistema que afirma a superioridade de
B) Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um um grupo racial sobre outros.
ser expresso na frase, conferindo-lhe a noção de (afirma a superioridade de um grupo racial sobre ou-
quantidade aproximada. São eles: cada, certo(s), tros = oração subordinada adjetiva).
certa(s).
O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sis-
Cada povo tem seus costumes. tema” e introduz uma oração subordinada. Diz-se que
Certas pessoas exercem várias profissões. a palavra “sistema” é antecedente do pronome relativo
que.
Note que: O antecedente do pronome relativo pode ser o pro-
nome demonstrativo o, a, os, as.
Não sei o que você está querendo dizer.
Ora são pronomes indefinidos substantivos, ora pro-
Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem
nomes indefinidos adjetivos:
expresso.
Quem casa, quer casa.
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, mui-
tos), demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, ne-
Observe:
nhuns, nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s),
qualquer, quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os
tais, tanto(s), tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas,
vários, várias. quantas.
Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.
Menos palavras e mais ações.
Alguns se contentam pouco. Note que:

Os pronomes indefinidos podem ser divididos em va- O pronome “que” é o relativo de mais largo empre-
riáveis e invariáveis. Observe: go, sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser
substituído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando
• Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vá- seu antecedente for um substantivo.
rio, tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
muita, pouca, vária, tanta, outra, quanta, qualquer, A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (=
quaisquer*, alguns, nenhuns, todos, muitos, pou- a qual)
cos, vários, tantos, outros, quantos, algumas, ne- Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os
nhumas, todas, muitas, poucas, várias, tantas, ou- quais)
tras, quantas. As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (=
• Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, as quais)
nada, algo, cada.
O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente
*Qualquer é composto de qual + quer (do verbo que- pronomes relativos, por isso são utilizados didaticamen-
rer), por isso seu plural é quaisquer (única palavra cujo te para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde”
plural é feito em seu interior). (que podem ter várias classificações) são pronomes rela-
tivos. Todos eles são usados com referência à pessoa ou
Todo e toda no singular e junto de artigo significa in- coisa por motivo de clareza ou depois de determinadas
teiro; sem artigo, equivale a qualquer ou a todas as: preposições: Regressando de São Paulo, visitei o sítio de
minha tia, o qual me deixou encantado. O uso de “que”,
Toda a cidade está enfeitada. (= a cidade inteira) neste caso, geraria ambiguidade. Veja: Regressando de
Toda cidade está enfeitada. (= todas as cidades) São Paulo, visitei o sítio de minha tia, que me deixou en-
cantado (quem me deixou encantado: o sítio ou minha
LÍNGUA PORTUGUESA

Trabalho todo o dia. (= o dia inteiro)


Trabalho todo dia. (= todos os dias) tia?).
Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas
São locuções pronominais indefinidas: cada qual, dúvidas? (com preposições de duas ou mais sílabas utili-
cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer za-se o qual / a qual)
(que), seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que,
e se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas
qual (= certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma
deixou de ser poeta, que era a sua vocação natural.
ou outra, etc.

46
O pronome “cujo”: exprime posse; não concorda com Pronomes Interrogativos
o seu antecedente (o ser possuidor), mas com o conse-
quente (o ser possuído, com o qual concorda em gêne- São usados na formulação de perguntas, sejam elas
ro e número); não se usa artigo depois deste pronome; diretas ou indiretas. Assim como os pronomes indefini-
“cujo” equivale a do qual, da qual, dos quais, das quais. dos, referem-se à 3.ª pessoa do discurso de modo im-
Existem pessoas cujas ações são nobres. preciso. São pronomes interrogativos: que, quem, qual (e
(antecedente)(consequente) variações), quanto (e variações).

Se o verbo exigir preposição, esta virá antes do pro- Com quem andas?
nome: O autor, a cujo livro você se referiu, está aqui! (re- Qual seu nome?
feriu-se a) Diz-me com quem andas, que te direi quem és.

“Quanto” é pronome relativo quando tem por ante- O pronome pessoal é do caso reto quando tem fun-
cedente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e ção de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso
tudo: oblíquo quando desempenha função de complemento.

Emprestei tantos quantos foram necessários. 1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar.
(antecedente) 2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia
lhe ajudar.
Ele fez tudo quanto havia falado.
(antecedente) Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele”
exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao
O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre caso reto. Já na segunda oração, o pronome “lhe” exerce
precedido de preposição. função de complemento (objeto), ou seja, caso oblíquo.
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discur-
É um professor a quem muito devemos. so. O pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta
(preposição) para a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não
sabia se devia ajudar... Ajudar quem? Você (lhe).
“Onde”, como pronome relativo, sempre possui ante-
cedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou
casa onde morava foi assaltada. tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição,
Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou diferentemente dos segundos, que são sempre precedi-
em que: Sinto saudades da época em que (quando) morá- dos de preposição.
vamos no exterior.
A) Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o
Podem ser utilizadas como pronomes relativos as que eu estava fazendo.
palavras: B) Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para
mim o que eu estava fazendo.
• como (= pelo qual) – desde que precedida das pa-
lavras modo, maneira ou forma: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Não me parece correto o modo como você agiu sema- SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
na passada. Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
• quando (= em que) – desde que tenha como ante- char - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
cedente um nome que dê ideia de tempo: – São Paulo: Saraiva, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
Bons eram os tempos quando podíamos jogar literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
videogame. CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
Os pronomes relativos permitem reunir duas orações Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição –
numa só frase. São Paulo: Saraiva, 2002.
O futebol é um esporte. / O povo gosta muito deste
esporte. SITE
LÍNGUA PORTUGUESA

= O futebol é um esporte de que o povo gosta muito.


Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se-
Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode coes/morf/morf42.php>
ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de
gente que conversava, (que) ria, observava. Colocação Pronominal

Colocação Pronominal trata da correta colocação dos


pronomes oblíquos átonos na frase.

47
Vou-me embora agora mesmo.
#FicaDica Levanto-me às 6h.
Pronome Oblíquo é aquele que exerce a • Quando houver pausa antes do verbo: Se eu passo
função de complemento verbal (objeto). Por no concurso, mudo-me hoje mesmo!
isso, memorize: • Quando o verbo estiver no gerúndio: Recusou a
OBlíquo = OBjeto! proposta fazendo-se de desentendida.

Colocação pronominal nas locuções verbais


Embora na linguagem falada a colocação dos prono-
mes não seja rigorosamente seguida, algumas normas • Após verbo no particípio = pronome depois do
devem ser observadas na linguagem escrita. verbo auxiliar (e não depois do particípio):
Tenho me deliciado com a leitura!
Próclise = É a colocação pronominal antes do verbo. Eu tenho me deliciado com a leitura!
A próclise é usada: Eu me tenho deliciado com a leitura!
• Quando o verbo estiver precedido de palavras que • Não convém usar hífen nos tempos compostos e
atraem o pronome para antes do verbo. São elas:
nas locuções verbais:
A) Palavras de sentido negativo: não, nunca, ninguém,
jamais, etc.: Não se desespere!
Vamos nos unir!
B) Advérbios: Agora se negam a depor.
Iremos nos manifestar.
C) Conjunções subordinativas: Espero que me expli-
quem tudo!
D) Pronomes relativos: Venceu o concurseiro que se • Quando há um fator para próclise nos tempos
esforçou. compostos ou locuções verbais: opção pelo uso
E) Pronomes indefinidos: Poucos te deram a do pronome oblíquo “solto” entre os verbos =
oportunidade. Não vamos nos preocupar (e não: “não nos vamos
F) Pronomes demonstrativos: Isso me magoa muito. preocupar”).
• Orações iniciadas por palavras interrogativas:
Quem lhe disse isso? Emprego de o, a, os, as
• Orações iniciadas por palavras exclamativas: Quan-
to se ofendem! • Em verbos terminados em vogal ou ditongo oral,
• Orações que exprimem desejo (orações optativas): os pronomes: o, a, os, as não se alteram.
Que Deus o ajude.
• A próclise é obrigatória quando se utiliza o pro- Chame-o agora.
nome reto ou sujeito expresso: Eu lhe entregarei o Deixei-a mais tranquila.
material amanhã. / Tu sabes cantar?
• Em verbos terminados em r, s ou z, estas consoan-
Mesóclise = É a colocação pronominal no meio do tes finais alteram-se para lo, la, los, las. Exemplos:
verbo. A mesóclise é usada:
Quando o verbo estiver no futuro do presente ou fu- (Encontrar) Encontrá-lo é o meu maior sonho.
turo do pretérito, contanto que esses verbos não estejam (Fiz) Fi-lo porque não tinha alternativa.
precedidos de palavras que exijam a próclise. Exemplos:
Realizar-se-á, na próxima semana, um grande evento em • Em verbos terminados em ditongos nasais (am,
prol da paz no mundo. em, ão, õe), os pronomes o, a, os, as alteram-se
Repare que o pronome está “no meio” do verbo “rea- para no, na, nos, nas.
lizará”: realizar – SE – á. Se houvesse na oração alguma
palavra que justificasse o uso da próclise, esta prevalece- Chamem-no agora.
ria. Veja: Não se realizará... Põe-na sobre a mesa.
Não fossem os meus compromissos, acompanhar-te-ia
nessa viagem.
(com presença de palavra que justifique o uso de pró- #FicaDica
clise: Não fossem os meus compromissos, EU te acompa-
nharia nessa viagem). Próclise – pró lembra pré; pré é prefixo que
Ênclise = É a colocação pronominal depois do verbo. significa “antes”! Pronome antes do verbo!
A ênclise é usada quando a próclise e a mesóclise não Ênclise – “en” lembra, pelo “som”, /Ənd/
LÍNGUA PORTUGUESA

forem possíveis: (end, em Inglês – que significa “fim, final!).


Pronome depois do verbo!
• Quando o verbo estiver no imperativo afirmativo: Mesóclise – pronome oblíquo no Meio do
Quando eu avisar, silenciem-se todos. verbo
• Quando o verbo estiver no infinitivo impessoal:
Não era minha intenção machucá-la.
• Quando o verbo iniciar a oração. (até porque não
se inicia período com pronome oblíquo).

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS B) Substantivos Concretos e Abstratos

SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa B.1 Substantivo Concreto: é aquele que designa o
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. ser que existe, independentemente de outros seres.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
char - Português linguagens: volume 3 – 7.ª ed. Reform. Observação:
– São Paulo: Saraiva, 2010.
Os substantivos concretos designam seres do mundo
SITE real e do mundo imaginário.
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra,
Disponível em: <http://www.portugues.com.br/gra- Brasília.
matica/colocacao-pronominal-.html> Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água,
fantasma.
9. SUBSTANTIVO
B.2 Substantivo Abstrato: é aquele que designa se-
Substantivo é a classe gramatical de palavras variá- res que dependem de outros para se manifestarem ou
veis, as quais denominam todos os seres que existem, existirem. Por exemplo: a beleza não existe por si só,
sejam reais ou imaginários. Além de objetos, pessoas e
não pode ser observada. Só podemos observar a beleza
fenômenos, os substantivos também nomeiam:
numa pessoa ou coisa que seja bela. A beleza depende
de outro ser para se manifestar. Portanto, a palavra bele-
• lugares: Alemanha, Portugal
za é um substantivo abstrato.
• sentimentos: amor, saudade
• estados: alegria, tristeza
• qualidades: honestidade, sinceridade Os substantivos abstratos designam estados, quali-
• ações: corrida, pescaria dades, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem
ser abstraídos, e sem os quais não podem existir: vida
Morfossintaxe do substantivo (estado), rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade
(sentimento).
Nas orações, geralmente o substantivo exerce fun-
ções diretamente relacionadas com o verbo: atua como • Substantivos Coletivos
núcleo do sujeito, dos complementos verbais (objeto di-
reto ou indireto) e do agente da passiva, podendo, ainda, Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha,
funcionar como núcleo do complemento nominal ou do outra abelha, mais outra abelha.
aposto, como núcleo do predicativo do sujeito, do obje- Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
to ou como núcleo do vocativo. Também encontramos Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
substantivos como núcleos de adjuntos adnominais e de
adjuntos adverbiais - quando essas funções são desem- Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi ne-
penhadas por grupos de palavras. cessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha,
mais outra abelha. No segundo caso, utilizaram-se duas
Classificação dos Substantivos palavras no plural. No terceiro, empregou-se um subs-
tantivo no singular (enxame) para designar um conjunto
A) Substantivos Comuns e Próprios de seres da mesma espécie (abelhas).
O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
Observe a definição:
Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que,
Cidade: s.f. 1. Povoação maior que vila, com muitas mesmo estando no singular, designa um conjunto de se-
casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil, res da mesma espécie.
toda a sede de município é cidade). 2. O centro de uma
cidade (em oposição aos bairros).
Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas Substantivo coletivo Conjunto de:
e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada assembleia pessoas reunidas
cidade. Isso significa que a palavra cidade é um substan- alcateia lobos
tivo comum.
acervo livros
Substantivo Comum é aquele que designa os seres de trechos literários
LÍNGUA PORTUGUESA

uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino, antologia


selecionados
homem, mulher, país, cachorro.
arquipélago ilhas
Estamos voando para Barcelona.
banda músicos
O substantivo Barcelona designa apenas um ser da desordeiros ou
espécie cidade. Barcelona é um substantivo próprio – bando
malfeitores
aquele que designa os seres de uma mesma espécie de
forma particular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil. banca examinadores

49
batalhão soldados Formação dos Substantivos

cardume peixes A) Substantivos Simples e Compostos


caravana viajantes peregrinos Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a
terra.
cacho frutas O substantivo chuva é formado por um único ele-
cancioneiro canções, poesias líricas mento ou radical. É um substantivo simples.
colmeia abelhas
A.1 Substantivo Simples: é aquele formado por um
concílio bispos único elemento.
congresso parlamentares, cientistas
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc.
atores de uma peça ou
elenco Veja agora: O substantivo guarda-chuva é formado por
filme dois elementos (guarda + chuva). Esse substantivo é
esquadra navios de guerra composto.
enxoval roupas
A.2 Substantivo Composto: é aquele formado por
falange soldados, anjos dois ou mais elementos. Outros exemplos: beija-
fauna animais de uma região -flor, passatempo.
feixe lenha, capim
B) Substantivos Primitivos e Derivados
flora vegetais de uma região
frota navios mercantes, ônibus B.1 Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva
de nenhuma outra palavra da própria língua por-
girândola fogos de artifício
tuguesa. O substantivo limoeiro, por exemplo, é
horda bandidos, invasores derivado, pois se originou a partir da palavra limão.
médicos, bois, credores, B.2 Substantivo Derivado: é aquele que se origina de
junta outra palavra.
examinadores
júri jurados Flexão dos substantivos
legião soldados, anjos, demônios
leva presos, recrutas O substantivo é uma classe variável. A palavra é variá-
vel quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por
malfeitores ou exemplo, pode sofrer variações para indicar:
malta
desordeiros Plural: meninos / Feminino: menina / Aumentativo:
manada búfalos, bois, elefantes, meninão / Diminutivo: menininho
matilha cães de raça A) Flexão de Gênero
molho chaves, verduras
multidão pessoas em geral Gênero é um princípio puramente linguístico, não de-
vendo ser confundido com “sexo”. O gênero diz respeito
insetos (gafanhotos, a todos os substantivos de nossa língua, quer se refiram
nuvem
mosquitos, etc.) a seres animais providos de sexo, quer designem apenas
penca bananas, chaves “coisas”: o gato/a gata; o banco, a casa.
Na língua portuguesa, há dois gêneros: masculino e
pinacoteca pinturas, quadros feminino. Pertencem ao gênero masculino os substanti-
quadrilha ladrões, bandidos vos que podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns.
Veja estes títulos de filmes:
ramalhete flores
O velho e o mar
rebanho ovelhas Um Natal inesquecível
peças teatrais, obras Os reis da praia
repertório
musicais
Pertencem ao gênero feminino os substantivos que
réstia alhos ou cebolas podem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas:
romanceiro poesias narrativas
A história sem fim
LÍNGUA PORTUGUESA

revoada pássaros
Uma cidade sem passado
sínodo párocos As tartarugas ninjas
talha lenha
Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes
tropa muares, soldados
turma estudantes, trabalhadores 1. Substantivos Biformes (= duas formas): apresen-
tam uma forma para cada gênero: gato – gata, ho-
vara porcos
mem – mulher, poeta – poetisa, prefeito - prefeita

50
2. Substantivos Uniformes: apresentam uma única Formação do Feminino dos Substantivos
forma, que serve tanto para o masculino quanto Uniformes
para o feminino. Classificam-se em:
A) Epicenos: referentes a animais. A distinção de sexo Epicenos:
se faz mediante a utilização das palavras “macho”
e “fêmea”: a cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
macho e o jacaré fêmea.
B) Sobrecomuns: substantivos uniformes referentes Não é possível saber o sexo do jacaré em questão.
a pessoas de ambos os sexos: a criança, a teste- Isso ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma
munha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o forma para indicar o masculino e o feminino.
indivíduo. Alguns nomes de animais apresentam uma só for-
ma para designar os dois sexos. Esses substantivos são
C) Comuns de Dois ou Comum de Dois Gêneros: in-
chamados de epicenos. No caso dos epicenos, quando
dicam o sexo das pessoas por meio do artigo: o
houver a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se
colega e a colega, o doente e a doente, o artista e
palavras macho e fêmea.
a artista.
A cobra macho picou o marinheiro.
Substantivos de origem grega terminados em ema A cobra fêmea escondeu-se na bananeira.
ou oma são masculinos: o fonema, o poema, o sistema, o
sintoma, o teorema. Sobrecomuns:

• Existem certos substantivos que, variando de gê- Entregue as crianças à natureza.


nero, variam em seu significado:
o águia (vigarista) e a águia (ave; perspicaz); o cabeça A palavra crianças se refere tanto a seres do sexo
(líder) e a cabeça (parte do corpo); o capital (di- masculino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso,
nheiro) e a capital (cidade); o coma (sono mórbido) nem o artigo nem um possível adjetivo permitem identi-
e a coma (cabeleira, juba); o lente (professor) e a ficar o sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja:
lente (vidro de aumento); o moral (estado de espí-
rito) e a moral (ética; conclusão); o praça (soldado A criança chorona chamava-se João.
raso) e a praça (área pública); o rádio (aparelho re- A criança chorona chamava-se Maria.
ceptor) e a rádio (estação emissora).
Outros substantivos sobrecomuns:
Formação do Feminino dos Substantivos Biformes a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa
criatura.
Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de
- aluna. Marcela faleceu

Comuns de Dois Gêneros:


• Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a
ao masculino: freguês - freguesa
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois.
• Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino
de três formas: Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher?
1. troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma
2. troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme.
3. troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona A distinção de gênero pode ser feita através da análi-
se do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o subs-
Exceções: barão – baronesa, ladrão - ladra, sultão tantivo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante;
- sultana um jovem - uma jovem; artista famoso - artista famosa;
repórter francês - repórter francesa
• Substantivos terminados em -or:
acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora A palavra personagem é usada indistintamente nos
troca-se -or por -triz: = imperador – imperatriz dois gêneros. Entre os escritores modernos nota-se
acentuada preferência pelo masculino: O menino desco-
• Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa: briu nas nuvens os personagens dos contos de carochinha.
cônsul - consulesa / abade - abadessa / poeta - Com referência à mulher, deve-se preferir o feminino:
poetisa / duque - duquesa / conde - condessa / O problema está nas mulheres de mais idade, que não
aceitam a personagem.
LÍNGUA PORTUGUESA

profeta - profetisa
• Substantivos que formam o feminino trocando o
-e final por -a: elefante - elefanta Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo
• Substantivos que têm radicais diferentes no mas- fotográfico Ana Belmonte.
culino e no feminino: bode – cabra / boi - vaca
• Substantivos que formam o feminino de maneira Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó
(pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o
especial, isto é, não seguem nenhuma das regras
maracajá, o clã, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o
anteriores: czar – czarina, réu - ré
proclama, o pernoite, o púbis.

51
Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, Os substantivos terminados em “m” fazem o plural
a cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a em “ns”: homem - homens.
libido, a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa). Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plural
pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes.
São geralmente masculinos os substantivos de ori-
gem grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilo- Atenção:
grama, o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o
telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema, O plural de caráter é caracteres.
o eczema, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o tra-
coma, o hematoma. Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-
Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc. -se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais;
caracol – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males,
Gênero dos Nomes de Cidades - Com raras exce- cônsul e cônsules.
ções, nomes de cidades são femininos: A histórica Ouro Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de
Preto. / A dinâmica São Paulo. / A acolhedora Porto Ale- duas maneiras:
gre. / Uma Londres imensa e triste.
Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre. 1. Quando oxítonos, em “is”: canil - canis
2. Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis.
Gênero e Significação
Observação:
Muitos substantivos têm uma significação no mascu-
lino e outra no feminino. Observe: A palavra réptil pode formar seu plural de duas ma-
o baliza (soldado que, que à frente da tropa, indica os neiras: répteis ou reptis (pouco usada).
movimentos que se deve realizar em conjunto; o que vai
à frente de um bloco carnavalesco, manejando um bas- Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de
tão), a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou duas maneiras:
proibição de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça (parte do
corpo), o cisma (separação religiosa, dissidência), a cisma 1. Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o
(ato de cismar, desconfiança), o cinza (a cor cinzenta), a acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses
cinza (resíduos de combustão), o capital (dinheiro), a ca- 2. Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam in-
pital (cidade), o coma (perda dos sentidos), a coma (ca- variáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus.
beleira), o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro),
a coral (cobra venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado Os substantivos terminados em “ão” fazem o plural
na administração da crisma e de outros sacramentos), a de três maneiras.
crisma (sacramento da confirmação), o cura (pároco), a
cura (ato de curar), o estepe (pneu sobressalente), a estepe 1. substituindo o -ão por -ões: ação - ações
(vasta planície de vegetação), o guia (pessoa que guia ou- 2. substituindo o -ão por -ães: cão - cães
tras), a guia (documento, pena grande das asas das aves), 3. substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos
o grama (unidade de peso), a grama (relva), o caixa (fun-
cionário da caixa), a caixa (recipiente, setor de pagamen- Observação:
tos), o lente (professor), a lente (vidro de aumento), o mo-
ral (ânimo), a moral (honestidade, bons costumes, ética), Muitos substantivos terminados em “ão” apresentam
o nascente (lado onde nasce o Sol), a nascente (a fonte), dois – e até três – plurais:
o maria-fumaça (trem como locomotiva a vapor), maria- aldeão – aldeões/aldeães/aldeãos a n c i ã o
-fumaça (locomotiva movida a vapor), o pala (poncho), a – anciões/anciães/anciãos
pala (parte anterior do boné ou quepe, anteparo), o rádio charlatão – charlatões/charlatães corrimão
(aparelho receptor), a rádio (emissora), o voga (remador), – corrimãos/corrimões
a voga (moda). guardião – guardiões/guardiães vilão – vilãos/
vilões/vilães
B) Flexão de Número do Substantivo
Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis:
Em português, há dois números gramaticais: o singu- o látex - os látex.
lar, que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural,
que indica mais de um ser ou grupo de seres. A caracte- Plural dos Substantivos Compostos
rística do plural é o “s” final.
LÍNGUA PORTUGUESA

A formação do plural dos substantivos compostos


Plural dos Substantivos Simples depende da forma como são grafados, do tipo de pa-
lavras que formam o composto e da relação que esta-
Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e belecem entre si. Aqueles que são grafados sem hífen
“n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã – comportam-se como os substantivos simples: aguar-
ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural). dente/aguardentes, girassol/girassóis, pontapé/pontapés,
Exceção: cânon - cânones. malmequer/malmequeres.

52
O plural dos substantivos compostos cujos elementos Plural dos Diminutivos
são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas
e discussões. Algumas orientações são dadas a seguir:
Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” fi-
A) Flexionam-se os dois elementos, quando formados nal e acrescenta-se o sufixo diminutivo.
de:
substantivo + substantivo = couve-flor e
couves-flores pãe(s) + zinhos = pãezinhos
substantivo + adjetivo = amor-perfeito e animai(s) + zinhos = animaizinhos
amores-perfeitos
adjetivo + substantivo = gentil-homem e botõe(s) + zinhos = botõezinhos
gentis-homens chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos
numeral + substantivo = quinta-feira e farói(s) + zinhos = faroizinhos
quintas-feiras
tren(s) + zinhos = trenzinhos
B) Flexiona-se somente o segundo elemento, quando colhere(s) + zinhas = colherezinhas
formados de:
verbo + substantivo = guarda-roupa e flore(s) + zinhas = florezinhas
guarda-roupas mão(s) + zinhas = mãozinhas
palavra invariável + palavra variável = alto-falante
papéi(s) + zinhos = papeizinhos
e alto-falantes
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas
reco-recos funi(s) + zinhos = funizinhos
C) Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando túnei(s) + zinhos = tuneizinhos
formados de: pai(s) + zinhos = paizinhos
substantivo + preposição clara + substantivo =
pé(s) + zinhos = pezinhos
água-de-colônia e águas-de-colônia
substantivo + preposição oculta + substantivo = pé(s) + zitos = pezitos
cavalo-vapor e cavalos-vapor
substantivo + substantivo que funciona como de-
Plural dos Nomes Próprios Personativos
terminante do primeiro, ou seja, especifica a função
ou o tipo do termo anterior: palavra-chave - pala-
vras-chave, bomba-relógio - bombas-relógio, ho- Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas
mem-rã - homens-rã, peixe-espada - peixes-espada. sempre que a terminação preste-se à flexão.
D) Permanecem invariáveis, quando formados de:
verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora Os Napoleões também são derrotados.
verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os As Raquéis e Esteres.
saca-rolhas

Casos Especiais Plural dos Substantivos Estrangeiros

o louva-a-deus e os louva-a-deus Substantivos ainda não aportuguesados devem ser


o bem-te-vi e os bem-te-vis escritos como na língua original, acrescentando-se “s”
o bem-me-quer e os bem-me-queres (exceto quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os
shorts, os jazz.
o joão-ninguém e os joões-ninguém.
Substantivos já aportuguesados flexionam-se de
Plural das Palavras Substantivadas acordo com as regras de nossa língua: os clubes, os cho-
pes, os jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons,
As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras
classes gramaticais usadas como substantivo, apresen- os réquiens.
tam, no plural, as flexões próprias dos substantivos. Observe o exemplo: Este jogador faz gols toda vez que
joga.
Pese bem os prós e os contras.
LÍNGUA PORTUGUESA

O plural correto seria gois (ô), mas não se usa.


O aluno errou na prova dos noves.
Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
Plural com Mudança de Timbre
Observação:
Certos substantivos formam o plural com mudança
Numerais substantivados terminados em “s” ou “z”
não variam no plural: Nas provas mensais consegui muitos de timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um
seis e alguns dez. fato fonético chamado metafonia (plural metafônico).

53
Singular Plural Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo in-
dicador de diminuição. Por exemplo: casinha.
Corpo (ô) Corpos (ó)
Esforço Esforços REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Fogo Fogos SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Forno Fornos Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
Fosso Fossos
char. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform.
Imposto Impostos – São Paulo: Saraiva, 2010.
Olho Olhos CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
Osso (ô) Ossos (ó) Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição –
Ovo Ovos São Paulo: Saraiva, 2002.
Poço Poços SITE
Porto Portos
Posto Postos Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se-
coes/morf/morf12.php>
Tijolo Tijolos
10. VERBO
Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bol-
sos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, Verbo é a palavra que se flexiona em pessoa, número,
etc. tempo e modo. A estes tipos de flexão verbal dá-se o
nome de conjugação (por isso também se diz que verbo
Observação: é a palavra que pode ser conjugada). Pode indicar, entre
outros processos: ação (amarrar), estado (sou), fenôme-
Distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de no (choverá); ocorrência (nascer); desejo (querer).
molho (ó) = feixe (molho de lenha).
Estrutura das Formas Verbais
Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o
Do ponto de vista estrutural, o verbo pode apresentar
norte, o leste, o oeste, a fé, etc.
os seguintes elementos:
Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames,
as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes. A) Radical: é a parte invariável, que expressa o signifi-
Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do cado essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-a-
singular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probida- va; fal-am. (radical fal-)
de, bom nome) e honras (homenagem, títulos). B) Tema: é o radical seguido da vogal temática que
Usamos, às vezes, os substantivos no singular, mas indica a conjugação a que pertence o verbo. Por
com sentido de plural: Aqui morreu muito negro. exemplo: fala-r. São três as conjugações:
Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas
improvisadas. 1.ª - Vogal Temática - A - (falar), 2.ª - Vogal Temática
- E - (vender), 3.ª - Vogal Temática - I - (partir).
C) Flexão de Grau do Substantivo
Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir C) Desinência modo-temporal: é o elemento que de-
as variações de tamanho dos seres. signa o tempo e o modo do verbo. Por exemplo:
falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indi-
Classifica-se em: cativo) / falasse ( indica o pretérito imperfeito do
subjuntivo)
1. Grau Normal - Indica um ser de tamanho conside- D) Desinência número-pessoal: é o elemento que de-
rado normal. Por exemplo: casa signa a pessoa do discurso (1.ª, 2.ª ou 3.ª) e o nú-
2. Grau Aumentativo - Indica o aumento do tama- mero (singular ou plural):
nho do ser. Classifica-se em: falamos (indica a 1.ª pessoa do plural.) / falavam (in-
dica a 3.ª pessoa do plural.)
Analítico = o substantivo é acompanhado de um ad-
jetivo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande. FIQUE ATENTO!
LÍNGUA PORTUGUESA

Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo in- O verbo pôr, assim como seus derivados
dicador de aumento. Por exemplo: casarão. (compor, repor, depor), pertencem à 2.ª
conjugação, pois a forma arcaica do verbo
3. Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tama- pôr era poer. A vogal “e”, apesar de haver
nho do ser. Pode ser: desaparecido do infinitivo, revela-se em
algumas formas do verbo: põe, pões,
Analítico = substantivo acompanhado de um adjeti- põem, etc.
vo que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena.

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Formas Rizotônicas e Arrizotônicas Havia muitos candidatos no dia da prova. (Havia =
Existiam)
Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
dos verbos com o conceito de acentuação tônica, perce- Haverá debates hoje. (Haverá = Realizar-se-ão)
bemos com facilidade que nas formas rizotônicas o acen- Viajei a Madri há muitos anos. (há = faz)
to tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, amo,
por exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico 2. Fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
não cai no radical, mas sim na terminação verbal (fora do
radical): opinei, aprenderão, amaríamos. Faz invernos rigorosos na Europa.
Era primavera quando o conheci.
Classificação dos Verbos Estava frio naquele dia.

Classificam-se em: 3. Todos os verbos que indicam fenômenos da natu-


reza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, tro-
A) Regulares: são aqueles que apresentam o radical vejar, amanhecer, escurecer, etc. Quando, porém,
inalterado durante a conjugação e desinências se constrói, “Amanheci cansado”, usa-se o verbo
idênticas às de todos os verbos regulares da mes- “amanhecer” em sentido figurado. Qualquer verbo
ma conjugação. Por exemplo: comparemos os ver- impessoal, empregado em sentido figurado, dei-
bos “cantar” e “falar”, conjugados no presente do xa de ser impessoal para ser pessoal, ou seja, terá
Modo Indicativo: conjugação completa.

Canto Falo Amanheci cansado. (Sujeito desinencial: eu)


Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
Cantas Falas Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
Canta Falas
4. O verbo passar (seguido de preposição), indicando
Cantamos Falamos
tempo: Já passa das seis.
Cantais Falais 5. Os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição
“de”, indicando suficiência:
#FicaDica
Basta de tolices.
Observe que, retirando os radicais, as Chega de promessas.
desinências modo-temporal e número-
pessoal mantiveram-se idênticas. Tente fazer 6. Os verbos estar e ficar em orações como “Está bem,
com outro verbo e perceberá que se repetirá Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal”, sem
o fato (desde que o verbo seja da primeira referência a sujeito expresso anteriormente (por
conjugação e regular!). Faça com o verbo exemplo: “ele está mal”). Podemos, nesse caso,
“andar”, por exemplo. Substitua o radical classificar o sujeito como hipotético, tornando-se,
“cant” e coloque o “and” (radical do verbo tais verbos, pessoais.
andar). Viu? Fácil! 7. O verbo dar + para da língua popular, equivalente
de “ser possível”. Por exemplo:

Não deu para chegar mais cedo.


B) Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca altera-
Dá para me arrumar uma apostila?
ções no radical ou nas desinências: faço, fiz, farei,
fizesse.
E) Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, con-
jugam-se apenas nas terceiras pessoas, do singu-
Observação:
lar e do plural. São unipessoais os verbos constar,
convir, ser (= preciso, necessário) e todos os que
Alguns verbos sofrem alteração no radical apenas
indicam vozes de animais (cacarejar, cricrilar, miar,
para que seja mantida a sonoridade. É o caso de: corrigir/
latir, piar).
corrijo, fingir/finjo, tocar/toquei, por exemplo. Tais altera-
ções não caracterizam irregularidade, porque o fonema
Os verbos unipessoais podem ser usados como ver-
permanece inalterado.
bos pessoais na linguagem figurada:
LÍNGUA PORTUGUESA

C) Defectivos: são aqueles que não apresentam con-


Teu irmão amadureceu bastante.
jugação completa. Os principais são adequar, pre-
O que é que aquela garota está cacarejando?
caver, computar, reaver, abolir, falir.
D) Impessoais: são os verbos que não têm sujeito e,
Principais verbos unipessoais:
normalmente, são usados na terceira pessoa do
singular. Os principais verbos impessoais são:
• Cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer,
1. Haver, quando sinônimo de existir, acontecer, rea-
ser (preciso, necessário):
lizar-se ou fazer (em orações temporais).

55
Cumpre estudarmos bastante. (Sujeito: estudarmos bastante)
Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover)
É preciso que chova. (Sujeito: que chova)

• Fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da conjunção que.

Faz dez anos que viajei à Europa. (Sujeito: que viajei à Europa)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não a vejo. (Sujeito: que não a vejo)

F) Abundantes: são aqueles que possuem duas ou mais formas equivalentes, geralmente no particípio, em que,
além das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas (particípio irregular).

O particípio regular (terminado em “–do”) é utilizado na voz ativa, ou seja, com os verbos ter e haver; o irregular é
empregado na voz passiva, ou seja, com os verbos ser, ficar e estar. Observe:

Particípio Particípio
Infinitivo
Regular Irregular
Aceitar Aceitado Aceito
Acender Acendido Aceso
Anexar Anexado Anexo
Benzer Benzido Bento
Corrigir Corrigido Correto
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Inserir Inserido Inserto
Limpar Limpado Limpo
Matar Matado Morto
Misturar Misturado Misto
Morrer Morrido Morto
Murchar Murchado Murcho
Pegar Pegado Pego
Romper Rompido Roto
Soltar Soltado Solto
Suspender Suspendido Suspenso
Tingir Tingido Tinto
Vagar Vagado Vago

Estes verbos e seus derivados possuem, apenas, o particípio irregular: abrir/aberto, cobrir/coberto, dizer/dito, escre-
ver/escrito, pôr/posto, ver/visto, vir/vindo.

G) Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Existem apenas dois: ser (sou, sois,
fui) e ir (fui, ia, vades).
H) Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal
LÍNGUA PORTUGUESA

(aquele que exprime a ideia fundamental, mais importante), quando acompanhado de verbo auxiliar, é expresso
numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.

Vou espantar todos!


(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora!


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

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Observação:

Os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

Conjugação dos Verbos Auxiliares

SER - Modo Indicativo

P r e t . Fut. do
Presente Pret. Perfeito Pret. Imp. Fut.do Pres.
mais-que-perf. Pretérito
Sou Fui Era Fora Serei Seria
És Foste Eras Foras Serás Serias
É Foi Era Fora Será Seria
Somos Fomos Éramos Fôramos Seremos Seríamos
Sois Fostes Éreis Fôreis Sereis Seríeis
São Foram Eram Foram Serão Seriam

SER - Modo Subjuntivo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

SER - Modo Imperativo

Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles

ESTAR - Modo Indicativo

Presente Pret. perf. Pret. Imp. Pret.mais-q-perf. Fut.doPres Fut.do Preté


LÍNGUA PORTUGUESA

estou estive estava estivera estarei estaria


estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

57
ESTAR Modo Subjuntivo – Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Pret.Mais-Q-Perf. Fut.do Pres. Fut.doPreté.


hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


ja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

HAVER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


LÍNGUA PORTUGUESA

haver haver havendo havido


haveres
haver
havermos
haverdes
haverem

58
TER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Pret.Mais-Q-Perf. Fut.do Pres. Fut.doPreté.


tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

I) Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já
implícita no próprio sentido do verbo (pronominais essenciais). Veja:
• Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a re-
flexibilidade já está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.

A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela
mesma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula
integrante do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço
da ideia reflexiva expressa pelo radical do próprio verbo. Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respec-
tivos pronomes):

Eu me arrependo, Tu te arrependes, Ele se arrepende, Nós nos arrependemos, Vós vos arrependeis, Eles se arrependem

• Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto re-
presentado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele
mesmo. Em geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os
pronomes mencionados, formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: A garota se penteava.

A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa: A garota penteou-me.

Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática.
Há verbos que também são acompanhados de pronomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente prono-
minais - são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à
do sujeito, exercem funções sintáticas. Por exemplo:
Eu me feri. = Eu (sujeito) – 1.ª pessoa do singular; me (objeto direto) – 1.ª pessoa do singular
LÍNGUA PORTUGUESA

Modos Verbais

Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo na expressão de um fato certo, real, verdadeiro.
Existem três modos:

A) Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu estudo para o concurso.


B) Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Talvez eu estude amanhã.
C) Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estude, colega!

59
Formas Nominais Quando o particípio exprime somente estado, sem
nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a
Além desses três modos, o verbo apresenta ainda for- função de adjetivo. Por exemplo: Ela é a aluna escolhida
mas que podem exercer funções de nomes (substantivo, pela turma.
adjetivo, advérbio), sendo por isso denominadas formas
nominais. Observe:

A) Infinitivo
A.1 Impessoal: exprime a significação do verbo de
modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de
substantivo. Por exemplo:

Viver é lutar. (= vida é luta) Tempos Verbais


É indispensável combater a corrupção. (= combate à)
Tomando-se como referência o momento em que se
O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presen- fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diver-
te (forma simples) ou no passado (forma composta). Por sos tempos.
exemplo:
É preciso ler este livro. A) Tempos do Modo Indicativo
Era preciso ter lido este livro.
Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste
A.2 Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às colégio.
três pessoas do discurso. Na 1.ª e 3.ª pessoas do singular, Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido
não apresenta desinências, assumindo a mesma forma do num momento anterior ao atual, mas que não foi com-
impessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira: pletamente terminado: Ele estudava as lições quando foi
2.ª pessoa do singular: Radical + ES = teres (tu) interrompido.
1.ª pessoa do plural: Radical + MOS = termos (nós) Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num
2.ª pessoa do plural: Radical + DES = terdes (vós) momento anterior ao atual e que foi totalmente termina-
3.ª pessoa do plural: Radical + EM = terem (eles) do: Ele estudou as lições ontem à noite.
Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação. Pretérito-mais-que-perfeito - Expressa um fato
ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já estudara
B) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjeti- as lições quando os amigos chegaram. (forma simples).
vo ou advérbio. Por exemplo: Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve
Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento
advérbio) atual: Ele estudará as lições amanhã.
Água fervendo, pele ardendo. (função de adjetivo) Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode
ocorrer posteriormente a um determinado fato passado:
Na forma simples (1), o gerúndio expressa uma ação Se ele pudesse, estudaria um pouco mais.
em curso; na forma composta (2), uma ação concluída:
B) Tempos do Modo Subjuntivo
Trabalhando (1), aprenderás o valor do dinheiro.
Tendo trabalhado (2), aprendeu o valor do dinheiro. Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no mo-
mento atual: É conveniente que estudes para o exame.
Quando o gerúndio é vício de linguagem (gerundis- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado,
mo), ou seja, uso exagerado e inadequado do gerúndio: mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele
vencesse o jogo.
1. Enquanto você vai ao mercado, vou estar jogando Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode
futebol. ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quan-
2. – Sim, senhora! Vou estar verificando! do ele vier à loja, levará as encomendas.

Em 1, a locução “vou estar” + gerúndio é adequa-


da, pois transmite a ideia de uma ação que ocorre no FIQUE ATENTO!
momento da outra; em 2, essa ideia não ocorre, já que Há casos em que formas verbais de um
a locução verbal “vou estar verificando” refere-se a um determinado tempo podem ser utilizadas
futuro em andamento, exigindo, no caso, a construção
LÍNGUA PORTUGUESA

para indicar outro.


“verificarei” ou “vou verificar”. Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o
Brasil.
C) Particípio: quando não é empregado na formação descobre = forma do presente indicando
dos tempos compostos, o particípio indica, geral- passado ( = descobrira/descobriu)
mente, o resultado de uma ação terminada, flexio- No próximo final de semana, faço a prova!
nando-se em gênero, número e grau. Por exemplo: faço = forma do presente indicando futuro
Terminados os exames, os candidatos saíram. ( = farei)

60
Tabelas das Conjugações Verbais

Modo Indicativo

Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S

canta vende parte



cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

Pretérito Perfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

Pretérito mais-que-perfeito

3.ª conjugação
1.ª conjugação 2.ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1.ª/2.ª e 3.ª conj
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

Pretérito Imperfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
LÍNGUA PORTUGUESA

cantAVA vendIA partIA


cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

61
Futuro do Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

Futuro do Pretérito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1.ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2.ª e 3.ª conjugação).

Desinên. Pessoal Des. tem


1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des.temporal
1.ª conj. 2.ª/3.ª conj.poral
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de
número e pessoa correspondente.

Des.temporal
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
LÍNGUA PORTUGUESA

cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø


cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

62
Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de
número e pessoa correspondente.

Des.temporal
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM partiREM R EM

C) Modo Imperativo

Imperativo Afirmativo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2.ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Imperativo Presente do

Indicativo Afirmativo Subjuntivo

Eu canto Que eu cante



Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

Imperativo Negativo

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo

Que eu cante

Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
LÍNGUA PORTUGUESA

Que nós cantemos Não cantemos nós


Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles

• No modo imperativo não faz sentido usar na 3.ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem,
pedido ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
• O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

63
Infinitivo Pessoal O menino feriu-se.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação #FicaDica


CANTAR VENDER PARTIR
Não confundir o emprego reflexivo do verbo
cantar vender partir com a noção de reciprocidade:
cantarES venderES partirES Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
Nós nos amamos. (um ama o outro)
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES Formação da Voz Passiva
cantarEM venderEM partirEM A voz passiva pode ser formada por dois processos:
analítico e sintético.
• O verbo parecer admite duas construções:
A) Voz Passiva Analítica = Constrói-se da seguinte
Elas parecem gostar de você. (forma uma locução maneira:
verbal)
Elas parece gostarem de você. (verbo com sujeito ora-
Verbo SER + particípio do verbo principal. Por
cional, correspondendo à construção: parece gostarem de
exemplo:
você).
A escola será pintada pelos alunos. (na ativa teríamos:
• O verbo pegar possui dois particípios (regular e os alunos pintarão a escola)
irregular): O trabalho é feito por ele. (na ativa: ele faz o trabalho)

Elvis tinha pegado minhas apostilas. Observações:


Minhas apostilas foram pegas.
• O agente da passiva geralmente é acompanhado
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS da preposição por, mas pode ocorrer a construção
com a preposição de. Por exemplo: A casa ficou
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa cercada de soldados.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. • Pode acontecer de o agente da passiva não estar
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- explícito na frase: A exposição será aberta amanhã.
char - Português linguagens: volume 2. – 7.ª ed. Reform. • A variação temporal é indicada pelo verbo auxi-
– São Paulo: Saraiva, 2010. liar (SER), pois o particípio é invariável. Observe a
AMARAL, Emília... [et al.] - Português: novas palavras: transformação das frases seguintes:
literatura, gramática, redação. – São Paulo: FTD, 2000.
Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do Indicativo)
SITE O trabalho foi feito por ele. (verbo ser no pretérito per-
feito do Indicativo, assim como o verbo principal da voz
Disponível em: http://www.soportugues.com.br/se- ativa)
coes/morf/morf54.php
Ele faz o trabalho. (presente do indicativo)
Vozes do Verbo O trabalho é feito por ele. (ser no presente do
indicativo)
Dá-se o nome de voz à maneira como se apresenta
a ação expressa pelo verbo em relação ao sujeito, indi- Ele fará o trabalho. (futuro do presente)
cando se este é paciente ou agente da ação. Importante O trabalho será feito por ele. (futuro do presente)
lembrar que voz verbal não é flexão, mas aspecto verbal.
São três as vozes verbais: • Nas frases com locuções verbais, o verbo SER as-
sume o mesmo tempo e modo do verbo princi-
A) Ativa = quando o sujeito é agente, isto é, pratica a pal da voz ativa. Observe a transformação da frase
ação expressa pelo verbo: seguinte:
Ele fez o trabalho.
O vento ia levando as folhas. (gerúndio)
sujeito agente ação objeto (paciente)
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio)
LÍNGUA PORTUGUESA

B) Passiva = quando o sujeito é paciente, recebendo a


ação expressa pelo verbo: B) Voz Passiva Sintética = A voz passiva sintética -
ou pronominal - constrói-se com o verbo na 3.ª
O trabalho foi feito por ele. pessoa, seguido do pronome apassivador “se”. Por
sujeito paciente ação agente da passiva exemplo:

C) Reflexiva = quando o sujeito é, ao mesmo tempo, Abriram-se as inscrições para o concurso.


agente e paciente, isto é, pratica e recebe a ação: Destruiu-se o velho prédio da escola.

64
Observação: amizade. Como afirmou Shakespeare, perde-se o dinhei-
ro e o amigo. Nos primeiros pedidos, eu ajudava, com a
O agente não costuma vir expresso na voz passiva consciência de que era uma doação. A situação foi pio-
sintética. rando. Os argumentos também. No início era para pagar
a escola do filho. Depois vieram as mães e avós doentes.
Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva Lamentavelmente, aprendi a não ser generoso. Ajudava
um rapaz, que não conheço pessoalmente. Mas que so-
Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar freu um acidente e não tinha como pagar a fisioterapia.
substancialmente o sentido da frase. Comecei pagando a físio. Vieram sucessivas internações,
O concurseiro comprou a apostila. (Voz Ativa) remédios. A situação piorando, eu já estava encomen-
Sujeito da Ativa objeto Direto dando missa de sétimo dia. Falei com um amigo médico,
no Rio de Janeiro. Ele aceitou tratar o caso gratuitamen-
te. Surpresa! O doente não aparecia para a consulta. Até
A apostila foi comprada pelo concurseiro. (Voz
que o coloquei contra a parede. Ou se consultava ou eu
Passiva)
não ajudava mais.
Sujeito da Passiva Agente da Passiva Cheio de saúde, ele foi ao consultório. Pediu uma receita
de suplementos para ficar com o corpo atlético. Nunca
Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva; conheci o sujeito, repito. Eu me senti um idiota por ter
o sujeito da ativa passará a agente da passiva, e o verbo caído na história. Só que esse rapaz havia perdido o em-
ativo assumirá a forma passiva, conservando o mesmo prego após o suposto acidente. Foi por isso que me dei-
tempo. xei enganar. Mas, ao perder salário, muita gente perde
Os mestres têm constantemente aconselhado os também a vergonha. Pior ainda. A violência aumenta. As
alunos. pessoas buscam vagas nos mercados em expansão. Se a
Os alunos têm sido constantemente aconselhados pe- indústria automobilística vai bem, é lá que vão trabalhar.
los mestres. Podemos esperar por um futuro melhor ou o que nos
Eu o acompanharei. aguarda é mais descrédito? Novos candidatos vão sur-
Ele será acompanhado por mim. gir. Serão novos? Ou os antigos? Ou novos com cabeça
de velhos? Todos pedem que a gente tenha uma nova
Quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, não consciência para votar. Como? Num mundo em que as
haverá complemento agente na passiva. Por exemplo: notícias são plantadas pela internet, em que muitos sites
Prejudicaram-me. / Fui prejudicado. servem a qualquer mentira. Digo por mim. Já contaram
Com os verbos neutros (nascer, viver, morrer, dormir, cada história a meu respeito que nem sei o que dizer. Já
acordar, sonhar, etc.) não há voz ativa, passiva ou refle- inventaram casos de amor, tramas nas novelas que escre-
xiva, porque o sujeito não pode ser visto como agente, vo. Pior. Depois todo mundo me pergunta por que isso
paciente ou agente paciente. ou aquilo não aconteceu na novela. Se mudei a trama.
Respondo: — Nunca foi para acontecer. Era mentira da
internet.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Duvidam. Acham que estou mentindo.
CARRASCO, W. O ano da esperança. Época, 25 dez.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
2017, p.97. Adaptado.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- No trecho “perde-se o dinheiro e o amigo”, a colocação
char - Português linguagens: volume 2. – 7.ª ed. Reform. do pronome átono em destaque está de acordo com a
– São Paulo: Saraiva, 2010. norma-padrão da língua portuguesa. O mesmo ocorre
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: em:
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
a) Não se perde nem o dinheiro nem o amigo.
SITE b) Perderia-se o dinheiro e o amigo.
c) O dinheiro e o amigo tinham perdido-se.
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- d) Se perdeu o dinheiro, mas não o amigo.
coes/morf/morf54.php> e) Se o amigo que perdeu-se voltasse, ficaria feliz.

Resposta: Letra A
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Em “a”: Não se perde = correta (advérbio atrai o pro-
nome = próclise)
LÍNGUA PORTUGUESA

1. (LIQUIGÁS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO Em “b”: Perderia-se = verbo no futuro do pretérito:


– CESGRANRIO-2018) perder-se-ia (mesóclise)
Em “c”: O dinheiro e o amigo tinham perdido-se = ti-
O ano da esperança nham se perdido
Em “d”: Se perdeu = não se inicia período com prono-
O ano de 2017 foi difícil. Avalio pelo número de amigos me oblíquo/partícula apassivadora (Perdeu-se)
desempregados. E pedidos de empréstimos. Um atrás Em “e”: Se o amigo que perdeu-se = o “que” atrai o
do outro. Nunca fui de botar dinheiro nas relações de pronome (próclise): que se perdeu

65
2. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES- c) ... que o cercam...
GRANRIO-2018) Segundo as exigências da norma-pa- d) ... que lhe cercam...
drão da língua portuguesa, o pronome destacado foi e) ... que cercam-lhe...
utilizado na posição correta em:
Resposta: Letra C
a) Os jornais noticiaram que alguns países mobilizam-se
para combater a disseminação de notícias falsas nas
Correções à frente:
redes sociais.
b) Para criar leis eficientes no combate aos boatos, sem- Em “a”: que cercam-lo = o “que” atrai o pronome (que
pre deve-se ter em mente que o problema de divulga- o cercam)
ção de notícias falsas é grave e muito atual. Em “b”: que cercam-no = que o cercam (“no” está cor-
c) Entre os numerosos usuários da internet, constata-se reta – caso não tivéssemos o “que”, pois, devido a sua
um sentimento generalizado de reprovação à prática presença, teremos próclise, não ênclise)
de divulgação de inverdades. Em “c”: que o cercam = correta
d) Uma nova lei contra as fake news promulgada na Ale- Em “d”: que lhe cercam = a posição está correta, mas
manha não aplica-se aos sites e redes sociais com me- o pronome está errado (“lhe” é para objeto indireto =
nos de 2 milhões de membros. a ele/ela)
e) Uma vultosa multa é, muitas vezes, o estímulo mais Em “e”: que cercam-lhe = que o cercam
eficaz para que adote-se a conduta correta em relação
à reputação das celebridades.
5. (PC-SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP-2014)
Resposta: Letra C Considerando apenas as regras de regência e de coloca-
ção pronominal da norma-padrão da língua portuguesa,
Em “a”: Os jornais noticiaram que alguns países mobi- a expressão destacada em – Ainda assim, 60% afirmam
lizam-se = se mobilizam que raramente ou nunca têm informações sobre o im-
Em “b”: Para criar leis eficientes no combate aos boa- pacto ambiental do produto ou do comportamento da
tos, sempre deve-se = sempre se deve empresa. – pode ser corretamente substituída por
Em “c”: Entre os numerosos usuários da internet, cons-
tata-se um sentimento = correta a) ... nunca informam-se sob o impacto...
Em “d”: Uma nova lei contra as fake news promulgada b) ... nunca se informam o impacto...
na Alemanha não aplica-se = não se aplica c) ... nunca informam-se ao impacto...
Em “e”: Uma vultosa multa é, muitas vezes, o estímulo d) ... nunca se informam do impacto...
mais eficaz para que adote-se = que se adote
e) ... nunca informam-se no impacto...
3. (ALERJ-RJ – ESPECIALISTA LEGISLATIVO – ARQUI-
TETURA – FGV-2017-ADAPTADA) Se substituíssemos Resposta: Letra D
os complementos dos verbos abaixo por pronomes pes-
soais oblíquos enclíticos, a única forma INADEQUADA Por eliminação: o advérbio “nunca” atrai o pronome,
seria: teremos próclise (nunca se). Ficamos com B e D. Agora
vamos ao verbo: quem se informa, informa-se sobre
a) impregna a vida cotidiana / impregna-a; algo = precisa de preposição. A alternativa que tem
b) entender os debates / entendê-los; preposição presente é a D (do = de+o). Teremos: nun-
c) ganha destaque / ganha-o; ca se informam do impacto.
d) supõe um conhecimento / supõe-lo;
e) marcaram sua história / marcaram-na. 6. (PC-SP - ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL –
VUNESP-2013) Considerando a substituição da expres-
Resposta: Letra D
são em destaque por um pronome e as normas da co-
Em “a”: impregna a vida cotidiana / impregna-a = locação pronominal, a oração – … que abrem a cabeça
correta … – equivale, na norma-padrão da língua, a:
Em “b”: entender os debates / entendê-los = correta
Em “c”: ganha destaque / ganha-o = correta a) que abrem-a.
Em “d”: supõe um conhecimento / supõe-lo = b) que abrem-na.
supõe-no c) que a abrem.
Em “e”: marcaram sua história / marcaram-na = correta d) que lhe abrem.
e) que abrem-lhe.
4. (PC-SP - ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL –
VUNESP-2014) Considerando-se o uso do pronome e
LÍNGUA PORTUGUESA

Resposta: Letra C
a colocação pronominal, a expressão em destaque no
trecho – ... que cercam o sentido da existência huma-
na... – está corretamente substituída pelo pronome, de Primeiramente: o “que” atrai o pronome oblíquo, en-
acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, na tão teremos que + pronome. Resta-nos identificar se
alternativa: o pronome é objeto direto (a) ou indireto (lhe). Vol-
temos ao verbo: abrir. Quem abre, abre algo... abre o
a) ... que cercam-lo... quê? Sem preposição! Portanto: objeto direto = que
b) ... que cercam-no... a abrem.

66
7. (TST - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA APOIO ESPE- c) ... país que transformou a infância numa bilionária in-
CIALIZADO - ESPECIALIDADE MEDICINA DO TRABA- dústria de consumo...
LHO – FCC/2012) Aos poucos, contudo, fui chegando à d) E, mesmo que se esforcem muito...
constatação de que todo perfil de rede social é um retrato e) Hoje há algo novo nesse cenário.
ideal de nós mesmos.
Mantendo-se a correção e a lógica, sem que outra al- Resposta: Letra D
teração seja feita na frase, o elemento grifado pode ser
substituído por: que nos ajude = presente do Subjuntivo
Em “a”, que conseguissem = pretérito do Subjuntivo
a) ademais. Em “b”, que proliferaram = pretérito perfeito (e tam-
b) conquanto. bém mais-que-perfeito) do Indicativo
c) porquanto. Em “c”, que transformou = pretérito perfeito do
d) entretanto. Indicativo
e) apesar. Em “d”, que se esforcem = presente do Subjuntivo
Em “e”, há algo novo nesse cenário = presente do
Resposta: Letra D Indicativo

Contudo é uma conjunção adversativa (expressa opo- 10. (TRT 23.ª REGIÃO-MT - Técnico Judiciário – FCC-
sição). A substituição deve utilizar outra de mesma 2016) Empregam-se todas as formas verbais de acordo
classificação, para que se mantenha a ideia do perío- com a norma culta na seguinte frase:
do. A correta é entretanto.
a) Para que se mantesse sua autenticidade, o documento
8. (TRT 23.ª REGIÃO-MT - ANALISTA JUDICIÁRIO - não poderia receber qualquer tipo de retificação.
ÁREA ADMINISTRATIVA- FCC-2016) b) Os documentos com assinatura digital disporam de
algoritmos de criptografia que os protegeram.
... para quem Manoel de Barros era comparável a São c) Arquivados eletronicamente, os documentos pode-
Francisco de Assis... ram contar com a proteção de uma assinatura digital.
d) Quem se propor a alterar um documento criptografa-
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o da do deve saber que comprometerá sua integridade.
e) Não é possível fazer as alterações que convierem sem
frase acima está em:
comprometer a integridade dos documentos.
a) Dizia-se um “vedor de cinema”...
Resposta: Letra E
b) Porque não seria certo ficar pregando moscas no
espaço...
Em “a”, Para que se mantesse (mantivesse) sua auten-
c) Na juventude, apaixonou-se por Arthur Rimbaud e
ticidade, o documento não poderia receber qualquer
Charles Baudelaire. tipo de retificação.
d) Quase meio século separa a estreia de Manoel de Bar- Em “b”, Os documentos com assinatura digital dispo-
ros na literatura... ram (dispuseram) de algoritmos de criptografia que os
e) ... para depois casá-las... protegeram.
Em “c”, Arquivados eletronicamente, os documentos
Resposta: Letra A poderam (puderam) contar com a proteção de uma
assinatura digital.
“Era” = verbo “ser” no pretérito imperfeito do Indicati- Em “d”, Quem se propor (propuser) a alterar um docu-
vo. Procuremos nos itens: mento criptografado deve saber que comprometerá
Em “a”, Dizia-se = pretérito imperfeito do Indicativo sua integridade.
Em “b”, Porque não seria = futuro do pretérito do Em “e”, Não é possível fazer as alterações que convie-
Indicativo rem sem comprometer a integridade dos documentos
Em “c”, Na juventude, apaixonou-se = pretérito perfei- = correta
to do Indicativo
Em “d”, Quase meio século separa = presente do 11. (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO -
Indicativo SOLDADO PM 2.ª CLASSE – VUNESP/2017) Considere
Em “e”, para depois casá-las = Infinitivo pessoal (casar as seguintes frases:
elas) Primeiro, associe suas memórias com objetos físicos.
Segundo, não memorize apenas por repetição.
9. (TRT 20.ª REGIÃO-SE - TÉCNICO JUDICIÁRIO Terceiro, rabisque!
– FCC-2016)
LÍNGUA PORTUGUESA

Um verbo flexionado no mesmo modo que o dos verbos


Precisamos de um treinador que nos ajude a comer... empregados nessas frases está em destaque em:
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o
sublinhado acima está também sublinhado em: a) ... o acesso rápido e a quantidade de textos fazem com
que o cérebro humano não considere útil gravar esses
a) ... assim que conseguissem se virar sem as mães ou as dados...
amas... b) Na internet, basta um clique para vasculhar um sem-
b) Não é por acaso que proliferaram os coaches. -número de informações.

67
c) ... após discar e fazer a ligação, não precisamos mais A palavra “oposição”, da charge, é classificada morfolo-
dele... gicamente como:
d) Pense rápido: qual o número de telefone da casa em
que morou quando era criança? a) Substantivo concreto.
e) É o que mostra também uma pesquisa recente condu- b) Substantivo abstrato.
zida pela empresa de segurança digital Kaspersky... c) Substantivo coletivo.
d) Substantivo próprio.
Resposta: Letra D e) Adjetivo.
Os verbos das frases citadas estão no Modo Imperati- Resposta: Letra B
vo (expressam ordem). Vamos aos itens:
Em “a”, ... o acesso rápido e a quantidade de textos O termo “oposição” é classificado – morfologicamente
fazem = presente do Indicativo
– como substantivo abstrato, pois não existe por si só
Em “b”, Na internet, basta um clique = presente do
– depende de outro ser para “se concretizar”.
Indicativo
Em “c”, ... após discar e fazer a ligação, não precisamos
= presente do Indicativo
Em “d”, Pense rápido: = Imperativo ESTRUTURA MORFOSSINTÁTICA DO
Em “e”, É o que mostra também uma pesquisa = pre- PERÍODO SIMPLES.RELAÇÕES DE
sente do Indicativo COORDENAÇÃO ENTRE ORAÇÕES E ENTRE
TERMOS DA ORAÇÃO. RELAÇÕES DE
12. (PC-SP - ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL SUBORDINAÇÃO ENTRE ORAÇÕES E ENTRE
– VUNESP-2014) Assinale a alternativa em que a pala- TERMOS DA ORAÇÃO
vra em destaque na frase pertence à classe dos adjetivos
(palavra que qualifica um substantivo).
FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO
a) Existe grande confusão entre os diversos tipos de SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO
eutanásia... TERMOS DA ORAÇÃO
b) ... o médico ou alguém causa ativamente a morte... COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO
c) prolonga o processo de morrer procurando distanciar
a morte. Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para
d) Ela é proibida por lei no Brasil,... estabelecer comunicação. Normalmente é composta por
e) E como seria a verdadeira boa morte? dois termos – o sujeito e o predicado – mas não obriga-
toriamente, pois há orações ou frases sem sujeito: Trove-
Resposta: Letra E jou muito ontem à noite.

Em “a”, Existe grande confusão = substantivo Quanto aos tipos de frases, além da classificação em
Em “b”, o médico ou alguém causa ativamente a mor- verbais (possuem verbos, ou seja, são orações) e nomi-
te = pronome nais (sem a presença de verbos), feita a partir de seus
Em “c”, prolonga o processo de morrer procurando elementos constituintes, elas podem ser classificadas a
distanciar a morte = substantivo partir de seu sentido global:
Em “d”, Ela é proibida por lei no Brasil = substantivo
Em “e”, E como seria a verdadeira boa morte? = A) frases interrogativas = o emissor da mensagem
adjetivo formula uma pergunta: Que dia é hoje?
B) frases imperativas = o emissor dá uma ordem ou
13. (PROCESSO SELETIVO INTERNO DA SECRETARIA faz um pedido: Dê-me uma luz!
DE DEFESA SOCIAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO-PE
C) frases exclamativas = o emissor exterioriza um es-
– SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR - FM-2010)
tado afetivo: Que dia abençoado!
D) frases declarativas = o emissor constata um fato: A
prova será amanhã.

Quanto à estrutura da frase, as que possuem verbo


(oração) são estruturadas por dois elementos essenciais:
sujeito e predicado.
O sujeito é o termo da frase que concorda com o ver-
bo em número e pessoa. É o “ser de quem se declara
LÍNGUA PORTUGUESA

algo”, “o tema do que se vai comunicar”; o predicado é a


parte da frase que contém “a informação nova para o ou-
vinte”, é o que “se fala do sujeito”. Ele se refere ao tema,
constituindo a declaração do que se atribui ao sujeito.
Quando o núcleo da declaração está no verbo (que
indique ação ou fenômeno da natureza, seja um verbo
Disponível em: http://www.acharge.com.br/index.htm significativo), temos o predicado verbal. Mas, se o núcleo
(acesso: 03/03/2010)

68
estiver em um nome (geralmente um adjetivo), teremos Estão gritando seu nome lá fora.
um predicado nominal (os verbos deste tipo de predica- Trabalha-se demais neste lugar.
do são os que indicam estado, conhecidos como verbos
de ligação): O sujeito simples é o sujeito determinado que apre-
senta um único núcleo, que pode estar no singular ou no
O menino limpou a sala. = “limpou” é verbo de ação plural; pode também ser um pronome indefinido. Abai-
(predicado verbal) xo, sublinhei os núcleos dos sujeitos:
A prova foi fácil. – “foi” é verbo de ligação (ser); o nú- Nós estudaremso juntos.
cleo é “fácil” (predicado nominal) A humanidade é frágil.
Ninguém se move.
Quanto ao período, ele denomina a frase constituída
por uma ou mais orações, formando um todo, com sen- O amar faz bem. (“amar” é verbo, mas aqui houve uma
tido completo. O período pode ser simples ou composto. derivação imprópria, tranformando-o em substantivo)
As crianças precisam de alimentos saudáveis.
Período simples é aquele constituído por apenas O sujeito composto é o sujeito determinado que
uma oração, que recebe o nome de oração absoluta. apresenta mais de um núcleo.
Chove. Alimentos e roupas custam caro.
Ela e eu sabemos o conteúdo.
A existência é frágil. O amar e o odiar são duas faces da mesma moeda.
Amanhã, à tarde, faremos a prova do concurso.
Além desses dois sujeitos determinados, é comum a
Período composto é aquele constituído por duas ou
referência ao sujeito implícito na desinência verbal (o
mais orações:
“antigo” sujeito oculto [ou elíptico]), isto é, ao núcleo
Cantei, dancei e depois dormi.
do sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido
Quero que você estude mais.
pela desinência verbal ou pelo contexto.
Termos da Oração
Abolimos todas as regras. = (nós)
Termos essenciais Falaste o recado à sala? = (tu)

O sujeito e o predicado são considerados termos Os verbos deste tipo de sujeito estão sempre na pri-
essenciais da oração, ou seja, são termos indispensáveis meira pessoa do singular (eu) ou plural (nós) ou na se-
para a formação das orações. No entanto, existem ora- gunda do singular (tu) ou do plural (vós), desde que os
ções formadas exclusivamente pelo predicado. O que pronomes não estejam explícitos.
define a oração é a presença do verbo. O sujeito é o ter- Iremos à feira juntos? (= nós iremos) – sujeito implíci-
mo que estabelece concordância com o verbo. to na desinência verbal “-mos”
O candidato está preparado. Cantais bem! (= vós cantais) - sujeito implícito na de-
Os candidatos estão preparados. sinência verbal “-ais”
Na primeira frase, o sujeito é “o candidato”. “Candida-
to” é a principal palavra do sujeito, sendo, por isso, deno- Mas:
minada núcleo do sujeito. Este se relaciona com o verbo,
estabelecendo a concordância (núcleo no singular, verbo Nós iremos à festa juntos? = sujeito simples: nós
no singular: candidato = está). Vós cantais bem! = sujeito simples: vós
A função do sujeito é basicamente desempenhada
por substantivos, o que a torna uma função substantiva O sujeito indeterminado surge quando não se quer -
da oração. Pronomes, substantivos, numerais e quais- ou não se pode - identificar a que o predicado da oração
quer outras palavras substantivadas (derivação impró- refere-se. Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso
pria) também podem exercer a função de sujeito. contrário, teríamos uma oração sem sujeito.
Os dois sumiram. (dois é numeral; no exemplo, Na língua portuguesa, o sujeito pode ser indetermi-
substantivo) nado de duas maneiras:
Um sim é suave e sugestivo. (sim é advérbio; no exem-
plo: substantivo) A) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que o
sujeito não tenha sido identificado anteriormente:
Os sujeitos são classificados a partir de dois elemen-
tos: o de determinação ou indeterminação e o de núcleo Bateram à porta;
do sujeito.
LÍNGUA PORTUGUESA

Andam espalhando boatos a respeito da queda do


ministro.
Um sujeito é determinado quando é facilmente
identificado pela concordância verbal. O sujeito determi- Se o sujeito estiver identificado, poderá ser simples
nado pode ser simples ou composto.
ou composto:
A indeterminação do sujeito ocorre quando não é
possível identificar claramente a que se refere a concor-
Os meninos bateram à porta. (simples)
dância verbal. Isso ocorre quando não se pode ou não
Os meninos e as meninas bateram à porta. (composto)
interessa indicar precisamente o sujeito de uma oração.

69
B) com o verbo na terceira pessoa do singular, acres- Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres
cido do pronome “se”. Esta é uma construção típi- de opinião.
ca dos verbos que não apresentam complemento
direto: Predicado

Precisa-se de mentes criativas. O predicado acima apresenta apenas uma palavra


Vivia-se bem naqueles tempos. que se refere ao sujeito: pedem. As demais palavras se
Trata-se de casos delicados. ligam direta ou indiretamente ao verbo.
Sempre se está sujeito a erros. A cidade está deserta.

O pronome “se”, nestes casos, funciona como índice O nome “deserta”, por intermédio do verbo, refere-
de indeterminação do sujeito. -se ao sujeito da oração (cidade). O verbo atua como
elemento de ligação (por isso verbo de ligação) entre o
As orações sem sujeito, formadas apenas pelo pre- sujeito e a palavra a ele relacionada (no caso: deserta =
dicado, articulam-se a partir de um verbo impessoal. A predicativo do sujeito).
mensagem está centrada no processo verbal. Os princi-
pais casos de orações sem sujeito com: O predicado verbal é aquele que tem como núcleo
significativo um verbo:
• os verbos que indicam fenômenos da natureza: Chove muito nesta época do ano.
Estudei muito hoje!
Amanheceu. Compraste a apostila?

Está trovejando. Os verbos acima são significativos, isto é, não servem


apenas para indicar o estado do sujeito, mas indicam
• os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam processos.
fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao
tempo em geral: O predicado nominal é aquele que tem como nú-
cleo significativo um nome; este atribui uma qualidade
Está tarde. ou estado ao sujeito, por isso é chamado de predicativo
Já são dez horas. do sujeito. O predicativo é um nome que se liga a ou-
Faz frio nesta época do ano. tro nome da oração por meio de um verbo (o verbo de
Há muitos concursos com inscrições abertas. ligação).
Nos predicados nominais, o verbo não é significativo,
Predicado é o conjunto de enunciados que contém a isto é, não indica um processo, mas une o sujeito ao pre-
informação sobre o sujeito – ou nova para o ouvinte. Nas dicativo, indicando circunstâncias referentes ao estado
orações sem sujeito, o predicado simplesmente enuncia do sujeito: Os dados parecem corretos.
um fato qualquer. Nas orações com sujeito, o predicado O verbo parecer poderia ser substituído por estar,
é aquilo que se declara a respeito deste sujeito. Com ex- andar, ficar, ser, permanecer ou continuar, atuando como
ceção do vocativo - que é um termo à parte - tudo o que elemento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele
difere do sujeito numa oração é o seu predicado. relacionadas.
A função de predicativo é exercida, normalmente, por
Chove muito nesta época do ano. um adjetivo ou substantivo.
Houve problemas na reunião.
O predicado verbo-nominal é aquele que apresen-
Em ambas as orações não há sujeito, apenas predi- ta dois núcleos significativos: um verbo e um nome. No
cado. Na segunda oração, “problemas” funciona como predicado verbo-nominal, o predicativo pode se referir
objeto direto. ao sujeito ou ao complemento verbal (objeto).
O verbo do predicado verbo-nominal é sempre sig-
As questões estavam fáceis! nificativo, indicando processos. É também sempre por
Sujeito simples = as questões intermédio do verbo que o predicativo se relaciona com
Predicado = estavam fáceis o termo a que se refere.
O dia amanheceu ensolarado;
As mulheres julgam os homens inconstantes.
Passou-me uma ideia estranha pelo pensamento.
Sujeito = uma ideia estranha
No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta
Predicado = passou-me pelo pensamento
LÍNGUA PORTUGUESA

duas funções: a de verbo significativo e a de verbo de


ligação. Este predicado poderia ser desdobrado em dois:
Para o estudo do predicado, é necessário verificar
um verbal e outro nominal.
se seu núcleo é um nome (então teremos um predicado
nominal) ou um verbo (predicado verbal). Deve-se con-
O dia amanheceu. / O dia estava ensolarado.
siderar também se as palavras que formam o predicado
referem-se apenas ao verbo ou também ao sujeito da
No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona o
oração.
complemento homens com o predicativo “inconstantes”.

70
Termos integrantes da oração A arte é necessária à vida. = relaciona-se com a pala-
vra “necessária”
Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o Temos medo de barata. = ligada à palavra “medo”
complemento nominal são chamados termos integrantes
da oração. Termos acessórios da oração e vocativo
Os complementos verbais integram o sentido dos
verbos transitivos, com eles formando unidades signifi- Os termos acessórios recebem este nome por serem
cativas. Estes verbos podem se relacionar com seus com- explicativos, circunstanciais. São termos acessórios o ad-
plementos diretamente, sem a presença de preposição, junto adverbial, o adjunto adnominal, o aposto e o voca-
ou indiretamente, por intermédio de preposição. tivo – este, sem relação sintática com outros temos da
O objeto direto é o complemento que se liga direta- oração.
mente ao verbo.
O adjunto adverbial é o termo da oração que indi-
ca uma circunstância do processo verbal ou intensifica o
Houve muita confusão na partida final.
sentido de um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função
Queremos sua ajuda.
adverbial, pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais
exercerem o papel de adjunto adverbial: Amanhã voltarei
O objeto direto preposicionado ocorre
a pé àquela velha praça.
principalmente:
O adjunto adnominal é o termo acessório que de-
A) com nomes próprios de pessoas ou nomes co- termina, especifica ou explica um substantivo. É uma fun-
muns referentes a pessoas: ção adjetiva, pois são os adjetivos e as locuções adjetivas
que exercem o papel de adjunto adnominal na oração.
Amar a Deus; Adorar a Xangô; Estimar aos pais. Também atuam como adjuntos adnominais os artigos, os
(o objeto é direto, mas como há preposição, denomi- numerais e os pronomes adjetivos.
na-se: objeto direto preposicionado) O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu
amigo de infância.
B) com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes
de tratamento: Não excluo a ninguém; Não quero O adjunto adnominal se liga diretamente ao subs-
cansar a Vossa Senhoria. tantivo a que se refere, sem participação do verbo. Já o
C) para evitar ambiguidade: Ao povo prejudica a cri- predicativo do objeto se liga ao objeto por meio de um
se. (sem preposição, o sentido seria outro: O povo verbo.
prejudica a crise) O poeta português deixou uma obra originalíssima.
O poeta deixou-a.
O objeto indireto é o complemento que se liga indi- (originalíssima não precisou ser repetida, portanto:
retamente ao verbo, ou seja, através de uma preposição. adjunto adnominal)

Gosto de música popular brasileira. O poeta português deixou uma obra inacabada.
Necessito de ajuda. O poeta deixou-a inacabada.
(inacabada precisou ser repetida, então: predicativo
Objeto Pleonástico do objeto)

É a repetição de objetos, tanto diretos como indiretos. Enquanto o complemento nominal se relaciona a um
Normalmente, as frases em que ocorrem objetos substantivo, adjetivo ou advérbio, o adjunto nominal se
pleonásticos obedecem à estrutura: primeiro aparece o relaciona apenas ao substantivo.
objeto, antecipado para o início da oração; em seguida,
O aposto é um termo acessório que permite ampliar,
ele é repetido através de um pronome oblíquo. É à repe-
explicar, desenvolver ou resumir a ideia contida em um
tição que se dá o nome de objeto pleonástico.
termo que exerça qualquer função sintática: Ontem, se-
gunda-feira, passei o dia mal-humorado.
“Aos fracos, não os posso proteger, jamais.” (Gonçal- Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tem-
ves Dias) po “ontem”. O aposto é sintaticamente equivalente ao
termo que se relaciona porque poderia substituí-lo: Se-
gunda-feira passei o dia mal-humorado.
objeto pleonástico
LÍNGUA PORTUGUESA

O aposto pode ser classificado, de acordo com seu


valor na oração, em:

Ao traidor, nada lhe devemos. A) explicativo: A linguística, ciência das línguas huma-
nas, permite-nos interpretar melhor nossa relação
O termo que integra o sentido de um nome chama-se com o mundo.
complemento nominal, que se liga ao nome que com- B) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas
coisas: amor, arte, ação.
pleta por intermédio de preposição:

71
C) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e so- orações coordenadas sindéticas são classificadas em cin-
nho, tudo forma o carnaval. co tipos: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e
D) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, explicativas.
fixaram-se por muito tempo na baía anoitecida.
Dica: Memorize SINdética = SIM, tem conjunção!
O vocativo é um termo que serve para chamar, in-
vocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético, não • Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: suas
mantendo relação sintática com outro termo da oração. principais conjunções são: e, nem, não só... mas
A função de vocativo é substantiva, cabendo a substan- também, não só... como, assim... como.
tivos, pronomes substantivos, numerais e palavras subs-
tantivadas esse papel na linguagem.
Nem comprei o protetor solar nem fui à praia.
Comprei o protetor solar e fui à praia.
João, venha comigo!
Traga-me doces, minha menina!
• Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas:
Períodos Compostos suas principais conjunções são: mas, contudo, to-
davia, entretanto, porém, no entanto, ainda, assim,
Período Composto por Coordenação senão.

O período composto se caracteriza por possuir mais Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante.
de uma oração em sua composição. Sendo assim: Li tudo, porém não entendi!
Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma
oração) • Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas: suas
Estou comprando um protetor solar, depois irei à principais conjunções são: ou... ou; ora...ora; quer...
praia. (Período Composto =locução verbal + verbo, duas quer; seja...seja.
orações)
Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador.
um protetor solar. (Período Composto = três verbos, três
orações). • Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas: suas
principais conjunções são: logo, portanto, por fim,
Há dois tipos de relações que podem se estabelecer por conseguinte, consequentemente, pois (pos-
entre as orações de um período composto: uma relação
posto ao verbo).
de coordenação ou uma relação de subordinação.
Duas orações são coordenadas quando estão juntas
em um mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco Passei no concurso, portanto comemorarei!
de informações, marcado pela pontuação final), mas têm, A situação é delicada; devemos, pois, agir.
ambas, estruturas individuais, como é o exemplo de:
Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia. • Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas: suas
(Período Composto) principais conjunções são: isto é, ou seja, a saber,
na verdade, pois (anteposto ao verbo).
Podemos dizer:
Não fui à praia, pois queria descansar durante o
1. Estou comprando um protetor solar. Domingo.
2. Irei à praia. Maria chorou porque seus olhos estão vermelhos.

Separando as duas, vemos que elas são independen- Período Composto Por Subordinação
tes. Tal período é classificado como Período Composto
por Coordenação. Quero que você seja aprovado!
Quanto à classificação das orações coordenadas, te- Oração principal oração subordinada
mos dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas
Sindéticas. Observe que na oração subordinada temos o verbo
“seja”, que está conjugado na terceira pessoa do singu-
A) Coordenadas Assindéticas
lar do presente do subjuntivo, além de ser introduzida
por conjunção. As orações subordinadas que apresentam
São orações coordenadas entre si e que não são li-
gadas através de nenhum conectivo. Estão apenas verbo em qualquer dos tempos finitos (tempos do modo
LÍNGUA PORTUGUESA

justapostas. do indicativo, subjuntivo e imperativo) e são iniciadas


Entrei na sala, deitei-me no sofá, adormeci. por conjunção, chamam-se orações desenvolvidas ou
explícitas.
B) Coordenadas Sindéticas
Podemos modificar o período acima. Veja:
Ao contrário da anterior, são orações coordenadas
entre si, mas que são ligadas através de uma conjunção Quero ser aprovado.
coordenativa, que dará à oração uma classificação. As Oração Principal Oração Subordinada

72
A análise das orações continua sendo a mesma: “Que-
ro” é a oração principal, cujo objeto direto é a oração FIQUE ATENTO!
subordinada “ser aprovado”. Observe que a oração su- Observe que a oração subordinada
bordinada apresenta agora verbo no infinitivo (ser). Além substantiva pode ser substituída pelo
disso, a conjunção “que”, conectivo que unia as duas ora- pronome “isso”. Assim, temos um período
ções, desapareceu. As orações subordinadas cujo verbo simples:
surge numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou
particípio) são chamadas de orações reduzidas ou implí- É fundamental isso ou Isso é fundamental.
citas (como no exemplo acima).
Desta forma, a oração correspondente a
Observação: “isso” exercerá a função de sujeito.

As orações reduzidas não são introduzidas por con-


junções nem pronomes relativos. Podem ser, eventual- Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na ora-
mente, introduzidas por preposição. ção principal:

A) Orações Subordinadas Substantivas • Verbos de ligação + predicativo, em construções


do tipo: É bom - É útil - É conveniente - É cer-
A oração subordinada substantiva tem valor de subs- to - Parece certo - É claro - Está evidente - Está
tantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção in- comprovado
tegrante (que, se).
É bom que você compareça à minha festa.
Não sei se sairemos hoje.
Oração Subordinada Substantiva
• Expressões na voz passiva, como: Sabe-se, Sou-
be-se, Conta-se, Diz-se, Comenta-se, É sabido, Foi
Temos medo de que não sejamos aprovados.
anunciado, Ficou provado.
Oração Subordinada Substantiva

Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) tam- Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.
bém introduzem as orações subordinadas substantivas,
bem como os advérbios interrogativos (por que, quando, • Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar
onde, como). - importar - ocorrer - acontecer

O garoto perguntou qual seu nome. Convém que não se atrase na entrevista.
Oração Subordinada Substantiva
Observação:
Não sabemos quando ele virá.
Oração Subordinada Substantiva Quando a oração subordinada substantiva é subjeti-
va, o verbo da oração principal está sempre na 3.ª pessoa
Classificação das Orações Subordinadas do singular.
Substantivas
2. Objetiva Direta = exerce função de objeto direto
Conforme a função que exerce no período, a oração do verbo da oração principal:
subordinada substantiva pode ser:
Todos querem sua aprovação no concurso.
1. Subjetiva - exerce a função sintática de sujeito do Objeto Direto
verbo da oração principal:
Todos querem que você seja aprovado. (Todos querem
É fundamental o seu comparecimento à reunião. isso)
Sujeito Oração Principal Oração Subordinada Substan-
tiva Objetiva Direta
É fundamental que você compareça à reunião.
Oração Principal Oração Subordinada Substan- As orações subordinadas substantivas objetivas dire-
tiva Subjetiva tas (desenvolvidas) são iniciadas por:
LÍNGUA PORTUGUESA

• Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e


“se”: A professora verificou se os alunos estavam
presentes.
• Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às
vezes regidos de preposição), nas interrogações
indiretas: O pessoal queria saber quem era o dono
do carro importado.

73
• Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! ( : )
vezes regidos de preposição), nas interrogações
indiretas: Eu não sei por que ela fez isso. B) Orações Subordinadas Adjetivas
3. Objetiva Indireta = atua como objeto indireto
do verbo da oração principal. Vem precedida de Uma oração subordinada adjetiva é aquela que pos-
preposição. sui valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equiva-
le. As orações vêm introduzidas por pronome relativo e
Meu pai insiste em meu estudo. exercem a função de adjunto adnominal do antecedente.
Objeto Indireto
Esta foi uma redação bem-sucedida.
Meu pai insiste em que eu estude. (= Meu pai insiste
Substantivo Adjetivo (Adjunto Adnominal)
nisso)
Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta
O substantivo “redação” foi caracterizado pelo adje-
Observação: tivo “bem-sucedida”. Neste caso, é possível formarmos
outra construção, a qual exerce exatamente o mesmo
Em alguns casos, a preposição pode estar elíptica na papel:
oração.
Marta não gosta (de) que a chamem de senhora. Esta foi uma redação que fez sucesso.
Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta Oração Principal Oração Subordinada Adjetiva

4. Completiva Nominal = completa um nome que Perceba que a conexão entre a oração subordinada
pertence à oração principal e também vem marca- adjetiva e o termo da oração principal que ela modifica é
da por preposição. feita pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou
relacionar) duas orações, o pronome relativo desempe-
Sentimos orgulho de seu comportamento. nha uma função sintática na oração subordinada: ocupa
Complemento Nominal o papel que seria exercido pelo termo que o antecede
(no caso, “redação” é sujeito, então o “que” também fun-
Sentimos orgulho de que você se comportou. (= ciona como sujeito).
Sentimos orgulho disso.)
Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal
As orações subordinadas substantivas objetivas in- FIQUE ATENTO!
diretas integram o sentido de um verbo, enquanto que Vale lembrar um recurso didático para
orações subordinadas substantivas completivas nominais reconhecer o pronome relativo “que”: ele
integram o sentido de um nome. Para distinguir uma da sempre pode ser substituído por: o qual -
outra, é necessário levar em conta o termo complemen- a qual - os quais - as quais
tado. Esta é a diferença entre o objeto indireto e o com- Refiro-me ao aluno que é estudioso. = Esta
plemento nominal: o primeiro complementa um verbo; o oração é equivalente a: Refiro-me ao aluno
segundo, um nome. o qual estuda.
5. Predicativa = exerce papel de predicativo do su-
jeito do verbo da oração principal e vem sempre
Forma das Orações Subordinadas Adjetivas
depois do verbo ser.

Nosso desejo era sua desistência. Quando são introduzidas por um pronome relativo e
Predicativo do Sujeito apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as
orações subordinadas adjetivas são chamadas desenvol-
Nosso desejo era que ele desistisse. (= Nosso de- vidas. Além delas, existem as orações subordinadas ad-
sejo era isso) jetivas reduzidas, que não são introduzidas por pronome
Oração Subordinada Substantiva Predicativa relativo (podem ser introduzidas por preposição) e apre-
sentam o verbo numa das formas nominais (infinitivo,
6. Apositiva = exerce função de aposto de algum gerúndio ou particípio).
termo da oração principal.
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade!
LÍNGUA PORTUGUESA

Ele foi o primeiro aluno a se apresentar.


Aposto
No primeiro período, há uma oração subordinada ad-
Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz! jetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome
Oração subordinada substantiva apositiva reduzida relativo “que” e apresenta verbo conjugado no pretérito
de infinitivo perfeito do indicativo. No segundo, há uma oração su-
bordinada adjetiva reduzida de infinitivo: não há prono-
(Fernanda tinha um grande sonho: isso)
me relativo e seu verbo está no infinitivo.

74
Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas A oração em destaque agrega uma circunstância de
tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada
Na relação que estabelecem com o termo que carac- adverbial temporal. Os adjuntos adverbiais são termos
terizam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar acessórios que indicam uma circunstância referente, via
de duas maneiras diferentes. Há aquelas que restringem de regra, a um verbo. A classificação do adjunto adver-
ou especificam o sentido do termo a que se referem, in- bial depende da exata compreensão da circunstância que
dividualizando-o. Nestas orações não há marcação de exprime.
pausa, sendo chamadas subordinadas adjetivas restriti- Naquele momento, senti uma das maiores emoções de
vas. Existem também orações que realçam um detalhe ou minha vida.
amplificam dados sobre o antecedente, que já se encon- Quando vi o mar, senti uma das maiores emoções de
tra suficientemente definido. Estas orações denominam- minha vida.
-se subordinadas adjetivas explicativas.
No primeiro período, “naquele momento” é um ad-
Exemplo 1: junto adverbial de tempo, que modifica a forma verbal
“senti”. No segundo período, este papel é exercido pela
Jamais teria chegado aqui, não fosse um homem que oração “Quando vi o mar”, que é, portanto, uma oração
passava naquele momento. subordinada adverbial temporal. Esta oração é desenvol-
Oração Subordinada Adjetiva Restritiva vida, pois é introduzida por uma conjunção subordina-
tiva (quando) e apresenta uma forma verbal do modo
indicativo (“vi”, do pretérito perfeito do indicativo). Seria
No período acima, observe que a oração em desta-
possível reduzi-la, obtendo-se:
que restringe e particulariza o sentido da palavra “ho-
Ao ver o mar, senti uma das maiores emoções de mi-
mem”: trata-se de um homem específico, único. A oração
nha vida.
limita o universo de homens, isto é, não se refere a todos
os homens, mas sim àquele que estava passando naque-
A oração em destaque é reduzida, apresentando uma
le momento. das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não
é introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por
Exemplo 2: uma preposição (“a”, combinada com o artigo “o”).
O homem, que se considera racional, muitas vezes Observação:
age animalescamente.
Oração Subordinada Adjetiva Explicativa A classificação das orações subordinadas adverbiais
é feita do mesmo modo que a classificação dos adjun-
Agora, a oração em destaque não tem sentido restri- tos adverbiais. Baseia-se na circunstância expressa pela
tivo em relação à palavra “homem”; na verdade, apenas oração.
explicita uma ideia que já sabemos estar contida no con-
ceito de “homem”. Classificação das Orações Subordinadas Adverbiais

Saiba que: A) Causal = A ideia de causa está diretamente ligada


àquilo que provoca um determinado fato, ao moti-
A oração subordinada adjetiva explicativa é separa- vo do que se declara na oração principal. Principal
da da oração principal por uma pausa que, na escrita, conjunção subordinativa causal: porque. Outras
é representada pela vírgula. É comum, por isso, que a conjunções e locuções causais: como (sempre in-
pontuação seja indicada como forma de diferenciar as troduzido na oração anteposta à oração principal),
orações explicativas das restritivas; de fato, as explicati- pois, pois que, já que, uma vez que, visto que.
vas vêm sempre isoladas por vírgulas; as restritivas, não.
As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito
C) Orações Subordinadas Adverbiais forte.
Já que você não vai, eu também não vou.
Uma oração subordinada adverbial é aquela que
exerce a função de adjunto adverbial do verbo da ora- A diferença entre a subordinada adverbial causal e a
ção principal. Assim, pode exprimir circunstância de tem- sindética explicativa é que esta “explica” o fato que acon-
po, modo, fim, causa, condição, hipótese, etc. Quando teceu na oração com a qual ela se relaciona; aquela apre-
desenvolvida, vem introduzida por uma das conjunções senta a “causa” do acontecimento expresso na oração à
LÍNGUA PORTUGUESA

subordinativas (com exclusão das integrantes, que intro- qual ela se subordina. Repare:
duzem orações subordinadas substantivas). Classifica-se
de acordo com a conjunção ou locução conjuntiva que 1. Faltei à aula porque estava doente.
a introduz (assim como acontece com as coordenadas 2. Melissa chorou, porque seus olhos estão vermelhos.
sindéticas).
Em 1, a oração destacada aconteceu primeiro (causa)
Durante a madrugada, eu olhei você dormindo. que o fato expresso na oração anterior, ou seja, o fato de
estar doente impediu-me de ir à aula. No exemplo 2, a
Oração Subordinada Adverbial

75
oração sublinhada relata um fato que aconteceu depois, E) Comparativa= As orações subordinadas adverbiais
já que primeiro ela chorou, depois seus olhos ficaram comparativas estabelecem uma comparação com
vermelhos. a ação indicada pelo verbo da oração principal.
Principal conjunção subordinativa comparativa:
B) Consecutiva = exprime um fato que é consequên- como.
cia, é efeito do que se declara na oração principal.
São introduzidas pelas conjunções e locuções: que, Ele dorme como um urso. (como um urso dorme)
Você age como criança. (age como uma criança age)
de forma que, de sorte que, tanto que, etc., e pelas
estruturas tão...que, tanto...que, tamanho...que. • geralmente há omissão do verbo.
Principal conjunção subordinativa consecutiva: que F) Conformativa = indica ideia de conformidade, ou
(precedido de tal, tanto, tão, tamanho) seja, apresenta uma regra, um modelo adotado
Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou para a execução do que se declara na oração prin-
concretizando-os. cipal. Principal conjunção subordinativa conforma-
Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Redu- tiva: conforme. Outras conjunções conformativas:
zida de Infinitivo) como, consoante e segundo (todas com o mesmo
valor de conforme).
C) Condicional = Condição é aquilo que se impõe
Fiz o bolo conforme ensina a receita.
como necessário para a realização ou não de um Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm
fato. As orações subordinadas adverbiais condicio- direitos iguais.
nais exprimem o que deve ou não ocorrer para que
se realize - ou deixe de se realizar - o fato expresso G) Final = indica a intenção, a finalidade daquilo que
na oração principal. se declara na oração principal. Principal conjunção
subordinativa final: a fim de. Outras conjunções fi-
Principal conjunção subordinativa condicional: se. nais: que, porque (= para que) e a locução conjun-
Outras conjunções condicionais: caso, contanto que, des- tiva para que.
de que, salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que,
Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigas.
sem que, uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo).
Estudarei muito para que eu me saia bem na prova.
Se o regulamento do campeonato for bem elaborado,
certamente o melhor time será campeão. H) Proporcional = exprime ideia de proporção, ou
seja, um fato simultâneo ao expresso na oração
Caso você saia, convide-me. principal. Principal locução conjuntiva subordina-
tiva proporcional: à proporção que. Outras locu-
D) Concessiva = indica concessão às ações do verbo ções conjuntivas proporcionais: à medida que, ao
da oração principal, isto é, admitem uma contra- passo que. Há ainda as estruturas: quanto maior...
dição ou um fato inesperado. A ideia de conces- (maior), quanto maior...(menor), quanto menor...
são está diretamente ligada ao contraste, à quebra (maior), quanto menor...(menor), quanto mais...
(mais), quanto mais...(menos), quanto menos...
de expectativa. Principal conjunção subordinativa
(mais), quanto menos...(menos).
concessiva: embora. Utiliza-se também a conjun-
ção: conquanto e as locuções ainda que, ainda À proporção que estudávamos mais questões
quando, mesmo que, se bem que, posto que, ape- acertávamos.
sar de que. À medida que lia mais culto ficava.

Só irei se ele for. I) Temporal = acrescenta uma ideia de tempo ao fato


expresso na oração principal, podendo exprimir
A oração acima expressa uma condição: o fato de noções de simultaneidade, anterioridade ou poste-
“eu” ir só se realizará caso essa condição seja satisfeita. rioridade. Principal conjunção subordinativa tem-
poral: quando. Outras conjunções subordinativas
Compare agora com:
temporais: enquanto, mal e locuções conjuntivas:
Irei mesmo que ele não vá. assim que, logo que, todas as vezes que, antes que,
depois que, sempre que, desde que, etc.
A distinção fica nítida; temos agora uma concessão:
irei de qualquer maneira, independentemente de sua ida. Assim que Paulo chegou, a reunião acabou.
A oração destacada é, portanto, subordinada adverbial Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando ter-
LÍNGUA PORTUGUESA

concessiva. minou a festa) (Oração Reduzida de Particípio)

Observe outros exemplos: Orações Reduzidas

Embora fizesse calor, levei agasalho. As orações subordinadas podem vir expressas como
reduzidas, ou seja, com o verbo em uma de suas formas
Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / em- nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio) e sem conec-
bora não estudasse). (reduzida de infinitivo) tivo subordinativo que as introduza.

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É preciso estudar! = reduzida de infinitivo 2. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE LEGIS-
É preciso que se estude = oração desenvolvida (pre- LATIVO MUNICIPAL – FGV-2018) “Ou seja, foi usada
sença do conectivo) para criar uma desigualdade social...”; se modificarmos a
oração reduzida de infinitivo por uma oração desenvolvi-
Para classificá-las, precisamos imaginar como seriam da, a forma adequada seria:
“desenvolvidas” – como no exemplo acima.
É preciso estudar = oração subordinada substantiva a) para a criação de uma desigualdade social;
subjetiva reduzida de infinitivo b) para que se criasse uma desigualdade social;
É preciso que se estude = oração subordinada subs- c) para que se crie uma desigualdade social;
tantiva subjetiva d) para a criatividade de uma desigualdade social;
e) para criarem uma desigualdade social.
Orações Intercaladas
Resposta: Letra B
São orações independentes encaixadas na sequên-
cia do período, utilizadas para um esclarecimento, um Em “b”: para que se criasse uma desigualdade social;
aparte, uma citação. Elas vêm separadas por vírgulas ou Em “c”: para que se crie uma desigualdade social;
travessões. Desenvolvida = tem conjunção. Ambas têm. A dife-
Nós – continuava o relator – já abordamos este rença é o tempo verbal. A ação aconteceu (foi usada
assunto.
para criar): Ou seja, foi usada para que se criasse uma
desigualdade social.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
3. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO – ADMINISTRATIVO
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
– FGV-2017) Uma manchete do Estado de São Paulo,
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
10/04/2017, dizia o seguinte: “Atentados contra cristãos
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira matam 44 no Egito e país decreta emergência”. As duas
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – orações desse período mantêm entre si a seguinte rela-
São Paulo: Saraiva, 2002. ção lógica:

SITE a) causa e consequência;


b) informação e comprovação;
Disponível em: <http://www.pciconcursos.com.br/ c) fato e exemplificação;
aulas/portugues/frase-periodo-e-oracao> d) afirmação e explicação;
e) tese e argumentação.

EXERCÍCIOS COMENTADOS Resposta: Letra A

Atentados contra cristãos matam 44 no Egito e país de-


1. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – FGV-2018) creta emergência = devido aos atentados (causa), o
“Talvez um dia seja bom relembrar este dia”. (Virgílio) A país decretou emergência (consequência).
forma de oração desenvolvida adequada corresponden-
te à oração sublinhada acima é:
4. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO – ADMINISTRATI-
VO – FGV-2017) “Com as novas medidas para evitar a
a) relembrarmos este dia;
abstenção, o governo espera uma economia vultosa no
b) a relembrança deste dia;
Enem”. A oração reduzida “para evitar a abstenção” pode
c) que relembremos este dia;
ser adequadamente substituída pela seguinte oração
d) que relembrássemos este dia;
desenvolvida:
e) uma nova lembrança deste dia.

Resposta: Letra C a) para que se evitasse a abstenção;


b) a fim de que a abstenção fosse evitada;
Em “c”: que relembremos este dia; c) para que se evite a abstenção;
Em “d”: que relembrássemos este dia; d) a fim de evitar-se a abstenção;
Em uma oração desenvolvida há a presença de con- e) evitando-se a abstenção.
junção. Ambos os itens têm, mas temos que fazer a
LÍNGUA PORTUGUESA

correlação verbal com o período da oração reduzida Resposta: Letra C


(o verbo nos dá uma hipótese – talvez seja bom relem-
brar). Portanto, a forma correta é: Talvez um dia seja Em “a”: para que se evitasse a abstenção;
bom que relembremos este dia. Em “b”: a fim de que a abstenção fosse evitada;
Em “c”: para que se evite a abstenção;
Desenvolvida tem conjunção. O período traz “para evi-
tar a abstenção” = hipótese. A forma correta é: “com as
novas medidas para que se evite a abstenção”.

77
5. (MPE-AL – ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO – Resposta: Letra B
ÁREA JURÍDICA – FGV-2018) Assinale a opção em que
o termo sublinhado funciona como sujeito. A expressão destacada exerce a função de aposto –
uma informação a mais sobre o termo citado anterior-
a) “Em um regime de liberdades, há sempre o risco de mente (no caso, Minas Gerais). É um termo acessório,
excessos”. podendo ser retirado do período sem prejudicar a
b) “Sempre há, também, o oportunismo político-ideoló- coerência.
gico para se aproveitar da crise”.
c) “Não faltam, também, os arautos do quanto pior, me- 8. (TRF-1.ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – INFOR-
lhor, ...”. MÁTICA – FCC-2014)
d) “A greve atravessou vários sinais ao estrangular as
vias de suprimento que mantêm o sistema produtivo Em 1980, um gigabyte de dados armazenados ocupava
funcionando”. uma sala...
e) “Numa democracia, é livre a expressão”. O verbo que exige complemento tal como o sublinhado
acima está em:
Resposta: Letra C
a) A capacidade de computação duplicou a cada 18 me-
Em “a”: há sempre o risco de excessos = objeto direto ses nos últimos 20 anos ...
Em “b”: “Sempre há, também, o oportunismo político- b) ... que deriva da informação.
-ideológico = objeto direto c) ... que reduz as barreiras ao acesso.
Em “c”: “Não faltam, também, os arautos do quanto d) ... do que era nos anos 70.
pior, melhor = sujeito e) ... atualmente, 200 gigabytes cabem no bolso de uma
Em “d”: que mantêm o sistema produtivo funcionando camisa.
= objeto direto
Em “e”: é livre a expressão = predicativo do sujeito Resposta: Letra C

6. (TJ-PE – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FUNÇÃO JUDI- “Ocupava uma sala” = transitivo direto
CIÁRIA – IBFC-2017 - ADAPTADA) “A resposta que lhe Em “a”: A capacidade de computação duplicou = ver-
daria seria: ‘Essa estória não aconteceu nunca para que bo intransitivo
aconteça sempre... ’” O pronome destacado cumpre papel Em “b”: que deriva da informação = transitivo indireto
coesivo, mas também sintático na oração. Assim, sintati- Em “c”: que reduz as barreiras = transitivo direto
camente, ele deve ser classificado como: Em “d”: do que era nos anos 70 = verbo de ligação
Em “e”: atualmente, 200 gigabytes cabem = verbo
a) adjunto adnominal. intransitivo
b) objeto direto.
c) complemento nominal. 9. (TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FGV-2018) “Tenho
d) objeto indireto. comentado aqui na Folha em diversas crônicas, os usos da
e) predicativo. internet, que se ressente ainda da falta de uma legislação
específica que coíba não somente os usos mas os abusos
Resposta: Letra D deste importante e eficaz veículo de comunicação”. Sobre
as ocorrências do vocábulo que, nesse segmento do tex-
O verbo “dar” é bitransitivo (transitivo direto e indire- to, é correto afirmar que:
to): Quem dá, dá algo (direto) a alguém (indireto). No
caso: resposta (objeto direto) / lhe (objeto indireto = a) são pronomes relativos com o mesmo antecedente;
a ele[a]) b) exemplificam classes gramaticais diferentes;
c) mostram diferentes funções sintáticas;
7. (TRE-AC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS- d) são da mesma classe gramatical e da mesma função
TRATIVA – AOCP-2015) Em “Ele diz que vota desde os sintática;
18, quando ainda era jovem e morava em Minas Gerais, e) iniciam o mesmo tipo de oração subordinada.
sua terra natal...”, a expressão em destaque
Resposta: Letra D
a) exerce função de vocativo e não pode ser excluída da
oração por tratar-se de um termo essencial. “Tenho comentado aqui na Folha em diversas crônicas,
LÍNGUA PORTUGUESA

b) exerce função de aposto e pode ser excluída da ora- os usos da internet, que (= a qual) se ressente ainda da
ção por tratar-se de um termo acessório. falta de uma legislação específica que (= a qual) coíba
c) exerce função de aposto e não pode ser excluída da não somente os usos mas os abusos deste importante
oração por tratar-se de um termo essencial. e eficaz veículo de comunicação” = ambos podem ser
d) exerce função de adjunto adnominal, portanto é um substituídos por “a qual”, portanto são pronomes re-
termo acessório. lativos (pertencem à mesma classe gramatical); o 1.º
e) exerce função de adjunto adverbial, portanto é um inicia uma oração subordinada adjetiva explicativa; o
termo acessório. 2.º, adjetiva restritiva.

78
10. (TRE-RJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS- • Usa-se nas abreviaturas: pág. (página), Cia. (Com-
TRATIVA – CONSULPLAN-2017) Analise as afirmações panhia). Se a palavra abreviada aparecer em final
apresentadas a seguir. de período, este não receberá outro ponto; neste
caso, o ponto de abreviatura marca, também, o fim
I. Em “Existe alguma hora que não seja de relógio?”, a de período. Exemplo: Estudei português, matemá-
oração sublinhada é uma oração subordinada adjetiva rica, constitucional, etc. (e não “etc..”)
explicativa. • Nos títulos e cabeçalhos é opcional o emprego do
II. Em “[...] tem surgido, cada vez mais frequente, o di- ponto, assim como após o nome do autor de uma
minutivo do gerúndio.”, a expressão destacada atua citação:
como sujeito da locução verbal “ter surgido”.
III. “Não pense que para por aí [...]”, a oração sublinhada Haverá eleições em outubro
é uma oração subordinada substantiva objetiva direta.
IV. Em “[...] se te chamarem de ‘queridinho’, querem é O culto do vernáculo faz parte do brio cívico. (Napo-
que você exploda.”, a oração destacada é uma oração leão Mendes de Almeida) (ou: Almeida.)
subordinada adverbial causal.
• Os números que identificam o ano não utilizam
Estão corretas apenas as afirmativas ponto nem devem ter espaço a separá-los, bem
como os números de CEP: 1975, 2014, 2006,
a) I e II. 17600-250.
b) II e III. b) Ponto e Vírgula (;)
c) III e IV. • Separa várias partes do discurso, que têm a mesma
d) I, II e IV. importância: “Os pobres dão pelo pão o trabalho;
os ricos dão pelo pão a fazenda; os de espíritos
Resposta: Letra B generosos dão pelo pão a vida; os de nenhum es-
pírito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA)
Em “I” - “Existe alguma hora que não seja de reló- • Separa partes de frases que já estão separadas por
gio?”, a oração sublinhada é uma oração subordinada vírgulas: Alguns quiseram verão, praia e calor; ou-
adjetiva explicativa = substituindo “que” por “a qual”, tros, montanhas, frio e cobertor.
continua com sentido, então é pronome relativo – pre- • Separa itens de uma enumeração, exposição de
sente nas adjetivas, mas no período em questão te- motivos, decreto de lei, etc.
mos uma restritiva = incorreta
Em “II” - tem surgido, cada vez mais frequente, o di- Ir ao supermercado;
Pegar as crianças na escola;
minutivo do gerúndio.”, a expressão destacada atua
Caminhada na praia;
como sujeito da locução verbal “ter surgido” = correta
Reunião com amigos.
Em “III” - “Não pense que para por aí [...]”, a oração
sublinhada é uma oração subordinada substantiva ob-
c) Dois pontos (:)
jetiva direta = correta
• Antes de uma citação = Vejamos como Afrânio
Em “IV” - se te chamarem de ‘queridinho’, a oração
Coutinho trata este assunto:
destacada é uma oração subordinada adverbial causal
• Antes de um aposto = Três coisas não me agra-
= adverbial condicional (“se”) = incorreta
dam: chuva pela manhã, frio à tarde e calor à noite.
• Antes de uma explicação ou esclarecimento: Lá es-
tava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo
EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO a rotina de sempre.
• Em frases de estilo direto

PONTUAÇÃO Maria perguntou:

Os sinais de pontuação são marcações gráficas que • Por que você não toma uma decisão?
servem para compor a coesão e a coerência textual, além d) Ponto de Exclamação (!)
de ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas. • Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera,
Um texto escrito adquire diferentes significados quando susto, súplica, etc.: Sim! Claro que eu quero me ca-
pontuado de formas diversificadas. O uso da pontuação sar com você!
depende, em certos momentos, da intenção do autor do • Depois de interjeições ou vocativos
LÍNGUA PORTUGUESA

discurso. Assim, os sinais de pontuação estão diretamen-


te relacionados ao contexto e ao interlocutor. Ai! Que susto!
João! Há quanto tempo!
Principais funções dos sinais de pontuação
e) Ponto de Interrogação (?)
a) Ponto (.) • Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur
• Indica o término do discurso ou de parte dele, en-
Azevedo)
cerrando o período.

79
f) Reticências (...) Observações:
• Indica que palavras foram suprimidas: Comprei lá-
pis, canetas, cadernos... Considerando-se que “etc.” é abreviatura da expres-
• Indica interrupção violenta da frase: “- Não... quero são latina et coetera, que significa “e outras coisas”, seria
dizer... é verdad... Ah!” dispensável o emprego da vírgula antes dele. Porém, o
• Indica interrupções de hesitação ou dúvida: Este acordo ortográfico em vigor no Brasil exige que empre-
mal... pega doutor? guemos etc. predecido de vírgula: Falamos de política,
• Indica que o sentido vai além do que foi dito: Dei- futebol, lazer, etc.
xa, depois, o coração falar... As perguntas que denotam surpresa podem ter com-
g) Vírgula (,) binados o ponto de interrogação e o de exclamação:
Você falou isso para ela?!
Não se usa vírgula
Temos, ainda, sinais distintivos:
Separando termos que, do ponto de vista sintático,
ligam-se diretamente entre si: • a barra ( / ) = usada em datas (25/12/2014), sepa-
ração de siglas (IOF/UPC);
1. Entre sujeito e predicado: • os colchetes ([ ]) = usados em transcrições feitas
Todos os alunos da sala foram advertidos. pelo narrador ([vide pág. 5]), usado como pri-
Sujeito predicado meira opção aos parênteses, principalmente na
matemática;
2. Entre o verbo e seus objetos: • o asterisco (*) = usado para remeter o leitor a uma
O trabalho custou sacrifícioaos realizadores. nota de rodapé ou no fim do livro, para substituir
V.T.D.I. O.D. O.I. um nome que não se quer mencionar.

Usa-se a vírgula: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Para marcar intercalação: CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-


char - Português linguagens: volume 3. – 7.ª ed. Reform.
a) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua – São Paulo: Saraiva, 2010.
abundância, vem caindo de preço. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
b) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Estão produzindo, todavia, altas quantidades de
alimentos. SITE
c) das expressões explicativas ou corretivas: As indús-
trias não querem abrir mão de suas vantagens, isto Disponível em: <http://www.infoescola.com/
é, não querem abrir mão dos lucros altos. portugues/pontuacao/>
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/grama-
2. Para marcar inversão: tica/uso-da-virgula.htm>

a) do adjunto adverbial (colocado no início da ora-


ção): Depois das sete horas, todo o comércio está EXERCÍCIOS COMENTADOS
de portas fechadas.
b) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos
1. (BANPARÁ – ASSISTENTE SOCIAL – FADESP-2018)
pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
O enunciado em que a vírgula foi empregada em desa-
c) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de
cordo com as regras de pontuação é
maio de 1982.
a) Como esse metal é limitado, isso garantia que a pro-
3. Para separar entre si elementos coordenados
dução de dinheiro fosse também limitada.
(dispostos em enumeração):
b) Em 1971, o presidente dos EUA acabou com o
padrão-ouro.
Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
c) Praticamente todo o dinheiro que existe no mundo é
A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e
criado assim, inventado em canetaços a partir da con-
animais.
cessão de empréstimos.
d) Assim, o sistema monetário atual funciona com uma
4. Para marcar elipse (omissão) do verbo: Nós que-
LÍNGUA PORTUGUESA

moeda que é ao mesmo tempo escassa e abundante.


remos comer pizza; e vocês, churrasco.
e) Escassa porque só banqueiros podem criá-la, e abun-
dante porque é gerada pela simples manipulação de
5. Para isolar:
bancos de dados.
a) o aposto: São Paulo, considerada a metrópole bra-
Resposta: Letra E
sileira, possui um trânsito caótico.
b) o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem.
O enunciado pede a alternativa em desacordo:

80
Em “a”, Como esse metal é limitado, isso garantia Em “c”, criticar o atraso político de alguns sistemas da
que a produção de dinheiro fosse também limitada História = incorreta
= correta Em “d”, condenar nossos regimes trabalhista e previ-
Em “b”, Em 1971, o presidente dos EUA acabou com o denciário por serem muito antigos = incorreta
padrão-ouro = correta Em “e”, exemplificar alguns dos nossos erros do pas-
Em “c”, Praticamente todo o dinheiro que existe no sado = incorreta
mundo é criado assim, inventado em canetaços a par-
tir da concessão de empréstimos = correta 3. (BADESC – ANALISTA DE SISTEMA – BANCO DE DA-
Em “d”, Assim, o sistema monetário atual funciona DOS – FGV-2010) Assinale a alternativa em que a vírgula
com uma moeda que é ao mesmo tempo escassa e está corretamente empregada.
abundante = correta
a) O jeitinho, essa instituição tipicamente brasileira pode
Em “e”, Escassa porque só banqueiros podem criá-la,
ser considerado, sem dúvida, um desvio de caráter.
(X) e abundante porque é gerada pela simples mani-
b) Apareciam novos problemas, e o funcionário embora
pulação de bancos de dados = incorreta - a vírgula competente, nem sempre conseguia resolvê-los.
pode ser utilizada antes da conjunção “e”, desde que c) Ainda que os níveis de educação estivessem avançan-
haja mudança de sujeito, por exemplo (o que não do, o sentimento geral, às vezes, era de frustração.
acontece na questão) d) É claro, que se fôssemos levar a lei ao pé da letra, mui-
tos sofreriam sanções diariamente.
2. (BANESTES – ANALISTA ECONÔMICO FINANCEIRO e) O tempo não para as transformações sociais são ur-
GESTÃO CONTÁBIL – FGV-2018) gentes mas há quem não perceba esse fato, que é
evidente.
Texto 1
Resposta: Letra C
Em artigo publicado no jornal carioca O Globo, 19/3/2018,
com o nome Erros do passado, o articulista Paulo Gue- Indiquei com (X) os lugares inadequados e acrescentei
des escreve o seguinte: “Os regimes trabalhista e pre- a pontuação que faltou:
videnciário brasileiros são politicamente anacrônicos, Em “a”, O jeitinho, essa instituição tipicamente brasi-
economicamente desastrosos e socialmente perversos. leira , pode ser considerado, sem dúvida, um desvio
Arquitetados de início em sistemas políticos fechados de caráter.
(na Alemanha imperial de Bismarck e na Itália fascista de Em “b”, Apareciam novos problemas , (X) e o funcio-
Mussolini), e desde então cultivados por obsoletos pro- nário , embora competente, nem sempre conseguia
gramas socialdemocratas, são hoje armas de destruição resolvê-los.
em massa de empregos locais em meio à competição Em “c”, Ainda que os níveis de educação estivessem
global. Reduzem a competitividade das empresas, fabri- avançando, o sentimento geral, às vezes, era de frus-
cam desigualdades sociais, dissipam em consumo cor- tração.= correta
Em “d”, É claro , (X) que se fôssemos levar a lei ao pé da
rente a poupança compulsória dos encargos recolhidos,
letra, muitos sofreriam sanções diariamente.
derrubam o crescimento da economia e solapam o valor
Em “e”, O tempo não para , as transformações sociais
futuro das aposentadorias”. (adaptado) são urgentes , mas há quem não perceba esse fato,
que é evidente.
No texto 1, os termos inseridos nos parênteses – na Ale-
manha imperial de Bismarck e na Itália fascista de Musso- 4. (BANCO DO BRASIL – ESCRITURÁRIO – CESGRAN-
lini – têm a finalidade textual de: RIO-2018) De acordo com a norma-padrão da língua
portuguesa, a pontuação está corretamente empregada
a) enumerar os sistemas políticos fechados do passado; em:
b) destacar os sistemas onde se originaram os regimes
trabalhista e previdenciário; a) O conjunto de preocupações e ações efetivas, quan-
c) criticar o atraso político de alguns sistemas da História; do atendem, de forma voluntária, aos funcionários e
d) condenar nossos regimes trabalhista e previdenciário à comunidade em geral, pode ser definido como res-
por serem muito antigos; ponsabilidade social.
e) exemplificar alguns dos nossos erros do passado. b) As empresas que optam por encampar a prática da
responsabilidade social, beneficiam-se de conseguir
Resposta: Letra B uma melhor imagem no mercado.
c) A noção de responsabilidade social foi muito utiliza-
Arquitetados de início em sistemas políticos fecha- da em campanhas publicitárias: por isso, as empresas
precisam relacionar-se melhor, com a sociedade.
LÍNGUA PORTUGUESA

dos (na Alemanha imperial de Bismarck e na Itália


fascista de Mussolini) = os termos entre parênteses d) A responsabilidade social explora um leque abrangen-
servem para se referir aos sistemas políticos fechados, te de beneficiários, envolvendo assim: a qualidade de
exemplificando-os. vida o bem-estar dos trabalhadores, a redução de im-
pactos negativos, no meio ambiente.
Em “a”, enumerar os sistemas políticos fechados do
e) Alguns críticos da responsabilidade social defendem
passado = incorreta
a ideia de que: o objetivo das empresas é o lucro e a
Em “b”, destacar os sistemas onde se originaram os
geração de empregos não a preocupação com a so-
regimes trabalhista e previdenciário = correta
ciedade como um todo.

81
Resposta: Letra A que se cotovelam nos pontos turísticos da cidade, …
–, empregam-se as vírgulas para separar as expressões
Assinalei com (X) as inadequações e destaquei as destacadas porque elas
inclusões:
Em “a”: O conjunto de preocupações e ações efetivas, a) acrescem às informações precedentes comentários
quando atendem, de forma voluntária, aos funcioná- que lhes ampliam o sentido.
b) sintetizam as ideias centrais das informações
rios e à comunidade em geral, pode ser definido como
precedentes.
responsabilidade social = correta
c) apresentam informações que se opõem às informa-
Em “b”: As empresas que optam por encampar a prá- ções precedentes.
tica da responsabilidade social, (X) beneficiam-se de d) retificam as informações precedentes, dando-lhes o
conseguir uma melhor imagem no mercado. correto matiz semântico.
Em “c”: A noção de responsabilidade social foi mui- e) estabelecem certas restrições de sentido às informa-
to utilizada em campanhas publicitárias: (X) ; por isso, ções precedentes.
as empresas precisam relacionar-se melhor, (X) com a
sociedade. Resposta: Letra A
Em “d”: A responsabilidade social explora um leque
abrangente de beneficiários, envolvendo , assim: (X) , É uma situação que contrasta com outros lugares de
a qualidade de vida , o bem-estar dos trabalhadores, Barcelona, uma cidade que vive hoje em duas di-
(X) e a redução de impactos negativos, (X) no meio mensões. De um lado, há a Barcelona dos turistas, que
se cotovelam nos pontos turísticos da cidade
ambiente.
Os períodos destacados acrescentam informações aos
Em “e”: Alguns críticos da responsabilidade social de- termos citados anteriormente.
fendem a ideia de que: (X) o objetivo das empresas é
o lucro e a geração de empregos , não a preocupação
com a sociedade como um todo.
CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL
5. (PC-SP - Investigador de Polícia – Vunesp-2014)
CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL

Os concurseiros estão apreensivos.


Concurseiros apreensivos.

No primeiro exemplo, o verbo estar se encontra na


terceira pessoa do plural, concordando com o seu su-
jeito, os concurseiros. No segundo exemplo, o adjetivo
“apreensivos” está concordando em gênero (masculino)
e número (plural) com o substantivo a que se refere: con-
(Folha de S.Paulo, 03.01.2014. Adaptado) curseiros. Nesses dois exemplos, as flexões de pessoa,
número e gênero se correspondem. A correspondência
de flexão entre dois termos é a concordância, que pode
De acordo com a norma-padrão, no primeiro quadri-
ser verbal ou nominal.
nho, na fala de Hagar, deve ser utilizada uma vírgula,
obrigatoriamente, Concordância Verbal
a) antes da palavra “olho”. É a flexão que se faz para que o verbo concorde com
b) antes da palavra “e”. seu sujeito.
c) depois da palavra “evitar”.
d) antes da palavra “evitar”. Sujeito Simples - Regra Geral
e) depois da palavra “e”.
O sujeito, sendo simples, com ele concordará o verbo
Resposta: Letra C em número e pessoa. Veja os exemplos:

“Não posso evitar doutor” = no diálogo, Hagar fala A prova para ambos os cargos será aplicada às 13h.
3.ª p. Singular 3.ª p. Singular
com o doutor (vocativo); portanto, presença obriga-
LÍNGUA PORTUGUESA

tória de vírgula após o verbo “evitar”. Os candidatos à vaga chegarão às 12h.


3.ª p. Plural 3.ª p. Plural
6. (TJ-RS – JUIZ DE DIREITO – SUBSTITUTO – VU-
NESP-2018) No trecho do primeiro parágrafo do texto Casos Particulares
– Nas escolas da Catalunha, a separação da Espanha tem
apoio maciço. É uma situação que contrasta com outros A) Quando o sujeito é formado por uma expressão
lugares de Barcelona, uma cidade que vive hoje em partitiva (parte de, uma porção de, o grosso de,
duas dimensões. De um lado, há a Barcelona dos turistas, metade de, a maioria de, a maior parte de, grande

82
parte de...) seguida de um substantivo ou prono- ele está se incluindo no grupo dos omissos. Isso não
me no plural, o verbo pode ficar no singular ou no ocorre ao dizer ou escrever “Alguns de nós sabiam de tudo
plural. e nada fizeram”, frase que soa como uma denúncia.
Nos casos em que o interrogativo ou indefinido esti-
A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia. ver no singular, o verbo ficará no singular.
Metade dos candidatos não apresentou / apresenta- Qual de nós é capaz?
ram proposta. Algum de vós fez isso.
Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos E) Quando o sujeito é formado por uma expressão
dos coletivos, quando especificados: Um bando de vân- que indica porcentagem seguida de substantivo, o
dalos destruiu / destruíram o monumento. verbo deve concordar com o substantivo.
Observação:
25% do orçamento do país será destinado à Educação.
Nesses casos, o uso do verbo no singular enfatiza a 85% dos entrevistados não aprovam a administração
unidade do conjunto; já a forma plural confere destaque do prefeito.
aos elementos que formam esse conjunto. 1% do eleitorado aceita a mudança.
1% dos alunos faltaram à prova.
B) Quando o sujeito é formado por expressão que
indica quantidade aproximada (cerca de, mais de, • Quando a expressão que indica porcentagem não
menos de, perto de...) seguida de numeral e subs- é seguida de substantivo, o verbo deve concordar
tantivo, o verbo concorda com o substantivo. com o número.
Cerca de mil pessoas participaram do concurso.
Perto de quinhentos alunos compareceram à 25% querem a mudança.
solenidade. 1% conhece o assunto.
Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas últi-
mas Olimpíadas. • Se o número percentual estiver determinado por
artigo ou pronome adjetivo, a concordância far-se-
Observação: -á com eles:
Quando a expressão “mais de um” se associar a ver- Os 30% da produção de soja serão exportados.
bos que exprimem reciprocidade, o plural é obrigatório:
Esses 2% da prova serão questionados.
Mais de um colega se ofenderam na discussão. (ofende-
ram um ao outro)
F) O pronome “que” não interfere na concordância; já
C) Quando se trata de nomes que só existem no plu- o “quem” exige que o verbo fique na 3.ª pessoa do
ral, a concordância deve ser feita levando-se em singular.
conta a ausência ou presença de artigo. Sem arti-
go, o verbo deve ficar no singular; com artigo no Fui eu que paguei a conta.
plural, o verbo deve ficar o plural. Fomos nós que pintamos o muro.
És tu que me fazes ver o sentido da vida.
Os Estados Unidos possuem grandes universidades. Sou eu quem faz a prova.
Estados Unidos possui grandes universidades. Não serão eles quem será aprovado.
Alagoas impressiona pela beleza das praias.
As Minas Gerais são inesquecíveis. G) Com a expressão “um dos que”, o verbo deve assu-
Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira. mir a forma plural.

D) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais encan-
indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos, taram os poetas.
muitos, quaisquer, vários) seguido por “de nós” ou Este candidato é um dos que mais estudaram!
“de vós”, o verbo pode concordar com o primeiro
pronome (na terceira pessoa do plural) ou com o • Se a expressão for de sentido contrário – nenhum
pronome pessoal.
dos que, nem um dos que -, não aceita o verbo no
singular:
Quais de nós são / somos capazes?
Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso?
LÍNGUA PORTUGUESA

Vários de nós propuseram / propusemos sugestões Nenhum dos que foram aprovados assumirá a vaga.
inovadoras. Nem uma das que me escreveram mora aqui.

Observação: • Quando “um dos que” vem entremeada de subs-


tantivo, o verbo pode:
Veja que a opção por uma ou outra forma indica a in- 1. ficar no singular – O Tietê é um dos rios que atraves-
clusão ou a exclusão do emissor. Quando alguém diz ou sa o Estado de São Paulo. (já que não há outro rio
escreve “Alguns de nós sabíamos de tudo e nada fizemos”, que faça o mesmo).

83
2. ir para o plural – O Tietê é um dos rios que estão po- C) No caso do sujeito composto posposto ao verbo,
luídos (noção de que existem outros rios na mesma passa a existir uma nova possibilidade de concor-
condição). dância: em vez de concordar no plural com a totali-
dade do sujeito, o verbo pode estabelecer concor-
H) Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o dância com o núcleo do sujeito mais próximo.
verbo fica na 3ª pessoa do singular ou plural.
Faltaram coragem e competência.
Vossa Excelência está cansado? Faltou coragem e competência.
Vossas Excelências renunciarão? Compareceram todos os candidatos e o banca.
Compareceu o banca e todos os candidatos.
I) A concordância dos verbos bater, dar e soar faz-se
de acordo com o numeral.
D) Quando ocorre ideia de reciprocidade, a concor-
Deu uma hora no relógio da sala. dância é feita no plural. Observe:
Deram cinco horas no relógio da sala.
Soam dezenove horas no relógio da praça. Abraçaram-se vencedor e vencido.
Baterão doze horas daqui a pouco. Ofenderam-se o jogador e o árbitro.

Observação: Casos Particulares

Caso o sujeito da oração seja a palavra relógio, sino, • Quando o sujeito composto é formado por nú-
torre, etc., o verbo concordará com esse sujeito. cleos sinônimos ou quase sinônimos, o verbo fica
O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas. no singular.
Soa quinze horas o relógio da matriz.
Descaso e desprezo marca seu comportamento.
J) Verbos Impessoais: por não se referirem a nenhum A coragem e o destemor fez dele um herói.
sujeito, são usados sempre na 3.ª pessoa do sin-
gular. São verbos impessoais: Haver no sentido de • Quando o sujeito composto é formado por nú-
existir; Fazer indicando tempo; Aqueles que indi- cleos dispostos em gradação, verbo no singular:
cam fenômenos da natureza. Exemplos:
Com você, meu amor, uma hora, um minuto, um se-
Havia muitas garotas na festa.
Faz dois meses que não vejo meu pai. gundo me satisfaz.
Chovia ontem à tarde.
• Quando os núcleos do sujeito composto são
Sujeito Composto unidos por “ou” ou “nem”, o verbo deverá ficar
no plural, de acordo com o valor semântico das
A) Quando o sujeito é composto e anteposto ao ver- conjunções:
bo, a concordância se faz no plural:
Drummond ou Bandeira representam a essência da
Pai e filho conversavam longamente. poesia brasileira.
Sujeito Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta.

Pais e filhos devem conversar com frequência. Em ambas as orações, as conjunções dão ideia de
Sujeito “adição”. Já em:
Juca ou Pedro será contratado.
B) Nos sujeitos compostos formados por pessoas Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima
gramaticais diferentes, a concordância ocorre da Olimpíada.
seguinte maneira: a primeira pessoa do plural (nós)
prevalece sobre a segunda pessoa (vós) que, por Temos ideia de exclusão, por isso os verbos ficam
sua vez, prevalece sobre a terceira (eles). Veja:
no singular.
Teus irmãos, tu e eu tomaremos a decisão.
Primeira Pessoa do Plural (Nós) • Com as expressões “um ou outro” e “nem um
Tu e teus irmãos tomareis a decisão. nem outro”, a concordância costuma ser feita no
Segunda Pessoa do Plural (Vós) singular.

Pais e filhos precisam respeitar-se. Um ou outro compareceu à festa.


Terceira Pessoa do Plural (Eles) Nem um nem outro saiu do colégio.
LÍNGUA PORTUGUESA

Observação: • Com “um e outro”, o verbo pode ficar no plural ou


no singular: Um e outro farão/fará a prova.
Quando o sujeito é composto, formado por um ele- • Quando os núcleos do sujeito são unidos por
mento da segunda pessoa (tu) e um da terceira (ele), é “com”, o verbo fica no plural. Nesse caso, os nú-
possível empregar o verbo na terceira pessoa do plural cleos recebem um mesmo grau de importância e
(eles): “Tu e teus irmãos tomarão a decisão.” – no lugar a palavra “com” tem sentido muito próximo ao de
de “tomaríeis”. “e”.

84
O pai com o filho montaram o brinquedo. Construiu-se um posto de saúde.
O governador com o secretariado traçaram os planos Construíram-se novos postos de saúde.
para o próximo semestre. Aqui não se cometem equívocos
O professor com o aluno questionaram as regras. Alugam-se casas.
Nesse mesmo caso, o verbo pode ficar no singular, se
a ideia é enfatizar o primeiro elemento. #FicaDica
O pai com o filho montou o brinquedo.
O governador com o secretariado traçou os planos Para saber se o “se” é partícula apassivadora
para o próximo semestre. ou índice de indeterminação do sujeito, ten-
O professor com o aluno questionou as regras. te transformar a frase para a voz passiva. Se
a frase construída for “compreensível”, esta-
Com o verbo no singular, não se pode falar em sujeito remos diante de uma partícula apassivadora;
composto. O sujeito é simples, uma vez que as expres- se não, o “se” será índice de indeterminação.
sões “com o filho” e “com o secretariado” são adjuntos
Veja:
adverbiais de companhia. Na verdade, é como se hou-
vesse uma inversão da ordem. Veja: Precisa-se de funcionários qualificados.
“O pai montou o brinquedo com o filho.” Tentemos a voz passiva:
“O governador traçou os planos para o próximo semes- Funcionários qualificados são precisados (ou
tre com o secretariado.” precisos)? Não há lógica. Portanto, o “se”
“O professor questionou as regras com o aluno.” destacado é índice de indeterminação do
sujeito.
Casos em que se usa o verbo no singular: Agora:
Vendem-se casas.
Café com leite é uma delícia! Voz passiva: Casas são vendidas. Constru-
O frango com quiabo foi receita da vovó. ção correta! Então, aqui, o “se” é partícula
apassivadora. (Dá para eu passar para a voz
Quando os núcleos do sujeito são unidos por ex- passiva. Repare em meu destaque. Percebeu
pressões correlativas como: “não só... mas ainda”, “não
semelhança? Agora é só memorizar!).
somente”..., “não apenas... mas também”, “tanto...quanto”,
o verbo ficará no plural.
Não só a seca, mas também o pouco caso castigam o
Nordeste. O Verbo “Ser”
Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a
notícia. A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo e o
sujeito da oração. No caso do verbo ser, essa concordân-
Quando os elementos de um sujeito composto são cia pode ocorrer também entre o verbo e o predicativo
resumidos por um aposto recapitulativo, a concordância do sujeito.
é feita com esse termo resumidor.
Filmes, novelas, boas conversas, nada o tirava da
apatia. Quando o sujeito ou o predicativo for:
Trabalho, diversão, descanso, tudo é muito importante
na vida das pessoas. A) Nome de pessoa ou pronome pessoal – o verbo
SER concorda com a pessoa gramatical:
Outros Casos
Ele é forte, mas não é dois.
O Verbo e a Palavra “SE” Fernando Pessoa era vários poetas.
A esperança dos pais são eles, os filhos.
Dentre as diversas funções exercidas pelo “se”, há
duas de particular interesse para a concordância verbal:
B) nome de coisa e um estiver no singular e o outro
A) quando é índice de indeterminação do sujeito; no plural, o verbo SER concordará, preferencial-
B) quando é partícula apassivadora. mente, com o que estiver no plural:

Quando índice de indeterminação do sujeito, o “se” Os livros são minha paixão!


acompanha os verbos intransitivos, transitivos indiretos Minha paixão são os livros!
e de ligação, que obrigatoriamente são conjugados na
terceira pessoa do singular: Quando o verbo SER indicar
LÍNGUA PORTUGUESA

Precisa-se de funcionários.
Confia-se em teses absurdas. • horas e distâncias, concordará com a expressão
numérica:
Quando pronome apassivador, o “se” acompanha
verbos transitivos diretos (VTD) e transitivos diretos e in- É uma hora.
diretos (VTDI) na formação da voz passiva sintética. Nes- São quatro horas.
se caso, o verbo deve concordar com o sujeito da oração. Daqui até a escola é um quilômetro / são dois
Exemplos: quilômetros.

85
• datas, concordará com a palavra dia(s), que pode adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Lembre-se:
estar expressa ou subentendida: normalmente, o substantivo funciona como núcleo de um
termo da oração, e o adjetivo, como adjunto adnominal.
Hoje é dia 26 de agosto. A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as
Hoje são 26 de agosto. seguintes regras gerais:

• Quando o sujeito indicar peso, medida, quantida- A) O adjetivo concorda em gênero e número quando
de e for seguido de palavras ou expressões como se refere a um único substantivo: As mãos trêmulas
pouco, muito, menos de, mais de, etc., o verbo ser denunciavam o que sentia.
fica no singular: B) Quando o adjetivo refere-se a vários substantivos,
a concordância pode variar. Podemos sistematizar
Cinco quilos de açúcar é mais do que preciso. essa flexão nos seguintes casos:
Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido.
Duas semanas de férias é muito para mim. Adjetivo anteposto aos substantivos:

• Quando um dos elementos (sujeito ou predicativo) O adjetivo concorda em gênero e número com o
for pronome pessoal do caso reto, com este con- substantivo mais próximo.
cordará o verbo.
Encontramos caídas as roupas e os prendedores.
No meu setor, eu sou a única mulher. Encontramos caída a roupa e os prendedores.
Aqui os adultos somos nós. Encontramos caído o prendedor e a roupa.
Observação: Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de
parentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural.
Sendo ambos os termos (sujeito e predicativo) repre- As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar.
sentados por pronomes pessoais, o verbo concorda com Encontrei os divertidos primos e primas na festa.
o pronome sujeito.
Adjetivo posposto aos substantivos:
Eu não sou ela.
Ela não é eu.
O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo
ou com todos eles (assumindo a forma masculina plural
• Quando o sujeito for uma expressão de sentido
se houver substantivo feminino e masculino).
partitivo ou coletivo e o predicativo estiver no plu-
ral, o verbo ser concordará com o predicativo.
A indústria oferece localização e atendimento perfeito.
A indústria oferece atendimento e localização perfeita.
A grande maioria no protesto eram jovens.
A indústria oferece localização e atendimento perfeitos.
O resto foram atitudes imaturas.
A indústria oferece atendimento e localização perfeitos.
O Verbo “Parecer”
Observação:
O verbo parecer, quando é auxiliar em uma lo-
cução verbal (é seguido de infinitivo), admite duas Os dois últimos exemplos apresentam maior clareza,
concordâncias: pois indicam que o adjetivo efetivamente se refere aos
dois substantivos. Nesses casos, o adjetivo foi flexionado
• Ocorre variação do verbo parecer e não se fle- no plural masculino, que é o gênero predominante quan-
xiona o infinitivo: As crianças parecem gostar do do há substantivos de gêneros diferentes.
desenho. Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o ad-
• A variação do verbo parecer não ocorre e o infini- jetivo fica no singular ou plural.
tivo sofre flexão:
A beleza e a inteligência feminina(s).
As crianças parece gostarem do desenho. O carro e o iate novo(s).
(essa frase equivale a: Parece gostarem do desenho
aas crianças) C) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo:

Com orações desenvolvidas, o verbo PARECER fica no O adjetivo fica no masculino singular, se o substanti-
singular. Por exemplo: As paredes parece que têm ouvidos. vo não for acompanhado de nenhum modificador: Água
LÍNGUA PORTUGUESA

(Parece que as paredes têm ouvidos = oração subordina- é bom para saúde.
da substantiva subjetiva). O adjetivo concorda com o substantivo, se este for
modificado por um artigo ou qualquer outro determina-
Concordância Nominal tivo: Esta água é boa para saúde.

A concordância nominal se baseia na relação entre D) O adjetivo concorda em gênero e número com os
nomes (substantivo, pronome) e as palavras que a eles se pronomes pessoais a que se refere: Juliana encon-
ligam para caracterizá-los (artigos, adjetivos, pronomes trou-as muito felizes.

86
E) Nas expressões formadas por pronome indefinido • Quando o sujeito destas expressões estiver deter-
neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposi- minado por artigos, pronomes ou adjetivos, tanto
ção DE + adjetivo, este último geralmente é usado o verbo como o adjetivo concordam com ele.
no masculino singular: Os jovens tinham algo de
misterioso. É proibida a entrada de crianças.
F) A palavra “só”, quando equivale a “sozinho”, tem Esta salada é ótima.
função adjetiva e concorda normalmente com o A educação é necessária.
nome a que se refere: São precisas várias medidas na educação.

Cristina saiu só. Anexo - Obrigado - Mesmo - Próprio - Incluso


- Quite
Cristina e Débora saíram sós.
Estas palavras adjetivas concordam em gênero e nú-
Observação:
mero com o substantivo ou pronome a que se referem.
Seguem anexas as documentações requeridas.
Quando a palavra “só” equivale a “somente” ou “ape- A menina agradeceu: - Muito obrigada.
nas”, tem função adverbial, ficando, portanto, invariável: Muito obrigadas, disseram as senhoras.
Eles só desejam ganhar presentes. Seguem inclusos os papéis solicitados.
Estamos quites com nossos credores.
#FicaDica
Bastante - Caro - Barato - Longe
Substitua o “só” por “apenas” ou “sozinho”.
Se a frase ficar coerente com o primeiro, Estas palavras são invariáveis quando funcionam
trata-se de advérbio, portanto, invariável; se como advérbios. Concordam com o nome a que se refe-
houver coerência com o segundo, função de rem quando funcionam como adjetivos, pronomes adje-
adjetivo, então varia: tivos, ou numerais.
Ela está só. (ela está sozinha) – adjetivo As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio)
Ele está só descansando. (apenas Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho.
descansando) - advérbio (pronome adjetivo)
Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio)
As casas estão caras. (adjetivo)
Mas cuidado! Se colocarmos uma vírgula depois de Achei barato este casaco. (advérbio)
“só”, haverá, novamente, um adjetivo: Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo)
Ele está só, descansando. (ele está sozinho e
descansando) Meio - Meia

G) Quando um único substantivo é modificado por A palavra “meio”, quando empregada como adjetivo,
concorda normalmente com o nome a que se refere: Pedi
dois ou mais adjetivos no singular, podem ser usa-
meia porção de polentas.
das as construções:
Quando empregada como advérbio permanece inva-
• O substantivo permanece no singular e coloca-se
riável: A candidata está meio nervosa.
o artigo antes do último adjetivo: Admiro a cultura
espanhola e a portuguesa.
• O substantivo vai para o plural e omite-se o artigo #FicaDica
antes do adjetivo: Admiro as culturas espanhola e
Dá para eu substituir por “um pouco”, assim
portuguesa.
saberei que se trata de um advérbio, não
de adjetivo: “A candidata está um pouco
Casos Particulares
nervosa”.
É proibido - É necessário - É bom - É preciso - É
permitido
Alerta - Menos
• Estas expressões, formadas por um verbo mais um Essas palavras são advérbios, portanto, permanecem
adjetivo, ficam invariáveis se o substantivo a que se sempre invariáveis.
LÍNGUA PORTUGUESA

referem possuir sentido genérico (não vier prece- Os concurseiros estão sempre alerta.
dido de artigo). Não queira menos matéria!

É proibido entrada de crianças. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


Em certos momentos, é necessário atenção.
No verão, melancia é bom. CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
É preciso cidadania. char. Português linguagens: volume 3 – 7.ª ed. Reform.
Não é permitido saída pelas portas laterais. – São Paulo: Saraiva, 2010.

87
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa c) Notícias falsas e boatos perigosos não deveriam ser
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. reproduzidas nas redes sociais da forma como acon-
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: tece hoje.
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. d) Plantas da caatinga e frutos pouco conhecidos da Re-
gião Nordeste foram elogiados por suas propriedades
SITE alimentares.
e) Profissionais dedicados e pesquisas constantes preci-
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- sam ser estimuladas para que se avance na cura de
coes/sint/sint49.php> algumas doenças.

Resposta: Letra D
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Em “a”: Alimentos saudáveis e prática constante de
exercícios são necessárias (necessários) para uma vida
1. (BANCO DA AMAZÔNIA – TÉCNICO BANCÁRIO – longa e mais equilibrada.
CESGRANRIO-2018) A forma verbal em destaque está Em “b”: Inexistência de esgoto em muitas regiões e fal-
empregada de acordo com a norma-padrão em: ta de tratamento adequado da água são causadores
(causadoras) de doenças.
a) Atualmente, comercializa-se diferentes criptomoedas Em “c”: Notícias falsas e boatos perigosos não deve-
mas a bitcoin é a mais conhecida de todas as moedas riam ser reproduzidas (reproduzidos) nas redes sociais
virtuais. da forma como acontece hoje.
b) A especulação e o comércio ilegal, de acordo com al- Em “d”: Plantas da caatinga e frutos pouco conhecidos
guns analistas, pode tornar as bitcoins inviáveis. da Região Nordeste foram elogiados por suas pro-
c) As notícias informam que até hoje, em nenhuma parte priedades alimentares = correta
do mundo, se substituíram totalmente as moedas re- Em “e”: Profissionais dedicados e pesquisas constantes
ais pelas virtuais. precisam ser estimuladas (estimulados) para que se
d) De acordo com as regras do mercado financeiro, avance na cura de algumas doenças.
criou-se apenas 21 milhões de bitcoins nos últimos
anos. 3. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES-
e) O valor dos produtos comercializados seriam determi- GRANRIO-2018) A concordância do verbo destacado foi
realizada de acordo com as exigências da norma-padrão
nados por uma moeda virtual se a real fosse abolida.
da língua portuguesa em:
Resposta: Letra C
a) Com a corrida desenfreada pelas versões mais atuais
dos smartphones, evidenciou-se atitudes agressivas e
Em “a”: Atualmente, comercializam-se diferentes violentas por parte dos usuários.
criptomoedas mas a bitcoin é a mais conhecida de b) Devido à utilização de estratégias de marketing, de-
todas as moedas virtuais. senvolveu-se, entre os jovens, a ideia de que a posse
Em “b”: A especulação e o comércio ilegal, de acor- de novos aparelhos eletrônicos é garantia de sucesso.
do com alguns analistas, podem tornar as bitcoins c) É necessário que se envie a todas as escolas do país ví-
inviáveis. deos educacionais que permitam esclarecer os jovens
Em “c”: As notícias informam que até hoje, em nenhu- sobre o vício da tecnologia.
ma parte do mundo, se substituíram totalmente as d) É preciso educar as novas gerações para que se reduza
moedas reais pelas virtuais. = correta os comportamentos compulsivos relacionados ao uso
Em “d”: De acordo com as regras do mercado finan- das novas tecnologias.
ceiro, criaram-se apenas 21 milhões de bitcoins nos e) Nos países mais industrializados, comprovou-se os
últimos anos. danos psicológicos e o consumismo exagerado causa-
Em “e”: O valor dos produtos comercializados seria dos pelo vício da tecnologia.
determinado por uma moeda virtual se a real fosse
abolida. Resposta: Letra B

2. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL Em “a”: Com a corrida desenfreada pelas versões mais
I – CESGRANRIO-2018) A concordância da palavra des- atuais dos smartphones, evidenciou-se (evidencia-
tacada atende às exigências da norma-padrão da língua ram-se) atitudes agressivas e violentas por parte dos
usuários.
LÍNGUA PORTUGUESA

portuguesa em:
Em “b”: Devido à utilização de estratégias de marke-
a) Alimentos saudáveis e prática constante de exer- ting, desenvolveu-se, entre os jovens, a ideia de que
cícios são necessárias para uma vida longa e mais a posse de novos aparelhos eletrônicos é garantia de
equilibrada. sucesso = correta
b) Inexistência de esgoto em muitas regiões e falta de Em “c”: É necessário que se envie (enviem) a todas as
escolas do país vídeos educacionais que permitam es-
tratamento adequado da água são causadores de
clarecer os jovens sobre o vício da tecnologia.
doenças.

88
Em “d”: É preciso educar as novas gerações para que a desordem do estado de natureza, que, em virtude do
se reduza (reduzam) os comportamentos compulsivos risco da dominação dos mais fracos pelos mais fortes,
relacionados ao uso das novas tecnologias. exige a existência de um poder institucional. Mas a con-
Em “e”: Nos países mais industrializados, comprovou- quista da liberdade humana também reclama a distri-
-se (comprovaram-se) os danos psicológicos e o con- buição do poder em ramos diversos, com a disposição
sumismo exagerado causados pelo vício da tecnologia. de meios que assegurem o controle recíproco entre eles
para o advento de um cenário de equilíbrio e harmonia
4. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO – ADMINISTRATIVO – nas sociedades estatais. A concentração do poder em um
FGV-2017) Observe os seguintes casos de concordância só órgão ou pessoa viria sempre em detrimento do exer-
nominal retirados do texto 1: cício da liberdade. É que, como observou Montesquieu,
1. A democracia reclama um jornalismo vigoroso e “todo homem que tem poder tende a abusar dele; ele vai
independente. até onde encontra limites. Para que não se possa abusar
2. A agenda pública é determinada pela imprensa
do poder, é preciso que, pela disposição das coisas, o
tradicional.
poder limite o poder”.
3. Mas o pontapé inicial é sempre das empresas de conteú-
do independentes. Até Montesquieu, não eram identificadas com clareza
A afirmação correta sobre essas concordâncias é: as esferas de abrangência dos poderes políticos: “só se
concebia sua união nas mãos de um só ou, então, sua
a) os dois adjetivos da frase (1) referem-se, respectiva- separação; ninguém se arriscava a apresentar, sob a for-
mente a ‘democracia’ e ‘jornalismo’; ma de sistema coerente, as consequências de conceitos
b) os adjetivos da frase (1) deveriam estar no plural por diversos”. Pensador francês do século XVIII, Montesquieu
referirem-se a dois substantivos; situa-se entre o racionalismo cartesiano e o empirismo
c) na frase (2), a forma de particípio ‘determinada’ se re- de origem baconiana, não abandonando o rigor das
fere a ‘imprensa’; certezas matemáticas em suas certezas morais. Porém,
d) na frase (3), o adjetivo ‘independentes’ está correta- refugindo às especulações metafísicas que, no plano da
mente no plural por referir-se a ‘empresas’; idealidade, serviram aos filósofos do pacto social para a
e) na frase (3), o adjetivo ‘independentes’ deveria estar explicação dos fundamentos do Estado ou da sociedade
no singular por referir-se ao substantivo ‘conteúdo’.
civil, ele procurou ingressar no terreno dos fatos.
Resposta: Letra D Fernanda Leão de Almeida. A garantia institucional do
Ministério Público em função da proteção dos direitos
1. A democracia reclama um jornalismo vigoroso e humanos. Tese de doutorado. São Paulo: USP, 2010, p.
independente. 18-9. Internet: <www.teses.usp.br> (com adaptações).
2. A agenda pública é determinada pela imprensa
tradicional. A flexão plural em “eram identificadas” decorre da con-
3. Mas o pontapé inicial é sempre das empresas de con- cordância com o sujeito dessa forma verbal: “as esferas
teúdo independentes. de abrangência dos poderes políticos”.
Em “a”: os dois adjetivos da frase (1) referem-se, res-
pectivamente a ‘democracia’ e ‘jornalismo’; ( ) CERTO   ( ) ERRADO
A democracia reclama um jornalismo vigoroso e in-
dependente = apenas a “jornalismo” Resposta: Certo
Em “b”: os adjetivos da frase (1) deveriam estar no plu-
ral por referirem-se a dois substantivos;
A democracia reclama um jornalismo vigoroso e inde- (...) Até Montesquieu, não eram identificadas com cla-
pendente = a um substantivo (jornalismo) reza as esferas de abrangência dos poderes políticos
Em “c”: na frase (2), a forma de particípio ‘determina- = passando o período para a ordem direta (sujeito +
da’ se refere a ‘imprensa’; verbo), temos: Até Montesquieu, as esferas de abran-
A agenda pública é determinada pela imprensa tra- gência dos poderes políticos não eram identificadas
dicional = refere-se ao termo “agenda pública” com clareza.
Em “d”: na frase (3), o adjetivo ‘independentes’ está
corretamente no plural por referir-se a ‘empresas’; 6. (PC-RS – ESCRIVÃO e Inspetor de Polícia – Funda-
Mas o pontapé inicial é sempre das empresas de con- tec-2018 - adaptada) Sobre a frase “Esses alunos que
teúdo independentes = correta são usuários constantes de redes sociais têm um risco 27%
Em “e”: na frase (3), o adjetivo ‘independentes’ deveria maior de desenvolver depressão”, avalie as assertivas que
estar no singular por referir-se ao substantivo ‘conteú- seguem, assinalando V, se verdadeiras, ou F, se falsas.
do’ = incorreta (refere-se a “empresas”)
LÍNGUA PORTUGUESA

( ) Caso os termos ‘Esses alunos’ fosse passado para o


5. (MPU – ANALISTA DO MPU – CESPE-2015)
singular, outras quatro palavras deveriam sofrer ajustes
Texto I para fins de concordância.
( ) Mais da metade dos alunos que usam redes sociais
Na organização do poder político no Estado moderno, podem ficar deprimidos.
à luz da tradição iluminista, o direito tem por função a ( ) O risco de alunos usuários de redes sociais desenvol-
preservação da liberdade humana, de maneira a coibir verem depressão constante extrapola o índice dos 27%.

89
A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de O verbo referir, de acordo com sua transitividade,
cima para baixo, é: classifica-se como transitivo indireto, pois sempre nos
referimos a alguém ou a algo. Houve a fusão da preposi-
a) V – V – V. ção a + o artigo feminino (à) e com o artigo feminino a +
b) F – V – F. o pronome demonstrativo aquela (àquela).
c) V – F – F.
Observações importantes:
d) F – F – V.
e) F – F – F. Alguns recursos servem de ajuda para que possamos
confirmar a ocorrência ou não da crase. Eis alguns:
Resposta: Letra C
• Substitui-se a palavra feminina por uma masculina
Esses alunos que são usuários constantes de redes so- equivalente. Caso ocorra a combinação a + o(s), a
ciais têm um risco 27% maior de desenvolver depressão crase está confirmada.
Em: ( ) Caso os termos ‘Esses alunos’ fosse passado
para o singular, outras quatro palavras deveriam sofrer Os dados foram solicitados à diretora.
ajustes para fins de concordância. Os dados foram solicitados ao diretor.
Esse aluno que é usuário constante de redes sociais
• No caso de nomes próprios geográficos, substitui-
tem um risco 27% maior de desenvolver depressão -se o verbo da frase pelo verbo voltar. Caso resul-
= (verdadeira = haveria quatro alterações) te na expressão “voltar da”, há a confirmação da
Em: ( ) Mais da metade dos alunos que usam redes crase.
sociais podem ficar deprimidos. Faremos uma visita à Bahia.
= falsa (o período em análise não nos transmite tal in- Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase confirmada)
formação, apenas afirma que usuários constantes têm
um risco 27% maior que os demais) Não me esqueço da viagem a Roma.
Em: ( ) O risco de alunos usuários de redes sociais de- Ao voltar de Roma, relembrarei os belos momentos ja-
senvolverem depressão constante extrapola o índice mais vividos.
dos 27%.
= Falsa (“depressão constante” altera o sentido do FIQUE ATENTO!
período) Nas situações em que o nome geográfico
se apresentar modificado por um adjunto
adnominal, a crase está confirmada.
EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades
CRASE de suas praias.
Use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ;
vou A volto DE, crase PRA QUÊ?” Exemplo:
CRASE
Vou a Campinas. = Volto de Campinas.
(crase pra quê?)
A crase se caracteriza como a fusão de duas vogais
Vou à praia. = Volto da praia. (crase há!)
idênticas, relacionadas ao emprego da preposição “a”
com o artigo feminino a(s), com o “a” inicial referente aos
pronomes demonstrativos – aquela(s), aquele(s), aquilo Quando o nome de lugar estiver especificado, ocor-
e com o “a” pertencente ao pronome relativo a qual (as rerá crase. Veja:
quais). Casos estes em que tal fusão encontra-se demar- Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo
cada pelo acento grave ( ` ): à(s), àquela, àquele, àquilo, que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE”
à qual, às quais. Irei à Salvador de Jorge Amado.

O uso do acento indicativo de crase está condiciona- A letra “a” dos pronomes demonstrativos aquele(s),
do aos nossos conhecimentos acerca da regência verbal aquela(s) e aquilo receberão o acento grave se o termo
e nominal, mais precisamente ao termo regente e termo regente exigir complemento regido da preposição “a”.
Entregamos a encomenda àquela menina.
regido. Ou seja, o termo regente é o verbo - ou nome -
(preposição + pronome demonstrativo)
que exige complemento regido pela preposição “a”, e o
termo regido é aquele que completa o sentido do termo Iremos àquela reunião.
regente, admitindo a anteposição do artigo a(s). (preposição + pronome demonstrativo)
LÍNGUA PORTUGUESA

Refiro-me a (a) funcionária antiga, e não a (a)quela Sua história é semelhante às que eu ouvia quando
contratada recentemente. criança. (àquelas que eu ouvia quando criança)
(preposição + pronome demonstrativo)
Após a junção da preposição com o artigo (destaca-
dos entre parênteses), temos: A letra “a” que acompanha locuções femininas (ad-
Refiro-me à funcionária antiga, e não àquela contrata- verbiais, prepositivas e conjuntivas) recebem o acento
da recentemente. grave:

90
• locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, às Observações:
pressas, à vontade...
• locuções prepositivas: à frente, à espera de, à pro- • Nos casos em que o numeral indicar horas – fun-
cura de... cionando como uma locução adverbial feminina –
• locuções conjuntivas: à proporção que, à medida ocorrerá crase: Os passageiros partirão às dezeno-
que. ve horas.
• Diante de numerais ordinais femininos a crase está
Cuidado: quando as expressões acima não exercerem confirmada, visto que estes não podem ser empre-
a função de locuções não ocorrerá crase. Repare: gados sem o artigo: As saudações foram direciona-
das à primeira aluna da classe.
Eu adoro a noite! • Não ocorrerá crase antes da palavra casa, quando
essa não se apresentar determinada: Chegamos
Adoro o quê? Adoro quem? O verbo “adoro” requer todos exaustos a casa.
objeto direto, no caso, a noite. Aqui, o “a” é artigo, não
preposição. Entretanto, se vier acompanhada de um adjunto
adnominal, a crase estará confirmada: Chegamos todos
Casos passíveis de nota:
exaustos à casa de Marcela.
• A crase é facultativa diante de nomes próprios fe-
mininos: Entreguei o caderno a (à) Eliza. • Não há crase antes da palavra “terra”, quando essa
• Também é facultativa diante de pronomes posses- indicar chão firme: Quando os navegantes regres-
sivos femininos: O diretor fez referência a (à) sua saram a terra, já era noite.
empresa.
• Facultativa em locução prepositiva “até a”: A loja Contudo, se o termo estiver precedido por um de-
ficará aberta até as (às) dezoito horas. terminante ou referir-se ao planeta Terra, ocorrerá crase.
• Constata-se o uso da crase se as locuções prepo-
sitivas à moda de, à maneira de apresentarem-se Paulo viajou rumo à sua terra natal.
implícitas, mesmo diante de nomes masculinos: Te- O astronauta voltou à Terra.
nho compulsão por comprar sapatos à Luis XV. (à
moda de Luís XV) • Não ocorre crase antes de pronomes que reque-
• Não se efetiva o uso da crase diante da locução rem o uso do artigo.
adverbial “a distância”: Na praia de Copacabana,
observamos a queima de fogos a distância. Os livros foram entregues a mim.
Dei a ela a merecida recompensa.
Entretanto, se o termo vier determinado, teremos
uma locução prepositiva, aí sim, ocorrerá crase: O pedes- • Pelo fato de os pronomes de tratamento relativos
tre foi arremessado à distância de cem metros. à senhora, senhorita e madame admitirem artigo, o
uso da crase está confirmado no “a” que os antece-
• De modo a evitar o duplo sentido – a ambiguidade
de, no caso de o termo regente exigir a preposição.
-, faz-se necessário o emprego da crase.
Todos os méritos foram conferidos à senhorita Patrícia.
Ensino à distância.
Ensino a distância.
• Não ocorre crase antes de nome feminino utilizado
• Em locuções adverbiais formadas por palavras re- em sentido genérico ou indeterminado:
petidas, não há ocorrência da crase.
Ela ficou frente a frente com o agressor. Estamos sujeitos a críticas.
Eu o seguirei passo a passo. Refiro-me a conversas paralelas.

Casos em que não se admite o emprego da crase: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Antes de vocábulos masculinos. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa


Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
As produções escritas a lápis não serão corrigidas. CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
Esta caneta pertence a Pedro. char. Português linguagens: volume 3 – 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010.
Antes de verbos no infinitivo.
LÍNGUA PORTUGUESA

SITE
Ele estava a cantar.
Começou a chover. Disponível em: <http://www.portugues.com.br/gra-
matica/o-uso-crase-.html>
Antes de numeral.

O número de aprovados chegou a cem.


Faremos uma visita a dez países.

91
palavra masculina) presos da Casa de Detenção, em
EXERCÍCIOS COMENTADOS São Paulo, o médico oncologista Drauzio Varella che-
ga ao fim de uma trilogia com o livro “Prisioneiras”.
Depois de “Estação Carandiru” (1999), que mostra as
1. (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO - (objeto direto do verbo “mostrar”) entranhas daquela
SOLDADO PM 2.ª CLASSE – VUNESP/2017) O acento que foi a (artigo definido) maior prisão da América La-
indicativo de crase está empregado corretamente em: tina, e de “Carcereiros” (2012), sobre os funcionários
que trabalham no sistema prisional, Varella agora faz
a) O personagem evita considerar à internet responsável um retrato das detentas da Penitenciária Feminina da
por suas atitudes. Capital, também na capital paulista, onde cumprem
b) O personagem reconheceu que já tinha uma propen-
pena mais de duas mil mulheres.
são à jogar o tempo fora.
Teremos: a / as / a.
c) O personagem tinha um comportamento indiferente à
qualquer influência da internet.
d) O personagem refere-se à uma maneira de se portar 3. (CÂMARA MUNICIPAL DE DOIS CÓRREGOS-SP -
com relação ao tempo. OFICIAL DE ATENDIMENTO E ADMINISTRAÇÃO – VU-
e) O personagem revelou à pessoa com quem conversa- NESP-2018) Assinale a alternativa em que o acento indi-
va que jogava o tempo fora. cativo de crase está empregado corretamente.

Resposta: Letra E a) Algumas pessoas com supermemória chegam à sofrer


com dores de cabeça.
Aos itens: b) Há lembranças tão vivas que nos fazem voltar à episó-
Em “a”, evita considerar à internet = a internet (objeto dios de nosso passado.
direto) c) Lembrar-se do passado pode ser uma tarefa muito di-
Em “b”, tinha uma propensão à jogar = a jogar (sem fícil à determinadas pessoas.
acento grave indicativo de crase antes de verbo no
d) Ela referiu-se à vontade de esquecer completamente
infinitivo)
os momentos dolorosos.
Em “c”, tinha um comportamento indiferente à qual-
quer influência = a qualquer (antes de pronome e) Ao nos atermos à uma experiência ruim, desconside-
indefinido) ramos o que ela traz de bom.
Em “d”, refere-se à uma maneira = a uma (antes de
artigo indefinido) Resposta: Letra D
Em “e”, O personagem revelou à pessoa com quem
conversava que jogava o tempo fora = revelou o quê? Aos itens:
que jogava o tempo fora; revelou a quem? à pessoa (ob- Em “a”, chegam à sofrer = a sofrer (antes de verbo no
jeto indireto, com preposição) = correta. infinitivo não se usa acento grave)
Em “b”, que nos fazem voltar à episódios = a episó-
2. (PM-SP - SOLDADO DE 2.ª CLASSE – VUNESP-2017) dios (palavra masculina e no plural)
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectiva- Em “c”, pode ser uma tarefa muito difícil à determina-
mente, as lacunas do texto a seguir. das = a determinadas (palavra no plural e presença
Quase 30 anos depois de iniciar um trabalho de atendi-
só da preposição)
mento _____ presos da Casa de Detenção, em São Paulo,
Em “d”, Ela referiu-se à vontade = correta (quem se
o médico oncologista Drauzio Varella chega ao fim de
uma trilogia com o livro “Prisioneiras”. Depois de “Es- refere, refere-se a algo ou a alguém)
tação Carandiru” (1999), que mostra ________ entranhas Em “e”, Ao nos atermos à uma experiência = a uma
daquela que foi ________maior prisão da América Latina, (antes de artigo indefinido)
e de “Carcereiros” (2012), sobre os funcionários que tra-
balham no sistema prisional, Varella agora faz um retrato 4. (IPSM-SP - ASSISTENTE DE GESTÃO MUNICIPAL
das detentas da Penitenciária Feminina da Capital, tam- - VUNESP-2018) De acordo com a norma- -padrão, o
bém na capital paulista, onde cumprem pena mais de acento indicativo da crase está corretamente empregado
duas mil mulheres. em:
(https://oglobo.globo.com. Adaptado)
a) O leitor aludiu à escrita como se ela fosse questão de
a) à … às … a talento: quem não tem, não vai nunca aprender.
b) a … as … a b) A escrita deve levar o texto à uma riqueza, marcada
c) a … às … a
LÍNGUA PORTUGUESA

pela clareza e precisão, afastando o leitor da confusão


d) à … às … à
e) a … as … à ou tédio.
c) De parte à parte, o texto precisa organizar-se como
Resposta: Letra B um tecido coeso e claro, instigando, assim, o leitor.
d) Existem aquelas pessoas que chegam à conclusões se-
Quase 30 anos depois de iniciar um trabalho de aten- melhantes, no entanto elas seguem pelo lado oposto.
dimento a (preposição – regência nominal de “aten- e) Também não estamos falando só de correção gramati-
dimento”, mas sem acento grave por estar diante de cal e ortográfica. Estamos nos referindo à pensamento.

92
Resposta: Letra A c) A circulação instantânea das notícias falsas, as quais
chegam a muitas pessoas devido à rapidez da internet,
Em “a”, O leitor aludiu à escrita = correta (regência do é favorável à formação de ondas de credulidade.
verbo “aludir” pede preposição) d) A circulação instantânea das notícias falsas, às quais
Em “b”, A escrita deve levar o texto à uma riqueza = a chegam a um grande número de pessoas devido à ra-
uma (antes de artigo indefinido) pidez da internet, é favorável as ondas de credulidade
Em “c”, De parte à parte = parte a parte (entre pala- que se formam.
vras repetidas) e) A circulação instantânea das notícias falsas, às quais
Em “d”, Existem aquelas pessoas que chegam à con- chegam a muitas pessoas devido a rapidez da internet,
clusões = a conclusões (antes de palavra no plural e o favorece à formação de ondas de credulidade.
“a” está “sozinho” = somente preposição)
Em “e”, Estamos nos referindo à pensamento = a pen-
Resposta: Letra C
samento (palavra masculina)
Acertos entre parênteses:
5. (PREFEITURA MUNICIPAL DE MOGI DAS CRU-
ZES-SP - AUXILIAR DE APOIO ADMINISTRATIVO Em “a”, as quais chegam à um (a um) grande público
- VUNESP-2018) devido à rapidez (ok) da internet, é favorável à for-
mação (ok)
No começo do século 20, a rápida industrialização nos Em “b”, às quais (as quais) chegam à muitas (a muitas)
Estados Unidos deu origem _______ algumas das maiores pessoas devido a rapidez (à rapidez) da internet
fortunas que o mundo já viu. Famílias como os Vander- Em “c”, as quais chegam a muitas pessoas devido à
bilt e os Rockefeller investiram em ferrovias, petróleo e rapidez da internet, é favorável à formação = correta
aço, obtendo um grande retorno, e passaram _________ Em “d”, às quais (as quais) chegam a um (ok) grande
ostentar sua riqueza. O período ficou conhecido como número de pessoas devido à rapidez (ok) da internet,
Era Dourada. A desigualdade nunca foi tão grande – até é favorável as ondas (às ondas)
agora. É o que mostra um relatório da UBS, companhia Em “e”, às quais (as quais) chegam a muitas (ok) pes-
de serviços financeiros, feito em parceria com a consul- soas devido a rapidez (à rapidez) da internet, favorece
tora PwC. à formação (a formação)
Para os autores do documento, a primeira Era Dourada Observação: quanto à regência verbal de “favorecer”
aconteceu entre 1870 e 1910. Segundo eles, a atual co- = pede complemento verbal direto (favorece o quê?
meçou em 1980 e deve se estender pelos próximos 10 favorece quem?); já a regência nominal de “favorá-
a 20 anos, prolongada pelo desempenho econômico da vel” pede preposição (favorável a quem? a quê?)
Ásia e de negócios ligados ________ tecnologia.
(IstoÉ, 15.11.2017. Adaptado)

Em conformidade com a norma-padrão, as lacunas do COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ÁTONOS


texto devem ser preenchidas, respectivamente, com:

a) a…a…a Prezado candidato, o tópico acima já foi abordado


b) à…à…à anteriormente!
c) a…à…à
d) à…à…a
e) a…a…à

Resposta: Letra E

Vamos aos trechos:


a rápida industrialização nos Estados Unidos deu ori-
gem a algumas das maiores fortunas = antes de pro-
nome indefinido
e passaram a ostentar sua riqueza = antes de verbo
no infinitivo
e de negócios ligados à tecnologia = regência nominal
de “ligados” pede preposição

6. (CÂMARA MUNICIPAL DE COTIA-SP – CONTADOR -


VUNESP-2017) Assinale a alternativa correta quanto ao
LÍNGUA PORTUGUESA

emprego do acento indicativo da crase.

a) A circulação instantânea das notícias falsas, as quais


chegam à um grande público devido à rapidez da in-
ternet, é favorável à formação de ondas de credulidade.
b) A circulação instantânea das notícias falsas, às quais
chegam à muitas pessoas devido a rapidez da internet,
favorece que se formem ondas de credulidade.

93
c) até;
d) país;
HORA DE PRATICAR! e) humanitárias.
1. (CAMAR - CURSO DE ADAPTAÇÃO DE MÉDICOS DA 5. (CAMAR - CURSO DE ADAPTAÇÃO DE MÉDICOS
AERONÁUTICA PARA O ANO DE 2016) “Os astrônomos
DA AERONÁUTICA PARA O ANO DE 2016) De acordo
eram formidáveis. Eu, pobre de mim, não desvendaria os
segredos do céu. Preso à terra, sensibilizar-me-ia com his- com seu significado, o conjunto de características for-
tórias tristes [...]”. Nas alternativas a seguir, os vocábulos mais e sua posição estrutural no interior da oração, as
acentuados do trecho anterior foram colocados em pares palavras podem pertencer à mesma classe de palavras
com palavras também acentuadas graficamente. Dentre ou não. Estabeleça a relação correta entre as colunas a
os pares formados, indique o que apresenta igual justifi- seguir considerando tais aspectos (considere as palavras
cativa para tal evento. em destaque).

a) céu / avô (1) advérbio


b) astrônomos / álibi (2) pronome
c) histórias / balaústre (3) conjunção
d) formidáveis / ínterim (4) substantivo
2. (MINISTÉRIO DA DEFESA COMANDO DA AERO-
NÁUTICA ESCOLA DE ESPECIALISTAS DE AERONÁU- ( ) “Não há prisão pior [...]”
TICA EXAME DE ADMISSÃO AO CFS-B 1-2/2014) Rela- ( ) “O lugar de estudo era isso.”
cione as colunas quanto às regras de acentuação gráfica, ( ) “E o olho sem se mexer [...]”
sabendo que haverá repetição de números. Em seguida, ( ) “Ora, se eles enxergavam coisas tão distantes, [...]”
assinale a alternativa com a sequência correta. ( ) “Emília respondeu com uma pergunta que me
espantou.”
(1) Põe-se acento agudo no i e no u tônicos que formam
hiato com a vogal anterior. A sequência está correta em
(2) Acentua-se paroxítona terminada em i ou u seguidos
ou não de s. a) 1–4–2–3–2
(3) Todas as proparoxítonas devem ser acentuadas. b) 2–1–3–3–4
(4) Oxítona terminada em e ou o, seguidos ou não de s,
c) 3–4–1–3–2
é acentuada.
d) 4–2–4–1–3
( ) íris
( ) saída 6. (EBSERH – TÉCNICO EM FARMÁCIA- AOCP-2015)
( ) compraríamos Assinale a alternativa em que o termo destacado é um
( ) vendê-lo pronome indefinido.
( ) bônus
( ) viúvo a) “Ele não exige fatos...”.
( ) bisavôs b) “Era um ídolo para mim.”.
c) “Discordo dele.”.
a) 2–1–3–4–2–1–4 d) “... espécie de carinho consigo mesmo.”.
b) 1–2–3–4–1–1–4
e) “O bom humor está disponível a todos...”.
c) 4–1–1–2–2–3–2
d) 2–2–3–4–2–1–3
7. (EBSERH – TÉCNICO EM FARMÁCIA- AOCP-2015)
3. (TRANSPETRO – TÉCNICO AMBIENTAL JÚNIOR – Em “Mas o bom humor de ambos os tornava parecidos.”,
CESGRANRIO-2018) Em conformidade com o Acordo os termos destacados são, respectivamente,
Ortográfico da Língua Portuguesa vigente, atendem às
regras de acentuação todas as palavras em: a) artigo e pronome.
b) artigo e preposição.
a) andróide, odisseia, residência c) preposição e artigo.
b) arguição, refém, mausoléu d) pronome e artigo.
c) desbloqueio, pêlo, escarcéu e) preposição e pronome.
d) feiúra, enjoo, maniqueísmo
e) sutil, assembléia, arremesso
LÍNGUA PORTUGUESA

8. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO – ADMINISTRATIVO


4. (ALERJ-RJ – ESPECIALISTA LEGISLATIVO – ARQUI- – FGV-2017)
TETURA – FGV-2017-ADAPTADA) Entre as palavras
abaixo, retiradas dos textos 1 e 2, aquela que só existe Texto 1 - “A democracia reclama um jornalismo vigo-
com acento gráfico é: roso e independente. A agenda pública é determinada
pela imprensa tradicional. Não há um único assunto rele-
a) história; vante que não tenha nascido numa pauta do jornalismo
b) evidência; de qualidade. Alguns formadores de opinião utilizam as

94
redes sociais para reverberar, multiplicar e cumprem as- 12. (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – NÍVEL SU-
sim relevante papel mobilizador. Mas o pontapé inicial é PERIOR – CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE-
sempre das empresas de conteúdo independentes”. -2014-ADAPTADA)
(O Estado de São Paulo, 10/04/2017)
A busca de uma convenção para medir riquezas e trocar
O texto 1, do Estado de São Paulo, mostra um conjunto mercadorias é quase tão antiga quanto a vida em so-
de adjetivos sublinhados que poderiam ser substituídos ciedade. Ao longo da história, os mais diversos artigos
por locuções; a substituição abaixo que está adequada é: foram usados com essa finalidade, como o chocolate,
entre os astecas, e o bacalhau seco, entre os noruegue-
a) independente = com dependência; ses, tendo cabido aos gregos do século VII a.C. a criação
b) pública = de publicidade; de uma moeda metálica com um valor padronizado pelo
Estado. “Foi uma invenção revolucionária. Ela facilitou o
c) relevante = de relevância;
acesso das camadas mais pobres às riquezas, o acúmulo
d) sociais = de associados;
de dinheiro e a coleta de impostos – coisas muito difíceis
e) mobilizador = de motivação.
de fazer quando os valores eram contados em bois ou
imóveis”, afirma a arqueóloga Maria Beatriz Florenzano,
9. (PC-SP - AUXILIAR DE NECROPSIA – VUNESP-2014) da Universidade de São Paulo. A segunda grande revo-
Considerando que o adjetivo é uma palavra que modifica lução na história do dinheiro, o papel-moeda, teve uma
o substantivo, com ele concordando em gênero e núme- origem mais confusa. Existiam cédulas na China do ano
ro, assinale a alternativa em que a palavra destacada é 960, mas elas não se espalharam para outros lugares e
um adjetivo. caíram em desuso no fim do século XIV.
As notas só apareceram na Europa – e daí para o mundo
a) ... um câncer de boca horroroso, ... – em 1661, na Suécia. Há quem acredite que cartões de
b) Ele tem dezesseis anos... crédito e caixas eletrônicos em rede já representam uma
c) Eu queria que ele morresse logo, ... terceira revolução monetária. “Com a informática, o di-
d) ... com a crueldade adicional de dar esperança às nheiro se transformou em impulsos eletrônicos invisíveis,
famílias. livres do espaço, do tempo e do controle de governos e
e) E o inferno não atinge só os terminais. corporações”, afirma o antropólogo Jack Weatherford, da
Faculdade Macalester, nos Estados Unidos da América.
10. (TRE-AC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMI- Internet: <http://super.abril.com.br> (com adaptações).
NISTRATIVA – AOCP-2015) Assinale a alternativa cujo A expressão “essa finalidade” refere-se ao trecho “para
“que” em destaque funciona como pronome relativo. medir riquezas e trocar mercadorias”.

a) «É uma maneira de expressar a vontade que a gente ( ) CERTO   ( ) ERRADO


tem. Acho que um voto pode fazer a diferença”.
b) “Ele diz que vota desde os 18...”. 13. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE LEGIS-
LATIVO MUNICIPAL – FGV-2018) “Por outro lado, nas
c) “Acho que um voto pode fazer a diferença”.
sociedades complexas, a violência deixou de ser uma fer-
d) “... e acreditam que um voto consciente agora pode
ramenta de sobrevivência e passou a ser um instrumento
influenciar futuramente na vida de seus filhos e netos”.
da organização da vida comunitária. Ou seja, foi usada
e) “O idoso afirma que sempre incentivou sua família a para criar uma desigualdade social sem a qual, acreditam
votar”. alguns teóricos, a sociedade não se desenvolveria nem se
complexificaria”. A utilização do termo “ou seja” introduz:
11. (TRF-1.ª Região – ANALISTA JUDICIÁRIO – INFOR-
MÁTICA – FCC- 2014-ADAPTADA) No período O livro a) uma informação sobre o significado de um termo an-
explica os espíritos chamados ‘xapiris’, que os ianomâmis teriormente empregado;
creem serem os únicos capazes de cuidar das pessoas e b) a explicação de uma expressão de difícil entendimento;
das coisas, a palavra grifada tem a função de pronome c) uma outra maneira de dizer-se rigorosamente a mes-
relativo, retomando um termo anterior. Do mesmo modo ma coisa;
como ocorre em: d) acréscimo de um esclarecimento sobre o que foi dito
antes;
a) Os ianomâmis acreditam que os xamãs recebem dos e) a ênfase de algo que parece importante para o texto.
espíritos chamados “xapiris” a capacidade de cura.
b) Eu queria escrever para os não indígenas não acharem 14. (BANCO DO BRASIL – ESCRITURÁRIO – CESGRAN-
que índio não sabe nada. RIO-2018) De acordo com as exigências da norma-pa-
c) O branco está preocupado que não chove mais em drão da língua portuguesa, o verbo destacado está cor-
retamente empregado em:
LÍNGUA PORTUGUESA

alguns lugares.
d) Gravou 15 fitas em que narrou também sua própria
trajetória. a) No mundo moderno, conferem-se às grandes metró-
e) Não sabia o que me atrapalhava o sono. poles importante papel no desenvolvimento da eco-
nomia e da geopolítica mundiais, por estarem no topo
da hierarquia urbana.
b) Conforme o grau de influência e importância inter-
nacional, classificou-se as 50 maiores cidades em três
diferentes classes, a maior parte delas na Europa.

95
c) Há quase duzentos anos, atribuem-se às cidades a como a Casa de Portugal e um grande número de casas
responsabilidade de motor propulsor do desenvolvi- regionais. Há, ainda, pequenas concentrações nos bairros
mento e a condição de lugar privilegiado para os ne- periféricos da cidade, como Jacarepaguá, originalmente
gócios e a cultura. formado por quintas de pequenos lavradores; nos subúr-
d) Em centros com grandes aglomerações populacionais, bios, como Méier e Engenho Novo; e nas zonas mais pri-
realiza-se negócios nacionais e internacionais, além de vilegiadas, como Botafogo e restante da zona sul carioca,
um atendimento bastante diversificado, como jornais, área nobre da cidade a partir da década de cinquenta,
teatros, cinemas, entre outros. preferida pelos mais abastados.
e) Em todos os estudos geopolíticos, considera-se as ci- PAULO, Heloísa. Portugueses no Rio de Janeiro: salaza-
dades globais como verdadeiros polos de influência ristas e opositores em manifestação na cidade. In: ALVES,
internacional, devido à presença de sedes de grandes Ida et alii. 450 Anos de Portugueses no Rio de Janeiro. Rio
empresas transnacionais e importantes centros de
de Janeiro: Ofi cina Raquel, 2017, pp. 260-1. Adaptado.
pesquisas.
O texto emprega duas vezes o verbo “haver”. Ambos es-
15. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
I – CESGRANRIO-2018) A palavra destacada atende às tão na 3.ª pessoa do singular, pois são impessoais. Esse
exigências de concordância da norma-padrão da língua papel gramatical está repetido corretamente em:
portuguesa em:
a) Ninguém disse que os portugueses havia de saírem da
a) Atualmente, causa impacto nas eleições de vários paí- cidade.
ses as notícias falsas. b) Se houvessem mais oportunidades, os imigrantes fica-
b) A recomendação de testar a veracidade das notícias riam ricos.
precisam ser seguidas, para não prejudicar as pessoas. c) Haveriam de haver imigrantes de outras procedências
c) O propósito de conferir grandes volumes de dados re- na cidade.
sultaram na criação de serviços especializados. d) Os imigrantes vieram de Lisboa porque lá não haviam
d) Os boatos causam efeito mais forte do que as no- empregos.
tícias reais porque vem acompanhados de títulos e) Os portugueses gostariam de que houvesse mais ofer-
chamativos. tas de trabalho.
e) Os resultados de pesquisas recentes mostram que
67% das pessoas consultam os jornais diariamente. 17. (TRANSPETRO – TÉCNICO AMBIENTAL JÚNIOR –
CESGRANRIO-2018) A concordância da forma verbal
16. (PETROBRAS – ENGENHEIRO(A) DE MEIO AM- destacada foi realizada de acordo com as exigências da
BIENTE JÚNIOR – CESGRANRIO-2018) norma-padrão da língua portuguesa em:
Texto I a) Com o crescimento da espionagem virtual, é necessá-
rio que se promova novos estudos sobre mecanismos
Portugueses no Rio de Janeiro
de proteção mais eficazes.
b) O rastreamento permanente das invasões cibernéticas
O Rio de Janeiro é o grande centro da imigração portu-
de grande porte permite que se suspeitem dos ha-
guesa até meados dos anos cinquenta do século passa-
do, quando chega a ser a “terceira cidade portuguesa do ckers responsáveis.
mundo”, possuindo 196 mil portugueses — um décimo c) Para atender às demandas dos usuários de celulares, é
de sua população urbana. Ali, os portugueses dedicam- preciso que se destinem à pesquisa tecnológica mui-
-se ao comércio, sobretudo na área dos comestíveis, tos milhões de dólares.
como os cafés, as panificações, as leitarias, os talhos, d) Para detectar as consequências mais prejudiciais da
além de outros ramos, como os das papelarias e lojas guerra virtual pela informação, necessitam-se de estu-
de vestuários. Fora do comércio, podem exercer as mais dos mais aprofundados.
variadas profissões, como atividades domésticas ou as de e) Se o crescimento das redes sociais assumir uma pro-
barbeiros e alfaiates. Há, de igual forma, entre os mais porção incontrolável, é aconselhável que se estabeleça
afortunados, aqueles ligados à indústria, voltados para novas restrições de utilização pelos jovens.
construção civil, o mobiliário, a ourivesaria e o fabrico de
bebidas. 18. (PC-AP – DELEGADO DE POLÍCIA – FCC-2017) As
A sua distribuição pela cidade, apesar da não formação normas de concordância e a adequada articulação entre
de guetos, denota uma tendência para a sua concentra- tempos e modos verbais estão plenamente observadas
ção em determinados bairros, escolhidos, muitas das ve-
LÍNGUA PORTUGUESA

na frase:
zes, pela proximidade da zona de trabalho. No Centro da
cidade, próximo ao grande comércio, temos um grupo a) É comum que se assinale numa crônica os aspectos do
significativo de patrícios e algumas associações de por- cotidiano que o escritor resolvesse analisar e interpre-
te, como o Real Gabinete Português de Leitura e o Liceu tar, apesar das dificuldades que encerram tal desafio.
Literário Português. Nos bairros da Cidade Nova, Estácio b) Se às crônicas de Rubem Braga viessem a faltar sua
de Sá, Catumbi e Tijuca, outro ponto de concentração
marca autoral inconfundível, elas terão deixado de
da colônia, se localizam outras associações portuguesas,
constituir textos clássicos desse gênero.

96
c) Caso um dia venham a surgir, simultaneamente, ta- c) Prefiro montar uma equipe de novatos à trabalhar
lentos à altura de um Rubem Braga, esse gênero terá com pessoas já desestimuladas.
alcançado uma relevância jamais vista. d) O antropólogo falará apenas àquele aluno cujo nome
d) Não seria fácil, de fato, que venha a se equilibrar, na consta na lista.
cabeça de um jovem cronista de hoje, os valores de e) Quanto à meus funcionários, afirmo que têm horário
sua experiência pessoal com os de sua comunidade. flexível e são responsáveis.
e) Tanto uma padaria como um banheiro poderiam ofe-
recer matéria para uma boa crônica, desde que não 22. (BADESC – TÉCNICO DE FOMENTO A – FGV-2010)
falte ao cronista recursos de grande imaginação. De acordo com as regras gramaticais, no trecho “a exor-
bitante carga tributária a que estão submetidas as empre-
19. (PC-BA – DELEGADO DE POLÍCIA – VUNESP-2018) sas”, não se deve empregar acento indicativo de crase,
A concordância está em conformidade com a norma-pa- devendo ocorrer o mesmo na frase:
drão na seguinte frase:
a) Entregue o currículo as assistentes do diretor.
b) Recorra a esta empresa sempre que precisar.
a) São comuns que a adaptação de livros para o cinema
c) Avise aquela colega que chegou sua correspondência.
suscitem reações negativas nos fãs do texto escrito.
d) Refira-se positivamente a proposta filosófica da
b) Cabem aos leitores completar, com a imaginação, as companhia.
lacunas que fazem parte da estrutura significativa do e) Transmita confiança aqueles que observam seu
texto literário. desempenho.
c) Aos esforços envolvidos na leitura soma-se a imagina-
ção, a que a linguagem literária apela constantemente. 23. (BANCO DA AMAZÔNIA – TÉCNICO BANCÁRIO –
d) Algumas pessoas mantém o hábito de só assistirem à CESGRANRIO-2018) De acordo com a norma-padrão da
adaptação de uma obra depois de as terem lido, para língua portuguesa, o sinal grave indicativo da crase deve
não ser influenciadas. ser empregado na palavra destacada em:
e) Há livros que dispõe de uma infinidade de adaptações
para o cinema, as quais tende a compor seu repertório a) A intenção da entrevista com o diretor estava re-
de leituras. lacionada a programação que a empresa pretende
desenvolver.
20. (FUNDASUS-MG – ANALISTA EM SERVIÇO PÚBLI- b) As ações destinadas a atrair um número maior de
CO DE SAÚDE - ANALISTA DE SISTEMA – AOCP-2015) clientes são importantes para garantir a saúde finan-
Observe o excerto: “Entre os fatores ligados à relação do ceira das instituições.
aluno com a instituição e com os colegas, gostar de ir à c) As instituições financeiras deveriam oferecer condi-
escola (...)” e assinale a alternativa correta com relação ções mais favoráveis de empréstimo a quem está fora
ao emprego do acento utilizado nos termos destacados. do mercado formal de trabalho.
d) As pessoas interessadas em ampliar suas reservas fi-
a) Trata-se do acento grave, empregado para indicar a nanceiras consideram que vale a pena investir na nova
supressão do advérbio “a” com o pronome femini- moeda virtual.
no “a” que acompanha os substantivos “relação” e e) Os participantes do seminário sobre mercado finan-
“escola”. ceiro foram convidados a comparar as importações e
b) Trata-se do acento agudo, empregado para indicar a as exportações em 2017.
nasalidade da vogal “a” que acompanha os substanti-
vos “relação” e “escola”. 24. (LIQUIGÁS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO –
c) Trata-se do acento circunflexo, empregado para assi- CESGRANRIO-2018) O emprego do acento indicativo
de crase está de acordo com a norma-padrão em:
nalar a vogal aberta “a” que acompanha os substanti-
vos “relação” e “escola”.
a) O escritor de novelas não escolhe seus personagens à
d) Trata-se do acento agudo, empregado para indicar a esmo.
supressão da preposição “a” com o artigo feminino “a” b) A audiência de uma novela se constrói no dia à dia.
que acompanha os substantivos “relação” e “escola”. c) Uma boa história pode ser escrita imediatamente ou à
e) Trata-se do acento grave, empregado para indicar a prazo.
junção da preposição “a” com o artigo feminino “a” d) Devido à interferências do público, pode haver mu-
que acompanha os substantivos “relação” e “escola”. danças na trama.
e) O novelista ficou aliviado quando entregou a sinopse
21. (BADESC – ANALISTA DE SISTEMA – BANCO DE à emissora.
DADOS – FGV-2010) Na frase “é ingênuo creditar a pos-
tura brasileira apenas à ausência de educação adequa- 25. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES-
da” foi corretamente empregado o acento indicativo de GRANRIO-2018) De acordo com a norma- -padrão da
crase. língua portuguesa, o acento grave indicativo da crase
LÍNGUA PORTUGUESA

deve ser empregado na palavra destacada em:


Assinale a alternativa em que o acento indicativo de cra-
se está corretamente empregado. a) Os novos lançamentos de smartphones apresentam,
em geral, pequena variação de funções quando com-
a) O memorando refere-se à documentos enviados na parados a versões anteriores.
semana passada. b) Estudantes do ensino médio fizeram uma pesquisa
b) Dirijo-me à Vossa Senhoria para solicitar uma audiên- junto a crianças do ensino fundamental para ver como
cia urgente. elas se comportam no ambiente virtual.

97
c) O acesso dos jovens a redes sociais tem causado enor- da implementação de programas estruturantes com o
mes prejuízos ao seu desempenho escolar, conforme objetivo de enfrentar o crime. Contratação de policiais,
o depoimento de professores. aquisição de equipamentos, viaturas e novas tecnolo-
d) Os consumidores compulsivos sujeitam-se a ficar ho- gias são medidas essenciais, mas é preciso ir muito além.
ras na fila para serem os primeiros que comprarão os Definir metas e alcançá-las, utilizando um bom método
novos lançamentos. de trabalho, deve ser parte de um programa bem articu-
e) As pessoas precisam ficar atentas a fatura do cartão lado, que permita o acompanhamento das ações e que
de crédito para não serem surpreendidas com valores incentive o trabalho integrado entre as forças policiais do
muito altos. estado, da União e das guardas municipais.

26. (PC-SP - INVESTIGADOR DE POLÍCIA O segmento do texto 1 em que a conjunção E tem valor
– VUNESP-2014) adversativo (oposição) e NÃO aditivo (adição) é:

A cada ano, ocorrem cerca de 40 mil mortes; segundo a) “...crescimento da violência em alguns estados do Sul
especialistas, quase metade delas está associada _____ e do Sudeste”;
bebidas alcoólicas. Isso revela a necessidade de um com- b) “Todos se assustam, o tempo passa, e pouca ação de-
bate efetivo _____ embriaguez ao volante. corre de fato”;
As lacunas do trecho devem ser preenchidas, correta e c) “Tem sido assim com o governo federal e boa parte
respectivamente, com:
das demais unidades da Federação”;
d) “...viaturas e novas tecnologias”;
a) às … a
e) “Definir metas e alcançá-las...”.
b) as … à
c) à…à
29. (ALERJ-RJ – ESPECIALISTA LEGISLATIVO – AR-
d) às … à
QUITETURA – FGV-2017) “... implica poder decifrar as
e) à…a
referências cristãs...”; a forma reduzida sublinhada fica
27. (PC-SP - AGENTE DE POLÍCIA – VUNESP-2013) De convenientemente substituída por uma oração em forma
acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, o desenvolvida na seguinte opção:
acento indicativo de crase está corretamente empregado
em: a) a possibilidade de decifrar as referências cristãs;
b) a possibilidade de decifração das referências cristãs;
a) A população, de um modo geral, está à espera de que, c) que se pudessem decifrar as referências cristãs;
com o novo texto, a lei seca possa coibir os acidentes. d) que possamos decifrar as referências cristãs;
b) A nova lei chega para obrigar os motoristas à repensa- e) a possibilidade de que decifrássemos as referências
rem a sua postura. cristãs.
c) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos à pu-
nições muito mais severas. 30. (COMPESA-PE – ANALISTA DE GESTÃO – ADMI-
d) À ninguém é dado o direito de colocar em risco a vida NISTRADOR – FGV-2018) “... mas já conhecem a brutal
dos demais motoristas e de pedestres. realidade dos desaventurados cuja sina é cruzar fronteiras
e) Cabe à todos na sociedade zelar pelo cumprimento da para sobreviver.” A forma reduzida de “para sobreviver”
nova lei para que ela possa funcionar. pode ser nominalizada de forma conveniente na seguin-
te alternativa:
28. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE LEGIS-
LATIVO MUNICIPAL – FGV-2018) a) para que sobrevivam.
b) a fim de que sobrevivessem.
Texto 1 – Guerra civil c) para sua sobrevida.
d) no intuito de sobreviverem.
Renato Casagrande, O Globo, 23/11/2017 e) para sua sobrevivência.

O 11.º Relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pú- 31. (MPU – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O
blica, mostrando o crescimento das mortes violentas no CARGO 33 – TÉCNICO ÁREA ADMINISTRATIVA -
Brasil em 2016, mais uma vez assustou a todos. Foram NÍVEL MÉDIO – CESPE-2013)
61.619 pessoas que perderam a vida devido à violência.
Outro dado relevante é o crescimento da violência em O Ministério Público é fruto do desenvolvimento do es-
alguns estados do Sul e do Sudeste.
LÍNGUA PORTUGUESA

tado brasileiro e da democracia. A sua história é marcada


Na verdade, todos os anos a imprensa nacional destaca por processos que culminaram na sua formalização insti-
os inaceitáveis números da violência no país. Todos se tucional e na ampliação de sua área de atuação.
assustam, o tempo passa, e pouca ação ocorre de fato. No período colonial, o Brasil foi orientado pelo direito
Tem sido assim com o governo federal e boa parte das lusitano. Não havia o Ministério Público como instituição.
demais unidades da Federação. Agora, com a crise, o ar- Mas as Ordenações Manuelinas de 1521 e as Ordena-
gumento é a incapacidade de investimento, mas, mes-
ções Filipinas de 1603 já faziam menção aos promotores
mo em períodos de economia mais forte, pouco se viu
de justiça, atribuindo a eles o papel de fiscalizar a lei e

98
de promover a acusação criminal. Existiam os cargos de (Bryan Borzykowski, “Por que escritórios aber-
procurador dos feitos da Coroa (defensor da Coroa) e de tos podem ser ruins para funcionários.” Disponível
procurador da Fazenda (defensor do fisco). em:<www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 04.04.2017.
A Constituição de 1988 faz referência expressa ao Mi- Adaptado)
nistério Público no capítulo Das Funções Essenciais à
Justiça. Define as funções institucionais, as garantias e as 32. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO –
vedações de seus membros. Isso deu evidência à institui- MÉDIO - VUNESP – 2017) Segundo o texto, são as-
ção, tornando-a uma espécie de ouvidoria da sociedade pectos desfavoráveis ao trabalho em espaços abertos
brasileira. compartilhados
Internet: <www.mpu.mp.br> (com adaptações).
a) a impossibilidade de cumprir várias tarefas e a restri-
No período “A sua história é marcada por processos que
ção à criatividade.
culminaram”, o termo “que” introduz oração de natureza
b) a dificuldade de propor soluções tecnológicas e a
restritiva.
transferência de atividades para o lar.
( ) CERTO   ( ) ERRADO c) a dispersão e a menor capacidade de conservar
conteúdos.
(TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉDIO d) a distração e a possibilidade de haver colaboração de
- VUNESP – 2017 - ADAPTADA) Leia o texto, para res- colegas e chefes.
ponder às questões a seguir: e) o isolamento na realização das tarefas e a vigilância
constante dos chefes.
Há quatro anos, Chris Nagele fez o que muitos execu-
tivos no setor de tecnologia já tinham feito – ele transfe- 33. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
riu sua equipe para um chamado escritório aberto, sem DIO - VUNESP – 2017) Assinale a alternativa em que a
paredes e divisórias. nova redação dada ao seguinte trecho do primeiro pará-
Os funcionários, até então, trabalhavam de casa, mas grafo apresenta concordância de acordo com a norma-
ele queria que todos estivessem juntos, para se conec- -padrão: Há quatro anos, Chris Nagele fez o que muitos
tarem e colaborarem mais facilmente. Mas em pouco executivos no setor de tecnologia já tinham feito.
tempo ficou claro que Nagele tinha cometido um grande
erro. Todos estavam distraídos, a produtividade caiu, e a) Muitos executivos já havia transferido suas equipes
os nove empregados estavam insatisfeitos, sem falar do para o chamado escritório aberto, como feito por
próprio chefe. Chris Nagele.
Em abril de 2015, quase três anos após a mudança b) Mais de um executivo já tinham transferido suas equi-
para o escritório aberto, Nagele transferiu a empresa pes para escritórios abertos, o que só aconteceu com
para um espaço de 900 m² onde hoje todos têm seu pró- Chris Nagele fazem mais de quatro anos.
prio espaço, com portas e tudo.
c) O que muitos executivos fizeram, transferindo suas
Inúmeras empresas adotaram o conceito de escritório
equipes para escritórios abertos, também foi feito por
aberto – cerca de 70% dos escritórios nos Estados Unidos
Chris Nagele, faz cerca de quatro anos.
são assim – e até onde se sabe poucos retornaram ao
modelo de espaços tradicionais com salas e portas. d) Devem fazer uns quatro anos que Chris Nagele trans-
Pesquisas, contudo, mostram que podemos perder feriu sua equipe para escritórios abertos, tais como foi
até 15% da produtividade, desenvolver problemas graves transferido por muitos executivos.
de concentração e até ter o dobro de chances de ficar e) Faz exatamente quatro anos que Chris Nagele fez o
doentes em espaços de trabalho abertos – fatores que que já tinham sido feitos por outros executivos do
estão contribuindo para uma reação contra esse tipo de setor.
organização.
Desde que se mudou para o formato tradicional, Na- 34. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
gele já ouviu colegas do setor de tecnologia dizerem DIO - VUNESP – 2017) É correto afirmar que a expressão
sentir falta do estilo de trabalho do escritório fechado. – até então –, em destaque no início do segundo pará-
“Muita gente concorda – simplesmente não aguentam o grafo, expressa um limite, com referência
escritório aberto. Nunca se consegue terminar as coisas e
é preciso levar mais trabalho para casa”, diz ele. a) temporal ao momento em que se deu a transferência
É improvável que o conceito de escritório aberto caia da equipe de Nagele para o escritório aberto.
em desuso, mas algumas firmas estão seguindo o exem- b) espacial aos escritórios fechados onde trabalhava
plo de Nagele e voltando aos espaços privados. a equipe de Nagele antes da mudança para locais
LÍNGUA PORTUGUESA

Há uma boa razão que explica por que todos ado- abertos.
ram um espaço com quatro paredes e uma porta: foco. c) temporal ao dia em que Nagele decidiu seguir o
A verdade é que não conseguimos cumprir várias tarefas exemplo de outros executivos, e espacial ao tipo de
ao mesmo tempo, e pequenas distrações podem desviar escritório que adotou.
nosso foco por até 20 minutos.
d) espacial ao caso de sucesso de outros executivos do
Retemos mais informações quando nos sentamos em
setor de tecnologia que aboliram paredes e divisórias.
um local fixo, afirma Sally Augustin, psicóloga ambiental
e) espacial ao novo tipo de ambiente de trabalho, e tem-
e design de interiores.
poral às mudanças favoráveis à integração.

99
35. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ- 40. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
DIO - VUNESP – 2017) É correto afirmar que a expressão I – CESGRANRIO-2018) O sinal de dois-pontos (:) está
– contudo –, destacada no quinto parágrafo, estabelece empregado de acordo com a norma-padrão da língua
uma relação de sentido com o parágrafo portuguesa em:

a) anterior, confirmando com estatísticas o sucesso das a) A diferença entre notícias falsas e verdadeiras é maior
empresas que adotaram o modelo de escritórios no campo da política: é menor nas publicações rela-
abertos. cionadas às catástrofes naturais.
b) posterior, expondo argumentos favoráveis à adoção b) A explicação para a difusão de notícias falsas é que
do modelo de escritórios abertos. os usuários compartilham informações com as quais
c) anterior, atestando a eficiência do modelo aberto com concordam: pois não verificam as fontes antes.
base em resultados de pesquisas.
c) As informações enganosas são mais difundidas do
d) anterior, introduzindo informações que se contra-
que as verdadeiras: de acordo com estudo recente fei-
põem à visão positiva acerca dos escritórios abertos.
to por um instituto de pesquisa.
e) posterior, contestando com dados estatísticos o for-
mato tradicional de escritório fechado. d) As notícias falsas podem ser desmascaradas com o
uso do bom senso: mas esperar isso de todo mundo é
36. (EBSERH – ANALISTA ADMINISTRATIVO – ESTA- quase impossível.
TÍSTICA – AOCP-2015) Assinale a alternativa correta em e) As revistas especializadas dão alguns conselhos: não
relação à ortografia dos pares. entre em sites desconhecidos e não compartilhe notí-
cias sem fonte confiável.
a) Atenção – atenciozo.
b) Aprender – aprendizajem. 41. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
c) Simples – simplissidade. I – CESGRANRIO-2018) A vírgula está empregada cor-
d) Fúria – furiozo. retamente em:
e) Sensação – sensacional.
37. (BADESC – TÉCNICO DE FOMENTO A – FGV-2010) a) A divulgação de histórias falsas pode ter consequên-
As palavras jeitinho, pesquisa e intrínseco apresentam cias reais desastrosas: prejuízos, financeiros e cons-
diferentes graus de dificuldade ortográfica e estão corre- trangimentos às empresas.
tamente grafadas. Assinale a alternativa em que a grafia b) As novas tecnologias, criaram um abismo ao separar
da palavra sublinhada está igualmente correta. quem está conectado de quem não faz parte do mun-
do digital.
a) Talvez ele seje um caso de sucesso empresarial. c) As pessoas tendem a aceitar apenas as declarações
b) A paralização da equipe técnica demorou bastante. que confirmam aquilo que corresponde, às suas
c) O funcionário reinvindicou suas horas extras. crenças.
d) Deve-se expor com clareza a pretenção salarial. d) Os jornalistas devem verificar as fontes citadas, cruzar
e) O assessor de imprensa recebeu o jornalista.
dados e checar se as informações refletem a realidade.
e) Os consumidores de notícias não agem como cientis-
38. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
tas porque não estão preocupados em conferir, pon-
I – CESGRANRIO-2018) O grupo em que todas as pala-
vras estão grafadas de acordo com a norma-padrão da tos de vista alternativos.
língua portuguesa é:
42. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES-
a) admissão, infração, renovação GRANRIO-2018) A vírgula foi plenamente empregada
b) diversão, excessão, sucessão de acordo com as exigências da norma-padrão da língua
c) extenção, eleição, informação portuguesa em:
d) introdução, repreção, intenção
e) transmissão, conceção, omissão a) A conexão é feita por meio de uma plataforma espe-
cífica, e os conteúdos, podem ser acessados pelos dis-
39. (MPE-AL - TÉCNICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO – positivos móveis dos passageiros.
FGV-2018) “A crise não trouxe apenas danos sociais e b) O mercado brasileiro de automóveis, ainda é muito
econômicos”; se juntarmos os adjetivos sublinhados em grande, porém não é capaz de absorver uma presença
um só vocábulo, a forma adequada será maior de produtos vindos do exterior.
c) Depois de chegarem às telas dos computadores e
a) sociais-econômicos.
LÍNGUA PORTUGUESA

celulares, as notícias estarão disponíveis em voos


b) social-econômicos. internacionais.
c) sociais-econômico. d) Os últimos dados mostram que, muitas economias
d) socioeconômicos. apresentam crescimento e inflação baixa, fazendo
e) socioseconômicos. com que os juros cresçam pouco.
e) Pode ser que haja uma grande procura de carros im-
portados, mas as montadoras vão fazer os cálculos e
ver, se a importação vale a pena.

100
43. (MPU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE-2010) 46. (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS
– 2014) Assinale a assertiva cuja regência verbal está
Para a maioria das pessoas, os assaltantes, assassinos e correta:
traficantes que possam ser encontrados em uma rua es-
cura da cidade são o cerne do problema criminal. Mas os a) Ela queria namorar com ele.
danos que tais criminosos causam são minúsculos quan- b) Já assisti a esse filme.
do comparados com os de criminosos respeitáveis, que c) O caminhoneiro dormiu no volante.
vestem colarinho branco e trabalham para as organiza-
d) Quando eles chegam em Campo Grande?
ções mais poderosas. Estima-se que as perdas provoca-
e) A moça que ele gosta é aquela ali.
das por violações das leis antitrust — apenas um item de
uma longa lista dos principais crimes do colarinho bran-
co — sejam maiores que todas as perdas causadas pelos 47. (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS –
crimes notificados à polícia em mais de uma década, e 2014) A regência nominal está correta em:
as relativas a danos e mortes provocadas por esse crime
apresentam índices ainda maiores. A ocultação, pela in- a) É preferível um inimigo declarado do que um amigo
dústria do asbesto (amianto), dos perigos representados falso.
por seus produtos provavelmente custou tantas vidas b) As meninas têm aversão de verduras.
quanto as destruídas por todos os assassinatos ocorridos c) Aquele cachorro é hostil para com desconhecidos.
nos Estados Unidos da América durante uma década in- d) O sentimento de liberdade é inerente do ser humano.
teira; e outros produtos perigosos, como o cigarro, tam- e) Construiremos portos acessíveis de qualquer navio.
bém provocam, a cada ano, mais mortes do que essas.
James William Coleman. A elite do crime. 5.ª ed., São 48. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
Paulo: Manole, 2005, p. 1 (com adaptações). I – CESGRANRIO-2018)
Não haveria prejuízo para o sentido original do texto
nem para a correção gramatical caso a expressão “a cada
ano” fosse deslocada, com as vírgulas que a isolam, para Na internet, mentiras têm pernas longas
imediatamente depois de “e”.
Diz o velho ditado que “a mentira tem pernas curtas”,
( ) CERTO   ( ) ERRADO mas nestes tempos de internet parece que a situação se
inverteu, pelo menos no mundo digital. Pesquisadores
44. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ- mostram que rumores falsos “viajam” mais rápido e mais
DIO - VUNESP – 2017) Assinale a alternativa em que “longe”, com mais compartilhamentos e alcançando um
a substituição dos trechos destacados na passagem – O maior número de pessoas, nas redes sociais, do que in-
paulistano, contudo, não é de jogar a toalha – prefere es- formações verdadeiras.
tendê-la e se deitar em cima, caso lhe concedam dois Foram reunidos todos os rumores nas redes sociais - fal-
metros quadrados de chão. – está de acordo com a nor- sos, verdadeiros ou “mistos”. Esses rumores foram acom-
ma-padrão de crase, regência e conjugação verbal. panhados, chegando a um total de mais de 4,5 milhões
de postagens feitas por cerca de 3 milhões de pessoas,
a) prefere mais estendê-la do que desistir – põe à
formando “cascatas” de compartilhamento.
disposição.
Ao compararem os padrões de compartilhamento des-
b) prefere estendê-la à desistir – ponham a disposição.
c) prefere estendê-la a desistir – põe a disposição. sas milhares de “cascatas”, os pesquisadores observaram
d) prefere estendê-la do que desistir – põem a disposição. que os rumores “falsos” se espalharam com mais rapidez,
e) prefere estendê-la a desistir – ponham à disposição. aumentando o número de “degraus” da cascata - e com
maior abrangência do que os considerados verdadeiros.
45. (PREFEITURA DE SERTÃOZINHO - SP – FARMA- A tendência também se manteve, independentemente
CÊUTICO - SUPERIOR - VUNESP – 2017 - adaptada) do tema geral que os rumores abordassem, mas foi mais
Leia as frases. forte quando versavam sobre política do que os demais,
As previsões alusivas ............. aumento da depressão são na ordem de frequência: lendas urbanas; negócios; terro-
alarmantes. rismo e guerras; ciência e tecnologia; entretenimento; e
Os sentimentos de tédio ou de tristeza são inadequada- desastres naturais.
mente convertidos .......... estados depressivos. Uma surpresa provocada pelo estudo revelou o perfil
Qualquer situação que possa ser um obstáculo ............ feli- de quem mais compartilha rumores falsos: usuários com
cidade é considerada doença. poucos seguidores e novatos nas redes.
— Vivemos inundados por notícias e muitas vezes as
Para que haja coerência com a regência nominal estabe-
LÍNGUA PORTUGUESA

lecida pela norma-padrão, as lacunas das frases devem pessoas não têm tempo nem condições para verificar
ser preenchidas, respectivamente, por: se elas são verdadeiras — afirma um dos pesquisado-
res. Isso não quer dizer que as pessoas são estúpidas. As
a) ao … com … na redes sociais colocam todas as informações no mesmo
b) ao … em … à nível, o que torna difícil diferenciar o verdadeiro do falso,
c) do … com … na uma fonte confiável de uma não confiável.
d) com o … em … para BAIMA, Cesar. Na internet, mentiras têm pernas longas.
e) com o … para … à O Globo. Sociedade. 09 mar. 2018. Adaptado.

101
No trecho “independentemente do tema geral que os ru- 51. (ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR DO BARRO
mores abordassem”, a palavra que pode substituir rumo- BRANCO-SP – TECNÓLOGO DE ADMINISTRAÇÃO PO-
res, por ter sentido equivalente, é: LICIAL MILITAR – VUNESP-2010) Analise a charge.

a) assuntos
b) boatos
c) debates
d) diálogos
e) temas

49. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – FGV-2018) O


período abaixo em que os dois termos sublinhados NÃO
podem trocar de posição é:

a) A arte é a mais bela das mentiras;


b) O importante na obra de arte é o espanto;
c) A forma segue a emoção;
d) A obra de arte: uma interrupção do tempo; (www.arionaurocartuns.com.br)
e) Na arte não existe passado nem futuro.
A palavra só, presente na fala do personagem, tem o
50. (MPU – TÉCNICO – SEGURANÇA INSTITUCIONAL E mesmo sentido em:
TRANSPORTE – CESPE-2015)
a) Só vence quem concorre.
TEXTO II b) Mariana veio só, infelizmente.
c) Pedro estava só, quando cheguei.
A partir de uma ação do Ministério Público Federal d) A mulher, por estar só, sentiu-se amedrontada.
(MPF), o Tribunal Regional Federal da 2.ª Região (TRF2) e) O marujo, só, resolveu passear pela praia.
determinou que a Google Brasil retirasse, em até 72 ho-
ras, 15 vídeos do YouTube que disseminam o preconcei-
to, a intolerância e a discriminação a religiões de matriz
africana, e fixou multa diária de R$ 50.000,00 em caso de
descumprimento da ordem judicial. Na ação civil pública,
a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC/
RJ) alegou que a Constituição garante aos cidadãos não
apenas a obrigação do Estado em respeitar as liberdades,
mas também a obrigação de zelar para que elas sejam
respeitadas pelas pessoas em suas relações recíprocas.
Para a PRDC/RJ, somente a imediata exclusão dos ví-
deos da Internet restauraria a dignidade de tratamento,
que, nesse caso, foi negada às religiões de matrizes afri-
canas. Corroborando a visão do MPF, o TRF2 entendeu
que a veiculação de vídeos potencialmente ofensivos e
fomentadores do ódio, da discriminação e da intolerância
contra religiões de matrizes africanas não corresponde
ao legítimo exercício do direito à liberdade de expressão.
O tribunal considerou que a liberdade de expressão não
se pode traduzir em desrespeito às diferentes manifesta-
ções dessa mesma liberdade, pois ela encontra limites no
próprio exercício de outros direitos fundamentais.
Internet: <http://ibde.org.br> (com adaptações).

No trecho “adulterar ou destruir dados”, a palavra “adul-


terar” está sendo empregada com o sentido de alterar
prejudicando.
LÍNGUA PORTUGUESA

( ) CERTO   ( ) ERRADO

102
ANOTAÇÕES
GABARITO

1 B 43 CERTO _________________________________________________
2 A 44 E
3 B 45 B _________________________________________________
4 E 46 B _________________________________________________
5 A 47 C
6 E 48 B _________________________________________________
7 A 49 C
8 C 50 CERTO _________________________________________________
9 A 51 A
_________________________________________________
10 A
11 D _________________________________________________
12 CERTO
13 D _________________________________________________
14 C
15 E _________________________________________________
16 E _________________________________________________
17 C
18 C _________________________________________________
19 C
20 E _________________________________________________
21 D
_________________________________________________
22 B
23 A _________________________________________________
24 E
25 E _________________________________________________
26 D
27 A _________________________________________________
28 B _________________________________________________
29 D
30 E _________________________________________________
31 CERTO
32 C _________________________________________________
33 C
_________________________________________________
34 A
35 D _________________________________________________
36 E
37 E _________________________________________________
38 A
39 D _________________________________________________
40 E _________________________________________________
41 D
42 C _________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________
LÍNGUA PORTUGUESA

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103
ANOTAÇÕES

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LÍNGUA PORTUGUESA

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104
ÍNDICE

GEOGRAFIA DO BRASIL

A Organização do Espaço Brasileiro. A integração brasileira ao processo de internacionalização da economia; o


desenvolvimento econômico e social; e os indicadores sociais do Brasil........................................................................................ 01
O processo de industrialização brasileira, os fatores de localização e as suas repercussões: econômicas, ambientais
e urbanas. A rede de transportes brasileira e sua estrutura e evolução. A questão urbana brasileira: processos
e estruturas. A agropecuária, a estrutura fundiária e problemas sociais rurais no Brasil, dinâmica das fronteiras
agrícolas e sua expansão para o Centro-Oeste e para a Amazônia. A população brasileira: evolução, estrutura
e dinâmica. A distribuição dos efetivos demográficos e os movimentos migratórios internos: reflexos sociais e
espaciais..................................................................................................................................................................................................................... 11
A Questão Regional no Brasil. A regionalização do país: sua justificativa socioeconômica e critérios adotados pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); as regiões e as políticas públicas para fins de planejamento. As
regiões brasileiras: especializações territoriais, produtivas e características sociais e econômicas....................................... 36
O Espaço Natural Brasileiro: seu aproveitamento econômico e o meio ambiente. Geomorfologia do território
brasileiro: O território brasileiro e a placa sul-americana; as bases geológicas do Brasil; as feições do relevo; os
domínios naturais e as classificações do relevo brasileiro..................................................................................................................... 38
A questão ambiental no Brasil. Os recursos minerais. As fontes de energia e os recursos hídricos. A biosfera e os
climas do Brasil........................................................................................................................................................................................................ 53
idiomas, entre outros. Assim, nem sempre uma nação
A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO
equivale a um Estado, ou a um país ou, até mesmo, a um
BRASILEIRO. A INTEGRAÇÃO
BRASILEIRA AO PROCESSO DE território, havendo, dessa forma, muitas nações sem ter-
INTERNACIONALIZAÇÃO DA ritório e sem uma soberania territorial constituída.
ECONOMIA; O DESENVOLVIMENTO
ECONÔMICO E SOCIAL; E OS #FicaDica
INDICADORES SOCIAIS DO BRASIL.
É necessário, contudo, estabelecer a dife-
rença entre Estado e País, afinal, enquanto
Em todo território autônomo existem divisões inter- o primeiro é uma instituição formada por
nas que servem para facilitar a administração. No Brasil povo, território e governo, o segundo é um
não é diferente, o país precisa ser gerenciado e controla- conceito genérico referente a tudo que se
do por entidades ligadas ao governo, sendo uma subor- encontra no território dominado por um
dinada à outra. Estado, apresentando características físi-
Sendo assim, mediante à necessidade de dividir a ad- cas, naturais, econômicas, sociais, culturais
ministração e o controle do país, foi estabelecida uma e outras. No nosso caso, o Brasil é o país e
fragmentação do território brasileiro em estados, municí- a República Federativa do Brasil é o Estado.
pios e distritos, além de outras regionalizações, como as
regiões e os complexos regionais.
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO.
FIQUE ATENTO!
FEDERAÇÃO
Atualmente, o Brasil possui 26 estados, cha-
mados também de unidades da federação; São elementos do Estado a soberania, a finalidade, o
incluindo ainda o Distrito Federal, uma das povo e o território. Assim, Dalmo de Abreu Dallari (apud
unidades federativas que foi criada com in- Lenza, 2019, p. 719) define Estado como “a ordem jurídi-
tuito de abrigar a capital do país, a cidade de ca soberana que tem por fim o bem comum de um povo
Brasília. Grande parte das decisões políticas
situado em determinado território”.
acontece na sede do governo federal que se
A Constituição de 1988 adotou a forma republicana
localiza nessa cidade.
de governo, o sistema presidencialista de governo e a
forma federativa de Estado. Note tratar-se de três defi-
Com isso, as delimitações dos territórios de muitos nições distintas. O federalismo é marcado pela união in-
dos estados brasileiros ocorreram, principalmente, no fi- dissolúvel de estados com autonomia política. São entes
nal do século XIX. Mas tivemos outras mudanças mais da federação brasileira: a União; os Estados-Membros;
contemporâneas, que aconteceram em 1977, quan- o Distrito Federal e os Municípios.
do surgiu o Mato Grosso do Sul. Mais tarde, em 1988,
Brasília é a capital federal e o Estado brasileiro é con-
Goiás foi dividido, dando origem a um novo estado, o
siderado laico, mantendo uma posição de neutralidade
Tocantins.
em matéria religiosa, admitindo o culto de todas as reli-
Desta forma, os estados possuem a liberdade de criar
leis autônomas, mas que são subordinadas à Constitui- giões, sem qualquer intervenção.
ção Federal Brasileira. Dentro dos estados existe, ainda,
outra divisão: os municípios, que possuem leis próprias, COMPETÊNCIAS
devendo seguir os moldes estipulados pela nossa cons-
tituição. Dentro dos territórios municipais é possível en- As competências dos entes federativos podem ser:
contrar outra divisão de proporção menor, que os subdi-
vide em distritos. Materiais ou administrativas, que se dividem em
Assim, a soberania territorial é exercida pelo Esta- exclusivas e comuns;
do brasileiro. Perceba que esse termo, com “E” maiúsculo Legislativas, que compreedem as exclusivas, as priva-
difere-se do estado (com “e” minúsculo), que é apenas tivas e as concorrentes complementares e suplementares;
uma unidade federativa ou uma província do país. O Es- Competência exclusiva é aquela conferida a um dos
tado é, portanto, um conjunto de instituições públicas entes federativos (União, Estados, Distrito Federal e Mu-
que administra um território, procurando atender os an- nicípios) com exclusão dos demais. A competência priva-
seios e interesses de sua população. Dentre essas insti- tiva é aquela enumerada como própria de um ente, com
GEOGRAFIA DO BRASIL

tuições, podemos citar as escolas, os hospitais públicos, possibilidade, entretanto, de delegação para outro. Con-
os departamentos de política, o governo e muitas outras.
corrente é a competência conferida em comum a mais de
Por outro lado, o conceito de Nação também possui
um ente federativo. Na complementar, o ente federativo
suas diferenças e particularidades em relação aos ter-
tem competência naquilo que a norma federal (superior)
mos supracitados. Nação significa uma união entre um
mesmo povo com um sentimento de pertencimento e de lhe dê condição de atuar e na suplementar, por sua vez,
união entre si, compartilhando, muitas vezes, um conjun- o ente federativo supre a competência federal não exer-
to mais ou menos definido de culturas, práticas sociais, cida, porém, se esta o exercer, o ato aditado com base na
competência suplementar perde a eficácia.

1
UNIÃO VII - emitir moeda;
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fis-
A União é o ente federativo com dupla personalidade. calizar as operações de natureza financeira, espe-
Internamente, é uma pessoa jurídica de direito público cialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem
interno, com autonomia autonomia financeira, adminis- como as de seguros e de previdência privada;
trativa e política e capacidade de auto-organização, au- IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais
togoverno, autolegislação e autoadministração. Interna- de ordenação do território e de desenvolvimento eco-
cionalmente, a União representa a República Federativa nômico e social;
do Brasil a quem cabe exercer as prerrogativas da sobe- X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
rania do Estado brasileiro. XI - explorar, diretamente ou mediante autorização,
concessão ou permissão, os serviços de telecomunica-
Bens da União:
ções, nos termos da lei, que disporá sobre a organi-
zação dos serviços, a criação de um órgão regulador
São bens da União os previstos no
e outros aspectos institucionais (Redação dada pela
Art. 20, CF: Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95);
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vie- XII - explorar, diretamente ou mediante autorização,
rem a ser atribuídos; concessão ou permissão:
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e ima-
fronteiras, das fortificações e construções militares, gens (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 8,
das vias federais de comunicação e à preservação am- de 15/08/95);
biental, definidas em lei; b) os serviços e instalações de energia elétrica e o
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em aproveitamento energético dos cursos de água, em ar-
terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um ticulação com os Estados onde se situam os potenciais
Estado, sirvam de limites com outros países, ou se es- hidroenergéticos;
tendam a território estrangeiro ou dele provenham, c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura
bem como os terrenos marginais e as praias fluviais; aeroportuária;
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário
outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que
e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a transponham os limites de Estado ou Território;
sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e
serviço público e a unidade ambiental federal, e as re- internacional de passageiros;
feridas no f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Minis-
Art. 26, II; Redação dada pela Emenda Constitucional tério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a
nº 46, de 2005). Defensoria Pública dos Territórios (Redação dada pela
V - os recursos naturais da plataforma continental e
Emenda Constitucional nº 69, de 2012) (Produção de
da zona econômica exclusiva;
efeito);
VI - o mar territorial;
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia penal,
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
VIII - os potenciais de energia hidráulica; a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Dis-
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; trito Federal, bem como prestar assistência financeira
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios ar- ao Distrito Federal para a execução de serviços públi-
queológicos e pré-históricos; cos, por meio de fundo próprio (Redação dada pela
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. Emenda Constitucional nº 104, de 2019);
XV - organizar e manter os serviços oficiais de esta-
Competências da União tística, geografia, geologia e cartografia de âmbito
nacional;
Competência administrativa exclusiva da União: XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de
diversões públicas e de programas de rádio e televisão;
Art. 21. Compete à União: XVII - conceder anistia;
I - manter relações com Estados estrangeiros e partici- XVIII - planejar e promover a defesa permanente con-
par de organizações internacionais; tra as calamidades públicas, especialmente as secas e
II - declarar a guerra e celebrar a paz; as inundações;
GEOGRAFIA DO BRASIL

III - assegurar a defesa nacional; XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de


IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, recursos hídricos e definir critérios de outorga de direi-
que forças estrangeiras transitem pelo território na- tos de seu uso (Regulamento);
cional ou nele permaneçam temporariamente; XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urba-
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a no, inclusive habitação, saneamento básico e trans-
intervenção federal; portes urbanos;
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema
material bélico;
nacional de viação;

2
XXII - executar os serviços de polícia marítima, aero- XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de
portuária e de fronteiras (Redação dada pela Emenda direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos
Constitucional nº 19, de 1998); e minerais em seus territórios;
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de XII - estabelecer e implantar política de educação para
qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a a segurança do trânsito.
pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamen- Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas
to, a industrialização e o comércio de minérios nuclea- para a cooperação entre a União e os Estados, o Dis-
res e seus derivados, atendidos os seguintes princípios trito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilí-
e condições: brio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito
a) toda atividade nuclear em território nacional so- nacional (Redação dada pela Emenda Constitucional
mente será admitida para fins pacíficos e mediante nº 53, de 2006).
aprovação do Congresso Nacional;
Competência Legislativa Privativa da União:
b) sob regime de permissão, são autorizadas a co-
mercialização e a utilização de radioisótopos para a
Art. 22. Compete privativamente à União legislar
pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais (Reda- sobre:
ção dada pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006); I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral,
c) sob regime de permissão, são autorizadas a pro- agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
dução, comercialização e utilização de radioisótopos II - desapropriação;
de meia-vida igual ou inferior a duas horas (Redação III - requisições civis e militares, em caso de iminente
dada pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006); perigo e em tempo de guerra;
d) a responsabilidade civil por danos nucleares in- IV - águas, energia, informática, telecomunicações e
depende da existência de culpa; (Redação dada pela radiodifusão;
Emenda Constitucional nº 49, de 2006); V - serviço postal;
XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garan-
trabalho; tias dos metais;
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferên-
exercício da atividade de garimpagem, em forma cia de valores;
associativa. VIII - comércio exterior e interestadual;
IX - diretrizes da política nacional de transportes;
Competências administrativas comuns da União, X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, ma-
Estados, Distrito Federal e Municípios: rítima, aérea e aeroespacial;
XI - trânsito e transporte;
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e
do Distrito Federal e dos Municípios: metalurgia;
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
XIV - populações indígenas;
instituições democráticas e conservar o patrimônio
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e ex-
público;
pulsão de estrangeiros;
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção
XVI - organização do sistema nacional de emprego e
e garantia das pessoas portadoras de deficiência; condições para o exercício de profissões;
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de XVII - organização judiciária, do Ministério Público
valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as do Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria
paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; Pública dos Territórios, bem como organização admi-
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracteriza- nistrativa destes (Redação dada pela Emenda Consti-
ção de obras de arte e de outros bens de valor históri- tucional nº 69, de 2012) (Produção de efeito);
co, artístico ou cultural; XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à edu- geologia nacionais;
cação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de poupança popular;
2015); XX - sistemas de consórcios e sorteios;
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição XXI - normas gerais de organização, efetivos, mate-
em qualquer de suas formas; rial bélico, garantias, convocação, mobilização, inati-
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; vidades e pensões das polícias militares e dos corpos
GEOGRAFIA DO BRASIL

VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o de bombeiros militares; (Redação dada pela Emenda
abastecimento alimentar; Constitucional nº 103, de 2019);
IX - promover programas de construção de moradias XXII - competência da polícia federal e das polícias
e a melhoria das condições habitacionais e de sanea- rodoviária e ferroviária federais;
mento básico; XXIII - seguridade social;
X - combater as causas da pobreza e os fatores de XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
marginalização, promovendo a integração social dos XXV - registros públicos;
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
setores desfavorecidos;

3
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em ESTADOS
todas as modalidades, para as administrações públicas
diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, O Brasil é composto de estados federados que gozam
Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no de uma autonomia, consubstancianda na capacidade de
auto-organização, auto-legislação, auto-governo e auto-
Art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades -administração. Os Estados podem se formar a partir de
de economia mista, nos termos do fusão, cisão ou desmembramento.

Art. 173, § 1°, III; (Redação dada pela Emenda Consti- Competências Estaduais:
tucional nº 19, de 1998);
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas
marítima, defesa civil e mobilização nacional; Constituições e leis que adotarem, observados os prin-
XXIX - propaganda comercial. cípios desta Constituição.§ 1º São reservadas aos Esta-
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar dos as competências que não lhes sejam vedadas por
os Estados a legislar sobre questões específicas das esta Constituição.§ 2º Cabe aos Estados explorar dire-
matérias relacionadas neste artigo. tamente, ou mediante concessão, os serviços locais de
gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de
Competência Legislativa concorrente da União, medida provisória para a sua regulamentação. (Reda-
Estados e Distrito Federal: ção dada pela Emenda Constitucional nº 5, de 1995).§
3º Os Estados poderão, mediante lei complementar,
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito instituir regiões metropolitanas, aglomerações urba-
Federal legislar concorrentemente sobre: nas e microrregiões, constituídas por agrupamentos
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econô- de municípios limítrofes, para integrar a organização,
mico e urbanístico (Vide Lei nº 13.874, de 2019); o planejamento e a execução de funções públicas de
II - orçamento; interesse comum.
III - juntas comerciais;
Bens dos Estados-Membros:
IV - custas dos serviços forenses;
V - produção e consumo;
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natu-
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes,
reza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção
emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na
do meio ambiente e controle da poluição;
forma da lei, as decorrentes de obras da União;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artísti-
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que esti-
co, turístico e paisagístico;
verem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao
da União, Municípios ou terceiros;
consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estéti-
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à
co, histórico, turístico e paisagístico; União;
IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tec- IV - as terras devolutas não compreendidas entre as
nologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação (Reda- da União.
ção dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015);
X - criação, funcionamento e processo do juizado de MUNICÍPIOS
pequenas causas;
XI - procedimentos em matéria processual; O Município, que também é um ente federado que
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; possui autonomia administrativa (autoadministração) e
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública; política (auto-organização, autogoverno e capacidade
XIV - proteção e integração social das pessoas porta- normativa própria). E, vinculado ao Estado onde se lo-
doras de deficiência; caliza, depende na sua criação, incorporação, fusão ou
XV - proteção à infância e à juventude; desmembramento, de lei estadual dentro do período de-
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das terminado por lei complementar federal, além da realiza-
polícias civis.§ 1º No âmbito da legislação concorren- ção de plebiscito.
te, a competência da União limitar-se-á a estabele- Sua capacidade de auto-organização consiste na pos-
cer normas gerais (Vide Lei nº 13.874, de 2019);§ 2º sibilidade da elaboração da lei orgânica própria. O mu-
A competência da União para legislar sobre normas nicípio possui o Poder Executivo, exercido pelo Prefeito
GEOGRAFIA DO BRASIL

gerais não exclui a competência suplementar dos Es- e o Poder Legislativo, exercido pela Câmara Municipal.
tados (Vide Lei nº 13.874, de 2019);§ 3º Inexistindo Entretanto, não há Poder Judiciário na esfera municipal. É
lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão regido por lei orgânica, nos termos do
a competência legislativa plena, para atender a suas
peculiaridades (Vide Lei nº 13.874, de 2019);§ 4º A su- Art. 29, CF. A Constituição prevê ainda a composi-
perveniência de lei federal sobre normas gerais sus- ção das Câmaras Municipais e o subsídio dos verea-
pende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrá- dores, de acordo com a quantidade de habitantes do
rio (Vide Lei nº 13.874, de 2019). município.

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Competência: por dois terços da Câmara Legislativa, que a pro-
mulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta
A competência dos municípios está elencada no Constituição.§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas
as competências legislativas reservadas aos Estados e
Art. 30, CF. Municípios.§ 2º A eleição do Governador e do Vice-
-Governador, observadas as regras do
Art. 30. Compete aos Municípios:
I - legislar sobre assuntos de interesse local; Art. 77, e dos Deputados Distritais coincidirá com a
II - suplementar a legislação federal e a estadual no dos Governadores e Deputados Estaduais, para man-
que couber; dato de igual duração.§ 3º Aos Deputados Distritais e
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competên-
à Câmara Legislativa aplica-se o disposto no
cia, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da
obrigatoriedade de prestar contas e publicar balance-
Art. 27.§ 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo
tes nos prazos fixados em lei;
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a Governo do Distrito Federal, da polícia civil, da polí-
legislação estadual; cia penal, da polícia militar e do corpo de bombeiros
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de militar (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
concessão ou permissão, os serviços públicos de inte- 104, de 2019).
resse local, incluído o de transporte coletivo, que tem
caráter essencial; Hoje, não existe no Brasil nenhum Território. Com o
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da advento da CF/88 Roraima e Amapá foram transforma-
União e do Estado, programas de educação infantil e dos em Estados e Fernando de Noronha foi incorporado
de ensino fundamental; (Redação dada pela Emenda ao Estado de Pernambuco.
Constitucional nº 53, de 2006)
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da CAPÍTULO VI
União e do Estado, serviços de atendimento à saúde
da população; DA INTERVENÇÃO
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamen-
to territorial, mediante planejamento e controle do Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Dis-
uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano; trito Federal, exceto para:
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cul-
I - manter a integridade nacional;
tural local, observada a legislação e a ação fiscaliza-
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da
dora federal e estadual.
Federação em outra;
Fiscalização financeira e orçamentária III - pôr termo a grave comprometimento da ordem
pública;
A fiscalização financeira e orçamentária dos Municí- IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes
pios se dá sob duas modalidades: controle externo, exer- nas unidades da Federação;
cido pela Câmara Municipal e o controle interno, exerci- V - reorganizar as finanças da unidade da Federação
do pelo próprio executivo municipal, nos termos do que:
a) suspender o pagamento da dívida fundada por
Art. 31, CF. mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força
maior;
DISTRITO FEDERAL b) deixar de entregar aos Municípios receitas tribu-
tárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos
O Distrito Federal é reconhecido como ente integran- estabelecidos em lei;
te da Federação e goza de autonomia política, embora VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão
não se enquadre nem como estado-membro ou municí- judicial;
pio. Sua principal função é servir como sede do Governo VII - assegurar a observância dos seguintes princípios
Federal e não pode haver divisões em municípios. constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime
Organização do Distrito Federal:
democrático;
b) direitos da pessoa humana;
O Distrito Federal não possui constituição, mas lei or-
gânica própria, que define os princípios básicos de sua c) autonomia municipal;
GEOGRAFIA DO BRASIL

organização, suas competências e a organização de seus d) prestação de contas da administração pública, di-
poderes governamentais, nos termos do reta e indireta.
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante
Art. 32, CF. de impostos estaduais, compreendida a proveniente
de transferências, na manutenção e desenvolvimento
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Mu- do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.
nicípios, reger- se-á por lei orgânica, votada em dois (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de
turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada 2000)

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Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, A área territorial do Brasil faz com que esse país
nem a União nos Municípios localizados em Território seja o quinto maior do mundo, atrás somente de Rús-
Federal, exceto quando: sia, Canadá, China e Estados Unidos. Por essa razão, é
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por caracterizado como um país continental ou país com
dois anos consecutivos, a dívida fundada; dimensões continentais, uma vez que o tamanho de
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da sua área é muito próximo ao de um dos continentes, no
lei; caso a Oceania.
III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da re- No total, o Brasil ocupa 47% da América do Sul –
ceita municipal na manutenção e desenvolvimento do quase a metade, portanto – e não faz fronteira somente
ensino e nas ações e serviços públicos de saúde; (Reda- com dois países sul-americanos: Equador e Chile. A leste,
ção dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) o Brasil é banhado em uma vasta extensão pelo Ocea-
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a represen- no Atlântico, com um litoral que percorre um total de
tação para assegurar a observância de princípios in- 7.367km², o que coloca o país como o 16º no ranking
dicados na Constituição Estadual, ou para prover a mundial de maiores áreas litorâneas.
execução de lei, de ordem ou de decisão judicial. A população brasileira, de acordo com estimativas
recentes divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia
Art. 36. A decretação da intervenção dependerá: e Estatística (IBGE), é de 202.033.270 habitantes, a quin-
I - no caso do ta maior do planeta, atrás de China, Índia, Estados Uni-
dos e Indonésia. Desse total, a maior parte concentra-se
Art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou do nas áreas litorâneas, principalmente na região Sudeste.
Poder Executivo coacto ou impedido, ou de requisição Como as taxas de crescimento demográfico são baixas
do Supremo Tribunal Federal, se a coação for exercida atualmente, é possível que nas próximas décadas o Brasil
contra o Poder Judiciário; seja ultrapassado por Paquistão e Nigéria.
II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judi- Os aspectos físicos do Brasil indicam a presença de
ciária, de requisição do Supremo Tribunal Federal, do três principais formas de relevo: as planícies, os planaltos
Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior e as depressões relativas, não havendo depressões abso-
Eleitoral; lutas (abaixo do nível do mar) nem montanhas, apenas
III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de serras. Em uma dessas serras, a do Imeri, encontra-se o
representação do Procurador-Geral da República, na ponto mais alto do país, o Pico da Neblina, que possui
hipótese do uma altitude de 2.994 m acima do nível do mar.
Em geral, essas características são resultantes do fato
Art. 34, VII, e no caso de recusa à execução de lei fe- de o relevo brasileiro ser geologicamente antigo e tam-
deral. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº bém por não se encontrar nas áreas de encontro entre
45, de 2004) duas placas tectônicas, o que explica a não ocorrência
IV - (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de de vulcões e de grandes e frequentes terremotos. Pelo
2004)§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a mesmo motivo, o território do Brasil abriga apenas dois
amplitude, o prazo e as condições de execução e que, tipos de províncias geológicas: as bacias sedimentares e
se couber, nomeará o interventor, será submetido à os crátons (plataformas continentais e escudos cristali-
apreciação do Congresso Nacional ou da Assembléia nos), não existindo os dobramentos modernos.
Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro ho- Uma característica marcante do Brasil em termos na-
ras.§ 2º Se não estiver funcionando o Congresso Na- turais é a grande diversidade em termos de fauna e flora.
cional ou a Assembléia Legislativa, far-se-á convoca- No país, existe uma grande variedade de florestas, clas-
ção extraordinária, no mesmo prazo de vinte e quatro sificadas em seis grupos principais (Amazônica, Cerrado,
horas.§ 3º Nos casos do Mata Atlântica, Caatinga, Araucárias e Pampa) e três re-
siduais (Pantanal, Mata de Cocais e os Manguezais). Em
Art. 34, VI e VII, ou do número de espécies de animais, o Brasil também se des-
taca, o que o classifica como o território de maior biodi-
Art. 35, IV, dispensada a apreciação pelo Congresso versidade do planeta.
Nacional ou pela Assembléia Legislativa, o decreto li- Quanto aos aspectos econômicos do Brasil, destaca-
mitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, -se o fato de o país possuir um dos maiores PIBs (Pro-
se essa medida bastar ao restabelecimento da nor- duto Interno Bruto) do mundo, com US$ 2,2 trilhões. No
malidade.§ 4º Cessados os motivos da intervenção, as entanto, o seu PIB per capita, que é o valor dividido pela
autoridades afastadas de seus cargos a estes voltarão, população, ainda é menor do que uma grande quantida-
GEOGRAFIA DO BRASIL

salvo impedimento legal. de de países. Em termos gerais, a economia brasileira é


caracterizada como de perfil subdesenvolvido emergen-
O Brasil é um país organizado em forma de República te, compondo o grupo de países que, eventualmente,
Federativa e está localizado na América do Sul, sendo o podem apresentar um maior grau de desenvolvimento.
maior país dessa região continental, com uma área de O país também faz parte do grupo das economias em
8.515.767,049 km². Politicamente, o território brasileiro é desenvolvimento altamente industrializadas, embo-
subdividido em 26 estados e o Distrito Federal, cuja capi- ra a maior parte dessas indústrias pertença a empresas
tal é a cidade de Brasília. estrangeiras.

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Em termos culturais, o Brasil apresenta uma imensa diversidade em costumes, folclores, religiões e tradições. Essa
complexidade cultural também representa a grande miscigenação étnica existente no país, muito embora existam, em
grande escala, problemas concernentes à intolerância e ao preconceito.

O Brasil alcançou um papel de destaque no mundo nos últimos dez anos. A nação é uma das mais importantes
dentro do bloco dos países emergentes e tem dado muitas demonstrações de força econômica e social.
O Brasil melhorou economicamente, conseguiu reduzir a desigualdade social e tirou milhões de pessoas da extrema
pobreza desde o governo do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano
(RDH), do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) 2013, a previsão é de que o Brasil, juntamente
com China e Índia, responda por 40% da riqueza global em 2050.
O destaque do Brasil como emergente também possibilitou que o país conseguisse eleger o diplomata Roberto
Azevêdo para o posto de diretor-geral da Organização Mundial do Comércio. Esse fato demonstra que o país tem uma
boa reputação internacional, pois essa é a primeira vez na história que um latino-americano alcança o posto máximo
da organização.
Outro ponto de destaque para o Brasil diz respeito a sua influência no cenário internacional. Os avanços sociais e
econômicos do Brasil levaram o país a desenvolver uma imagem positiva no exterior.
A ONU também tem destacado o papel do Brasil na diminuição do índice de pobreza mundial. A nação foi elogiada
por ter elevado seus índices de educação e por ter aumentado o salário mínimo nos últimos anos.
Dessa forma, o Brasil vem garantindo sua inserção soberana no mundo e tem alcançado um protagonismo na
América do Sul.

A DIVISÃO INTER-REGIONAL DO TRABALHO E DA PRODUÇÃO NO BRASIL

Antes de iniciarmos vamos conceituar divisão inter-regional.


Regionalizar significa dividir o território de acordo com características comuns (aspectos naturais, humanos e etc.),
facilitando assim o entendimento para diversos fins.
A República Federativa do Brasil é composta por 26 estados e pelo Distrito Federal. Os estados, são compostos por
municípios. Estes por sua vez são compostos de áreas urbanas e rurais.
Temos várias formas de regionalizar o Brasil, mas vamos estudar as mais utilizadas para caracterizar o território na-
cional e dividirmos quanto ao trabalho e produção no Brasil.

• Divisão Político administrativo (IBGE).

É uma divisão idealizada pelo IBGE (Instituto brasileiro de geografia e estática). Nesta configuração o Brasil é divido
em cinco regiões, temos a região norte, nordeste, centro-oeste, sudeste e sul.

GEOGRAFIA DO BRASIL

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Olhando está divisão conseguimos determinar algumas características do território brasileiro, por exemplo:
Aspectos naturais:
Região Norte: Clima equatorial, onde temos a floresta amazônica. A bacia amazônica e considerada a maior bacia
hidrográfica do planeta.
Região Centro Oeste: Clima tropical, continental, onde temos a área do cerrado.
Região Sul: Clima subtropical onde temos os pampas gaúchos e a mata de araucária.
Região Nordeste: Clima semiárido, onde temos a região da caatinga mais especificamente no sertão, onde temos
áreas de mata atlântica.
Região Sudeste: Seu clima é diversificado conforme cada localidade, variando de tropical, tropical de altitude, sub-
tropical e litoral úmido. Seu relevo também varia desde planícies, planalto e depressões e consequentemente sua ve-
getação também é diversificada, também temos uma parte restante da mata atlântica na serra da Mantiqueira e serra
do mar.
Mata Atlântida: No passado ocupava o litoral brasileiro das regiões nordeste, sudeste e sul, hoje infelizmente resta
apenas 5% de mata.

Aspectos socioeconômicos:

Quando avaliamos esta regionalização, percebemos também que existem também aspectos socioeconômicos:
Região Norte: Pecuária extensiva (é a criação de animais soltos em grandes áreas a pasto para comercialização),
também é vazia demograficamente (baixa concentração populacional)
Região Nordeste: Pecuária extensiva (é a criação de animais soltos em grandes áreas a pasto para comercialização,
e segunda região mais populosa do Brasil.
Centro Oeste: Temos a pecuária intensiva (se baseia na criação do gado em pequenas áreas usando tecnologia na
sua criação para aumento da produtividade. Exemplo: manipulação genética, inseminação artificial e outras, tudo isso
visando a comercialização), também é vazia demograficamente (baixa concentração populacional).
Sul: Temos a pecuária intensiva (se baseia na criação do gado em pequenas áreas usando tecnologia na sua criação
para aumento da produtividade. Exemplo: manipulação genética, inseminação artificial e outras, tudo isso visando a
comercialização). É a terceira região mais populosa do Brasil.
Sudeste: Temos a pecuária intensiva (se baseia na criação do gado em pequenas áreas usando tecnologia na sua
criação para aumento da produtividade. Exemplo: manipulação genética, inseminação artificial e outras, tudo isso vi-
sando a comercialização), também é cheia demograficamente (grande concentração populacional).

#FicaDica
Ficar atento aos fatores socioeconômicos acima, pois são aspectos gerais de cada região.

Vários aspectos sobre as regiões:


A Sul é a região que possui menor extensão territorial;
A Norte é a região que possui maior extensão territorial;
A Nordeste é a região possui mais estados;
A Sul é a região que possui menos estados;
A Sudeste é a mais desenvolvida e a mais populosa do Brasil;
A Nordeste é a região com maior faixa litorânea;
A Centro-Oeste é a região que não possui litoral;
A mais fria do Brasil é a Região Sul.

#FicaDica
Ficar atento as afirmações acima, pois são aspectos gerais de cada região.
GEOGRAFIA DO BRASIL

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• Divisão geoeconômica (complexos regionais)

É uma divisão idealizada em 1967 pelo geógrafo Pedro Pinchas Geiger, levando-se em conta aspectos da economia,
aspectos regionais e históricos. São as Regiões Amazônia, Nordeste e centro Sul.

Região Nordeste: Péssimos indicadores socioeconômicos, está região apresenta um número alto de pobreza, e
pouca industrialização.
Centro Sul: São Paulo, grandes indústrias, pecuária intensiva (Gado criado em espaços pequenos com tecnologia,
genética, inseminação artificial, etc.), grande concentração demográfica (populacional) e maior PIB do Brasil, grandes
centros de pesquisa.
Amazônia: A economia desta região é baseada do extrativismo e agropecuária. Também existem polos industriais
(Zona franca de Manaus) que contribuem economicamente para a região. A bacia amazônica e considerada a maior
bacia hidrográfica do planeta.
GEOGRAFIA DO BRASIL

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• Divisão proposta pelo Geógrafo Milton Santos ( os “quatro brasis” )

Conhecida os “quatro brasis” é o registro técnico-científico-informacional”;


Nesta divisão encontramos a região concentrada que a união das regiões sul e sudeste do modelo do IBGE.
São as regiões: Amazônica, Nordeste, Centro-Oeste e Concentrada.
Região Concentrada: São Paulo, grandes indústrias, pecuária intensiva (Gado criado em espaços pequenos com tec-
nologia, genética, inseminação artificial, etc.), grande concentração demográfica (populacional) e maior PIB do Brasil.
Nesta região concentrada temos o sul, resumindo e a união da região sul e sudeste.
Região Nordeste: Péssimos indicadores socioeconômicos, está região apresenta um número alto de pobreza, e pou-
ca industrialização, Pecuária extensiva ( é a criação de animais soltos em grandes áreas a pasto para comercialização ).
Região Amazônia: A economia desta região é baseada do extrativismo e agropecuária extensiva. Também existem
polos industriais (Zona franca de Manaus) que contribuem economicamente para a região. A bacia amazônica e consi-
derada a maior bacia hidrográfica do planeta.
Região Centro-Oeste: Temos também a pecuária intensiva (é diferente a extensiva, este se baseia na criação do gado
em pequenas áreas usando tecnologia na sua criação para aumento da produtividade . Exemplo: manipulação genética,
inseminação artificial e outras, tudo isso visando a comercialização), também é vazia demograficamente (baixa concen-
tração populacional). O estado de Tocantins nesta divisão encontra-se incorporado.

#FicaDica
Ficar atento as afirmações acima, pois são aspectos gerais de cada região.

• A divisão socioeconômica

Dentro do contexto brasileiro e de um país extenso e com regiões que trabalham de forma diferente e produzem
GEOGRAFIA DO BRASIL

também de forma diferente, , é preciso levar em consideração cada uma das regiões e a sua importância para a evolu-
ção econômica do país.
Para isso, é preciso a compreensão dos seguintes setores da economia:
Setor Primário (Agricultura, Extrativismo)
Setor Secundário (Indústria de Transformação)
Setor Terciário (Comércio e prestação de serviços)
Conforme disto no tópico acima de acordo com as divisões pré-estabelecidas, as próprias regiões apresentam áreas
de maior destaque para a indústria e agroindústria e comércio.

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O PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA, OS FATORES DE LOCALIZAÇÃO E AS
SUAS REPERCUSSÕES: ECONÔMICAS, AMBIENTAIS E URBANAS. A REDE DE TRANSPORTES
BRASILEIRA E SUA ESTRUTURA E EVOLUÇÃO. A QUESTÃO URBANA BRASILEIRA: PROCESSOS
E ESTRUTURAS. A AGROPECUÁRIA, A ESTRUTURA FUNDIÁRIA E PROBLEMAS SOCIAIS
RURAIS NO BRASIL, DINÂMICA DAS FRONTEIRAS AGRÍCOLAS E SUA EXPANSÃO PARA O
CENTRO-OESTE E PARA A AMAZÔNIA. A POPULAÇÃO BRASILEIRA: EVOLUÇÃO, ESTRUTURA
E DINÂMICA. A DISTRIBUIÇÃO DOS EFETIVOS DEMOGRÁFICOS E OS MOVIMENTOS
MIGRATÓRIOS INTERNOS: REFLEXOS SOCIAIS E ESPACIAIS.

Industrialização no Brasil

A industrialização no Brasil foi historicamente tardia ou retardatária. Enquanto na Europa se desenvolvia a Primeira
Revolução Industrial, o Brasil vivia sob o regime de economia colonial.

Fatores da Industrialização no Brasil

Vários fatores contribuíram para o processo de industrialização no Brasil:

• a exportação de café gerou lucros que permitiram o investimento na indústria;


• os imigrantes estrangeiros traziam consigo as técnicas de fabricação de diversos produtos;
• a formação de uma classe média urbana consumidora, estimulou a criação de indústrias;
• a dificuldade de importação de produtos industrializados durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) estimu-
lou a indústria.

A passagem de uma sociedade operária para uma urbano industrial, mudou a paisagem de algumas cidades brasi-
leiras, principalmente de São Paulo e Rio de Janeiro.

Resumo das fases do desenvolvimento industrial brasileiro

Mais de trezentos anos sem indústrias

Enquanto o Brasil foi colônia de Portugal (1500 a 1822) não houve desenvolvimento industrial em nosso país. A
metrópole proibia o estabelecimento de fábricas em nosso território, para que os brasileiros consumissem os produtos
manufaturados portugueses. Mesmo com a chegada da família real (1808) e a Abertura dos Portos às Nações Amigas,
o Brasil continuou dependente do exterior, porém, a partir deste momento, dos produtos ingleses.

História do início da industrialização

Foi somente no final do século XIX que começou o desenvolvimento industrial no Brasil. Muitos cafeicultores pas-
saram a investir parte dos lucros, obtidos com a exportação do café, no estabelecimento de indústrias, principalmente
em São Paulo e Rio de Janeiro. Eram fábricas de tecidos, calçados e outros produtos de fabricação mais simples. A mão
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de obra usada nestas fábricas era, na maioria das vezes, formada por imigrantes italianos.

Era Vargas e desenvolvimento industrial

Foi durante o primeiro governo de Getúlio Vargas (1930-1945) que a indústria brasileira ganhou um grande impul-
so. Vargas teve como objetivo principal efetivar a industrialização do país, privilegiando as indústrias nacionais, para
não deixar o Brasil cair na dependência externa. Com leis voltadas para a regulamentação do mercado de trabalho,
medidas protecionistas e investimentos em infraestrutura, a indústria nacional cresceu significativamente nas décadas

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de 1930-40. Porém, este desenvolvimento continuou Ex: solos, ar, águas, florestas, fauna e flora.
restrito aos grandes centros urbanos da região sudeste,
provocando uma grande disparidade regional. • Não Renováveis - São recursos que necessitam de
Durante este período, a indústria também se benefi- eras “geológicas” para sua formação.
ciou com o final da Segunda Guerra Mundial (1939-45),
pois, os países europeus, estavam com suas indústrias ar- Ex: Os minérios em geral e os combustíveis fósseis
rasadas, necessitando importar produtos industrializados (petróleo e gás natural).
de outros países, entre eles o Brasil.
Com a criação da Petrobrás (1953), ocorreu um gran- “Um recurso que é extraído mais rápido do que é
de desenvolvimento das indústrias ligadas à produção de renovado por Processos naturais é um recurso não re-
gêneros derivados do petróleo (borracha sintética, tintas, novável. Um recurso que é Reposto tão rápido quan-
plásticos, fertilizantes, etc.). to é extraído é certamente renovável” (Irene Domenes
Zapparoli).
Período JK O principal critério para a classificação dos recursos
naturais é a capacidade de recomposição de um recur-
Durante o governo de Juscelino Kubitschek (1956 so no horizonte do tempo humano. Um recurso que é
-1960) o desenvolvimento industrial brasileiro ganhou extraído mais veloz do que é renovado por processos
novos rumos e feições. JK abriu a economia para o capi- naturais é um recurso não-renovável. Um recurso que é
tal internacional, atraindo indústrias multinacionais. Foi reposto tão rápido quanto é retirado é certamente um
durante este período que ocorreu a instalação de mon- recurso renovável.
tadoras de veículos internacionais (Ford, General Motors,
Volkswagen e Willys) em território brasileiro. Em relação a Economia dos Recursos Naturais temos
a atual classificação:
Últimas décadas do século XX
• Renováveis: solos, ar, águas, florestas, fauna e flora
Nas décadas 70, 80 e 90, a industrialização do Bra- no geral.
sil continuou a crescer, embora, em alguns momentos • Não renováveis, ou exauríveis, esgotáveis ou não
de crise econômica, ela tenha estagnado. Atualmente o reprodutíveis: minérios, combustíveis.
Brasil possui uma boa base industrial, produzindo diver-
sos produtos como, por exemplo, automóveis, máquinas, O estudo da economia dos recursos naturais tem
roupas, aviões, equipamentos, produtos alimentícios in- adquirido importância crescente em várias correntes do
dustrializados, eletrodomésticos, etc. Apesar disso, a in- pensamento econômico, mas a abordagem dominante
dústria nacional ainda é dependente, em alguns setores, ainda é a da economia neoclássica (também chamada de
(informática, por exemplo) de tecnologia externa. economia convencional).

Dados atuais Existem basicamente 4 tipos de Recursos Naturais:

• Felizmente, o Brasil está apresentando, embora • Recursos Minerais: água, solo, ouro, prata, cobre,
pequena, recuperação na produção industrial. De bronze;
acordo com dados do IBGE, divulgados em 1 de • Recursos Energéticos: sol, vento, petróleo, gás;
fevereiro de 2019, a indústria brasileira apresentou • Recursos Renováveis: madeira, peixes, vegetais
crescimento de 1,1% em 2018. – podem ser finitos, a depender do seu grau de
utilização
Economica dos recursos naturais • Recursos Não-Renováveis: petróleo, gás, demais
minérios – podem ser recuperados, porém em es-
A economia dos recursos naturais é o ramo da econo- calas de tempo sobre-humanas.
mia que lida com os aspectos da extração e exploração
dos recursos naturais ao longo do tempo, e a sua opti- Como podemos perceber analisando o breve esque-
mização em termos económicos e ambientais.[1] Procura ma acima a maioria dos recursos naturais, mesmo os
compreender o papel dos recursos naturais na economia, renováveis, podem não ser inesgotáveis, principalmente
a fim de desenvolver métodos de gestão mais sustentá- se forem utilizados de maneira irresponsável e em lar-
vel destes recursos para garantir a sua disponibilidade ga escala. Com isso, talvez o maior desafio, não somente
para as gerações futuras. dos gestores ambientais, mas de toda a espécie huma-
O que se conhece por “economia dos recursos natu- na, seja justamente o de conciliar o desenvolvimento
rais” é um campo da teoria microeconômica que emerge econômico com a preservação e conservação do meio
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das análises neoclássicas a respeito da utilização das ter- ambiente.


ras agrícolas, dos recursos minerais, dos peixes, dos re- E uma boa alternativa pode ser, realmente, a utili-
cursos florestais madeireiros e não madeireiros, da água, zação de fontes de energia limpas, baratas e econo-
todos os recursos naturais reprodutíveis e os não repro- micamente viáveis, para que sejam atendidas todas as
dutíveis. (Maria Amélia Enriquez) necessidades energéticas da humanidade, porém, sem
prejudicar nem esgotar as reservas naturais, preservan-
• Renováveis - São recursos compatíveis com o hori- do-as e conservando-as para as próximas gerações que
zonte de vida do homem. estão por vir.

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Diversas soluções criativas e viáveis vêm surgindo, dia A distribuição teve início ainda no período colonial
após dia, em todo o mundo. Painéis solares à base de com a criação das capitanias hereditárias e sesmarias,
garrafas PET, biodigestores, moinhos e cataventos ge- caracterizada pela entrega da terra pelo dono da capita-
radores de energia eólica, geradores de energia a par- nia a quem fosse de seu interesse ou vontade, em suma,
tir das ondas do mar, carregadores de celular à base de como no passado a divisão de terras foi desigual os re-
energia solar, carros movidos à energia elétrica ou solar, flexos são percebidos na atualidade e é uma questão ex-
computadores que funcionam movidos a pedais de bici- tremamente polêmica e que divide opiniões.
cleta, enfim, uma verdadeira infinidade de ideias inova-
doras que, com investimento e, sobretudo, boa vontade, Agricultura no Brasil atual
podem perfeitamente ajudar a solucionar boa parte dos
problemas ambientais, nesse caso, suprir nossas necessi- Atualmente, a agricultura no Brasil é marcada pelo
dades energéticas de locomoção e bem-estar. processo de mecanização e expansão das atividades em
direção à região Norte.
Estrutura fundiária do Brasil A atividade do setor agrícola é uma das mais impor-
tantes da economia brasileira, pois, embora componha
A estrutura fundiária corresponde ao modo como as pouco mais de 5% do PIB brasileiro na atualidade, é res-
propriedades rurais estão dispersas pelo território e seus ponsável por quase R$100 bilhões em volume de expor-
respectivos tamanhos, que facilita a compreensão das tações em conjunto com a pecuária, segundo dados da
desigualdades que acontecem no campo. Secretaria de Relações Internacionais do Ministério da
A desigualdade estrutural fundiária brasileira configu- Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SRI/Mapa). A pro-
ra como um dos principais problemas do meio rural, isso dução agrícola no Brasil, portanto, é uma das principais
por que interfere diretamente na quantidade de postos responsáveis pelos valores da balança comercial do país.
de trabalho, valor de salários e, automaticamente, nas Ao longo da história, o setor da agricultura no Brasil
condições de trabalho e o modo de vida dos trabalha- passou por diversos ciclos e transformações, indo desde
dores rurais. a economia canavieira, pautada principalmente na pro-
No caso específico do Brasil, uma grande parte das dução de cana-de-açúcar durante o período colonial, até
terras do país se encontra nas mãos de uma pequena as recentes transformações e expansão do café e da soja.
parcela da população, essas pessoas são conhecidas Atualmente, essas transformações ainda ocorrem, sobre-
como latifundiários. Já os minifundiários são proprietá- tudo garantindo um ritmo de sequência às transforma-
rios de milhares de pequenas propriedades rurais espa- ções técnicas ocorridas a partir do século XX, como a me-
lhadas pelo país, algumas são tão pequenas que muitas canização da produção e a modernização das atividades.
vezes não conseguem produzir renda e a própria subsis- A modernização da agricultura no Brasil atual está
tência familiar suficiente. diretamente associada ao processo de industrialização
Diante das informações, fica evidente que no Brasil ocorrido no país durante o mesmo período citado, fator
ocorre uma discrepância em relação à distribuição de que foi responsável por uma reconfiguração no espaço
terras, uma vez que alguns detêm uma elevada quan- geográfico e na divisão territorial do Brasil. Nesse novo
tidade de terras e outros possuem pouca ou nenhuma, panorama, o avanço das indústrias, o crescimento do se-
esses aspectos caracterizam a concentração fundiária tor terciário e a aceleração do processo de urbanização
brasileira. colocaram o campo economicamente subordinado à ci-
É importante conhecer os números que revelam dade, tornando-o dependente das técnicas e produções
quantas são as propriedades rurais e suas extensões: industriais (máquinas, equipamentos, defensivos agríco-
existem pelo menos 50.566 estabelecimentos rurais infe- las etc.).
rior a 1 hectare, essas juntas ocupam no país uma área de Podemos dizer que a principal marca da agricultura
25.827 hectares, há também propriedades de tamanho no Brasil atual – e também, por extensão, a pecuária – é a
superior a 100 mil hectares que juntas ocupam uma área formação dos complexos agrícolas, notadamente desen-
de 24.047.669 hectares. volvidos nas regiões que englobam os estados de São
Outra forma de concentração de terras no Brasil é Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Para-
proveniente também da expropriação, isso significa a ná, Rio Grande do Sul, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso
venda de pequenas propriedades rurais para grandes do Sul. Nesse contexto, destacam-se a produção de soja,
latifundiários com intuito de pagar dívidas geralmente a carne para exportação e também a cana-de-açúcar, em
geradas em empréstimos bancários, como são muito pe- razão do aumento da necessidade nacional e internacio-
quenas e o nível tecnológico é restrito diversas vezes não nal por etanol.
alcançam uma boa produtividade e os custos são eleva- Na região Sul do país, a produção agrícola é carac-
GEOGRAFIA DO BRASIL

dos, dessa forma, não conseguem competir no mercado, terizada pela ocupação histórica de grupos imigrantes
ou seja, não obtêm lucros. Esse processo favorece o sis- europeus, pela expansão da soja voltada para a exporta-
tema migratório do campo para a cidade, chamado de ção nos últimos decênios e pela intensiva modernização
êxodo rural. agrícola. Essa configuração é preponderante no oeste do
A problemática referente à distribuição da terra no Paraná e de Santa Catarina, além do norte do Rio Grande
Brasil é produto histórico, resultado do modo como do sul. Além da soja, cultivam-se também, em larga esca-
no passado ocorreu a posse de terras ou como foram la, o milho, a cana-de-açúcar e o algodão. Na pecuária, a
concedidas. maior parte da produção é a de carne de porco e de aves.

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Na região Sudeste, assim como na região sul, a mecanização e produção com base em procedimentos intensivos
de alta tecnologia são predominantes. Embora seja essa a região em que a agricultura encontra-se mais completamen-
te subordinada à indústria, destacam-se os altos índices de produtividade e uso do solo. Por outro lado, com a maior
presença de maquinários, a geração de empregos é limitada e, quando muito, gerada nas agroindústrias. As principais
culturas cultivadas são o café, a cana-de-açúcar e a fruticultura, com ênfase para os laranjais.

Produção cafeeira em Alfenas, Minas Gerais

Na região Nordeste, por sua vez, encontra-se uma relativa pluralidade. Na Zona da Mata, mais úmida, predomina
o cultivo das plantations, presente desde tempos coloniais, com destaque novamente para a cana, voltada atualmente
para a produção de álcool e também de açúcar. Nas áreas semiáridas, ressalta-se a presença da agricultura familiar e
também de algumas zonas com uma produção mais mecanizada. O principal cultivo é o de frutas, como o melão, a uva,
a manga e o abacaxi. Além disso, a agricultura de subsistência também possui um importante papel.
Já a região Centro-Oeste é a área em que mais se expande o cultivo pela produção mecanizada, que se expande
em direção à Amazônia e vem pressionando a expansão da fronteira agrícola para o norte do país. A Revolução Verde,
no século passado, foi a principal responsável pela ocupação dos solos do Cerrado nessa região, pois permitiu o cultivo
de diversas culturas em seus solos de elevada acidez. O principal produto é a soja, também voltada para o mercado
externo.

Produção mecanizada de soja no Mato Grosso

Por fim, a região Norte é caracterizada por receber, atualmente, as principais frentes de expansão, vindas do Nor-
deste e do Centro-Oeste. A região do “matopiba” (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), por exemplo, é a área onde a
pressão pela expansão das atividades agrárias ocorre mais intensamente, o que torna a região Norte como o futuro
centro de crescimento do agronegócio brasileiro. As atividades mais praticadas nessa região ainda são de caráter
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extensivo e de baixa tecnologia, com ênfase na pecuária primitiva, na soja em expansão e em outros produtos, que
passam a competir com o extrativismo vegetal existente.

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Pecuária extensiva na área de expansão agrícola da região Norte

As relações de trabalho no campo

Diminuição do sistema de parceria:

Com a capitalização do campo, as relações de trabalho tradicionais vão desaparecendo porque são substituídas
pelo trabalho assalariado, ou porque o proprietário prefere deixar a terra ociosa á espera de valorização.

Expansão de um regime associativo:

Com a capitalização do campo, as relações de trabalho tradicionais tendiam a desaparecer mais, porque são substi-
tuídas pelo trabalho assalariado, no entanto, para diminuir custo e encargos, as grandes empresas desenvolveram uma
nova forma de trabalhar no campo, incentivando o pequeno e o médio produtor a produzir para eles.

Agricultura Familiar x Agricultura Comercial

A produção agrícola no Brasil está organizada basicamente em dois modelos. A agricultura familiar representa boa
parte do estabelecimento agrícolas brasileiros, e se dedica basicamente à produção de alimentos que abastecem o
mercado interno. Nesse tipo de agricultura, as técnicas empregadas são em geral rudimentares, ou seja, sem um ele-
vado grau tecnológico. São utilizadas técnicas que não contribuem para elevada produtividade, como por exemplo as
queimadas, ou mesmo a rotação de culturas e pousio. Esse agricultores contam com o apoio de programas de acesso
ao crédito, como o “Pronaf”, contudo ainda tem dificuldades na aquisição dos insumos agrícolas, como fertilizantes e
maquinário.
Por outro lado, a agricultura comercial, também conhecida como agronegócio, baseia-se na produção em larga
escala das chamadas COMMODITIES agrícolas, principalmente de grãos como a soja, milho e café. Esses produtos tem
grande demanda mundial, e tem seus valores definidos por ela. São produzidos em grandes extensões de terra, uma
vez que a abundância delas no Brasil reduz seu valor. Como esses agricultores detêm elevado poder econômico ocorre
a aquisição de largas faixas do território brasileiro, com destaque para as regiões Centro-Oeste e mais recentemente
Norte e Nordeste (oeste da Bahia, Tocantins, Piauí e Maranhão).
Em termos de tecnologia, a agricultura comercial faz uso intensivo de maquinário, fertilizantes químicos, pesticidas,
ou mesmo organismos geneticamente alterados (OGM`s). O emprego da tecnologia garante a esses produtores agríco-
las grande eficiência na produção, o que também repercute em lucros elevados. As lavouras também são restritas a um
único tipo de cultivo, as chamadas “monoculturas de exportação”. É importante destacar que essas lavouras respondem
por 22% do PIB brasileiro e que promovem crescimento econômico também no setor secundário, por meio da produ-
ção de máquinas e equipamentos utilizados no plantio/colheita, bem como no setor terciário, uma vez que dependem
do armazenamento, transporte e comércio de sua produção.
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Em resumo, enquanto a agricultura familiar é marcada pela diversidade de cultivos, a agricultura comercial está
diretamente a atrelada a elevada produção de apenas um gênero agrícola.

A Geografia dos conflitos fundiários no Brasil

Os conflitos fundiários são disputas pela posse da terra presentes ao longo de toda a história brasileira. Eles estão
ligados basicamente a grande abundância desse fator produtivo (a terra), aliada aos processos concentradores, bem
como a consolidação de um cenário de grande desigualdade social no campo. Em 1850, a promulgação da Lei de

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Terras, estabeleceu a compra como único meio de ob- para a fronteira agrícola. Contudo, a medida que a agro-
tenção desse importante recurso produtivo. Dessa forma, pecuária se consolidava nessa porção do território brasi-
as elites agrárias foram beneficiadas, dado que elas dis- leiro, as empresas agrícolas, detentoras de capital, e tec-
punham do poder econômico, o que lhes conferiu gran- nologia de ponta, passaram a se estabelecer no espaço
de vantagem na aquisição de vastas áreas. Ao mesmo antes ocupados por pequenos e médios agricultores.
tempo, os pequenos agricultores, destituídos do poder
econômico (e também político), acabaram por se manter Êxodo rural
a margem da aquisição de terras.
O êxodo rural corresponde ao processo de migração
em massa da população do campo para as cidades, fe-
nômeno que costuma ocorrer em um período de tempo
considerado curto, como o prazo de algumas décadas.
Trata-se de um elemento diretamente associado a várias
dinâmicas socioespaciais, tais como a urbanização, a in-
dustrialização, a concentração fundiária e a mecanização
do campo.
Um dos maiores exemplos de como essa questão
costuma gerar efeitos no processo de produção do espa-
ço pode ser visualizado quando analisamos a conjuntura
do êxodo rural no Brasil. Sua ocorrência foi a grande
responsável pela aceleração do processo de urbanização
em curso no país, que aconteceu mais por valores repul-
sivos do que atrativos, isto é, mais pela saída de pessoas
do campo do que pelo grau de atratividade social e fi-
nanceira das cidades brasileiras.
O êxodo rural no Brasil ocorreu, de forma mais inten-
sa, em apenas duas décadas: entre 1960 e 1980, man-
tendo patamares relativamente elevados nas décadas
seguintes e perdendo força total na entrada dos anos
2000. Segundo estudos publicados pela Embrapa (Em-
presa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o êxodo ru-
ral, nas duas primeiras décadas citadas, contribuiu com
quase 20% de toda a urbanização do país, passando para
3,5% entre os anos 2000 e 2010.¹
De acordo com o Censo Demográfico de 2010 divul-
gado pelo IBGE, o êxodo rural é, realmente, desacelerado
nos tempos atuais. Em comparação com o Censo ante-
rior (2000), quando a taxa de migração campo-cidade
por ano era de 1,31%, a última amostra registrou uma
queda para 0,65%. Esses números consideraram as por-
centagens em relação a toda a população brasileira.
Os resultados da Lei de Terras associados a outros fa- Se considerarmos os valores do êxodo rural a partir
tos históricos, repercutem nos dias atuais. No entanto, do número de migrantes em relação ao tamanho total
há uma nítida concentração das disputas que envolvem da população residente no campo no Brasil, temos que,
a terra na região de expansão da fronteira agrícola, entre 2000 e 2010, a taxa de êxodo rural foi de 17,6%, um
basicamente na região Norte do país. Entende-se como número bem menor do que o da década anterior: 25,1%.
fronteira agrícola, as áreas incorporadas pela agrope- Na década de 1980, essa taxa era de 26,42% e, na déca-
cuária ao longo do século XX. Ao final dos ano 1940, a da de 1970, era de 30,02%. Portanto, nota-se claramente
elevação dos preços da terra na região Sudeste e Sul, a tendência de desaceleração, ao passo que as regiões
associada à necessidade de expansão das lavouras, mo- Centro-Oeste e Norte, até mesmo, apresentam um pe-
tivou a abertura de novas faixas produtivas no território queno crescimento no número de habitantes do campo.
brasileiro. Elas se concentraram, inicialmente, ao norte do Os principais fatores responsáveis pela queda do êxo-
estado do Paraná, e na porção sul do atual Mato Gros- do rural no Brasil são: a quantidade já escassa de tra-
GEOGRAFIA DO BRASIL

so do Sul. A baixa aptidão agrícola dos solos do Cerra- balhadores rurais no país, exceto o Nordeste, que ainda
do, típicos da região Centro-Oeste do Brasil, foi resol- possui uma relativa reserva de migrantes; e os investi-
vida por meio da biotecnologia utilizada pela Empresa mentos, mesmo que tímidos, para os pequenos produto-
Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (EMBRAPA), que res e agricultores familiares. Existem, dessa forma, vários
desenvolveu sementes adaptadas às restrições pedoló- programas sociais do governo para garantir que as pes-
gicas. Simultaneamente, o governo brasileiro, por meio soas encontrem melhores condições de vida no campo,
de incentivos fiscais (descontos e isenções de impostos)
embora esses investimentos não sejam considerados tão
na compra da terra, estimulou o avanço da agropecuária
expressivos.

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Entre os efeitos do êxodo rural no Brasil, podemos Diante disso, podemos citar vários setores da eco-
destacar: nomia que faz parte do agronegócio, como bancos que
fornecem créditos, indústria de insumos agrícolas (fer-
• Aceleração da urbanização, que ocorreu concen- tilizantes, herbicidas, inseticidas, sementes selecionadas
trada, sobretudo, nas grandes metrópoles do país, para plantio entre outros), indústria de tratores e peças,
sobretudo as da região sudeste ao longo do sécu- lojas veterinárias e laboratórios que fornecem vacinas e
lo XX. Essa concentração ocorreu, principalmente, rações para a pecuária de corte e leiteira, isso na primeira
porque o êxodo rural foi acompanhado de uma etapa produtiva.
migração interna no país, em direção aos polos Posteriormente a esse processo são agregados no-
de maiores atratividades econômicas e com mais vos integrantes do agronegócio que correspondem às
acentuada industrialização; agroindústrias responsáveis pelo processamento da ma-
• Expansão desmedida das periferias urbanas, com a téria-prima oriunda da agropecuária.
formação de habitações irregulares e o crescimen- A agroindústria realiza a transformação dos produtos
to das favelas em várias metrópoles do país; primários da agropecuária em subprodutos que podem
• Aumento do desemprego e do emprego informal: inserir na produção de alimentos, como os frigoríficos,
o êxodo rural, acompanhado do crescimento das indústria de enlatados, laticínios, indústria de couro, bio-
cidades, propiciou o aumento do setor terciário e combustíveis, produção têxtil entre muitos outros.
também do campo de atuação informal, gerando A produção agropecuária está diretamente ligada aos
uma maior precarização das condições de vida dos alimentos, processados ou não, que fazem parte do nos-
trabalhadores. Além disso, com um maior exérci- so cotidiano, porém essa produção é mais complexa, isso
to de trabalhadores de reserva nas cidades, houve por que muitos dos itens que compõe nossa vida são
uma maior elevação do desemprego; oriundos dessa atividade produtiva, madeira dos móveis,
• Formação de vazios demográficos no campo: em as roupas de algodão, essência dos sabonetes e grande
regiões como o Sudeste, o Sul e, principalmente, parte dos remédios têm origem nos agronegócios.
A partir de 1970, o Brasil vivenciou um aumento no
o Centro-Oeste, formaram-se verdadeiros vazios
setor agroindustrial, especialmente no processamento
demográficos no campo, com densidades demo-
de café, soja, laranja e cana-de-açúcar e também criação
gráficas praticamente nulas em várias áreas.
de animais, principais produtos da época.
A agroindústria, que corresponde à fusão entre a
Já entre as causas do êxodo rural no Brasil, é pos-
produção agropecuária e a indústria, possui uma inter-
sível citar:
dependência com relação a diversos ramos da indústria,
pois necessitam de embalagens, insumos agrícolas, irri-
• Concentração da produção do campo, na medida gação, máquinas e implementos.
em que a menor disponibilidade de terras propor- Esse conjunto de interações dá à atividade alto grau
ciona maior mobilidade da população rural de mé- de importância econômica para o país, no ano de 1999
dia e baixa renda; somente a agropecuária respondeu por 9% do PIB do
• Mecanização do campo, com a substituição dos Brasil, entretanto, se enquadrarmos todas as atividades
trabalhadores rurais por maquinários, gerando (comercial, financeira e serviços envolvidos) ligadas ao
menos empregos no setor primário e forçando a setor de agronegócios esse percentual se eleva de for-
saída da população do campo para as cidades; ma significativa com a participação da agroindústria para
• Fatores atrativos oferecidos pelas cidades, como aproximadamente 40% do PIB total.
mais empregos nos setores secundário e terciário, Esse processo também ocorre nos países centrais,
o que foi possível graças ao rápido – porém tardio nos quais a agropecuária responde, em média, por 3%
– processo de industrialização vivido pelo país na do Produto Interno Bruto (PIB), mas os agronegócios ou
segunda metade do século XX. agrobusiness representam um terço do PIB. Essas carac-
terísticas levam os líderes dos Estados Unidos e da União
Agronegócio e a produção agropecuária brasileira Europeia a conduzir sua produção agrícola de modo
subsidiado pelos seus respectivos governos, esses criam
O agronegócio, que atualmente recebe o nome de medidas protecionistas (barreiras alfandegárias, impe-
agrobusiness (agronegócios em inglês), corresponde à dimento de importação de produtos de bens agrícolas)
junção de diversas atividades produtivas que estão dire- para preservar as atividades de seus produtores.
tamente ligadas à produção e subprodução de produtos Em suma, o agronegócio ocupa um lugar de desta-
derivados da agricultura e pecuária. que na economia mundial, principalmente nos países
Quando se fala em agronegócio é comum associar subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, pois garan-
somente a produção in natura, como grãos e leite, por te o sustento alimentar das pessoas e sua manutenção,
GEOGRAFIA DO BRASIL

exemplo, no entanto esse segmento produtivo é muito além disso, contribui para o crescimento da exportação e
mais abrangente, pois existe um grande número de par- do país que o executa.
ticipantes nesse processo.
O agronegócio deve ser entendido como um proces- População brasileira
so, na produção agropecuária intensiva é utilizado uma
série de tecnologias e biotecnologias para alcançar níveis A Geografia Humana do Brasil tem por objetivo ana-
elevados de produtividade, para isso é necessário que al- lisar as características da população brasileira, a diversi-
guém ou uma empresa forneça tais elementos. dade étnica e cultural, os aspectos socioeconômicos, o

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quantitativo e a distribuição populacional, a divisão re- Brasil. Dentre os principais grupos humanos europeus,
gional, entre outros temas relacionados. Para entender- destacam-se: portugueses, espanhóis, italianos e ale-
mos a atual estrutura da população brasileira, é impor- mães. Em relação aos povos asiáticos, podemos destacar
tante uma abordagem histórica da ocupação do país e a japoneses, sírios e libaneses.
formação da identidade nacional. Tendo em vista essa diversidade de raças, culturas e
O Brasil é considerado um dos países de maior diver- etnias, o resultado só poderia ser uma miscigenação, a
sidade étnica do mundo, sua população apresenta carac- qual promoveu uma grande riqueza cultural. Por esse
terísticas dos colonizadores europeus (brancos), dos ne- motivo, encontramos inúmeras manifestações culturais,
gros (africanos) e dos indígenas (população nativa), além costumes, pratos típicos, entre outros aspectos.
de elementos dos imigrantes asiáticos. A construção da A demografia – ou Geografia da População – é a área
identidade brasileira levou séculos para se formar, sendo da ciência que se preocupa em estudar as dinâmicas e os
fruto da miscigenação (interação entre diferentes etnias) processos populacionais. Para entender, por exemplo, a
entre os povos que aqui vivem. lógica atual da população brasileira é necessário, primei-
Além de miscigenado, o Brasil é um país populoso. De ramente, entender alguns conceitos básicos desse ramo
acordo com dados do último Censo Demográfico, realiza- do conhecimento.
do em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Esta- População absoluta: é o índice geral da população
tística (IBGE), a população total do país é de 190.755.799 de um determinado local, seja de um país, estado, cidade
habitantes. Essa quantidade faz do Brasil o quinto mais
ou região. Exemplo: a população absoluta do Brasil está
populoso do mundo, atrás da China, Índia, Estados Uni-
estimada em 180 milhões de habitantes.
dos da América (EUA) e Indonésia, respectivamente.
Densidade demográfica: é a taxa que mede o nú-
Apesar de populoso, o Brasil é um país pouco povoa-
mero de pessoas em determinado espaço, geralmente
do, pois a densidade demográfica (população relativa)
medida em habitantes por quilômetro quadrado (hab/
é de apenas 22,4 habitantes por quilômetro quadrado.
km²). Também é chamada de população relativa.
Outro fato que merece ser destacado é a distribuição de-
sigual da população no território nacional. Um exemplo Superpovoamento ou superpopulação: é quando
desse processo é a comparação entre o contingente po- o quantitativo populacional é maior do que os recursos
pulacional do estado de São Paulo (41,2 milhões) com o sociais e econômicos existentes para a sua manutenção.
da região Centro-Oeste (14 milhões).
FIQUE ATENTO!
Origens do Povo Brasileiro
Qual a diferença entre um local, populoso,
densamente povoado e superpovoado?
O povo brasileiro foi originado a partir da misci-
Um local densamente povoado é um local
genação entre diferentes etnias.
com muitos habitantes por metro quadrado,
enquanto que um local populoso é um local
A população brasileira é bastante miscigenada. Isso
com uma população muito grande em ter-
ocorreu em razão da mistura de diversos grupos huma-
mos absolutos e um lugar superpovoado é
nos que aconteceu no país. São inúmeras as raças que
caracterizado por não ter recursos suficientes
favoreceram a formação do povo brasileiro. Os principais
para abastecer toda a sua população.
grupos foram os povos indígenas, africanos, imigrantes
Exemplo: o Brasil é populoso, porém não é
europeus e asiáticos.
densamente povoado. O Bangladesh não é
populoso, porém superpovoado. O Japão é
Povos indígenas: antes do descobrimento do Brasil, o
um país populoso, densamente povoado e
território já era habitado por povos nativos, nesse caso,
não é superpovoado.
os índios. Existem diversos grupos indígenas no país,
entre os principais estão: Karajá, Bororo, Kaigang e Ya-
nomani. No passado, a população desses índios era de Taxa de natalidade: é o número de nascimentos que
quase 2 milhões de pessoas. acontecem em uma determinada área.
Taxa de fecundidade: é o número de nascimen-
Povos africanos: grupo humano que sofreu uma mi- tos bem sucedidos menos o número de óbitos em
gração involuntária, pois foram capturados e trazidos nascimentos.
para o Brasil, especialmente entre os séculos XVI e XIX. Taxa de mortalidade: é o número de óbitos ocorri-
Nesse período, desembarcaram no Brasil milhões de ne- dos em um determinado local.
gros africanos, que vieram para o trabalho escravo. Os Crescimento natural ou vegetativo: é o crescimento
escravos trabalharam especialmente no cultivo da cana- populacional de uma localidade medido a partir da dimi-
GEOGRAFIA DO BRASIL

-de-açúcar e do café. nuição da taxa de natalidade pela taxa de mortalidade.


Crescimento migratório: é a taxa de crescimento
Imigrantes europeus e asiáticos: os primeiros europeus
de um local medido a partir da diminuição da taxa de
a chegarem ao Brasil foram os portugueses. Mais tarde,
imigração (pessoas que chegam) pela taxa de emigração
por volta do século XIX, o governo brasileiro promoveu a
(pessoas que se mudam).
entrada de um grande número de imigrantes europeus e
Crescimento populacional ou demográfico: é a taxa
também asiáticos. Na primeira metade do século XX, pelo
de crescimento populacional calculada a partir da soma
menos quatro milhões de imigrantes desembarcaram no
entre o crescimento natural e o crescimento migratório.

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Migração pendular: aquela realizada diariamente no preponderante. Esse movimento pode ocorrer dentro de
cotidiano da população. Exemplo: ir ao trabalho e voltar. um mesmo país, estado ou município. São as chamadas
Migração sazonal: aquela que ocorre durante um migrações internas, que são aquelas em que as pessoas
determinado período, mas que também é temporária. se deslocam dentro de um mesmo território.
Exemplo: viagem de férias. A migração consiste no ato da população deslocar-se
Migração definitiva: quando se trata de algum tipo espacialmente, ou seja, pode se referir à troca de país,
de migração ou mudança de moradia definitiva. estado, região, município ou até de domicílio. As migra-
Êxodo rural: migração em massa da população do ções podem ser desencadeadas por fatores religiosos,
campo para a cidade durante um determinado período. psicológicos, sociais, econômicos, políticos e ambientais.
Lembre-se que uma migração esporádica de campo para
a cidade não é êxodo rural. Com isso, dentre as migrações internas temos os se-
Metropolização: é a migração em massa de pessoas guintes movimentos:
de pequenas e médias cidades para grandes metrópoles
ou regiões metropolitanas. • Êxodo rural: tipo de migração que se dá com a
Desmetropolização: é o processo contrário, em que transferência de populações rurais para o espaço
a população migra em massa para cidades menores, so- urbano. As principais causas são: a industrialização,
bretudo as cidades médias. a expansão do setor terciário e a mecanização da
agricultura.
População • Migração Urbano-Rural: tipo de migração que se
dá com a transferência de populações urbanas
A população brasileira está irregularmente distribuída para o espaço rural. Hoje em dia é um tipo de mi-
no território, isso fica evidente quando se compara algu- gração muito incomum.
mas regiões ou estados, o Sudeste do país, por exemplo, • Migração urbano-urbano: tipo de migração que se
apresenta uma densidade demográfica de 87 hab./km2, dá com a transferência de populações de uma ci-
as regiões Nordeste, Sudeste e Sul reúnem juntas 88% dade para outra. Tipo de migração muito comum
da população, distribuída em 36% de todo o território, nos dias atuais.
fato contrário à densidade demográfica do Norte e Cen- • Migração sazonal: tipo de migração que se carac-
tro-Oeste, que são, respectivamente, 4,1 hab./km2 e 8,7 teriza por estar ligada às estações do ano. É uma
hab./km2, correspondendo a 64% do território total. migração temporária, onde o migrante sai de um
Deste modo, os brasileiros atualmente exercem um determinado local, em determinado período do
grande fluxo migratório, internacional e nacionalmente, ano, e posteriormente volta, em outro período do
nesse processo é importante salientar a diferença entre ano. É conhecida também de transumância. É o
emigração (saída voluntária do país de origem) e imigra- que acontece, por exemplo, com os sertanejos do
ção (o ato de estabelecer-se em país estrangeiro). Nordeste brasileiro.
Assim, acerca das migrações externas o significado • Migração pendular: tipo de migração característico
está no fluxo de pessoas que saem do seu país para viver, de grandes cidades e regiões metropolitanas, no
ou mesmo visitar, outro país, geralmente países desen- qual centenas ou milhares de trabalhadores saem
volvidos; já as migrações internas caracterizam-se pelo todas as manhãs de sua casa (em determinada ci-
deslocamento populacional que se realiza dentro de um dade) em direção ao seu trabalho (que fica em ou-
mesmo país, seja entre regiões, estado ou municípios. No tro município), retornando no final do dia.
Brasil cerca de 40% dos habitantes residem fora dos mu- • Nomadismo: tipo de migração que se caracteriza
nicípios que nasceram. pelo deslocamento constante de populações em
Sendo assim, os principais fluxos migratórios no Brasil busca de alimentos, abrigo etc. Esse tipo de migra-
estão voltados para os nordestinos que saem em direção ção é típico de sociedades primitivas e por conta
ao Sudeste e Centro-Oeste, isso muitas vezes é provoca- disso encontra-se em extinção.
do devido às questões de seca, falta de emprego, baixo
índice de industrialização em relação às outras regiões,
dentre outros fatores.
#FicaDica
No Brasil, um dos fatores que exercem
FIQUE ATENTO! maior influência nos fluxos migratórios é o
de ordem econômica, uma vez que o mo-
Outro fluxo bastante difundido é em relação delo de produção capitalista cria espaços
aos migrantes do Sul que saem em direção privilegiados para instalação de indústrias,
às regiões do Centro-Oeste e Norte, esse forçando indivíduos a se deslocarem de
GEOGRAFIA DO BRASIL

processo deve-se aos agricultores gaúchos um lugar para outro em busca de melhores
que procuram novas áreas de cultivo com condições de vida e à procura de emprego
preços mais baixos. para suprir suas necessidades básicas de
sobrevivência.
Quando pensamos no processo de migração interna
no Brasil, devemos destacar que dentre os fatores que
influenciam os processos migratórios, o trabalho é o

19
A região Sudeste do Brasil, até o final do século XX, obra para as grandes cidades). Estes fatos fizeram com
recebeu a maior quantidade de fluxos migratórios do que uma grande parcela da população rural brasileira
país, principalmente o estado de São Paulo, pelo fato de migrasse para as metrópoles, se fixando nas regiões
fornecer maiores oportunidades de emprego em razão mais pobres e com menos infraestrutura destas cida-
do processo de industrialização desenvolvido. des: as periferias. Grande parte destes migrantes era
Contudo, nas últimas décadas, as regiões Centro- oriundo do nordeste brasileiro, levando sua cultura
-Oeste e Norte têm sido bastante atrativas para os mi- para os grandes centros econômicos do país, como os
grantes, pois após a década de 1970, a estagnação eco- citados na questão.
nômica que atingiu e ainda atinge a indústria brasileira
afetou negativamente o nível de emprego nas grandes 2. (ABIN – OFICIAL DE INTELIGÊNCIA – CESPE – 2018)
cidades do Sudeste, gerando pouca procura de mão de Acerca dos movimentos migratórios internos, da estru-
obra, ocasionando a retração desses fluxos migratórios. tura etária da população brasileira e da evolução de seu
Assim, as regiões Norte e Centro-Oeste, que já captavam crescimento no século XX, julgue os itens a seguir.
alguma parcela desse movimento, tornaram-se destinos
da migração interna do Brasil. O baixo crescimento vegetativo da população brasileira
Deste modo, as políticas públicas para a ocupação do verificado nos últimos três censos demográficos indica a
oeste brasileiro foram determinantes para esse redirecio- diminuição do ritmo de migrações no país e o início de
namento dos fluxos migratórios no Brasil. A construção longo ciclo de estagnação. Centros urbanos de atração
de Brasília, os investimentos em infraestrutura, novas de migrantes, como Brasília, Manaus e São Paulo, dimi-
fronteiras agrícolas, entre outros fatores, contribuíram nuíram drasticamente o ritmo de crescimento econômi-
para essa nova distribuição. co, justificando assim a queda do fluxo migratório de en-
Portanto, o Sudeste continua captando boa parte dos trada e o aumento da saída de população.
migrantes brasileiros. A região recebe muito mais gen-
te do que perde. O Centro-Oeste também recebe mais ( ) CERTO   ( ) ERRADO
migrantes do que perde, sendo, atualmente, o principal
Resposta: Errado. A afirmativa está errada por vários
destino dos fluxos migratórios no Brasil. O Sul e o Norte
motivos. Entre eles, podemos citar o fato de o cres-
são regiões onde o volume de entrada e saída de mi-
cimento vegetativo brasileiro não ser baixo. Apesar
grantes é mais equilibrado.
de estar em queda desde a década de 1960, quando
atingiu 36,7%, o país continua com uma taxa de cres-
FIQUE ATENTO! cimento elevada nos últimos três censos: 21,3% em
1991; 15,4% em 2000 e 12,5% em 2010. Um segundo
A Região Nordeste tem recebido cada vez erra é que quando falamos de crescimento vegetativo,
mais migrantes, sendo a maioria proveniente levamos em consideração o que chamamos de cresci-
do Sudeste (retorno), porém, continua sendo mento natural, ou seja, a diferença entre a taxa de na-
a região que mais perde população para as talidade e a de mortalidade. Não entra na contagem,
demais. portanto, a taxa de migração. Esta entraria em conta
apenas se falássemos do “Crescimento Demográfico”
que é igual a soma do crescimento vegetativo com o
crescimento migratório (Cres. Demog. = cresc. Veg. +
EXERCÍCIO COMENTADO cresc. Migr.).

3. (ABIN – OFICIAL DE INTELIGÊNCIA – CESPE – 2018)


1. (INSTITUTO RIO BRANCO – DIPLOMATA BANCA – Acerca dos movimentos migratórios internos, da estru-
CESPE – 2017) Considerando a tríade cidade, ambiente e tura etária da população brasileira e da evolução de seu
cultura, julgue (C ou E). crescimento no século XX, julgue os itens a seguir.
No Brasil, as periferias metropolitanas podem ser carac- A dinâmica da estrutura etária da população brasileira
terizadas por trazerem elementos de reprodução da vida tende ao equilíbrio quanto à quantidade de crianças, jo-
rural pregressa do país, como são, por exemplo, os casos vens, adultos e idosos: a população de idosos com maior
de Goiânia, São Paulo e Belo Horizonte. expectativa de vida cresce tanto quanto a população em
idade infantil e jovem.
( ) CERTO   ( ) ERRADO
( ) CERTO   ( ) ERRADO
Resposta: Certo. O Brasil tinha mais da metade de sua
GEOGRAFIA DO BRASIL

população vivendo no campo até a década de 1960. Resposta: Errado. Em relação à estrutura da popula-
De lá para cá, o índice de urbanização cresceu bastan- ção brasileira, há uma tendência de aumento do per-
te e atualmente mais de 80% da população vive em centual da população idosa, ou seja, estamos vivendo
áreas urbanas. Este movimento migratório, do campo um envelhecimento da população. O percentual de
para a cidade, é chamado de êxodo rural e é provoca- adultos e idosos vem aumentando nas últimas déca-
do por diversos fatores como a mecanização do cam- das, enquanto o de crianças vem caindo ano a ano.
po (que diminui a necessidade de mão de obra nesta Em 1980, 38,2% da população tinha até 14 anos e em
área) e o desenvolvimento industrial (que atrai mão de 2010 essa taxa já era de 24%.

20
Crescimento e Distribuição da População Brasileira para as atividades humanas. A atividade industrial, por
definição, corresponde ao arranjo de práticas econômi-
A população brasileira, segundo o Instituto Brasileiro cas em que o trabalho e o capital transformam maté-
de Geografia e Estatística (IBGE, 2014) fica em torno de rias-primas ou produtos de base em bens de produção
203 milhões de habitantes distribuídos pelas 26 unida- e consumo.
des de federação e 5.570 municípios e o Distrito Federal. Com o avanço nos sistemas de comunicação e trans-
Com isso podemos ter dados do crescimento e distri- porte – fatores que impulsionaram a globalização –, pra-
buição da população brasileira. ticamente todos os povos do mundo passaram a con-
Três estados em particular, São Paulo (44 milhões de sumir produtos industrializados, independentemente da
habitantes, taxa de 21,7% do total da população), Mi- distância entre o seu local de produção e o local de con-
nas Gerais (20,7 milhões, taxa de 10,2%) e Rio de Janeiro sumo. Estabelece-se, com isso, uma rede de influências
(16,5 milhões, taxa de 8,1%) concentram 40% da popula- que atua em escalas que vão do local ao global.
ção. São 27 capitais que condensam 23,8% da população Graças ao processo de industrialização e sua ampla
do país, índice que vem se mantendo estável há mais de difusão pelo mundo, incluindo boa parte dos países
uma década. subdesenvolvidos e emergentes, a urbanização também
Embora as grandes cidades estejam mantendo uma cresceu, a ponto de, segundo dados da ONU, o mundo
maior concentração populacional, existe um desloca- ter se tornado, pela primeira vez, majoritariamente urba-
mento para o interior do Brasil, preferencialmente para no, isto é, com a maior parte da população residindo em
as cidades de médio porte, que variam de 100 a 500 mil cidades, feito ocorrido no ano de 2010 em diante.
habitantes. Mas como a industrialização interfere na urbanização?
É errôneo pensar que a industrialização é o único fa-
Mais informações sobre o crescimento e distribui- tor que condiciona o processo de urbanização. Afinal,
ção da população brasileira tal fenômeno está relacionado também a outros even-
tos, que envolvem dinâmicas macroeconômicas, sociais
De 1970 até a atualidade, a parcela urbana da po- e culturais, além de fatores específicos do local. No en-
pulação brasileira cresceu de 58% naquela década para tanto, a atividade industrial exerce uma influência quase
80% em 2000, havendo uma estimativa de crescimento que preponderante, pois ela atua tanto no espaço das
populacional, verificando-se que as aglomerações urba- cidades, que apresentam crescimento, quanto no espaço
nasdas Regiões Norte e Centro-Oeste crescem mais do rural, que vê uma gradativa diminuição de seu contin-
que os centros urbanos já estabelecidos do eixo Sudeste- gente populacional em termos proporcionais.
-Sul, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica No meio rural, o processo de industrialização inter-
Aplicada (IPEA). fere com a produção e inserção de modernos maquiná-
Houve um crescimento mais intenso, entre 2001 e rios no sistema produtivo, como tratores, colheitadeiras,
2005, da população brasileira nas regiões Norte e Cen- semeadeiras e outros. Dessa forma, boa parte da mão
tro-Oeste, enquanto que na região Sudeste e Sul um rá- de obra anteriormente empregada é substituída por má-
pido crescimento urbano ocorreu. A região Centro-Oeste quinas e técnicos qualificados em operá-las. Como con-
teve a experiência de ter a maior taxa de crescimento sequência, boa parte dessa população passa a residir em
anual (4,9%), justificado pela ocorrência de fluxos migra- cidades, por isso, elas tornam-se cada vez maiores e mais
tórios relativos a atividades de expansão econômica. povoadas. Vale lembrar que a mecanização não é o único
A menor taxa de crescimento e distribuição da po- fator responsável pelo processo de migração em mas-
pulação brasileira, desde a década de 1990, é apresen- sa do campo para a cidade, o que chamamos de êxodo
tada pela região Nordeste, que embora apresente índi- rural, mas é um dos elementos mais importantes nesse
ces elevados de natalidade, possui uma abundância de sentido.
oferta de mão de obra barata que provoca a migração Além disso, a industrialização das cidades faz com
para a região Sudeste, que possui uma demanda grande que elas se tornem mais atrativas em termos de migra-
de empregos para atender às necessidades do desenvol- ções internas, o que provoca o aumento de seus espaços
vimento concentrado nos polos dinâmicos da economia graças à maior oferta de empregos, tanto na produção
brasileira. fabril em si quanto no espaço da cidade, que demandará
Os processos de industrialização e urbanização mais trabalho no setor comercial e também na prestação
estão intrinsecamente interligados. Foi com os avanços de serviços.
e transformações proporcionados, por exemplo, pelas Não por acaso, os primeiros países a industrializem-
Revoluções Industriais na Europa que esse continente -se foram também os primeiros a conhecer a urbani-
concebeu o crescimento exponencial de suas principais zação em sua versão moderna, tornando-se territórios
cidades, aquelas mais industrializadas. Ao mesmo tem- verdadeiramente urbano-industriais. Atualmente, esse
GEOGRAFIA DO BRASIL

po, o processo de urbanização intensifica o consumo nas processo vem ocorrendo em países emergentes e sub-
cidades, o que acarreta a produção de mais mercadorias desenvolvidos, tal qual o Brasil, que passou por isso ao
e o aumento do ritmo da atividade industrial. longo de todo o século XX. Segundo a ONU, até 2030,
A industrialização é um dos principais fatores de todas as regiões do mundo terão mais pessoas vivendo
transformação do espaço geográfico, pois interfere nos nas cidades do que no meio rural.
fluxos populacionais, reorganiza as atividades nos con- O grande gargalo desse modelo é o crescimen-
textos da sociedade e promove a instrumentalização das to acelerado das cidades, que contribui para fomentar
diferentes técnicas e meios técnicos, que são essenciais a macrocefalia urbana, quando há o inchaço urbano,

21
com problemas ambientais e sociais, além da ausência de infraestruturas, crescimento da periferização e do trabalho
informal, excesso de poluição, entre outros problemas. Estima-se, por exemplo, que até 2020 quase 900 milhões de
pessoas estarão vivendo em favelas, em condições precárias de moradia e habitação.

Mercado de Trabalho

Mercado de Trabalho é um conceito utilizado para explicar a procura e a oferta das atividades remuneradas ofere-
cidas pelas pessoas ao setor público e ao privado.
O mercado de trabalho acompanhou a expansão da economia e as taxas de desemprego chegaram a registrar
somente 4% de desocupação.
Cada vez mais, exige-se o ensino médio para as profissões mais elementares, conhecimento básico de inglês e in-
formática. Devido a desigualdade social do país, nem sempre esses requisitos serão cumpridos durante a vida escolar.
O melhor é se dedicar aos estudos, fazer um bom currículo, acumular experiências de trabalho voluntário e se pre-
parar para entrevistas.
Por isso, é preciso abandonar de vez a ideia de trabalho infantil e lembrar que uma criança que não estudou durante
a infância será um adulto com menos chances de conseguir um bom emprego.
Desde 2016, a taxa de desemprego tem crescido e isso só aumenta a competição para quem deseja se recolocar
ou entrar no mercado de trabalho.

Taxa de desemprego no Brasil em 2017

Muitas pessoas recorrem ao trabalho informal, temporário ou não, a fim de escapar da situação de desemprego.
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Atual

O mercado de trabalho nunca foi tão competitivo. A economia de mercado globalizada fez com que as empresas
possam contratar pessoas em todos os cantos do planeta. Com o crescimento do trabalho remoto esta tendência só
tende a aumentar.
Igualmente, os postos oferecidos pelo mercado de trabalho exigem cada vez mais tempo de estudo, autonomia e
habilidades em informática.

22
Dessa maneira, nem sempre aqueles que são considerados como população economicamente ativa, tem suficiente
formação para ingressar no mercado de trabalho.

Tendências

As principais tendências para o aperfeiçoamento do trabalhador, em 2017, segundo uma consultoria brasileira
seriam:

• Capacidade de Negociação
• Execução de planejamento estratégico e projetos
• Assumir equipes de sucesso herdadas
• Domínio do idioma inglês

Mulher

Embora a mulher ocupe uma fatia expressiva do mercado de trabalho, vários problemas persistem como a remune-
ração inferior ao homem e a dupla jornada de trabalho.
Mesmo possuindo a mesma formação de um homem e ocupando a mesma posição, a mulher ganhará menos. Além
disso, em casa se ocupará mais tempo das tarefas domésticas do que os homens.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), em todo mundo, apenas 46% das mulheres em idade de
trabalhar buscam emprego. Na mesma faixa etária, os homens respondem por 76%.
Nos países desenvolvidos a mulher ocupa 51,6% dos postos de trabalho frente aos 68% dos homens. No Brasil, essa
diferença é de 22 pontos percentuais, aumentando a brecha salarial.
Nos gráficos abaixo podemos observar a participação da mulher no mercado de trabalho no Brasil:

Divisão do mercado de trabalho entre mulheres e homens

Jovens

Para os jovens da chamada geração Y ou os millennials – que nasceram após 1995 – o mercado de trabalho pode
ser um desafio complexo.
Os millennials se caracterizam por ter um domínio das tecnologias mais recentes, redes sociais e até programação.
Possuem bom nível de inglês e um segundo idioma, fizeram pós-graduação e quem pode, viajou para o exterior.
Por outro lado, têm dificuldades em aceitar hierarquias e, por conta de sua formação, desejam começar logo em
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postos de comando. São menos propensos a serem fiéis à empresa e preferem empreender seu próprio negócio que
buscar um emprego tradicional.
A realidade dos millennials nos países subdesenvolvidos em geral e no Brasil em particular esbarra sempre no aces-
so à educação formal.

23
Urbanização no Brasil entre outros, além da migração da população das
grandes metrópoles que buscam qualidade de
Características da urbanização brasileira vida em cidades médias.
• Crescimento do setor terciário, devido à diminui-
ção das indústrias nos grandes centros urbanos, fa-
zendo com que essa camada de mão de obra seja
absorvida pelo setor de serviços e comércio. Essa
nova realidade vai transformar a paisagem urbana,
com a diminuição das indústrias e o crescimento
de shoppings e centros empresariais.

Espaço urbano e seus problemas

O Espaço Urbano pode ser definido como o espaço


das cidades, o conjunto de atividades que ocorrem em
uma mesma integração local, com a justaposição de ca-
sas e edifícios, atividades e práticas econômicas, sociais e
Rua 25 de março, importante centro comercial da ci- culturais. O espaço da cidade é, dessa forma, uma paisa-
dade de São Paulo que evidencia o crescimento do setor gem representativa do espaço geográfico, um território
terciário nas metrópoles brasileiras. das práticas políticas e um lugar das visões de mundo e
Por fim, podemos destacar algumas características mediações culturais.
históricas e recentes sobre a urbanização brasileira: No entanto, é preciso estabelecer uma distinção en-
tre o urbano e as cidades. Existem cidades, por exem-
• A concentração fundiária, característica brasilei- plo, que não são consideradas urbanas, por possuírem
uma pequena quantidade de habitantes e uma baixa di-
ra desde a colonização, desdobrou-se em baixa
nâmica econômica. Para o IBGE, cidades com menos de
qualidade de vida nas áreas rurais, baixos salários
20 mil habitantes são consideradas como espaço rural.
e falta de apoio ao pequeno trabalhador rural, mo-
Além disso, no meio agrário, evidenciam-se algumas prá-
tivando a migração campo-cidade.
ticas e características do espaço urbano, o que nos leva
• O processo de industrialização, especialmente a crer que o urbano transcende (vai além) do espaço das
em alguns estados da região geoeconômica Cen- cidades.
tro-Sul, motivou a migração para as grandes ci- Nesse ínterim, podemos dizer que o espaço urbano
dades desses estados, que passaram a polarizar a é economicamente produzido, mas socialmente viven-
economia do país. ciado, ou seja, apropriado e transformado com base em
• O processo produtivo no espaço rural, a partir ações racionais e também afetivas.
da sua modernização, começa a absorver menor O geógrafo brasileiro Roberto Lobato Corrêa afirma,
quantidade de mão de obra. em várias de suas obras, que o espaço urbano é frag-
• A construção de novas vias, a partir do modelo mentado, articulado; é também o condicionante das
rodoviário de transporte, facilitou o processo mi- ações sociais e o reflexo destas, em uma interação dialé-
gratório e o acesso aos centros urbanos. tica. Além disso, segundo o mesmo autor, ele pode ser
• Os valores da vida urbana vão ser amplamente dis- compreendido como um conjunto de símbolos e como
seminados pelos meios de comunicação, princi- um campo de lutas, principalmente envolvendo as clas-
palmente rádio e televisão, como forma de seduzir ses sociais.
a população rural a migrar para a cidade. Os ex- Com o desenvolvimento das técnicas, o homem pas-
cluídos do campo criam perspectiva em relação ao sou a viver em sociedade e, assim, passou a construir as
espaço urbano e acabam se inserindo no espaço suas cidades, os seus espaços de moradia. As mais anti-
urbano no circuito Inferior da Economia (mercado gas cidades datam de cerca de 9.000 a.C., que é o caso
informal). das cidades de Jericó (Palestina) e de Damasco (na Síria).
• Apesar do contínuo processo de metropolização, No entanto, durante a maior parte da história da huma-
é possível perceber na atualidade que a região Su- nidade, a população foi majoritariamente rural.
deste brasileira enfrenta o processo de desmetro- Dessa forma, com o desenvolvimento das relações in-
polização, ou seja, a redução do ritmo de cresci- dustriais, o processo de urbanização – crescimento do
mento de algumas metrópoles, a exemplo de São espaço urbano em relação ao espaço rural – passou a ser
Paulo, que passa a apresentar um ritmo de cresci- a principal representação da modernidade. Assim, temos
GEOGRAFIA DO BRASIL

mento mais lento em relação a algumas cidades a evidência de como a industrialização interfere e acen-
médias do interior. tua o processo de urbanização.
• Crescimento de cidades médias em função da Antes da Primeira Revolução Industrial, cerca de 90%
desconcentração dos investimentos produtivos da população das diferentes sociedades era rural. Atual-
(desconcentração industrial), buscando maiores mente, com a Terceira Revolução Industrial em curso, a
vantagens para a indústria, como isenção fiscal, humanidade atingiu pela primeira vez a maioria urba-
na, segundo dados de 2010 da Organização das Nações
terrenos e mão de obra mais baratos para a indús-
Unidas.
tria, fuga dos congestionamentos das metrópoles,

24
Na era moderna, podemos dizer que o processo de depositam o lixo em vazadouros a céu aberto, segundo
crescimento do espaço urbano ocorre por dois argumen- a Pesquisa Nacional de Resíduos Sólidos, publicada pelo
tos de elementos principais, os fatores atrativos e os fa- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
tores repulsivos. Esse tipo deposição implica em riscos de contami-
Por fatores atrativos entende-se o crescimento das nação para a natureza e a população ao redor, pois
cidades a partir dos supostos benefícios que elas ofe- gera chorume e emite gases, como o metano, que no
recem, principalmente aqueles relativos ao crescimento processo de decomposição, transforma-se em dióxido
industrial, em que boa parte da população do campo é de carbono (CO2), um dos principais compostos do Efei-
atraída pela oferta de mão de obra, e às possibilidades to Estufa que causa uma série problemas ambientais
de crescimento e emancipação sociais. Esses elementos no Brasil.
foram predominantes em países hoje considerados de- Solucionar esse problema urbano envolve iniciativas
senvolvidos, que passaram pelo processo de industriali- do governo e também das várias camadas da sociedade.
zação clássica. Entre as cidades, podemos citar os casos Destacam-se, como medidas de resolução: a criação de
de Londres, Nova York, Paris e outras. aterros sanitários adequados, a coleta seletiva, além da
Por fatores repulsivos entende-se o crescimento das mudança no modo de produção e consumo.
cidades em função da saída dos trabalhadores do cam-
po, em face da mecanização da produção agrícola ou da Problemas urbanos: poluição
concentração fundiária. A urbanização causada por fato-
res repulsivos costuma ser mais acelerada e revela uma Chegou a hora de conferir os principais problemas
maior quantidade de problemas sociais, sendo caracte- ambientais relacionados à poluição do meio ambiente
rística dos países subdesenvolvidos. Entre as cidades, po- nas zonas urbanas. Continue a leitura e entenda os deta-
demos citar os casos de São Paulo, Rio de Janeiro, Cidade lhes de cada ocorrência!
do México, entre outras.
Assim, através dos fatores atrativos e repulsivos, po- Poluição do ar
demos perceber que o espaço urbano cresce, princi-
palmente, com a migração do tipo campo-cidade que,
quando ocorre em massa, é chamada de êxodo rural.
Quando esse processo proporciona um crescimento de-
sordenado das cidades, ou seja, quando esse crescimento
foge do controle do Estado e dos governos, observa-se
a emergência de graves problemas sociais urbanos, dos
quais destacam-se: a favelização, ocupações irregulares,
índices de miséria, violência e muitos outros.
Além de problemas sociais, a urbanização acelerada
pode evidenciar a emergência de problemas ambientais
urbanos, dentre eles, merecem destaque as ilhas de ca-
lor, as chuvas ácidas e a inversão térmica.
Portanto, mesmo sendo a expressão dos avanços da
modernidade, o espaço urbano também pode ser a prin-
cipal evidência de suas contradições.

Problemas ambientais urbanos


A agenda ambiental das cidades que se propõem a
Pessoas que moram nas grandes cidades acabam mudar a qualidade de vida das pessoas, de modo geral,
causando prejuízo ao meio ambiente, direta ou indire- propoõe destaque à qualidade do ar, sendo esse um dos
tamente. A grande concentração populacional nas zonas principais assuntos tratados nas conferências ambientais.
citadinas do Brasil e do mundo, provoca uma série de Consequências diretas à saúde da população são per-
impactos ambientais no Brasil e no mundo. cebidas facilmente quando o ar dos espaços urbanizados
Portanto, o tema dos principais problemas ambien- está carregado de toxinas. Problemas respiratórios já fa-
tais urbanos merece atenção. zem parte do cotidiano nas grandes metrópoles.
Nos itens a seguir, entenda algumas das categorias Durante a queima de combustíveis fósseis, como
centrais relacionadas à essa questão e conheça os prin- hidrocarbonetos e carvão mineral, ocorre a liberação de
cipais problemas ambientais no Brasil e no mundo: gases para a atmosfera, sendo este o principal motivo da
sua contaminação.
GEOGRAFIA DO BRASIL

Problemas urbanos: lixo Os combustíveis dessa natureza estão entre as prin-


cipais fontes de energia primária no mundo, movimen-
A maneira como a sociedade moderna consome os tando carros, motos, ônibus, caminhões, navios e aviões,
produtos industrializados implica uma crescente preocu- e contribuem significativamente para o Efeito Estufa.
pação com o problema do lixo urbano. Logo, é um assunto que merece muita atenção. Nas
Realizar a gestão de resíduos sólidos é uma das últimas décadas, a poluição do ar vem aparecendo como
atividades mais complexas dos governos dos municí- uma das principais questões ambientais das grandes ci-
pios. Infelizmente, no Brasil, cerca de 50% deles ainda dades entorno do aquecimento global.

25
Poluição sonora Mobilidade urbana

Existem, no ambiente urbano, inúmeros estímulos ex- Mobilidade urbana pode ser caracterizada como a
ternos que facilitam o desenvolvimento do estresse na maneira que as pessoas utilizam para se locomoverem.
população. Nas regiões metropolitanas, são comuns os Para a realização de uma análise avaliativa da mobi-
ruídos produzidos por automóveis, fábricas, pessoas tra- lidade urbana, é necessário levar em conta os seguintes
balhando, etc. fatores:
É verdade que, a poluição sonora não se acumula no
espaço, como as outras situações poluentes, porém, ela • organização territorial;
é responsável por causar sérios danos à saúde, pois a ex- • intensidade do fluxo de automóveis nas vias de
posição direta a barulhos intensos pode comprometer a transporte da cidade;
• tipos de transporte utilizados.
audição e o bem-estar das pessoas.
No contexto brasileiro, como problemas de mobili-
Poluição visual
dade urbana, podemos citar:
O excesso de estímulos visuais na paisagem das • sobrecarga de espaço;
grandes cidades é constituído, em grande parte, por pro- • limitação do fluxo de pessoas e mercadorias;
pagandas que oferecem produtos e serviços. Você nunca • alto índice de acidentes fatais;
reparou a disputa entre outdoors, faixas e placas nas ruas • ineficiência do transporte público;
da sua região? • poluição do meio ambiente.
Essas comunicações, quando instaladas de maneira
indevida, constituem vários problemas urbanos, dentre Podemos destacar, ainda, que a ausência de políti-
os quais podemos destacar: cas públicas para a melhoria do transporte público re-
sulta, consequentemente, na procura por um meio de
• a modificação do espaço público, a fim de veicular transporte particular.
interesses particulares; Isso gera um ciclo vicioso, pois, quanto mais carros
• a deterioração da paisagem urbana e a degrada- há nas ruas, mais difícil se torna a implementação de uma
ção dos elementos naturais, como vegetação, rios mobilidade urbana eficiente, além de que acontece o au-
e lagos; mento na emissão de dióxido de carbono.
• o prejuízo na percepção do espaço, referente à re- Lembre-se de que a falta de mobilidade urbana no
ferenciação espacial e localização, além do trânsito Brasil é um problema recorrente.
de pessoas nas cidades. Existem, porém, algumas propostas de solução des-
se problema que merecem a atenção de todos os mo-
Esgoto radores das grandes cidades. Veículos a trilho, como o
metrô, é uma alternativa eficiente e de energia limpa, por
exemplo.
O alto teor de matéria orgânica que os mananciais
Há, ainda, os ônibus limpos, que usam combustível
de água dos centros urbanos recebem, através do esgo-
alternativo para não poluírem. Ciclovias também são óti-
to doméstico e industrial, é a razão da poluição desses
mas opções de transporte, além de fazerem bem para a
corpos d’água. saúde da população.
A deposição de resíduos sólidos, diretamente no
solo ou na água, como os vazadouros a céu aberto, tam- O capitalismo contemporâneo ampliou o fenômeno
bém compromete de maneira significativa a qualidade urbano. Se antes, havia cidades, atualmente há megaló-
dos reservatórios hídricos da cidade. poles, onde a conurbação criou uma sofisticada rede de
Infelizmente, o descomprometimento quanto às polí- fluxo de capitais, informações, mercadorias e serviços.
ticas públicas relacionados ao saneamento básico, é um
dos principais problemas urbanos no Brasil.

Problemas sociais urbanos

Violência urbana

O crescimento desordenado das cidades intensi-


GEOGRAFIA DO BRASIL

ficou o problema da violência urbana. É correto dizer


que essa situação acontece em função de fome, miséria
e desemprego, encontrados, principalmente, em países
subdesenvolvidos.
No Brasil, a violência urbana é reflexo de políticas pú-
blicas ineficientes, que não resolvem as situações de risco
Tóquio, Japão
e não conseguem sanar lacunas do desenvolvimento dos
cidadãos, como o acesso à direitos fundamentais.

26
Função urbana é o papel econômico desempenha- brasileiras que, apesar da menor importância, vêm atrain-
do por uma cidade dentro de uma lógica de divisão do do muitas indústrias e contemplando índices de cresci-
trabalho. mento muito acima da média das grandes cidades.

Hierarquia Urbana As RIDEs são regiões metropolitanas especiais no


Brasil. Veja a definição tecnica a seguir:
A hierarquia urbana é a ordem de organização en- Região integrada de desenvolvimento Econômico
tre os diferentes níveis de complexidade econômica das (ou RIDE) são as regiões metropolitanas brasileiras que
cidades. Como a própria ideia de hierarquia sugere, tra- incluem municípios de mais de uma unidade de federa-
ta-se das relações de dependência econômica exercidas ção. Elas são criadas por legislação federal específica, que
por algumas cidades sobre outras, formando uma cadeia delimita os municípios que a integram e fixa as compe-
mais ou menos definida de cidades dependentes e eco- tências assumidas pelo colegiado dos mesmos.
nomicamente interligadas entre si.
Essas relações econômicas estabelecem inevitavel- Existem três RIDEs no país, como vemos a seguir:
mente a consolidação de uma rede urbana que estrutura
uma teia formada por nós (as cidades) e os fluxos (os • Região Integrada de Desenvolvimento Econômico
sistemas de transporte e telecomunicações). Essa estru- do Distrito Federal - Compreende o Distrito Fede-
turação é um fator que pode ser diretamente associado ral, mais municípios de Goiás e de Minas Gerais:
ao processo da globalização.
Fazem parte da hierarquia urbana mundial as cidades Distrito Federal e municípios de Abadiânia, Água Fria
globais, as metrópoles nacionais, as metrópoles regio- de Goiás, Águas Lindas de Goiás, Alexânia, Alto Paraíso
nais e as cidades de menor porte. de Goiás, Alvorada do Norte, Barro Alto, Cabeceiras, Ca-
valcante, Cidade Ocidental, Cocalzinho de Goiás, Corum-
Cidades globais: representam os principais polos da bá de Goiás, Cristalina, Flores de Goiás, Formosa, Goiané-
hierarquia urbana internacional. Além de concentrarem sia, Luziânia, Mimoso de Goiás, Niquelândia, Novo Gama,
elevados quantitativos populacionais, sendo quase todas Padre Bernardo, Pirenópolis, Planaltina, Santo Antônio
elas megacidades (cidades com mais de 10 milhões de do Descoberto, São João d’Aliança, Simolândia, Valparaí-
pessoas), essas cidades apresentam uma complexa eco- so de Goiás, Vila Boa e Vila Propício, no Estado de Goiás,
nomia. Ao longo da história, em grande parte dos casos, e de Arinos, Buritis, Cabeceira Grande e Unaí, no Estado
as cidades globais foram as primeiras a industrializar-se de Minas Gerais. Ocupa uma área de 94.570,39 quilôme-
no mundo ou, pelo menos, em seus países. Foram tam- tros quadrados, sendo pouco maior que a Hungria e sua
bém as primeiras a iniciar o processo de desconcentra- população é de aproximadamente 4,5 milhões de habi-
ção industrial que ainda está ocorrendo, passando a ser tantes, um pouco menos que a Nova Zelândia.
conhecidas por abrigar as principais sedes e centros de
negócios das empresas multinacionais.
Exemplos de cidades globais: Nova York, Tóquio, Pa-
ris, Londres, Buenos Aires, Berlim, entre outros. No Brasil,
existem duas: São Paulo e Rio de Janeiro.

Metrópoles nacionais: são cidades que também


apresentam uma complexa e avançada organização eco-
nômica, uma grande quantidade de habitantes e uma
posição atrativa no recebimento de investimentos, so-
bretudo de empresas estrangeiras. No entanto, o seu
nível econômico não lhes permite criar em torno de si
uma influência além de seus países ou regiões territoriais
próximas. • Região Integrada de Desenvolvimento da Grande
Exemplos de metrópoles nacionais: Belo Horizonte, Terezina é constituída pelos municípios de Altos,
Porto Alegre, Curitiba, Brasília e outras cidades. Beneditinos, Coivaras, Curralinhos, Demerval Lo-
bão, José de Freitas, Lagoa Alegre, Lagoa do Piauí,
Metrópoles regionais: são cidades cuja importância Miguel Leão, Monsenhor Gil, Pau D’Arco do Piauí,
e domínio alcançam apenas o nível regional, estando di- Teresina e União, no estado do Piauí, e pelo mu-
reta ou indiretamente subordinadas às metrópoles na- nicípio de Timon, no estado do Maranhão, que
cionais e às cidades globais. Mesmo assim, são centros se encontra na margem esquerda do rio Parnaí-
GEOGRAFIA DO BRASIL

estratégicos, pois representam o elo de regiões ou pon- ba, defronte à capital piauiense. Esses municípios
tos afastados em relação aos grandes polos da economia ocupam uma área de 11.321 km², na qual vivem
mundial. 1.194.911 habitantes, segundo a estimativa para
Exemplos de metrópoles regionais: Goiânia, Cuiabá, 2015 do IBGE, representando 37% da população
Campinas, Belém e outras. do estado do Piauí.
Abaixo dessas cidades, no contexto da hierarquia ur-
bana, encontram-se cidades de menor porte, mas com
relativa influência local, tais como as cidades médias

27
Veja mapa a seguir:

• Região Administrativa de Desenvolvimento do Polo Petrolina e Juazeiro engloba mais de 700 mil habitantes
numa área com cerca de 35 mil quilômetros quadrados. É constituída pelos municípios de Lagoa Grande, Orocó,
Petrolina e Santa Maria da Boa Vista, no estado de Pernambuco, e pelos municípios de Casa Nova, Curaçá, Jua-
zeiro e Sobradinho, no estado da Bahia. Esses municípios encontram-se localizados no vale do São Francisco, no
curso baixo-médio do rio São Francisco, que interliga o Nordeste e Sudeste fluvialmente, o que coloca a RIDE
numa posição estratégica nacionalmente e central no Nordeste, o que motiva o Projeto Plataforma Logística do
São Francisco.

Divisão Regional Brasileira

A divisão regional brasileira atual foi definida em 1970, mas inúmeras outras divisões foram realizadas ao
longo da história do Brasil.

O território do Brasil já passou por diversas divisões regionais. A primeira proposta de regionalização foi realizada
em 1913 e depois dela outras propostas surgiram, tentando adaptar a divisão regional às características econômicas,
culturais, físicas e sociais dos estados. A regionalização atual é de 1970, adaptada em 1990, em razão das alterações
da Constituição de 1988. O órgão responsável pela divisão regional do Brasil é o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
Veja o processo brasileiro de regionalização:

1913
GEOGRAFIA DO BRASIL

Divisão regional de 1913

28
A primeira proposta de divisão regional do Brasil surgiu em 1913, para ser utilizada no ensino de geografia. Os
critérios utilizados para esse processo foram apenas aspectos físicos – clima, vegetação e relevo. Dividia o país em cinco
regiões: Setentrional, Norte Oriental, Oriental, Meridional.

1940

Em 1940, o IBGE elaborou uma nova proposta de divisão para o país que, além dos aspectos físicos, levou em consi-
deração aspectos socioeconômicos. A região Norte era composta pelos estados de Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí e
o território do Acre. Goiás e Mato Grosso formavam com Minas Gerais a região Centro. Bahia, Sergipe e Espírito Santo
formavam a região Leste. O Nordeste era composto por Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba e Alagoas.
Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro pertenciam à região Sul.

1945

Divisão regional de 1945

Conforme a divisão regional de 1945, o Brasil possuía sete regiões: Norte, Nordeste Ocidental, Nordeste Oriental,
Centro-Oeste, Leste Setentrional, Leste Meridional e Sul. Na porção norte do Amazonas foi criado o território de Rio
Branco, atual estado de Roraima; no norte do Pará foi criado o estado do Amapá. Mato Grosso perdeu uma porção
a noroeste (batizado como território de Guaporé) e outra ao sul (chamado território de Ponta Porã). No Sul, Paraná e
Santa Catariana foram cortados a oeste e o território de Iguaçu foi criado.

1950

Os territórios de Ponta Porã e Iguaçu foram extintos e os estados do Maranhão e do Piauí passaram a integrar a
região Nordeste. Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro formavam a região Leste. Em 1960, Brasília foi criada
e o Distrito Federal, capital do país, foi transferido do Sudeste para o Centro-Oeste. Em 1962, o Acre tornou-se estado
autônomo e o território de Rio Branco ganhou o nome de Roraima.

1970

Em 1970, o Brasil ganhou o desenho regional atual. Nasceu o Sudeste, com São Paulo e Rio de Janeiro sendo
agrupados a Minas Gerais e Espírito Santo. O Nordeste recebeu Bahia e Sergipe. Todo o território de Goiás, ainda não
dividido, pertencia ao Centro-Oeste. Mato Grosso foi dividido alguns anos depois, dando origem ao estado de Mato
GEOGRAFIA DO BRASIL

Grosso do Sul.

29
Divisão regional atual

1990

Com as mudanças da Constituição de 1988, ficou definida a divisão brasileira que permanece até os dias atuais. O
estado do Tocantins foi criado a partir da divisão de Goiás e incorporado à região Norte; Roraima, Amapá e Rondônia
tornaram-se estados autônomos; Fernando de Noronha deixou de ser federal e foi incorporado a Pernambuco.

Meios de Transporte e de Comunicação

Confira aqui as características das diferentes modalidades dos meios de transporte!


Os meios de transporte são responsáveis pelo deslocamento de pessoas, animais, matérias-primas e mercadorias,
sendo de fundamental importância para a infraestrutura e a economia de um determinado local.
Existem quatro modalidades de transporte: terrestre, aquaviário, aéreo e dutoviário.

Transportes terrestres

O transporte terrestre é realizado em ônibus, carros, motocicletas e caminhões que se deslocam em ruas, estradas e
rodovias. Outro tipo de transporte terrestre é o ferroviário, realizado em trens que se movimentam sobre trilhos.
GEOGRAFIA DO BRASIL

30
Transporte aquaviário

O transporte aquaviário é caracterizado pelo deslocamento em lagos, rios, mares e oceanos. As pessoas e/ou mer-
cadorias são transportadas em canoas, bancos, navios, etc. Essa é uma alternativa muito utilizada para o transporte de
cargas entre países de diferentes continentes (transporte marítimo).

Transporte aéreo

O transporte aéreo é considerado o meio de transporte mais rápido e sofisticado do mundo. Ele é extremamente
importante para quem deseja realizar viagens em curto tempo, pois o avião atinge velocidades elevadíssimas se com-
parado aos outros meios de transporte. Além dos aviões, o transporte aéreo também pode ser feito em helicópteros
ou balões.
GEOGRAFIA DO BRASIL

Transporte dutoviário

31
A outra modalidade de transporte é o dutoviário, litorânea, que vai do Rio Grande do Norte até o sul da
realizado em tubos ou dutos que transportam substân- Bahia, com destaque para os estados de Alagoas, Per-
cias gasosas (gasodutos), líquidas (oleodutos) ou sólidas nambuco e Paraíba.
(minerodutos). A região já foi a mais importante área produtora de
O Brasil, juntamente com a Bolívia, possui um gaso- cana de açúcar do mundo e a principal região econômica
duto responsável pelo transporte de gás natural da Bo- do Brasil nos séculos XVI e parte do século XVII.
lívia (fonte produtora) para alguns estados brasileiros A cultura do milho, feijão, café, mandioca, coco, cas-
(consumidores). tanha de caju, banana, sisal e algave, predomina em di-
versos estados.
Meios de Comunicação O Meio Norte (Nordeste Ocidental) uma área de
transição entre o Sertão semi árido e a Amazônia úmida,
A importância dos meios de comunicação para a onde estão os estados do Maranhão e Piauí, é cortado
transmissão de informações. por vários rios, ao longo dos quais se formam grandes
Os meios de comunicação são artifícios que permi- planícies fluviais, aproveitadas principalmente para a cul-
tem a comunicação entre pessoas, contribuindo com o tura do arroz.
processo de transmissão de informações. Ao longo da Com a correção do solo do cerrado no sul do Ma-
história, o homem sempre desenvolveu formas para se ranhão e sudeste do Piauí, se desenvolve a cultura da
comunicar: sinais, desenhos, cartas, criação de alguns ob- soja. A Bahia é o segundo produtor nacional de laranja e
jetos, etc. algodão do país.
Com o desenvolvimento tecnológico, os meios de co- Se destaca também na produção de soja. A cultura
municação foram se tornando mais eficazes. O telégrafo do algodão é também desenvolvida no Ceará, Piauí, Rio
revolucionou a forma de se comunicar à distância, sen- Grande do Norte e a Paraíba, que produz um algodão
do considerado um dos primeiros sistemas modernos de naturalmente colorido.
comunicação. A fruticultura irrigada, beneficiada pelo clima tropical,
Em seguida, outros meios de comunicação foram in- é desenvolvida no Vale do Rio Açu, no Rio Grande do
ventados, com destaque para o telefone, rádio, televisão,
Norte, com grande produção de melão, melancia etc., e
celular e internet. Todos eles são bastante utilizados em
no Vale Médio do rio São Francisco, no Sertão, principal-
várias partes do mundo, proporcionando o diálogo e a
mente nas cidades de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), onde
troca de informações entre pessoas de diferentes pontos
são produzidas uva, manga, melão, abacaxi, mamão etc.,
do planeta.
A internet, por exemplo, permite que informações se- que são vendidas para o mercado interno e exportadas,
jam obtidas com extrema rapidez e facilidade. Algumas através do aeroporto internacional de Petrolina, para di-
redes sociais possibilitam a comunicação instantânea versos países.
entre pessoas localizadas em diferentes lugares. Outro
avanço é a realização de cursos à distância, que po- Extrativismo vegetal e mineral
dem ser realizados através de aulas acompanhadas pelo
computador. No setor de extração, o Nordeste se destaca na pro-
Os meios de comunicação também são essenciais dução de petróleo, e gás natural, produzidos na Bahia,
para a realização de atividades econômicas. Alguns ne- Sergipe e Rio Grande do Norte, Piauí e Ceará. Na Bahia é
gócios financeiros são finalizados através de sites espe- explorado no litoral e na plataforma continental.
cializados, as cotações das ações de empresas podem ser O Rio Grande do Norte produz 95% do sal marinho
acompanhadas, transações bancárias, entre outros. consumido no Brasil. Pernambuco é responsável por 95%
Portanto, os meios de comunicação sempre estiveram do total do gesso brasileiro.
presentes na vida do homem, sendo essenciais para a di- O Nordeste possui também jazidas de granito, pedras
fusão das informações (jornais, revistas, televisão, rádio, preciosas e semi preciosas. A mina de Itataia, em Santa
etc.) e para as atividades econômicas. Quitéria, no Ceará, possui uma das maiores reservas de
urânio do mundo.
Nordeste O babaçu, encontrado no Piauí e em grande parte do
território do Maranhão, é importante para a região, de
A economia da Região Nordeste do Brasil é a tercei- sua semente se extrai um óleo utilizado na fabricação de
ra maior do país, atrás da Região Sudeste e Sul respecti- sabão, margarina, cremes, de suas folhas se fabrica ces-
vamente. A economia do Nordeste foi a que apresentou tas, esteiras etc.
o maior crescimento nos últimos anos. A carnaúba, palmeira típica, encontrada no norte dos
Em 2012 o produto interno bruto cresceu 3%, mais estados do Piauí e Maranhão, da qual tudo se aproveita,
que o triplo da média do país. É na Região Nordeste que das folhas se produz a cera de carnaúba, com larga apli-
vive mais de um quarto da população brasileira. cação industrial.
GEOGRAFIA DO BRASIL

A economia da Região Nordeste é baseada na agri-


cultura, extrativismo vegetal e mineral, na indústria e co- Indústria
mércio, nas atividades turísticas, entre outras.
A Região Nordeste vive intenso processo de indus-
Agricultura trialização. O Complexo Industrial Portuário de Suape, lo-
calizado na cidade de Ipojuca, em Pernambuco, a 40 km
Na Região Nordeste se desenvolve a agricultura da ao sul da cidade do Recife, é um dos principais polos de
cana de açúcar, para a produção de açúcar e etanol, investimentos do país.
na Zona da Mata, região que se estende numa faixa

32
São mais de 120 empresas instaladas, entre elas, a Refinaria Abreu e Lima, o Estaleiro Atlântico Sul, a Petrobras Dis-
tribuidora S/A, a Shell do Brasil S/A, a Arcor do Brasil Ltda, a Bunge Alimento etc.
O Polo Automotivo de Pernambuco, localizado na Mata Norte do estado, recebe a instalação da fábrica da Fiat.
Ao redor do Recife, na Região Metropolitana, estão instaladas indústrias mecânicas, de papel, de produtos alimen-
tícios, de cimento, têxtil, de material elétrico e outras.
O Polo Petroquímico de Camaçari, na Bahia, tem mais de 90 empresas químicas e petroquímicas instaladas.
Em Mataripe, na Bahia está instalada a refinaria de petróleo Landulpho Alves. Fortaleza constitui um centro indus-
trial nos setores têxtil, alimentar, de calçados e de confecção de roupas.
A Rota do Vinho, no Vale do Rio São Francisco, com sete vinícolas instaladas nas cidades de Petrolina, Santa Maria
da Boa Vista e Lagoa Grande, todas em Pernambuco e Juazeiro, na Bahia, concentra um polo industrial e turístico, com
toda a infraestrutura para os visitantes.

Turismo

A atividade turística do Nordeste é um fator importante para a economia da região.


A região concentra grandes áreas repletas de belezas naturais como o extenso litoral, com praias de águas quentes
e cristalinas, que estão entre as mais bonitas do país, o Arquipélago de Fernando de Noronha (PE), um paraíso ecoló-
gico, o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, os Canyons do São Francisco entre outros.
Na Região Nordeste estão localizadas cidades históricas, Patrimônio da Humanidade, como os centros históricos de
Olinda (PE), São Luís (MA) e Salvador(BA).
A cidade de João Pessoa guarda construções barrocas do século XVI. O centro histórico do Recife concentra um
grande número de construções históricas.
O teatro de Nova Jerusalém (PE), o maior teatro ao ar livre do mundo, já levou para a região mais de três milhões
de pessoas.

Município de Salvador

A organização urbana de uma cidade é o resultado de vários fatores: o contexto físico e orográfico onde assenta o
primeiro núcleo e as linhas de progressão que orientam o seu crescimento; os objetivos que estiveram na origem do
assentamento, junto com as vicissitudes e alterações desses objetivos; a organização social e política que a conformou
desde o início e suas consequentes transformações, onde os poderes efetivos, reais, marginais ou imaginários, condi-
cionaram as relações entre a autoridade e o grupo social residente.
Salvador/BA, tem algumas características históricas, entre outras, que marcam a sua identidade social, cultural e
urbana: foi a primeira capital da colónia portuguesa no Brasil; teve, na história da economia brasileira, a primeira eco-
nomia agrária de grande rendimento, baseada nos engenhos de açúcar, que proliferavam no seu entorno2 ; e tem
uma característica que singulariza Salvador na demografia brasileira, ou seja, tem a maior percentagem de população
afrodescendente (cerca de 70%), fazendo dela a cidade fora de África com mais habitantes afrodescendentes.
Em Salvador o espaço urbano está marcado pela afirmação do poder e pela conflituosidade, de que os espaços
e templos religiosos são particulares referências. Desde as grandes Igrejas que organizam as praças e ruas da cidade
colonial e se apresentam como o ‘grande’ património arquitetônico da cidade, passando pelos terreiros de candomblé.

Veja no link a seguir, o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano

do munícipio, que abrange os aspectos relacionados às diretrizes e estratégias de desenvolvimento socioeconômi-


co, cultural e urbano- ambiental institucionalizadas no PDDU para Salvador.
https://leismunicipais.com.br/plano-diretor-salvador-ba

A ESTRUTURA URBANA BRASILEIRA E AS GRANDES METRÓPOLES

O que caracteriza uma metrópole é sua elevada taxa de urbanização. No caso, existe uma centralização de trabalho,
serviços, capital, em fim uma roda econômica.

Dentro deste contexto surgiram diversos problemas de infraestrutura. tais como moradia, saneamento básico, trans-
GEOGRAFIA DO BRASIL

porte, segurança etc. que impacta diretamente na vida da população, temos então o conceito de macrocefalia urbana
que nada mais é que o crescimento desordenado das cidades resultando os problemas mencionados e muitos outros.

#FicaDica
Macrocefalia Urbana: É o crescimento desordenado das cidades resultando em problemas diversos, tais
como: moradia, saneamento básico, transporte, segurança etc.

33
Vemos no gráfico acima como houve a partir de 1960 um crescimento da população urbana.

Alguns dados coletados pelo IBGE em 2017.

• 24% da população urbana vivem em condições satisfatórias.


• Três em cada quatro moradores de centros urbanos vivem em condições insatisfatórias.
• A Região Sul é a que apresenta uma maior população em condições satisfatórias.
• Norte e Nordeste de maiores índices de população que vive em condições ruins.
• Brasília, no Centro-Oeste, tem a maior concentração de pessoas com ótimas condições de vida.

#FicaDica
Ficar atento as afirmações acima, pois são aspectos gerais de cada região.
GEOGRAFIA DO BRASIL

Vemos no gráfico acima o crescimento da população brasileira a partir de 1.972. Sabemos que durante este período
houve um grande êxodo rural, isto é uma alta taxa de desocupação rural e em contra partida uma alta taxa de ocupação
urbana.
São Paulo é o estado mais populoso do Brasil, seguido de Minas Gerais e Rio de Janeiro, O estado com a menor
índice populacional é Roraima, que tem 522.636 habitantes.
No cenário econômico, as metrópoles brasileiras impulsionam as mais variadas atividades financeiras e comerciais
tornado um motor econômico.

34
Isso faz com que as metrópoles se tornam-se importante no contexto nacional tanto no aspecto positivo, quando
no aspecto negativo (desafios, problemas e a complexidade das relações, etc.).

Região Metropolitana Quantidade de Municípios Número de Habitantes (2010)


São Paulo 39 19 683 975
Rio de Janeiro 19 11 835 708
Belo Horizonte 34 5 414 701
Porto Alegre 32 3 958 985
Recife 14 3 690 547
Fortaleza 15 3 615 767
Salvador 13 3 753 973
Curitiba 29 3 174 201
Campinas 19 2 797 137
Goiânia 11 2 173 141
Censo Demográfica IBGE 2010

EXERCÍCIO COMENTADO

1. (PREF. SÃO JOSÉ DO GUAMÁ-PA – CETAP) “Os desafios associados à construção de boas condições urbanas e de
vida nas últimas décadas no país têm sido enormes, não apenas pelo baixo desenvolvimento econômico, pela presen-
ça de precariedade e pobreza e pelas grandes diferenças regionais, mas também pela velocidade das transformações
ocorridas ... “.
Fonte: Eduardo Marques. Desigualdades Urbanas. ln: Le Monde Diplomatique Brasil, Abril 2016.

Dentre as transformações que o espaço urbano no Brasil tem apresentado, pode-se destacar:

a) Elevação dos padrões de qualidade de vida de todos os segmentos da sociedade urbana nacional.
b) As ações conjuntas entre os gestores municipais de todas as regiões metropolitanas, que melhoraram as condições
de circulação e emprego nas mesmas.
c) A taxa de crescimento das megalópoles que tem sido acima da média nacional desde a década de 1970.
d) O aprofundamento do processo de segregação econômica, social e espacial que tem sido uma realidade caracterís-
tica do urbano no Brasil.
e) A melhoria e expansão da infraestrutura tecnológica e viária que erradicaram as diferenças urbanas regionais.

RESPOSTA: Letra D. Vamos avaliar as afirmações.


Em “a”: Errado – Vimos que a qualidade de vida urbana caiu devido a um grande aumento populacional, causando
diversos problemas de moradia, saneamento básico etc.
Em “b”: Errado – Apesar dos esforços políticos, vimos que esta integração sugerida ainda está distante da nossa
realidade.
Em “c”: Errado – A taxa de crescimento das megalópoles realmente cresceu, mas como foi pedida uma alternativa
sobre o “espaço urbano”, concluímos que a alternativa D é mais abrangente e neste caso, a correta.
Em “d”: Certo – Alternativa Correta, pois vimos que existe um aumento da diferença social, econômica e relacionada
a moradia, tudo isto causa um grande problema dentro do espaço urbano.
Em “e”: Errado – Apesar dos esforços políticos, vimos que a expansão tecnológica e viária não são suficientes para
resolver os problemas advindos do crescimento populacional.

2. (PREF DE SINONÉSIA-MG – IDECAN) O êxodo rural é o deslocamento de indivíduos das zonas rurais (campo) para
as zonas urbanas (cidades). No Brasil, ganhou intensidade a partir da década de 1940, em razão do surto industrial
GEOGRAFIA DO BRASIL

ocorrido no Sudeste e das próprias condições precárias de vida existentes nas zonas rurais. Acerca da inferência que
constitui uma consequência do êxodo rural na zona rural, analise as alternativas a seguir.

I. Rápido aumento da população na cidade.


II. Maior oferta de mão de obra nas cidades.
III. Formação de favelas.
IV. Queda geral da produção ou estagnação econômica das áreas rurais, quando a saída dos trabalhadores não é com-
pensada pela mecanização.

35
Está correta apenas a alternativa

a) I.
b) II.
c) III.
d) IV.

RESPOSTA: Letra D. Vamos avaliar as afirmações.


Esta é uma questão cuja a resposta está nas últimas frases do enunciado “êxodo rural na zona rural”, como vimos que
a alternativa D é a única que se refere a zona rural concluímos que é ela a alternativa correta.

A QUESTÃO REGIONAL NO BRASIL. A REGIONALIZAÇÃO DO PAÍS: SUA JUSTIFICATIVA


SOCIOECONÔMICA E CRITÉRIOS ADOTADOS PELO INSTITUTO BRASILEIRO DE
GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE); AS REGIÕES E AS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA FINS
DE PLANEJAMENTO. AS REGIÕES BRASILEIRAS: ESPECIALIZAÇÕES TERRITORIAIS,
PRODUTIVAS E CARACTERÍSTICAS SOCIAIS E ECONÔMICAS.

Prezado candidato, não deixe de conferir o tópico anterior, no que diz respeito a Regionalização do país, para
completar seus estudos sobre o assunto.

A divisão regional oficial do Brasil é aquela estabelecida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
sendo composta por cinco complexos regionais: Centro-Oeste, Nordeste, Norte, Sudeste e Sul. No entanto, além dessa
regionalização do território nacional, existe outra divisão regional (não oficial), conhecida como regiões geoeconômi-
cas do Brasil: a Amazônia, o Nordeste e o Centro-Sul. Os critérios adotados para a delimitação dessas três regiões foram
os aspectos naturais e, principalmente, as características socioeconômicas.
As regiões geoeconômicas do Brasil não seguem os limites das fronteiras dos estados, visto que seus critérios mais
importantes são os aspectos sociais e econômicos, havendo grande dinamismo na delimitação espacial.
Portanto, alguns estados brasileiros estão inseridos em diferentes regiões: a porção norte de Minas Gerais é parte
integrante da chamada região Nordeste, e o restante do estado está localizado no complexo regional Centro-Sul; o ex-
tremo sul do Tocantins localiza-se na região Centro-Sul, e o restante do seu território faz parte da região da Amazônia;
a porção oeste do Maranhão integra a região da Amazônia e a sua porção leste está localizada no complexo regional
nordestino; Mato Grosso integra a região Centro-Sul (porção sul), além da região da Amazônia (porção centro-norte).
Formada por todos os estados da região Norte, além do Mato Grosso (exceto sua porção sul) e oeste do Maranhão,
a região da Amazônia corresponde a 60% do território nacional, abrangendo toda a extensão da Amazônia Legal. Ape-
sar de possuir a maior área, esse complexo regional abriga a menor parcela da população brasileira - aproximadamente
7% do total.
No que se refere ao clima, esse é quente e bastante chuvoso. E quanto à vegetação, a Floresta Amazônica é a de
maior predominância.
As principais atividades econômicas desenvolvidas na região da Amazônia são: extração mineral, agropecuária e
extrativismo vegetal. O setor industrial é pouco desenvolvido, tal segmento econômico destaca-se em Manaus.
O complexo regional do Centro-Sul é formado pelos estados das regiões: Sul, Sudeste (exceto o extremo norte de
Minas Gerais) e Centro-Oeste (exceto o centro-norte de Mato Grosso), além do extremo sul do Tocantins. Essa região
corresponde a aproximadamente 22% do território nacional, e abriga cerca de 70% da população brasileira, razão pela
qual é considerada como a região mais populosa e mais povoada do país.
A região Centro-Sul é a mais desenvolvida, economicamente, do Brasil, uma vez que é a principal responsável pelo
Produto Interno Bruto (PIB) nacional: cerca de 75% do PIB brasileiro. Sua economia é dinâmica, apresentando um ele-
vado grau de industrialização. As principais atividades econômicas são: agropecuária moderna, variados segmentos
industriais dotados de um efetivo aparato tecnológico, bancos, desenvolvimento de pesquisas científicas, serviços
diversos, etc.
Esse é o complexo regional que concentra a maior parte da renda nacional, além de apresentar os melhores Índices
de Desenvolvimento Humano (IDH) do país.
GEOGRAFIA DO BRASIL

Composto por todos os estados nordestinos, além da porção norte de Minas Gerais, a região geoeconômica do
Nordeste corresponde a aproximadamente 18% do território brasileiro, sendo, portanto, o menor complexo regional.
O território nordestino apresenta contrastes naturais e disparidades econômicas entre as áreas litorâneas: urbani-
zadas, industrializadas e, economicamente desenvolvidas. Porém, no interior, há o predomínio de um clima semiárido
e grandes problemas socioeconômicos.
As atividades econômicas mais relevantes são: cultivo da cana-de-açúcar, algodão, arroz, cultivo irrigado de frutas,
extrativismo vegetal, pecuária extensiva e de corte, indústrias têxteis, produção de petróleo (Bahia e Rio Grande do
Norte) e o turismo.

36
Região e Políticas Públicas essa preocupação. É importante destacarmos ainda que
nesses últimos dez ou doze anos estão em funcionamen-
A última grande regionalização do território, que di- to dois Ministérios que têm como preocupação explícita
vidiu o Brasil nas Grandes Regiões como hoje nós a co- interferir diretamente na “geografia” do país: o Ministério
nhecemos (Regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Norte e das Cidades e o Ministério da Integração Nacional. Fal-
Nordeste) data de 1969, com uma atualização feita no ta vontade política para implementar aquilo que já está
ano de 1990. Será que o território brasileiro já não pos- definido na Carta Magna e que em grande parte já está
sui uma configuração distinta? Não seria necessário um institucionalizado no aparelho estatal.
novo estudo de fôlego que redundasse em um conheci- Em relação ao pensamento sobre o “território” e o
mento mais atualizado das regiões do país? O questiona- “desenvolvimento regional”, creio que há tanto fatos
mento foi feito pelo geógrafo Fabio Contel, professor do positivos, quanto fatos negativos que merecem ser sub-
Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, linhados. Do ponto de vista positivo, é cada vez mais
Letras e Ciências Humanas da USP (Universidade de São comum vermos pensadores de todas as áreas do conhe-
Paulo), em entrevista concedida ao site Região e Redes. cimento chamarem a atenção para a importância de con-
Ele afirma ser preocupante a perda de vigor que o “G” ceitos que são tradicionalmente trabalhados pela geo-
do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) grafia (incluindo aí o desenvolvimento regional) em suas
conheceu nas duas últimas décadas, mas vê um esforço análises. É o caso de todos os chamados “economistas
institucional recente do Governo Federal para a consi- regionais”, que têm recentemente produzido análises in-
deração de conceitos como o de território e região nas teressantes sobre as diferentes realidades produtivas do
políticas públicas que implementa. território brasileiro. É o caso também dos sociólogos e
antropólogos urbanos, que tampouco podem prescindir
Se fosse possível identificar dois grandes atores que dos “fatores geográficos” para a proposição de esque-
têm responsabilidade direta sobre as dificuldades de di- mas analíticos para o entendimento da atual “questão
minuição das desigualdades seriam: 1) os grandes gru- urbana”.
pos econômicos instalados no território; e 2) o Estado Vale destacar também o esforço institucional recen-
brasileiro, que é em grande parte um “Estado corporati- te do Governo Federal para a consideração de concei-
vo”, isto é, colonizado pelos interesses específicos destes tos como o de território e região nas políticas públicas
grandes grupos econômicos. Todas as políticas públicas que implementam; dentro deste contexto institucional,
e leis federais de caráter estruturante que o Estado bra- é digno de nota o “Estudo da dimensão territorial para
sileiro adota se voltam, em sua execução, para manter o planejamento”, pesquisa encomendada no âmbito do
o bom funcionamento dos grandes monopólios (no Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, e pu-
sistema bancário, nos ramos industriais modernos, na blicado em 2008 (com sete volumes). Trata-se do mais
construção civil, na agroindústria etc.), em detrimento da amplo esforço recente do Governo Federal para incluir
construção de uma estrutura econômica e social em que o território brasileiro como uma das bases para a pro-
os seres humanos fossem a principal preocupação. Pa- dução/execução de políticas públicas, principalmente de
radoxalmente, a única instituição que tem a possibilida- caráter econômico.
de de implementar políticas voltadas para a consecução
da cidadania em qualquer país são os seus respectivos Outro esforço importante recente foi feito pelo Insti-
Estados nacionais. Para tornar efetivamente pública e tuto de Política Econômica Aplicada (IPEA), que dedicou
democrática (e menos corporativa) a ação dos Estados ao tema da “territorialidade” os volumes de uma de suas
é que trabalham e lutam todos os movimentos sociais, principais publicações, o “Brasil em Desenvolvimento” no
intelectuais públicos e partidos progressistas. Por serem ano de 2013. Na academia, são também muito comuns
movimentos mais frágeis – do ponto de vista financei- bons estudos que procuram realizar uma síntese do fun-
ro e organizacional – estes atores acabam conhecendo cionamento do território brasileiro, dentre os quais po-
maiores dificuldades para terem suas pautas cotejadas deríamos citar o livro “O Brasil: território e sociedade no
e – eventualmente – incluídas nesta agenda nacional das início do Século XXI”, escrito pelo Prof. Milton Santos e
grandes decisões; assim, a ação do Estado segue sendo pela Profa. María Laura Silveira (lançado em 2001, mas
ditada basicamente pelas vicissitudes das grandes em- que se encontra em sua 15ª edição).
presas monopólicas. A difusão recente das tecnologias
da informação – como mostrava já o geógrafo Milton Se estes são alguns dos aspectos positivos que indi-
Santos na década de 1990 – parece ser um elemento que cam uma maior possibilidade de incorporar a dimensão
tem contribuído para aumentar a capacidade de orga- territorial na confecção e execução de políticas públicas
nização e de reivindicação dos movimentos sociais, ele- no país, por outro lado, há também eventos desanima-
mento que aponta para a possibilidade de uma maior dores em relação ao tema. Talvez um dos principais deles
GEOGRAFIA DO BRASIL

sensibilização da classe política em relação às demandas seja a atual situação de funcionamento do Instituto Brasi-
inadiáveis de nossa sociedade. leiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desde ao menos a
década de 1990, tem crescido no Instituto a preocupação
Como em grande parte dos problemas estruturais do maior com a produção de estatísticas e índices da econo-
Brasil, também em relação ao que poderíamos chamar de mia nacional, sem preocupação sistemática de se pensar
“dimensão territorial do desenvolvimento”, já existem al- esta produção de estatísticas a partir também de estudos
gumas definições bastante claras na Constituição de 1988 do Instituto em relação ao território brasileiro. Não que
para a implementação de políticas efetivas que tenham esta função de produção de estatísticas não seja também

37
importantíssima. Mas o que nos parece preocupante é a perda de vigor que o “G” do IBGE conheceu nestas duas últi-
mas décadas. Talvez a prova mais cabal desta perda de vigor (com hipertrofia das preocupações economicistas do Ins-
tituto) seja a idade da última regionalização do território brasileiro que o IBGE produziu: ela tem, pelo menos, 44 anos.

Os desiquilíbrios regionais

As desigualdades sociais têm uma grande relação com a qualidade de vida das pessoas. No Brasil, por exemplo, as
desigualdades regionais podem ser medidas a partir dos dados relacionados ao PIB (Produto Interno Bruto). Com os
resultados, também é possível perceber o quantos essas esferas podem mexer no desenvolvimento regional. São elas
que vão apresentar um desequilíbrio regional muito expressivo para compreender uma determinada população.

O Nordeste apresenta um produto per capita 3 X menor que o do Sudeste, já na questão de moradia, a região
Nordeste sai na frente.
As desigualdades regionais apresentam um quadro de emprego bem aguçado. As regiões que apresentam menor
índice de emprego formal são a Norte e a Nordeste. Já a região que tem um nível elevado de emprego é a Centro-Oeste.

IDH das regiões brasileiras

Para compreender melhor as desigualdades regionais, basta fazer uma comparação com base nos dados do Índice
de Desenvolvimento Humano (IDH). A partir desse quadro comparativo é possível ter a seguinte escala:

1º lugar: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Mato Grosso do Sul;
2º lugar: Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Rondônia, Amazonas, Roraima e Amapá;
3º lugar: Acre, Pará e Sergipe.

Por fim, encontram-se os estados do Nordeste, com exceção de Sergipe.

É importante lembrar que o IDH vai significar que a população de determinada região está vivendo dessa ou de
outra forma a partir dos dados de qualidade de vida, mortalidade de crianças, renda per capita, taxas de analfabetis-
mo, expectativa de vida, mensuração da qualidade dos serviços públicos: saúde, educação e infraestrutura em geral. A
partir de todos esses dados, também é possível verificar que dentro de uma nação podem existir diferentes tipos de
desigualdades causadas por um fator histórico, econômico ou social.

Cumpre destacar que Tais avaliações requerem estudos e cruzamentos de dados estatísticos. Essa pesquisa e le-
vantamento de informações pode ser feita por diversos órgãos, públicos ou privados, e vão depender do interesse ou
abordagem, embora o órgão brasileiro que tem mais oficialidade para tal fim seja o IBGE (Instituto Brasileiro de Geo-
grafia e Estatística).

REFERÊNCIAS

https://www.colegioweb.com.br/geografia-do-brasil/desigualdades-regionais.html
http://www.resbr.net.br/a-geografia-na-politica-publica/#.XL2_z-hKgdU.
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/as-regioes-geoeconomicas-brasil.htm

O ESPAÇO NATURAL BRASILEIRO: SEU APROVEITAMENTO ECONÔMICO E O MEIO


AMBIENTE. GEOMORFOLOGIA DO TERRITÓRIO BRASILEIRO: O TERRITÓRIO BRASILEIRO
E A PLACA SUL-AMERICANA; AS BASES GEOLÓGICAS DO BRASIL; AS FEIÇÕES DO
RELEVO; OS DOMÍNIOS NATURAIS E AS CLASSIFICAÇÕES DO RELEVO BRASILEIRO.

ESPAÇO NATURAL: CONCEITOS

Geomorfologia

A Geomorfologia corresponde a uma ciência que tem como objeto de estudo as irregularidades da superfície ter-
restre, ou simplesmente as diferentes formas do relevo.
GEOGRAFIA DO BRASIL

Serve para mostrar a importância do estudo do relevo para os diferentes campos do conhecimento (planejamento
urbano e regional, análise ambiental...), evidenciando a estreita relação com a Geografia e no contexto geográfico,
considerando sua contribuição no processo de ordenamento territorial.

Geomorfologia do planeta Terra

Foram encontrados no Brasil e na África fósseis de plantas e de animais muito semelhantes. As reservas de carvão
dos EUA, Sibéria e China têm propriedades muito parecidas. Isto não é coincidência. Foi explicada pela primeira vez por
Wegener e sua teoria da Deriva Continental.

38
No final do período Carbonífero, existia uma única e imensa massa continental denominada Pangea (Pangeia). Na
Pangea, a América do Norte estava ligada à Eurásia, e a América do Sul ligada a Ásia. A Austrália e a Antártida estavam
unidas ao mesmo conjunto, e a Índia, por sua vez, estava perfeitamente encaixada entre a África e a Austrália.

Configuração da Pangea

A divisão iniciou mais ou menos no período Jurássico, formando dois super continentes: a Laurásia e a Gondwana.
No início do período Terciário, a América do Sul separou-se da África e, a seguir, a América do Norte, da Laurásia. A
Índia se mantinha em seu deslocamento em direção à Ásia. A Austrália e a Antártida mantinham-se ligadas.

A configuração moderna dos continentes se deu há 65 milhões de anos atrás, com a junção das Américas, a separa-
ção da Austrália e Antártida e a Índia se chocando com a Ásia. Os continentes ficaram separados pelos oceanos.

GEOGRAFIA DO BRASIL

A Teoria da Deriva Continental deu lugar então à Teoria da Tectônica das Placas, que além de consolidar as ideias de
Wegener, permitiu através dela explicar como esse processo ocorreu. Com o mapeamento das dorsais marinhas, onde
coincide com as áreas de vulcanismo e de terrenos, criou-se a teoria de que a crosta terrestre está dividida em placas,
que interagem umas com as outras, gerando os mais variados fenômenos.

39
Mapa com as principais placas tectônicas

Solo e Atmosfera

O solo é a parte exterior da crosta terrestre em contato direto com os demais elementos do meio ecológico.

Os solos são formados de três fases: sólida (minerais e matéria orgânica), líquida (solução do solo) e gasosa (ar).
O solo é o resultado de milhares de anos de desagregação das rochas originais de um lugar na sua superfície e a
combinação de diversos fatores. A maior ou menor intensidade de algum fator pode ser determinante na criação de um
ou outro solo. São comumente ditos como fatores da formação de solo: o clima, o material de origem, os organismos,
o tempo e o relevo.
GEOGRAFIA DO BRASIL

Fatores da formação de solo

Pedogênese é o nome dado ao processo químico e físico de alteração (adição, remoção, transporte e modificação)
que atua sobre um material litológico, originando um solo.

40
Edafologia é a ciência que trata das influências dos solos nos seres vivos. Sobre o solo cresce a vegetação dos
continentes e das ilhas. Sendo assim, não há solo nas áreas do planeta em que as rochas ainda não tenham sido
decompostas.
Como resultado da decomposição química das rochas, forma-se um material sobre a superfície terrestre: uma ca-
mada superficial, composta de água e minerais que, com o passar do tempo, vai se enriquecendo de matéria orgânica
(raízes, folhas, fezes e restos mortais de animais, entre outros).

A fauna e a flora do solo desempenham papel fundamental. Modificam e movimentam enormes quantidades de mate-
rial, mantendo o solo aerado e renovado em sua parte superficial.

As rochas, ao sofrerem a ação dos agentes atmosféricos, especialmente o calor e a umidade, decompõem-se atra-
vés do intemperismo, também denominado de meteorização, e em seus fragmentos instala-se grande variedade de
organismos vivos. Podemos afirmar então que o solo é o resultado da ação conjugada de fatores físicos, químicos e
biológicos, em função dos quais se apresenta sob os mais diversos aspectos.

Formação do solo
GEOGRAFIA DO BRASIL

41
Fatores de formação de solos

FATORES
TIPO DE FATOR ATUAÇÃO
AMBIENTAIS
Clima e Fornecem maté-
Fatores ativos
organismos ria e energia
Controla o fluxo
de materiais;
superfície; ero-
Fator
Relevo são; profundi-
controlador
dade; infiltração;
lixiviação e
translocação.
Diversidade do Esquema ilustrativo do funcionamento da radiação solar
material cons- Os elementos e os fatores climáticos determinam as
Material de
Fator passivo tituinte sobre o condições climáticas de cada região. Ainda que estuda-
origem
qual ocorrerá a dos separadamente, esses elementos e fatores atuam
pedogênese. juntos, ao mesmo tempo.
Determina o tem-
po cronológico Elementos Fatores modificadores
Tempo Fator passivo
de atuação do
processo. Temperatura Latitude
Pressão atmosférica Altitude
Mecanismos de formação de solos
Ventos Distância do mar
Umidade Massas de ar
MECANISMOS ATUAÇÃO
Precipitação Correntes marítimas
Aporte do material do exterior
Adição
do perfil ou horizonte do solo.
Remoção de material para fora #FicaDica
Remoção (perda)
do perfil. Exemplo: lixiviação.
Tempo e Clima são conceitos distintos:
Transformação de material exis- Tempo é o estado da atmosfera de um lu-
tente no perfil ou horizonte. gar em um determinado momento. Clima
Transformação
Mudança de natureza química é a sucessão dos estados de tempo da at-
mineralógica. mosfera em determinado lugar.
Translocação de material de • Choveu hoje. Tempo
um horizonte para outro, sem • Chove sempre nessa época do ano. Clima
Translocação
abandonar o perfil. Exemplo:
eluviação/iluviação
Temperatura
TEMPO E CLIMA
A temperatura é a quantidade de calor em uma re-
Elementos e fatores climáticos gião. A temperatura varia não apenas de um lugar para
o outro, mas também em um mesmo lugar no decorrer
O clima é uma rede intrincada de elementos e fatores do tempo.
que o caracterizam. Por isso, o clima muda muito confor- Entre os fatores responsáveis por sua variação ou dis-
me a região. tribuição, destacam-se a latitude, a altitude e a distribui-
De todos os fatores, o mais importante é a radiação ção de massas líquidas e solidas da Terra (maritimidade e
solar. O Sol é o motor que move o clima. A luz solar por continentalidade).
si própria não gera calor, mas é a absorção, dispersão e Temperatura e calor são dois conceitos bastante di-
a reflexão dessa mesma luz que irá determinar o grau de ferentes e que muitas pessoas acreditam se tratar da
GEOGRAFIA DO BRASIL

calor de cada região. mesma coisa. No entanto, o entendimento desses dois


O balanço global do sistema Terra-atmosfera é po- conceitos se faz necessário para o estudo da termolo-
sitivo, ou seja, a relação entre a energia absorvida pela gia. Também chamada de termofísica, a termologia é um
atmosfera e pelos oceanos e terras é de 64% (47% pela ramo da física que estuda as relações de troca de calor e
superfície terrestre e 17% pela atmosfera e pelas nuvens). manifestações de qualquer tipo de energia que é capaz
de produzir aquecimento, resfriamento ou mudanças de
estado físico dos corpos, quando esses ganham ou ce-
dem calor.

42
Os átomos e moléculas que constituem a matéria
nunca estão completamente imóveis. Mesmo que se
esteja observando um material relativamente estático,
parado. Ao contrário, essas partículas estão sempre ani-
madas de um movimento vibratório, cuja amplitude de-
pende do estado físico da matéria.
Esse movimento vibratório constitui uma forma de
energia cinética, denominada energia térmica. Quanto
maior é a agitação das partículas de um corpo, maior é a
energia térmica desse corpo.
A manifestação da energia térmica de um corpo pode
ser percebida pelos órgãos sensoriais de nossa pele e
nos dá a sensação de frio ou calor. Essa manifestação é
popularmente chamada temperatura e, em física, recebe
o nome de estado térmico do corpo. Quanto maior é o É comum encontrarmos esse tipo de vegetação em
grau de agitação das partículas de um corpo, maior é lugares quentes e úmidos. Suas principais características
sua temperatura, ou seja, mais elevado é o seu estado são a grande variedade de espécies e as folhas grandes,
térmico. com um tom de verde bem definido. Existem também as
A energia térmica pode transferir-se de um corpo florestas tropicais, localizadas na faixa intertropical lito-
para outro, mas sempre se transfere do corpo de maior rânea, que possuem menor de variedades de espécies
temperatura para o de menor temperatura. Para que a vegetais, além de tipos de vidas que não existem em ou-
transferência ocorra, é preciso que exista entre os dois tros locais.
corpos uma diferença de temperatura. A energia trans- Outro tipo de vegetação é o cerrado (ou savana), en-
ferida é chamada calor. Assim, a temperatura de um cor- contrado no centro-oeste brasileiro, em parte da Austrá-
po, sua energia térmica e a agitação de suas partículas lia e do centro da África, e no litoral da Índia. Esse tipo
alteram-se quando esse corpo recebe ou cede calor. A caracteriza-se por plantas rasteiras e pequenas árvores
transferência de calor somente termina quando os dois que perdem suas folhas no período da seca.
corpos em contato atingem a mesma temperatura, um Temos também os campos ou pradarias, tipo encon-
estado denominado equilíbrio térmico. trado em regiões de clima temperado continental, como
ocorre no norte dos Estados Unidos, sul do Canadá, norte
Então: da China, norte da Argentina etc. Essa vegetação nasce
onde há pouca umidade para o crescimento de árvores,
Temperatura é a grandeza física associada ao estado havendo somente um tapete herbáceo conhecido como
de movimento ou a energia cinética das partículas que gramíneas.
compõem os corpos. A chama de uma vela pode estar Existem ainda as florestas temperadas, localizadas no
numa temperatura mais alta que a água do lago, mas o Canadá, Estados Unidos e norte da Europa, além das flo-
lago tem mais energia térmica para ceder ao ambien- restas de coníferas, presentes em regiões subpolares, e a
te na forma de calor. No cotidiano é muito comum as tundra, vegetação que surge em solos gelados. Veremos
pessoas medirem o grau de agitação dessas partículas a seguir mais características dessas vegetações.
através da sensação de quente ou frio que se sente ao
tocar outro corpo. No entanto não podemos confiar na Hidrografia
sensação térmica. Para isso existem os termômetros, que
são graduados para medir a temperatura dos corpos. A hidrografia é o ramo da geografia física que estuda
Calor é definido como sendo energia térmica em as águas do planeta, abrangendo portanto rios, mares,
trânsito e que flui de um corpo para outro em razão da oceanos, lagos, geleiras, água do subsolo e da atmosfera.
diferença de temperatura existente entre eles, sempre Os hidrógrafos são os profissionais que estudam a
do corpo mais quente para o corpo mais frio. No verão, hidrografia do planeta, analisam e catalogam as águas
um lago pode armazenar energia térmica durante o dia e navegáveis de todo o mundo, elaborando cartas e mapas
transferi-la ao ambiente à noite na forma de calor. que mostram em detalhes a formação dos canais, a pro-
fundidade das águas e a localização dos canais, bancos
Vegetação de areia, correntes marítimas, etc. Os hidrógrafos tam-
bém são responsáveis por estudar a influência dos ven-
Nosso planeta apresenta diversos tipos de vege- tos no ritmo das águas e das marés.
tações, que variam de acordo com a região onde se
GEOGRAFIA DO BRASIL

localizam.
A espécie de vegetação referente a cada uma des-
sas regiões é definida por fatores como altitude, latitude,
pressão atmosférica, iluminação e forma de atuação das
massas de ar.
No caso de regiões de baixa latitude, encontram-se
as florestas equatoriais, como por exemplo a floresta
Amazônica, no Brasil.

43
Essa diferença entre precipitação e a evaporação é
chamada de excedente hídrico e transforma-se em rios,
lagos ou lençóis de água subterrânea. O ciclo da água
tem três trajetórias principais: precipitação, evapotrans-
piração e transporte de vapor.

Trajetória do ciclo da água

Os cursos de água doce, onde civilizações nasceram,


desenvolveram e morreram, são vitais para quase todas
as ações humanas. No Brasil, a maior parte da energia
A hidrosfera é a camada líquida da Terra. É formada elétrica que chega às casas e às indústrias, vem das
por mais de 97% de água, concentrada principalmen- hidrelétricas.
te em oceanos e mares, porém compreende também a
água dos rios, dos lagos e a água subterrânea. No total, a
água contida no planeta abrange um volume de aproxi-
madamente 1.400.000.000 km³. Já as águas continentais
representam pouco mais de 2% da água do planeta, fi-
cando com um volume em torno de 38.000.000 km³.
A água em estado líquido passa para a atmosfera em
forma de vapor, em um processo chamado de evapo-
traspiração. As baixas temperaturas da atmosfera fazem
esse vapor se condensar, passando para seu estado líqui-
do e, dessa forma, se precipitar sobre a superfície. Fotografia aérea de Itaipu - usina hidrelétrica
binacional localizada no Rio Paraná, na fronteira entre o
Brasil e o Paraguai
Os rios também são agentes erosivos do relevo, mol-
dando-o ao seu bel prazer. Essas correntes líquidas, que
resultam da concentração de água em vales, podem se
originar de várias fontes: fontes subterrâneas (que se
formam com a água das chuvas), transbordamento de
lagos ou mesmo da fusão de neves e geleiras.

Hidrografia brasileira

O Brasil é um dos países mais ricos do mundo no que


se refere aos complexos hidrográficos, contando com um
dos mais complexos do planeta. Aqui no país, encontra-
mos rios de grande extensão, largura e profundidade,
que nascem, em sua maioria, em regiões que são pou-
co elevadas, excluindo apenas o Rio Amazonas e alguns
GEOGRAFIA DO BRASIL

afluentes que nascem na cordilheira dos Andes. De toda


a água doce que está na superfície do planeta, 8% en-
Esquema evapotraspiração contra-se no Brasil e, além disso, a maior bacia fluvial do
mundo também encontra-se no Brasil, e é a Amazônica.
Durante o ano, precipitam cerca de 119 mil km cúbi-
cos sobre os continentes, sendo que apenas 47 mil km
cúbicos não voltam para a atmosfera, permanecendo nos
oceanos, circulando como água doce.

44
Bacias hidrográficas Usinas hidrelétricas do Brasil

Chamamos de bacia hidrográfica uma área onde As hidrelétricas no Brasil correspondem a 90% da
acontece a drenagem da água das chuvas para um de- energia elétrica produzida no país.
terminado curso de água que, normalmente, é um rio. O A instalação de barragens para a construção de usi-
terreno em declive faz com que as águas acabem desa- nas iniciou-se no Brasil a partir do final do século XIX,
guando em um determinado rio, o que forma uma ba- mas foi após a Segunda Grande Guerra Mundial (1939-
cia hidrográfica. Segundo o IBGE, Instituto Brasileiro de 1945) que a adoção de hidrelétricas passou a ser relevan-
Geografia e Estatística, existem nove bacias, que são a te na produção de energia brasileira.
Bacia do Amazonas, que é a maior do mundo e encon- Apesar de o Brasil representar o terceiro maior po-
tra-se, mais de sua metade, no Brasil; Bacia do Nordeste; tencial hidráulico do mundo (atrás apenas de Rússia e
Bacia do Tocantins-Araguaia (maior bacia hidrográfica China), o país importa parte da energia hidrelétrica que
totalmente situada em território brasileiro); Bacia do Pa- consome. Isso ocorre em razão de que a maior hidrelétri-
raguai; Bacia do Paraná; Bacia do São Francisco; Bacia do ca das Américas e segunda maior do mundo, a Usina de
Sudeste-Sul; Bacia do Uruguai; e Bacia do Leste. Itaipu, não é totalmente brasileira.
Por se localizar na divisa do Brasil com o Paraguai,
Maiores oceanos e mares do mundo 50% da produção da usina pertence ao país vizinho que,
na incapacidade de consumir esse montante, vende o
Oceano Pacífico 179.700.000 km²
excedente para o Brasil. O Brasil também consome ener-
Oceano Atlântico 106.100.000 km²
gia produzida pelas hidrelétricas argentinas de Garabi e
Oceano Índico 73.556.000 km²
Yaceritá.
Mar Glacial Ártico 14.090.000 km²
A produção de energia elétrica no Brasil é realizada
Mar do Caribe 2.754.000 km²
Mar Mediterrâneo 2.505.000 km² através de dois grandes sistemas estruturais integrados:
Mar da Noruega 1.547.000 km² o sistema Sul-Sudeste-Centro-Oeste e o sistema Nor-
Golfo do México 1.544.000 km² te-Nordeste, que correspondem, respectivamente, por
Baía de Hudson 1.230.000 km² 70% e 25% da produção de energia hidrelétrica no Brasil.
Mar do Norte 580.000 km²
Mar do Negro 413.000 km² ESPAÇO NATURAL BRASILEIRO
Mar Báltico 420.000 km²
Mar da China Meridional 3.447.000 km³ O Brasil é o país com a maior biodiversidade do pla-
Mar de Okhotsk 1.580.000 km² neta, com biomas importantes, desde a Amazônia, o pul-
Mar de Bering 2.270.000 km² mão do mundo, além de exemplos como o Cerrado, o
Mar da China Oriental 752.000 km² Pantanal, entre outros. E é justamente em território na-
Mar Amarelo 417.000 km² cional que se concentra a maior reserva de água doce
Mar do Japão 978.000 km² do mundo, por conta do rio Amazonas, o mais extenso e
Golfo de Bengala 2.172.000 volumoso do planeta.
Mar vermelho 440.000 O país ainda possui outros rios importantes como o
São Francisco, que nasce em Minas Gerais, segue até Es-
Maiores rios tados do Nordeste e deságua no mar, entre Sergipe e
Alagoas. No país, está cerca de 12% de toda a água doce
Amazonas 10.245 km² do mundo. As principais bacias hidrográficas brasileiras
Nilo 6.671 km² são as seguintes: a bacia Amazônica, do Tocantins, do
Rio Yangtzé 5.800 km² São Francisco, a bacia do Paraná e do Uruguai.
Mississippi-Missouri 5.620 km² A vegetação brasileira compreende: a Floresta Ama-
Obi 5.410 km² zônica, a Mata Atlântica, o Cerrado, a Caatinga (tipo de
Rio Amarelo 4.845 km² vegetação apenas encontrada no Brasil), a Mata de Arau-
Rio da Prata 4.700 km² cária, o Pantanal, os Campos e as Vegetações Litorâneas.
Mekong 4.500 km² As diferenças de vegetação no território ocorrem devido
Amur 4.416 km² a aspectos como clima e tipo de relevo.
Rio Lena 4.400 km² A Caatinga, por exemplo, é um tipo de vegetação
predominante no clima Semiárido, caracterizado pela es-
Maiores lagos cassez de chuvas e altas temperaturas. No caso, além do
Semiárido, o Brasil contempla os climas: Tropical (vigora
Mar Cáspio 371.000 km² na maior parte do país. O clima é úmido e seco), Lito-
Lago Superior 84.131 km²
GEOGRAFIA DO BRASIL

râneo Úmido (quente e com chuvas bem distribuídas),


Vitória 68.100 km² Subtropical (temperaturas amenas) e Equatorial (quente
Huron 61.797 km²
e úmido).
Michigan 58.016 km²
Quanto ao relevo brasileiro, é possível identificar: de-
Mar de Aral 41.000 km²
pressões (surgidas por meio de erosões), planícies (áreas
Tanganica 32.893 km²
planas encontradas, sobretudo na Amazônia e Pantanal),
Grande Urso 31.792 km²
além do planalto (encontrado na Serra da Mantiqueira
Baikal 31.500 km²
ou Serra do Mar, entre outros).
Lago Niassa 30.800 km²

45
origem sedimentar, mas em processo de erosão, apre-
#FicaDica sentam a principal e mais abrangente forma de relevo
Pode haver questões sobre o poderio brasi- da Amazônia.
leiro quanto aos recursos hídricos no mundo.
Esse tema tende a ser citado em abordagens Clima
sobre impactos ambientais, pois há muitos
questionamentos relativos à responsabilidade A Amazônia apresenta o predomínio do clima Equa-
do Brasil em administrar bem seus recursos torial. Trata-se de um clima quente e úmido. Região de
naturais em prol do planeta. É importante per- baixa latitude, apresenta médias térmicas mensais eleva-
ceber essas relações. das que variam de 24 ºC e 27 ºC.
A amplitude térmica anual, isto é, as diferenças de
temperaturas entre as médias dos meses mais quentes e
Relevo mais frios, é bastante baixa (oscilações inferiores a 2 ºC);
os índices pluviométricos são extremamente elevados,
O relevo brasileiro é de formação antiga ou pré-cam- de 1500 a 2500 mm ao ano, chegando a atingir 4.000
briana, sendo erodido e, portanto, aplainado. Apresen- mm; o período de estiagens é bastante curto em algumas
ta o predomínio de planaltos, terrenos sedimentares e áreas. A região é marcada por chuvas o ano todo.
certas áreas com subsolo rico em recursos minerais. Um
outro aspecto importante consiste na ausência de vul- Clima Equatorial
canismo ativo e fortes abalos sísmicos, fatos explicados
pela distância em relação à divisa ou encontro das placas Este pluviograma apresenta a região de Uaupés, no
tectônicas, somado à idade antiga do território. Estado do Amazonas, com o tipo de clima predominante
na área. Observe que a linha de temperatura não cai a
Clima menos de 24 ºC e que a pluviosidade é alta durante o
ano todo, não se observando estação seca.
O país apresenta o predomínio de climas quentes As precipitações que ocorrem nessa região são exem-
ou macrotérmicos, devido à sua localização no planeta, plos de chuvas de convecção, resultantes do movimento
apresentando uma grande porção de terras na Zona In- ascendente do ar carregado de umidade; essas correntes
tertropical e uma pequena porção na Zona Intertropical e
de ar ascendentes são conseqüências do encontro dos
uma pequena porção na Zona Temperada do Sul.
ventos alísios (convergência dos alísios).
É fundamental perceber que a diversidade climática
A massa de ar Equatorial Continental (Ec) é responsá-
do País é positiva para a agropecuária e é explicada por
vel pela dinâmica do clima em quase toda a região. So-
vários fatores, destacando-se a latitude e a atuação das
mente na porção ocidental a frente fria (Polar Atlântica)
massas de ar.
atinge a Amazônia durante o inverno, ocasionando uma
DOMÍNIO AMAZÔNICO queda de temperatura denominando friagem.
A massa de ar Equatorial Atlântica (Ea) exerce alguma
Relevo influência somente em áreas litorâneas (AP e PA).

O Domínio Geoecológico Amazônico apresenta um Hidrografia


relevo formado essencialmente por depressões , origi-
nando os baixos planaltos e as planícies aluviais. Apenas A hidrografia regional é riquíssima, representada
nos extremos norte e sul desse domínio, é que ocorrem quase que totalmente pela bacia amazônica.
maiores altitudes, surgindo os planaltos das Guianas O rio principal, Amazonas, é um enorme coletor das
ao norte e o Central (Brasileiro) ao sul. (Classificação de chuvas abundantes na região (clima Equatorial); seus
Aroldo de Azevedo). afluentes provêm tanto do hemisférico norte (margem
O planalto das Guianas, situado no extremo norte do esquerda), como o Negro, Trombetas, Jari, Japurá, etc.,
Brasil, corresponde ao escudo cristalino das Guianas. Tra- quanto do hemisfério sul (margem direita), como o Juruá,
ta-se, portanto, de terrenos cristalinos do pré-cambriano, Purus, Madeira, Tapajós, Xingu, etc. Esse fato explica o
altamente desgastado pela erosão, apresentando, como duplo período de cheias anuais em seu médio curso.
conseqüência, modestas cotas altimétricas em sua maior O rio Amazonas (e alguns trechos de seus afluentes)
parte. Entretanto, nas fronteiras com as Guianas e a Ve- é altamente favorável à navegação. Por outro lado, o
nezuela, existe uma região de serras, onde aparecem os potencial hidráulico dessa bacia é atualmente conside-
pontos culminantes do relevo brasileiro: o pico da Nebli- rado o mais elevado do Brasil, localizado sobretudo nos
GEOGRAFIA DO BRASIL

na (serra do Imeri), o pico 31 de Março e o monte Rorai- afluentes da margem direita que formam grande número
ma. Dentre as serras podemos citar: Parima, Pacaraima, de quedas e cachoeiras nas áreas de contatos entre o
Surucucu, Tapirapecó, Imeri, etc. planalto Brasileiro e as terras baixas amazônicas (Tocan-
A maior parte do Domínio Amazônico apresenta um tis, Tucuruí).
relevo caracterizado por terras baixas. As verdadeiras Apresenta a maior variedade de peixes existentes em
planícies (onde predomina a acumulação de sedimen- todas as bacias hidrográficas do mundo. A pesca tem
tos) ocorrem somente ao longo de alguns trechos de rios uma grande expressão na alimentação da população
regionais; os baixos planaltos (ou platôs), também de local.

46
Além da grande quantidade de rios na região exis- O DOMÍNIO DOS CERRADOS
tem os igarapés (córregos ou riachos); os furos (braços
de água que ligam um rio a outro ou a um lago); os pa- O Cerrado é um domínio geoecológico característi-
ranás-mirins (braços de rios que contornam elevações co do Brasil Central, apresentando terrenos cristalinos
formando ilhas fluviais) e lagos e várzea. (as chamadas “serras”) e sedimentares (chapadas), com
solos muito precários, ácidos, muito porosos, altamente
Solos lixiviados e laterizados.
A expansão contínua da agricultura e pecuária mo-
A maior parte do Domínio Amazônico apresenta so- dernas exige o uso de corretivos com calagens e nutrien-
tes, que é a fertilização artificial do solo. A mecanização
los de baixa fertilidade. Apenas em algumas áreas restri-
intensiva tem aumentado a erosão e a compactação dos
tas, ocorrem solos de maior fertilidade natural, como os
solos. A região tem sido devastada nas últimas décadas
solos de várzeas em alguns trechos dos rios regionais e
pela agricultura comercial policultora (destaque para a
a terras pretas, solo orgânico bastante fértil (pequenas soja).
manchas). O Cerrado apresenta dos estratos: o arbóreo-arbus-
tivo e o herbáceo. As árvores de pequeno porte, com
Vegetação troncos e galhos retorcidos, cascas grossas e raízes pro-
fundas, denotam raquitismo, e o lençol freático profun-
A floresta amazônica, principal elemento natural do do. A produção da lenha e de carvão vegetal continua a
Domínio Geoecológico Amazônico, abrangia quase 40% ocorrer, apesar das proibições e alertas, bem como da
da área do País. Além do Brasil, ocupa áreas das Guianas, prática das queimadas.
Venezuela, Colômbia, Peru, Equador e Bolívia, cobrindo
cerca de 5 milhões de km². Localização
A floresta Amazônica possui as seguintes
características: O Domínio Geoecológico do Cerrado ocupa quase
todo o Brasil Central, abrangendo não somente a maior
• Latifoliada: com vegetais de folhas largas e grandes; parte da região Centro-Oeste, mas também trechos de
• Heterogênea: apresenta grande variedade de es- Minas Gerais, parte ocidental da Bahia e sul do Maranhão
pécies vegetais, ou grande biodiversidade; / Piauí.
• Densa: bastante compacta ou intricada com plan-
Relevo
tas muito próximas uma das outras;
• Perene: sempre verde, pois não perde as folhas
A principal unidade geomorfológica do Cerrado é
no outono-inverno como as florestas temperadas
o planalto Central, constituído por terrenos cristalinos,
(caducifólias); bastante desgastados pelos processos erosivos, e por
• Higrófila: com vegetais adaptados a um clima bas- terrenos sedimentares que formam as chapadas e os
tante úmido; chapadões.
• Outros nomes: Hiléia, denominação dada por Ale- Destacam-se nesse planalto as chapadas dos Parecis,
xandre Von Humboldt, Inferno Verde, por Alexan- dos Guimarães, das Mangabeiras e o Espigão Mestre, que
dre Rangel e Floresta Latifoliada Equatorial. divide das águas das bacias do São Francisco e Tocantins.
Na porção sul desse domínio (MS e GO) localiza-se
Apresenta aspectos diferenciados dependendo, prin- parte do planalto Meridional, com a presença de rochas
cipalmente da maior ou menor proximidade dos cur- vulcânica (basalto) intercaladas por rochas sedimentares,
sos fluviais. Pode ser dividida em três tipos básicos ou formando as cuestas Maracaju, Caiapó, etc.
florestais:
Solos
• Caaigapó: ou mata de igapó, localizada ao longo
dos rios nas planícies permanentemente inunda- No Domínio do Cerrado predominam os solos pobres
das. São espécies do Igapó a vitória-régia, piaçava, e bastante ácidos (pH abaixo de 6,5). São solos altamen-
açaí, cururu, marajá, etc. te lixiviados e laterizados, que para serem utilizados na
• Mata de várzea: localizada nas proximidades dos agricultura, necessitam de corretivos; utiliza-se normal-
mente o método da calagem, que é a adição de calcário
rios, parte da floresta que sofre inundações perió-
ao solo, visando à correção do pH.
dicas. Como principais espécies temos a seringuei-
Ao sul desse domínio (planalto Meridional) aparecem
ra (Hevea brasiliensis), cacaueiro, sumaúma, copaí-
significativas manchas de terra roxa, de grande fertilida-
ba, etc.
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de natural (região de Dourados e Campo Grande).


• Caaetê: ou mata de terra firme, parte da floresta da
maior extensão localizada nas áreas mais elevadas Hidrografia
(baixos planaltos), que nunca são atingidas pelas
enchentes. Além de apresentar a maior variedade A densidade hidrográfica é baixa; as elevações do pla-
de espécies, possui as árvores de maior porte. São nalto Central (chapadas) funcionam como divisores de
espécies vegetais do Caaetê o angelim, caucho, águas entre as bacias Amazônica (rios que correm para o
andiroba, castanheira, guaraná, mogno, pau-rosa, norte) e Platina (Paraná e Paraguai que correm para o sul)
salsaparrilha, sorva, etc. e do São Francisco.

47
São rios perenes com regime tropical, isto é, as cheias Esse pluviograma da região Cabaceiras, Na Paraíba,
ocorrem no verão e as vazantes no inverno. é o mais representativo do clima semi-árido do Sertão
nordestino. A região apresenta o menor índice pluviomé-
Clima trico do Brasil, com 278 mm de chuvas. Observe o pre-
domínio do tempo seco e a temperatura elevada durante
O principal clima do Cerrado é tropical semi-úmido; o ano todo.
apresenta estações do ano bem definidas, uma bastante A baixa e irregular quantidade de chuvas dói Domí-
chuvosa (verão) e outra seca (inverno); as médias térmi- nio da Caatinga pode ser explica pela situação da região
cas são elevadas, oscilando entre 20 ºC a 28 ºC e os índi- em relação à circulação atmosférica (massa de ar), relevo,
ces pluviométricos variam em torno de 1.500 mm. geologia, etc.
Verifica-se pelo climograma anterior a estação seca Trata-se de uma área de encontro ou ponto final de
no meio do ano, destacando-se a queda de temperatura. quatro sistemas atmosféricos: as massas de ar Ec, Ta, Ea
e Pa. Quando essas massas de ar atingem a região, já
Vegetação perdem grande parte de sua umidade.
O Planalto de Borborema raramente ultrapassa 800
O Cerrado é a vegetação dominante; apresenta nor- m de altitude, sendo descontínuo. Portanto, é incapaz de
malmente dois estratos: um arbóreo-arbustivo, com ár- provocar a semi-aridez da área sertaneja.
vores de pequeno porte (pau-santo, lixeira, pequi) e ou- A presença de rochas cristalinas (impermeáveis) e so-
tro herbáceo, de gramíneas e vegetação rasteiras com los rasos dificulta a formação do lençol freático em algu-
várias espécies de capim (barba-de-bode, flechinha, co- mas áreas, acentuando o problema da seca.
lonião, gordura, etc.). Um dos mitos ou explicações falsas do subdesenvol-
Os arbustos possuem os troncos e galhos retorcidos, vimento nordestino é a afirmação de que as secas cons-
caule grosso, casca espessa e dura e raízes profundas. O tituem a principal causa do atraso socioeconômico dessa
espaçamento entre arbusto e árvores é grande favore- região, causando também migração para São Paulo e Rio
cendo a prática da pecuária extensiva. de Janeiro.
Na realidade, a pobreza regional é muito mais bem
Ao longo dos rios, conseqüência da maior umidade
explicada pelas causas históricas e sociais.
do solo, surgem pequenas e alongas florestas, denomi-
As arcaicas estruturas socioeconômicas regionais (es-
nadas Matas Galeiras ou Ciliares. Essas formações vege-
truturas fundiária, predomínio da agricultura tradicional
tais são de grande importância para a ecologia local, pois
de exportação, governos controlados pelas elites locais,
evitam a erosão das margens impedindo o assoreamento
baixos níveis salariais, analfabetismo, baixa produtivi-
dos rios; favorecem ainda a fauna e a vida do rio.
dade nas atividades econômicas, etc.) explicam muito
Nos últimos anos, como conseqüências da expansão
melhor o subdesenvolvimento nordestino que as causas
da agricultura na região, as Matas Galerias e o Cerrado
naturais.
sofrem intenso processo de destruição, afetando o meio
A seca é apenas mais agravante, que poderia ser solu-
ambiente regional.
cionada com o progresso socioeconômico regional.
O DOMÍNIO DAS CAATINGAS Hidrografia
Este domínio é marcado pelo clima tropical semi-ári- A mais importante bacia hidrográfica do Domínio da
do, vegetação de caatinga, relevo erodido, destacando- Caatinga é a do São Francisco. Apesar de percorrer áreas
-se o maciço nordestino e a hidrografia intermitente. de clima semi-árido, é um rio perene embora na época
A Zona da Mata ou litoral oriental é a sub-região mais das secas possua um nível baixíssimo de águas. É nave-
industrializadas, mais populosa, destacando-se o solo de gável em seu médio curso numa extensão de 1370 km,
massapé (calcário e gnaisse), com as tradicionais lavou- no trecho que vai de Juazeiro (BA) a Pirapora(MG). Atual-
ras comerciais de cana e cacau. O agreste apresenta pe- mente essa navegação é de pouca expressão na econo-
quena propriedades com policultura visando a abastecer mia regional, devido à concorrência das rodovias. Rio de
o litoral. O sertão é marcado pela pecuária em grandes planalto, apresenta, sobretudo em seu baixo curso, várias
propriedades. Já o Meio-Norte, apresenta grandes pro- quedas, favorecendo a produção de energia elétrica (usi-
priedades com extrativismo. nas de Paulo Afonso, Sobradinho etc.).
A maior parte de seus afluentes são intermitentes ou
Clima temporários, reflexo das condições locais.
Além do São Francisco, existem vários outros que
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O Domínio da Caatinga apresenta como característi- drenam a Caatinga: os rios intermitentes da bacia do
ca mais marcante a presença do clima semi-árido. É um Nordeste como o Jaguaribe, Acaraú, Apodi, Piranhas, Ca-
tipo de clima tropical, portanto, quente, mais próximo do pibaribe, etc.
árido (seco); as médias de chuvas anuais são inferiores a Convém lembrar que o rio São Francisco possui três
1000 mm (Cabaceiras, PB – 278 mm, mais baixa do Brasil), apelidos importantes:
concentradas num curto período (três meses do ano) –
chuvas de outono-inverno. A longa estação seca é bas- • Rio dos Currais: devido ao desenvolvimento da pe-
tante quente, com estiagens acentuadas. cuária extensiva no sertão.

48
• Rio da Unidade Nacional: devido ao seu trecho na- Petrolina (PE) e Juazeiro (BA). O clima seco e a irrigação
vegável ligando o Sudeste ao Nordeste, sendo as controlada favorecem o controle de pragas, e o cultivo
regiões mais importantes na fase colonial. de frutas para exportação marca a paisagem, com in-
• Rio Nilo Brasileiro: devido à semelhança com o rio fluência de capital estrangeiro.
africano, pois nasce numa área úmida (MG – serra Porém, existem projetos eleitoreiros, que não saem
da Canastra) e atravessa uma área seca, sendo pe- do papel, como o da transposição das águas do São
rene. Além de apresentar o sentido sul-norte e ser Francisco: antiga ideia de construir um canal artificial,
axorréico. envolvendo Cabrobó (PE) e Jati (CE), ligando os rios São
Francisco ao Jaguaribe, com 115 km. Deste canal, nasce-
Relevo riam outros, levando águas para o Rio Grande do Norte,
Paraíba e Pernambuco. Mas o projeto é polêmico, po-
No domínio das Caatingas predominam depressões
dendo colocar em risco o rio São Francisco.
interplanálticas, exemplificadas pela Sertaneja e a do São
Francisco.
O DOMÍNIO DOS MARES DE MORROS
A leste atinge o planalto de Borborema (PE) e a Cha-
pada Diamantina (sul da Bahia). A oeste estende-se até
o Espigão Mestre e a Chapada das Mangabeiras. Nos Localização
limites setentrionais desse domínio, localizam inúmeras
serras ou chapadas residuais, como Araripe, Grande, Ibia- Esse domínio geoecológico localiza-se na porção
pada, Apodi, etc. oriental do País, desde o Nordeste até o Sul. Na região
O interior do planalto Nordestino é uma área em pro- Sudeste, penetra para o interior, abrangendo o centro-
cesso de pediplanação, isto é, a importância das chuvas é -sul de Minas Gerais e São Paulo.
pequena (clima semi-árido) nos processos erosivos, pre-
dominando o intemperismo físico (variação de tempera- Relevo
tura) e ação dos ventos (erosão eólica), que vão aplainan-
do progressivamente o relevo (fragmentação de rochas O aspecto característico do Domínio dos Mares de
e de blocos). Morros encontra-se no relevo e nos processos erosivos.
É comum no quadro geomorfológico nordestino a O planalto Atlântico (Classificação Aroldo Azevedo)
presença de inselbergs, que são morros residuais, com- é a unidade do relevo que mais se destaca; apresenta
posto normalmente por rochas cristalinas. terrenos cristalinos antigos, datados do pré-cambriano,
Os solos do Domínio da Caatinga são, geralmente, correspondendo ao Escudo Atlântico. Nesse planalto es-
pouco profundas devido às escassas chuvas e ao predo- tão situadas as terras altas do Sudeste, constituindo um
mínio do intemperismo físico. Apesar disso, apresentam conjunto de saliência ou elevações, abrangendo áreas
boa quantidade de minerais básicos, fator favorável à que vão do Espírito Santo a Santa Catarina.
prática da agricultura. A limitação da atividade agrícola é Entre as várias serras regionais como a do Mar, Man-
representada pelo regime incerto e irregular das chuvas,
tiqueira, Espinhaço, Geral, Caparão (Pico da Bandeira = 2
problema que poderia ser solucionado com a prática de
890 m), etc.
técnicas adequadas de irrigação.
A erosão, provocada pelo clima tropical úmido, asso-
A paisagem arbustiva típica do Sertão Nordestino,
que dá o nome a esse domínio geoecológico, é a Caatin- ciada a um intemperismo químico significativo sobre os
ga (caa = mata; tinga = branco). Possui grande hetero- terrenos cristalinos (granito/gnaisse), é um dos fatores
geneidade quanto ao seu aspecto e composição vegetal. responsáveis pela conformação do relevo, com a presen-
Em algumas áreas, forma-se uma mata rala ou aber- ça de morros com vertentes arredondadas (morros em
ta, com muitos arbustos e pequenas árvores, tais como Meia Laranja, Pães-de-Açúcar).
juazeiro, a aroeira, baraúna, etc. Em outras áreas o solo Entre a serra do Mar e a da Mantiqueira, localiza-se a
apresenta-se quase que descoberto, proliferando os ve- depressão do rio Paraíba do Sul (vale do Paraíba) forma-
getais xerófilos, como as cactáceas (mandacaru, fachei- da a partir de uma fossa tectônica.
ro, xique-xique, coroa de frade, etc.) e as bromeliáceas
(macambira). Solos
É uma vegetação caducifólia, isto é, na época das se-
cas as plantas perdem suas folhas, evitando-se assim a Na Zona da Mata Nordestina encontra-se um solo
evapotranspiração. de grande fertilidade, denominando massapé; originou-
Os brejos são as mais importantes áreas agrícolas do -se da decomposição do granito, gnaisse e, ás vezes, do
sertão. São áreas de maior umidade, localizadas em en- calcário.
costas das serras ou vales fluviais, isto é, regatos e ria- No Sudeste, ocorre a presença de um solo argiloso,
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chos. As cabeceiras são formadas pelos “olhos d’água” de razoável fertilidade, formado, principalmente, pela
(minas). decomposição do granito em climas úmidos, denomina-
do salmourão.
Projetos É o domínio geoecológico brasileiro mais sujeito aos
processos erosivos, conseqüência do relevo acidentado
A região Nordeste é marcada por projetos, destacan-
e da ação de clima tropical úmido. O intemperismo quí-
do os relacionados à irrigação. O mais famoso envolve
mico atinge profundamente as rochas dessa área, for-
as cidades vizinhas e separadas pelo rio São Francisco,
mando solos profundos, intensamente trabalhados pela

49
ação das chuvas e enxurradas. É comum a ocorrência de Relevo
deslizamentos, causados pela destruição da vegetação
natural, práticas agrícolas inadequadas, etc. O Domínio das Araucárias ocupa áreas pertencentes
ao Planalto Meridional do Brasil; as altitudes variam entre
Hidrografia 800 e 1.300 metros; apresentam terrenos sedimentares
(Paleozóico), recobertos, em partes, por lavas vulcânicas
As terras altas do Sudeste dividem as águas de várias (basalto) datadas do Mesozóico.
bacias Paranaica (Grande Tietê, etc.), bacias Secundárias Além do planalto arenito basáltico, surgem a De-
do Leste (Paraíba do Sul, Doce) e Sul. pressão Periférica e suas cuestas. São relevos salientes,
A maior parte dos rios são planálticos, encachoeira- formados pela erosão diferencial, ou seja, ação erosiva
dos, com grande número de quedas ou saltos, corre- sobre rochas de diferentes resistências; apresentam uma
deiras e com elevado poder de erosão. O potencial hi- vertente inclinada, denominada frente ou front e um re-
dráulico é também de vários rios de maior extensão que verso suave. Essas frentes de cuestas são chamadas ser-
correm diretamente para o mar (bacias Secundárias ). A ras: Geral, Botucatu, Esperança, etc.
serra do Mar representa uma linha de falhas que possi-
bilita, também, a produção energética (exemplo: usinas Solos
Henry Borden I e II que aproveitam as águas do sistema
Tietê – Pinheiros- Billings). Aparecem, nesse domínio, solos de grande fertilida-
Esses rios apresentam cheias de verão e vazante de de natural, como a terra roxa a oeste do Paraná, solo de
inverno (regime pluvial tropical). origem vulcânica, de cor vermelha, formado pela decom-
posição do basalto.
Clima Em vários trechos do Rio Grande do Sul, ocorrem vas-
tas áreas do solos fértil, denominando brunizem (elevado
O Domínio dos Mares de Morros apresenta o predo- teor de matéria orgânica).
mínio do clima tropical úmido. Na Zona da Mata Nordes- São encontrados ainda, nesse domínio, solos ácidos,
tina, as chuvas concentram-se no outono e inverno. pobre em mineiras e de baixa fertilidade natural.
Na região Sudeste, devido a maiores altitudes, o cli-
ma é o tropical de altitude, com médias térmicas anuais Clima
entre 14 ºC e 22 ºC. As chuvas ocorrem no verão, que é
muito quente. No inverno, as médias térmicas são mais O domínio das araucárias apresenta como clima pre-
baixas, por influência da altitude e da massa de ar Pa (Po- dominante o subtropical. Ao contrário dos demais climas
lar Atlância). brasileiros, pode ser classificado como mesotérmico, isto
No litoral, sobretudo no norte de São Paulo, a plu- é, temperaturas médias, não muito elevadas.
viosidade é elevadíssima, conseqüência da presença da As chuvas ocorrem durante o ano todo; durante o ve-
serra do Mar, que barra a umidade vinda do Atlântico rão são provocadas pela massa deserta (Tropical Atlânti-
(chuvas orográficas ou de relevo). Em Itapanhaú, litoral ca). No inverno, é freqüente a penetração da massa Polar
de São Paulo, foi registrado o maior anual de chuvas Atlântica (Pa) ocasionando chuvas frontais, precipitações
(4.514 mm). causadas pelo encontro da massa de ar quente (Ta) com
a fria (Pa). Os índices pluviométricos são elevados, varian-
Vegetação do de 1.250 a 2.000 mm anuais.
Forte influência da massa de ar Polar Atlântica princi-
A principal paisagem vegetal desse domínio era, ori- palmente no outono e no inverno, quando é responsável
ginalmente, representada pela mata Atlântica ou floresta pela formação de geadas, quedas de neve em São Joa-
latifoliada tropical. Essa formação florestal ocupava as quim (SC). Gramado (RS) e São José dos Ausentes (RS),
terras desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande chuvas frontais e redução acentuada de temperatura.
do Sul, cobrindo as escarpas voltadas para o mar e os
planaltos interiores do Sudeste. Apresentava, em muitos Vegetação
trechos, uma vegetação imponente, com árvores de 25 a
30 metros de altura, como perobas, pau-d’alho, figueiras, O Domínio das Araucárias apresenta o predomínio da
cedros, jacarandá, jatobá, jequitibá, etc. floresta aciculifoliada subtropical ou floresta das Araucá-
Com o processo de ocupação dessas terras brasilei- rias. Originalmente, localizava-se das terras altas de São
ras, essa floresta sofreu grandes devastações. No início, Paulo até o Rio Grande do Sul, sendo o único exemplo
foi a extração do pau-brasil; posteriormente, a agricultu- brasileiro de conífera. Também denominada mata dos Pi-
ra da cana-de-açúcar (Nordeste) e a do café (Sudeste). nhais, apresenta as seguintes características gerais:
GEOGRAFIA DO BRASIL

Atualmente, restam apenas alguns trechos esparsos


em encostas montanhosas. • Os pinheiros apresentam folhas em forma de agu-
lha (aciculifoliadas).
O DOMÍNIO DAS ARAUCÁRIAS • Ocupam principalmente os planaltos meridionais
do Brasil.
Localização • Não é uma floresta homogênea porque possui
Abrange áreas altas do Centro-Sul do País, sobretudo manchas de vegetais latifoliados.
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. • É uma formação de vegetação menos densa.

50
• Foi intensamente devastada. Clima
• Área de colonização européia no século XIX (italia-
nos e alemães) O clima é subtropical com temperatura média anual
baixa, devido a vários fatores, destacando-se a latitude e
Hidrografia a ocorrência de frentes frias (mPa).
Apresenta considerável amplitude térmica e, no ve-
O Domínio das Araucárias é drenado, principalmente,
rão, as áreas mais quentes são Vale do Uruguai e a Cam-
por rios pertencentes às bacias Paranaica e do Uruguai
panha Gaúcha, que registram máximas diárias acima de
(alto curso).
São rios de planaltos com belíssimas cachoeiras e que- 38º. As chuvas são regulares.
das, o que lhes confere em elevado potencial hidráulico.
Embora o Paraná apresente um regime tropical, com Vegetação
cheias de verão (dezembro a março), a maior parte dos
rios desse domínio possui regime subtropical (Uruguai, A paisagem vegetal típica é constituída pelos Cam-
por exemplo), com duas cheias e duas vazantes anuais, pos Limpos ou Pampas, onde predominam gramíneas,
apresentando pequena variação em sua vazão, conse- cuja altura varia de 10 a 50 cm aproximadamente. É a
qüência do regime de chuvas, distribuído durante o ano vegetação brasileira (natural) mais favorável à prática da
todo. pecuária, tradicional atividade dessa região.
Características Gerais Nos vales fluviais, surgem capões de matas (matas de
galerias ou ciliares) que quebram a monotonia da paisa-
• Bacias do rio Paraná (parte) e do rio Uruguai (alto
curso). gem rasteira, formando verdadeiras ilhas de vegetação
• Os afluentes da margem esquerda do rio Paraná em meio aos campos.
se formam nos planaltos e nas serras da porção
oriental das regiões Sudeste e Sul; portanto, cor- Solos
rem de leste para o oeste.
• A bacia hidrográfica do Paraná possui o maior po- Apresentam boa fertilidade natural.
tencial hidrelétrico instalado no País. Formação de areais e campos de dunas no sudoeste
• Hidrovia do Tietê-Paraná. do Rio Grande do Sul (Alegrete, Quarai, Cacequi).
• O rio Uruguai e rio Iguaçu apresentam um regime A utilização do conceito de desertificação é consi-
subtropical. derado inadequado para a região, porque ela não apre-
senta um clima árido ou semi-árido, como também não
O DOMÍNIO DAS PRADARIAS existem evidências de que o processo estaria alterando
o clima regional, sendo assim o termo mais indicado, se-
O Domínio das Pradarias, também, conhecido como
Campanha Gaúcha ou Pampas, abrange vastas áreas gundo a pesquisadora Dirce Suertegaray, é arenização.
(Centro-Sul) do Rio Grande do Sul, constituindo-se em O geógrafo José Bueno Conti utiliza o termo desertifi-
um prolongamento dos campos ou pradarias do Uruguai cação ecológica, que corresponde ao processo interativo
e Argentina pelo território brasileiro. entre o homem (uso predatório dos recursos naturais por
O centro-sul do Rio Grande do Sul é marcado por bai- meio da agricultura e da pecuária) e o meio ambiente
xa densidade demográfica, clima subtropical e por uma (clima úmido – arenito Botucatu).
economia que apresenta cultivos mecanizados (soja) ou
grandes estâncias com pecuárias extensiva. O povoa- Hidrografia
mento é de origem ibérica.
Envolve partes das bacias hidrográficas do Uruguai e
Relevo do Sudeste e Sul. Os rios desse domínio são perenes mas
de baixa densidade hidrográfica, com traçados meândri-
Este domínio engloba três unidades do relevo bra-
cos (curvas), favoráveis à navegação.
sileiro: planaltos e chapadas da bacia do paraná (oes-
te), depressão periférica sul-rio-grandense (centro) e o Alguns correm para o Leste (bacia Secundária do Sul),
planalto sul-rio-grandense (centro) e o planalto sul-rio- desaguando nas lagoas litorâneas como Patos (maior
-grandense (leste). Trata-se de um baixo planalto crista- do Brasil), Mangueira e Mirim. Os rios Jacuí (Guaíba) e
lino com altitudes médias entre 200 e 400 metros, onde Camaquã são exemplos. Outros correm em direção ao
se destacam conjuntos de colinas onduladas denomina- Oeste (bacia do Uruguai), como os rios Quarai, Ijuí, etc.
GEOGRAFIA DO BRASIL

das coxilhas, ou seja, pequenas elevações onduladas. As


saliências mais significativas (cristas), de maior altitudes, PLACA SUL-AMERICANA
são chamadas regionalmente de cerros.
No litoral do Rio Grande do Sul são comuns as la- É uma placa continental que possui 32 milhões de quilô-
goas costeiras (Patos, Mirim e Mangueira), isoladas pelas metros quadrados. O território brasileiro está localizado
restingas, as faixas de areia depositada paralelamente no centro dela, onde a espessura é de 200 quilômetros,
ao litoral, graças ao dinamismo oceânico, formando um
por esse motivo o país é pouco afetado por terremotos
aterro natural.
e vulcões.

51
RECURSOS MINERAIS E ENERGÉTICOS empresa privada de capital nacional que adquiriu a parte
das empresas americanas que também já exploraram o
Embora o Brasil seja considerado um país rico em re- minério. Seu transporte é feito pela Estrada de Ferro do
cursos minerais, ainda não se conhece realmente a po- Amapá, até o porto de Santana, de onde é exportado
tencialidade de todos esses recursos. principalmente para os EUA. Produz 80% do manganês
Em relação aos recursos energéticos, nota-se no Bra- brasileiro, sendo que a exportação é uma opção devido
sil que o consumo de energia tem aumentado na razão às grandes distâncias do mercado consumidor interno.
direta de seu aumento populacional e de desenvolvi-
mento industrial. Sabemos, entretanto, que o país não é Morro do Urucum – MS: da mesma maneira que o
autossuficiente em energia, necessitando importar prin- minério de ferro da região é pouco explorado devida às
cipalmente combustíveis fósseis (carvão, mineral e petró- grandes distâncias dos centros consumidores do sudeste,
leo), além da tecnologia para beneficiamento do urânio é também exportado para o Paraguai e Argentina através
utilizado na usina nuclear de Angra dos Reis, no Rio de do porto de Corumbá no rio Paraguai. Outras reservas
Janeiro. ocorre no Projeto Carajás, Bahia, Goiás e Espírito Santo.

Minério de ferro Alumínio

Hematita, magnetita, limonita, sideríta e pirita. São Bauxita. A produção tem aumentado muito na última
minérios mais abundantes em todo o território nacional década,. tendo o país passado de importador a exporta-
aparecendo em terrenos cristalinos do Pré-Cambriano, dor no início dos anos 80.
especialmente do Proterozóico ou Algonquiano. As principais ocorrências são nas seguintes áreas:
Quadrilátero de Minas Gerais: corresponde a uma Minas Gerais, Ouro Preto, Mariana, Poços de Calda e no
área de 7.000 Km2 formada pelas cidades de Belo Ho- Pará – Oriximiná (Vale do rio Trombetas). A produção mi-
rizonte, Santa Bárbara, Mariana e Congonhas, que for- neira atende as indústrias da região sudeste como AL-
mam os vértices de um quadrilátero. Sua produção, CAN, ALCOA, CBA, enquanto que a produção do Projeto
além de abastecer o mercado interno, 70% destina-se a Trombetas abastece a ALCOBRÁS e ALUNORTE no estado
exportação. do Pará e ALUMAR em São Luís do Maranhão. Os maio-
res produtores mundiais são: Austrália, Jamaica, Hungria
Morro do Urucum – MS: Situa-se em pleno Pantanal e Grécia.
mato-grossense, com reservas calculadas em mais de 1
milhão de toneladas e teor metálico de mais de 60%. As Carvão Mineral
grandes distâncias do mercado consumidor dificultam a
sua maior exploração. Através do Rio Paraguai, portos de A principal área de exploração é o Vale do rio Tuba-
Corumbá e Ledário, o minério é exportado para a Argen- rão, em Santa Catarina abrangendo os municípios de Cri-
tina e daí para o Japão. ciúma, Lauro Muller, Siderópolis, Urussanga, Araraguá e
Tubarão. Explorado pela CSN, transportado pela Estrada
Serra dos Carajás – PA: situa-se a sudeste de Marabá, de Ferro Tereza Cristina até o porto de Imbituba, de onde
a 500 km de Belém, entre os rios Tocantins e Xingu. Conta o produto é levado por cabotagem até a região sudeste,
com uma reserva de 18 bilhões de toneladas, quantidade para abastecer principalmente a CSN, em Volta Redonda
suficiente para manter o atual nível de produção brasi- – RJ, a COSIPA em Cubatão e as siderúrgicas mineiras,
leira de minério por 200 anos, entretanto, lá se encon- onde o carvão chega através da estrada de ferro Central
tram ainda milhões de toneladas de níquel, manganês, do Brasil e proveniente do porto de Sepetiba – RJ.
bauxita, cobre e outros em uma área de apenas 60 km A exploração do carvão no Rio Grande do Sul é feita
de raio. Nessa região o governo federal construiu uma no Vale do rio Jacuí, com destaque para os municípios de
ferrovia de 890 km, desde da região do Projeto Carajás São Jerônimo, Leão, Bajé, Butiá, Candiota e Hulha Negra.
até o porto de Itaqui, na ponta da Madeira no Maranhão. Utilizado no transporte ferroviário e para a produção
A exploração está a cargo da CVRD. de energia termelétrica.
A extração do carvão no Paraná é feita no Vale dos
Minério de Manganês rios Cinzas e Peixe.
A maior parte do carvão brasileiro é explorado a céu
Pirolusita. É utilizado na fabricação de aços especiais, aberto, o que consiste em uma grande vantagem, pela
indústria química, vidro e baterias elétricas. É encontrado economia e segurança, por outro lado, muitos problemas
também em terrenos antigos do proterozóico. Quadri- surgem, tais como: grande quantidade de impurezas,
látero Ferrífero: ocorre na mesma área até o minério de pequena espessura das camadas de carvão, baixo nível
GEOGRAFIA DO BRASIL

ferro, podendo se destacar as localidades de: Conselhei- tecnológico na exploração e alto custo dos transportes
ro Lafaiete, onde está o morro da mina de São João Del entre as áreas produtoras e as de consumo.
Rey, Itabira, Ouro Preto, etc. Sua produção siderúrgica
da região. Petróleo

Serra do Navio – AP: Localiza-se junto às margens Começou a ser explorado no Brasil no final da década
do Rio Amapari, afluente do Araguari. Sua exploração é de 30, quando o petróleo jorrou pela primeira vez, em 27
realizada pela ICOMI (Indústria e Comércio de Minérios), de janeiro de 1939, no município de Lobato – BA.

52
Em 1953, foi criada a PETROBRÁS, pela lei nº 2.004 de
A QUESTÃO AMBIENTAL NO BRASIL. OS
Getúlio Vargas, que instituiu o monopólio do produto,
RECURSOS MINERAIS. AS FONTES DE
com exceção da distribuição de derivados, que também
ENERGIA E OS RECURSOS HÍDRICOS. A
é feita pela Esso, Texaco, Atlantic e Shell.
BIOSFERA E OS CLIMAS DO BRASIL.
A partir de 1973, os preços dos produtos aumentaram
no mercado internacional em virtude do boicote árabe.
Somente nos anos 80 os preços recuaram por causa da Prezado candidato, não deixe de conferir os tópi-
retração do mercado mundial, surgimento de novos pro- co s anteriores, para completar seus estudos sobre Os
dutores e utilização de novas fontes energéticas, como o recursos minerais. As fontes de energia e os recursos
álcool, no Brasil e o metanol nos EUA. hídricos. A biosfera e os climas do Brasil. l
A Bacia de Campos, na plataforma continental do Rio
de Janeiro, apresenta a maior produção com 61% do to- No espaço terrestre, o homem cria um espaço para
tal produzido no país. viver e garantir a sua existência. Constrói campos de cul-
O Recôncavo Baiano, que já foi a principal área pro- tivo (agricultura), cidades, estradas, indústrias, campos
dutora está perdendo o segundo lugar para o litoral do para a pastagem do gado, represa rios, extrai recursos
Rio Grande do Norte, seguindo por Sergipe, Ceará, Espí- minerais e vegetais da natureza. Ao fazer isso, ele modi-
rito Santo, Alagoas e Maranhão. fica a natureza. Transforma a natureza, o espaço natural,
No início de 1998, a produção era de pouco mais de segundo suas necessidades. Produz um novo espaço.
930 mil BPD (barris por dia), enquanto que o consumo
Esse espaço produzido pelo homem recebe o nome de
ultrapassava 1,6 bilhões de BPD.
espaço geográfico. Assim, o homem, através de seu tra-
O Brasil importa petróleo de todos os países da Opep
balho e ao longo da história, é um construtor ou pro-
(Organização dos países exportadores de petróleo) e
dutor de espaços geográficos. Portanto, não podemos
também de países não-membros dessa organização,
esquecer que o espaço geográfico inclui a natureza e
como: Angola, Egito, China, Rússia, México, Inglaterra,
os homens (sociedade). Para analisar a evolução da or-
Noruega e Argentina.
ganização do espaço geográfico, temos que pressupor,
Refino inicialmente, a existência do meio natural que, mediante
a ação humana e através da técnica, transforma-o em es-
O refino do petróleo, bem como pesquisa e prospec- paço geográfico.
ção, transporte e importação do petróleo bruto e dos de- O avanço da ciência permite que o meio técnico e
rivados, era monopólio da Petrobrás desde sua criação, científico seja incorporado ao espaço geográfico, pos-
em 1953. Com a criação da Agência Nacional do Petróleo sibilitando outras formas de organização. Atualmente,
(ANP) em 1998, esse monopólio foi quebrado pois em- além da técnica e do meio técnico científico, ainda com-
presas estrangeiras poderão participar dessa atividade a põe o espaço geográfico o meio técnico-científico in-
partir de 1999. formacional. Desse modo, novas formas de organização
As refinarias da Petrobrás se localizam junto ao mer- espacial são incorporadas. Porém, um meio não suprime
cado consumidor e distante das áreas de produção. Tal o outro. Por isso o espaço geográfico é uma acumula-
fato se justifica porque é mais fácil, mais barato e menos ção desigual de tempos. A ação humana geradora da
perigoso transportar o petróleo bruto do que os seus organização espacial (em termos de forma, movimento
derivados. e conteúdo de natureza social) é caracterizada pelo tra-
balho dos atores sociais que deixam suas marcas sobre o
Transporte do Petróleo espaço com o objetivo de se apropriarem e controlarem
os recursos existentes. O espaço se torna humanizado
É feito pela Fronape – Frota Nacional de Petroleiros, não pelos simples fato de ser habitado, mas, sim, por-
além de navios contratados no exterior, tais navios pe- que o homem cria os objetos e se apropria deles. A ação
troleiros só atracam em portos especializados, denomi- humana, que estrutura e produz um espaço, ocorre por
nados de terminais marítimos que são: no Sergipe, Ata- razões de sobrevivência, de manutenção da vida, através
laia Velha; na Bahia, Almirante Álvares Câmara, no Rio de da relação de trabalho e do modo de produção capitalis-
Janeiro, Almirante Tamandaré, em São Paulo, Almirante ta que utiliza a superestrutura existente (política, ideoló-
Barroso (São Sebastião); em Santa Catarina, São Francis- gica, jurídica e religiosa).
co do Sul e no Rio Grande do Sul, Almirante Soares Dutra. Na Geografia, o espaço deve ser concebido como
totalidade, constituída de momentos, mas há totalida-
REFERÊNCIAS des mais abrangentes. As totalidades e os momentos
expressam a dinâmica natural e social, bem como suas
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https://www.sosestudante.com/biblioteca/geografia/ determinações específicas em termos de tempo e de lu-


recursos-minerais-e-energeticos-do-brasil/page-2. gar. Cada momento guarda peculiaridades próprias do
html tempo histórico e do lugar manifestadas na paisagem de
https://brasilescola.uol.com.br/geografia/principais- forma diferenciada, razão por que não existe um espaço
-placas-tectonicas.htm único na superfície da terra. No entanto, muitos espaços
existentes na superfície terrestre apresentam traços co-
muns, a submissão ao modo de produção, pois, em mui-
tos deles, ocorreu ou ocorre à exploração econômica e

53
existe um componente básico, a terra, por exemplo, onde regulam o desenvolvimento da segunda natureza, não
as relações sociais de produção caracterizam-se pela di- são, ao todo, as que os físicos encontram na primeira na-
visão social de trabalho. tureza. As leis não são leis invariáveis e universais, con-
As mudanças provocadas no espaço geográfico afe- forme, uma vez que as sociedades estão em curso, cons-
tam as formas de sua organização de maneira diversa, tantemente se transformando e se desenvolvendo. Daí se
quando está organizando ou reorganizando o espaço. conclui que a forma de apropriação e transformação da
Essa organização ou reorganização ocorre vinculada não natureza é determinada pelas leis transitórias da socieda-
só à produção propriamente dita, mas também à circula- de. O homem se faz presente nesse sistema geral de rela-
ção, distribuição e consumo, já que são questões que se ções, exercendo grande pressão sobre o meio geográfico
complementam. No entanto, esse espaço se organiza de e influenciando o movimento circular das substâncias da
acordo com os níveis de exigência do processo, vincula- terra. Isso significa dizer, que qualquer alteração em uma
do ao volume de capital, de tecnologia e de organização das partes do geossistema, automaticamente alterara o
correspondente. Para exemplificar esse raciocínio, pode- equilíbrio dinâmico do geossistema.
-se enfatizar que em Mato Grosso, há um processo que
organiza e reorganiza o cerrado através da técnica, da MEIO AMBIENTE E MODERNIDADE
ciência e da informação para a busca da mais-valia. No
espaço geográfico, está incluído o meio natural que é o A sociedade moderna é também conhecida como
substrato onde as atividades humanas respondem pela sociedade industrial. Percebe-se que as relações sociais
organização do espaço, conforme os padrões econômi- estão inseridas num processo histórico, alicerçado em
cos e culturais. um conjunto de valores técnico-científico, econômico,
A natureza resultante da pura combinação dos fato- financeiro, cultural e político. No mundo moderno, o eixo
res físicos, químicos e biológicos ao sofrer apropriação central é o modelo de produção e consumo capitalista
e transformação por parte do homem, através do tra- (MPCC), que vigora a mais de duzentos anos, de forma
balho, converte-se em natureza socializada ou segunda dinâmica. O estilo de vida e os costumes adotados esta-
natureza, caracterizando as relações que incorporam as beleceram a especialização da produção, propiciaram no-
forças produtivas nos diferentes modos de produção. O vas modalidades de intercâmbio comercial e de relações
modo como os homens se relacionam com a natureza entre as pessoas, instituições, empresas e nações; enfim,
depende do modo como os homens se relacionam entre desenhou caminhos e etapas, marcadas pela transforma-
si. Os fenômenos resultantes da relação homem-nature- ção da natureza e a geração de problemas ambientais
za encontram-se determinados pelas relações entre os consequentes, em um ritmo constante e crescente.
próprios homens, em um determinado sistema social. A evolução do modelo antes citado e o seu exercício
A transformação da natureza pelo emprego da técnica, de modo hegemônico, forneceram condições para que,
com finalidade de produção, é um fenômeno social, re- apenas um reduzido número de pessoas que pudessem
presentado pelo trabalho. usufruir as vantagens propiciadas pelo avanço técnico-
As relações de produção (relações homem-homem), -produtivo, privilégio nascido junto com o capitalismo
ao mesmo tempo em que implicam as relações entre industrial, reproduzido e ampliado até atualidade. Vale
o homem e a natureza (forças produtivas), respondem destacar que, a maneira pela qual MPCC está estruturado
pelo comportamento da superestrutura (concepções impõe relações sócio-econômicas e políticas desiguais,
político-jurídicas, filosóficas, religiosas, éticas artísticas e bem como desencadeia impacto ambiental de diferentes
suas instituições correspondentes, representantes pelo proporções e em diversas situações e escalas geográfi-
próprio Estado). A forma de apropriação e transforma- cas. No assunto da desigualdade, por exemplo, o MPCC
ção da natureza responde pela existência dos problemas oferece amplas condições de multiplicar a riqueza e o
ambientais, cuja origem encontrase determinada pelas poder às elites dominantes e impõe situação de pobreza,
próprias relações sociais. A relação homem-meio con- dependência financeira, tecnológica e poluição as mas-
tém em si duplo aspecto, ou seja, é relação ecológica e é sas pobres. O termo elite aqui, se refere aos grupos e
relação histórico-social, no qual, a questão ambiental en- indivíduos que se encontram no ápice das diversas ins-
contra-se fundamentada na relação social da proprieda- tituições e atividades humanas sociais, políticas, econô-
de, determinada pelas relações homem-homem. Quanto micas e culturais. Na questão ambiental, a voracidade na
mais a sociedade se desenvolve, mais ela transforma o produção de mercadorias e o ritmo veloz que se impri-
meio geográfico pelo trabalho produtivo social. me ao consumo, contrastam com o desinteresse e a len-
Para Marx e ENGELS, a relação homem-natureza é tidão com os quais, age para solucionar os problemas
um processo de produção de mercadorias ou de produ- ambientais que acarretam em diversas partes do planeta.
ção da natureza. Portanto, o homem não é apenas um O equilíbrio estabelecido entre a sociedade e a natureza
habitante da natureza, ele se apropria e transforma as deixou de existir quando o homem passou a fabricar, por
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riquezas da natureza em meios de civilização histórica meios técnicos, um número cada vez maior e mais diver-
para a sociedade. MARX já dizia que a riqueza não é ou- sificado de produtos.
tra coisa senão o pleno desenvolvimento do controle do A mais-valia tornou-se um objetivo cada vez mais a
homem sobre as forças da natureza, isto é, qualquer ani- ser perseguido. O aparecimento do modelo de produção
mal pode ser um habitante e não um construtor do seu industrial significou o divórcio definitivo das relações do
espaço e de domínio sobre a natureza. O Geossistema homem com a natureza. A magnitude da separação foi
também faz parte do espaço geográfico que é compos- tão grande que as gerações das últimas décadas do sécu-
to pelas leis sistêmicas abióticas e bióticas. As leis que lo XX e dos primeiros anos do século XXI, encontram-se

54
em meio a problemas ambientais, originadas em suas intensidade da chuva) tornando mais agressiva a erosão
amplas e complexas atividades laborais. Estes argumen- pluvial, ativando os processos de erosão acelerada e os
tos podem ser validados, não só pela observação das im- voçorocamentos, sobretudo onde o manto superficial é
plicações da destruição da camada de ozônio, o efeito frágil, como por exemplo, os arenitos.
estufa, a chuva ácida, a contaminação da água, a polui-
ção sonora e visual e suas perversas consequências, entre Meio ambiente e consciência ecológica
outras, mas em particular, pelos problemas ambientais. O
cotidiano da humanidade foi transformado e organizado A preocupação mais explícita e contundente com as
com base em objetivos da indústria e de suas tecnolo- questões ambientais começou a ser desencadeada no
gias, que mediante o bom emprego de estratégias de transcurso da década de 60. A Conferência das Nações
persuasão criam necessidades e induzem ao consumo. Unidas sobre Meio Ambiente Humano, realizada em
Com relação à questão do resíduo/lixo também está 1972, em Estocolmo, tornou-se marco histórico. A difu-
relacionada à cultura do consumo que atende as metas são dos debates e os movimentos ambientalistas pos-
e os interesses de crescimento constante da acumulação sibilitaram tomada-de-consciência sobre as implicações
capitalista. Com relação aos impactos ambientais, o resí- decorrentes do crescimento demográfico, do desenvol-
duo/lixo, é manuseado ou disposto incorretamente, tor- vimento da tecnologia e expansão das atividades eco-
na-se um agente poluidor, capaz de atingir regiões fisica- nômicas, da grandeza atribuída aos fluxos de material e
mente distintas da biosfera como a litosfera, a atmosfera, energia manipulados pelas atividades humanas, que se
lençóis freáticos, a hidrosfera e os seres vivos que a ha-
interagem com os fluxos dos sistemas ambientais físicos,
bitam. Estes fatos representam os desdobramentos e im-
e dos reflexos nos processos ambientais, na qualidade
plicações da modernidade ao meio ambiente. Por outro
dos componentes (água, ar, solos, etc.), nas característi-
lado, a modernização da agricultura implica ainda o au-
cas estruturais e dinâmicas do meio ambiente e na ava-
mento da produtividade do trabalho submisso ao capital
liação e uso dos recursos naturais. Mas recentemente, o
e à contribuição do setor ao processo de acumulação.
desafio e a demanda sócio-econômica emergentes bus-
Essa modernização permite ainda mudar rapidamen-
te a configuração do processo produtivo e os produtos cam as perspectivas e os procedimentos para se promo-
ajustarem-se às demandas de mercado e à divisão de tra- ver o desenvolvimento econômico ajustado ao adequa-
balho entre as empresas que controlam a produção agrí- do uso dos recursos naturais.
cola. O espaço humanizado é capaz de revelar o passado, Vale lembrar, que a preocupação com o crescimen-
o presente e o futuro. Com relação ao passado, é domi- to demográfico se resume numa concepção malthusiana
nante a presença de objetos de uma estrutura social sem que pouco tem haver com a degradação ambiental. Isto
grande dinamismo. O presente, na verdade, começa ser é, o aumento demográfico não necessariamente signi-
inserido, enquanto no futuro deverá repercutir, de forma fica mais destruição da natureza, e sim, o superconsu-
mais intensa. O meio técnico-científico-informacional, mo nos países ricos. Nos últimos vinte anos registraram
resultado lógico no caso do processo de modernização sensível crescimento na preocupação com os problemas
da atividade agrícola em Mato Grosso, por exemplo, que ambientais, baseados no reconhecimento da importân-
busca, de todas as formas, maior produtividade, o cultivo cia e complexidade das relações que interligam a ativida-
de produtos com maior valor agregado, a inserção mais de humana com as condições da superfície terrestre, nas
intensa da produção no comércio, como alternativa de suas diversas escalas de grandeza espacial. Todavia, as
maior acumulação de capital, além de ocorrer uma reno- relações entre desenvolvimento e meio ambiente apre-
vação técnica, social e econômica, pois se não ocorrer tal sentam nuanças diversas conforme as localidades e so-
evolução, os lugares envelhecem, e não terão condições freram transformações ao longo do processo histórico.
de acompanhar a evolução que está, obrigatoriamente, Os sistemas ambientais, diferenciados e espacial-
vinculada a novos futuros. mente distribuídos na superfície terrestre, foram organi-
Quando se trata da atuação da modernidade sobre zados por meio dos processos físicos e biológicos. A ex-
o meio ambiente, convém lembrar que esta impõe impli- pansão das atividades humanas provocou mudanças em
cações, como por exemplo, o desmatamento praticado tais sistemas, inserindo-se sobre eles as características
sem nenhum controle que destrói a flora, desencadeia dos sistemas sócio-econômicos, construídas em decor-
efeitos indesejáveis para a fauna, solo e o microclima e, rência de contextos avaliativos e de valorização das con-
enfraquecem as correntes convectivas ascendentes de- dições ambientais. A fim de compatibilizar o atendimen-
sestimulando a formação de chuva. O ciclo hidrológico to as necessidades e demanda das sociedades humanas
também é perturbado com intervenção no processo de com o aproveitamento adequado dos componentes da
evapotranspiração. No caso da Amazônia aproximada- natureza, na atualidade difundem-se as preocupações
mente 50% do vapor d‘água presente na baixa atmosfe- relacionadas com o desenvolvimento econômico e com
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ra é proveniente da própria floresta, por um mecanismo a conservação dos recursos naturais.


de reciclagem, permitindo concluir que a eliminação da A interação entre espaço e sociedade, fortalecida pe-
mata determina uma redução das chuvas pela metade. los laços comuns que unem os moradores da localidade,
As alterações do clima em virtude do desmatamento, es- representados pelos traços étnicos, linguísticos, religio-
tas podem manifestar-se localmente. Ainda, o referido sos, costumes e folclore constroem uma identidade lo-
autor aborda que a eliminação da vegetação de gran- cal, e esta, por sua vez, contribuirá para desencadear um
de porte, por sua vez, avoluma o escoamento superficial processo de resistência, tanto transformadora quanto
em proporções que variam de a 10 a 30% (conforme a
conservadora, a qual garante a especificidade espacial.

55
Acredita-se, ser essa a razão das diferentes respostas que per capta está aumentando ao longo do tempo com a
o modo de produção capitalista recebe ao tentar homo- permuta livre ou substituição entre o capital natural e
geneizar o espaço geográfico. construído pelo homem, ou que a utilidade o bem-estar
per capita está aumentando ao longo do tempo sem que
Meio ambiente e desenvolvimento sustentável e haja declínio na riqueza natural. O uso sustentável cos-
qualidade de vida tuma ser aplicável somente a recursos renováveis, signi-
ficando o uso desses recursos em quantidades compatí-
O conceito de desenvolvimento sustentável em 1987 veis com sua capacidade de renovação.
foi expresso como sendo a base de abordagem integra- O enunciado da segunda proposta para o desen-
tiva para a política econômica. No relatório da Comis- volvimento sustentável surge como adequada e precisa,
são Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, porque em sua focalização ela inclui: a) o conceito de não
que constituiu a obra Our Common Future (nosso futuro substituição entre bens ambientais (a camada de ozônio
comum), é definido como sendo aquele que atende às não pode ser recriada; b) a incerteza (ou compreensão
necessidades do presente sem comprometer a possi- limitada sobre as funções exercidas por muitos bens am-
bilidade de as gerações futuras atenderem a suas pró- bientais como bases para os seres vivos, na manutenção
prias necessidades. Dois conceitos chave são inerentes da vida, motivando que devam ser preservados para o
ao desenvolvimento sustentável. Em primeiro lugar, o futuro); c) a irreversibilidade (uma vez perdidas, as espé-
delineamento das necessidades, que devem ser estabe- cies não podem ser recriadas), d) equidade social (os po-
lecidas, priorizando, mormente as dos países pobres. E bres são usualmente mais afetados pelos ambientes ruins
em segundo, a existência das limitações que o estágio que os ricos). O desenvolvimento está intrinsecamente
da tecnologia e da organização social impõe ao meio envolvido em ajustagens entre metas conflitantes, tais
ambiente, condicionando dificuldades para que tais re- como: crescimento econômico e conservação ambiental,
cursos possam atender as necessidades presentes e fu- a introdução de tecnologias modernas e a preservação
turas. Entretanto, explicita-se claramente que o meio am- da cultura tradicional, ou a reconciliação do crescimento
biente e a economia obrigatoriamente se interagem. O com a melhoria na equidade social. Embora, considere
desenvolvimento supõe uma transformação progressiva que muitas das dimensões qualitativas dessas ajustagens
da economia e da sociedade para essa meta, e, nesse não podem ser adequadamente mensuradas (melhorias
processo, o meio ambiente pode ser considerado como sociais, nível de consciência), o processo inevitavelmente
sendo input valioso, frequentemente essencial, para o se torna sujeito a julgamentos baseados nos valores pre-
bem-estar humano. A premissa básica a salientar, é que dominantes e normas éticas e o tipo de sociedade onde
a sustentabilidade representa algo a ser feito sem que estão inseridos. O processo é dinâmico e se diferencia
haja a dilapidação do estoque de recurso natural. em virtude das localizações regionais e escalas tempo-
A noção de sustentabilidade salienta a proprieda- rais. Texto adaptado de SANTOS. R. D. S.
de de que, para fins práticos, as atividades podem ser
realizadas continuamente, em longo prazo. Confusões O modo como o homem vem utilizando os recursos
surgem quando se utilizam os termos desenvolvimen- naturais de forma inadequada tem levado a muitas con-
to sustentável, crescimento sustentáve e uso sustentá- sequencias, sobretudo para o meio ambiente que cada
vel como sendo sinônimos, mas entre eles há diferenças vez mais vem sendo degradado, onde o ser humano tem
conceituais. De modo mais genérico, o desenvolvimento visado apenas o lucro em detrimento da degradação am-
sustentável constitui a diretriz ou conjunto de estraté- biental. Diante dessa situação, se faz necessária uma edu-
gias visando melhorar a qualidade de vida humana den- cação ambiental que conscientize as pessoas em relação
tro dos limites de capacidade de suporte dos sistemas ao mundo em que vivem para que possam ter acesso a
ambientais físicos. O termo desenvolvimento implica em uma melhor qualidade de vida, mas sem desrespeitar o
escala de valor, incorporando os ideais e aspirações pes- meio ambiente, tentando estabelecer o equilíbrio entre o
soais e os conceitos que se estabelecem como sendo as homem e o meio.
metas a serem atingidas por uma sociedade justa. A educação ambiental deve ser um exercício para a
Embora, haja nuanças e diferenciações conforme as cidadania, e neste contexto, este estudo apresenta como
comunidades, pois o que se propõe como desenvolvi- objetivo diagnosticar as principais dificuldades e desafios
mento ou progresso para uma comunidade não neces- enfrentados pela Educação Ambiental no Ensino Funda-
sariamente é o mesmo para outra, há possibilidade para mental I nas escolas públicas, tendo em vista que neste
se esquematizar um quadro referencial de características nível os educandos são bastante curiosos e abertos ao
que possam definir as condições viáveis para o desen- conhecimento, e além de adquirirem o conhecimento
volvimento sustentável. Há, portanto, diferenças entre os com facilidade, ainda repassam para aqueles que estão
conceitos de crescimento econômico e desenvolvimento ao seu redor, pois é comum uma criança ao chegar em
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sustentável. O crescimento econômico significa que o casa repassar e comentar aquilo que aprendeu na esco-
produto nacional bruto per capita está aumentando ao la, o que acaba levando e contribuindo para conscien-
longo do tempo, mas não significa que o crescimento se tização dos adultos. Ainda será identificada a visão dos
encontra ameaçado pelo mecanismo de retroalimenta- docentes a cerca da Educação Ambiental, e observado
ção, em virtude dos impactos de ordem biofísica (polui- como esta vem sendo trabalhada pelos professores em
ção, problemas de recursos naturais) ou dos impactos de sala de aula, sobretudo nas escolas publicas, buscando
ordem social (pobreza, distúrbios sociais). O desenvolvi- compreender como as questões ambientais vem sendo
mento sustentável significa que a utilidade ou bem-estar tratada nas mesmas.

56
Para a concretização desse trabalho foi realizada uma Ambiental não deve ser implantada como uma discipli-
pesquisa bibliográfica baseada em algumas linhas de es- na no curriculo de ensino em conformidade com a lei
tudo científicos; Educação, Educação Ambiental e Psico- 9.795/99”
logia. E a partir de uma interpretação das suas principais A EA tem sido um componente importante para se
teorias, o trabalho foi conduzidos à sua parte prática, ou repensar as teorias e práticas que fundamentam as ações
seja, a ida ao campo de estudo, que teve por objetivo a educativas, quer nos contextos formais ou informais,
percepção de professores do Ensino Fundamental I da deve ser interdisciplinar, orientado para solução dos pro-
rede pública, nos ajudando a compreender os principais blemas voltados para realidade local, adequando-os ao
desafios e dificuldades encontradas neste nível em re- público alvo e a realidade dos mesmos, pois os proble-
lação à Educação Ambiental; através de observações in mas ambientais de acordo com Dias (2004) devem ser
loco e entrevistas com questionários semi-estruturados compreendidos primeiramente em seu contexto local,
realizadas com professores no período de maio a julho e em seguida ser entendida em seu contexto global. É
de 2011 em duas escolas públicas; Escola Municipal de importante que ocorra um processo participativo perma-
Ensino Fundamental José Rodrigues e Escola de Ensino nente, de maneira que não seja apenas e exclusivamente
Fundamental Júlia Verônica Rodrigues, ambas localizadas informativa, é imprescindível a prática, de modo a desen-
no Município de Areia – PB. volver e incutir uma consciência crítica sobre a problemá-
tica ambiental.
Educação ambiental e sua importância
A cadeia alimentar
A expressão “Educação Ambiental” (E. A.) surgiu ape-
nas nos anos 70, sobretudo quando surge a preocupação Para repor as energias gastas durante o dia, os seres
com a problemática ambiental. A partir de então surge vivos heterotróficos se alimentam. Pessoas comem ani-
vários acontecimentos que solidificaram tais questões, mais e plantas. Animais comem outros animais e plantas.
como a Conferência de Estocolmo em 1972, a Confe- As plantas produzem seu próprio “alimento” por meio da
rência Rio-92 em 1992, realizada no Rio de Janeiro, que fotossíntese e dos nutrientes presentes no solo e no ar.
estabeleceu uma importante medida, Agenda 21, que foi A esse conjunto de relações, no qual seres vivos se
um plano de ação para o século XXI visando a sustentabi- alimentam de outros, dá-se o nome de cadeia alimentar,
lidade da vida na terra (Dias, 2004), dentre outros. que representa a transferência de matéria e energia entre
A sobrevivência humana sempre esteve ligada ao uma série de organismos.
meio natural. Mas com o padrão desenvolvimentista de
acumulação e concentração de capital, verifica-se uma Observe a ilustração a seguir.
apropriação da natureza de forma inadequada, onde se
retira dela muito além do necessário ao sustento huma-
no em nome do capitalismo que só visa o lucro, provo-
cando desequilíbrio na relação do homem com o meio
natural, onde o processo de degradação tem aumentado
cada vez mais, comprometendo a qualidade de vida da
sociedade. Desta maneira se faz necessário medidas ur-
gentes em todo mundo quanto a uma conscientização
das pessoas que a levem a gerar novos conceitos sobre
a importância da preservação do meio ambiente no dia-
-dia, e a educação ambiental é uma ferramenta que con-
tribuirá significativamente neste processo de conscienti-
zação, pois a E. A. Segundo Dias (2004, p 523) é:
“Processo permanente no qual os indivíduos e a comu-
nidade tomam consciência do seu meio ambiente e adqui-
rem novos conhecimentos, valores, habilidades, experiên-
cias e determinação que os tornam aptos a agir e resolver
problemas ambientais, presentes e futuros.”

A educação ambiental tornou-se lei em 27 de Abril


de 1999, pela Lei Nº 9.795– Lei da Educacao Ambiental,
onde em seu Art. 2º afirma: «A educação ambiental é um
componente essencial e permanente da educação nacio-
GEOGRAFIA DO BRASIL

nal, devendo estar presente, de forma articulada, em to-


dos os níveis e modalidades do processo educativo, em
caráter formal e não-formal”. É importante lembrar que
o Brasil é o único país da América Latina que possui uma
política nacional específica para a Educação Ambiental.
A EA nesta perspectiva apresenta um carater interdis-
ciplinar, onde sua abordagem deve ser integrada e conti-
nua, e não ser uma nova disciplina, ou seja, “A Educação

57
A cadeia alimentar começa com a energia luminosa captada por algas, plantas e bactérias que fazem fotossíntese.
Como você viu, elas utilizam a energia captada para a produção de substâncias orgânicas, armazenando a energia
luminosa como energia química.
Por essa razão, esses seres são chamados de produtores primários, ou simplesmente produtores. São produtores
primários as plantas e determinadas bactérias (bactérias fotossintetizantes) que usam a energia do Sol e, por meio do
processo de fotossíntese, a transformam em energia química para sua própria alimentação.
Ao comerem seres fotossintetizantes, os consumidores primários aproveitam a energia contida nas moléculas das
substâncias orgânicas ingeridas, usando-a em seus processos vitais como fonte de energia e na formação de suas pró-
prias substâncias orgânicas.
São consumidores primários os seres vivos que se alimentam de plantas, algas e bactérias fotossintetizantes. Os
consumidores secundários, por sua vez, ao comerem consumidores primários, utilizam as suas substâncias como fonte
de energia, e assim por diante.

Portanto, a transferência de energia na cadeia alimentar é unidirecional: ela tem início com a captação da energia
luminosa pelos produtores e termina com a ação dos decompositores.
É fácil imaginar que existem vários seres vivos que utilizam os mesmos alimentos como fonte de energia, o que faz
que suas cadeias alimentares se misturem, constituindo uma teia alimentar.
Chama-se de teia alimentar um conjunto de cadeias alimentares que se intercalam com outras e têm, pelo menos,
um ser vivo em comum, como você pode ver na figura a seguir.

Teias alimentares

É a reunião das diversas cadeias alimentares existentes nos ecossistemas; a posição de alguns consumidores pode
variar de acordo com a cadeia alimentar da qual participam – é o caso dos organismos onívoros, que podem se alimen-
tar tanto de plantas quanto de animais.
GEOGRAFIA DO BRASIL

58
Teia alimentar com consumidores onívoros ocupando diferentes níveis tróficos.
Disponível em: https://tse3.mm.bing.net/th?id=OIP.iP1ZhJaP05PVi9M0cvwGeAHaHX&pid=15.1

Ciclos biogeoquímicos

São a transferência contínua de elementos químicos que ocorre entre os seres vivos e o meio ambiente. Observe
abaixo os principais.

Ciclo da água:

Fenômenos físicos e processos vitais do ciclo da água.


Disponível em: http://www.daev.org.br/educacao/ciclodaagua.asp

Ciclo do carbono:

GEOGRAFIA DO BRASIL

Fenômenos atmosféricos e processos vitais do ciclo do carbono.


Disponível em: https://image.slidesharecdn.com/ciclos-bio-geo-qui-1232218901783376-2/95/ciclos-bio-geo-
-qui-4-728.jpg?cb=1232197598

59
Ciclo do oxigênio:

Fenômenos físicos e processos vitais do ciclo do oxigênio.


Disponível em: https://image.slidesharecdn.com/ciclodoox-160829012650/95/ciclo-do-ox-4-638.jpg?cb=1472434054

Ciclo do nitrogênio:

Fenômenos atmosféricos e processos vitais do ciclo do nitrogênio.

Disponível em: https://escolakids.uol.com.br/upload/conteudo_legenda/c622d68255c0a55c84e768aea6b794b8.jpg

Ciclo do fósforo:
GEOGRAFIA DO BRASIL

60
Sucessão ecológica de maior porte como samambaias, bromélias, gramíneas
e arbustos. Também começam a aparecer pequenos ani-
Desenvolvimento de uma comunidade, compreen- mais como insetos e moluscos (consumidores primá-
dendo a sua origem, crescimento, até o alcance de um rios). Estes, por sua vez, permitem o aparecimento de
estado de equilíbrio dinâmico com o meio ambien- espécies maiores, de consumidores secundários, terciá-
te. Tal dinamismo é uma característica essencial das rios e quaternários.
comunidades. Dessa forma, etapa após etapa a comunidade pionei-
ra evolui, até que a velocidade do processo começa a
Estágios da sucessão ecológica diminuir gradativamente, chegando a um ponto de equi-
líbrio, no qual a sucessão ecológica atinge seu desenvol-
A sucessão não surge repentinamente, de forma vimento máximo compatível com as condições físicas do
abrupta, mais sim em um aumento crescente de espécies local (solo, clima, umidade). Essa comunidade é a etapa
da comunidade, até atingir uma situação que não mais se final do processo de sucessão, a comunidade clímax.
modifica com o ambiente, mantendo-se estável – quan- Cada etapa intermediária entre a comunidade pioneira e
do então é denominada comunidade clímax. a clímax é chamada de série.
Tipos de sucessão ecológica Características de uma sucessão ecológica
1) Sucessões ecológicas primárias: instalações dos se-
Em todas as sucessões, pode-se observar que:
res vivos em um ambiente que nunca foi habitado.
2) Sucessões ecológicas secundárias: surgem em um
• aumenta a biomassa e a diversidade de espécies;
meio que já foi povoado, mas em que os seres vi-
• nos estágios iniciais, a atividade autotrófica supera
vos foram eliminados por modificações climáticas
a heterotrófica. Daí a produção bruta (P) ser maior
(glaciações, incêndios), geológicas (erosão) ou pela
que a respiração (R) e a relação entre P e R ser
intervenção do homem. Uma sucessão secundária
leva muitas vezes à formação de um disclímax, di- maior do que 1;
ferente do clímax que existia anteriormente. • nos estágios de clímax há equilíbrio e a relação P/R
= 1.
Sucessão primária
O ecótono
Uma sucessão pode iniciar-se de diversas maneiras:
numa rocha nua, numa lagoa, num terreno formando por Geralmente a passagem de um ecossistema para ou-
sedimentação etc. Exemplificaremos através das suces- tro nunca ocorre de forma abrupta; costuma haver uma
sões que ocorrem nas rochas. zona de transição, designada ecótono. Em tal região o
número de espécies é grande, existindo, além das es-
Sucessão numa rocha nua pécies próprias, outras provenientes das comunidades
limítrofes.
O primeiro passo é a migração de espécies vegetais
de outras áreas para a região onde irá iniciar-se a suces- Pirâmides ecológicas
são. As espécies chegam a essa região através dos ele-
mentos de reprodução (esporos ou sementes). Pirâmides ecológicas representam, graficamente, a
As condições desfavoráveis – excesso ou falta de ilu- estrutura trófica de um ecossistema. Para tal, cada retân-
minação, solo muito úmido ou seco, temperatura eleva- gulo representa, de forma proporcional, o parâmetro a
da do solo – só permitem o desenvolvimento de algumas ser analisado.
espécies. As pirâmides ecológicas podem ser de três tipos
Essas espécies que se desenvolvem inicialmente no principais:
ambiente inóspito são chamadas de pioneiras. São es-
pécies de grande amplitude, isto é, não são muito exi- 1) Pirâmides de número
gentes, não tolerando apenas as grandes densidades. 2) Pirâmides de biomassa
Os organismos pioneiros são representados pelos lí- 3) Pirâmides de energia.
quens (associação entre fungos e algas) – o tipo mais
simples de produtores. Através de ácidos orgânicos pro- Pirâmides de número
duzidos pelos líquens, a superfície da rocha vai sendo de-
composta. A morte destes organismos, associada à de- Quando falamos em pirâmides de números, esta-
GEOGRAFIA DO BRASIL

composição da rocha, forma um substrato, deixando-o mos nos referindo ao número de indivíduos envolvidos
úmido e rico em sais minerais. em uma cadeia alimentar. Nessa representação gráfica,
A partir de então as condições, já não tão desfavorá- são indicados quantos indivíduos existem em cada nível
veis, permitem o aparecimento de plantas de pequeno trófico.
porte, como musgos, que necessitam de pequena quan- Suponhamos que sejam necessárias cinco mil plan-
tidade de nutrientes para se desenvolverem e atingirem tas para alimentar 500 insetos. Esses insetos servirão de
o estágio de reprodução. Novas e constantes modifica- alimento para 25 pássaros, que, por sua vez, serão co-
ções se sucedem permitindo o aparecimento de plantas
midos por uma única cobra. Nesse exemplo, você pode

61
perceber que a base apresenta um número maior de in- 1.1.2 Sociedades
divíduos, quando comparado aos outros níveis tróficos.
Quando isso acontece, dizemos que a pirâmide é direta. São associações de indivíduos das mesma espécie que
Algumas vezes, a base não se apresenta larga, como não estão unidos anatomicamente e formam uma orga-
nos casos em que um único produtor serve de alimento nização social que se expressa através do cooperativismo.
para uma grande quantidade de consumidores primários. Sociedades altamente desenvolvidas são encontradas
Ela ocorre normalmente quando há poucos produtores entre os chamados insetos sociais, representados por
ou o produtor apresenta grande porte – uma árvore, por cupins, vespas, formigas e abelhas.
exemplo. Nesses casos, temos uma pirâmide invertida. Na sociedades das abelhas, por exemplo, distinguem-
-se três castas: a rainha, o zangão e as operárias. A rainha
Pirâmides de biomassa é a única fêmea fértil da colmeia; os zangões são os ma-
chos férteis, enquanto as operárias são fêmeas estéreis.
Quando nos referimos a uma pirâmide de biomassa, As operárias são encarregadas de obter o alimento (pó-
estamos falando da quantidade de matéria orgânica dis- len ou néctar) e produzir a cera e o mel; a cera é usada
ponível em cada nível trófico. A biomassa é expressa em para construir as celas hexagonais, onde são postos os
massa do organismo por unidade de área, por exemplo, ovos; o mel é fabricado por transformação do néctar. A
kg/m2 ou g/m2. única atividade dos zangões é a fecundação da rainha;
A pirâmide de biomassa só se apresenta invertida nos após o voo nupcial, são expulsos da colmeia.
ecossistemas aquáticos, onde os produtores possuem
uma vida muito curta, são pequenos e multiplicam-se ra- 1.2 Relações harmônicas interespecíficas
pidamente, acumulando, assim, pouca matéria.
Ocorrem entre indivíduos de espécies diferentes. São
Pirâmides de energia o mutualismo, a protocooperação e o comensalismo.

A pirâmide de energia representa a quantidade de 1.2.1 Mutualismo


energia distribuída em cada nível trófico. Esse tipo, di-
ferentemente dos outros apresentados, não pode ser Relação obrigatória, sendo necessária à sobrevi-
representado de forma invertida. Ele é sempre direto, vência das espécies envolvidas, que não podem viver
isoladamente.
pois representa a produtividade energética em cada
Como exemplo, há os líquens, constituídos por algas
ecossistema.
clorofiladas e fungos que vivem em estreita associação.
Os produtores sempre representam o nível energé-
As algas, por meio da fotossíntese, fornecem alimento ao
tico mais elevado, sendo que os outros seres da cadeia
fungo. Por sua vez, o fungo consegue reter umidade e
ficam dependentes dessa energia. Conclui-se, portanto,
nutrientes que a alga utiliza, além de lhe conferir prote-
que parte da energia dos produtores será transmitida
ção. O mutualismo entre a alga e o fungo permite que os
para os herbívoros e apenas parte da energia destes pas-
líquens sobrevivam em ambientes em que nem a alga e
sará para os carnívoros. Sendo assim, cadeias alimentares
nem o fungo conseguiriam sobreviver sozinhos.
menores possuem um maior aproveitamento de energia.
Representamos a quantidade de energia disponível em 1.2.2 Protocoperação
cada nível trófico por Kcal/m2.ano.
Relação facultativa, podendo cada espécie viver
Relações entre os seres vivos isoladamente.
Como exemplo, o pássaro-palito se alimenta dos res-
Nos ecossistemas, os fatores bióticos são constituí- tos alimentares e de vermes existentes na boca do croco-
dos pelas interações que se manifestam entre os seres vi- dilo. A vantagem é mútua, porque, em troca do alimento,
vos que habitam um determinado meio. Essas interações o pássaro livra o crocodilo dos parasitas.
são classificadas da seguinte maneira:
1.2.3 Comensalismo
1. Relações harmônicas
Nessa relação, a primeira espécie, chamada de co-
Nas relações harmônicas não existe desvantagem mensal, é a única beneficiada na relação, já a segunda
para nenhuma das espécies consideradas e há benefício espécie, chamada de hospedeira, não recebe vantagem,
pelo menos para uma delas. Tais relações podem ser di- mas também não é prejudicada.
vididas em intra-específicas e interespecíficas. Como exemplo, a rêmora se fixa no tubarão por meio
de sua ventosa, e ali se alimenta dos restos alimentares
1.1 Relações harmônicas intraespecíficas
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do tubarão, além de economizar energia no deslocamen-


to; para o tubarão, este processo da rêmora não lhe é
Ocorrem entre organismos da mesma espécie. São as vantajoso, nem prejudicial.
colônias e as sociedades.
2. Relações desarmônicas
1.1.1 Colônias
Nas relações desarmônicas há prejuízo para uma das
São organismos da mesma espécie que se mantêm espécies consideradas. Tais relações também podem ser
anatomaticamente unidos entre si. divididas em intra-específicas e interespecíficas.

62
2.1 Relações desarmônicas intra-específicas OS VEGETAIS E A PRODUÇÃO DE ALIMENTOS E
MATÉRIA PRIMA; A DIVERSIFICAÇÃO DA VIDA; OS
Ocorrem entre organismos da mesma espécie. São o CICLOS BIOGEOQUÍMICOS; O PAPEL DOS DECOM-
canibalismo e a competição. POSITORES

2.1.1 Canibalismo Fisiologia vegetal: parte da botânica que estuda os


processos vitais das plantas, entre os quais destacam-se:
Relação em que um animal se alimenta de outro da fotossíntese, nutrição vegetal e hormônios vegetais.
mesma espécie. Ex: viúva-negra fêmea que, após o ato
reprodutivo, arranca e devora a cabeça do macho. Fê- • Fotossíntese: processo no qual a energia solar é
meas de louva-a-deus também devoram seus machos. transformada pela planta em energia química por
meio da fixação de carbono através da clorofila.
Ocorre no interior dos cloroplastos e, portanto, é
2.1.2 Competição intra-específica
realizada em maior intensidade nos tecidos ricos
nessa organela, como o parênquima clorofiliano
Indivíduos da mesma espécie competem por um ou
encontrado nas folhas. O processo pode ser divi-
mais recursos que, na maioria das vezes, não estão dis- dido em duas etapas principais: a fase clara, que
poníveis em quantidade suficiente no ecossistema. Pode ocorre na membrana do tilacoide, e a fase escura,
delinear uma população, principalmente em seu tama- que ocorre no estroma do cloroplasto.
nho. Quando o ambiente não permite a migração de
indivíduos e o alimento começa a ficar escasso, natural- Sua equação geral balanceada é:
mente os mais velhos e os menos aptos são prejudicados
e acabam morrendo. 12 H2O + 6 CO2 → 6 O2 + C6H12O6 + 6 H2O

2.2 Relações desarmônicas interespecíficas

Ocorrem entre indivíduos de espécies diferentes. São


a competição interespecífica, o amensalismo, o pre-
datismo e o parasitismo.

2.2.1 Competição interespecífica

Ocorre quando diferentes espécies, com o mesmo


hábitat e o mesmo nicho ecológico, competem pelos
mesmos recursos.

2.2.2 Amensalismo

Associação em que uma espécie, chamada de


amensal, é inibida no crescimento ou na reprodução
por substâncias secretadas por uma outra espécie,
chamada inibidora.
Como exemplo, há os fungos que produzem substân-
cias antibióticas que inibem o crescimento de bactérias.

2.2.3 Predatismo

Associação em que os consumidores de uma cadeia


alimentar, alocados em um nível trófico superior (preda-
Processo de fotossíntese.
dores), se alimentam do nível trófico inferior – a presa, em
Disponível em: http://2.bp.blogspot.com/-F2Mfy7QJ-
se tratando de carnivoria, ou o produtor, na herbivoria.
c_U/UBsDlIEIyxI/AAAAAAAAADY/HPMg5Vo2iA4/s1600/
Fotossintese-esquema-plantas.jpg
2.2.4 Parasitismo
• Nutrição vegetal: difere da nutrição dos animais,
Associação em que uma espécie se instala no organis- pois a planta é autótrofa e produz o próprio ali-
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mo de outra, dela retirando matéria para a sua nutrição mento, através da absorção dos nutrientes presen-
e causando-lhe, em consequência, danos cuja gravidade tes de forma inorgânica no ambiente – água e sais
pode ser muito variável, desde pequenos distúrbios até minerais. Estes são conduzidos das raízes até as
a própria morte do indivíduo parasitado. Dá-se o nome folhas pelo vaso condutor denominado xilema – é
de hospedeiro ao organismo que abriga o parasita. De a seiva bruta ou mineral; e o produto da fotossín-
um modo geral, a morte do hospedeiro não é conve- tese, a seiva elaborada ou orgânica, é conduzido
niente ao parasita. Mas, a despeito disso, muitas vezes pelo floema das folhas para todos os tecidos da
ela ocorre. planta.

63
paisagem local pode ser realizada por meio dos hábitos
de consumo, pesquisando os produtos que participam
da vida cotidiana, como são feitos e qual a origem dos
recursos naturais que estão envolvidos em sua produção.
É possível, ainda, aproximar os alunos do papel do tra-
balho na transformação da natureza, investigando como
pessoas de diferentes espaços e tempos utilizam técni-
cas e instrumentos distintos de trabalho na apropriação
e transformação dos elementos naturais disponíveis na
paisagem local. Entretanto, a dimensão utilitária da na-
tureza como recurso natural pode ser ultrapassada ao se
abordarem também suas características biofísicas e as re-
lações afetivas e singulares que as pessoas estabelecem
com ela e manifestam por meio das artes e das formas
de lazer, por exemplo.

Conservando o Ambiente

Este tema proporciona a compreensão das diferentes


relações que indivíduos, grupos sociais e sociedades es-
• Hormônios vegetais: também chamados fitormô-
tabelecem com a natureza no dia-a-dia. Por meio de pro-
nios, atuam na divisão e na diferenciação celular
blematizações de situações vividas no lugar no qual os
– estimulando o crescimento e o desenvolvimento
dos órgãos vegetais, a germinação, a floração e a alunos se encontram inseridos — seja ele o bairro, a cida-
maturação dos frutos (auxinas, citocininas, gibere- de ou o país — pode-se discutir o comportamento social
linas e etileno), ou inibindo todos esses processos e suas relações com a natureza. Devem ser estudados o
(ácido abscísico). modo de produzir e fazer do cotidiano, as tecnologias e
as possibilidades de novas formas de se relacionar com a
natureza, como as atitudes conservacionistas em relação
ao lixo, saneamento básico, abastecimento de água, pro-
dução e conservação de alimentos, por exemplo. É pos-
sível ainda introduzir os modos de produzir considera-
dos alternativos, como a produção de energia solar e as
técnicas agrícolas alternativas. Pode-se também abordar
a categoria território ao se tratar da questão ambiental
como política de conservação e apresentar aos alunos o
conceito de Áreas
Protegidas e Unidades de Conservação por meio da
pesquisa sobre suas tipologias e seus objetivos, identifi-
cando como elas estão próximas ou distantes de seu co-
Atuação dos fitormônios nos processos vitais das tidiano e quais as suas implicações na vida das pessoas.
plantas.
Disponível em: https://scontent-atl3-1.cdninstagram. Transformando a Natureza: Diferentes Paisagens
com/vp/488058475e85ba7b74a62994737ea7e8/5D4E-
4BE0/t51.2885-15/e35/44303633_1177347605760108_3 Este tema proporciona um estudo sobre os motivos,
458205520856165400_n.jpg?_nc_ht=scontent-atl3-1.cd- as técnicas e as consequências da transformação e do
ninstagram.com uso da natureza. Pode-se integrá-lo ao estudo da Histó-
ria no que se refere às relações sociais, culturais e econô-
Tudo é Natureza micas. Por meio da leitura de imagens, pode-se conhecer
a trajetória da constituição da paisagem local e compa-
A principal noção a ser trabalhada por este tema é a rá-la com a trajetória de diferentes paisagens e lugares,
presença da natureza em tudo que está visível ou não na enfocando as múltiplas relações e determinações dos
paisagem local. Por meio da observação e descrição, os homens em sociedade com a natureza nessa trajetória.
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alunos podem reconhecer essa presença em seus hábi- Este tema evoca também pesquisas sobre como diferen-
tos cotidianos, na configuração e localização de seu bair- tes grupos sociais — índios, negros, imigrantes, caiçaras,
ro e de sua cidade ou ainda nas atividades econômicas, dentre os muitos que fazem parte da sociedade brasilei-
sociais e culturais com as quais têm contato direto ou ra — relacionaram-se ao longo de suas trajetórias com
indireto. Essa percepção pode ser ampliada mediante a natureza na construção do lugar e da paisagem onde
a comparação com a presença da natureza em outros vivem, podendo-se inclusive eleger como objeto de es-
bairros, em diferentes regiões do Brasil e em outros lu-
tudo grupos sociais inseridos em paisagens distintas da-
gares do mundo. A visão global de natureza expressa na
quelas características do Brasil.

64
O Lugar e a Paisagem Critérios de avaliação de Geografia para o primei-
ro ciclo
Este tema trata das relações mais individualizadas dos
alunos com o lugar em que vivem. Ao final do primeiro ciclo, os alunos devem ter avalia-
Quais foram as razões que os fizeram morar ali (vín- das suas conquistas numa perspectiva de continuidade
culos familiares, proximidade do trabalho, condições aos seus estudos. A avaliação deve ser planejada, assim,
econômicas, entre outras) e quais são as condições do relativamente aos conhecimentos que serão recontex-
lugar em que vivem (moradia, asfalto, saneamento bási- tualizados e utilizados em estudos posteriores. Para isso
co, postos de saúde, escolas, lugares de lazer, tratamen- é necessário estabelecer alguns critérios. De modo am-
to do lixo). Pode-se aprofundar a compreensão desses plo, são eles:
aspectos a partir da forma como percebem a paisagem
local em que vivem e procurar estabelecer relações en- • Reconhecer algumas das manifestações da relação
tre o modo como cada um vê seu lugar e como cada entre sociedade e natureza presentes na sua vida
lugar compõe a paisagem. Outro ponto a ser discutido cotidiana e na paisagem local
são as normas dos lugares: como é que se deve agir na
rua, na escola, na casa; como essas regras são expressas Com este critério avalia-se o quanto o aluno se apro-
de forma implícita ou explícita nas relações sociais e na priou da ideia de interdependência entre a sociedade
própria paisagem local; como as crianças percebem e li- e a natureza e se reconhece aspectos dessa relação na
dam com as regras dos diferentes lugares. É importante paisagem local e no lugar em que se encontra inserido.
discutir tentando encontrar as razões pelas quais elas são Também deve-se avaliar se conhece alguns dos proces-
estabelecidas dessa forma e não de outra, sua utilidade, sos de transformação da natureza em seu contexto mais
legitimidade e como alteram e determinam a configura- imediato.
ção dos lugares.
Esses blocos temáticos contemplam conteúdos de di- • Reconhecer e localizar as características da pai-
ferentes dimensões: conceituais, procedimentais e atitu- sagem local e compará-las com as de outras
dinais que, segundo esta proposta de ensino, são consi- paisagens
derados como fundamentais para atingir as capacidades
definidas para esse segmento da escolaridade. A seguir, Com este critério avalia-se se o aluno é capaz de dis-
são apresentados em forma de lista, de modo a destacar tinguir, por meio da observação e da descrição, alguns
suas dimensões e as principais relações que existem en- aspectos naturais e culturais da paisagem, percebendo
tre eles: nela elementos que expressam a multiplicidade de tem-
pos e espaços que a compõe. Se é capaz também de
• observação e descrição de diferentes formas pelas comparar algumas das diferenças e semelhanças existen-
quais a natureza se apresenta na paisagem local: tes entre diferentes paisagens.
nas construções e moradias, na distribuição da po-
pulação, na organização dos bairros, nos modos • Ler, interpretar e representar o espaço por meio de
de vida, nas formas de lazer, nas artes plásticas; mapas simples
• identificação de motivos e técnicas pelos quais sua
coletividade e a sociedade de forma geral trans- Com este critério avalia-se se o aluno sabe utilizar
forma a natureza: por meio do trabalho, da tec- elementos da linguagem cartográfica como um sistema
nologia, da cultura e da política, no passado e no de representação que possui convenções e funções es-
presente; pecíficas, tais como cor, símbolos, relações de direção e
• caracterização da paisagem local: suas origens orientação, função de representar o espaço e suas carac-
e organização, as manifestações da natureza em terísticas, delimitar as relações de vizinhança.
seus aspectos biofísicos, as transformações sofri-
das ao longo do tempo; CIÊNCIAS NATURAIS
• conhecimento das relações entre as pessoas e o
lugar: as condições de vida, as histórias, as relações Os avanços das pesquisas na didática das Ciências, re-
afetivas e de identidade com o lugar onde vivem; sumidos na introdução, apontam a importância da análi-
• identificação da situação ambiental da sua locali- se psicológica e epistemológica do processo de ensino e
dade: proteção e preservação do ambiente e sua aprendizagem de Ciências Naturais para compreendê-lo
relação com a qualidade de vida e saúde; e reestruturá-lo.
• produção de mapas ou roteiros simples conside- Para o ensino de Ciências Naturais é necessária a
rando características da linguagem cartográfica construção de uma estrutura geral da área que favoreça
como as relações de distância e direção e o sistema a aprendizagem significativa do conhecimento historica-
de cores e legendas;
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mente acumulado e a formação de uma concepção de


• leitura inicial de mapas políticos, atlas e globo Ciência, suas relações com a Tecnologia e com a Socieda-
terrestre; de. Portanto, é necessário considerar as estruturas de co-
• valorização de formas não-predatórias de explora- nhecimento envolvidas no processo de ensino e aprendi-
ção, transformação e uso dos recursos naturais; zagem — do aluno, do professor, da Ciência.
• organização, com auxílio do professor, de suas De um lado, os estudantes possuem um repertório
pesquisas e das conquistas de seus conhecimentos de representações, conhecimentos intuitivos, adquiri-
em obras individuais ou coletivas: textos, exposi-
dos pela vivência, pela cultura e senso comum, acerca
ções, desenhos, dramatizações, entre outras.

65
dos conceitos que serão ensinados na escola. O grau de em que cada um, a seu modo e com determinado papel,
amadurecimento intelectual e emocional do aluno e sua está envolvido na construção de uma compreensão dos
formação escolar são relevantes na elaboração desses fenômenos naturais e suas transformações, na formação
conhecimentos prévios. Além disso, é necessário consi- de atitudes e valores humanos.
derar, o professor também carrega consigo muitas ideias Dizer que o aluno é sujeito de sua aprendizagem sig-
de senso comum, ainda que tenha elaborado parcelas do nifica afirmar que é dele o movimento de ressignificar o
conhecimento científico. De outro lado, tem-se a estru- mundo, isto é, de construir explicações norteadas pelo
tura do conhecimento científico e seu processo histórico conhecimento científico.
de produção, que envolve relações com várias atividades Os alunos têm ideias acerca do seu corpo, dos fenô-
humanas, especialmente a Tecnologia, com valores hu- menos naturais e dos modos de realizar transformações
manos e concepções de Ciência. no meio; são modelos com uma lógica interna, carrega-
dos de símbolos da sua cultura. Convidados a expor suas
Os campos do conhecimento científico — Astrono- ideias para explicar determinado fenômeno e a confron-
mia, Biologia, Física, Geociências e Química — têm por tá-las com outras explicações, eles podem perceber os
referência as teorias vigentes, que se apresentam como limites de seus modelos e a necessidade de novas infor-
conjuntos de proposições e metodologias altamente es- mações; estarão em movimento de ressignificação.
truturados e formalizados, muito distantes, portanto, do Mas esse processo não é espontâneo; é construído
aluno em formação. Não se pode pretender que a es- com a intervenção do professor. É o professor quem tem
trutura das teorias científicas, em sua complexidade, seja condições de orientar o caminhar do aluno, criando si-
a mesma que organiza o ensino e a aprendizagem de tuações interessantes e significativas, fornecendo infor-
Ciências Naturais no ensino fundamental. mações que permitam a reelaboração e a ampliação dos
As teorias científicas oferecem modelos lógicos e ca- conhecimentos prévios, propondo articulações entre os
tegorias de raciocínio, um painel de objetos de estudo — conceitos construídos, para organizá-los em um corpo
fenômenos naturais e modos de realizar transformações de conhecimentos sistematizados.
no meio —, que são um horizonte para onde orientar as Ao longo do ensino fundamental a aproximação ao
investigações em aulas e projetos de Ciências. conhecimento científico se faz gradualmente. Nos pri-
A história das Ciências também é fonte importante de meiros ciclos o aluno constrói repertórios de imagens,
conhecimentos na área. A história das ideias científicas fatos e noções, sendo que o estabelecimento dos concei-
e a história das relações do ser humano com seu corpo, tos científicos se configura nos ciclos finais.
com os ambientes e com os recursos naturais devem ter
lugar no ensino, para que se possa construir com os alu- Ao professor cabe selecionar, organizar e problema-
nos uma concepção interativa de Ciência e Tecnologia tizar conteúdos de modo a promover um avanço no de-
não-neutras, contextualizada nas relações entre as socie- senvolvimento intelectual do aluno, na sua construção
dades humanas e a natureza. A dimensão histórica pode como ser social.
ser introduzida nas séries iniciais na forma de história dos Pesquisas têm mostrado que muitas vezes conceitos
ambientes e das invenções. Também é possível o profes- intuitivos coexistem com conceitos científicos aprendi-
sor versar sobre a história das ideias científicas, conteúdo dos na escola. Nesse caso o ensino não provocou uma
que passa a ser abordado com mais profundidade nas mudança conceitual, mas, desde que a aprendizagem te-
séries finais do ensino fundamental. nha sido significativa, o aluno adquiriu um novo concei-
Pela abrangência e pela natureza dos objetos de es- to. Além disso, desde que o professor interfira adequada-
tudo das Ciências, é possível desenvolver a área de for- mente, o aluno pode ganhar consciência da coexistência
ma muito dinâmica, orientando o trabalho escolar para o de diferentes sistemas explicativos para o mesmo con-
conhecimento sobre fenômenos da natureza, incluindo o junto de fatos e fenômenos, estando apto a reconhecer e
ser humano e as tecnologias mais próximas e mais dis- aplicar diferentes domínios de ideias em diferentes situa-
tantes, no espaço e no tempo. Estabelecer relações entre ções. Ganhar consciência da existência de diferentes fon-
o que é conhecido e as novas ideias, entre o comum e tes de explicação para as coisas da natureza e do mundo
o diferente, entre o particular e o geral, definir contra- é tão importante quanto aprender conceitos científicos.
pontos entre os muitos elementos no universo de co- Sabe-se também que nem sempre todos os alunos de
nhecimentos são processos essenciais à estruturação do uma classe têm ideias prévias acerca de um objeto de es-
pensamento, particularmente do pensamento científico. tudo. Isso não significa que tal objeto não deva ser estu-
Aspectos do desenvolvimento afetivo, dos valores e dado. Significa, sim, que a intervenção do professor será
das atitudes também merecem atenção ao se estruturar a a de apresentar ideias gerais a partir das quais o processo
área de Ciências Naturais, que deve ser concebida como de investigação sobre o objeto possa se estabelecer. A
oportunidade de encontro entre o aluno, o professor e o apresentação de um assunto novo para o aluno também
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mundo, reunindo os repertórios de vivências dos alunos é instigante, e durante as investigações surgem dúvidas,
e oferecendo-lhes imagens, palavras e proposições com constroem-se representações, buscam-se informações e
significados que evoluam, na perspectiva de ultrapassar confrontam-se ideias.
o conhecimento intuitivo e o senso comum. É importante, no entanto, que o professor tenha cla-
Se a intenção é que os alunos se apropriem do co- ro que o ensino de Ciências não se resume à apresen-
nhecimento científico e desenvolvam uma autonomia tação de definições científicas, em geral fora do alcance
no pensar e no agir, é importante conceber a relação de da compreensão dos alunos. Definições são o ponto de
ensino e aprendizagem como uma relação entre sujeitos, chegada do processo de ensino, aquilo que se pretende

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que o aluno compreenda ao longo de suas investigações, No planejamento e no desenvolvimento dos temas
da mesma forma que conceitos, procedimentos e atitu- de Ciências em sala de aula, cada uma das dimensões
des também são aprendidos. dos conteúdos deve ser explicitamente tratada. É tam-
Em Ciências Naturais são procedimentos fundamen- bém essencial que sejam levadas em conta por ocasião
tais aqueles que permitem a investigação, a comunicação das avaliações, de forma compatível com o sentido am-
e o debate de fatos e ideias. A observação, a experimen- plo que se adotou para os conteúdos do aprendizado.
tação, a comparação, o estabelecimento de relações en-
tre fatos ou fenômenos e ideias, a leitura e a escrita de Ciências Naturais no primeiro ciclo
textos informativos, a organização de informações por
meio de desenhos, tabelas, gráficos, esquemas e textos, O processo de aprendizagem das crianças, tendo ou
a proposição de suposições, o confronto entre suposi- não cursado a educação infantil, inicia-se muito antes da
ções e entre elas e os dados obtidos por investigação,
escolaridade obrigatória. São frequentemente curiosas,
a proposição e a solução de problemas, são diferentes
buscam explicações para o que veem, ouvem e sentem.
procedimentos que possibilitam a aprendizagem.
O que é isso? Como funciona? Como faz? E os famosos
Da mesma forma que os conteúdos conceituais, os
procedimentos devem ser construídos pelos alunos por porquês.
meio de comparações e discussões estimuladas por ele- São perguntas que fazem a si mesmas e às pessoas
mentos e modelos oferecidos pelo professor. em muitas situações de sua vida.
No contexto da aprendizagem ativa, os alunos são As fontes para a obtenção de respostas e de conheci-
convidados à prática de tais procedimentos, no início mentos sobre o mundo vão desde o ambiente doméstico
imitando o professor, e, aos poucos, tornando-se au- e a cultura regional, até a mídia e a cultura de massas.
tônomos. Por exemplo, ao trabalhar o desenho de ob- Portanto, as crianças chegam à escola tendo um reper-
servação, o professor inicia a atividade desenhando na tório de representações e explicações da realidade. É
lousa, conversando com as crianças sobre os detalhes de importante que tais representações encontrem na sala
cores e formas que permitem que o desenho seja uma de aula um lugar para manifestação, pois, além de cons-
representação do objeto original. Em seguida, os alunos tituírem importante fator no processo de aprendizagem,
podem fazer seu próprio desenho de observação, sendo poderão ser ampliadas, transformadas e sistematizadas
esperado que esse primeiro desenho se assemelhe ao com a mediação do professor. É papel da escola e do
do professor. Em outras oportunidades as crianças po- professor estimular os alunos a perguntarem e a busca-
derão começar o desenho de observação sem o modelo rem respostas sobre a vida humana, sobre os ambientes
do professor, que ainda assim conversa com os alunos e recursos tecnológicos que fazem parte do cotidiano ou
sobre detalhes necessários ao desenho. O ensino desses que estejam distantes no tempo e no espaço.
procedimentos só é possível pelo trabalho com diferen- Entretanto, crianças pequenas compreendem e vi-
tes temas de interesse científico, que serão investigados vem a realidade natural e social de modo diferente dos
de formas distintas. Certos temas podem ser objeto de adultos. Fora ou dentro da escola, as crianças emprestam
observações diretas e/ou experimentação, outros não. magia, vontade e vida aos objetos e às coisas da natureza
Quanto ao ensino de atitudes e valores, embora mui-
ao elaborar suas explicações sobre o mundo. De modo
tas vezes o professor não se dê conta estará sempre le-
geral, em torno de oito anos as crianças passam a exibir
gitimando determinadas atitudes com seus alunos. Afinal
um modo menos subjetivo e mais racional de explicar
é ele uma referência importante para sua classe. É muito
importante que esta dimensão dos conteúdos seja obje- os acontecimentos e as coisas do mundo. São capazes
to de reflexão e de ensino do professor, para que valores de distinguir os objetos das próprias ações e organizar
e posturas sejam desenvolvidos tendo em vista o aluno etapas de acontecimentos em intervalos de tempo.
que se tem a intenção de formar. No primeiro ciclo são inúmeras as possibilidades de
Em Ciências Naturais é relevante o desenvolvimento trabalho com os conteúdos da área de Ciências Naturais.
de posturas e valores pertinentes às relações entre os se- Nas classes de primeiro ciclo é possível a elaboração de
res humanos, o conhecimento e o ambiente. O desenvol- algumas explicações objetivas e mais próximas da Ciên-
vimento desses valores envolve muitos aspectos da vida cia, de acordo com a idade e o amadurecimento dos alu-
social, como a cultura e o sistema produtivo, as relações nos e sob influência do processo de aprendizagem, ainda
entre o homem e a natureza. Nessas discussões, o res- que explicações mágicas persistam. Também é possível o
peito à diversidade de opiniões ou às provas obtidas por contato com uma variedade de aspectos do mundo, ex-
intermédio de investigação e a colaboração na execução plorando-os, conhecendo-os, explicando-os e iniciando
das tarefas são elementos que contribuem para o apren- a aprendizagem de conceitos, procedimentos e valores
dizado de atitudes, como a responsabilidade em relação importantes.
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à saúde e ao ambiente. Desde o início do processo de escolarização e alfa-


Incentivo às atitudes de curiosidade, de respeito à betização, os temas de natureza científica e técnica, por
diversidade de opiniões, à persistência na busca e com- sua presença variada, podem ser de grande ajuda, por
preensão das informações, às provas obtidas por meio permitirem diferentes formas de expressão. Não se trata
de investigações, de valorização da vida em sua diversi- somente de ensinar a ler e a escrever para que os alunos
dade, de preservação do ambiente, de apreço e respeito possam aprender Ciências, mas também de fazer usos
à individualidade e à coletividade, têm lugar no processo das Ciências para que os alunos possam aprender a ler
de ensino e aprendizagem.
e a escrever.

67
Essa fase é marcada por um grande desenvolvimento técnicas criadas pelo homem. Podem aprender proce-
da linguagem oral, descritiva e narrativa, das nomeações dimentos simples de observação, comparação, busca e
de objetos e seres vivos, suas partes e propriedades. Esta registro de informações, e também desenvolver atitudes
característica permite que os alunos possam enriquecer de responsabilidade para consigo, com o outro e com o
relatos sobre observações realizadas e comunicá-las aos ambiente.
seus companheiros. Os textos seguintes buscam explicitar os alcances dos
A capacidade de narrar ou descrever um fato, nessa conteúdos em cada bloco temático, apontando-se pos-
fase, é enriquecida pelo desenho, que progressivamente síveis conexões entre blocos, com outras áreas e com os
incorpora detalhes do objeto ou do fenômeno observa- temas transversais, tendo-se o tratamento didático em
do. O desenho é uma importante possibilidade de regis- perspectiva.
tro de observações compatível com esse momento da
escolaridade, além de um instrumento de informação da Ambiente
própria Ciência. Conhecer desenhos informativos elabo-
rados por adultos — em livros, enciclopédias ou o dese- No primeiro ciclo, os conteúdos pretendem uma pri-
nho do professor — contribui para a valorização desse meira aproximação da noção do ambiente como resul-
instrumento de comunicação das informações. tado das interações entre seus componentes — seres
Além do desenho, outras formas de registro se con- vivos, ar, água, solo, luz e calor — e da compreensão de
figuram como possibilidades nessa fase: listas, tabelas, que, embora constituídos pelos mesmos elementos, os
pequenos textos, utilizando conhecimentos adquiridos diversos ambientes diferenciam-se pelos tipos de seres
em Língua Portuguesa e Matemática. vivos, pela disponibilidade dos demais componentes e
Muito importante no ensino de Ciências é a compa- pelo modo como se dá a presença do ser humano.
ração entre fenômenos ou objetos de mesma classe, por A observação direta ou indireta de diferentes am-
exemplo: diferentes fontes de energia, alimentação dos bientes, a identificação de seus componentes e de al-
animais, objetos de mesmo uso. gumas relações entre eles, bem como a investigação de
Orientados pelo professor, que lhes oferece informa- como o homem se relaciona com tais ambientes, permi-
ções e propõe investigações, os alunos realizam compa- te aos alunos uma primeira noção e a diferenciação de
rações e estabelecem regularidades que permitem algu- ambiente natural e ambiente construído. Os seres vivos
mas classificações e generalizações. Por exemplo, podem — animais e vegetais — destacam-se entre os compo-
compreender que existem diferentes fontes de calor; que nentes dos ambientes, estudando-se suas características
todos os animais se alimentam de plantas ou de outros e hábitos — alimentação, reprodução, locomoção — em
animais e que objetos são feitos de determinados mate- relação ao ambiente em que vivem. É possível uma pri-
riais apropriados ao seu uso. meira aproximação ao conceito de ser vivo por meio do
estudo do ciclo vital: nascimento, crescimento, reprodu-
Outra característica deste momento da criança é o ção e morte. Todos esses conteúdos também fazem par-
desenvolvimento da linguagem causal. A criança é capaz te do documento Meio Ambiente. Para a realização das
de estabelecer sequências de fatos, identificando causas investigações sugeridas, o professor pode tomar como
e consequências relacionadas a essas sequências, mas referência ambientes e seres vivos da sua região e outros
ainda não as associa a princípios ou leis gerais das Ciên- distantes, no tempo e no espaço.
cias. Essa característica possibilita o trabalho de identifi- Comparando-se ambientes diferentes — floresta, rio,
cação e registro de encadeamento de eventos ao longo represa, lago, plantação, campo, cidade, horta, etc. —,
do tempo, estabelecendo-se a distinção entre causas e busca-se identificar suas regularidades (os componentes
consequências. comuns) e suas particularidades (disponibilidade dos di-
Também é de grande importância que o professor in- ferentes componentes, tipos de seres vivos, o modo e a
centive o aluno a formular suposições e perguntas, pois intensidade da ocupação humana).
esse procedimento permite conhecer as representações Cabe ao professor orientar os alunos sobre o que e
e conceitos intuitivos dos alunos, orientando o processo onde observar, de modo que se coletem dados impor-
de construção de conhecimentos. tantes para as comparações que se pretende, pois, a ha-
Observar, comparar, descrever, narrar, desenhar e bilidade de observar implica um olhar atento para algo
perguntar são modos de buscar e organizar informações que se tem a intenção de ver.
sobre temas específicos, alvos de investigação pela clas- As observações realizadas resultam em um conjunto
se. Tais procedimentos por si só não permitem a aqui- de dados que são organizados por meio de desenhos e
sição do conhecimento conceitual sobre o tema, mas listas, de modo que as características de cada ambiente
são recursos para que a dimensão conceitual, a rede de fiquem registradas. Ao realizar registros os alunos têm a
ideias que confere significado ao tema, possa ser traba- oportunidade de sistematizar os conhecimentos que ad-
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lhada pelo professor. quiriram. Entretanto, parte das comparações no primeiro


ciclo são feitas oralmente, quando os alunos descrevem
Conteúdos de Ciências Naturais para o primeiro os ambientes investigados, apontando suas diferenças e
ciclo semelhanças, e comparam seus resultados às suposições
iniciais.
No primeiro ciclo as crianças têm uma primeira Durante esses trabalhos os alunos adquirem um re-
aproximação das noções de ambiente, corpo humano e pertório de imagens e alguns novos significados para
transformações de materiais do ambiente por meio de ideias de ambiente, solo, seres vivos, entre outras que

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forem exploradas. Desenvolvem a habilidade de descre- Parte significativa do conhecimento sobre seres vivos
ver os ambientes, identificando, comparando e classifi- é obtida por meio de leitura de livros, revistas e enciclo-
cando seus diferentes componentes. Portanto, ampliam pédias, buscando-se informações sobre as características
suas noções, verificando por diferentes que sejam todos das plantas e hábitos de animais habitantes de diferentes
apresentam componentes comuns e a ocupação humana ambientes. Este conhecimento tem duplo papel: sugerir
possibilita diferentes transformações. Aspecto a ser con- observações sobre seres vivos que estão sendo investi-
siderado ao se tratar de ambientes construídos é o fato gados e ainda informar sobre seres vivos distantes no
de apresentarem, geralmente, menor diversidade de se- tempo e no espaço. Por exemplo, pode-se conhecer
res vivos, presença de habitações individuais e coletivas e habitantes das profundezas dos mares e de florestas
condições ambientais de vida humana bastante variadas. virgens, sobre animais selvagens (não-domesticados),
Focalizando-se os ambientes construídos pelo ho- animais extintos ou em extinção, plantas ornamentais,
mem, como uma horta, uma pastagem ou as cidades, plantas medicinais, etc.
evidencia-se a necessidade humana de transformar os São inúmeros os temas que permitem trabalhar as
ambientes a fim de utilizar os seus recursos e ocupar relações dos seres vivos entre si e destes com os demais
espaços. É pertinente a abordagem da degradação am- componentes dos ambientes; relações de alimentação,
biental como consequência de certos modos de interfe- relações entre as características do corpo e do compor-
rência humana. Esses assuntos são tratados em conexão tamento e as condições do ambiente.
com o bloco “Recursos tecnológicos” e com o documen- A respeito das relações alimentares explora-se a exis-
tência de diferentes hábitos — herbívoros, carnívoros e
to Meio Ambiente.
onívoros — e da dependência alimentar entre todos os
Os estudos sobre ambientes se complementam com
seres vivos, incluindo o ser humano. A forma de obten-
as investigações sobre os seres vivos que os habitam, na
ção de alimentos e água pelos animais na natureza, e por
perspectiva de conhecer como determinado ser vivo se
aqueles domesticados, mostra comportamentos interes-
relaciona com outros seres vivos e demais componentes
santes. Compará-los às formas de obtenção de alimentos
de seu ambiente. Cada animal ou planta apresenta mo-
pelo ser humano em diferentes culturas permite a inves-
dos de alimentação, sustentação e locomoção, forma do tigação do poder transformador da espécie humana.
corpo, reprodução e outras características que o capaci- Sobre sustentação e locomoção explora-se a presen-
tam a explorar e sobreviver em seu meio específico. ça de coluna vertebral, carapaças e musculatura em ani-
Estudos sobre determinados animais e plantas tam- mais aquáticos e terrestres, apontando-se para a relação
bém oferecem oportunidades para a compreensão do porte do animal, meio em que ele vive e presença de es-
processo do ciclo vital, que tem peculiaridades em se- queleto. Por exemplo: no ambiente terrestre não são en-
res vivos determinados, mas é comum a todos: nascer, contrados animais invertebrados de grande porte; já no
crescer, reproduzir e morrer. É importante que se tenha aquático são conhecidos polvos e lulas muito grandes.
claro que o ciclo vital é um processo de cada espécie e Como a água sustenta o peso dos corpos, tais animais
não do indivíduo; é a espécie que se mantém por meio podem sobreviver no meio aquático.
da reprodução. Outro aspecto a ser considerado é a relação forma
É necessário considerar que as descrições e explica- do corpo e locomoção no meio. Exemplo: os peixes são
ções que os alunos conceberão a cada investigação pro- animais aquáticos que nadam e apresentam o corpo em
posta serão realizadas, inicialmente, com a utilização de forma de fuso; essa forma permite melhor deslocamento
seu próprio vocabulário, que deverá se aperfeiçoar ao na água, o que é importante para caçar alimento e fugir
longo dos trabalhos, embora não se deva exigir a utili- de predadores. A respeito dos vegetais estuda-se o caule
zação da nomenclatura científica em sua complexidade. como estrutura de sustentação, importante para a sobre-
A coleta de informações sobre a vida de determi- vivência de grande parte dos vegetais terrestres.
nados animais em seus ambientes pode ser feita pela A reprodução nos animais pode ser estudada enfo-
observação de figuras, leituras de pequenos textos rea- cando-se o desenvolvimento dos filhotes no interior do
lizadas pelo professor para a classe, cultivo de plantas, corpo materno ou em ovos postos no ambiente, a ali-
criação de pequenos animais (tatuzinhos de jardim, mi- mentação dos filhotes e o cuidado com a prole, os rituais
nhocas, borboletas, besouros), em que se preservem as de acasalamento, as épocas de cio, o tempo de gestação,
condições de sua vida na natureza, ou ainda por meio de o tempo que os filhotes levam para atingir a maturidade
filmes e de contato com pessoas que conheçam a vida e o tempo de vida. São funções rítmicas, interessantes e
dos animais e das plantas. importantes de serem estudadas.
Criações de pequenos animais em sala de aula ofere- Para o estudo da reprodução nos vegetais, é conve-
cem oportunidades para que os alunos se organizem nos niente o cultivo daqueles com ciclo vital curto, que apre-
cuidados necessários à manutenção das criações, para a sentem flores, como as hortaliças, o feijão e a batata-
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realização de observações a longo prazo a respeito das -doce. Estuda-se a participação de insetos e pássaros na
características do corpo e dos hábitos dos animais sele- polinização, a formação dos frutos, sua variedade; condi-
cionados. Da mesma forma, o cultivo de plantas constitui ções de germinação e crescimento das sementes — in-
excelente oportunidade para que se trabalhe com os alu- fluência da luz, do calor, da água e do ar.
nos atitudes de valorização da vida em sua diversidade. Muito interessante é o trabalho com funções rítmi-
Criações ou cultivo de plantas podem ser feitos utilizan- cas nos vegetais: a frutificação de algumas plantas e as
do-se pequenos espaços e materiais de sucata, como la- estações do ano, a abertura e o fechamento de flores
ao longo do dia. Esse assunto permite que se construa
tas ou caixotes.

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a noção de que os vegetais (como todos os seres vivos) muito altos ou muito baixos. Qualquer traço diferente
apresentam funções que se repetem com o mesmo in- pode ser alvo das “brincadeirinhas”. É importante que
tervalo de tempo (funções rítmicas), ajustadas ao dia, à o professor incentive seus alunos a valorizarem as dife-
noite e às estações do ano (ciclos geofísicos). renças individuais, seja quanto à cor, à idade, ao corpo,
Vários temas de estudo sobre seres vivos podem ser seja quanto ao ritmo de aprendizagem ou às diferenças
realizados em conexão com o bloco “Ser humano e saú- socioculturais. O professor, trabalhando num clima de
de”, comparando-se características do corpo e do com- cooperação e solidariedade com sua classe, favorece a
portamento dos seres humanos aos demais seres vivos, autoestima e a formação de vínculos entre os integrantes
particularmente aos animais. Também podem ser explo- do grupo.
rados vínculos com o bloco “Recursos tecnológicos”, nas Ao investigar o ciclo de vida dos seres humanos o
questões relativas à produção de alimentos, medicamen- professor pode solicitar aos alunos que coletem algu-
tos, vestuário, materiais de construção, etc. mas figuras ou retratos de pessoas em diferentes fases
da vida: bebê, criança, jovem, adulto e idoso. A partir
Conteúdos para o primeiro ciclo referentes a fatos, dessa coleção, professor e alunos podem organizar um
conceitos, procedimentos, valores e atitudes: painel em que as diferentes idades sejam apresentadas
em sequência, construindo-se, assim, uma representação
• comparação de diferentes ambientes naturais e do ciclo de vida do ser humano. Essa representação se
construídos, investigando características comuns enriquece com figuras de mulheres grávidas, iniciando
e diferentes, para verificar que todos os ambien- novos ciclos.
tes apresentam seres vivos, água, luz, calor, solo e As mesmas figuras e fotos do painel permitem a in-
outros componentes e fatos que se apresentam de trodução da questão dos comportamentos, hábitos e ca-
modo distinto em cada ambiente; racterísticas do corpo nas diferentes idades. Como são
• comparação dos modos com que diferentes seres as pessoas? O que parecem estar fazendo? Como imagi-
vivos, no espaço e no tempo, realizam as funções nam o cotidiano delas: o que comem, como realizam sua
de alimentação, sustentação, locomoção e repro- higiene? Como se divertem e descansam? São questões
dução, em relação às condições do ambiente em que os alunos respondem revelando o que já conhecem
que vivem; e o que imaginam sobre os assuntos que se pretende
• comparação do desenvolvimento e da reprodução trabalhar.
de diferentes seres vivos para compreender o ciclo A questão das transformações no desenvolvimento
vital como característica comum a todos os seres envolve vários aspectos, alguns relativos à biologia do
vivos; ser humano, outros a hábitos — de asseio, de alimen-
• formulação de perguntas e suposições sobre os tação, de lazer — e outros, ainda, a valores associados à
ambientes e os modos de vida dos seres vivos; cultura e às escolhas realizadas por cada um.
• busca e coleta de informações por meio de obser- É importante que as crianças entrem em contato com
vação direta e indireta, experimentação, entrevis- a ideia de que a vida compreende a morte, parte do ciclo
tas, leitura de textos selecionados; vital da espécie humana e de todos os seres vivos.
• organização e registro de informações por meio de No primeiro ciclo os alunos podem conhecer as ca-
desenhos, quadros, esquemas, listas e pequenos racterísticas externas do corpo humano, comparando
textos, sob orientação do professor; crianças, adolescentes e adultos dos dois sexos. Podem
• interpretação das informações por intermédio do identificar as características gerais do corpo humano,
estabelecimento de relações, de semelhanças e di- que nos identificam como espécie, e as características
ferenças e de sequências de fatos; particulares de sexo, idade e etnia. É interessante, além
• utilização das informações obtidas para justificar de estabelecer comparações entre diferentes seres hu-
suas ideias; manos, compará-los a vários animais. A estrutura geral,
• comunicação oral e escrita de suposições, dados e revestimento do corpo, postura bípede, limites e alcan-
conclusões, respeitando diferentes opiniões. ces das formas de percepção do meio (aspectos relativos
aos órgãos dos sentidos) podem ser explorados. Consti-
Ser Humano e Saúde tuem-se assuntos que conectam este bloco temático ao
bloco “Ambiente”.
O bloco “Ser humano e saúde” aborda neste ciclo os É possível encontrarem dificuldade de diferenciar
primeiros estudos sobre as transformações durante o meninos e meninas pequenas, desde que vestidos; di-
crescimento e o desenvolvimento, enfocando-se as prin- ficuldade que deixa de existir na identificação de jovens
cipais características — relativas ao corpo, aos comporta- e adultos. O surgimento de pelos no rosto e no corpo,
mentos e às atitudes — nas diferentes fases da vida. Com crescimento muscular acentuado no homem, surgimento
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atenção especial, estudam-se as condições essenciais à de seios das meninas, mudanças na voz — diferente no
manutenção da saúde da criança, medidas de prevenção homem e na mulher —, enfim, todo o conjunto de carac-
às doenças infectocontagiosas, particularmente a AIDS, terísticas sexuais secundárias permite a distinção entre
aspectos também tratados nos documentos de Orienta- os dois sexos a partir da puberdade. São indicadores de
ção Sexual e de Saúde. transformações externas que acompanham o amadure-
Ao falar de assuntos relativos ao corpo humano, é fre- cimento interno, psíquico, fisiológico e anatômico, que
quente o surgimento, entre os alunos, de vergonha e de podem ser apontados aos alunos deste ciclo e se consti-
“brincadeiras” dirigidas aos mais gordos ou mais magros, tuem objeto de estudo a partir do segundo ciclo.

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Acompanham essas mudanças no corpo transforma- para a família e a comunidade cresce à medida que se
ções de comportamento e interesses, que variam segun- reconhece no idoso uma pessoa que pode produzir, que
do as diferenças culturais e merecem ser abordadas. tem projetos a realizar e necessidades que não podem
Também com relação aos comportamentos cabem ser esquecidas.
comparações entre os seres humanos e os demais ani- O enriquecimento do conhecimento do aluno sobre
mais. Essas comparações permitem identificar compor- as diferentes fases do ciclo vital e sobre as transforma-
tamentos semelhantes, como a alimentação dos filhotes, ções que ocorrem durante esse desenvolvimento pode
particularmente em aves e mamíferos, os cuidados com a ser alcançado por meio de busca e organização de in-
prole, alguns rituais de conquista e acasalamento, e esta- formações em fontes diversas: visitas ao posto de saú-
belecer diferenças nesses mesmos comportamentos que, de local, leituras que o professor realiza para seus alu-
nos seres humanos, são também aprendidos e impreg- nos e entrevistas com pessoas de diferentes idades da
nados pela cultura, mas guardam elementos do mundo comunidade.
animal ao qual pertencem.
É interessante verificar que bebês humanos, como os Junto com os alunos, o professor prepara as entre-
de outras espécies, são totalmente dependentes dos que vistas, organizando questões a respeito do cotidiano das
deles cuidam. A atenção que recebem, a alimentação e pessoas, no presente e no passado, de modo que as in-
o asseio especiais são determinantes de sua saúde e seu formações a serem obtidas sejam relevantes para a for-
desenvolvimento. mação da noção de transformação no desenvolvimento
Quanto à sua fase de desenvolvimento, a infância, os humano.
alunos podem verificar que, sob orientação dos adultos, O posto de saúde local, ou outro equipamento de
são capazes de cuidar de sua higiene, das tarefas esco- saúde, pode fornecer referências quanto aos cuidados
lares, de se alimentarem, de escolher as formas de lazer para a higiene e alimentação dos bebês, das crianças em
e de repousar. Isto é, na infância já existe relativa auto- idade escolar, dos jovens, dos adultos e dos idosos. Tam-
nomia. Durante esses trabalhos o professor incentiva os bém no posto de saúde, professor e alunos podem se
alunos a desenvolverem essas capacidades, valorizando informar sobre as verminoses, doenças muito frequentes
os modos saudáveis de alimentação, de cuidados com na infância, e sobre a AIDS: as formas de transmissão e
o corpo, de lazer e repouso, a organização e limpeza do de contágio, cuidados necessários para evitá-las e for-
espaço e dos materiais escolares, bem como a cultura e mas de tratamento do doente.
o conhecimento. Atenção especial deve ser dedicada ao Ao planejar os conteúdos deste tema, especial aten-
estudo da formação da dentição permanente e aos cui- ção deve ser dada às doenças e aos problemas de hi-
dados com os dentes. giene, saúde pessoal e ambiental que incidem sobre a
Ainda na infância inicia-se a tomada de consciência comunidade local.
acerca do esquema geral do corpo. A criança deve ser
incentivada a perceber seu corpo, limites e capacidades, Conteúdos para o primeiro ciclo referentes a fatos,
externar as sensações de desconforto e prazer, amplian- conceitos, procedimentos, valores e atitudes:
do sua capacidade de se expressar sobre o que sente,
percebe e deseja. • comparação do corpo e de alguns comportamen-
Acerca da juventude os alunos verificam a crescente tos de homens e mulheres nas diferentes fases de
independência e as acentuadas mudanças no corpo, sen- vida — ao nascer, na infância, na juventude, na
do momento de transição da infância para a vida adulta. idade adulta e na velhice — para compreender al-
Os alunos poderão compreender que essa é uma fase gumas transformações, valorizar e respeitar as di-
de muitas e fundamentais escolhas para a vida, com no- ferenças individuais;
vas responsabilidades e dificuldades a serem resolvidas. • conhecimento de condições para o desenvolvi-
É um momento de profundas modificações no corpo, no mento e preservação da saúde: atitudes e compor-
modo de se relacionar com o mundo, com sua sexualida- tamentos favoráveis à saúde em relação a alimen-
de e com o sexo oposto. A consciência do corpo que se tação, higiene ambiental e asseio corporal; modos
inicia na infância continua a se desenvolver e se amplia de transmissão e prevenção de doenças contagio-
nessa fase, o que é facilitado pelo incentivo do adulto. sas, particularmente a AIDS;
Sobre a vida adulta os alunos podem reconhecer a • comparação do corpo e dos comportamentos do
ser humano e de outros animais para estabelecer
conquista da autonomia e a ampliação das responsabili-
semelhanças e diferenças;
dades relativas ao trabalho, à família, à comunidade e a si
• elaboração de perguntas e suposições acerca das
próprio, a permanente necessidade de vínculos afetivos,
características das diferentes fases da vida e dos
cuidados com a higiene, alimentação, repouso e lazer.
hábitos de alimentação e de higiene para a manu-
Nessa fase da vida a consciência do corpo é significativa,
tenção da saúde, em cada uma delas;
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principalmente quando a pessoa adquiriu conhecimen-


• observação, representação e comparação das con-
tos básicos a esse respeito.
dições de higiene dos diferentes espaços habita-
Muito importante é a investigação sobre a velhice,
dos, desenvolvendo cuidados e responsabilidades
fase da vida geralmente apresentada como sinônimo
para com esses espaços;
de aposentadoria: sem trabalho, sem sonhos, sem ne-
• busca e coleta de informações por meio de leituras
cessidades pessoais, só doenças. É preciso reverter esse
realizadas pelo professor para a classe, interpreta-
quadro de valores, incentivando as crianças desde cedo
ção de imagens, entrevistas a familiares, pessoas
a valorizarem a experiência dos idosos, cuja importância
da comunidade e especialistas em saúde;

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• confrontação das suposições individuais e coleti- Portanto, crianças pequenas poderão trabalhar com
vas com as informações obtidas; temas bastante diversos para investigar os animais e os
• organização e registro de informações por meio de vegetais como recursos da natureza e as técnicas mais
desenhos, quadros, listas e pequenos textos, sob comuns utilizadas nessas explorações. Considerando a
orientação do professor; realidade local, o professor seleciona temas para investi-
• comunicação oral e escrita de suposições, dados e gações: estudar a vida dos vegetais e plantar uma horta;
conclusões, respeitando diferentes opiniões. estudar os peixes, entrevistar um pescador e organizar
visita ao mercado; estudar os derivados do leite e pes-
Recursos tecnológicos quisar as condições de vida de rebanhos leiteiros são al-
gumas das possibilidades.
A transformação da natureza para a utilização de Os estudos sobre transformações de materiais em
recursos naturais — alimentos, materiais e energia — é
objetos estabelecem possibilidades ricas para o desen-
inseparável da civilização. Produtos industriais ou arte-
volvimento das habilidades de observar, generalizar (sin-
sanais são partes do cotidiano. Depende-se de materiais
tetizar) e relacionar, por meio do ensino e aprendizagem
básicos, como minérios e madeira, do plantio, da criação
de animais, da pesca, assim como de uma enorme varie- dos procedimentos correlatos. Os alunos também pode-
dade de bens produzidos industrialmente — de roupas a rão verificar a existência de alguns fenômenos físicos e
veículos, de medicamentos a aparelhos. químicos representados pelas propriedades de condu-
Desde o primeiro ciclo os alunos poderão investigar ção elétrica e de calor pelos metais, a transparência dos
sobre os produtos que consomem, sobre as técnicas di- vidros, entre tantas outras que podem ser identificadas
versas para obtenção e transformação de alguns com- pela observação direta, pela experimentação ou pela
ponentes dos ambientes, que são considerados como busca de informação realizada pelo professor ou com
recursos naturais essenciais à existência. seu auxílio.
Alguns processos, por meio dos quais vegetais, ani- A exploração de materiais e objetos pode ser reali-
mais, materiais e energia são utilizados, podem ser estu- zada de diferentes modos. A observação direta no en-
dados realizando-se uma primeira aproximação da ideia torno — escola, casa, meios de transportes — possibilita
de técnica. a identificação de alguns objetos e os materiais de que
Não é possível nem desejável o estudo exaustivo so- são feitos.
bre todos os processos citados. O importante é a seleção Com a participação e sob incentivo do professor, os
e a investigação de alguns dos temas apontados, para alunos podem organizar coleções de objetos ou figuras
que o aluno se informe, de modo geral, sobre a origem de objetos que cumprem a mesma finalidade e são feitos
e os modos de obtenção de alguns alimentos, objetos de diferentes materiais: panelas (de barro e de alguns ti-
de consumo e energia. É recomendável, ao planejar essa pos de metal), calçados (de couro, plástico, tecido, etc.),
seleção, que o professor leve em conta as possibilida- colheres (de pau, metal ou plástico). Podem colecionar
des reais de realização de procedimentos de observação também objetos ou figuras de objetos diferentes fei-
e experimentação, bem como as visitas e utilização de tos com o mesmo material: coleções de objetos de pa-
diversas fontes de informação. Investigações das pro-
pel, de metal, de vidro, etc., e situá-los como produtos
duções de interesse local e regional cumprem muito
socioculturais.
bem esse papel. Os produtos regionais e os processos
A partir desses levantamentos, algumas relações po-
de produção podem ser comparados àqueles de outras
regiões, ou de outros tempos, possibilitando a amplia- dem ser traçadas quanto ao uso dos diferentes materiais
ção dos conhecimentos e a verificação da variedade de em objetos específicos, relacionando-se a conveniência
transformações. do material escolhido ao objeto elaborado e buscando
A utilização dos seres vivos como recursos naturais informações que permitam explicar por que se usa de-
pode ser abordada em conexão com o bloco “Ambiente”. terminado material para a confecção de certos objetos.
Por exemplo, com relação à utilização dos vegetais pelo Alguns experimentos são modos interessantes de
homem, focalizam-se seus possíveis usos como alimen- buscar informações para a verificação das propriedades
tos, remédios, tecidos, embalagens, fonte de materiais dos materiais. As relações de diferentes materiais com a
para a habitação, produção de papel e também como água, a luz, o calor; as alterações produzidas nos diferen-
combustível (carvão vegetal). Investigam-se técnicas que tes materiais pela ação de forças; as possibilidades de ser
possibilitam a obtenção e utilização desses recursos, tais ou não decomposto (“desmanchado”) quando enterrado
como extração ou cultivo das plantas que são alimento, no solo, são algumas possibilidades de investigação.
nas hortas, pomares e lavouras; a criação de animais em Os processos de transformação artesanal e industrial
granjas, viveiros e pastagens; a caça e a pesca, destacan- de materiais em objetos podem ser investigados utili-
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do-se as questões da pesca e da caça depredatórias. zando-se diferentes estratégias: trazendo para a escola
A produção e a manutenção de uma horta na escola trabalhadores de indústria ou de oficinas artesanais, rea-
serve ao estudo do ciclo vital e das características de di- lizando visitas previamente preparadas a locais de pro-
ferentes plantas; pode ser de grande valor para a forma- dução na região e realizando na escola pequenas oficinas
ção de atitudes de cooperação na realização de tarefas — marcenaria, cerâmica, reciclagem de papel. Também
e oferecer oportunidades de trabalhar a valorização da aqui a escolha dos temas de estudo é realizada toman-
máxima utilização dos recursos disponíveis para a obten-
do como referência processos importantes realizados na
ção de alimentos.
região.

72
Todo processo produtivo deve ser investigado con- • Identificar componentes comuns e diferentes em
siderando-se os materiais ou as matérias primas neces- ambientes diversos a partir de observações diretas
sárias, os instrumentos e as máquinas que operam as e indiretas.
transformações e suas etapas. A partir desses pontos
básicos, o professor poderá elaborar com seus alunos Com este critério pretende-se avaliar se o aluno, utili-
questões para entrevistas, roteiro para visitas e planejar zando dados de observação direta ou indireta, reconhece
oficinas de produção de objetos na escola, com apoio que todo ambiente é composto por seres vivos, água,
da comunidade. As informações coletadas pelos alunos, ar e solo, e os diversos ambientes diferenciam-se pelos
sob orientação desses pontos básicos, são registradas na tipos de seres vivos e pelas características da água e do
forma de desenhos com legendas para os materiais e ins- solo.
trumentos, e desenhos com legendas sequenciados para
as transformações. • Observar, descrever e comparar animais e vegetais
É importante que, ao lado do conhecimento sobre a em diferentes ambientes, relacionando suas carac-
utilização dos recursos naturais, os alunos recebam al- terísticas ao ambiente em que vivem
gumas informações acerca das consequências da prática
predatória ambiental. Tais informações contribuem para Com este critério pretende-se avaliar se o aluno é
o início da formação de atitudes de preservação do meio capaz de identificar características dos seres vivos que
ambiente. permitem sua sobrevivência nos ambientes que habitam,
utilizando dados de observação.
Conteúdos para o primeiro ciclo referentes a fatos,
conceitos, procedimentos, valores e atitudes: • Buscar informações mediante observações, experi-
mentações ou outras formas, e registrá-las, traba-
• investigação de processos artesanais ou industriais lhando em pequenos grupos, seguindo um roteiro
da produção de objetos e alimentos, reconhecen- preparado pelo professor, ou pelo professor em
do a matéria-prima, algumas etapas e característi- conjunto com a classe.
cas de determinados processos;
Com este critério pretende-se avaliar se o aluno, ten-
• conhecimento de origens e algumas propriedades
do realizado várias atividades em pequenos grupos de
de determinados materiais e formas de energia,
busca de informações em fontes variadas, é capaz de
para relacioná-las aos seus usos;
cooperar nas atividades de grupo e acompanhar ade-
• formulação de perguntas e suposições sobre
quadamente um novo roteiro.
os processos de transformação de materiais em
objetos;
• Registrar sequências de eventos observadas em
• busca e coleta de informações por meio de obser-
experimentos e outras atividades, identificando
vação direta e indireta, experimentação, interpre-
etapas e transformações.
tação de imagens e textos selecionados;
• organização e registro de informações por inter- Com este critério pretende-se avaliar a capacidade do
médio de desenhos, quadros, esquemas, listas e aluno de identificar e registrar sequências de eventos —
pequenos textos; as etapas e as transformações — em um experimento ou
• interpretação das informações por meio do esta- em outras atividades.
belecimento de regularidades e das relações de
causa e efeito; • Identificar e descrever algumas transformações do
• utilização das informações obtidas para justificar corpo e dos hábitos — de higiene, de alimentação
suas ideias; e atividades cotidianas — do ser humano nas dife-
• comunicação oral e escrita de suposições, dados e rentes fases da vida.
conclusões, respeitando diferentes opiniões.
Com este critério pretende-se avaliar se o aluno rela-
Critérios de avaliação de Ciências Naturais para o ciona os hábitos e as características do corpo humano a
primeiro ciclo cada fase do desenvolvimento e se identifica as transfor-
mações ao longo desse desenvolvimento.
Os critérios de avaliação estão referenciados nos ob-
jetivos, mas, como se pode notar, não coincidem inte- • Identificar os materiais de que os objetos são fei-
gralmente com eles. Os objetivos são metas, balizam e tos, descrevendo algumas etapas de transforma-
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orientam o ensino, indicam expectativas quanto ao de- ção de materiais em objetos a partir de observa-
senvolvimento de capacidades pelos alunos ao longo de ções realizadas
cada ciclo. Sabe-se, porém, que o desenvolvimento de
todas as capacidades não se completa dentro da dura- Com este critério pretende-se avaliar se o aluno é ca-
ção de um ciclo. Assim, é necessário o estabelecimento paz de compreender que diferentes materiais são empre-
de critérios de avaliação que indiquem as aprendizagens gados para a confecção de diferentes objetos. Pretende-
imprescindíveis, básicas para cada ciclo, dentro do con- -se avaliar também a capacidade do aluno de descrever
junto de metas que os norteia. as etapas de transformação de materiais em objetos.

73
Apesar dos inúmeros avanços tecnológicos a socie- Antes de se lançar ao processo produtivo, ele pensa, ra-
dade ainda não conseguiu ficar independente dos recur- ciocina e, de alguma maneira, prevê o resultado que terá
sos naturais. Desde a fase primitiva, nômade, quando o o seu esforço.
homem tinha uma relação de dependência total, pois a Esse trabalho transformou a natureza em diferentes
natureza era vista como fonte de alimento. Depois o ho- paisagens, no transcorrer do tempo. Configurando-se os
mem passa ao hábito sedentário criando novas habilida- modos pelos quais as diferentes culturas, nas diferentes
des tecnológicas, no intuito de dominar progressivamen- épocas, se relacionaram com o natural, ou seja, a explo-
te à natureza, ou seja, libertar-se da estreita dependência ração dos recursos naturais, “a natureza vai registrando,
que obriga todas as demais espécies de seres vivos a incorporando a ação do homem, dele adquirindo dife-
buscarem na natureza, locais com condições favoráveis rentes feições do respectivo momento histórico.
de vida. Talvez esse relacionamento com a natureza tenha
sido engendrado deste a revolução científica, no século
O sedentarismo foi o terreno fértil para iniciar o con-
XVI, baseado no modelo de racionalidade, ostentando
trole da natureza, porém em um ritmo ainda lento, de
a separação entre a natureza e o ser humano, “a ciên-
uma relação harmoniosa. Mas as sociedades evoluíram cia fará da pessoa humana o senhor e o possuidor da
com a história, sendo que o grande problema da civiliza- natureza”.
ção moderna, industrial e tecnológica foi, talvez, de não Sem dúvida, a mecânica newtoniana e o racionalismo
ter percebido que ainda dependia da natureza. cartesiano impuseram um ritmo mecânico da natureza,
O homem quer queira quer não, depende da existên- o mundo da máquina, decomposto em elementos, em
cia de uma natureza rica, complexa e equilibrada em tor- partes, resultando numa visão de mundo marcado pelo
no de si. Ainda que ele se mantenha isolado em prédios determinismo mecanicista, o qual é afirmado no filme
de apartamentos, os ecossistemas naturais continuam “Ponto de Mutação”, quando os atores conversam sobre
constituindo o seu meio ambiente. A morte desses ecos- a máquina, o relógio, na cena do relógio na torre de um
sistemas representará a morte do planeta. castelo. Esses personagens apresentaram a concepção
Assim, a procura em romper essa dependência com de Descartes em relação ao mecanismo da vida compa-
a natureza, ocasionou várias interferências da sociedade rando ao relógio.
de uma forma não cíclica, mas contínua e/ou desorde- Assim, comparou o corpo dos animais a um relógio
nada que, ora introduz elementos estranhos, ora retira composto de rodas e molas e estendeu essa comparação
elementos essenciais do sistema, provocando os impac- ao corpo humano: considero o corpo humano uma má-
tos ambientais. quina o homem doente é um relógio mal fabricado e o
Em busca dessa ruptura na dependência homem/ homem saudável a um relógio bem-feito a concepção da
natureza as sociedades, baseada no seu modo de pro- natureza como uma máquina perfeita, governada por leis
dução, apresentaram vários discursos ambientais, sendo matemáticas exatas.
alguns baseados na preservação total da natureza, os Nessa cena ficaram expressos os dois aspectos da fi-
preservacionistas ou ambientalistas, outros no uso ra- losofia cartesiana: o caráter pragmático, a natureza é vis-
ta simplesmente como um recurso e o antropocentrismo,
cional dos recursos naturais, o ecodesenvolvimento ou
o homem como centro do mundo.
desenvolvimento sustentável e outros.
Esse pensamento reforçou as ideias mercantilistas,
Nesse contexto do discurso ambiental são apresen- onde o colonialismo foi o senhor e possuidor do mun-
tadas algumas formas de discursos da sociedade ociden- do, consagrando a capacidade humana de dominar a
tal, baseada no modo de produção capitalista. É claro natureza.
que seria uma tarefa muito árdua querer estabelecer e A Revolução Industrial reforçou a ruptura dos dog-
determinar todos esses discursos. Dessa forma foram fei- mas religiosos, a visão de natureza sagrada, enfatizan-
tos alguns recortes, sendo que primeiro será discutida do-a como algo concreto, cada vez mais um objeto a ser
a relação natureza/natural e homem/sociedade, depois possuído e dominado pelo homem.
são apresentados alguns discursos, como: o discurso da Essa decomposição da natureza é o reflexo da supe-
crise ambiental, o discurso dos ecologistas, o discurso do rioridade imposta pela sociedade. O excessivo domínio
ecodesenvolvimento, o discurso da natureza como pa- do homem sobre o natural por meio do progresso, re-
trimônio de todos, os discursos do medo ecológico e o sultando na dicotomia homem-natureza. Hoje, a socie-
discurso da Universidade. dade vigente questiona essa ação, pois foi imposto um
ritmo acelerado em nome do desenvolvimento econô-
Relação natureza/natural e homem/sociedade mico, desconsiderando que as partes formam o todo e
quando uma parte não é considerada pode ocasionar
Os conceitos de natureza/natural e de homem/socie- mudanças, as quais foram denominadas por muito tem-
dade tiveram várias mudanças no transcorrer da história po como catástrofes, sendo muitas vezes resultantes das
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da humanidade. Esses conceitos foram criados pela evo- ações humanas.


lução do homem, enquanto sociedade, transformando o
espaço vivido, o natural e a natureza através do trabalho. O discurso da crise ambiental.
O trabalho é a aplicação, sobre a natureza, da ener-
O processo histórico estabeleceu uma relação socie-
gia do homem, diretamente ou como prolongamento do
dade e natureza, a qual foi determinada pelo ritmo do
seu corpo através de dispositivos mecânicos, no propósi-
desenvolvimento econômico, em cada fase, avançando a
to de reproduzir a sua vida e a do grupo... pois, o homem
degradação ambiental.
é o único que reflete sobre a realização de seu trabalho.

74
A crise ambiental de nossos dias, ao se constituir no (Suécia), a qual proclamava, segundo Rodrigues “o di-
próprio retrato da modernidade, coloca em evidência as reito universal de todos os povos aos recursos naturais
mazelas da racionalidade, e reforça que nada é conside- da Terra”.
rado mais moderno, do que a atual obsessão pela tecno- Essa Conferência buscou soluções técnicas para as
logia e os seus efeitos sobre a vida humana. desigualdades sociais e econômicas entre o Primeiro e o
Para os autores foi em nome da tecnologia a qual- Terceiro Mundo, como também a preocupação com os
quer custo que se desenvolveu uma dominação da natu- índices de poluição e a escassez dos recursos naturais.
reza pelo homem, separando este último cada vez mais No entanto, para atingirem esses objetivos foram apre-
do controle do processo produtivo, ou seja, o desen- sentadas duas propostas: a primeira, o crescimento eco-
volvimento capitalista baseado no progresso destruiu e nômico a qualquer custo para eliminar as desigualdades
criou várias formas de apropriação da natureza enquanto entre os dois Mundos, defendida pelo Terceiro Mundo e
mercadoria. a última, o crescimento zero, pois qualquer crescimen-
O discurso do progresso, desde a Revolução Indus- to econômico e populacional comprometeria mais a es-
trial, foi apresentado como sinônimo de prosperidade cassez dos recursos naturais, defendidas pelo Clube de
e de bem-estar aos homens que, no entanto, nos dias Roma e pelos países do Primeiro Mundo. Como resulta-
atuais, a sociedade toma consciência da sua participa- do foi estabelecido o Programa das Nações Unidas sobre
ção na destruição dos recursos naturais e o aumento dos o Meio Ambiente e o aumento dos movimentos ambien-
riscos globais, comprometendo a vida no planeta Terra. tais e ecológicos.
Essa tomada de consciência baseada desde o “pen- O Relatório da Comissão Mundial sobre o Meio Am-
samento ecológico” apresenta uma nova crise de visão biente e Desenvolvimento conhecido como o relatório
do mundo, devido ao modelo econômico industrial que Brundtland de 1987 (“Nosso Futuro Comum”), afirma
separou o homem da natureza. Precisamos de um novo que as desigualdades é o maior problema ambiental e a
paradigma que contrapõe esse desenvolvimento, ou seja, pobreza é a causa e o efeito dos problemas ambientais.
analisar o mundo enquanto organismo vivo, um sistema. Dessa forma, apresentou uma proposta de desenvolvi-
O pensamento ecológico não criticava apenas o mento, capaz de manter o progresso humano no planeta
crescimento do modo de produção, mas o modo de vida, inteiro para as próximas gerações, denominado como
o questionamento das condições presentes de vida, con- “Desenvolvimento Sustentável”, o qual foi ponto princi-
forme abordado a seguir. pal para a ECO’92, ou RIO’92.
Para atingir o desenvolvimento sustentável é neces-
O discurso dos ecologistas sário retomar a crescimento econômico; alterar a qua-
lidade do desenvolvimento; atender às necessidades
O fato que marcou o discurso ambiental estava atre- essenciais de emprego, alimentação, energia, água e
lado ao movimento ecológico, que emergiu no final da saneamento; manter um nível populacional sustentável;
década de 60 do século XX, enquanto movimento social conservar e melhorar a base de recursos; reorientar a tec-
que buscava condições para sustentação da vida no pla- nologia e administrar o risco; incluir o meio ambiente e a
neta e contestava o modo de vida industrial. economia no processo de tomada de decisões. Só assim,
Na França, esse movimento ganhou força junto a afirmam, se tingirá o desenvolvimento sustentável con-
profecia do Clube de Roma a respeito do esgotamento siderado como aquele que atende às necessidades do
dos recursos naturais, da crise do petróleo e do movi- presente sem comprometer a possibilidade das gerações
mento antinuclear. futuras atenderem a suas próprias necessidades.
Assim, os ecologistas eram os defensores do meio O desenvolvimento sustentável não foi negociado na
ambiente, formados por cientistas, tecnocratas e pessoas ECO’92, poucas metas foram fixadas e poucos prazos fo-
adeptas a um projeto alternativo e, às vezes, radical, bus- ram estabelecidos para a Convenção sobre as Mudanças
cando o direito a um melhor meio ambiente cotidiano, Climáticas, Convenção da Biodiversidade, Protocolo das
ou seja, a humanização do crescimento econômico. No Florestas, Carta da Terra e Agenda 21, devido à crise nes-
entanto, este movimento não passou de um fenômeno se período entre Leste (União Soviética) e o Oeste (Guer-
de “moda e de revolta idealista” perante os problemas ra do Golfo), reforçando que as alterações econômicas e
econômicos e energéticos mundiais. sociais e o preço do petróleo são mais importante que o
No Brasil, o movimento ecológico surgiu na década meio ambiente.
de 70 do século XX sob duas bases: a primeira na presen- No entanto, a Conferência permitiu a organização
ça do Estado interessado nos investimentos estrangeiros, social por meio do Fórum das Organizações Não-Gover-
os quais só eram enviados se o país adotasse medidas namentais e Movimentos Sociais, denominado “Fórum
preservacionistas; a última pelos movimentos sociais Global”. Este buscava um novo paradigma para a relação
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gaúchos e fluminenses com a contribuição dos exilados da sociedade com a natureza, como aponta Rodrigues.
políticos que chegaram ao Brasil na década de 70 do sé- A declaração final das ONGs destaca: tomamos cons-
culo XX, um movimento político ou filosófico que tem ciência da contradição existente nesse modelo de civili-
como uma de suas principais características as preocupa- zação dominante iníquo e insustentável, construído sob
ções ambientais, reivindicando e legitimando-as. o mito do crescimento ilimitado e sem levar em conside-
A legitimação dessas preocupações ambientais foi ração a finitude da Terra. Entendemos, por isso, que a sal-
reforçada pela Conferência das Nações Unidas sobre vação do planeta e de seus povos, de hoje e de amanhã,
o Meio Ambiente, realizada em 1972, em Estocolmo requer a elaboração de um novo projeto civilizatório,

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fundado sob uma ética que determine e fundamente áreas naturais protegidas em territórios já ocupados por
limite, prudência, respeito à diversidade, solidariedade, sociedades tradicionais (pessoas já pré-existentes nessa
justiça e liberdade. localidade), mostrando uma usurpação de seus direitos a
O Fórum Global representou o marco da força in- terra. Isso implica na impossibilidade de continuar exis-
ternacional da sociedade civil e também elaborou pro- tindo como grupo com determinada cultura, de retirar
postas de ações conjuntas para várias questões, como: sua subsistência, pois hoje seus produtos são determina-
agricultura, questão urbana, educação ambiental, dívida dos como produtos de exploração ilegal, os quais antes
externa, manejo de resíduos sólidos e tóxicos, biotecno- eram considerados legais.
logias, dentre outras. Outro discurso é a necessidade da criação de es-
paços públicos em benefício da nação, como a criação
O discurso do ecodesenvolvimento de áreas naturais protegidas sem população, sendo o
Estado representante dos interesses das populações ur-
O grande problema da civilização moderna, indus- bano-industriais. Isso representa os espaços para lazer,
trial e tecnológica é, talvez, o de não ter percebido que ou chamado “contato com a natureza selvagem”, ou,
ainda depende da natureza. Assim, por muito tempo a ainda, segundo uma versão mais moderna, a proteção à
palavra de ordem foi o desenvolvimento a qualquer biodiversidade.
custo, o que ocasionou profundas mazelas ao meio am- No entanto, em nome da biodiversidade os discursos
biente, as sociedades modernas foram longe demais ao diferem. Quando há planejamento de instalação de gran-
pretender, graças aos seus poderosos meios técnicos, des projetos, hidrelétricos e minerais, a população local é
moldar a natureza em função unicamente de critérios de expulsa em nome do desenvolvimento, ou também é ex-
rentabilidade. pulsa para a criação de áreas de proteção restrita. No pri-
Mas a procura de rever as atitudes maléficas oca- meiro momento é o desenvolvimento que define as re-
sionadas pelo desenvolvimento econômico resultou na gras da natureza, no segundo também, pois em nome do
procura do desenvolvimento harmônico, ou seja, o ho- desenfreado desenvolvimento ocorreram necessidades
mem no processo de produção respeitar as leis de fun- de proteção da natureza, ou criação de “áreas verdes”.
cionamento da natureza. Esta organização harmônica, Outro agente é apropriação dos espaços de bem pú-
denominada pelos ecologistas como ecodesenvolvimen- blico (praias, margens de rios e lagos, serras e outros)
to, consiste na transformação racional do meio ambiente pelos grupos imobiliários, através dos condomínios fe-
em benefício do ser humano e do próprio meio, pois a chados, criando dessa forma, um uso restrito do espa-
visão conservacionista é insuficiente para manter o equi- ço comum com concordância do poder público, Nação,
líbrio natural dos processos do meio ambiente. Estados e Municípios, principalmente com a construção
Contudo, reforça a ideia que o aumento da produ- das infra-estruturas.
ção não constitui o modo de viver melhor da sociedade, Outro discurso é a indústria do turismo, a qual fez da
apresentando uma retomada de consciência baseada nas natureza seu objeto, o chamado “turismo ecológico”, em
ideias da ecologia em que os usos extremos podem le- que as áreas protegidas e intocadas passam a ser local de
var a destruição da natureza e a degradação do meio um turismo selvagem simplesmente.
ambiente. Assim, esses discursos representam a forma de apro-
Hoje os bancos internacionais patrocinam os proje- priação do espaço em nome da construção de patrimô-
tos ambientais para conquistar uma imagem ecológica, nio natural, da proteção à natureza, representada, é claro,
como os industriais no rótulo do eco-industriais procu- pela sociedade vigente, a força mais profunda que movi-
rando vender os produtos saúde, ou seja, os orgânicos. menta o homem e faz com que invente novas formas de
Essa foi uma das partes que mais cresceu na economia sociedade é sua capacidade de mudar suas relações com
de alimentos, além dos produtos biodegradáveis, pois a a natureza, ao transformá-la.
natureza precisa ser preservada.
O discurso do medo ecológico
O discurso da natureza como patrimônio de todos
Tantas foram as preocupações mundiais que asso-
A população com medo das catástrofes e o reconhe- laram nesse final de século e até hoje vigentes, sendo
cimento da vulnerabilidade da natureza, discursa sobre a que as ameaças das catástrofes ecológicas planetárias
proteção da natureza e a salvaguarda dos ecossistemas e ganharam expressão notória. Assim, o fenômeno das
do grande equilíbrio planetário. Preocupações essas que catástrofes ecológicas reflete o medo ecológico, o sinal
hoje remetem a apelos solenes para fazer da natureza do fim da Terra, notícias que ganham expressão com a
um bem universal comum, um patrimônio comum da mídia por meio da televisão, jornal falado e escrito, revis-
humanidade. tas científicas ou sensacionalistas. Enfim, é um modismo,
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Com ênfase a essas preocupações quase voltaram ao mas baseado em descobertas sobre a relação selvagem
conceito da “natureza sagrada” na época medieval. Mas da sociedade com o meio ambiente, através do desen-
a sociedade moderna criou outras formas de representa- volvimento econômico dicotômico.
tividade da natureza, como as áreas protegidas, o espaço Não podemos deixar de considerar que se expan-
comunitário e o espaço público. dem, cada vez mais, os inúmeros cenários das catástrofes,
No entanto, essas formas de representatividade cria- como exemplo o agravamento da poluição na atmosfera.
ram mais contradições do que soluções para a relação Para esse agravamento foram apresentados três atores:
homem-natureza, pois muitas vezes ocorre a criação de primeiro ator as chuvas ácidas, ocasionadas devido à

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concentração de gases e poeiras na atmosfera; segundo no futuro bem-estar da humanidade, não somente no
o buraco da camada de ozônio devido à emissão do clo- desenvolvimento econômico. Assim, a divulgação é fun-
ro-flúor-carbono (CFC) pelos circuitos de refrigeração e o damental, nos diversos meios de comunicação, como a
último o efeito estufa, provocado pelo excesso de gases maioria da população fica diante da televisão, isto não
na atmosfera, aumentando as temperaturas médias da significa diminuir esse tempo, mas utilizá-lo como porta-
Terra. -voz das pesquisas ambientais desenvolvidas.
Nesse contexto sobre o aquecimento da Terra, os Nesse sentido é fundamental desenvolver um méto-
estudos sobre o clima ganharam expressão através dos do de divulgação do conhecimento ambiental para a so-
eventos nacionais e internacionais, principalmente no ciedade, a comunidade acadêmica precisa ter uma pre-
Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas disposição de levar a informação à população, de modo
(IPCC), criada em 1988 pela Organização das Nações Uni- a possibilitar ao maior número de pessoas o acesso ao
das (ONU) e Programa das Nações Unidas para o Meio conhecimento.
Ambiente (PNUMA). A relação homem/natureza ou sociedade/natureza
Também temos outras formas de poluição, como: a configura-se os modos pelos quais as diferentes culturas,
questão dos resíduos sólidos nas cidades, pois hoje nossa nas diferentes épocas, se relacionaram com o natural, ou
população é essencialmente urbana; os resíduos tóxicos seja, a exploração dos recursos naturais. Embora os dis-
provocados pelas indústrias e as técnicas na agricultura, cursos ambientais sejam variados, foi o desenvolvimento
principalmente da utilização de agrotóxicos e fertilizan- econômico que engendrou os diferentes discursos am-
tes em busca do aumento da produtividade; e a perda da bientais, pois a relação sociedade/natureza é uma forma
biodiversidade pela apropriação inadequada dos gran- de materialização do modo de produção.
des biomas, principalmente as áreas que deveriam ser Temos necessidade de conceber uma nova relação
disponibilizadas para a averbação de área ambiental e as sociedade/natureza e não simplesmente mudar de modo
Áreas de Proteção Permanente (APPs). de produção, pois existem outros modos de produção,
O medo ecológico atingiu a opinião pública mundial, mas possuem os mesmos problemas. É necessário pro-
já sensibilizada pelas catástrofes ecológicas mostran- curar desenvolver formas de apropriação que conside-
do que a ciência e a técnica podem se voltar contra a rem o ecossistema como um todo, ou o ambiente.
humanidade. Talvez o nosso grande desafio seja apresentar novos
A era otimista do crescimento em um desenvolvi- discursos ambientais que efetivamente trabalhe o siste-
mento linear do progresso parece hoje encerrada desde ma como um todo. Texto adaptado de MARIANO, Z. F
que uma grande parte dos habitantes das sociedades et al.
modernas tomou consciência de sua dependência em
relação aos equilíbrios fundamentais da natureza. FONTES DE ENERGIA NO MUNDO

O discurso da universidade A questão energética tem um significado bastan-


te relevante no contexto das temáticas ambientais e da
Os grandes avanços tecnológicos tiveram suas fun- busca do desenvolvimento sustentável. Na verdade, esta
damentações no conhecimento científico, na maioria, questão tem influenciado, sobremaneira, as mudanças
resultados de pesquisas originadas nas Universidades. de paradigmas, principalmente, por dois motivos. Primei-
Assim, a Universidade gera conhecimento para a prática ro, porque o suprimento de energia é considerado uma
dilapidadora, mas também é o lugar de denúncia e de das questões básicas para o desenvolvimento econômi-
conscientização. co. Portanto, é comum que a questão energética, assim
No início, as questões ambientais foram abordadas como aquelas associadas a outros setores de infra-es-
como assuntos dispersos em departamentos isolados, trutura, como o de transporte e o de telecomunicações,
pois em alguns locais a pesquisa universitária articula-se faça parte da agenda estratégica de todo e qualquer país.
diretamente com as demandas do Estado e com projetos Segundo, porque vários desastres ecológicos e humanos
das corporações particulares, em outros ergueram ver- das últimas décadas têm relação íntima com o suprimen-
dadeiras lutas ambientalistas. to de energia, oferecendo, assim, motivação e argumen-
Hoje, esse quadro diferencia-se, pois as pesquisas tos em favor do desenvolvimento sustentável.
ambientais ocupam o terceiro lugar entre os principais
setores de atividade de pesquisa do país, equivalente a Para que o setor energético brasileiro se torne sus-
22% do total. Também outro ponto é a criação de no- tentável, é necessário que seus problemas sejam abor-
vos cursos na área ambiental (Engenharia ambiental) no dados de forma abrangente, incluindo não apenas o de-
aumento dos programas de pós-graduação na área am- senvolvimento e a adoção de inovações e incrementos
biental (Direito ambiental) e em vários setores dos meios tecnológicos, mas também importantes mudanças que
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de comunicações. vêm sendo implementadas em todo o mundo. Essas


Mas, produzir conhecimento com novas tecnolo- mudanças envolvem de um lado, políticas que tentam
gias inovadoras, no intuito de estreitar as relações da redirecionar as escolhas tecnológicas e os investimentos
natureza e homem, necessita que as Universidades dis- no setor, tanto no suprimento quanto na demanda, bem
tribuam bem essas informações para a sociedade, para como o comportamento dos consumidores. De outro
essas utilizá-las. É claro que necessitamos de um projeto lado, importantes ações estruturais têm transformado
maior, não apenas por setor, como saneamento básico, completamente os sistemas operacionais e os merca-
saúde, despoluição e outros, mas um projeto pensando dos de energia, como: quebra de monopólios estatais,

77
abertura do setor para investidores privados e maior integração dos sistemas de produção e distribuição, de forma a
aumentar a flexibilidade de suprimento, a diversificação e a regulamentação e fiscalização voltadas aos interesses dos
consumidores. Tais ações são impostas e aceleradas por forças do atual cenário mundial de globalização do mercado,
embora apresentem formas diversas em cada país.
Cerca de 30% a 40% da energia usada no mundo apresenta-se na forma de eletricidade, o que indica a grande im-
portância da eletricidade no mundo atual. Além disso, verifica-se uma tendência para o aumento dessa participação no
consumo energético futuro, o que se deve, principalmente, a algumas características desse tipo de energia, quais sejam:

• flexibilidade e confiabilidade;
• alternativas variadas para produção ambientalmente limpa;
• limpeza nos usos finais;
• tecnologia bem dominada e em franco desenvolvimento;
• fácil integração às novas tendências e tecnologias de globalização, descentralização, informação e maior eficiên-
cia; e
• aptidão para fornecer os principais serviços de energia desejados na sociedade atual.A importância da energia
elétrica no contexto energético global, somada às avaliações e análises apresentadas anteriormente, mostra
que o setor elétrico é parte fundamental de qualquer estratégia visando ao desenvolvimento sustentável da
humanidade.

Para que se encontrem alternativas para a transição do setor elétrico que satisfaçam o novo paradigma, é funda-
mental que se entendam e se levem em conta as características do setor, desde a sua importância no cenário de de-
senvolvimento até suas características institucionais próprias. Só assim será possível planejar mudanças que possam ser
apropriadamente assimiladas pelos atores internos e externos do processo, ou seja, profissionais e agentes do setor e
usuários. Só assim, será possível suprir as novas necessidades do setor em termos de bases regulatórias e institucionais
ou de conhecimentos tecnológicos no novo contexto de interface entre sistemas humanos e natureza.

#FicaDica
No Brasil, tanto o licenciamento quanto a avaliação de impacto ambiental representam importante avanço
institucional para a gestão do meio ambiente, apesar das dificuldades técnicas, financeiras e de pessoal
com que a administração pública vem se defrontando ao longo dos últimos anos, especialmente as en-
tidades de meio ambiente. De modo geral, a implementação do licenciamento, principalmente das ativi-
dades submetidas à avaliação de impacto ambiental, ressente-se dos problemas de capacitação técnica
e administrativa dos órgãos e instituições de meio ambiente, o que envolve desde a carência de quadros
profissionais até a exiguidade de recursos. Todas essas deficiências se refletem na lentidão dos processos
de licença e no desempenho das tarefas de orientação e revisão dos estudos de impacto ambiental.

A formulação de uma política energética para o país, pautada em objetivos múltiplos devidamente hierarquizados,
será, provavelmente, condição sine qua non para a valorização de novas potencialidades. Nesse contexto, situam-se as
fontes renováveis de energia, cujo potencial representa o dobro da energia global primária consumida em meados da
década de 1970.

Fontes primárias de energia

As fontes primárias de energia são aquelas disponíveis tais como se encontram na natureza e que não sofreram
ainda qualquer conversão. Esses sistemas atuam de modos diferentes, e algumas dessas diferenças são essenciais para
a saúde do homem e para o futuro do Planeta. No mundo moderno, oito grandes fontes primárias são utilizadas para
produzir energia útil, a partir de diferentes processos:

a) combustíveis fósseis;
b) elementos radioativos;
c) recursos hídricos;
d) ventos;
e) radiação solar;
f) biomassa;
GEOGRAFIA DO BRASIL

g) geotérmicas (magma, lava e gêiseres); e


h) oceanos.

Fontes de energia não-renováveis

Quando se utilizam como matéria-prima elementos que irão se esgotar na natureza ou que sejam de difícil renova-
ção, levando séculos ou milênios para serem recompostos, diz-se que é uma fonte de energia não-renovável. Isso sig-
nifica que, talvez, a sociedade nunca mais poderá utilizar aquela fonte de energia. Duas das principais fontes primárias
de energia classificadas como não-renováveis: os combustíveis fósseis e elementos radioativos.

78
a) Combustíveis fósseis Os cientistas calculam que existam no planeta cerca de 8
trilhões de toneladas de carvão explorável. Quando essas
Combustíveis fósseis são fontes de energia não-re- jazidas tiverem se esgotado, há que se esperar mais 300
nováveis baseadas em combustíveis que se formaram na milhões de anos para se obter carvão novamente.
natureza durante um longo processo de decomposição O consumo desses combustíveis fósseis responde
de vegetais e microorganismos. Nesta categoria, como pela maior parte da poluição ambiental. O Gráfico abaixo
principais exemplos, podem-se citar: petróleo, gás natu- mostra a porcentagem das emissões dos cinco poluentes
ral e carvão mineral. mais importantes emitidos pelo consumo de combustí-
O petróleo é um combustível fóssil que, como o gás veis fósseis.
natural e o carvão mineral, foi formado a partir da de-
composição de matéria orgânica, como plantas, animais Percentual de emissão dos cinco principais poluentes
e microorganismos, em um processo que durou milhões
de anos. Em função de seu alto valor comercial, o pe-
tróleo, também conhecido como “ouro negro”, tem sido
motivo de vários conflitos nos últimos cem anos. Atual-
mente, um terço de toda a energia utilizada no mundo
provém deste combustível, a partir do qual se produzem,
nas refinarias e nas indústrias petroquímicas, vários sub-
produtos como gasolina, diesel, querosene, GLP, óleos e
graxas, bem como plásticos, tintas, vernizes, pesticidas,
adubos e até cosméticos. Segundo alguns pesquisado-
res, se for mantido o atual nível de consumo, as reservas
comprovadas de petróleo no mundo serão suficientes
para quarenta anos apenas. A energia elétrica também
pode ser produzida por meio da utilização dos derivados b) Energia nuclear
do petróleo, principalmente, com o uso de grandes mo-
tores-geradores ou usinas termelétricas, corresponden- A energia nuclear é não-renovável, porque depende
do a cerca de 10% de toda a energia elétrica gerada no de combustíveis nucleares, como o urânio, que estão
mundo. Um dos problemas da queima de derivados de presentes na natureza em quantidades finitas. A pri-
petróleo é a emissão de dióxido de carbono (CO2), me- meira reação nuclear em cadeia controlada foi realiza-
tano (CH2) e óxido nitroso (NO2), gases que contribuem da por Enrico Fermi, em 1942. Com essa experiência, a
para o efeito estufa. O gás natural pode substituir outros humanidade entrava em uma nova etapa na história do
combustíveis fósseis, com a vantagem de ser mais barato aproveitamento de energia e dos riscos ambientais. Se
e menos poluente. nos combustíveis fósseis a energia é química, na energia
O gás natural é constituído, principalmente, de me- nuclear a origem do grande potencial energético está no
tano e etano, diferentemente do gás de botijão (gás li- átomo. Os cientistas Antoine-Henri Becquerel, Pierre e
quefeito de petróleo), proveniente de refinarias, que é Marie Curie descobriram que alguns elementos, como o
constituído de propano e butano. Apesar de ser um com- rádio e o urânio, emitem naturalmente energia, em for-
bustível de uso comercial relativamente recente, o gás ma de radiação. Outros cientistas descobriram que era
natural está presente no dia-a-dia do homem há mais de possível aproveitar essa atividade natural, chamada por
mil anos. Sua produção e consumo são cada vez maiores, isso, de radioatividade. Para tal, seria necessário acelerar
devendo se tornar um dos combustíveis mais utilizados o processo de emissão de energia. Dois sistemas são co-
nas próximas décadas. O gás natural é uma alternativa nhecidos: a fissão e a fusão. Na fissão, o centro do áto-
para a produção de eletricidade, sendo atualmente res- mo ou núcleo é dividido em duas partes menores pela
ponsável por cerca de 15% da energia elétrica produzida colisão com neutros e velocidades que chegam a 16 mil
no planeta. As reservas mundiais de gás natural são sufi- quilômetros por segundo. Essa divisão do núcleo libera
cientes para cerca de sessenta anos, mantidos os atuais uma enorme quantidade de energia. Na fusão, o proces-
níveis de consumo. so é oposto: como o nome diz, ao contrário de se dividir,
O carvão mineral é um combustível fóssil também dois átomos são fundidos em um só, produzindo nesse
criado pela decomposição de matéria orgânica, median- processo uma enorme quantidade de energia. Para se ter
te um processo que exigiu milhões de anos. Diferente- uma idéia da complexidade desses sistemas e de como
mente do gás e do petróleo, o carvão é sólido, e sua exigem uma tecnologia avançada, se um átomo fosse
formação requer condições especiais. Há 300 milhões ampliado para o tamanho de uma sala, o seu núcleo teria
de anos, plantas gigantes foram sendo depositadas ao o tamanho de um grão de areia.
GEOGRAFIA DO BRASIL

longo de rios e pântanos e lentamente foram transfor- Essa forma de energia está presente na natureza não
madas, primeiro, em turfa e, depois, em carvão. Até os apenas nos processos desenvolvidos pela tecnologia do
fins do século XVII, o carvão era muito utilizado na Eu- homem, mas também nas reações atômicas que ocorrem
ropa, especialmente na Inglaterra, substituindo a lenha na superfície do Sol, uma verdadeira bomba atômica em
como combustível. Sua utilização em escalas ainda maio- constante explosão. Além de ser não renovável, a energia
res veio com o surgimento da máquina a vapor. Quan- nuclear oferece grandes riscos ao meio ambiente, apesar
do se diz que o carvão mineral é uma fonte de energia de não emitir gases, como o CO2. Importante lembrar
não-renovável, está-se aplicando uma expressão exata. que a água utilizada no processo é devolvida à natureza

79
ainda quente, elevando a temperatura dos mananciais de água nas regiões próximas do reator. O mais grave risco é
representado pelos acidentes em reatores, que já provocaram desastres ecológicos de grandes proporções, com sérios
danos ao meio ambiente, morte e doenças crônicas em elevado número de seres vivos. O desastre ambiental provoca-
do pelo acidente nos reatores da Usina de Chernobil, na Ucrânia, é o exemplo mais apropriado do alto risco represen-
tado pelas usinas nucleares, situação agravada pelas precárias condições técnicas e de segurança daquela usina. Outro
grande obstáculo para a ampla utilização desse sistema é o alto custo para a instalação de usinas nucleares.

Fontes de energia renováveis

O controle e a utilização das diversas formas de energia sempre foram as alavancas de todo desenvolvimento huma-
no e social. Até recentemente, durante todo o tempo em que esteve preocupado com a busca do desenvolvimento, o
homem utilizou todas as formas possíveis de produção de energia, com os menores custos possíveis, sem deter-se em
analisar as consequências. Tal comportamento resultou, muitas vezes, no desperdício e no uso ineficiente da energia,
gerando efeitos nocivos para a economia, o meio ambiente e a qualidade de vida, principalmente, nas grandes cidades.
Na esteira do novo paradigma ambiental é que se apresentam o PROINFA e a CDE, instituídos pela Lei n. 10.438, de
26 de abril de 2002 e Lei n. 10.762, de 11 de novembro de 2003. Assim, percebe-se o notório o empenho governamen-
tal em incentivar o uso de fontes alternativas de energia, notadamente hidráulica (PCH), eólica e de biomassa.
Uma fonte é de energia renovável quando emprega como matéria-prima elementos que podem ser recompostos
na natureza em um processo inesgotável, ou em processos cujas reposições são realizadas em curto prazo, ou, ainda,
quando a fonte de suprimento é considerada inesgotável em longo prazo (como o Sol). Isso significa que a fonte de
energia poderá durar para sempre, desde que se tenha o cuidado de recolocar na natureza aquilo que é retirado. Assim,
fontes renováveis de energia são formas inteligentes de aproveitamento dos recursos do planeta.

Progressão do uso da energia renovável no mundo

Energia hidráulica

Na lista das fontes renováveis de energia, a hidroeletricidade (energia hidráulica, ou seja, a energia elétrica gerada a
partir da força das águas) corresponde a 90% de toda a eletricidade gerada no país, sendo um bom exemplo de como
o homem aproveita um recurso da natureza e o transforma em gerador de energia. Neste sistema, a água de um rio é
represada, utilizando-se uma barragem para formar um grande reservatório. Uma tubulação conduz a água até as tur-
binas hidráulicas, que são colocadas em movimento pela força da água, transformando a energia potencial em energia
cinética. Essa energia mecânica é transformada em energia elétrica pelas máquinas geradoras, que são acionadas pelas
turbinas. A energia é então levada aos consumidores por meio de linhas de transmissão e redes de distribuição.
A despeito de sua qualidade de renovável, não se pode desconsiderar que também a hidroeletricidade causa im-
GEOGRAFIA DO BRASIL

pacto no meio ambiente. Utilizando a força da água para a produção de eletricidade, as usinas hidrelétricas promovem
alterações geofísicas na estrutura do ambiente natural onde são construídas, em função da grande área alagada para
a construção de reservatórios.
Diretamente relacionada com a defesa dos recursos hídricos, a produção hidrelétrica de energia desperta uma
apreensão natural, pela ameaça que representa à preservação da natureza, já prevista, no Decreto n. 5.407, de
27.12.1904, que regulamentou o aproveitamento da força hidráulica para transformação em energia elétrica, dispondo
que o prazo máximo da concessão seria de noventa anos. Naquela época, o aproveitamento visava à produção de
energia hidrelétrica, tanto assim que a Lei nº 1.167, de 30.12.1906, autorizou o presidente da República a determinar

80
a organização das bases de um Código de Águas. Neste sentido, o art. 68 do Código Civil estatuiu que a água é bem
público de uso comum, cuja administração pertence à União, aos Estados e aos Municípios, disciplinando o seu uso no
Capítulo de conflitos de vizinhança. Desde então, várias alterações foram feitas na legislação pátria, buscando garantir
a preservação dos recursos hídricos brasileiros.
O sistema hidrelétrico que compõe o perfil de produção de energia elétrica no Brasil ainda deverá se impor em
médio prazo. Entretanto, o perfil renovável que hoje se verifica na matriz energética do país pode ficar comprometido
em longo prazo, caso as políticas para o setor não visualizem um futuro de desenvolvimento sustentável, fomentando
assim a atratividade das soluções renováveis. Segundo pesquisa organizada e publicada pela Eletrobrás/Procel e Uni-
versidade Federal de Itajubá:
O potencial hidrelétrico do País, aproveitado somente em 23%, tem a sua maior capacidade na região amazônica,
onde a inundação de enormes áreas para a construção dos reservatórios das hidrelétricas poderia trazer como resulta-
do uma catástrofe ambiental de consequências imprevisíveis.
No âmbito dessa ameaça representada pela fonte hidrelétrica de energia, há que se incentivar a produção paralela
de energia pelas outras cinco fontes renováveis: solar, eólica, biomassa, geotérmica e oceanos, com ênfase para a solar,
eólica e a de biomassa, pois, o desenvolvimento tecnológico recente, aliado a políticas que favorecem o uso de fontes
renováveis, vem diminuindo, gradualmente, as barreiras existentes ao uso de fontes renováveis de energia.

Energia solar

O Sol é uma fornalha atômica que transforma massa em energia. A cada segundo, o Sol transforma 657 milhões de
toneladas de hidrogênio em 653 milhões de toneladas de hélio. Os 4 milhões de toneladas de diferença são transfor-
mados em energia e descarregados no espaço na forma de radiação solar. A Terra recebe apenas 2 bilionésimos dessa
energia eletromagnética.
Para a produção de eletricidade, são utilizados concentradores de radiação solar e painéis fotovoltaicos, nos quais
a energia eletromagnética é convertida em energia elétrica. O sistema é complexo e depende de células de silício (fo-
tovoltaicas) dispostas em painéis, em que a luz do Sol separa as cargas positivas das negativas, criando uma diferença
de potencial que produz uma corrente elétrica.
Coletores criados especialmente para converter a radiação do Sol em energia térmica estão sendo utilizados para
o aquecimento de água. Neste processo, o aproveitamento da radiação solar se dá por meio de dispositivos desenvol-
vidos a partir de princípios semelhantes aos de uma estufa, chamados de coletores solares planos. As placas de vidro
aprisionam a radiação solar incidente e aquecem tubos de cobre, por onde a água passa e é aquecida. Na otimização
de projetos de aproveitamento de energia solar é importante o conhecimento, ano a ano, das variações da radiação
solar, sazonais e diárias. As variações sazonais dos níveis de radiação solar, em um plano horizontal na superfície da
Terra, devem-se, principalmente, à inclinação do seu eixo de rotação em relação ao plano da órbita em torno do Sol.

Variações sazonais dos níveis de radiação solar

GEOGRAFIA DO BRASIL

Quanto à declinação solar (ângulo entre a linha Terra-Sol e o plano do equador), ela varia entre +/- 23,45 graus,
provocando as estações do ano e as conhecidas variações na duração dos dias ao longo do ano. A soma desta declina-
ção com a latitude de um local específico determina a trajetória aparente do Sol para o observador situado neste local.
No hemisfério sul, o coletor solar sempre deve apontar para o norte, de forma a maximizar o aproveitamento da
energia.

81
Declinação solar

Sabe-se que o Sol é responsável pelo fornecimento da quase totalidade de energia consumida pela humanidade
desde seus primórdios. A potência da radiação solar que atinge a atmosfera terrestre é cerca de 1,7x1014 kW, o que
corresponde a mais de 13 milhões de vezes a potência elétrica da usina hidrelétrica de Itaipu, a maior do mundo em ge-
ração de energia. Claro que a maior parte desta energia não pode ser aproveitada, nem este potencial estão distribuí-
dos uniformemente pelo Planeta, mas isso dá a ideia do enorme potencial energético disponível. Alguns pesquisadores
acreditam que da mesma forma que o Sol é responsável por toda a vida no Planeta, poderá um dia ser o responsável
diretamente por toda a produção de energia.

Energia eólica

A energia eólica, cuja produção de energia elétrica se dá pelo movimento das pás de modernos cata-ventos e pela
ação das turbinas eólicas, já se tornou uma realidade nas regiões onde os ventos são fortes e constantes. Trata-se,
também, de uma fonte renovável, já que ventos não se esgotam na natureza.
Do ponto de vista ambiental, a energia eólica é uma grande opção. Tudo começa com a energia térmica. O Sol
aquece o ar nas regiões mais próximas da Linha do Equador. O ar aquecido tende a ir para os pólos, que são regiões
mais frias. O ar dos pólos tende então a ocupar o lugar onde antes estava o ar quente. O que começou com energia
térmica transforma-se, portanto, em energia do movimento, ou energia cinética. Somando-se a esses deslocamentos,
existe ainda o movimento de rotação da Terra, tornando o regime de ventos um sistema complexo, um verdadeiro balé
de massas de ar. Além disso, as condições climáticas locais podem também influenciar a maior e menor incidência de
ventos em uma determinada região.

Energia de biomassa

A energia de biomassa é proveniente de toda matéria orgânica que pode ser transformada em combustíveis líqui-
dos, sólidos e gasosos. Esses combustíveis são utilizados, por exemplo, em usinas termelétricas para a geração de ele-
tricidade. Como exemplo tem-se o combustível produzido a partir da cana-de-açúcar, que propiciou a substituição da
gasolina pelo álcool, representando um grande avanço social e econômico, e uma importante medida de preservação
do meio ambiente.
Da mesma forma, outros cultivos, tais como a mandioca, o babaçu e as oleaginosas, devem substituir fontes não-
-renováveis. O biodiesel, apesar de opiniões contrárias, já se mostra como uma alternativa importante para o Brasil. Um
aspecto interessante da biomassa como fonte energética é o fato de que, além de renovável, emite menos CO2 que os
combustíveis fósseis e contribui para a redução do chamado efeito estufa, um dos grandes problemas ambientais da
atualidade.
GEOGRAFIA DO BRASIL

O processo de obtenção de energia a partir da biomassa consiste no aproveitamento de certas plantas e matéria
orgânica em geral (restos de madeira, de vegetais, de frutas, resíduos agrícolas, certos tipos de esgotos industriais ou
residenciais e qualquer lixo de natureza biológica). A fermentação e a destilação controlada desses elementos pro-
duzem como resultado gases e combustíveis líquidos de larga aplicação. Ao contrário dos derivados do petróleo, do
gás natural, do carvão vegetal e dos combustíveis nucleares, a biomassa se for convenientemente explorada pode ser
considerada inesgotável, porque toda a matéria prima pode ser recomposta na natureza. Por oferecer vantagens, a
comunidade científica acredita que a biomassa possa ser uma grande alternativa para o futuro próximo, e o Brasil tem
tudo para assumir uma posição de destaque nesta nova etapa energética mundial.

82
Energia Geotérmica Por produzirem efeitos econômicos, as fontes ener-
géticas e sua interface com o meio ambiente são, ne-
É a energia proveniente do fluxo de calor contido no cessariamente, objeto de apreciação pelo Direito, prin-
interior da Terra que se manifesta na superfície por inter- cipalmente no tocante às fontes de energia elétrica, que
médio do magma, da lava e dos gêiseres. As vantagens dependem de uma forte presença do Estado para se con-
do uso da energia geotérmica, mesmo considerando que cretizar, seja por um grau maior ou menor de regulação,
são restritas as áreas exploradas para o aproveitamento seja por incentivos para sua viabilização.
dessa forma de energia alternativa, são:
Fonte: LELLIS. M. M. Fontes Alternativas de Energia
• alteração mínima do meio ambiente; Elétrica no Contexto da Matriz Energética Brasileira: meio
• disponibilidade contínua; ambiente, mercado e aspectos jurídicos. Monografia.
• alta temperatura dos depósitos geotermais, o que Universidade Federal de Itajubá – UNIFEI. Itajubá – MG,
permite que sejam usados diretamente para aque- 2007
cimento ambiental, secagem de grãos, processos
industriais e refrigeração;
• simplicidade da tecnologia para seu aproveitamento; EXERCÍCIOS COMENTADOS
• fato de as usinas de energia geotérmica possuí-
rem um porte limitado e, assim, mais facilidade 1. (Exército/ EsFCEx/ Exército - 2011 - EsFCEx - Oficial
para incorporarem pequenos sistemas de geração - Conhecimentos Gerais/ 2011) Em relação às fontes de
elétrica do que de estações geradoras, nas quais a energia no Brasil podemos afirmar:
economia de escala determina maiores unidades.
No Brasil, as possibilidades de aproveitamento a) As regiões Sudeste e Sul juntas participam com quase
geotérmico são reduzidas, uma vez que as fontes 75% da produção e 30% do consumo total de energia
de calor, conhecidas como fontes termais, não têm elétrica.
temperatura suficiente para produzir o vapor ne- b) O petróleo, devido à opção pelo transporte rodoviá-
cessário ao funcionamento de usinas geotérmicas. rio, transformou-se em insumo energético fundamen-
Porém, levantamentos efetuados com o objetivo tal para a economia.
de avaliar o potencial de aproveitamento dos re- c) O programa nuclear, para atender às necessidades de
cursos geotermais brasileiros33 permitiram iden- ampliação da base industrial, instalou suas usinas em
tificar algumas características gerais dos recursos diferentes pontos do território.
existentes, como a bacia do Paraná, considerada a d) O aproveitamento dos nossos rios de planalto é de
área mais favorável à extração de energia geotér- aproximadamente 92%, donde se concluem que o
mica no país. Brasil deve buscar outras fontes energéticas, como as
nucleares e as alternativas.
Energia dos oceanos e) O carvão mineral é uma importante fonte de energia,
sendo que as principais vantagens das jazidas brasi-
A energia dos oceanos se apresenta em três formas: leiras são os baixos custos de produção, porém, tais
energia térmica, produzida pela diferença de temperatu- recursos são insuficientes para atender a demanda
ra entre as águas superficiais e as águas profundas; ener- interna.
gia contida nas correntes oceânicas; a energia causada
Resposta: Letra B.
pelas marés e pelas ondas. Essas duas últimas são provo-
cadas pela atração gravitacional lunar.
a) Errado. O consumo de energia na região sudeste é o
Nos oceanos, a geração de energia elétrica, utilizan-
maior do Brasil, muito acima dos 30% oferecidos na
do as variações das marés, ocorre nas usinas chamadas assertiva. Isso se deve a sua intensa produção indus-
maremotrizes, que funcionam de forma semelhante às trial e de serviços.
usinas hidrelétricas reversíveis. Um aspecto importante b) Correto. Hoje, a maior parte da produção brasileira é
das marés é que, não importando o quanto variam em escoada pela malha rodoviária.
um determinado local, elas ocorrem de maneira ordena- c) Errado. As usinas nucleares do Brasil estão concentra-
da, sendo, portanto, previsíveis. das em Angra dos Reis. Atualmente ocorre a constru-
A energia oceânica, em suas diversas formas, é difusa ção da nova usina, sinal indicativo de que o nosso país
e só pode ser utilizada economicamente em áreas onde avança em seu programa nuclear que é exclusivamen-
se mostre concentrada ou com maior densidade. O Brasil te direcionado para fins energéticos e não ofensivo.
é um país com aproximadamente 7.500 km de fronteira d) Errado. O Brasil possuí enorme potencial energético
com o mar, tendo um grande potencial de energia oceâ- pela matriz hidrelétrica, resultado de um território al-
GEOGRAFIA DO BRASIL

nica a ser explorado. Porém, como a conversão que se tamente propício, com rios de planalto sobrando por
tem em vista para a energia das marés é sua transforma- aí. Todavia, a capacidade produtiva ainda é baixa, dado
ção em energia elétrica, especialmente para ser utilizada o grande empenho econômico e estrutural necessário
como complementação da rede elétrica distribuidora re- a estas construções.
gional, os estudos econômicos feitos até agora mostram e) Errado. Realmente, o carvão mineral é uma importante
que os custos são razoavelmente altos, mas com possibi- fonte de energia, porém seus custos de produção e
lidades de se tornarem viáveis à exploração dessa fonte manuseio são altos e altamente poluentes, fatores que
de energia renovável. desfavorecem sua larga utilização.

83
2. (IBFC/ PM-RJ/ IBFC - 2012 - PM-RJ - Aspirante da 2. (Exército/ EsFCEx/ Exército - 2015 - EsFCEx - Oficial
Polícia Militar/ 2012) - Conhecimentos Gerais/ 2015) Além de ser um recur-
so renovável, a água é uma das poucas fontes utilizadas
para a produção de energia que não contribui para aque-
cimento global - um dos problemas ambientais mais dis-
cutidos na atualidade (ALMEIDA; RIGOLIN, 2013, p. 711).
Contudo as hidrelétricas, inclusive as brasileiras, apresen-
tam uma série de desvantagens, entre elas:

a) salinizam os solos com as grandes concentrações de


sais que se acumulam nos reservatórios em regiões
semiáridas, como no lago de Sobradinho.
b) promovem a liberação de gás butano em grande
quantidade com a decomposição da vegetação nas
áreas de floresta inundada, como no caso de Balbina.
c) alteram os regimes dos rios, que passam a ser de re-
gime lacustre, segundo a abertura ou fechamento das
comportas das usinas, como no caso dos que com-
põem o sistema de Furnas.
d) inviabilizam a navegação fluvial ao represarem e cria-
rem desníveis, necessários à geração de energia, em
rios de planícies, como no caso do Araguaia.
e) inundam cidades e eliminam heranças históricas,
como no caso das cidades de Remanso, Casa Nova,
A utilização do horário de verão em alguns Estados Bra-
Sento Sé e Pilão Arcado no estado da Bahia.
sileiros só é possível devido à inclinação do polo sul em
direção ao sol, aumentando a incidência da insolação em
Resposta: Letra E. Como vimos, a inundação de uma
médias e altas latitudes nessa época. A posição da Terra
área é necessária para a instalação de uma hidrelé-
em relação ao Sol na figura possibilita ao país:
trica. Para determinar a área e como será instalada a
hidrelétrica, é necessária a realização de um estudo
a) Estimular a geração de energia elétrica com os dias
de impacto ambiental e, posteriormente, de um licen-
mais longos.
ciamento ambiental. Eles visam compreender quais
b) Utilizar de forma sustentável as horas de Sol durante o
são os possíveis impactos ambientais que podem ser
dia, economizando energia.
causados, e como podem ser amenizados ou elimi-
c) Distribuir melhor a energia produzida no país, adian-
nados. Se esse estudo for mal feito, pode ocasionar
tando os relógios em uma hora.
sérios impactos, como ocorreu no caso de Balbina*.
d) Manter as pessoas na rua até mais tarde para não gas-
A alternativa deixa a entender que as hidrelétricas,
tarem energia nas residências.
via de regra, inundam cidades. Não é uma regra que
hidrelétricas inundam cidades e eliminam heranças
Resposta: Letra B. Todos os anos, no dia 21 de de-
históricas. Essa é uma rara exceção, consequência de
zembro ocorre o solstício de verão no hemisfério sul
um planejamento ambiental mal feito, como no caso
(a terra apresenta uma certa declividade e o sol atinge
mencionado pela alternativa: Remanso, Casa Nova,
diretamente o trópico de capricórnio, linha imaginá-
Sento Sé e Pilão Arcado no estado da Bahia. Neste
ria que corta as regiões sul, sudeste e centro-oeste
caso em questão, a construção da hidrelétrica de So-
do Brasil). Durante esse período, ocorre os dias mais
bradinho, no Rio São Francisco, na década de 1970, a
longos e as noites mais curtas do ano nessas regiões.
população dessas cidades foi transferida, e as quatro
Dessa forma, com o objetivo de aproveitar essa maior
cidades foram completamente inundadas pelo reser-
insolação é implantado todos os anos no Brasil o ho-
vatório da hidrelétrica.
rário de verão (aproximadamente de dois meses antes
A usina Hidrelétrica de Balbina está situada no rio Ua-
até dois meses depois do solstício de verão). Lem-
tumã, no estado do Amazonas. Foi construída durante
brando que o horário de verão é implantado em várias
o regime militar para abastecer primordialmente a ci-
partes do mundo, claro que conforme a inclinação da
dade de Manaus e a Zona Franca. É considerada a pior
terra e a insolação nas diversas áreas do globo.
usina hidrelétrica do Brasil por ter causado um sério
dano ambiental. Para a sua construção, não se retirou
GEOGRAFIA DO BRASIL

a vegetação que ficava na área que seria alagada pelo


reservatório da usina.

84
HORA DE PRATICAR! GABARITO

1. (CESPE/2016 - POLÍCIA CIENTÍFICA/PE) No que se refere 1 E


ao objeto de estudo da hidrologia, assinale a opção correta. 2 D
3 A
a) A vazão dos canais e o nível dos reservatórios são ava-
liados pelo escoamento do lençol freático.
b) Nos estudos de interceptação natural, avalia-se o es-
coamento que ocorre de forma espontânea sobre a
superfície de uma bacia hidrográfica.
c) A geomorfologia é a área da hidrologia que está relacio-
nada à análise das características da qualidade da água.
d) A hidrometeorologia corresponde ao estudo das ca-
racterísticas da água na atmosfera.
e) Os estudos de escoamento superficial são relativos à
observação qualitativa da vazão dos cursos de água.

2. (IDECAN/2016 – SEARH/RN) Por sua dimensão conti-


nental, todas as massas de ar responsáveis pelas condições
climáticas na América do Sul atuam no Brasil direta ou indi-
retamente. A relação correta entre a massa de ar e as suas
respectivas características pode ser encontrada em:

a) Tropical Atlântica (mTa) – fria e seca.


b) Polar Atlântica (mPa) – quente e seca.
c) Equatorial Continental (mEc) – fria e seca.
d) Equatorial Atlântica (mEa) – quente e úmida.

3. (CONSULPLAN/2014 – MAPA) “O conceito de transi-


ção demográfica foi introduzido por Frank Notestein, em
1929, e é a contestação factual da lógica malthusiana. Foi
elaborada a partir da interpretação das transformações
demográficas sofridas pelos países que participaram
da Revolução Industrial nos séculos 18 e 19, até os dias
atuais. A partir da análise destas mudanças demográficas
foi estabelecido um padrão que, segundo alguns demó-
grafos, pode ser aplicado aos demais países do mundo,
embora em momentos históricos e contextos econômi-
cos diferentes.”
(Cláudio Mendonça. Demografia: transição demográfica e
crescimento populacional. UOL Educação. 2005. Disponí-
vel em: http://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/
demografia‐transicao‐demografica‐e‐crescimento‐popu-
lacional.htm. Acesso em: março de 2014.)
Sobre a dinâmica de crescimento vegetativo da população
brasileira com base no conceito de transição demográfica,
deve‐se considerar os seguintes conceitos, EXCETO:

a) Crescimento vegetativo: crescimento populacional


menos o número de óbitos.
b) Taxa de mortalidade: expressa a proporção entre o nú-
mero de óbitos e a população absoluta de um lugar,
em um determinado intervalo de tempo.
GEOGRAFIA DO BRASIL

c) Crescimento populacional: função entre duas variá-


veis: o saldo entre o número de imigrantes e o número
de emigrantes; e, o saldo entre o número de nasci-
mentos e o número de mortos.
d) Taxa de fecundidade: número médio de filhos por mulher
em uma determinada população. Para obter essa taxa,
divide‐se o total dos nascimentos pelo número de mu-
lheres em idade reprodutiva da população considerada.

85
ANOTAÇÕES

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GEOGRAFIA DO BRASIL

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86
ÍNDICE
HISTÓRIA DO BRASIL
Brasil Colônia: administração, economia, cultura e sociedade. As Capitanias Hereditárias e Governos Gerais. As
atividades econômicas e a expansão colonial: agricultura, pecuária, comércio e mineração. Os povos indígenas
escravidão, aldeamentos; ação jesuítica. Os povos africanos escravizados no Brasil. A conquista dos sertões
entradas e bandeiras. O exclusivo comercial português. Os conflitos coloniais e os movimentos rebeldes de livres e
de escravos do final do século XVIII e início do século XIX. A transferência da Corte portuguesa para o Brasil e seus
efeitos; o período joanino no Brasil................................................................................................................................................................. 01
O Brasil Monárquico. A independência do Brasil e o Primeiro Reinado. A Constituição de1824. Militares: a Guarda
Nacional e o Exército. A fase regencial (1831-1840). O Ato Adicional de 1834. As revoltas políticas e sociais das
primeiras décadas do Império. g. A consolidação da ordem interna: o fim das rebeliões, os partidos, o fortalecimento
do Estado, a economia cafeeira. Modernização: economia e cultura na sociedade imperial. A escravidão, as lutas
escravas pela liberdade. O movimento abolicionista e a abolição da escravatura. A introdução do trabalho livre e a
imigração. Política externa: as questões platinas, a Guerra do Paraguai e o Exército. O movimento republicano e o
advento da República............................................................................................................................................................................................ 17
A República brasileira A Constituição de 1891, os militares e a consolidação da República. A “Política dos
governadores”. O coronelismo e o sistema eleitoral. O movimento operário. O tenentismo. A Revolução de1930. O
período Vargas (1930-1945): economia, sociedade, política e cultura. O Estado Novo. O Brasil na II Guerra Mundial
FEB. O período democrático (1945-1964): economia, sociedade, política e cultura. A intervenção militar, sua natureza
e transformações entre 1964 e 1985. As mudanças institucionais durante o período. O “milagre econômico”. A
redemocratização. Os movimentos sociais nas décadas de 1970 e 1980: estudantes, operários e demais setores da
sociedade. A campanha pelas eleições diretas. A Constituição de 1988. O Brasil pós-1985: economia, sociedade
política e cultura...................................................................................................................................................................................................... 28
BRASIL COLÔNIA: ADMINISTRAÇÃO, ECONOMIA, CULTURA E SOCIEDADE. AS CAPITANIAS
HEREDITÁRIAS E GOVERNOS GERAIS. AS ATIVIDADES ECONÔMICAS E A EXPANSÃO
COLONIAL: AGRICULTURA, PECUÁRIA, COMÉRCIO E MINERAÇÃO. OS POVOS INDÍGENAS;
ESCRAVIDÃO, ALDEAMENTOS; AÇÃO JESUÍTICA. OS POVOS AFRICANOS ESCRAVIZADOS NO
BRASIL. A CONQUISTA DOS SERTÕES; ENTRADAS E BANDEIRAS. O EXCLUSIVO COMERCIAL
PORTUGUÊS. OS CONFLITOS COLONIAIS E OS MOVIMENTOS REBELDES DE LIVRES E DE
ESCRAVOS DO FINAL DO SÉCULO XVIII E INÍCIO DO SÉCULO XIX. A TRANSFERÊNCIA DA
CORTE PORTUGUESA PARA O BRASIL E SEUS EFEITOS; O PERÍODO JOANINO NO BRASIL

O Brasil Colônia é o período que se estendeu em nosso território de 1500 até a Independência do Brasil, que se
estabeleceu por completo em 1822.
Os portugueses chegaram no Brasil no dia 22 de abril de 1500, que foi quando a fase pré-colonial marcou o seu
início. Foi só após os primeiros contatos com os indígenas que se deu início à exploração do pau-brasil, que era abun-
dante na Mata Atlântica.
Durante a primeira fase, datada de 1500 a 1530 principalmente com a exploração do pau-brasil, não ocorreu por
completo a colonização do território brasileiro, já que os portugueses que chegaram às nossas terras aqui não se
fixaram nos primeiros 30 anos de descobrimento. Eles tinham outro interesse principal: a exploração de colônias loca-
lizadas nas Índias.

#FicaDica
O pau-brasil era de grande valor em todo o continente europeu, afinal, sua seiva com tons avermelhados
era frequentemente usada para o tingimento de tecidos. Para explorar o nosso território, os portugueses
utilizavam-se principalmente de escambos, como chocalhos, espelhos, apitos e outros itens em troca da
mão de obra dos brasileiros, que trabalhavam tanto no corte como também no momento de carregar o
pau-brasil para as caravelas com destino à Portugal e outras partes da Europa.

Por mais que o país tenha sido explorado essencialmente pelos nativos portugueses, entre 1500 e 1530 ele foi
também invadido por holandeses, franceses e ingleses, povos descontentes com o Tratado de Tordesilhas. Além disso,
piratas, saqueadores e corsários roubavam o pau-brasil do território para contrabandear fora, e esse foi o motivo que
levou Portugal a enviar ao Brasil – uma tentativa também fracassada uma tropa de Expedições Guarda-costas.
Assim, foi em 1530 que a primeira expedição foi organizada com o intuito de colonizar o Brasil, comandada pelo rei
de Portugal Martin Afonso de Souza. Os objetivos eram bem específicos: povoar o território, acabar com os “invasores”
e começar a cultivar a cana de açúcar nesse território.

A fase do açúcar – século XVI e XVII

Na Europa, o açúcar era um produto caro e de grande aceitação. As primeiras experiências dos portugueses com
o cultivo do açúcar no Brasil foram em solo nordestino, extremamente adequado para o plantio em grandes escalas.
Sendo assim, a lucratividade seria tanto no povoamento do país como na exploração de suas terras para o cultivo do
açúcar, comercializando-o posteriormente em continente europeu.
Foi, então, durante essa fase que a mão de obra dos escravos africanos começou a ser utilizada no Brasil. Eles eram
trazidos em navios para o país e utilizados nos grandes campos de produção de cana de açúcar.

As Capitanias Hereditárias

Outro período marcante durante o Brasil Colônia foi a fase das Capitanias Hereditárias, criadas com o intuito de
melhorar a gestão da colônia. Dessa forma, o país foi separado em várias faixas de terra e cada uma delas foi doada
para os donatários. Era autorizado aos mesmos a exploração dos recursos da própria terra, mas eles eram também
encarregados de proteger, povoar e promover o cultivo da cana de açúcar.
HISTÓRIA DO BRASIL

A grande maioria das Capitanias fracassaram, já que estavam muito longe dos recursos providos pela Metrópole, e
ainda, eram frequentemente atacadas tanto pelos piratas como pelos indígenas. As únicas que sobreviveram, inclusive,
até depois da independência foram as Capitanias de Pernambuco e de São Vicente.
As capitanias hereditárias eram uma forma de administração do território colonial português na América. Basica-
mente, eram formadas por faixas de terra que partiam do litoral para o interior, comandadas por donatários e cuja
posse era passada de forma hereditária.

1
cial e administrativa da capitania. Era ele que controlava
a escravização indígena, a aplicação da justiça, penas e
recolhimento de impostos. A Carta Foral, por sua vez, es-
tipulava tributos e a distribuição dos lucros da produção
das capitanias, definindo o que pertencia à Coroa e o
que pertencia aos donatários. O sistema foi bom para
a Coroa, que amealhava os lucros, mas nem tanto para
os donatários. Estes enfrentavam desde o início grandes
dificuldades, tendo de desenvolver a colônia com poucos
recursos, prejudicados pela distância de Portugal e fusti-
gados por ataques indígenas.
Por conta dessas dificuldades, o modelo não funcio-
nou como o esperado. Vingaram apenas duas Capitanias:
Pernambuco e São Vicente. O fracasso do modelo não
fez com que a Coroa mudasse seu posicionamento e a
estrutura administrativa da colônia. A abolição da heredi-
tariedade foi o primeiro passo nesse sentido, ocorrendo
apenas em 1759, definido pelo Marquês de Pombal.
As capitanias hereditárias existiram até 1821. À me-
dida que iam fracassando, voltavam às mãos da Coroa
Portuguesa e eram redimensionadas, gerando novas
estruturas de administração. O ato de redimensionar as
fronteiras das capitanias hereditárias moldou alguns es-
tados litorâneos atuais.
Finalmente, diante dos problemas de administração,
a Coroa portuguesa resolve, em 1548, centralizar o poder
e nomear um governador geral (Tomé de Sousa) para o
Por motivos de melhorar o aproveitamento para a Brasil, iniciando uma nova fase da história colonial bra-
administração da colônia, a Coroa Portuguesa delega a sileira.
exploração e a colonização aos interesses privados, prin-
cipalmente por falta de recursos de Portugal em manter O Governo Geral
a sua colônia de além-mar.
Ocorre, então, a divisão do território em capitanias Seguindo com o intuito de administrar melhor a colô-
que iam do litoral até o limite estipulado pelo Tratado de nia, porém, dado o fracasso das Capitanias Hereditárias,
Tordesilhas, um modelo de colonização que tinha obtido era necessário apostar em um novo modelo de governo.
sucesso na Ilha da Madeira e em Cabo Verde, na África. A Sendo assim, foi criado no Brasil o Governo-Geral, que
primeira divisão forma a Ilha de São João, colocada sob centralizava e controlava cada uma das partes da colônia.
responsabilidade de Fernando de Noronha, em 1504. A O primeiro a se tornar governador-geral foi Tomé de
iniciativa de colonização utilizando este modelo respon- Souza, que tinha como responsabilidade o aumento da
dia à necessidade de proteção contra invasores, sobretu- produtividade agrícola, assim como a defesa da colônia
do franceses. (principalmente contra os indígenas) e a exploração em
De início, foram quinze beneficiários agraciados com busca de prata e de ouro.
capitanias no território da colônia portuguesa. Os esco- Já nesse período haviam também as Câmaras Munici-
lhidos eram membros da baixa nobreza portuguesa que pais, órgãos essencialmente políticos que contavam com
a Coroa acreditava terem condições para a empreitada a participação de homens considerados bons e ricos,
de colonização. Esses nobres foram denominados dona- sendo eles os responsáveis pelos rumos que tomariam
tários e representavam a autoridade máxima da capita- cidades e vilas brasileiras. Vale destacar que nessa épo-
nia. O donatário não era dono, mas deveria desenvolver ca a população não tinha qualquer decisão sobre a vida
a capitania com recursos próprios, responsabilizando-se pública.
por seu controle, proteção e desenvolvimento. Juridica- Durante a fase do Governo Geral a capital do Brasil
mente, se estruturava o controle da capitania através de era Salvador, já que a região Nordeste do país era a mais
dois documentos: Carta de Doação e Carta Foral. rica e de maior desenvolvimento.
A Carta de doação dava a posse da terra ao donatá-
HISTÓRIA DO BRASIL

rio e a possibilidade de transmitir essa terra aos filhos, A economia do Brasil colônia
mas não a autorização de vendê-la. O documento dava
também uma sesmaria de dez léguas da costa onde se Desde o seu descobrimento, a economia brasileira
deveria fundar vilas, construir engenhos, garantir a se- era comandada por Portugal, que mantinha toda a ex-
gurança e colonização através do povoamento. Nela de- clusividade com os negócios feito com a colônia. Com
finia-se que o donatário era a autoridade máxima judi- o aumento do capitalismo mercantil, o Brasil começa a
avançar economicamente, principalmente com as ati-

2
vidades de subsistência e exportação desenvolvidas no engenhos, muitas famílias passaram a morar neles para
período colonial. acompanhar de perto o processo de trabalho nos cana-
Durante algum tempo o único interesse da Coroa viais, além disso, os escravos eram praticamente 100%
Portuguesa era o pau-brasil, mas, na segunda metade do da mão de obra existente, muito pouco era o número
século XVI, começaram a ficar claros que outros interes- de funcionários assalariados. Os escravizados viviam em
ses passavam a existir. senzalas, lugares de um só cômodo, sem nenhuma higie-
ne ou conforto, misturados homens, mulheres e crianças,
como animais. Além de todo o trabalho braçal, eles ainda
trabalhavam na casa grande, servindo aos senhores de
engenhos.
Como os portugueses já conheciam a prática do plan-
tio da cana-de-açúcar, esse produto foi escolhido para
ser o principal produzido no Brasil, além do que esse
produto era muito aceito na Europa. Como o produto
era muito procurado pelos europeus, os holandeses de-
cidiram também investir no país, instalando engenhos.
A partir da metade do século XVII o ciclo do açúcar no
Brasil colonial começou a declinar, já que agora o país ti-
nha fortes concorrentes, como as Antilhas, por exemplo,
que por ironia do destino era financiada e comercializada
pelos holandeses. Portugal agora buscava por uma nova
forma de explorar as riquezas da colônia, foi quando no
século XVIII teve início a exploração de diamantes e ouro,
dando início a um novo ciclo econômico.

O Ciclo do Ouro na economia colonial

Logo que o açúcar deixou de ser o principal investi-


Economia colonial do Brasil - Açúcar, ouro e es- mento brasileiro, os portugueses iniciaram pela procura
cravidão de uma nova forma de exploração colonial, foi quando
descobriram as primeiras minas de ouro em solo brasi-
leiro, localizadas nas regiões onde ficam Minas Gerais e
A economia colonial tinha um único intuito: satisfazer Goiás.
a metrópole, além de comprar de Portugal tudo o que A importância dessa exploração foi tão grande para
precisava para que fosse possível acontecer algum tipo Portugal, que o governo decidiu mudar a capital, até en-
de desenvolvimento. A princípio, a primeira atividade tão em Salvador, para o Rio de Janeiro, pois desta forma
econômica do país foi o pau-brasil, mas a derrubada fora estariam mais próximos das minas de ouro.
de controle deste tipo de árvore fez com que o produto Eles também criaram as Casas de Fundição, que co-
se tornasse raro, fazendo com que novas culturas fossem bravam impostos altíssimos de quem extraísse o ouro, o
introduzidas à prática agrícola, como o algodão, tabaco, que deixava os mineiros completamente irritados. Entre
cana-de-açúcar e a mineração. esses impostos se destacavam:
O quinto – 20% de toda a produção do ouro deveria
Propriedade de monocultura e o Ciclo do açúcar ir para o rei de Portugal;
A derrama – A colônia tinha a obrigação de arrecadar
Chamamos de monocultura o tipo de exploração 1.500kg de ouro por ano;
agrícola que tem como base a produção de um único A capitação – Era cobrado imposto sobre cada escra-
tipo de produto. Normalmente, ela está associada ao vo que trabalhava nas minas.
que chamamos de latifundiários, que são os donos de O Ciclo do ouro seguiu até o ano de 1785. A explo-
grandes extensões de terras. As grandes propriedades ração e os muitos impostos cobrados não agradavam
da colônia viviam da prática da monocultura, e se vol- em nada a população, o que levou a muitas revoltas na
tavam para a prática do mercado externo, utilizando de época.
mão-de-obra escrava para poder suprir a demanda. Essa
mão-de-obra era inicialmente indígena, vindo a ser tro- O Escravismo no Brasil
HISTÓRIA DO BRASIL

cada pelos negros africanos posteriormente.


Esses latifúndios realizavam a prática do plantio da Existe um ponto quando falamos na economia colo-
cana-de-açúcar, que também poderia ser chamada tan- nial que não podemos deixar de citar: a Escravidão.
to de latifúndio monocultor quanto de plantation. Além Dois são os tipos de escravidão: a vermelha, que
das plantações, esses locais possuíam instalações e equi- eram a dos índios, e a africana, com os negros trazidos
pamentos que já serviam para refinar o açúcar: moen- da África. Quando Martim Afonso chegou ao Brasil em
das, caldeira, casa de purgar. Sendo conhecidos como sua expedição de colonização no ano de 1531 ele trouxe

3
consigo a prática do escravismo. Ela foi marcada pelo uso Floresta Plantada
de escravos do continente africano, que faziam todo o
trabalho pesado e eram tratados como animais. Alguns Entre as alternativas para suprir a matéria-prima des-
índios também foram tratados desta forma, mas por já tinada à celulose, o Brasil incentivou a instalação de em-
conhecerem o território em que estavam era mais fácil presas que atuam com as chamadas florestas plantadas.
fugir. Eles trabalhavam na agricultura, principalmente na A planta mais utilizada neste sistema é o eucalipto,
parte da cana-de-açúcar, e na mineração. Foram grandes cujo crescimento demanda grande oferta hídrica. As re-
contribuintes para o crescimento da economia do país. giões dominadas pelo plantio controlado de eucalipto
Os escravos eram maltratados, chicoteados, mas mes- são denominadas desertos verdes, pois a oferta de água
mo assim lutavam pela sua liberdade, e essa luta levou tende a diminuir naquela área.
a formação dos primeiros quilombos, que eram abrigos Afinal, o eucalipto é uma das árvores que mais neces-
feitos para os negros fugitivos. sita água para sobreviver e acaba esgotando os manan-
A escravidão durou até o ano de 1888, quando a Lei ciais ao seu redor.
Áurea aboliu todo tipo de escravidão no Brasil. Os negros
agora eram livres, mas ainda teriam que lhe dar com o Borracha
preconceito da sociedade, que insistia em tratá-los com
desdém. Diferente da celulose, cuja oferta garante o suprimen-
to de diversas empresas, não foi encontrada solução para
Extrativismo Vegetal elevar a produção da borracha.
O látex, extraído da seringueira, foi um produto de
A atividade extrativista no Brasil remonta ao período extrema importância para a economia nacional no come-
de exploração pela coroa portuguesa. ço do século XX e este período foi denominado Ciclo da
Inicialmente, o extrativismo vegetal foi marcado pela Barrocha. Hoje, a concorrência com a produção asiática e
retirada de pau-brasil, além de sementes e ervas medici- a borracha sintética limita a oferta nacional.
nais. Esta foi a primeira atividade econômica da coloni- Entretanto, a exploração da borracha ocorre em se-
zação portuguesa. Atualmente, dentre os elementos que ringais espalhado em 12 estados do Brasil e não somente
integram o extrativismo vegetal, podemos citar a madei- na região Norte. Em 2014, segundo o IBGE, a produção
ra, os frutos e em menor escala, a borracha. brasileira alcançou 320 mil toneladas.

Madeira Castanha

Apesar da retirada de madeira ser questionada e de- Também da região Norte sai à castanha, especialmen-
batida, a prática continua e constitui uma fonte de rique- te do Pará, sendo o produto mais exportado da região.
za para as regiões envolvidas. A madeira é destinada à A castanha-do-pará ou castanha-do-Brasil é rica em
construção, produção de papel e celulose. fibras, proteína, ferro, cálcio, potássio, ácido fólico, se-
No entanto, parte do território da floresta amazônica lênio, zinco e vitaminas. Sua coleta representa a renda
diminui todos os anos por conta do corte de árvores e familiar de centenas de famílias na região amazônica.
pela substituição das áreas por pasto. Além da utilização como alimento, o produto é base
Não podemos esquecer que a exploração predatória para cosméticos, como shampoos, óleos corporais, cre-
contribuiu para o esgotamento e a quase desaparição da mes e sabonetes.
Mata Atlântica.
Palmito

Em várias regiões do Brasil, é extraído o palmito, cujo


esgotamento está preocupando as autoridades. Em ge-
ral, o tempo de crescimento da planta não é respeitado e
a formação de sementes é comprometida. Há pontos de
coleta em que a planta já é considerada extinta.
Uma das soluções é privilegiar o consumo da espécie
de palmito pupunha que tem maior capacidade regene-
rativa que a do palmito juçara. Para isso, basta conferir a
informação no rótulo do produto.
HISTÓRIA DO BRASIL

Buriti

No Maranhão, Piauí, Bahia e Ceará, Minas Gerais,


Distrito Federal e Mato Grosso é encontrada a palmeira
de buriti, cujo fruto é base para cosméticos e óleos. Da
palmeira, se utiliza a fibra para trabalhos artesanais e ar-
Aspecto de uma madeireira na floresta amazônica quitetônicos.

4
Carnaúba Aspecto da extração do ouro com jatos de água na
floresta amazônica
A árvore nativa do nordeste é aproveitada em sua to- A extração do ouro marcou época na história colonial
talidade. Sua madeira serve para a construção, do seu com o Ciclo do Ouro. Igualmente, foi por conta da ati-
fruto se faz farinha e a raiz tem propriedades medicinais. vidade dos Bandeirantes que se embrenhavam na mata
No entanto, são as suas folhas que produzem cera, em busca de índios e pedras preciosas, nesse fenômeno,
as quais são mais valorizadas no mercado internacional. fronteiras no Tratado de Tordesilhas foram expandidas.
Em 2015, o Brasil exportou 18.000 toneladas de cera para O Brasil, em 2012, ocupava o posto de número 47, em
Japão, Alemanha e Estados Unidos. Além disso, quase reservas mundiais de ouro guardadas no Banco Central.
todos os vernizes e ceras levam a carnaúba em sua com- A produção brasileira perfaz 70 toneladas anuais, o que
posição. deixa o país como 13º produtor mundial, segundo os da-
dos do IBRAM - Instituto Brasileiro de Mineração.
Extrativismo Mineral No entanto, a atividade de garimpo está entre as que
causam maior impacto negativo na natureza. Os rios,
O extrativismo mineral se constitui numa importante muitas vezes, tem seu curso alterado e as águas são en-
pauta para a balança comercial brasileira e são os produ- venenadas com a utilização de produtos químicos que
tos que o Brasil mais exporta para outros países. ajudam a separar o metal precioso.
A oferta é ampla, pois no território nacional são en- Da mesma maneira, as escavações alteram de manei-
contrados: alumínio, cobre, estanho, ouro, ferro, níquel, ra profunda o espaço, o que torna difícil a recuperação
cromo, manganês, prata, tungstênio e zinco. do solo.
As mais importantes reservas de minério do Brasil es- Entre os pontos que mais sofreram danos como con-
tão localizadas na Serra dos Carajás (PA), no Quadrilátero sequência deste tipo de exploração estão Minas Gerais e
Ferrífero (MG) e no Maciço do Urucum (MS). Serra Pelada, no Pará, cuja atividade foi encerrada em 1992.

Ferro Petróleo

O Brasil detém 75% da produção de minério de ferro A exploração do petróleo é realizada pela companhia
do mundo. A principal zona de produção está no Quadri- estatal Petrobras, criada nos anos 50. A maioria dos cam-
látero Ferrífero, em Minas Gerais. Do local, também são pos de petróleo do Brasil está localizada nas chamadas
extraídos bauxita, manganês e ouro. bacias de águas ultraprofundas, na região denominada
Por imprudência humana, a região de Minas Gerais, pré-sal.
sofreu em 2015, um grande impacto ambiental devido ao A exploração de petróleo pelo Brasil ocupa o 15º lu-
rompimento da barragem do rio Doce, em Mariana (MG). gar com a oferta anual de 12.860 bilhões de barris. Do
A terra que era condicionada na barragem provinha da montante, 90% está localizado no Oceano Atlântico, nas
exploração de minério de ferro. costas de oito estados.
A Serra dos Carajás, no Pará, rica em minério de ferro, No ritmo de extração atual, o Brasil deve ser até 2020
oferece, ainda, bauxita, cobre, cromo, estanho, manga- o responsável por 50% da produção mundial de petróleo.
nês, ouro, prata, tungstênio e zinco.
Sal
Ouro
Os minerais não-metálicos, como o sal, estão loca-
lizadas no Rio de Janeiro, Ceará, Piauí e Rio Grande do
Norte. Este último é responsável por 92,5% da produção
brasileira que perfaz de 5 a 6 milhões de toneladas por
ano.
Deste montante, apenas 400 mil toneladas vão para o
mercado externo e o restante é vendido no Brasil.

Extrativismo Animal

Os peixes são os únicos animais em que a legislação


brasileira permite a retirada atualmente. Para evitar o es-
gotamento das espécies de peixes oferecidas pela natu-
HISTÓRIA DO BRASIL

reza, o governo oferece o “seguro-defeso”. O objetivo é


manter a remuneração dos pescadores artesanais duran-
te o período de reprodução.

5
Pesca do Pirarucu Os historiadores citam alguns fatores para explicar
a transição de uso do escravo indígena para o africano:
mortalidade e fuga dos indígenas e imposição comercial
da metrópole pelo tráfico negreiro. Outras razões, como
a falta de adaptação do nativo para o trabalho regular,
são atualmente contestadas pelos historiadores.
Primeiramente, o contato dos indígenas com os eu-
ropeus levou a uma redução demográfica gigantesca por
causa de doenças como varíola e gripe, que dizimavam
as populações nativas. Isso acontecia pela falta de defesa
biológica dos nativos a essas doenças. O historiador Bo-
ris Fausto indica que, em 1562 e 1563, por exemplo, sur-
tos epidêmicos foram responsáveis pela morte de cerca
de 60 mil indígenas.
Além disso, considera-se que a redução demográfi-
ca da população indígena aconteceu a partir das guerras
travadas contra os portugueses. Por fim, muitos indíge-
nas fugiram para o interior do território brasileiro para
evitar o contato com os portugueses. Outras questões
levantadas por estudos tradicionais, como a resistência
indígena ao trabalho contínuo e sedentário, estão sendo
criticadas por estudos atuais.
Aliada a essa questão, os historiadores sugerem que,
além da redução demográfica da população indígena,
a demanda da metrópole pela imposição do tráfico ne-
Pesca do pirarucu, um dos peixes de água doce mais greiro foi fundamental para que a mão de obra do escra-
explorados no Brasil vo africano fosse disseminada no Brasil. Isso ocorreu por-
As tentativas de manter a oferta de espécies, contudo, que o tráfico negreiro era uma atividade extremamente
não conseguem acompanhar a remoção e há várias es- lucrativa para a metrópole.
pécies como a sardinha, que tem que ser importadas ou
criadas em cativeiro. Escravização africana
Os animais silvestres são protegidos por lei e sua caça
somente está permitida aos povos indígenas e algumas A escravização africana no Brasil passou a sofrer in-
comunidades que dependem da atividade para se ali- centivos da Coroa após 1570 e, assim, segundo o histo-
mentar. riador Thomas E. Skidmore, a partir de 1580, chegavam
ao nordeste brasileiro pelo menos dois mil escravos afri-
Escravidão canos por ano. Os escravos eram trazidos ao Brasil em
embarcações conhecidas como navios negreiros e em
A escravidão colonial foi uma das marcas mais evi- condições extremamente precárias. Era comum que me-
dentes da colonização portuguesa no Brasil. Nativos e tade dos cativos trazidos morresse durante a viagem em
africanos foram sujeitos a regimes de trabalho forçado. razão dessas más condições.
Durante o período de transição da fase pré-colonial Esses escravos originavam-se de diversas regiões da
para as fases das capitanias hereditárias e do Governo- África, mas os historiadores sugerem que, em grande
-geral, aconteceu uma importante alteração nas relações parte, eles pertenciam ao grupo étnico dos sudaneses e
de trabalho do Brasil colonial: impôs-se o uso do traba- dos bantos. A respeito disso, o historiador Boris Fausto
lho escravo. O uso da mão de obra escrava, a princípio, afirma que:
começou com a exploração dos indígenas, no entanto, No século XVI, a Guiné (Bissau e Cacheu) e a Cos-
progressivamente, passou-se a utilização do africano. ta do Marfim, ou seja, quatro portos ao longo do litoral
do Daomé, forneceram o maior número de escravos. Do
século XVII em diante, as regiões mais ao sul da costa
Escravização do índio africana Congo e Angola tornaram-se os centros expor-
tadores mais importantes, a partir dos portos de Luanda,
Durante a fase inicial da colonização brasileira, a es- Benguela e Cabinda. Os angolanos foram trazidos em
HISTÓRIA DO BRASIL

cravidão concentrava-se na mão de obra do indígena. maior número no século XVIII, correspondendo, ao que
A escravização do indígena aconteceu, principalmente, parece, a 70% da massa de escravos trazidos para o Brasil
na extração do pau-brasil. Desde o momento em que naquele século.
a produção do açúcar, a partir do cultivo da cana-de- Os historiadores estimam que, ao longo da história
-açúcar, impôs-se como principal produto econômico da da escravidão africana no Brasil colonial, foram trazidos
colônia, ocorreu a transição para a utilização da mão de cerca de quatro milhões de africanos. Os escravos eram
obra do escravo africano. utilizados nos mais diversos tipos de trabalho, com maior

6
destaque para a sua utilização nos engenhos produtores to longe de São Vicente foram fundadas, naquele mes-
de açúcar e nos centros de mineração a partir do século mo período, duas outras vilas: Santo André da Borda do
XVIII. Campo, por João Ramalho, e Santos, por Brás Cubas.
O regime de escravidão no Brasil impunha ao africano
(e ao indígena também) um regime de trabalho exausti- As estruturas de poder no início da colonização
vo e desumano. Além disso, os escravos eram mantidos
em condições precárias, muitas vezes mal alimentados e Com o planejamento das estruturas político-adminis-
vítimas dos mais variados tipos de violência. Isso moti- trativas da colônia, a Coroa portuguesa buscava viabilizar
vou focos de resistência entre os escravos por meio de o processo de ocupação do território e criar condições
sabotagem e, principalmente, fuga. para o desenvolvimento de atividades econômicas ren-
A escravização dos africanos moldou profundamente táveis, de acordo com o modelo de mercantilismo euro-
a sociedade brasileira. Culturalmente, a presença africa- peu. Para tanto, resolveu adotar na colônia os padrões
na influenciou a cultura brasileira em diversos aspectos: administrativos da metrópole, aliados à experiência por-
música, culinária, idioma etc. Além disso, impôs um forte tuguesa nas ilhas do Atlântico.
preconceito racial, que reverbera ainda no século XXI e Em 1532, o rei dom João III decidiu aplicar na colônia
que necessita de medidas para atenuar os contrastes so- da América uma divisão administrativa que havia dado
ciais existentes. bons resultados nos Açores e na ilha da Madeira: o siste-
ma de capitanias hereditárias.
Organização Político-Administrativa Quase duas décadas depois, criou-se um poder cen-
tral, o governo-geral, e, no âmbito local, foram instituídas
Em dezembro de 1530, partiu de Lisboa uma esqua- as câmaras municipais, semelhantes às já existentes em
dra que mudaria a história das terras conquistadas pelos Portugal.
portugueses na América. Seu comandante era Martim
Afonso de Sousa, que, à frente de quatrocentos homens, As capitanias hereditárias
deu início à ocupação efetiva do território brasileiro.

A ocupação: primeiras providências

Uma das razões pelas quais o governo de Portugal


decidiu colonizar as novas terras, a partir de 1530, foi o
fato de que na Europa e no Oriente a situação não era
mais tão favorável para os portugueses. Os holandeses
também haviam entrado no comércio de especiarias das
Índias, concorrência que provocava a queda nos preços
dos produtos.
Assim, para os portugueses, já não compensava in-
vestir em viagens longas e custosas para buscá-los nas
Índias e vendê-los a preços pouco atraentes na Europa.
Além disso, os franceses faziam constantes incursões ao
litoral das novas terras para extrair pau-brasil. Entretanto,
uma razão mais forte atraía as atenções da Coroa portu-
guesa para o Novo Mundo: a notícia de que na América
Espanhola havia grandes jazidas de ouro e prata.

Martim Afonso de Sousa na colônia

Martim Afonso de Sousa recebeu do governo portu-


guês ordens para combater os navios franceses, explorar
o rio da Prata (segundo alguns, via de acesso a um reino
cheio de riquezas) e criar núcleos de povoamento nas
novas terras. Para isso, dispunha de poderes tais como o
de distribuir sesmarias (grandes propriedades rurais), de
nomear tabeliães e de estabelecer um sistema adminis-
HISTÓRIA DO BRASIL

trativo no novo território.


As capitanias hereditárias eram enormes faixas de ter-
Martim Afonso percorreu o litoral de São Paulo, onde
ra que se limitavam a leste com o oceano Atlântico e a
fundou a vila de São Vicente, em janeiro de 1532, e nessa
oeste com a linha de Tordesilhas. Essas terras foram doa-
região implantou a primeira unidade produtora até che-
das pelo rei a militares, burocratas e comerciantes por-
gar à região do rio da Prata, navegando rumo ao norte.
tugueses, que receberam o título de capitães donatários.
Aportou no litoral do atual estado o Engenho do Senhor
Governador ou São Jorge dos Erasmos (1534). Não mui-

7
Para formalizar seus direitos e deveres, o governo
português lançou mão de dois documentos: a Carta de
Doação e o Foral.
De acordo com a Carta de Doação, o capitão dona-
tário detinha a posse da capitania, mas não a sua pro-
priedade.
Dessa forma, não podia nem vendê-la nem dividi-la.
Já o Foral dava-lhe amplos poderes: ele podia, entre ou-
tras coisas, fundar vilas, conceder terras (as sesmarias) e
arrecadar impostos. Ele também podia receber tributos
sobre a produção das salinas, as moendas de água e os
engenhos, além de monopolizar a navegação fluvial.
Cabia-lhe, ainda, a aplicação das leis em suas posses-
sões, bem como a defesa militar da capitania.
Com as capitanias hereditárias foi criado um siste-
ma político-administrativo descentralizado, ou seja, não
havia um governo central. Todos os donatários reporta-
vam-se diretamente ao rei. Os donatários eram os res-
ponsáveis pelos custos do processo de implantação e
do funcionamento das capitanias. Dessa forma, a Coroa
portuguesa transferia para particulares o ônus da colo- • Tomé de Sousa (1549-1553): durante seu gover-
nização. Para si, o rei reservou o monopólio das drogas- no foi fundada a cidade de São Salvador, que se
-do-sertão, que eram as especiarias da floresta Amazôni- tomou sede do governo-geral e capital da colônia.
ca (castanha-do-pará, cravo, guaraná, canela etc.), e uma A Bahia passou a ser a Capitania Real do Brasil. Fo-
parte dos impostos arrecadados. ram estabelecidos o primeiro bispado e o primeiro
colégio da colônia. Na imagem ao lado, a repre-
O governo-geral sentação de Tomé de Sousa desembarcando na
Terra de Santa Cruz, de autor anônimo.
As capitanias não desapareceram imediatamente. • Duarte da Costa (1553-1558): enfrentou grande
Pouco a pouco, foram retomando ao domínio da Coroa instabilidade política, causada, entre outros fato-
portuguesa, por confisco ou por meio do pagamento de res, pela invasão francesa do Rio de Janeiro (1555);
indenizações aos donatários. Com isso, perderam seu entrou em atrito com o bispo do Brasil, Pero Fer-
caráter privado, passando à esfera pública. Entretanto, nandes Sardinha, que criticava o comportamento
mantiveram a função de unidade administrativa até o e a violência de seu filho, dom Álvaro da Costa.
início do século XIX, quando transformaram-se em pro- Um dos marcos de seu governo foi a fundação do
víncias. Colégio de São Paulo, em 25 de janeiro de 1554. O
A transferência das capitanias para o domínio da Co- colégio, fundado pelos jesuítas Manuel da Nóbre-
roa só foi concluída no período entre 1752 e 1754, sob ga e José de Anchieta, deu origem à cidade de São
as ordens do marquês de Pombal, espécie de primeiro- Paulo.
-ministro de dom José I. Contudo, em 1548 o fracasso • Mem de Sá (1558-1572): fundou a cidade de São
desse sistema já havia levado o governo de Portugal a Sebastião do Rio de Janeiro em 1565; juntamente
criar um órgão central para administrar a colônia: o go- com seu sobrinho, Estácio de Sá, expulsou os fran-
verno-geral. ceses do Rio de Janeiro. É considerado o melhor
No ano seguinte, chegou à Bahia Tomé de Sousa, o governador-geral do século XVI.
primeiro governador-geral. Ele veio acompanhado de
aproximadamente mil pessoas, entre elas um grupo de O poder local: as câmaras municipais
padres jesuítas chefiado por Manuel da Nóbrega, além
de funcionários da administração, militares, artesãos e A partir de cerca de 1550, a administração das cidades
degredados. e vilas ficou nas mãos das câmaras municipais. Esses ór-
O governo-geral tornou-se o centro político da ad- gãos administrativos eram formados por três ou quatro
ministração portuguesa na América. Sua legitimidade vereadores, dois juízes ordinários, um procurador, um es-
foi estabelecida pelo Regimento de Tomé de Sousa, de crivão e um tesoureiro, eleitos pelos chamados “homens
1548, que determinava as funções administrativas, judi- bons”. Além disso, contavam com alguns funcionários
HISTÓRIA DO BRASIL

ciais, militares e tributárias do governador-geral. Para as- nomeados, conhecidos como “oficiais da Câmara”. Cabia
sessorá-lo, havia três altos funcionários: o ouvidor-mor, aos membros da Câmara elaborar as leis e fiscalizar o
responsável pela justiça; o provedor-mor, encarregado seu cumprimento, assim como nomear juízes, arrecadar
da tributação; e o capitão-mor, responsável pela defesa. impostos e cuidar do patrimônio público (estradas, ruas,
O cargo de governador-geral subsistiu até o século pontes etc.), do abastecimento e da regulamentação das
XVIII, quando foi substituído pelo de vice-rei. Os três pri- profissões e do comércio.
meiros governadores-gerais foram:

8
As câmaras municipais representavam os interesses Expansão Territorial
dos proprietários locais. Esse poder, delegado pelos se-
nhores de engenho aos vereadores (membros eleitos da Até o começo do século XVII, os colonizadores se
Câmara), às vezes entrava em conflito com o poder cen- concentraram em cidades fundadas na região litorânea
tral, representado pelo governador-geral. Exemplo disso do Brasil, principalmente no Nordeste. A principal ativi-
foi a Câmara de Olinda, na capitania de Pernambuco, que dade era a produção de açúcar, e grande parte dos enge-
em 1710 chegou a comandar uma luta armada contra nhos estava instalada nas capitanias da Bahia e Pernam-
as tropas do governo porque se opunha à elevação do buco. Durante o primeiro século da colonização, apenas
Recife à condição de vila. um trecho do litoral brasileiro era ocupado e efetivamen-
A partir de 1642, com a criação do Conselho Ultrama- te povoado, mesmo assim, de forma intermitente. Isso
rino, que detinha forte controle político-administrativo se explica pela concentração, nessa área da colônia, das
sobre a colônia, as câmaras municipais foram pouco a únicas atividades lucrativas para a metrópole: a produção
pouco perdendo seu poder. de açúcar e a extração do pau-brasil.
No século XVII, teve início a expansão territorial, inte-
Mudanças na organização administrativa colonial riorizando a colonização lusa, em que se destacaram três
figuras humanas: o bandeirante, organizando as expedi-
A organização administrativa da colônia passou por ções de apresamento indígena e de prospecção mineral;
várias mudanças entre os séculos XVI e XVIII. Em 1548 o vaqueiro, ocupando as áreas de pastagens nordestinas
foi dado o nome de Estado do Brasil pelo governo por- e criando o gado, e, finalmente, o missionário, principal-
tuguês. Os limites territoriais do Brasil atual não eram, mente o jesuíta, envolvido na catequese e na fundação
nem de perto, os do período colonial. Durante anos, a das missões.
Coroa ficou apenas na exploração das faixas litorâneas e O restante do litoral brasileiro e o Sul da colônia fo-
aos poucos foi ampliando as terra para o oeste. Em 1572 ram marcados pela expansão oficial, onde a ação das for-
foram estabelecidos dois governos-gerais: um ao norte, ças militares portuguesas afastou a ameaça estrangeira.
com capital em Salvador, e outro ao sul, com sede no Rio
de Janeiro. Seis anos depois, os governos foram reuni- A conquista das regiões setentrionais
ficados, com a capital tendo permanecido em Salvador.
Em 1621, uma nova divisão administrativa criou o No final do século XVI, toda a faixa litorânea acima de
Estado do Brasil, com sede em Salvador (e a partir de Pernambuco permanecia intocada. Franceses, ingleses e
1763 no Rio de Janeiro), e o Estado do Maranhão, com holandeses frequentavam a região, procurando sempre
capital em São Luís (mais tarde, Estado do Maranhão e estabelecer alianças com os indígenas, criando as condi-
Grão-Pará, com sede em Belém). Em 1641, houve uma ções para futuros projetos de colonização. Nesse passo, a
reorganização administrativa e a capital foi transferida intervenção militar portuguesa acabou por assegurar os
para Salvador. Em 1774, a colônia voltou a ser reunificada domínios dessas áreas, a partir de uma série de conquis-
administrativamente. tas, conforme o quadro que se segue:
Paraíba: Na região da atual Paraíba, ainda despo-
O papel da Igreja na administração colonial voada, os franceses estabeleceram boas relações com
os índios do litoral, com os quais traficavam. Em 1584,
A Igreja católica foi a grande parceira da Coroa por- a ação portuguesa para conquistar a região começou
tuguesa na tarefa de administrar a colônia. Para a insti- com Frutuoso Barbosa, que, depois das primeiras der-
tuição, os principais objetivos da conquista e da coloni- rotas, recebeu o apoio de uma esquadra espanhola, co-
zação das novas terras eram difundir a fé cristã em sua mandada por Diogo Valdez. A fundação do forte de São
versão católica apostólica romana, bem como promover Felipe e São Tiago e da cidade de Filipeia de Nossa Se-
a catequese dos índios e administrar a vida espiritual dos nhora das Neves, hoje João Pessoa, garantiu a incorpora-
colonos segundo os preceitos estabelecidos pela Santa ção dessa região à colônia.
Sé. Além de cristianizar os indígenas, buscava evitar o Rio Grande do Norte: Um dos últimos redutos dos
desregramento dos costumes entre os colonos, comba- franceses. A conquista do Rio Grande do Norte foi en-
ter sua tendência à poligamia com as índias e educar os cetada a partir de Pernambuco com a participação de
filhos desses colonos dentro dos preceitos religiosos da Manuel de Mascarenhas Homem, Alexandre de Moura
Igreja católica. e Jerônimo de Albuquerque. Acossados pelos portugue-
Para isso, os primeiros religiosos a chegar trataram ses e vitimados pela varíola, os franceses foram expulsos
de construir igrejas, capelas e escolas, criar paróquias e em 1597. Neste mesmo ano foi fundado o forte dos Reis
dioceses. Aos poucos ia surgindo uma estrutura mate- Magos (atual Natal) que se tornou o núcleo de ocupação
HISTÓRIA DO BRASIL

rial e administrativa de enorme interesse para o governo da região.


português e para a Santa Sé, que estavam preocupados Ceará: Em 1603, Pero Coelho de Souza tentou inutil-
em manter um rígido controle sobre as atividades e a mente desalojar os franceses do litoral cearense, apoia-
vida religiosa da colônia. dos pelos indígenas. O aprisionamento de tabajaras e
potiguaras como escravos, na volta do conquistador,
provocou o aumento das hostilidades indígenas contra
os portugueses. A conquista do Ceará somente se reali-

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zaria em 1611, com a expedição comandada por Martim Nordeste e o Vale do Rio São Francisco surgem como as
Soares Moreno. principais regiões pecuaristas da colônia, o que garantiu
Grão-Pará: A ocupação de um extenso território, jun- a ocupação de um grande território do interior brasileiro.
to à foz do rio Amazonas, teve início com os ataques de Outra região que se voltaria também para a pecuá-
Francisco Caldeira de Castelo Branco contra franceses, ria seria o sul de Minas Gerais, já no século XVIII. Ali, a
ingleses e holandeses, presentes na região. Na ocasião, criação de gado envolvia certa técnica superior, fazen-
deu-se a fundação do forte do Presépio, em 1616, ori- das com cercados, pastos bem cuidados e rações extras
gem da atual cidade de Belém. Posteriormente, o Grão- para os animais; no manejo dos rebanhos era utilizada a
-Pará passou a constituir o Estado do Maranhão, criado mão-de-obra escrava. O seu mercado era representado
em 1621. pelas zonas urbanas mineradoras, o que provocou uma
Amazonas: No início do século XVII, era intensa a diversificação da produção: gado bovino, muares, suínos,
exploração desenvolvida por holandeses e ingleses, que, caprinos e equinos.
valendo-se dos rios da bacia Amazônica, adentravam o Também os Campos Gerais, correspondendo ao inte-
interior em busca das drogas do sertão – madeiras, ovos rior de São Paulo e Paraná, foi outra região de pecuária,
de tartaruga, plantas medicinais e aromáticas, entre ou- com a produção de animais de tiro para a região mine-
tras. Depois de lutas contra os estrangeiros e os índios da radora. Nessa região predominava a mão-de-obra livre,
região, Pedro Teixeira fixou os primeiros marcos, garan- constituída pelos tropeiros.
tindo a posse da Amazônia para Portugal. Na ocupação Por fim, a pecuária seria desenvolvida ainda no Rio
desse território, foram fundamentais a ação das tropas Grande do Sul, no século XVIII. Nesse caso específico, a
de resgate, expedições que corriam a região fazendo pecuária promoveu não apenas a ocupação do territó-
a guerra justa contra os indígenas, e a atuação dos mis- rio rio-grandense, mas também, o seu povoamento. A
sionários, especialmente dos carmelitas, criando missões atividade criatória gaúcha utilizava-se do trabalho livre,
e usando a mão-de-obra do índio na coleta de drogas havendo, contudo, o emprego paralelo de escravos e dos
do sertão. indígenas oriundos das missões. Voltada também para o
abastecimento da região das Gerais, a pecuária gaúcha
A presença portuguesa no sul desenvolveu a indústria do charque e a criação de gado
bovino, muar, equino e ovino.
Os portugueses sempre tiveram interesse na região
Sul, atraídos pela prata que escoava pelos rios da bacia FONTE:
Platina e pelo rico comércio peruleiro (peruano). Desde
cedo, portanto, alimentavam o sonho de criar um esta- RAMOS. J. E. M. Expansão Territorial do Brasil - re-
belecimento na região. sumo, período colonial, história. História da expansão
Em 20 de janeiro de 1680, D. Manuel Lobo fundou territorial do Brasil Colonial, causas, resumo, como foi,
a Colônia do Santíssimo Sacramento, à margem esquer- bandeirantes, conquista do interior. 2019.
da do estuário da Prata – atual cidade uruguaia de Co-
lônia, garantindo a presença portuguesa em uma área
importante dentro do império colonial espanhol e, ao EXERCÍCIOS COMENTADOS
mesmo tempo, abrindo espaço para o contrabando in-
glês na bacia do Prata. A fundação de Sacramento abriu
1. (PM-ES – SOLDADO DA POLÍCIA MILITAR – CESPE
um período de sucessivos conflitos e debates diplomáti-
– 2010) A contemporaneidade iniciou-se, entre fins do
cos entre os dois países, que se estenderam até o século
século XVIII e ao longo do XIX, sob o impacto de du-
XVIII.
pla revolução: a econômica, representada pela Revolu-
A ocupação do Rio Grande do Sul e Santa Catarina
ção Industrial, e a política, com a Revolução Francesa de
está inserida nesse processo. No caso do território gaú-
1789 e as Revoluções Liberais Burguesas de 1820, 1830 e
cho, os ataques às missões foram os responsáveis pelo
1848. A moderna industrialização consolidou o capitalis-
aparecimento de um rebanho de gado pelos campos
mo como sistema econômico dominante, expandindo-se
sulinos que, unido ao gado trazido da Europa, garanti-
rapidamente (imperialismo e neocolonialismo). Disputas
ram a sua ocupação durante o século XVIII. Ainda neste
entre potências levaram às duas guerras mundiais do
século, foram introduzidas milhares de famílias de colo-
século XX. O Brasil, independente em 1822, foi a única
nos açorianos no litoral do Rio Grande do Sul e de Santa
monarquia americana e manteve a escravidão até 1888.
Catarina, possibilitando o aparecimento e a consolidação
Proclamada a República, o país não deixou de ser eli-
de importantes núcleos de povoamento, como Laguna,
tista e socialmente excludente (República Velha). A Era
Florianópolis e Porto dos Casais, atual cidade de Porto
HISTÓRIA DO BRASIL

Vargas iniciou a modernização do país. Entre 1945 e


Alegre.
1964, o Brasil viveu conturbado processo de democra-
tização, interrompido por um golpe de Estado. Depois
A expansão da pecuária
de 21 anos, a nação recuperou o sentido da democracia
e procura avançar em termos de direitos sociais, o que
Da sua introdução nos engenhos do litoral nordesti-
a Constituição de 1988 procura expressar. Considerando
no, o gado se expandiu em direção ao sertão, no primei-
as informações do texto acima e a História Contempo-
ro século e meio da colonização. Com isso, o Sertão do

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rânea mundial e brasileira, julgue o item. A transferência lectuais franceses, parecia ter a resposta. Esse movimen-
da Corte portuguesa para o Brasil, em 1808, retardou o to criticava e questionava o regime absolutista. Eram os
processo de independência da colônia. iluministas, que achavam que a única maneira possível
de a França se adiantar em relação à Inglaterra era pas-
( ) CERTO   ( ) ERRADO sar o poder político para as mãos da nova classe, isto é,
a burguesia (comerciantes, industriais, banqueiros). Era
Resposta: Errado. preciso destituir a nobreza que, representada pelo Rei, se
Na verdade, com a vinda da Coroa Portuguesa para o mantinha no poder.
Brasil, intensificaram -se as insatisfações, o que acele- A monarquia absoluta que, antes, tantos benefícios
rou o processo de independência. havia trazido para o desenvolvimento do comércio e
da burguesia francesa, agora era um empecilho. As leis
2. (PM-SP ‫ –ؘ‬ASPIRANTE DA POLÍCIA MILITAR – VU- mercantilistas impediam que se vendessem mercadorias
NESP - 2011) O principal motivo da criação da capitania livremente. Os grêmios de ofício impediam que se de-
de Mato Grosso, em 1748, foi impedir que os espanhóis senvolvessem processos mais rápidos de fabricação de
tomassem a região e chegassem a Goiás e Minas Ge- mercadorias. Enfim, a monarquia absoluta era um obstá-
rais. Era a época em que Portugal e Espanha discutiam culo, impedindo a modernização da França. Esse obstá-
as cláusulas do Tratado de Madri, finalmente assinado culo precisava ser removido. E o foi pela revolução.
em 1750, que fixou os contornos aproximados da atual A Revolução Francesa significou o fim da monarquia
fronteira brasileira, substituindo o Tratado de Tordesilhas absoluta na França. O fim do antigo regime significou,
(1494). (Masilia Aparecida da Silva Gomes. Comer, beber, principalmente, a subida da burguesia ao poder político
governar. In Revista de História da Biblioteca Nacional, e também a preparação para a consolidação do capitalis-
setembro de 2010, n.º 60.) mo. Mas a Revolução Francesa não ficou restrita à Fran-
ça. Suas ideias espalharam-se pela Europa, atravessaram
A expansão territorial da América portuguesa teve rela- o oceano e vieram para a América latina, contribuindo
ção com para a elaboração de nossa independência política. Por
esse seu caráter ecumênico é que se convencionou ser a
a) as colônias de povoamento do sul e a cafeicultura. Revolução Francesa o marco da passagem para a Idade
b) a produção de algodão e as oficinas de artesanato. Contemporânea.
c) as missões jesuíticas e a mineração.
d) a produção de tabaco em São Paulo e os desterrados ECONOMIA COLONIAL
portugueses.
e) as manufaturas e as feitorias do nordeste. A colonização implantada por Portugal estava ligada
aos interesses do sistema mercantilista, baseado na cir-
Resposta: Letra C. culação de mercadorias. Para obter os maiores benefícios
Na primeira metade do século XVII, os bandeirantes desse comércio, a Metrópole controlava a colônia através
paulistas seguiram para o sul, atrás dos índios que do pacto colonial, da lei da complementaridade e da im-
eram protegidos pelos jesuítas. Com passar do tempo, posição de monopólios sobre as riquezas coloniais.
ele começam a ir em sentido contrário. Para Goiás, Mi-
nas Gerais e Mato grosso, onde começam a procurar PAU-BRASIL
ouro.
O pau-brasil era valioso na Europa, devido à tinta
Revolução Francesa avermelhada, que dele se extraía e por isso atraía para
cá muitos piratas contrabandistas (os brasileiros). Foi de-
A Revolução Francesa não teve apenas o objetivo de clarado monopólio da Coroa portuguesa, que autorizava
mudar um governo antigo, mas de abolir a forma anti- sua exploração por particulares mediante pagamento de
ga da sociedade. A Revolução Francesa esteve a um só impostos. A exploração era muito simples: utilizava-se
tempo frente a todos os poderes estabelecidos, arruinar mão-de-obra indígena para o corte e o transporte, pa-
todas as influências reconhecidas, apagar as tradições, gando-a com bugigangas, tais como, miçangas, canive-
renovar costumes e os usos e, de alguma maneira, esva- tes, espelhos, tecidos, etc. (escambo). Essa atividade pre-
ziar o espírito humano de todas as ideias sobre as quais datória não contribuiu para fixar população na colônia,
se tinham fundado até o respeito e a obediência. mas foi decisiva para a destruição da Mata Atlântica.
As instituições feudais do Antigo Regime iam sendo
superadas à medida que a burguesia, a partir do século CANA-DE-AÇÚCAR
HISTÓRIA DO BRASIL

XVIII, consolidava cada vez mais seu poder econômico.


A sociedade francesa exigia que o país se moderni- O açúcar consumido na Europa era fornecido pelas
zasse, mas o entrave do absolutismo apagava essa ex- ilhas da Madeira, Açores e Cabo Verde (colônias portu-
pectativa. guesas no Atlântico), Sicília e pelo Oriente, mas a quanti-
O descontentamento era geral, todos achavam que dade era muito reduzida diante da demanda.
essa situação não podia continuar. Entretanto, um mo- Animada com as perspectivas do mercado e com a
vimento iniciado há alguns anos, por um grupo de inte- adequação do clima brasileiro (quente e úmido) ao plan-

11
tio, a Coroa, para iniciar a produção açucareira, tratou de 8. Tributação
levantar capitais em Portugal e, principalmente, junto a
banqueiros e comerciantes holandeses, que, aliás, foram A Coroa exigia 20% dos metais preciosos (o Quinto) e
os que mais lucraram com o comércio do açúcar. a Capitação (imposto pago de acordo com o número de
Para que fosse economicamente viável, o plantio de escravos). Mas como era muito fácil contrabandear ouro
cana deveria ser feito em grandes extensões de terra e em pó ou em pepita, em 1718 foram criadas as Casas de
com grande volume de mão-de-obra. Assim, a produ- Fundição e todo ouro encontrado deveria ser fundido em
ção foi organizada em sistema de plantation: latifúndios barras.
(engenhos), escravidão (inicialmente indígena e poste- Em 1750, foi criada uma taxa anual de 100 arrobas por
riormente africana), monocultura para exportação. Para ano (1500 quilos). Sempre que a taxa fixada não era al-
dar suporte ao empreendimento, desenvolveu-se uma cançada, o governo poderia decretar a Derrama (cobran-
modesta agricultura de subsistência (mandioca, feijão, ça forçada dos impostos atrasados). A partir de 1762, a
algodão, etc). taxa jamais foi alcançada e as “derramas” se sucederam,
O cultivo de cana foi iniciado em 1532, na Vila de São geralmente usando de violência. Em 1789, a Derrama foi
Vicente, por Martim Afonso de Sousa, mas foi na Zona suspensa devido à revolta conhecida como Inconfidência
da Mata nordestina que a produção se expandiu. Em Mineira.
1570, já existiam no Brasil cerca de 60 engenhos e, em
fins do século XVI, esse número já havia sido duplicado, DIAMANTES
dos quais 62 estavam localizados em Pernambuco, 36 na
Bahia e os restantes nas demais capitanias. A decadên- No início a exploração era livre, desde que se pagas-
cia se iniciou na segunda metade do século XVII, devido se o Quinto. A fiscalização ficava por conta do Distrito
à concorrência do açúcar holandês. É bom destacar que Diamantino, cujo centro era o Arraial do Tijuco. Mas, a
nenhuma atividade superou a riqueza de açúcar no Pe- partir de 1740, só poderia ser realizada pelo Contratador
ríodo Colonial. Real dos Diamantes, destacando-se João Fernandes de
OBS. Apesar dos escravos serem a imensa maioria da Oliveira. Em 1771 foi criada, pelo Marquês de Pombal, a
mão-de-obra, existiam trabalhadores brancos remunera- Intendência Real dos Diamantes, com o objetivo de con-
dos, que ocupavam funções de destaque, mas por traba- trolar a atividade.
lharem junto aos negros, sofriam preconceito.
SOCIEDADE MINERADORA
SOCIEDADE AÇUCAREIRA
A sociedade mineira ou mineradora possuía as se-
A sociedade açucareira nordestina do Período Colo- guintes características:
nial possuía as seguintes características:
• Urbana.
• Latifundiária. • Escravista.
• Rural. • Maior Mobilidade Social
• Horizontal.
• Escravista. OBS.
• Patriarcal
1- Surgem novos grupos sociais, como, tropeiros, ga-
OBS. Os mascates, comerciantes itinerantes, consti- rimpeiros e mascates.
tuíam um pequeno grupo social. 2- Alguns escravos, como Xica da Silva e Chico Rei,
tornaram-se muito ricos e obtiveram ascensão so-
MINERAÇÃO cial.
3- É um erro achar que a população da região mi-
A mineração ocorreu, principalmente, nos atuais esta- neradora era abastada, pois a maioria era muito
dos de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, entre o final pobre e apenas um pequeno grupo era muito rico.
do século XVII e a segunda metade do século XVIII. Além disso, os preços dos produtos eram mais ele-
vados do que no restante do Brasil.
OURO 4- A mineração contribuiu para interiorizar a coloni-
zação e para criar um mercado interno na colônia.
Havia dois tipos de exploração aurífera: ouro de fais-
cação (realizada nas areias dos rios e riachos, em peque- PECUÁRIA
HISTÓRIA DO BRASIL

na quantidade, por homens livres ou escravos no dia da


folga); e ouro de lavra ou de mina (extração em grandes A criação de gado foi introduzida na época de Tomé
jazidas feita por grande quantidade de escravos). A In- de Sousa, como uma atividade subsidiária à cana-de-
tendência das Minas era o órgão, independente de qual- -açúcar, mas como o gado destruía o canavial, sua cria-
quer autoridade colonial, encarregado da exploração das ção foi sendo empurrada para o sertão, tornando-se res-
jazidas, bem como, do policiamento, da fiscalização e da ponsável pela interiorização da colonização do Nordeste,
tributação. com grandes fazendas e oficinas de charque, utilizando a

12
mão-de-obra local e livre, pois o vaqueiro era pago atra- Apesar de todas estas vantagens, o imperador espa-
vés da “quartiação”. Mais tarde, devido às secas devasta- nhol teve a astúcia de manter uma significativa parcela
doras no sertão nordestino, a região Sul passou a ser a dos privilégios e posições ocupadas por comerciantes e
grande produtora de carne de charque, utilizando negros burocratas portugueses. No Tratado de Tomar, assinado
escravos. em 1581, Filipe II assegurou que os navios portugueses
controlassem o comércio com a colônia, a manutenção
ALGODÃO das autoridades lusitanas no espaço colonial brasileiro e
o respeito das leis e costumes brasileiros.
A plantação de algodão se desenvolveu no Nordeste, Mesmo preservando aspectos fundamentais da colo-
principalmente no Maranhão e tinha uma importância nização lusitana, a União Ibérica também foi responsá-
econômica de caráter interno, pois era utilizado para fa- vel por algumas mudanças. Com a junção das coroas, as
zer roupas para a população mais pobre e para os es- nações inimigas da Espanha passam a ver na invasão do
cravos. espaço colonial lusitano uma forma de prejudicar o rei
Filipe II. Desta maneira, no tempo em que a União Ibéri-
TABACO ca foi vigente, ingleses, holandeses e franceses tentaram
invadir o Brasil.
Desenvolveu-se no Nordeste como uma atividade co- Entre todas essas tentativas, podemos destacar espe-
mercial, escravista e exportadora, pois era utilizado, jun- cialmente a invasão holandesa, que alcançou o monopó-
tamente com a rapadura e a aguardente, como moeda lio da atividade açucareira em praticamente todo o litoral
para adquirir escravos na África. nordestino. No ano de 1640, a chamada Restauração, de-
finiu a vitória portuguesa contra a dominação espanhola
DROGAS DO SERTÃO e a consequente extinção da União Ibérica. Ao fim do
conflito, a dinastia de Bragança, iniciada por dom João
Desde o século XVI, as Drogas do Sertão (guaraná, pi- IV, passou a controlar Portugal.2
mentas, ervas, raízes, cascas de árvores, cacau, etc.) eram
coletadas pelos índios na Amazônia e exportadas para a 10. Invasões estrangeiras
Europa, tanto por contrabandistas, quanto por padres je-
suítas. Como o acesso à região era muito difícil, a floresta Durante os séculos XVI e XVII, o Brasil sofreu saques,
foi preservada.1 ataques e ocupações de países europeus. Estes ataques
ocorreram na região litorânea e eram organizados por
9. União Ibérica corsários ou governantes europeus. Tinham como ob-
jetivos o saque de recursos naturais ou até mesmo o
No ano de 1578, durante a batalha contra os mouros domínio de determinadas regiões. Ingleses, franceses e
marroquinos em Alcácer-Quibir, o rei português dom Se- holandeses foram os povos que mais participaram des-
bastião desapareceu. Esse evento iniciou uma das mais tas invasões nos primeiros séculos da História do Brasil
complicadas crises sucessórias do trono português, ten- Colonial.
do em vista que o jovem rei não teve tempo suficiente
para deixar um descendente em seu lugar. Nos dois anos 10.1. Invasões francesas
seguintes, o cardeal dom Henrique, seu tio-avô, assumiu
o Estado português, mas logo morreu sem também dei- Comandados pelo almirante francês Nicolas Ville-
xar herdeiros. gaignon, os franceses fundaram a França Antártica no Rio
Imediatamente, Filipe II, rei da Espanha e neto do fa- de Janeiro, em 1555. Foram expulsos pelos portugueses,
lecido rei português D. Manuel I, se candidatou a assumir com a ajuda de tribos indígenas do litoral, somente em
a vaga deixada na nação vizinha. Para alcançar o poder, 1567.
além de se valer do fator parental, o monarca hispânico Em 1612, sob o comando do capitão da marinha fran-
chegou a ameaçar os portugueses com seus exércitos cesa Daniel de La Touche, os franceses fundaram a cidade
para que pudesse exercer tal direito. Com isso, obser- de São Luis (Maranhão), criando a França Equinocial. Fo-
vamos o estabelecimento da União Ibérica, que marca ram expulsos três anos depois.
a centralização dos governos espanhol e português sob Entre os anos de 1710 e 1711, os franceses tentaram
um mesmo governo. novamente, mas sem sucesso, invadir e ocupar o Rio de
A vitória política de Filipe II abriu oportunidade para Janeiro.
que as finanças de seu país pudessem se recuperar após
diversos gastos em conflitos militares. Para tanto, tinha 10.2. Invasões holandesas
HISTÓRIA DO BRASIL

interesse em estabelecer o comércio de escravos com os


portugueses, que controlavam tal atividade na costa afri- As cidades do Rio de Janeiro, Salvador e Santos foram
cana. Além disso, o controle da maior parte das posses- atacadas pelos holandeses no ano de 1599.
sões do espaço colonial americano permitiria a amplia-
ção dos lucros obtidos através da arrecadação tributária.

1 Fonte: www.jchistorybrasil.webnode.com.br 2 Fonte: www.brasilescola.uol.com.br - Por Rainer Sousa

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Em 1603 foi a vez da Bahia ser atacada pelos holande- Mas é a Insurreição Pernambucana (1645-54) onde se
ses. Com a ajuda dos espanhóis, os portugueses expul- localiza o marco inicial destes movimentos. Iniciada logo
sam os holandeses da Bahia em 1625. após a campanha pela expulsão dos invasores holande-
Em 1630 tem início o maior processo de invasão es- ses, e de sua poderosa Companhia das Índias Ocidentais,
trangeira no Brasil. Os holandeses invadem a região do é ali que pela primeira vez que se registrou a divergên-
litoral de Pernambuco. cia entre os interesses dos colonos e os pretendidos pela
Entre 1630 e 1641, os holandeses ocupam áreas no Metrópole. Os habitantes de Pernambuco começaram a
litoral do Maranhão, Paraíba, Sergipe e Rio Grande do desenvolver a noção de que a própria colônia consegui-
Norte. ria administrar seus próprios destinos, até por que eles
O Conde holandês Maurício de Nassau chegou em conseguiram expulsar os invasores praticamente sozi-
Pernambuco, em 1637, com o objetivo de organizar e ad- nhos, num esforço que reuniu negros escravos, brancos
ministrar as áreas invadidas. e indígenas lutando juntos, com um punhado de oficiais
Em 1644 começou uma forte reação para expulsar os lusitanos nos altos postos de comando.
holandeses do Nordeste. Em 1645 teve início a Insurrei- A partir da segunda metade do século XVIII, com os
ção Pernambucana. desdobramentos das revoltas na França e Estados Uni-
As tropas holandesas foram vencidas, em 1648, na dos, e os conceitos do Iluminismo penetrando em meio
famosa e sangrenta Batalha dos Guararapes. Porém, a à sociedade brasileira, os descontentamentos vão se
expulsão definitiva dos holandeses ocorreu no ano de avolumando e a metrópole portuguesa parece insensí-
1654. vel a qualquer protesto. Assim, os movimentos nativistas
passarão a incorporar em seu ideal a busca pela inde-
10.3. Invasões inglesas pendência, ainda que somente da região dos revoltosos,
pois a noção de um país reunindo todas as colônias por-
Em 1591, sob o comando do corsário inglês Thomas tuguesas na América era algo impensado. O mais conhe-
Cavendish, ingleses saquearam, invadiram e ocuparam, cido em meio a estes movimentos é a Inconfidência Mi-
por quase três meses, as cidades de São Vicente e San- neira de 1789, da qual surgiu o mártir da independência,
tos.3 Tiradentes.4

11. Movimentos nativistas ANTIGO SISTEMA COLONIAL

São chamados de movimentos nativistas dentro da 1. O Antigo Sistema Colonial Português.


historiografia brasileira o conjunto de revoltas populares
que tinham como objetivo o protesto em relação a uma Partindo das nossas propostas de análise é inevitável
ou mais condições negativas da realidade da adminis- para uma conceituação do que se define como “Antigo
tração colonial portuguesa no Brasil. Em retrospectiva, Sistema Colonial”.
tais revoltas também foram importantes em um âmbito O conceito mais sintético que podemos explorar
maior. Apesar de constituírem movimentos exclusiva- é o que define como Regime Colonial, uma estrutura
mente locais, que não visavam em um primeiro momento econômica mercantilista que concentra um conjunto de
a separação política, o seu protesto contra algum abuso relações entre metrópoles e colônias. O fim último deste
do pacto colonial contribuiu para a construção do senti- sistema consistia em proporcionar às metrópoles um
mento de nacionalidade em meio a tais comunidades. As fluxo econômico favorável que adviesse das atividades
principais revoltas ocorrem entre meados do século XVII desenvolvidas na colônia.
e começo do século XVIII, quando Portugal perdeu sua Neste sentido a economia colonial surgia como
influência na Ásia, e passou a cobrir os gastos da Coroa complementar da economia metropolitana europeia, de
na metrópole com a receita obtida do Brasil. A sempre forma que permitisse à metrópole enriquecer cada vez
crescente cobrança de impostos, a criação frequente de mais para fazer frente às demais nações europeias.
novos tributos e o abuso dos comerciantes portugueses De forma simplificada, o Pacto ou Sistema Colonial
na fixação de preços começam a gerar insatisfação entre definia uma série de considerações que prevaleceriam
a elite agrária da colônia. sobre quaisquer outras vigentes. A colônia só podia
Este é o ambiente propício para o nascimento dos comercializar com a metrópole, fornecer-lhe o que
chamados movimentos nativistas, onde surgem a con- necessitasse e dela comprar os produtos manufaturados.
testação de aspectos do colonialismo e primeiros con- Era proibido na colônia o estabelecimento de qualquer
flitos de interesses entre os senhores do Brasil e os de tipo de manufatura que pudesse vir a concorrer com a
Portugal. Entre os movimentos de destaque estão a re- produção da metrópole. Qualquer transação comercial
HISTÓRIA DO BRASIL

volta dos Beckman, no Maranhão (1684); a Guerra dos fora dessa norma era considerada contrabando, sendo
Emboabas, em Minas Gerais (1708), a Guerra dos Mas- reprimido de acordo com a lei portuguesa.
cates, em Pernambuco (1710) e a Revolta de Felipe dos A economia colonial era organizada com o objetivo
Santos em Minas Gerais (1720). de permitir a acumulação primitiva de capitais na
metrópole. O mecanismo que tornava isso possível era

3 Fonte: www.suapesquisa.com 4 Fonte: www.infoescola.com - Por Emerson Santiago

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o exclusivismo nas relações comerciais ou monopólio, Os portugueses detinham o controle do tráfico de
gerador de lucros adicionais (sobre-lucro). escravos entre a África e o Brasil, estabelecia-se uma
As relações comerciais estabelecidas eram: a metró- estrutura de comércio que foge um pouco ao modelo
pole venderia seus produtos o mais caro possível para a apresentado anteriormente.
colônia e deveria comprar pelos mais baixos preços pos- Traficantes portugueses aportavam no Brasil onde
síveis a produção colonial, gerando assim o sobre-lucro. adquiriam fumo e aguardente (geribita), daí partiam para
Fernando Novais em seu livro Portugal e Brasil na crise Angola e Luanda onde negociariam estes produtos em
do Antigo Sistema Colonial ressalta o papel fundamental troca de cativos. A cachaça era produzida principalmente
do comércio para a existência dos impérios ultramarinos: em Pernambuco, na Bahia e no Rio de Janeiro; o fumo
O comércio foi de fato o nervo da colonização do era produzido principalmente na Bahia. A importância
Antigo Regime, isto é, para incrementar as atividades destes produtos se dá em torno do seu papel central nas
mercantis processava-se a ocupação, povoamento e estratégias de negociação para a transação de escravos
valorização das novas áreas. E aqui ressalta de novo o nos sertões africanos.
sentido que indicamos antes da colonização da época A geribita tinha diversos atributos que a tornavam
Moderna; indo em curso na Europa a expansão da eco- imbatível em relação aos outros produtos trocados por
nomia de mercado, com a mercantilização crescente dos escravos. A cachaça é considerada um subproduto da
vários setores produtivos antes à margem da circulação
produção açucareira e por isso apresentava uma grande
de mercadorias – a produção colonial, isto é, a produção
vantagem devido ao baixíssimo custo de produção,
de núcleos criados na periferia de centros dinâmicos eu-
lucravam os donos de engenho que produziam a cachaça
ropeus para estimulá-los, era uma produção mercantil,
e os traficantes portugueses que fariam a troca por
ligada às grandes linhas do tráfico internacional. Só isso
já indicaria o sentido da colonização como peça estimu- cativos na África, além é claro do elevado teor alcoólico
ladora do capitalismo mercantil, mas o comércio colonial da bebida (em torno de 60%) que a tornava altamente
era mais o comércio exclusivo da metrópole, gerador de popular entre seus consumidores.
super-lucros, o que completa aquela caracterização. O interessante de se observar é que do ponto de
Para que este sistema pudesse funcionar era neces- vista do controle do tráfico, o efeito mais importante das
sário que existissem formas de exploração do trabalho geribitas foi transferi-lo para os comerciantes brasileiros.
que permitissem a concentração de renda nas mãos da Os brasileiros acabaram usando a cachaça para quebrar o
classe dominante colonial, a estrutura escravista permitia monopólio dos comerciantes metropolitanos que em sua
esta acumulação de renda em alto grau: quando a maior maioria prefiria comercializar usando o vinho português
parte do excedente seguia ruma à metrópole, uma parte como elemento de troca por cativos. Pode-se perceber
do excedente gerado permanecia na colônia permitindo que o Pacto Colonial acabou envolvendo teias de relações
a continuidade do processo. bem mais complexas que a dicotomia Metrópole-
Importante ressaltar que as colônias encontravam- Colônia, o comércio intercolonial também existiu, talvez
-se inteiramente à mercê de impulsos provenientes da de forma mais freqüente do que se imagina. Na questão
metrópole, e não podiam autoestimular-se economica- das manufaturas as coisas se complicavam um pouco,
mente. A economia agroexportadora de açúcar brasileira mas não podemos esquecer do intenso contrabando que
atendeu aos estímulos do centro econômico dominante. ocorria no período.
Este sistema colonial mercantilista ao funcionar plena-
mente acabou criando as condições de sua própria crise 1.2 Despotismo esclarecido em Portugal.
e de sua superação.
Neste ponto é interessante registrar a opinião de Ciro Na esfera política, a formação do Estado absolutis-
Flamarion Cardoso e Héctor P. Buiquióli: ta correspondeu a uma necessidade de centralização do
O processo de acumulação prévia de capitais de fato poder nas mãos dos reis, para controlar a grande massa
não se limita à exploração colonial em todas as suas for- de camponeses e adequar-se ao surgimento da burgue-
mas; seus aspectos decisivos de expropriação e proletari- sia.
zação se dão na própria Europa, em um ambiente histó- O despotismo esclarecido foi uma forma de Estado
rico global ao qual por certo não é indiferente à presença Absolutista que predominou em alguns países euro-
dos impérios ultramarinos. A superação histórica da fase peus no século XVIII. Filósofos iluministas, como Vol-
da acumulação prévia de capitais foi, justamente o surgi- taire, defendiam a idéia de um regime monárquico no
mento do capitalismo como modo de produção. qual o soberano, esclarecido pelos filósofos, governaria
apoiando-se no povo contra os aristocratas. Esse monar-
1.1 A relação Brasil-África na época do Sistema ca acabaria com os privilégios injustos da nobreza e do
Colonial Português. clero e, defendendo o direito natural, tornaria todos os
HISTÓRIA DO BRASIL

habitantes do país iguais perante a lei. Em países onde, o


A princípio parece fácil descrever as relações desenvolvimento econômico capitalista estava atrasado,
econômicas entre metrópole e colônia, mas devemos essa teoria inspirou o despotismo esclarecido.
entender que o Sistema Colonial se trata de uma teia de Os déspotas procuravam adequar seus países aos no-
relações comerciais bem mais complexa e nem sempre vos tempos e às novas odeias que se desenvolviam na
fácil de identificar. Europa. Embora tenham feito uma leitura um pouco dife-
renciada dos ideais iluministas, com certeza diminuíram
os privilégios considerados mais odiosos da nobreza e

15
do clero, mas ao invés de um governo apoiado no “povo” ridades, os comerciantes, os donos de minas e fazendas.
vimos um governo apoiado na classe burguesa que cres- Neste ambiente de riqueza e prosperidade o Barroco
cia e se afirmava. acaba tornando-se elemento característico do ciclo da
Em Portugal, o jovem rei D. José I “entregou” a árdua mineração, sendo imitado e copiado no Nordeste. Uma
tarefa de modernizar o país nas mãos de seu principal leitura bem característica do Barroco brasileiro é alcançar
ministro, o Marquês de Pombal. Sendo um leitor ávido o sublime, esterilizando a razão e dando vazão a uma lei-
dos filósofos iluministas e dos economistas ingleses, o tura entre o sagrado e o profano, misturando elementos
marquês estabeleceu algumas metas que ele acreditava da natureza a figuras de anjos, e o uso do ouro como
serem capazes de levar Portugal a alinhar-se com os paí- elemento mais característico.
ses modernos e superar sua crise econômica. Mas tão rápido quanto surgiram, as cidades esvazia-
primeira atitude foi fortalecer o poder do rei, comba- ram-se e despovoaram-se quando a mineração entrou
tendo os privilégios jurídicos da nobreza e econômicos em declínio. Esse rápido despovoamento das cidades mi-
do clero (principalmente da Companhia de Jesus). Na neiras permitiu que fossem mantidos até hoje, traços de
tentativa de modernizar o país, o marquês teve de aca- seu urbanismo e arquitetura típicos.
bar com a intolerância religiosa e o poder da inquisição a Com a mineração, a vigilância da Coroa deslocou-se
fim de desenvolver a educação e o pensamento literário do Nordeste para o Sudeste. Assim, em 1763, a cidade do
e científico. Rio de Janeiro tornou-se a capital do Brasil. Esta escolha
Economicamente houve um aumento da exploração se deu em grande parte à proximidade com a região
colonial visando libertar Portugal da dependência eco- mineradora e os importantes portos da cidade. Sendo
nômica inglesa. O Marquês de Pombal aumentou a vigi- assim a burocracia portuguesa deslocou-se para a cidade
lância na colônias e combateu ainda mais o contrabando. a fim de melhor controlar e fiscalizar a produção mineira.
Houve a instalação de uma maior centralização política
na colônia, com a extinção das Capitanias hereditárias 1.5 A crise do Sistema Colonial.
que acabou diminuindo a excessiva autonomia local.
A partir de meados do século XVIII, o sistema
1.3 Urbanização no Nordeste açucareiro. colonial começou a enfrentar séria crise, decorrente
dos efeitos da transformação econômica desencadeada
O açúcar e a pecuária foram as atividades econômi- pela Revolução Industrial nos países mais desenvolvidos
cas que permitiram um dos primeiros e maiores movi-
economicamente da Europa. Nestes países, o capitalismo
mentos dentro da arquitetura no Brasil. Esta arquitetura
deixava o estágio comercial e encaminhava-se para a
constituía-se basicamente em uma atitude defensiva,
etapa industrial.
com construções parecendo fortificações. Grandes sedes
Portugal neste período se encontrava em profunda
de engenhos envolvendo todas as esferas da sociedade,
a casa grande da elite senhorial, a capela do clero e a crise e dependia fortemente da política econômica
senzala do escravo; constituindo-se um microcosmo das inglesa. Neste cenário o capitalismo industrial inglês
relações de poder e trabalho vigentes na colônia. acabou entrando em choque com o colonialismo
Não se pode esquecer das ordens religiosas que de- mercantilista português.
ram condições ao surgimento de um ambiente de cria- O principal ponto deste choque se dava em torno
ções artísticas muito interessante, embora carregados de das principais características da economia colonial: o
um conhecimento aplicado à Europa, adaptaram e fize- monopólio comercial e o regime de trabalho escravista.
ram releituras mais propícias ao novo ambiente, seja no Era necessária a criação de mercados livres para que os
litoral ou no sertão a presença das ordens religiosas se donos de indústria pudessem ter um maior número de
fez sentir em praticamente todos os espaços. mercados consumidores. Com relação à escravidão, o
capitalismo industrial defendia o seu fim e substituição
1.4 Urbanização na economia mineradora. pela mão-de-obra assalariada para que se ampliasse o
seu mercado consumidor. A abolição da escravidão no
Durante o ápice da economia agro-exportadora da Brasil acabou se dando de forma tardia, mas os ingleses
Colônia tivemos um certo crescimento de algumas cida- acabaram se adaptando à situação.
des que floresceram em torno da economia açucareira
e de sua produção “complementar”, a pecuária. Mesmo
assim não houve uma urbanização muito grande no pe-
ríodo, pois a maior parte das atividades econômicas se
dava no espaço rural, a cidade tinha um papel maior de
entreposto comercial e onde se decidiam as leis.
No século XVIII a economia mineradora predomi-
HISTÓRIA DO BRASIL

nou na região Sudeste brasileira, este novo movimento


econômico proporcionou um novo aproveitamento do
espaço urbano e uma crescente desvinculação ou in-
dependência da atividade rural. A região sudeste talvez
tenha sido a única região realmente urbanizada do Bra-
sil-Colônia. O símbolo de todo o poder e prestígio, além
do dinheiro estava nas cidades, onde moravam as auto-

16
O BRASIL MONÁRQUICO. A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL E O PRIMEIRO REINADO.
A CONSTITUIÇÃO DE1824. MILITARES: A GUARDA NACIONAL E O EXÉRCITO. A FASE
REGENCIAL (1831-1840). O ATO ADICIONAL DE 1834. AS REVOLTAS POLÍTICAS E SOCIAIS
DAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO IMPÉRIO. G. A CONSOLIDAÇÃO DA ORDEM INTERNA:
O FIM DAS REBELIÕES, OS PARTIDOS, O FORTALECIMENTO DO ESTADO, A ECONOMIA
CAFEEIRA. MODERNIZAÇÃO: ECONOMIA E CULTURA NA SOCIEDADE IMPERIAL. A
ESCRAVIDÃO, AS LUTAS ESCRAVAS PELA LIBERDADE. O MOVIMENTO ABOLICIONISTA E
A ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA. A INTRODUÇÃO DO TRABALHO LIVRE E A IMIGRAÇÃO.
POLÍTICA EXTERNA: AS QUESTÕES PLATINAS, A GUERRA DO PARAGUAI E O EXÉRCITO. O
MOVIMENTO REPUBLICANO E O ADVENTO DA REPÚBLICA

INDEPENDÊNCIA DO BRASIL

A independência do Brasil, enquanto processo histórico, desenhou-se muito tempo antes do príncipe regente Dom
Pedro I proclamar o fim dos nossos laços coloniais às margens do rio Ipiranga. De fato, para entendermos como o
Brasil se tornou uma nação independente, devemos perceber como as transformações políticas, econômicas e sociais
inauguradas com a chegada da família da Corte Lusitana ao país abriram espaço para a possibilidade da independência.
A chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil foi episódio de grande importância para que possamos iniciar as
justificativas da nossa independência. Ao pisar em solo brasileiro, Dom João VI tratou de cumprir os acordos firmados
com a Inglaterra, que se comprometera em defender Portugal das tropas de Napoleão e escoltar a Corte Portuguesa
ao litoral brasileiro. Por isso, mesmo antes de chegar à capital da colônia, o rei português realizou a abertura dos portos
brasileiros às demais nações do mundo.
Do ponto de vista econômico, essa medida pode ser vista como um primeiro “grito de independência”, onde a co-
lônia brasileira não mais estaria atrelada ao monopólio comercial imposto pelo antigo pacto colonial. Com tal medida,
os grandes produtores agrícolas e comerciantes nacionais puderam avolumar os seus negócios e viver um tempo de
prosperidade material nunca antes experimentado em toda história colonial. A liberdade já era sentida no bolso de
nossas elites.
Para fora do campo da economia, podemos salientar como a reforma urbanística feita por Dom João VI promoveu
um embelezamento do Rio de Janeiro até então nunca antes vivida na capital da colônia, que deixou de ser uma sim-
ples zona de exploração para ser elevada à categoria de Reino Unido de Portugal e Algarves. Se a medida prestigiou os
novos súditos tupiniquins, logo despertou a insatisfação dos portugueses que foram deixados à mercê da administra-
ção de Lorde Protetor do exército inglês.
Essas medidas, tomadas até o ano de 1815, alimentaram um movimento de mudanças por parte das elites lusitanas,
que se viam abandonadas por sua antiga autoridade política. Foi nesse contexto que uma revolução constitucionalista
tomou conta dos quadros políticos portugueses em agosto de 1820. A Revolução Liberal do Porto tinha como objetivo
reestruturar a soberania política portuguesa por meio de uma reforma liberal que limitaria os poderes do rei e recon-
duziria o Brasil à condição de colônia.
Os revolucionários lusitanos formaram uma espécie de Assembleia Nacional que ganhou o nome de “Cortes”. Nas
Cortes, as principais figuras políticas lusitanas exigiam que o rei Dom João VI retornasse à terra natal para que legiti-
masse as transformações políticas em andamento. Temendo perder sua autoridade real, D. João saiu do Brasil em 1821
e nomeou seu filho, Dom Pedro I, como príncipe regente do Brasil.
A medida ainda foi acompanhada pelo rombo dos cofres brasileiros, o que deixou a nação em péssimas condições
financeiras. Em meio às conturbações políticas que se viam contrárias às intenções políticas dos lusitanos, Dom Pedro
I tratou de tomar medidas em favor da população tupiniquim. Entre suas primeiras medidas, o príncipe regente baixou
os impostos e equiparou as autoridades militares nacionais às lusitanas. Naturalmente, tais ações desagradaram bas-
tante as Cortes de Portugal.
Mediante as claras intenções de Dom Pedro, as Cortes exigiram que o príncipe retornasse para Portugal e entre-
gasse o Brasil ao controle de uma junta administrativa formada pelas Cortes. A ameaça vinda de Portugal despertou a
elite econômica brasileira para o risco que as benesses econômicas conquistadas ao longo do período joanino corriam.
Dessa maneira, grandes fazendeiros e comerciantes passaram a defender a ascensão política de Dom Pedro I à líder da
independência brasileira.
HISTÓRIA DO BRASIL

No final de 1821, quando as pressões das Cortes atingiram sua força máxima, os defensores da independência orga-
nizaram um grande abaixo-assinado requerendo a permanência e Dom Pedro no Brasil. A demonstração de apoio dada
foi retribuída quando, em 9 de janeiro de 1822, Dom Pedro I reafirmou sua permanência no conhecido Dia do Fico. A
partir desse ato público, o príncipe regente assinalou qual era seu posicionamento político.
Logo em seguida, Dom Pedro I incorporou figuras políticas pró-independência aos quadros administrativos de seu
governo. Entre eles estavam José Bonifácio, grande conselheiro político de Dom Pedro e defensor de um processo de
independência conservador guiado pelas mãos de um regime monárquico. Além disso, Dom Pedro I firmou uma reso-

17
lução onde dizia que nenhuma ordem vinda de Portugal Outras cidades também sofreram mudanças conside-
poderia ser adotada sem sua autorização prévia. ráveis em suas estruturas urbanas, sofreram também um
Essa última medida de Dom Pedro I tornou sua re- considerável crescimento demográfico; respeitando-se, é
lação política com as Cortes praticamente insustentável. claro, as especificidades econômicas locais.
Em setembro de 1822, a assembleia lusitana enviou um As principais cidades do Brasil, Rio de Janeiro, Salva-
novo documento para o Brasil exigindo o retorno do dor e Recife constituíram-se dos principais cenários de
príncipe para Portugal sob a ameaça de invasão militar, reformas urbanas e da atuação dos poderes públicos
caso a exigência não fosse imediatamente cumprida. Ao com o objetivo viabilizar o ordenamento do espaço ur-
tomar conhecimento do documento, Dom Pedro I (que bano.
estava em viagem) declarou a independência do país no Neste período as classes dominantes imperiais busca-
dia 7 de setembro de 1822, às margens do rio Ipiranga. vam desvincular-se da imagem de atraso colonial, busca-
va-se a ordem na sociedade e nas cidades. A vida urbana
intensificava-se, a imponência e riqueza se traduzia na
A chegada da família real portuguesa ao Brasil.
construção dos prédios públicos que refletiam o desejo
de ordem social. Na cidade de Salvador, os edifícios per-
Mudanças drásticas em todas as estruturas políticas e
tencentes à administração provincial contrastavam com
econômicas tiveram seu ápice com a chegada da família
a arquitetura barroca e colonial dos estabelecimentos
rela portuguesa ao Brasil, fugindo da invasão napoleônica religiosos.
na Europa. Difícil acreditar que todas as pessoas tivessem aces-
Protegidos por uma esquadra naval inglesa, D. João e so às melhores moradias ou desfrutassem dos confron-
a corte portuguesa chegaram à Bahia em 22 de Janeiro tos proporcionados pela vida na cidade. Pelo contrário,
de 1808. Um mês depois, a corte se transferiu para o Rio a maioria da população, constituída em sua maioria de
de Janeiro, onde instalou-se a sede do governo. negros e mestiços, vivia no limiar da pobreza.
A Inglaterra acabou pressionando D. João a acabar Políticas de intervenção urbana se intensificaram por
com o monopólio comercial, sendo que em 28 de Janeiro volta de 1830. Redes de esgoto, iluminação a gás, linhas
de 1808, D. João decretou a abertura dos portos às de bondes, praças, parques, construção de prédios pú-
nações amigas. Sendo a Inglaterra a principal beneficiária blicos, instalação de fábricas e políticas de saneamento
da abertura dos portos, pois pagaria menores taxas e saúde pública passaram a integrar o cotidiano urbano.
sobre seus produtos no mercado brasileiro em relação às Na cidade surgem novas possibilidades de trabalho,
outras nações, inclusive Portugal. novos mecanismos de sobrevivência. A população sai do
O governo de D. João foi responsável pela implantação campo em busca de melhores oportunidades e, em sua
de diversas estruturas culturais, sociais e urbanas maioria, acaba ocupando uma esfera marginal da vida
inexistentes no Brasil como: a fundação da Academia econômica e social da cidade.
Militar e da Marinha; criação do ensino superior com a Com a nova visão sobre o espaço urbano e sobre a
fundação de duas escolas de Medicina; criação do Jardim sociedade acabam por surgir novos elementos regulado-
Botânico; inauguração da Biblioteca Real; fundação da res da conduta urbana. Neste sentido surgem os asilos
imprensa Régia; criação da Academia de Belas-Artes. para loucos, reformatórios e abrigos para pessoas da rua.
Mas a transformação mais forte se deu na forma de O discurso higienista começa a ganhar adeptos e a me-
se viver o espaço urbano, até então, mesmo com o ciclo dicalização da sociedade de torna evidentemente neces-
de mineração, o Brasil nunca deixara efetivamente de ser sária para a elite. Prostitutas, mendigos, loucos e crianças
um país rural. de rua, vão ser constantemente vigiados e reprimidos
nas suas idas e vindas pela cidade.
A mulher acaba sofrendo ainda mais do que os outros
Urbanização e pobreza.
“excluídos” da política urbana. As novas praças, ruas e
prédios não são para todos, muitas mulheres precisavam
A intensa urbanização nas principais capitais de pro-
trabalhar nas ruas para ajudar no sustento da família e
víncias do Império do Brasil no século XIX, não estava
muitas vezes tinham seus movimentos pela cidade im-
associado ao desenvolvimento de grandes indústrias. As
pedidos pelas normas de conduta vigentes. A vigilância
cidades brasileiras que foram antigas sedes da adminis-
sobre o corpo, a sexualidade e sobre a mulher assumem
tração colonial portuguesa acabaram conservando mui-
caráter científico e caráter de importância fundamental
tas das suas tradicionais funções burocráticas e comer-
para o bom funcionamento da sociedade.
ciais. Geralmente explica-se o decréscimo populacional
Sob o discurso da racionalidade científica e dos
do Nordeste e o consequente “inchamento” do Sudeste,
conceitos de ordem e progresso que se desejavam
especialmente o Rio de Janeiro pela decadência da re-
gião algodoeira e açucareira nordestina, contrapondo-se implantar, os poderes públicos procuravam transformar
e modernizar as cidades, além de atingir também os
HISTÓRIA DO BRASIL

à expansão da agricultura cafeeira e da economia indus-


trial do sul, fatores estes que explicariam pelo menos em hábitos e costumes da população moldando-os, sob
parte a grande onda de migrações internas do período. estruturas repressoras a uma imagem de salubridade e
Na cidade do Rio de Janeiro, nos anos iniciais do sé- modernidade. A maioria destes discursos continua, talvez
culo XIX, houve um acentuado crescimento demográfico, com ainda mais força, durante a primeira República e
impulsionado pela chegada constante de estrangeiros, desta vez, com a tônica de romper com o “atraso” da
principalmente portugueses. Monarquia.

18
Através deste trabalho pode-se ter um olhar econô- Movimentos emancipacionistas
mico sobre a questão do Antigo Sistema Colonial portu-
guês e o impacto das relações econômicas entre Metró- As revoltas emancipacionistas foram movimentos
pole e Colônia. Relações que determinaram um modo de sociais ocorridos no Brasil Colonial, caracterizados pelo
viver o espaço urbano de uma maneira bem diferente do forte anseio de conquistar a independência do Brasil com
final desta relação de dependência. relação a Portugal. Estes movimentos possuíam certa or-
Quando a colônia adquiriu autonomia econômica e ganização política e militar, além de contar com forte
política, novos espaços surgiram, a mão-de-obra livre sentimento contrário à dominação colonial.
acabaria por substituir a escrava, e uma grande mudan-
ça nos hábitos da população acabaria por transformar a Causas principais
cidade em um gigantesco palco de relações sociais que
romperiam com o tradicionalismo colonial. Fazer a refor- • Cobrança elevada de impostos de Portugal sobre
ma urbana era promover a reforma social.
o Brasil.
O que ocorreu com a chegada da família real por-
• Pacto Colonial - Brasil só podia manter relações
tuguesa ao Brasil foi a necessidade de se europeizar o
comerciais com Portugal, além de ser impedido de
espaço e os costumes. As cidades cresceram, ricos pro-
desenvolver indústrias.
dutores rurais construíam suas casa nas cidades para fi-
carem próximos à corte. Requintaram-se os hábitos: os • Privilégios que os portugueses tinham na colônia
talheres substituíram as mãos durante as refeições, as em relação aos brasileiros.
cerimônias sociais tornaram-se ainda mais aristocráticas, • Leis injustas, criadas pela coroa portuguesa, que
a cidade transformara-se. tinham que ser seguidas pelos brasileiros.
E embora a influência inglesa tenha sido a mais pre- • Falta de autonomia política e jurídica, pois todas as
ponderante, foram os costumes franceses que mais se ordens e leis vinham de Portugal.
tornaram presentes no cotidiano, principalmente no jei- • Punições violentas contra os colonos brasileiros
to de vestir, na alimentação e principalmente na política que não seguiam as determinações de Portugal.
com a propagação de ideias como democracia, constitui- • Influência dos ideais do Iluminismo e dos movi-
ção e igualdade. mentos separatistas ocorridos em outros países
Os ideais políticos franceses chegam ao Brasil princi- (Independência dos Estados Unidos em 1776 e Re-
palmente, como em muitos lugares da América, através volução Francesa em 1789).
da maçonaria. Segundo Caio Prado Júnior:
Mas a ideologia revolucionária francesa [...], e se ado- Principais revoltas emancipacionistas
tará “oficialmente” para as circunstâncias brasileiras. Nos
seus traços gerais, ela parecia perfeitamente aplicável às Conjuração Mineira
necessidades políticas da colônia. A “liberdade, igualda-
de e fraternidade”, que como norma política a sumaria, Foi um movimento separatista ocorrido na cidade
ia prestar-se bastante bem às várias situações que aqui de Vila Rica (Minas Gerais) no ano de 1789. Teve como
se apresentam. Castigada embora, e deformada não raro principal causa os altos impostos cobrados sobre o ouro
(que castigo aliás, e que deformação não cabem no vago explorado nas regiões das minas e também da criação da
da fórmula francesa?), ela servirá de lema a todos que derrama. Teve como líderes intelectuais, poetas, militares,
pretendiam alguma coisa: senhores de engenho e fa- padres e até um alferes (Tiradentes). Tinha como objeti-
zendeiros contra comerciantes; mulatos contra brancos; vo, após a independência, implantar o sistema republica-
pés-descalços contra calçados; brasileiros contra portu-
no no Brasil, criar uma nova Constituição e incentivar o
gueses...Faltou apenas “escravos contra senhores”, justa-
desenvolvimento industrial. O movimento foi denuncia-
mente aqueles a quem mais se aplicaria como lema rei-
do ao governo, que o reprimiu com violência. Os líderes
vindicador; é que os escravos falavam – quando falavam,
foram condenados a prisão ou exílio. Tiradentes foi con-
porque no mais das vezes agiram apenas e ano precisa-
ram de roupagens ideológicas - , falavam na linguagem denado a morte na forca.
mais familiar e acessível que lhes vinha das florestas, das
estepes e dos desertos africanos... Conjuração Baiana
Posteriormente, a tentativa de recolonização do
Brasil acabou tornando-se um dos principais motivos Foi uma rebelião popular, de caráter separatista,
para a independência. Já havia se criado no Brasil um ocorrida na Bahia em 1798. Teve a participação de pes-
sentimento de autonomia, sendo do ponto de vista soas do povo, ex-escravos, médicos, sapateiros, alfaia-
econômico, político ou cultural. Estes eventos acabaram tes, padres, entre outros segmentos sociais. Teve como
marcando a entrada do Brasil no cenário internacional causa principal exploração de Portugal, principalmente
HISTÓRIA DO BRASIL

como nação de importância estratégica.5 no tocante a cobrança elevada de tributos. Defendiam a


liberdade com relação a Portugal, a implantação de um
sistema republicano e liberdade comercial. Após vários
motins e saques, a rebelião foi reprimida pelas forças do
governo, sendo que vários revoltosos foram presos, jul-
gados e condenados.
5 Fonte: www.historiabrasil.xpg.com.br

19
Revolução Pernambucana constitucionalista tomou conta dos quadros políticos
portugueses em agosto de 1820. A Revolução Liberal do
Foi um movimento separatista ocorrido em Pernam- Porto tinha como objetivo reestruturar a soberania po-
buco em 1817. Teve como causas principais a explora- lítica portuguesa por meio de uma reforma liberal que
ção metropolitana e a cobrança de impostos sobre os limitaria os poderes do rei e reconduziria o Brasil à con-
colonos brasileiros. Teve a participação da classe média, dição de colônia.
populares, padres, militares e membros da elite. Motiva- Os revolucionários lusitanos formaram uma espécie
dos pelos ideais iluministas (liberdade e igualdade), os de Assembleia Nacional que ganhou o nome de “Cor-
revoltosos pretendiam libertar o Brasil do domínio por- tes”. Nas Cortes, as principais figuras políticas lusitanas
tuguês e instalar o sistema republicano no país. Assim exigiam que o rei Dom João VI retornasse à terra natal
como os outros movimentos, foi reprimido fortemente para que legitimasse as transformações políticas em an-
pelas forças militares do governo. Os líderes foram pre- damento. Temendo perder sua autoridade real, D. João
sos e alguns participantes condenados à morte.6 saiu do Brasil em 1821 e nomeou seu filho, Dom Pedro I,
como príncipe regente do Brasil.
Independencia do Brasil A medida ainda foi acompanhada pelo rombo dos
cofres brasileiros, o que deixou a nação em péssimas
A independência do Brasil, enquanto processo históri- condições financeiras. Em meio às conturbações políticas
co, desenhou-se muito tempo antes do príncipe regente que se viam contrárias às intenções políticas dos lusita-
Dom Pedro I proclamar o fim dos nossos laços coloniais nos, Dom Pedro I tratou de tomar medidas em favor da
às margens do rio Ipiranga. De fato, para entendermos população tupiniquim. Entre suas primeiras medidas, o
como o Brasil se tornou uma nação independente, deve- príncipe regente baixou os impostos e equiparou as au-
mos perceber como as transformações políticas, econô- toridades militares nacionais às lusitanas. Naturalmente,
micas e sociais inauguradas com a chegada da família da tais ações desagradaram bastante as Cortes de Portugal.
Corte Lusitana ao país abriram espaço para a possibilida- Mediante as claras intenções de Dom Pedro, as Cor-
de da independência. tes exigiram que o príncipe retornasse para Portugal e
A chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil foi entregasse o Brasil ao controle de uma junta administra-
episódio de grande importância para que possamos ini- tiva formada pelas Cortes. A ameaça vinda de Portugal
ciar as justificativas da nossa independência. Ao pisar em despertou a elite econômica brasileira para o risco que as
solo brasileiro, Dom João VI tratou de cumprir os acor- benesses econômicas conquistadas ao longo do período
dos firmados com a Inglaterra, que se comprometera em joanino corriam. Dessa maneira, grandes fazendeiros e
defender Portugal das tropas de Napoleão e escoltar a comerciantes passaram a defender a ascensão política de
Corte Portuguesa ao litoral brasileiro. Por isso, mesmo Dom Pedro I à líder da independência brasileira.
antes de chegar à capital da colônia, o rei português rea- No final de 1821, quando as pressões das Cortes atin-
lizou a abertura dos portos brasileiros às demais nações giram sua força máxima, os defensores da independên-
do mundo. cia organizaram um grande abaixo-assinado requerendo
Do ponto de vista econômico, essa medida pode ser a permanência e Dom Pedro no Brasil. A demonstração
vista como um primeiro “grito de independência”, onde a de apoio dada foi retribuída quando, em 9 de janeiro de
colônia brasileira não mais estaria atrelada ao monopólio 1822, Dom Pedro I reafirmou sua permanência no conhe-
comercial imposto pelo antigo pacto colonial. Com tal cido Dia do Fico. A partir desse ato público, o príncipe
medida, os grandes produtores agrícolas e comerciantes regente assinalou qual era seu posicionamento político.
nacionais puderam avolumar os seus negócios e viver um Logo em seguida, Dom Pedro I incorporou figuras
tempo de prosperidade material nunca antes experimen- políticas pró-independência aos quadros administrati-
tado em toda história colonial. A liberdade já era sentida vos de seu governo. Entre eles estavam José Bonifácio,
no bolso de nossas elites. grande conselheiro político de Dom Pedro e defensor de
Para fora do campo da economia, podemos salientar um processo de independência conservador guiado pe-
como a reforma urbanística feita por Dom João VI pro- las mãos de um regime monárquico. Além disso, Dom
moveu um embelezamento do Rio de Janeiro até então Pedro I firmou uma resolução onde dizia que nenhuma
nunca antes vivida na capital da colônia, que deixou de ordem vinda de Portugal poderia ser adotada sem sua
ser uma simples zona de exploração para ser elevada à autorização prévia.
categoria de Reino Unido de Portugal e Algarves. Se a Essa última medida de Dom Pedro I tornou sua re-
medida prestigiou os novos súditos tupiniquins, logo lação política com as Cortes praticamente insustentável.
despertou a insatisfação dos portugueses que foram dei- Em setembro de 1822, a assembleia lusitana enviou um
xados à mercê da administração de Lorde Protetor do novo documento para o Brasil exigindo o retorno do
HISTÓRIA DO BRASIL

exército inglês. príncipe para Portugal sob a ameaça de invasão militar,


Essas medidas, tomadas até o ano de 1815, alimen- caso a exigência não fosse imediatamente cumprida. Ao
taram um movimento de mudanças por parte das elites tomar conhecimento do documento, Dom Pedro I (que
lusitanas, que se viam abandonadas por sua antiga au- estava em viagem) declarou a independência do país no
toridade política. Foi nesse contexto que uma revolução dia 7 de setembro de 1822, às margens do rio Ipiranga.7

6 Fonte: www.historiadobrasil.net 7 Fonte: www.brasilescola.uol.com.br – Por Rainer Souza

20
Primeiro Reinado

O Primeiro Reinado foi a fase inicial do período monárquico do Brasil após a independência. Esse período se inicia
com a declaração da independência por Dom Pedro I e se finda em 1831, com a abdicação do imperador.

Pintura de Pedro Américo (1888) retrata a declaração da independência do Brasil.

Quando Dom Pedro I declarou a independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822, movido por intensa pressão
das elites portuguesas e brasileiras, o exército português, ainda fiel à lógica colonial, resistiu o quanto pôde, procuran-
do resguardar os privilégios dados aos lusitanos em terras brasileiras.
A vitória das forças leais ao Imperador Pedro I contra essa resistência dão ao monarca um aumento considerável de
prestígio e poder.
Uma das primeiras iniciativas do imperador brasileiro foi criar e promulgar uma nova Constituição para o país para, ao
mesmo tempo, aumentar e consolidar seu poder político e frear iniciativas revolucionárias que já estavam acontecendo no
Brasil.
Assembleia Constituinte formada em 1823 foi a primeira tentativa, invalidada pela falta de acordo e pela incompa-
tibilidade entre os deputados e a vontade do Imperador. Numa nova tentativa, a Constituição é promulgada em 1824,
a primeira do Brasil independente.

Dom Pedro I, Imperador do Brasil entre 1822 e 1831.

Essa Constituição, entre outras medidas, dava ao Imperador o poder de dissolver a Câmara e os conselhos provin-
HISTÓRIA DO BRASIL

ciais, manobrando por tanto o legislativo, além de eliminar cargos quando necessário, instituir ministros e senadores
com poderes vitalícios e indicar presidentes de comarcas. Essas medidas deixavam a maior parte do poder de decisão
nas mãos do imperador e evidenciavam um caráter despótico e autoritário de um governo que prometeu ser liberal.
Essa guinada autoritária do governo gerou novas revoltas e insuflou antigas, dando mais instabilidade ainda ao país
recém independente. Uma dessas revoltas foi a Confederação do Equador. Liderados por Frei Caneca, os pernambu-
canos revoltosos contra o governo foram reprimidos pelos militares, não sem antes mostrar sua insatisfação com os
rumos do país.

21
Em 1825 o Brasil foi derrotado na guerra da Cisplati- disso, pelo poder a ela concedido, seus membros deve-
na, que transformou essa antiga parte da colônia no in- riam firmar o compromisso de sedimentar a tranquilida-
dependente Uruguai em 1828. Essa guerra causa danos de e a ordem pública.
ao país, tanto políticos quanto econômicos. Com proble- Para formar esse novo braço armado, as autoridades
mas com importações, baixa arrecadação de impostos, oficiais estipularam que todo o brasileiro, entre 21 e 60
dificuldade na cobrança dos mesmos por causa da exten- anos de idade, que tivesse amplos direitos políticos, de-
são do território e a produção agrícola em baixa, causada veria compor os quadros dessa instituição. Ao limitá-la
por uma crise internacional, a economia brasileira tem somente aos chamados “cidadãos ativos” (eleitores e ele-
uma queda acentuada. gíveis), o governo excluía qualquer possibilidade de par-
Quando, em 1826, Dom João VI morre, surge um ticipação de pessoas de origem popular. De fato, temos
grande embate quanto a sucessão do trono português. aí um claro indício de quais interesses a Guarda Nacional
Diante de reivindicações de brasileiros e portugueses, deveria verdadeiramente assegurar.
Dom Pedro abdica em favor da filha, D. Maria da Glória. Outro fator que comprova tal perspectiva pode ser
No entanto, seu irmão, D. Miguel, dá um golpe de Estado visto na maneira pela qual os quadros dirigentes dessa
e usurpa o poder da irmã. mesma instituição eram estipulados. A maioria esma-
O Imperador brasileiro então envia tropas brasileiras gadora dos dirigentes da Guarda comprava o seu título
para solucionar o embate e restituir o poder à filha. Esse de “coronel” junto ao Estado Brasileiro. Com isso, vários
fato, irrita os brasileiros, uma vez que o Imperador está proprietários de terra adquiriram esta patente e foram
novamente priorizando os assuntos de Portugal em de- responsáveis pela organização local das milícias que de-
trimento do Brasil. Essa “reaproximação’ entre Portugal e veriam, teoricamente, apenas manter a ordem.
Brasil incomoda e gera temor de uma nova época de de- Na prática, os membros da Guarda Nacional repre-
pendência. Com isso, o Imperador perde popularidade. sentaram mais uma situação histórica marcada pelo abu-
A tudo isso se soma o assassinato de Líbero Badaró, so das instituições públicas para fim estritamente parti-
jornalista conhecido e desafeto do imperador. Natural- culares. Com o passar do tempo, os “coronéis” valiam-se
mente, as suspeitas pelo atentado sofrido pelo jornalis- de suas tropas armadas para simplesmente preservar
ta recaem no governante luso-brasileiro. Esse episódio seus interesses econômicos e políticos pessoais. Além
faz a aprovação do Imperador cair ainda mais junto da disso, serviram como severo instrumento de repressão
população. Um momento delicado acontece quando o contra uma população que não se via representada no
Imperador, em viagem a Minas Gerais, é hostilizado pe- mando de líderes políticos oriundos das elites.
los mineiros por conta desse assassinato. Portugueses no
Rio de Janeiro imediatamente respondem aos mineiros, Periodo Regencial
se mobilizando em favor do imperador. As ruas do Rio
de Janeiro testemunham momentos e atos de desordem Chamamos de período regencial o período entre a
e agitação pública. abdicação de D. Pedro I e a posse de D. Pedro II no trono
Nesse momento, duas das mais importantes cate- do Brasil, compreendendo os anos de 1831 a 1840.
gorias de sustentação do regime também retiram seu Com a abdicação de D Pedro I, por lei, quem assu-
apoio. A Nobreza e o Exército abandonam o Imperador miria o trono seria seu filho D. Pedro II. No entanto, a
e tornam a situação política insustentável. D Pedro I não idade de D. Pedro II, ainda criança à época não obedecia
encontra solução. Abdica em favor do filho, Pedro de Al- as determinações de maioridade da Constituição. Nesse
cântara, então com 5 anos em 7 de abril de 1831.8 sentido, se tornou clara a necessidade da Regência, um
governo de transição que administraria o país enquanto
Militares o imperador ainda não tivesse idade suficiente para go-
vernas. A regência seria trina, a princípio, formada por
Durante o período regencial, observamos a eclosão membros da Assembléia Geral (Senado e Câmara dos
de vários levantes que questionavam a autoridade exer- deputados). Nesse sentido e diante da situação do país,
cida pelos novos mandatários do poder. Ao manter a a adoção da regência provisória era questão de urgência.
estrutura política centralizadora do governo imperial, os O período regencial foi dividido em duas partes: Re-
regentes apenas eclodiram a forte insatisfação que se di- gência Trina (1831 a 1834) e Regência Una (1834 a 1840).
rigia contra o autoritarismo da época. Vale ainda lembrar Naquele momento, a Assembleia possuía três grupos:
que, nessa mesma época, os quadros do exército brasi- Moderados (maioria, representavam a elite e era de-
leiro eram bastante limitados e não poderiam controlar fensores da centralização), Restauradores (defendiam a
todas as situações de conflito. restauração do Imperador D. Pedro I) e Exaltados (defen-
Buscando resolver tal situação, os dirigentes da re- diam a descentralização do poder).
HISTÓRIA DO BRASIL

gência autorizaram a criação de um novo organismo A Regência Trina provisória governa de abril a julho,
armado para assegurar a estabilidade política do país. sendo composta pelos senadores José Joaquim Carneiro
Em agosto de 1831, a Guarda Nacional foi criada com Campos, representante da ala dos restauradores, Nicolau
o propósito de defender a constituição, a integridade, a de Campos Vergueiro, representando os liberais mode-
liberdade e a independência do Império Brasileiro. Além rados e o brigadeiro Francisco de Lima e Silva que re-
presentava os setores mais conservadores dos militares,
8 Fonte: www.infoescola.com – Por Bruno Izaías da Silva sobretudo no Exército.

22
Logo, o jogo político exigiu a formação de uma Re- Balaiada
gência Trina Permanente. Esta foi eleita em julho de 1831
pela Assembleia Geral. Era composta pelo já integrante Balaiada é no nome pelo qual ficou conhecida a im-
da Regência Provisória, Francisco de Lima e Silva, o de- portante revolta que se deu no Maranhão do século XIX.
putado moderado José da Costa Carvalho e João Bráu- É mais um capítulo das convulsões sociais e políticas que
lio Muniz. Com isso, finda a provisoriedade da regência. atingiram o Brasil no turbulento momento que vai da in-
Nesse governo, como ministro da Justiça é nomeado o dependência do Brasil à proclamação da República.
padre Diogo Antônio Feijó. Naquele momento, a sociedade maranhense estava
No entanto, mesmo com as mudanças, o país ainda dividida, basicamente, entre uma classe baixa, composta
enfrenta sérios problemas de governabilidade. A opo- por escravos e sertanejos, e uma classe alta, composta
sição entre restauradores e exaltados de um lado e os por proprietários rurais e comerciantes.
regentes do outro torna o cenário político bastante deli- Para ampliar sua influência junto à política e à socie-
cado. Por segurança contra os excessos, Diogo Feijó cria dade, os conservadores tentam através de uma medida,
a Guarda Nacional, em 1831, arregimentando filhos de ampliar os poderes dos prefeitos. Essa medida impopu-
aristocratas em sua formação. lar faz com que a insatisfação social cresça consideravel-
A partir de 1833, a situação se agrava e conflitos in- mente, alimentando a revolta conhecida como Balaiada.
ternos, muitos separatistas, eclodem pelo país. A Caba- A Balaiada foi uma reação e uma luta dos maranhen-
nagem, no Pará dá início à onda. Seguem-se a Guerra ses contra injustiças praticadas por elites políticas e as
dos Farrapos no Rio Grande do Sul, a Sabinada e a Revol- desigualdades sociais que assolavam o Maranhão do sé-
ta dos Malês, na Bahia, e a Balaiada no Maranhão. culo XIX.
No ano de 1834, a morte de D. Pedro I altera o cená- A origem da revolta remete à confrontação entre
rio político. A assembleia passa a abrigar a disputa entre duas facções, os Cabanos (de linha conservadora) e os
progressistas defensores do diálogo com os revoltosos e chamados “bem-te-vis” (de linha liberal). Eram esses dois
regressistas, adeptos da repressão às mesmas revoltas. partidos que representavam os interesses políticos da
Um novo documento é assinado em 12 de agosto de elite do Maranhão. Até 1837, o governo foi chefiado pe-
1834. Por esse documento, denominado “Ato Adicional”, los liberais, mantendo seu domínio social na região. No
conquista-se um “avanço liberal”, substituindo a Regên- entanto, diante da ascensão de Araújo de Lima ao gover-
cia Trina pela Regência Una. no da província e dos conservadores ao governo central,
no Rio de Janeiro, os cabanos do Maranhão afastaram os
Os candidatos favoritos para essa eleição eram An- bem-te-vis e ocuparam o poder.
tônio Francisco de Paula e Holanda Cavalcanti (conser- Essa mudança dá início à revolta em 13 de dezembro
vador) e padre Diogo Antônio Feijó (liberal). Este último de 1838, quando um grupo de vaqueiros liderados por
venceu a disputa por apertada margem de votos. Feijó Raimundo Gomes invade a cadeia local para libertar ami-
sobe ao poder em 1835, mas tem governo breve, deixan- gos presos. O sucesso da invasão dá a chance de ocupar
do o poder em 1837, ainda que eleito para o período de o vilarejo como um todo. Enquanto a rivalidade transcor-
4 anos, motivado pelos problemas com separatistas, falta ria e aumentava, Raimundo Gomes e Manoel Francisco
de recursos e isolamento político. do Anjos Ferreira levam a revolta até o Piauí, no ano de
A Segunda Regência Una foi conservadora. Chefiada 1839. Este último líder era artesão, e fabricava cestos de
por Pedro de Araújo Lima que aproveita a derrocada dos palha, chamados de balaios na região, daí o nome da re-
liberais e se elege Regente Uno em 19 de setembro de volta. Essa interferência externa altera o cenário político
1837 – fortalecimento da centralização política. A disputa da revolta e muda seu rumo.
com os liberais gera, entre outras medidas, a Lei Interpre- Devido aos problemas causados aos interesses da eli-
tativa do Ato Adicional de 1834, que é respondida com o te da região, bem-te-vis e cabanos se unem contra os
chamado “golpe da maioridade”. balaios.
A contenda entre liberais e conservadores traz des-
confiança para a elite, que prefere centralizar o poder,
apoiando a posse de D. Pedro II. Os Liberais criam o “Clu-
be da Maioridade” e fazem propaganda pela maioridade
antecipada de D Pedro II.
A opinião pública, influenciada pelos liberais, contra-
ria a Constituição e aprova a Declaração de Maioridade
em 1840, quando D. Pedro II tem apenas 14 anos de ida-
de.
HISTÓRIA DO BRASIL

Após a decisão, o jogo político tem como objetivo,


para conservadores e liberais, controlar D. Pedro II em
proveito próprio garantindo assim seus privilégios.9

Tropas do Império se preparam para atacar os revol-


9 Fonte: www.infoescola.com – Por Bruno Izaías da Silva tosos da Balaiada. Ilustração: Rugendas

23
A agitação social causada pela revolta beneficia os Antecipar a maioridade de Pedro de Alcântara (D. Pe-
bem-te-vis e coloca o povo em desagrado contra o dro II) era a única alternativa da Família Real para manter-
governo cabano. Em 1839 os balaios tomam a Vila de -se presente e comandando o Brasil e, ao mesmo tempo,
Caxias, a segunda cidade mais importante do Maranhão. Portugal. Com esse objetivo, o chamado “golpe da maio-
Uma das táticas para enfraquecer os revoltosos foram as ridade” resguardou os interesses tanto das classes mais
tentativas de suborno e desmoralização que visavam de- altas do país quando da própria Família Real. A iniciativa
sarticular o movimento. Em 1839 o governo chama Luis de antecipar a maioridade de D. Pedro II veio do Partido
Alves de Lima e Silva (depois conhecido como Duque Liberal que queria, ao mesmo tempo, assegurar sua in-
de Caxias) para ser presidente da província e, ao mesmo fluência no poder e acabar com a instabilidade causada
tempo, organizar a repressão aos movimentos revolto- pelo governo regencial, que testemunhou grande desor-
sos e pacificar o Maranhão. Esse é tido como o início da dem interna. Buscavam então acabar com a instabilidade
brilhante carreira do militar. O Comandante resolveu os do país e garantir seus próprios interesses.
Oficialmente, o reinado de D. Pedro II vai de 23 de
problemas que atravancavam o funcionamento adequa-
julho de 1840 a 15 de novembro de 1889. Se caracteriza
do das forças militares. Pagou os atrasados dos militares,
pela intensa luta pela estabilidade interna com o enfren-
organizou as tropas, cercou e atacou redutos balaios já
tamento de revoltas, pela reorganização da política, atra-
enfraquecidos por deserções e pela perda do apoio dos
vés de uma bipartidarização que coloca frente a frente o
bem-te-vis. Organizou toda a estratégia e a execução do Partido Liberal e o Partido Conservador, a instauração do
plano que visava acabar de vez por todas com a revolta. parlamentarismo como forma de governo e a reativação
Em 1840 a chance de anistia, dada pelo governo, estimula do comércio internacional.
a rendição de 2500 balaios, inviabilizando o já combalido No cenário econômico, o cultivo do café era um gran-
exército. Os que resistiram, foram derrotados. A Balaiada de sucesso, devido às excelentes condiões de solo e clima
chega ao fim, entrando pra história do Brasil como mais em algumas regiões do Brasil, principalmente em Minas
um momento conflituoso da ainda frágil monarquia e da Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Esse sucesso trouxe
história do Brasil.10 ao país um aquecimento econômico e a consequente ne-
cessidade de mais mão de obra escrava. O bom momen-
Segundo Reinado to da economia era atestado pelo superávit da balança
comercial, pois o Brasil mais exportava do que importava.
O período nomeado de Segundo Reinado é segunda Além disso, a cultura do café trouxe consigo uma ex-
fase da história do Brasil monárquico, época em que o pansão urbana, tanto no número de cidades quanto no
país esteve sob a liderança de Dom Pedro II. Em virtude crescimento das já existentes, em virtude da necessidade
dos sucessivos entraves e dificuldades enfrentadas por de se responder às necessidades da economia.
D. Pedro I para manter-se no trono do Brasil recém inde- Aumentaram de número os latifúndios cafeeiros e
pendente e, ao mesmo tempo, garantir sua influência em os barões do café que eram seus donos. Esses barões
Portugal, a responsabilidade de comandar o Brasil recaiu apoiavam o Imperador, lhe dando sustentação política e
sobre D. Pedro II, que assume o poder com apenas 15 ganhando em troca títulos de nobreza e privilégios. Tam-
anos de idade. bém verifica-se nessa época uma expansão considerável
nas ferrovias e portos, usados para escoar a produção
cafeeira.
Entre as mudanças políticas adotadas, uma das prin-
cipais foi a adoção do parlamentarismo, em 1847. Nesse
sistema, o poder legislativo era mais respeitado. O pre-
sidente de conselho era quem estabelecia o quadro de
ministros, num modelo diferente daquele implantado em
países europeus, como a Inglaterra. Essa diferença gerou
o termo “Parlamentarismo às avessas”.
D. Pedro II a essa altura, concentrava poderes para si,
tendo o controle absoluto sobre a assembleia, podendo
demitir todo o ministério e escolher o novo presidente
de conselho. Podia também dissolver a Câmara e convo-
car novas eleições.
Um dos assuntos principais desse período foi a es-
cravidão. Governo e elite resistiam firmemente à ideia de
abolição do tráfico de escravos e da escravidão em si. No
entanto, a aproximação diplomática de longa data com a
HISTÓRIA DO BRASIL

Inglaterra, que resguardou a Família Real Portuguesa na


fuga para o Brasil e garantiu a independência, forçou o
imperador a reconsiderar essa posição.
Dom Pedro II quando criança, aos 12 anos. Pintura de No dia 4 de setembro de 1850 é promulgada a Lei
Félix Taunay, 1837. Eusébio de Queirós, que instituía o fim do tráfico de es-
cravos.
10 Fonte: www.infoescola.com – Por Bruno Izaías da Silva

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Não tardou para que a escravidão também fosse Com isso, entre as diferentes formas de resistência
abolida. Em 13 de maio de 1888, a princesa Isabel abole dos escravos podem ser mencionadas as fugas coletivas,
a escravidão através da assinatura da Lei Áurea. Com o ou individuais, as revoltas contra feitores e seus senho-
fim do trabalho escravo negro, buscando uma alternativa res (que poderia ou não ter o assassinato desses), a re-
para suprir a demanda por mão de obra para a cafei- cusa em trabalhar, a execução do trabalho de maneira
cultura, os fazendeiros, sobretudo paulistas dão início à inadequada, criação de quilombos e mocambos, entre
imigração europeia, trazendo trabalhadores assalariados outros.
de vários países para o Brasil. A resistência contra a escravidão já começava no em-
Assim, “pedaços da República” surgem paulatinamen- barque dos africanos nos navios negreiros. O risco de re-
te, A produção de café cai no Vale do Paraíba e no Rio de voltas dos africanos nos navios negreiros era tão alto que
Janeiro mas cresce consideravelmente no oeste paulista, os traficantes de escravos diminuíam, deliberadamente,
por conta da terra roxa. Isso causa uma mudança no eixo as porções de comida para reduzir as possibilidades de
de poder. A monarquia já não favorecia os proprietários
revoltas, que aconteciam, geralmente, quando o navio
de terra do nordeste, que acabaram por abandonar o Im-
estava próximo da costa.
perador. Sem apoio, a Monarquia sofre o golpe de 15 de
Portanto, as revoltas dos africanos nos navios negrei-
novembro de 1889.11
ros eram tão comuns que os traficantes tinham na tripu-
lação do navio intérpretes que falavam os idiomas dos
O trabalho escravizado do africano no Brasil, lutas,
africanos e poderiam alertar em caso de possibilidade
resistências e abolicionismo
de revolta dos aprisionados. As revoltas, porém, não se
resumiam apenas aos navios negreiros. Aqui no Brasil,
A resistência dos escravos foi uma resposta à escravi-
inúmeras revoltas aconteceram.
dão que foi uma instituição presente na história do Brasil
Os historiadores costumam apontar que os escravos
ao longo de mais de 300 anos. A sociedade brasileira foi
africanos eram mais combativos que os escravos crioulos
construída pela utilização dos trabalhadores escravos, in-
(nascidos no Brasil), porque muitos dos africanos vinham
dígenas ou africanos. Com isso, a escravidão no Brasil foi
de povos que tinham um grande histórico recente de en-
uma instituição vil e cruel que explorava brutalmente o
volvimento com o combate e a guerra. Esse foi o caso de
trabalho de indígenas e africanos.
nagôs e haussás. Apesar disso, os escravos crioulos tam-
Sendo assim, no caso dos africanos, a escravidão os
bém se rebelavam e, ao longo de nossa história, existem
removeu de sua terra nativa e os enviou a milhares de
inúmeros exemplos disso.
quilômetros de distância para uma terra distante, com
idioma, religião e culturas diferentes das deles. Foi nesse
Tráfico e formação do escravismo da época Mo-
contexto que milhões de africanos foram sequestrados e
derna
transportados em péssimas condições para serem escra-
vizados no Brasil.
Foi durante a Idade Moderna, primordialmente de-
Desta forma, os africanos foram utilizados em traba-
pois que se descobriu a América, intensificou-se o co-
lho domésticos e urbanos, mas, sobretudo, foram utili-
mércio escravo, sem qualquer limite quanto à crueldade
zados na lavoura, principalmente, no cultivo da cana de
praticada, visava-se somente o lucro que se obteria com
açúcar e também nas minas, quando foram descobertos
a venda de homens, mulheres e crianças vindas direto da
metais e pedras preciosas em Minas Gerais, Cuiabá e
África para as Américas.
Goiás.
É chamado de Tráfico negreiro o envio arbitrário de
Ademais, engana-se, porém, quem acredita que os
negros africanos na condição de escravos para as Amé-
africanos foram escravizados passivamente, pois, apesar
ricas e outras colônias de países europeus durante o pe-
da falta de registro, os historiadores sabem que inúmeras
ríodo caracterizado como colonialista.
formas de resistência dos escravos foram desenvolvidas.
A escravidão ocorre desde a origem de nossa histó-
Outrossim, a resistência à escravidão por meio das re-
ria, quando os povos que eram derrotados em combates
voltas, conforme pontua o historiador João José Reis, não
entre exércitos ou armadas eram aprisionados e transfor-
visava, exclusivamente, a acabar com o regime de escra-
mados em escravos por seus dominadores. O povo he-
vidão, mas, dentro do cotidiano dos escravos, poderia ser
breu é um exemplo disso, foram comercializados como
utilizada como instrumentos de barganha.
escravos desde os primórdios da História. Os escravos
Sendo assim, essas revoltas dos escravos buscavam,
eram usados nos trabalhos mais pesados e toscos que se
muitas vezes, corrigir excessos de tirania dos senhores,
pode imaginar.
diminuir o nível de opressão ou punir feitores excessiva-
A explicação encontrada para o uso da mão de obra
mente cruéis.
escrava fazia alusão a questões religiosas e morais e à
Muitas pessoas têm uma imagem de que os escravos
HISTÓRIA DO BRASIL

suposta preeminência racial e cultural dos europeus.


africanos aceitavam a escravização de maneira passiva,
Com isso, os portugueses já utilizavam o negro como
mas os historiadores nos contam que a história foi bem
escravo desde o ano de 1432, trazido pelo português
diferente e os escravos organizam-se de diferentes ma-
Gil Eane, utilizando-os nas ilhas da Madeira, de Açores e
neiras para colocar limites à violência a que eram subme-
Cabo Verde, anteriormente à efetivação da colonização
tidos no seu cotidiano.
brasileira.
11 Fonte: www.infoescola.com – Por Bruno Izaías da Silva

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Porém, no Brasil a escravidão passou a ser utilizada POLITICA EXTERNA BRASILEIRA
na primeira metade do século XVI, devido à produção de
açúcar. Os portugueses transportavam os negros oriun- 1. A política externa
dos da África para serem usados como mão de obra es-
crava nos moinhos de cana de açúcar do Nordeste. O Segundo Reinado foi um importante período para
Desta forma, os africanos aprisionados pelos portu- o processo de consolidação interna do projeto político
gueses quando aqui chegavam eram cedidos por um de- da aristocracia rural e escravista brasileira, que se afirmou
terminado preço, como se fossem uma mercadoria qual- definitivamente no poder após o turbulento processo de
quer. Os que tinham uma saúde mais perfeita chegavam constituição do Estado nacional. O desenvolvimento da
a ser comercializados pelo dobro do valor em compara- economia cafeeira, a partir da segunda metade do século
ção aos velhos e fracos. XIX, favoreceu o predomínio político da elite aristocráti-
A travessia do continente africano para o Brasil era ca.
feita nos porões dos navios negreiros, com os negros Quanto à política externa, o Brasil, que, por sua ex-
empilhados da maneira mais insalubre e desumana pos- tensão territorial, já usufruía de posição privilegiada no
sível, sendo que muitos deles nem sequer chegavam vi- continente sul-americano, procurou, ao longo do reina-
vos, tendo seus corpos atirados ao mar. do do imperador Dom Pedro II, desempenhar agressiva
Os castigos eram frequentes, sendo o chicote a pu- política a fim de evitar o fortalecimento de outras nações
nição mais utilizada no Brasil colônia. Aos negros era que ameaçassem sua posição hegemônica. Além disso,
vedado o direito de exercer sua religião de ascendência procurou expressar sua vontade de assumir uma posição
africana e manter a sua cultura, como festas e rituais afri- “autônoma” em relação à Inglaterra.
canos eram terminantemente proibidos, eram obrigados
a professar a religião católica, determinação dos senho- 2. As relações Brasil - Inglaterra
res de engenho, e a comunicar-se utilizando a língua
portuguesa. Durante toda a primeira metade do século passado,
Entretanto, apesar das proibições, os negros, ocul- a Inglaterra, importante produtora de gêneros industria-
tamente, realizavam seus rituais e suas festas, foi neste lizados, buscava ampliar seu mercado consumidor. O
período que se desenvolveu um tipo de luta que ficou país acreditava que essa ampliação dependia da aboli-
muito conhecida aqui no Brasil: a capoeira. Eles também ção do trabalho escravo no continente americano. Por-
desenvolveram o candomblé, a umbanda, e outras re- tanto, desde a chegada de D. João VI ao Brasil – que foi
ligiões, nas quais ritos africanos eram mesclados a ele- auxiliada pela Coroa britânica – as autoridades inglesas
mentos do catolicismo, dando origem ao famoso sincre- pressionavam o governo brasileiro a abolir a escravidão.
tismo religioso brasileiro. Tal demanda se chocava com os interesses dos grandes
O negro não aceitou a escravidão pacificamente, as proprietários rurais brasileiros. Os ingleses acreditavam
agitações ocorriam quase regularmente nas fazendas, que a abolição deveria ocorrer de forma lenta e gradual:
escravos em bandos fugiam, criando nas florestas os iniciaria pela extinção do tráfico negreiro, principal meio
célebres quilombos (lugares aonde habitavam apenas de abastecimento de mão de obra escrava em uma po-
escravos fugitivos) ali viviam em liberdade para realizar pulação cujo crescimento natural não era suficiente para
seus rituais, suas festas e também para falar sua própria a sua reposição.
língua. O quilombo mais importante foi o de Palmares, Devido aos adiamentos da decisão do governo im-
cujo líder foi Zumbi. perial, as autoridades britânicas resolveram intervir: de-
A partir de 1850 foi aprovada a Lei Eusébio de Quei- cretaram a lei Bill Aberdeen, dispositivo que permitia aos
roz, a qual punha um fim ao comércio negreiro; em 28 de ingleses aprisionar navios que estivessem transportando
setembro de 1871 foi sancionada a Lei do Ventre Livre, africanos para o Brasil, apreender a carga e julgar a tripu-
concedendo liberdade aos filhos de escravos que nasces- lação por crime. Algumas apreensões foram feitas, o que
sem a partir daquele momento. Finalmente, no ano de abalou as relações entre Brasil e Inglaterra.
1885, foi anunciada a Lei dos Sexagenários, que contem- Outro episódio marcante no relacionamento entre os
plava com a liberdade os escravos com mais de 60 anos dois países foi a chamada Questão Christie. Em 1861, um
. navio inglês, o Príncipe de Gales, naufragou nas costas
do Rio Grande do Sul e sua carga foi pilhada por brasilei-
FIQUE ATENTO! ros. William Christie, representante inglês no Brasil, exi-
giu uma indenização de 3.200 libras, o que desagradou o
Foi só no final do século XIX que definitiva-
governo imperial.
mente a escravidão, a nível mundial, foi abo-
Para agravar ainda mais a situação, pouco depois, três
lida de vez do quadro negro da história. No
HISTÓRIA DO BRASIL

oficiais da marinha inglesa, à paisana e completamente


Brasil a Abolição só se deu no dia 13 de maio
de 1888, com o anúncio público e oficial da embriagados, foram presos pela polícia do Rio de Janei-
Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel. ro por provocarem desordens. Christie exigiu a imediata
libertação dos oficiais ingleses, além da punição dos res-
ponsáveis pela prisão.

26
O imperador Dom Pedro II concordou, inicialmen- que seu programa inutilizaria a proposta da República.
te, em arcar com a indenização pelo saque do navio e Recebe críticas de seus companheiros do Partido Liberal
também ordenou a libertação dos marinheiros ingleses, por não discutir o problema do Federalismo. Os proble-
mas se recusou, terminantemente, a punir as autoridades mas no Império estavam em várias instâncias que davam
brasileiras, que, segundo ele, agiram corretamente ao base ao trono de Dom Pedro II:
prender os arruaceiros. Em represália à decisão do impe- A Igreja Católica: Descontentamento da Igreja Ca-
rador, Christie ordenou o aprisionamento de cinco navios tólica frente ao Padroado exercido por D. Pedro II que
brasileiros que se encontravam no Oceano Atlântico e interferia em demasia nas decisões eclesiásticas.
os manteve como reféns até que a atitude do governo O Exército: Descontentamento dos oficiais de baixo
brasileiro se alterasse. Em resposta à atitude do embai- escalão do Exército Brasileiro pela determinação de D.
xador inglês, centenas de pessoas se manifestaram nas Pedro II que os impedia de manifestar publicamente nos
ruas do Rio de Janeiro, insultando comerciantes ingleses periódicos suas críticas à monarquia.
radicados na cidade. Para arbitrar a questão diplomática Os grandes proprietários: Após a Lei Áurea ascende
envolvendo Brasil e Inglaterra, foi eleito o rei da Bélgica, entre os grandes fazendeiros um clamor pela República,
Leopoldo I, que se manifestou a favor das atitudes do im- conhecidos como Republicanos de 14 de maio, insatis-
perador Dom Pedro II e aconselhou o governo britânico feitos pela decisão monárquica do fim da escravidão se
voltam contra o regime. Os fazendeiros paulistas que já
a pedir desculpas ao Brasil, o que não ocorreu. Em 1863,
importavam mão de obra imigrante, também estão con-
as relações diplomáticas entre os dois países foram rom-
trários à monarquia, pois buscam maior participação po-
pidas, apesar da manutenção dos contatos econômicos.
lítica e poder de decisão nas questões nacionais.
Em 1865, porém, preocupada com a expansão para-
A classe média urbana: As classes urbanas em as-
guaia em território sul-americano, a Inglaterra buscou censão buscam maior participação política e encontram
uma reaproximação com o Brasil, e um representante no sistema imperial um empecilho para alcançar maior
inglês formalizou, em nome do governo britânico, um liberdade de econômica e poder de decisão nas questões
pedido de desculpas a Dom Pedro II, reatando, assim, as políticas.
relações diplomáticas entre Brasil e Inglaterra.12

3. Crise do Império e proclamação da república


EXERCÍCIOS COMENTADOS
A Proclamação da República Brasileira aconteceu no
dia 15 de novembro de 1889. Resultado de um evante 1.(ENEM – 2014) Em 1879, cerca de cinco mil pessoas
político-militar que deu inicio à República Federativa Pre- reuniram-se para solicitar a D. Pedro II a revogação de
sidencialista. Fica marcada a figura de Marechal Deodoro uma taxa de 20 réis, um vintém, sobre o transporte ur-
da Fonseca como responsável pela efetiva proclamação e bano. O vintém era a moeda de menor valor da época.
como primeiro Presidente da República brasileira em um A polícia não permitiu que a multidão se aproximasse
governo provisório (1889-1891). Marechal Deodoro da do palácio. Ao grito de “Fora o vintém!”, os manifestan-
Fonseca foi herói na guerra do Paraguai (1864-1870), co- tes espancaram condutores, esfaquearam mulas, viraram
mandando um dos Batalhões de Brigada Expedicionária. bondes e arrancaram trilhos. Um oficial ordenou fogo
Sempre contrário ao movimento republicano e defensor contra a multidão. As estatísticas de mortos e feridos são
da Monarquia como deixa claro em cartas trocadas com imprecisas. Muitos interesses se fundiram nessa revolta,
seu sobrinho Clodoaldo da Fonseca em 1888 afirman- de grandes e de políticos, de gente miúda e de simples
do que apesar de todos os seus problemas a Monarquia cidadãos. Desmoralizado, o ministério caiu. Uma grande
continuava sendo o “único sustentáculo” do país, e a re- explosão social, detonada por um pobre vintém.
pública sendo proclamada constituiria uma “verdadeira Disponível em: www.revistadehistoria.com.br. Acesso em:
desgraça” por não estarem, os brasileiros, preparados 4 abro 2014 (adaptado).
para ela.
A leitura do trecho indica que a coibição violenta das ma-
3.1. A crise no Império nifestações representou uma tentativa de

O ultimo gabinete ministerial do Império, o “Gabinete a) capturar os ativistas radicais.


Ouro Preto”, sob a chefia do Senador pelo Partido Libe- b) proteger o patrimônio privado.
ral Visconde do Ouro Preto, assim que assume em junho c) salvaguardar o espaço público.
de 1889 propõe um programa de governo com reformas d) conservar o exercício do poder.
profundas no centralismo do governo imperial. Preten- e) sustentar o regime democrático.
HISTÓRIA DO BRASIL

dia dar feição mais representativa aos moldes de uma


monarquia constitucional, contemplando aos republica- Resposta: alternativa E. As manifestações de descon-
nos com o fim da vitaliciedade do senado e adoção da tentamento popular eram reprimidas de maneira vio-
liberdade de culto. Ouro Preto é acusado pela Câmara de lenta para impedir que o poder, e as oligarquias que
estar dando inicio à República e se defende garantindo se beneficiavam dele, não fosse posto em xeque.

12 Fonte: www.educabras.com

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A REPÚBLICA BRASILEIRA A CONSTITUIÇÃO DE 1891, OS MILITARES E A CONSOLIDAÇÃO
DA REPÚBLICA. A “POLÍTICA DOS GOVERNADORES”. O CORONELISMO E O SISTEMA
ELEITORAL. O MOVIMENTO OPERÁRIO. O TENENTISMO. A REVOLUÇÃO DE1930. O
PERÍODO VARGAS (1930-1945): ECONOMIA, SOCIEDADE, POLÍTICA E CULTURA. O ESTADO
NOVO. O BRASIL NA II GUERRA MUNDIAL; FEB. O PERÍODO DEMOCRÁTICO (1945-1964):
ECONOMIA, SOCIEDADE, POLÍTICA E CULTURA. A INTERVENÇÃO MILITAR, SUA NATUREZA
E TRANSFORMAÇÕES ENTRE 1964 E 1985. AS MUDANÇAS INSTITUCIONAIS DURANTE
O PERÍODO. O “MILAGRE ECONÔMICO”. A REDEMOCRATIZAÇÃO. OS MOVIMENTOS
SOCIAIS NAS DÉCADAS DE 1970 E 1980: ESTUDANTES, OPERÁRIOS E DEMAIS SETORES
DA SOCIEDADE. A CAMPANHA PELAS ELEIÇÕES DIRETAS. A CONSTITUIÇÃO DE 1988. O
BRASIL PÓS-1985: ECONOMIA, SOCIEDADE, POLÍTICA E CULTURA

A Proclamação da República Brasileira aconteceu no dia 15 de novembro de 1889. Resultado de um evante políti-
co-militar que deu inicio à República Federativa Presidencialista. Fica marcada a figura de Marechal Deodoro da Fon-
seca como responsável pela efetiva proclamação e como primeiro Presidente da República brasileira em um governo
provisório (1889-1891).
Marechal Deodoro da Fonseca foi herói na guerra do Paraguai (1864-1870), comandando um dos Batalhões de
Brigada Expedicionária. Sempre contrário ao movimento republicano e defensor da Monarquia como deixa claro em
cartas trocadas com seu sobrinho Clodoaldo da Fonseca em 1888 afirmando que apesar de todos os seus problemas a
Monarquia continuava sendo o “único sustentáculo” do país, e a república sendo proclamada constituiria uma “verda-
deira desgraça” por não estarem, os brasileiros, preparados para ela.
A República Federativa Brasileira nasce pelas mãos dos militares que se veriam a partir de então como os defenso-
res da Pátria brasileira. A República foi proclamada por um monarquista. Deodoro da Fonseca assim como parte dos
militares que participaram da movimentação pelas ruas do Rio de Janeiro no dia 15 de Novembro pretendiam derrubar
apenas o gabinete do Visconde de Ouro Preto. No entanto, levado ao ato da proclamação, mesmo doente, Deodoro
age por acreditar que haveria represália do governo monárquico com sua prisão e de Benjamin Constant, devido à
insurgência dos militares.
A população das camadas sociais mais humildes observam atônitos os dias posteriores ao golpe republicano. A
República não favorecia em nada aos mais pobres e também não contou com a participação desses na ação efetiva. O
Império, principalmente após a abolição da escravidão tem entre essas camadas uma simpatia e mesmo uma gratidão
pela libertação. Há então um empenho das classes ativamente participativas da República recém-fundada para apagar
os vestígios da monarquia no Brasil, construir heróis republicanos e símbolos que garantissem que a sociedade brasi-
leira se identificasse com o novo modelo Republicano Federalista.

1. A Maçonaria e o Positivismo

O Governo Republicano Provisório foi ocupado por Marechal Deodoro da Fonseca como Presidente, Marechal
Floriano Peixoto como vice-presidente e como ministros: Benjamin Constant, Quintino Bocaiuva, Rui Barbosa, Campos
Sales, Aristides Lobo, Demétrio Ribeiro e o Almirante Eduardo Wandenkolk, todos os presentes na nata gestora da
República eram membros regulares da Maçonaria Brasileira. A Maçonaria e os maçons permanecem presentes entre as
lideranças brasileiras desde a Independência, aliados aos ideais da filosofia Positivista, unem-se na formação do Estado
Republicano, principalmente no que tange o Direito.
A filosofia Positivista de Auguste Comte esteve presente principalmente na construção dos símbolos da República.
Desde a produção da Bandeira Republicana com sua frase que transborda a essência da filosofia Comteana “Ordem
e Progresso”, ou no uso dos símbolos como um aparato religioso à religião republicana. Positivistas Ortodoxos como
Miguel Lemos e Teixeira Mendes foram os principais ativistas, usando das alegorias femininas e o mito do herói para
fortalecer entre toda a população a crença e o amor pela República. Esses Positivistas Ortodoxos acreditavam tão ple-
namente em sua missão política de fortalecimento da República que apesar de ridicularizados por seus opositores não
esmorecem e seguem fortalecendo o imaginário republicano com seus símbolos, mitos e alegorias.
HISTÓRIA DO BRASIL

A nova organização brasileira pouco ou nada muda nas formas de controle social, nem mesmo há mudanças na
pirâmide econômica, onde se agrupam na base o motor da economia, e onde estão presentes os extratos mais pobres
da sociedade, constituída principalmente por ex-escravizados e seus descendentes. Já nas camadas mais altas dessa
pirâmide econômica organizam-se oligarquias locais que assumem o poder da máquina pública gerenciando os proje-
tos locais e nacionais sempre em prol do extrato social ao qual pertencem. Não há uma revolução, ou mesmo grandes
mudanças com a Proclamação da República, o que há de imediato é a abertura da política aos homens enriquecidos,
principalmente pela agricultura. Enquanto o poder da maquina pública no Império estava concentrado na figura do

28
Imperador, que administrava de maneira centralizadora missem o comando aqueles que viriam a se estabelecer,
as decisões políticas, na República abre-se espaço de de- não apenas como elite econômica, mas também como
cisão para a classe enriquecida que carecia desse poder lideranças políticas no cenário republicano. Os militares
de decisão política. deixam a política ainda com sentimento de guardiões da
República (serão chamados ao ofício da garantia da Or-
2. Republica das espadas e republica oligárquica dem diversas vezes no decorrer da história republicana
brasileira). Mas o sistema Liberal proposto em teoria pe-
A República brasileira proclamada em novembro de las elites vitoriosas seguiria, e a partir de 1894 a Repúbli-
1889 nasce de um golpe militar realizado de maneira pa- ca deixaria de ser um aparato ideológico para tornar-se
cífica pela não resistência do Imperador D. Pedro II que instrumento de poder nas mãos das Oligarquias.
sai sem grandes problemas e se exila na Europa.
Marechal Deodoro da Fonseca é quem ocupa a presi- 3. Republica Oligarquica
dência da República em um governo provisório. Deodoro
era declaradamente monarquista, amigo de D. Pedro II, Com a proclamação da República, em 1889, inaugu-
mas por acreditar que haveria uma retaliação do Impé- rou-se um novo período na história política do Brasil: o
rio contra a movimentação insurgente do exército contra poder político passou a ser controlado pelas oligarquias
o Gabinete do Visconde de Ouro Preto, resolve apoiar rurais, principalmente as oligarquias cafeeiras. Entretan-
a causa. Ao ser chamado frente as tropas insurgentes, to, o controle político exercido pelas oligarquias não
Marechal Deodoro não deixa de declarar seu apoio ao aconteceu logo em seguida à proclamação da Repúbli-
Imperador e grita “«Viva Sua Majestade, o Imperador!», ca – os dois primeiros governos (1889-1894) correspon-
esse momento será lembrado posteriormente como o deram à chamada República da Espada, ou seja, o Brasil
momento da Proclamação da República. esteve sob o comando do exército. Marechal Deodoro
O primeiro momento da República brasileira é mar- da Fonseca liderou o país durante o Governo Provisório
cada pelo autoritarismo militar, visto que são esses que (1889-1891). Após a saída de Deodoro, o Marechal Flo-
ficam responsáveis por manter a ordem e garantir a es- riano Peixoto esteve à frente do governo brasileiro até
tabilidade para o novo sistema que vislumbram para o 1894.
Brasil. Através do princípio Liberal havia chances de que No ano de 1894, os grupos oligárquicos, principal-
a partir desse momento um novo pacto social se estabe- mente a oligarquia cafeeira paulista, estavam articulando
lecesse no Brasil, com participação ampla das camadas para assumir o poder e controlar a República. Os paulistas
populares, mas isso não ocorre. apoiaram Floriano Peixoto. Dessa aliança surgiu o candi-
O que acontece é a conservação e até o aumento da dato eleito nas eleições de março de 1894, Prudente de
exclusão social mediante ações influenciadas pelo pen- Morais, filiado ao Partido Republicano Paulista (PRP). A
samento positivista onde militares acreditavam que com partir de então, o poder político brasileiro ficou restrito
autoritarismo poderiam manter a ordem e levar o Brasil às oligarquias agrárias paulista e mineira, de 1894 a 1930,
ao progresso, ideais do Positivismo. período conhecido como República Oligárquica. Assim, o
Três mandatos marcam a República da Espada: o domínio político presidencial durante esse intervalo de
primeiro, Governo Provisório de Deodoro da Fonseca tempo prevaleceu entre São Paulo e Minas Gerais, efeti-
que faz a transição e sai garantindo a primeira eleição vando a política do café-com-leite.
de forma indireta, apesar do dispositivo da Constituição Durante o governo do presidente Campo Sales
de 1891 prever eleições diretas. Eleito sem participação (1898-1902), a República Oligárquica efetivou o que mar-
popular pelo Congresso Nacional Deodoro da Fonseca cou fundamentalmente a Primeira República: a chamada
assume então com vice Marechal Floriano Peixoto. política dos governadores, que se baseava nos acordos
Deodoro, no entanto, pretende manter o controle da e alianças entre o presidente da República e os gover-
República e fecha o Congresso, a fim de garantir seus po- nadores de estado, que foram denominados Presidentes
deres frente à “Lei de Responsabilidade”, anteriormente de estado. Estes sempre apoiariam os candidatos fiéis ao
aprovada pelo congresso devido à crise econômica. Dá governo federal; em troca, o governo federal nunca in-
inicio então a um governo ditatorial que é precipitado terferiria nas eleições locais (estaduais).
pela ameaça de bombardeio da Cidade do Rio de Janeiro Mas, afinal, como era efetivado o apoio aos candida-
feito pelos líderes da Revolta da Armada (conflito fomen- tos à presidência da República do governo federal pelos
tado pela Marinha Brasileira). governadores dos estados? Esse apoio ficou conhecido
Frente a Revolta da Armada Deodoro renuncia em fa- como coronelismo: o título de coronel surgiu no período
vor de seu, Floriano Peixoto, que mantém um regime li- imperial, mas com a proclamação da República os coro-
nha dura contra opositores. Realiza uma verdadeira cam- néis continuaram com o prestígio social, político e eco-
HISTÓRIA DO BRASIL

panha de combate aos revoltosos da Segunda Revolta da nômico que exerciam nas vizinhanças das localidades de
Armada, assim como aos revoltosos Federalistas no Rio suas propriedades rurais. Eles eram os chefes políticos
Grande do Sul, recebe a alcunha de “Marechal de Ferro” locais e exerciam o mandonismo sobre a população.
devido essas ações. Os coronéis sempre exerceram a política de troca
No entanto, a República da Espada chegava ao fim de favores, mantinham sob sua proteção uma enorme
após realizar uma transição necessária aos interesses das quantidade de afilhados políticos, em troca de obediên-
elites, pacificaram e garantiram a ordem para que assu- cia rígida. Geralmente, sob a tutela dos coronéis, os afi-

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lhados eram as principais articulações políticas. Nas áreas locais, que não visavam em um primeiro momento a sepa-
próximas à sua propriedade rural, o coronel controlava ração política, o seu protesto contra algum abuso do pac-
todos os votos eleitorais a seu favor (esses locais ficaram to colonial contribuiu para a construção do sentimento de
conhecidos como “currais eleitorais”). nacionalidade em meio a tais comunidades. As principais
Nos momentos de eleições, todos os afilhados (de- revoltas ocorrem entre meados do século XVII e começo do
pendentes) dos coronéis votavam no candidato que o século XVIII, quando Portugal perdeu sua influência na Ásia,
seu padrinho (coronel) apoiava. Esse controle dos vo- e passou a cobrir os gastos da Coroa na metrópole com a
tos políticos ficou conhecido como voto de cabresto, receita obtida do Brasil. A sempre crescente cobrança de
presente durante toda a Primeira República, e foi o que impostos, a criação frequente de novos tributos e o abuso
manteve as oligarquias rurais no poder. dos comerciantes portugueses na fixação de preços come-
Durante a Primeira República, o mercado tinha o ca- çam a gerar insatisfação entre a elite agrária da colônia.
ráter agroexportador e o principal produto da economia Este é o ambiente propício para o nascimento dos cha-
brasileira era o café. No ano de 1929, com a queda da mados movimentos nativistas, onde surgem a contestação
Bolsa de Valores de Nova York, a economia cafeeira bra- de aspectos do colonialismo e primeiros conflitos de inte-
sileira enfrentou uma enorme crise, pois as grandes esto- resses entre os senhores do Brasil e os de Portugal. Entre os
cagens de café fizeram com que o preço do produto so- movimentos de destaque estão a revolta dos Beckman, no
fresse uma redução acentuada, o que ocasionou a maior Maranhão (1684); a Guerra dos Emboabas, em Minas Gerais
crise financeira brasileira durante a Primeira República. (1708), a Guerra dos Mascates, em Pernambuco (1710) e a
Na Revolução de 1930, Getúlio Vargas assumiu o po- Revolta de Felipe dos Santos em Minas Gerais (1720).
der após um golpe político que liderou juntamente com Mas é a Insurreição Pernambucana (1645-54) onde se
os militares brasileiros. Os motivos do golpe foram as localiza o marco inicial destes movimentos.
eleições manipuladas para presidência da República, as
quais o candidato paulista Júlio Prestes havia ganhado, Vamos ver um pouco mais sobre esses movimentos.
de forma obscura, em relação ao outro candidato, o gaú-
cho Getúlio Vargas, que, não aceitando a situação posta, Em 1562 - Confederação dos Tamoios
efetivou o golpe político, acabando de vez com a Repú-
blica Oligárquica e com a supremacia política da oligar- A primeira rebelião de que se tem notícia foi uma revol-
quia paulista e mineira. ta de uma coligação de tribos indígenas - com o apoio dos
franceses que haviam fundado a França Antártica - contra
MOVIMENTOS SOCIAIS NO BRASIL os portugueses. O movimento foi pacificado pelos padres
jesuítas Manuel da Nóbrega e José de Anchieta.
Do período colonial à república, conheça principais re-
voltas econômicas e sociais ao longo de cinco séculos de Em 1645 - Insurreição Pernambucana
história.
Revolta da população nordestina (a partir de 1645)
contra o domínio holandês. Sob iniciativa dos senhores
de engenho, os colonos foram mobilizados para lutarem.
#FicaDica As batalhas das Tabocas e de Guararapes enfraqueceram
o poderio dos invasores europeus. Até que, na batalha
A seguir veremos os movimentos que marca- de Campina de Taborda, em 1654, os holandeses foram
ram nossa história. Vale, portanto, ressaltar, derrotados e expulsos do País.
que dentre esses movimentos é necessário É considerada o marco inicial dos movimentos nati-
diferenciar a essência que os causou. vistas. Iniciada logo após a campanha pela expulsão dos
Os movimentos a seguir ou eram nativistas invasores holandeses, e de sua poderosa Companhia das
ou emancipacionistas. Índias Ocidentais, é ali que pela primeira vez que se re-
Nativistas: representa movimentos de defesa gistrou a divergência entre os interesses dos colonos e os
da terra, sem qualquer caráter separatista. pretendidos pela Metrópole. Os habitantes de Pernam-
Emancipacionistas: eram mais radicais e pre- buco começaram a desenvolver a noção de que a própria
tendiam, de fato, separar o Brasil de Portu- colônia conseguiria administrar seus próprios destinos,
gal, criando um governo próprio e soberano, até por que eles conseguiram expulsar os invasores pra-
sem interferência externa de qualquer natu- ticamente sozinhos, num esforço que reuniu negros es-
reza. cravos, brancos e indígenas lutando juntos, com um pu-
nhado de oficiais lusitanos nos altos postos de comando.
Na historiografia brasileira, dentro dos movimentos que
HISTÓRIA DO BRASIL

ocorreram, temos aqueles que foram chamados de movi- Em 1682 - Guerra dos Bárbaros
mentos nativistas, que representa o conjunto de revoltas
populares que tinham como objetivo o protesto em relação Foram disputas intermitentes entre os índios cariris,
a uma ou mais condições negativas da realidade da admi- que ocupavam extensas áreas no Nordeste, contra a do-
nistração colonial portuguesa no Brasil. Em retrospectiva, minação dos colonizadores portugueses. Foram cerca de
tais revoltas também foram importantes em um âmbito 20 anos de confrontos.
maior. Apesar de constituírem movimentos exclusivamente

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Em 1684- Revolta dos Beckman - no Maranhão neira de 1789, da qual surgiu o mártir da independência,
Tiradentes.
Provocada em grande parte pelo descontentamento As revoltas emancipacionistas foram movimentos
com a Companhia de Comércio do Maranhão, ocorreu sociais ocorridos no Brasil Colonial, caracterizados pelo
entre 1684 e 1685. Entre as reclamações estava o forne- forte anseio de conquistar a independência do Brasil com
cimento de escravos negros em quantidade insuficiente. relação a Portugal. Estes movimentos possuíam certa or-
Ao mesmo tempo, os jesuítas eram contrários a escra- ganização política e militar, além de contar com forte
vização dos indígenas. Com a rebelião, os jesuítas são sentimento contrário à dominação colonial.
expulsos. Um novo governador é enviado e os revoltosos
condenados. 1.1. Causas principais
Em 1708 – Guerra dos Emboabas • Cobrança elevada de impostos de Portugal sobre
o Brasil.
A Guerra dos Emboabas foi um confronto travado de
• Pacto Colonial - Brasil só podia manter relações
1707 a 1709 pelo direito de exploração das recém-des-
comerciais com Portugal, além de ser impedido de
cobertas jazidas de ouro na região do atual estado de
desenvolver indústrias.
Minas Gerais, no Brasil. O conflito contrapôs os desbra-
vadores vicentinos e os forasteiros que vieram depois da • Privilégios que os portugueses tinham na colônia
descoberta das minas. em relação aos brasileiros.
• Leis injustas, criadas pela coroa portuguesa, que
Em 1710 – Guerra dos Mascates tinham que ser seguidas pelos brasileiros.
• Falta de autonomia política e jurídica, pois todas as
A “Guerra dos Mascates” foi um confronto armado ordens e leis vinham de Portugal.
ocorrido na Capitania de Pernambuco, entre os anos de • Punições violentas contra os colonos brasileiros
1709 e 1714, envolvendo os grandes senhores de enge- que não seguiam as determinações de Portugal.
nho de Olinda e os comerciantes portugueses do Recife, • Influência dos ideais do Iluminismo e dos movi-
pejorativamente denominados como “mascates”, devido mentos separatistas ocorridos em outros países
sua profissão. (Independência dos Estados Unidos em 1776 e Re-
Não obstante, apesar do sentimento autonomista e volução Francesa em 1789).
antilusitano dos pernambucanos de Olinda, que chega-
ram até mesmo a propor que a cidade se tornasse uma 2. Principais revoltas emancipacionistas
República independente, este não foi um movimento se-
paratista. 1789 - Inconfidência mineira
Contudo, não há consenso em afirmar que seja um
movimento nativista, uma vez que os “mascates” envol- Inconformados com o peso dos impostos, membros
vidos na disputa eram predominantemente comerciantes da elite uniram-se para estabelecer uma república inde-
portugueses. pendente em Minas. A revolta foi marcada para a data
da derrama (cobrança dos impostos em atraso), mas os
Em 1720 - Revolta de Filipe dos Santos revolucionários foram traídos. Como consequência, os
inconfidentes foram condenados à prisão ou exílio, com
Movimento social que ocorreu em 1720, em Vila Rica exceção de Tiradentes, que foi enforcado e esquartejado.
(atual Ouro Preto), contra a exploração do ouro e co-
brança extorsiva de impostos da metrópole sobre a co- 1798 - Conjuração Baiana (ou Conspiração dos Al-
lônia. A revolta contou com cerca de dois mil populares, faiates)
que pegaram em armas e ocuparam pontos da cidade.
A coroa portuguesa reagiu e o líder, Filipe dos Santos Foi uma rebelião popular, de caráter separatista,
Freire, acabou enforcado. ocorrida na Bahia em 1798. Movidos por uma mescla de
republicanismo e ódio à desigualdade social, homens
1. Movimentos emancipacionistas humildes, quase todos mulatos, defendiam a liberdade
com relação a Portugal, a implantação de um sistema re-
A partir da segunda metade do século XVIII, com os publicano e liberdade comercial. Após vários motins e
desdobramentos das revoltas na França e Estados Uni- saques, a rebelião foi reprimida pelas forças do gover-
dos, e os conceitos do Iluminismo penetrando em meio no, sendo que vários revoltosos foram presos, julgados e
à sociedade brasileira, os descontentamentos vão se condenados. Um dos principais líderes foi o alfaiate João
avolumando e a metrópole portuguesa parece insensí- de Deus do Nascimento. O governo baiano debelou o
HISTÓRIA DO BRASIL

vel a qualquer protesto. Assim, os movimentos nativistas movimento.


passarão a incorporar em seu ideal a busca pela inde-
pendência, ainda que somente da região dos revoltosos, 1817 - Revolução Pernambucana
pois a noção de um país reunindo todas as colônias por-
tuguesas na América era algo impensado. O mais conhe- Foi um movimento que defendia a independência de
cido em meio a estes movimentos é a Inconfidência Mi- Portugal. Os revoltosos (religiosos, comerciantes e milita-
res) prenderam o governador de Pernambuco e constituí-

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ram um governo provisório. O movimento se estendeu à mente, alimentando a revolta conhecida como Balaiada.
Paraíba e ao Rio Grande do Norte, mas a república durou A Balaiada foi uma reação e uma luta dos maranhen-
menos de três meses, caindo sob o avanço das tropas. ses contra injustiças praticadas por elites políticas e as
Participantes foram presos e condenados à morte. desigualdades sociais que assolavam o Maranhão do sé-
culo XIX.
1824 - Confederação do Equador A origem da revolta remete à confrontação entre
duas facções, os Cabanos (de linha conservadora) e os
Foi um movimento político contrário à centralização chamados “bem-te-vis” (de linha liberal). Eram esses dois
do poder imperial, ocorrido no nordeste. Em 2 de julho, partidos que representavam os interesses políticos da
Pernambuco declarou independência. A revolta ampliou- elite do Maranhão.
-se rapidamente para outras províncias, como Ceará, Pa- Até 1837, o governo foi chefiado pelos liberais, man-
raíba e Rio Grande do Norte. Reprimidos, em setembro, tendo seu domínio social na região. No entanto, diante
os revolucionários já estavam derrotados e seus líderes
da ascensão de Araújo de Lima ao governo da província
foram condenados ao fuzilamento, forca ou prisão per-
e dos conservadores ao governo central, no Rio de Janei-
pétua.
ro, os cabanos do Maranhão afastaram os bem-te-vis e
ocuparam o poder.
1833 - Cabanagem
Essa mudança dá início à revolta em 13 de dezembro
Movimento que eclodiu na província do Grão-Pará de 1838, quando um grupo de vaqueiros liderados por
(Amazonas e Pará atuais), de 1833 a 1839, começou com Raimundo Gomes invade a cadeia local para libertar ami-
a resistência oferecida pelo presidente do conselho da gos presos. O sucesso da invasão dá a chance de ocupar
província, que impediu o desembarque das autoridades o vilarejo como um todo.
nomeadas pela regência. Grande parte dos revoltosos Enquanto a rivalidade transcorria e aumentava, Rai-
era formada por mestiços e índios, chamados de caba- mundo Gomes e Manoel Francisco do Anjos Ferreira le-
nos. Ele chegaram a tomar Belém, mas foram derrotados vam a revolta até o Piauí, no ano de 1839. Este último
depois de longa resistência. líder era artesão, e fabricava cestos de palha, chamados
de balaios na região, daí o nome da revolta. Essa interfe-
1835 - Guerra dos Farrapos rência externa altera o cenário político da revolta e muda
seu rumo.
Uma das mais extensas rebeliões deflagradas no Bra- Devido aos problemas causados aos interesses da eli-
sil (de 1835 a 1845) aconteceu no Rio Grande do Sul ti- te da região, bem-te-vis e cabanos se unem contra os
nha caráter republicano. O grupo liberal dos chimangos balaios.
protestava contra a pesada taxação do charque e do cou- A agitação social causada pela revolta beneficia os
ro e chegou a proclamar independência do RS. Depois de bem-te-vis e coloca o povo em desagrado contra o
várias batalhas, o governo brasileiro concedeu a anistia governo cabano. Em 1839 os balaios tomam a Vila de
a todos. Caxias, a segunda cidade mais importante do Maranhão.
Uma das táticas para enfraquecer os revoltosos foram as
1837 - Sabinada tentativas de suborno e desmoralização que visavam de-
sarticular o movimento.
A revolta feita por militares e integrantes da classe Em 1839 o governo chama Luis Alves de Lima e Sil-
média e rica da Bahia pretendia implementar uma repú- va (depois conhecido como Duque de Caxias) para ser
blica. Em 7 de novembro de 1837, os revoltosos tomaram
presidente da província e, ao mesmo tempo, organizar a
o poder em Salvador e decretaram a República Bahiense.
repressão aos movimentos revoltosos e pacificar o Mara-
Cercados pelo exército governista, o movimento resistiu
nhão. Esse é tido como o início da brilhante carreira do
até meados de março de 1838. A repressão foi violenta e
militar.
milhares foram mortos ou feitos prisioneiros.
O Comandante resolveu os problemas que atravan-
1838 - Balaiada cavam o funcionamento adequado das forças militares.
Pagou os atrasados dos militares, organizou as tropas,
Balaiada é no nome pelo qual ficou conhecida a im- cercou e atacou redutos balaios já enfraquecidos por de-
portante revolta que se deu no Maranhão do século XIX. serções e pela perda do apoio dos bem-te-vis. Organizou
É mais um capítulo das convulsões sociais e políticas que toda a estratégia e a execução do plano que visava acabar
atingiram o Brasil no turbulento momento que vai da in- de vez por todas com a revolta.
dependência do Brasil à proclamação da República. Em 1840 a chance de anistia, dada pelo governo,
Naquele momento, a sociedade maranhense estava estimula a rendição de 2500 balaios, inviabilizando o já
HISTÓRIA DO BRASIL

dividida, basicamente, entre uma classe baixa, composta combalido exército. Os que resistiram, foram derrotados.
por escravos e sertanejos, e uma classe alta, composta A Balaiada chega ao fim, entrando pra história do Brasil
por proprietários rurais e comerciantes. como mais um momento conflituoso da ainda frágil mo-
Para ampliar sua influência junto à política e à socie- narquia e da história do Brasil.
dade, os conservadores tentam através de uma medida,
ampliar os poderes dos prefeitos. Essa medida impopu-
lar faz com que a insatisfação social cresça consideravel-

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3. Movimentos da República Velha até Era Vargas 1893 - Revolução Federalista

O período da História brasileira conhecido como Re- Foi um levante contra o governo de Floriano Peixo-
pública Velha, compreendido entre os anos de 1889 e to, de 1893 a 1895, no Rio Grande do Sul. De um lado
1930, representou profundas mudanças na sociedade na- estavam os maragatos (antiflorianistas), do outro, os pi-
cional, principalmente na composição da população, no ca-paus (governistas). Remanescentes da Revolta da Ar-
cenário urbano, nos conflitos sociais e na produção cul- mada, que haviam desembarcado no Uruguai, uniram-se
tural. Cabe aqui fazer uma indagação: com mudanças tão aos maragatos. Ocorreram batalhas em terra e mar. Ao
profundas, o que permaneceu delas na vida social atual? final, os maragatos foram derrotados pelo exército go-
Uma mudança da sociedade da República Velha ocor- vernista.
reu na economia. A produção agrícola ainda era o carro-
-chefe econômico da República Velha e o café continuava 1896 - Guerra de Canudos
a ser o principal produto de exportação brasileiro. Mas o
Avaliações políticas erradas, pobreza e religiosidade
desenvolvimento do capitalismo e a criação de mercado-
deram início à guerra contra os habitantes do arraial de
rias que utilizavam em sua fabricação a borracha (como
Canudos, no interior da Bahia, onde viviam, em 1896, cer-
o automóvel) fizeram com que a exploração do látex na
ca de 20 mil pessoas sob o comando do beato Antonio
região amazônica se desenvolvesse rapidamente, che- Conselheiro. De novembro de 1896 à derrota em outu-
gando a competir com o café como o principal produto bro de 1897, o arraial resistiu às investidas das tropas
de exportação. Porém, o período de auge da borracha foi federais (quatro expedições militares). A guerra deixou
curto, pois os ingleses conseguiram produzir de forma 25 mil mortos.
mais eficiente a borracha na Ásia, desbancando a produ-
ção brasileira. 1904 - Revolta da Vacina
Outro aspecto econômico da República Velha foi o
início da industrialização no Brasil, principalmente no Rio Foi uma revolta popular ocorrida no Rio de Janeiro
de Janeiro e em São Paulo. O capital acumulado com a em novembro de 1904. A principal causa foi a campanha
produção cafeeira possibilitou aos grandes fazendeiros de vacinação obrigatória contra a varíola, comandada
investir na indústria, dando novo dinamismo à sociedade pelo médico Oswaldo Cruz. Milhares de habitantes to-
nestes locais. São Paulo e Rio de Janeiro passaram por maram as ruas em violentos conflitos com a polícia, re-
uma profunda urbanização, criando avenidas, iluminação voltados por terem de tomar a vacina. Forças governistas
pública, transporte coletivo (bondes), teatros, cinemas e, prenderam quase mil pessoas e deportaram para o Acre
principalmente, afastando as populações pobres dos cen- metade delas.
tros das cidades. Mas não foi apenas nestas duas cidades
que houve mudanças, já que a mesma situação se veri- 1912 - Guerra do Contestado
ficou em Manaus, Belém e cidades do interior paulista,
como Ribeirão Preto e Campinas. Foi um conflito que ocorreu entre 1912 e 1916 no Pa-
Esse processo contou também com a vinda ao Bra- raná e Santa Catarina. Nessa época, Contestado, assim
sil de milhões de imigrantes europeus e asiáticos para como Canudos, era um terreno fértil para o messianis-
trabalharem tanto nas indústrias quanto nas grandes mo e via crescer a insatisfação popular com a miséria e
fazendas. O fluxo migratório na República Velha alterou a insensibilidade política. Forças policiais e do exército
substancialmente a composição da sociedade, intensifi- alcançaram a vitória, deixando milhares de mortos.
cando a miscigenação, fato que, aos olhos das elites do
1922 - Movimento Tenentista
país, poderia levar a um embranquecimento da popula-
ção, aprofundando o preconceito contra os negros de
Durante a década de 1920 diversos fatores se con-
origem africana.
jugaram para acelerar o declínio da República Velha. Os
Mas a modernização na República Velha apresentou levantes militares e tenentistas, o fim da política do ca-
também contradições sociais que resultaram em confli- fé-com-leite, o agrupamento das oligarquias dissidentes
tos de várias ordens. na Aliança Liberal e o colapso da economia cafeeira fo-
ram alguns fatores que criaram as condições para a revo-
Vejamos os movimentos dessa época: lução de 1930, que assinalou o fim da República Velha e
o início da Era Vargas.
1893 - Revolta da Armada
• A República do Café com Leite: Os principais Esta-
Foi um movimento contra o presidente Floriano Pei- dos que dominavam o conjunto da federação eram
HISTÓRIA DO BRASIL

xoto que irrompeu no Rio de Janeiro em 6 de setembro Minas (maior produtor de leite)e São Paulo(maior
de 1893. Praticamente toda a marinha se tornou antiflo- produtor de café) . Sabendo fazer as devidas co-
rianista. O principal combate ocorreu na Ponta da Arma- ligações com as oligarquias dos demais estados
ção, em Niterói, a 9 de fevereiro de 1894. O governo con- brasileiros, Minas e São Paulo mantiveram, de
seguiu a vitória graças a uma nova esquadra, adquirida e
modo geral, o controle político do País.
aparelhada no exterior, e debelou a rebelião em março.
• A situação econômica do período: Os principais
produtos agrícolas brasileiros em condições de

33
competir no exterior (açúcar, algodão, borracha, Foram os militares que governaram o Brasil nos dois
cacau) sofrem a concorrência de outros países primeiros mandatos da República, mas após Floriano
dirigidos pelo mundo capitalista. Assim, o Brasil Peixoto foram afastados da presidência para darem lu-
teve suas exportações cada vez mais concentradas gar aos governos civis. Tem início também a partir de
num único produto, o café que chegou a repre- então o domínio de uma oligarquia que mantinha o
sentar 72,5% de nossas receitas de exportação. O controle do poder no país e que revezava os grupos no
café, contudo, padecia de frequentes crises de pro- poder. Durante toda a República Velha, Minas Gerais e
dução que a política de valorização do produto ( São Paulo eram os dois principais estados brasileiros no
compra e estocagem pelo Governo) não conseguiu cenário político, o predomínio dos mesmos na ocupação
contornar A burguesia agrária mais progressista do principal cargo no país envolvendo um esquema de
desviou capitais para outras atividades econômi- mútua cooperação caracterizou tal período da história
cas. Durante Primeira Guerra Mundial (1914-1918), brasileira. O Tenentismo surgiu justamente como forma
surgiu toda uma conjuntura favorável a um expres- de contestação ao sistema político que dominava o Bra-
sivo impulso industrial brasileiro. Pelo mecanismo sil e não permitia espaços para grupos que não fizessem
de substituição de importações a indústria nacio- parte da oligarquia.
nal foi progressivamente conquistado o mercado Logo no início da década de 1920 se espalharam
interno do país. pelos quartéis os ideais do Movimento Tenentista. Car-
• A crise da República Velha : No início da década regando a bandeira da democracia, o grupo que era
de 1920, crescia o descontentamento social con- formado basicamente por militares de baixa patente co-
tra o tradicional sistema oligárquico que dominava locava em questão as principais marcas da Política do
politicamente o país. As revoltas tenentistas ( Re- Café com Leite. Os militares defendiam a dinamização
volta do Forte de Copacabana, Revolução de 1924, da estrutura do poder no país, almejando que o proces-
a Coluna Paulista e o desdobramento da Coluna so eleitoral se tornasse mais democrático e permitisse o
Prestes) são reflexos do clima de elevada tensão acesso de mais grupos ao poder, questionavam o voto
político-se oficial do período. A contestação contra de cabresto e eram favoráveis ao direito da mulher ao
as velhas estruturas do País manifestaram-se tam- voto. Descontentes com a realidade política do Brasil,
bém no plano cultural, por intermédio do movi- acreditavam que se fazia necessário uma reforma no en-
mento culturista, cujo marco inicial foi a Semana sino público, assim como a concessão da liberdade aos
de Arte Moderna de 1922. A crise mundial de 1929, meios de comunicação, a restrição do Poder Executivo
refletida no Brasil pela violenta queda dos preços e a moralização dos ocupantes das cadeiras no Poder
do café, enfraqueceu o poder da oligarquia cafeei- Legislativo.
ra e, indiretamente, afetou a estrutura política da O Tenentismo conquistou civis que aderiram ao pro-
República Velha. jeto, mas com o tempo foi ficando claro que a defesa
• A ruptura das oligarquias e a Revolução de 1930: era pela implantação de um Estado forte e centralizado,
Por ocasião das eleições presidenciais de 1930 através do qual as necessidades do país poderiam ficar
ocorreu uma ruptura do tradicional acordo político explícitas e resolvidas.
entre Minas e São Paulo. Os demais grupos sociais A evolução do Movimento Tenentista se dá ao longo
de oposição aproveitaram-se da oportunidade da década de 1920 por via de suas expressões armadas.
para formar uma frente política ( Aliança Liberal) A primeira ação deste tipo dos Tenentes aconteceu em
com os nomes de Getúlio Vargas e João Pessoa, 1922 no evento conhecido como Revolta dos 18 do For-
respectivamente para Presidente e Vice-Presidente te de Copacabana, em 1924 veio a Comuna de Manaus e
da República. O programa da Aliança Liberal incor- a Revolução de 1924. Concomitantemente teve início o
porava as principais metas reformistas do período evento mais duradouro e que percorreu grande territó-
(voto secreto, leis trabalhistas, industrialização). rio no Brasil, a Coluna Prestes.
Realizadas as eleições, a Aliança Liberal não con- A Coluna Prestes foi um movimento em forma de
seguiu vencer o candidato do PRP e imputou o guerrilha e composto por militares, liderada por Luís
resultado adverso às costumeiras fraudes de um Carlos Prestes o movimento saiu da região sul do país
sistema eleitoral corrompido. A revolta contra o e percorreu mais de 3.000 Km combatendo as tropas do
Governo Federal teve como estopim o assassina- governo. Em todos os confrontos a Coluna Prestes saiu
to de João Pessoa. Explodiu a Revolução de 1930 vencedora e por fim foi se refugiar na Bolívia para ar-
que, em um mês, atingiu o poder da República. quitetar um golpe de Estado. O Tenentismo não gerou
efeitos imediatos no Brasil, mas o somatório dos aconte-
4. Revoltas Tenentistas cimentos na década de 1920 foi importante para abalar
HISTÓRIA DO BRASIL

a estrutura política das oligarquias e mudar significativa-


Na década de 1920 surgiu no Brasil um movimento mente a ordem política no Brasil em 1930.
conhecido como Tenentismo, formado em geral por mi- Em 1929 o Tenentismo integra a Aliança Liberal, mas
litares de média e baixa patente. Questionavam o siste- nesse momento Luís Carlos Prestes já havia se tornado
ma vigente no país e, mesmo sem defender uma causa comunista e não mais integrava o movimento. A Aliança
ideológica específica, propunham mudanças no sistema Liberal somava a luta Tenentista que envolvia o voto se-
eleitoral e na educação pública da República Velha. creto e também feminino com a evolução do direito tra-

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balhista. O Tenentismo foi fundamental para que Getúlio café e da política conservadora que então dominava o
Vargas assumisse o poder, tanto que após a Revolução cenário brasileiro. A elite, habituada aos modelos estéti-
de 1930 o presidente nomeou vários tenentes como in- cos europeus mais arcaicos, sentiu-se violentada em sua
terventores em quase todos os estados. sensibilidade e afrontada em suas preferências artísticas.
O Tenentismo se manteve presente na política e passa A nova geração intelectual brasileira sentiu a necessi-
por uma cisão em 1937 quando um grupo decide seguir dade de transformar os antigos conceitos do século XIX.
Luís Carlos Prestes e outro rompe com o presidente Ge- Embora o principal centro de insatisfação estética seja,
túlio Vargas e passa a exercer a oposição. O Movimen- nesta época, a literatura, particularmente a poesia, movi-
to Tenentista esteve presente na deposição de Getúlio mentos como o Futurismo, o Cubismo e o Expressionis-
Vargas em 1945 e disputou as eleições presidenciais no mo começavam a influenciar os artistas brasileiros. Anita
mesmo ano e também em 1955. Quando ocorreu a Re- Malfatti trazia da Europa, em sua bagagem, experiências
volução de 1964 que colocou os militares no poder no vanguardistas que marcaram intensamente o trabalho
Brasil quase todos os comandantes eram tenentes na desta jovem, que em 1917 realizou a que ficou conheci-
ocasião da Revolução de 1930, como é o caso de Ernesto da como a primeira exposição do Modernismo brasileiro.
Geisel, Castelo Branco e Médici. Dessa forma o Tenen- Este evento foi alvo de escândalo e de críticas ferozes
tismo se manteve vivo até meados da década de 1970 de Monteiro Lobato, provocando assim o nascimento da
quando os membros do movimento nascido na década Semana de Arte Moderna.
de 1920 começaram a morrer. O catálogo da Semana apresenta nomes como os de
Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Yan de Almeida Prado, John
Ainda em 1922, tivemos um importante movimento Graz, Oswaldo Goeldi, entre outros, na Pintura e no Dese-
social: nho; Victor Brecheret, Hildegardo Leão Velloso e Wilhelm
Haarberg, na Escultura; Antonio Garcia Moya e Georg
Semana da Arte Moderna Przyrembel, na Arquitetura. Entre os escritores encontra-
vam-se Mário e Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia,
No aspecto cultural da sociedade, surgiu o choro e Sérgio Milliet, Plínio Salgado, e outros mais. A música es-
o samba, gêneros musicais que ainda fazem parte da tava representada por autores consagrados, como Villa-
cultura popular nacional. Na elite, a influência europeia, -Lobos, Guiomar Novais, Ernani Braga e Frutuoso Viana.
principalmente francesa, mudou o comportamento das Em 1913, sementes do Modernismo já estavam sen-
pessoas ricas, em seu jeito de vestir, falar e se portar do cultivadas. O pintor Lasar Segall, vindo recentemente
em público, o que ficou conhecido como a Belle Épo- da Alemanha, realizara exposições em São Paulo e em
que (Bela Época) no Brasil. Surgiu também na República Campinas, recepcionadas com uma certa indiferença.
Velha a Semana de Arte Moderna de 1922, animada por Segall retornou então à Alemanha e só voltou ao Brasil
vários artistas como Villa-Lobos e Mário de Andrade, e dez anos depois, em um momento bem mais propício.
que pretendia fazer uma antropofagia cultural, misturan-
A mostra de Anita Malfatti, que desencadeou a Semana,
do elementos das culturas europeia e brasileira na pro-
apesar da violenta crítica recebida, reunir ao seu redor
dução artística.
artistas dispostos a empreender uma luta pela renova-
A Semana de Arte Moderna de 1922, realizada em
ção artística brasileira. A exposição de artes plásticas da
São Paulo, no Teatro Municipal, de 11 a 18 de feverei-
Semana de Arte Moderna foi organizada por Di Caval-
ro, teve como principal propósito renovar, transformar
canti e Rubens Borba de Morais e contou também com
o contexto artístico e cultural urbano, tanto na literatura,
a colaboração de Ronald de Carvalho, do Rio de Janeiro.
quanto nas artes plásticas, na arquitetura e na música.
Após a realização da Semana, alguns dos artistas mais
Mudar, subverter uma produção artística, criar uma arte
importantes retornaram para a Europa, enfraquecendo
essencialmente brasileira, embora em sintonia com as
o movimento, mas produtores artísticos como Tarsila do
novas tendências europeias, essa era basicamente a in-
Amaral, grande pintora modernista, faziam o caminho in-
tenção dos modernistas.
verso, enriquecendo as artes plásticas brasileiras.
Durante uma semana a cidade entrou em plena ebu-
A Semana não foi tão importante no seu contexto
lição cultural, sob a inspiração de novas linguagens, de
temporal, mas o tempo a presenteou com um valor his-
experiências artísticas, de uma liberdade criadora sem
tórico e cultural talvez inimaginável naquela época. Não
igual, com o consequente rompimento com o passado.
havia entre seus participantes uma coletânea de ideias
Novos conceitos foram difundidos e despontaram talen-
comum a todos, por isso ela se dividiu em diversas ten-
tos como os de Mário e Oswald de Andrade na literatura,
dências diferentes, todas pleiteando a mesma herança,
Víctor Brecheret na escultura e Anita Malfatti na pintura.
entre elas o Movimento Pau-Brasil, o Movimento Ver-
O movimento modernista eclodiu em um contexto
de-Amarelo e Grupo da Anta, e o Movimento Antropo-
HISTÓRIA DO BRASIL

repleto de agitações políticas, sociais, econômicas e cul-


fágico. Os principais meios de divulgação destes novos
turais. Em meio a este redemoinho histórico surgiram as
ideais eram a Revista Klaxon e a Revista de Antropofagia.
vanguardas artísticas e linguagens liberadas de regras e
O principal legado da Semana de Arte Moderna foi
de disciplinas. A Semana, como toda inovação, não foi
libertar a arte brasileira da reprodução nada criativa de
bem acolhida pelos tradicionais paulistas, e a crítica não
padrões europeus, e dar início à construção de uma cul-
poupou esforços para destruir suas ideias, em plena vi-
tura essencialmente nacional.
gência da República Velha, encabeçada por oligarcas do

35
1930 – Revolução de 30 e o período de Vargas do movimento tenentista na década de 1920, reformas
trabalhistas, a autonomia do setor Judiciário e a adoção
A designação movimento político de 1930 é a mais de medidas protecionistas aos produtos nacionais para
apropriada para o processo de destituição do presiden- além do café.
te Washington Luís (1926-1930) e a ascensão de Getúlio A eleição para a presidência ocorreu em 1° de março
Vargas ao governo do país. Não obstante, ter havido uma de 1930 e o resultado foi favorável à chapa Júlio Prestes
alteração no cenário político nacional, não ocorreu uma – Vital Soares. Apesar de a Aliança Liberal acusar o pleito
transformação drástica dos quadros políticos que conti- eleitoral de fraudulento, a princípio não houve requisi-
nuaram a pertencer às oligarquias estaduais. As reformas ção do posto de presidente da República. Os partidários
realizadas eram imperiosas para agregar as oligarquias oposicionistas apenas decidiram pegar em armas e alçar
periféricas ao governo federal. Desse modo, o emprego Getúlio Vargas à presidência com a morte de João Pes-
do termo “Revolução de 1930”, costumeiramente adota- soa, em 26 de julho de 1930. João Pessoa foi assassinado
do para esse processo político, não é o mais adequado.
por conta de um conflito da política regional da Paraíba,
Alguns fatores propiciaram a instauração da segunda
no entanto, o governo federal foi responsabilizado por
fase do período republicano, desencadeada pela emer-
esse atentado. Membros da Aliança Liberal entraram em
gência do movimento político de 1930. A quebra da
contato com os generais para apoiarem a deposição de
bolsa de Nova Iorque, em outubro de 1929, provocou
Washington Luís e garantirem que Getúlio Vargas se tor-
a queda da compra do café brasileiro pelos países Eu-
nasse o próximo dirigente do país.
ropeus e Estados Unidos. O café era o principal produto
Em 3 de outubro de 1930, a Aliança Liberal iniciou as
exportado pelo Brasil, e a redução das vendas das safras
incursões armadas. Na região Nordeste, as tropas foram
afetou a economia. No início do século XX era comum o
lideradas por Juarez Távora, e tiveram como área de dis-
financiamento federal à produção cafeeira, por meio da
seminação o Estado da Paraíba. E na região Sul, as tropas
aquisição de empréstimos externos. Com a eclosão da
possuíam maior quantidade de membros comandados
crise de 1929 esse subsídio foi inviabilizado, debilitando
pelo general Góis Monteiro. As tropas dirigiam-se para o
o principal investimento nacional da época. As revoltas
Rio de Janeiro, então capital federal, onde Getúlio Vargas
tenentistas ocorridas durante a década de 1920 e as ma-
seria elevado à presidência da República. Nesse proces-
nifestações e greves operárias também foram importan-
so, uma junta provisória militar depôs Washington Luís e
tes aspectos que geraram instabilidade política no país.
assumiu o comando do país, em 24 de outubro de 1930.
A fragilidade da economia nacional e a insatisfação de
Quando Getúlio Vargas chegou com as tropas ao Rio de
parcelas da população suscitaram a vulnerabilidade do
Janeiro, em 3 de novembro de 1930, a junta provisória
regime oligárquico.
lhe transferiu o governo. Assim, iniciou o Governo Provi-
Durante a Primeira República destacavam-se econô-
sório de Getúlio Vargas.
mica e politicamente as oligarquias de São Paulo e Minas
Gerais, por isso as sucessões presidenciais eram decidi-
5. Era Vargas
das pelos políticos desses Estados. Essa prática ficou co-
nhecida como política do café com leite, em referência
A Era Vargas, que teve início com a Revolução de 1930
aos principais produtos de São Paulo e Minas Gerais. Em
e expulsou do poder a oligarquia cafeeira, ramifica-se
1929, esperava-se que a candidatura para a presidência
em três momentos: o Governo Provisório -1930-1934 -,
da República fosse de um político mineiro, já que o então
o Governo Constitucional - 1934-1937 - e o Estado Novo
presidente consolidara a carreira política no Estado de
- 1937-1945. Durante o Governo Provisório, o presidente
São Paulo. No entanto, Washington Luís apoiou a can-
Getúlio Vargas deu início ao processo de centralização
didatura do paulista Júlio Prestes para a presidência da
do poder, eliminou os órgãos legislativos - federal, es-
República e de Vital Soares para a vice-presidência, des-
tadual e municipal -, designando representantes do go-
contentando a oligarquia mineira.
verno para assumir o controle dos estados, e obstruiu o
Os dissídios entre as oligarquias geraram as articula-
conjunto de leis que regiam a nação.
ções para construir uma oposição à candidatura situacio-
Nesse momento temos a Revolução Constitucionalis-
nista. O presidente do Estado de Minas Gerais, Antonio
ta (1932) - Dois anos depois da Revolução de 30, a 9 de
Carlos Ribeiro de Andrada, entrou em contato com o
julho de 1932, o Estado de São Paulo se rebelou contra
presidente do Estado do Rio Grande do Sul, Getúlio Var-
a ditadura Vargas. Embora o movimento tenha nascido
gas, para formar uma aliança de oposição. O presidente
de reivindicações da elite paulista, teve ampla participa-
do Estado da Paraíba, João Pessoa, negou-se a participar
ção popular. Apesar da derrota - São Paulo lutou isolado
da candidatura de Júlio Prestes e agregou-se aos opo-
contra as demais unidades da federação -, a resistência
sicionistas. Além dos presidentes desses três Estados,
foi um marco nas lutas em favor da democracia no Brasil.
HISTÓRIA DO BRASIL

parcelas do movimento tenentista e as oposições aos


A oposição às ambições centralizadoras de Vargas
demais governos estaduais formaram a Aliança Liberal, e
concentrou-se em São Paulo, que de forma violenta co-
lançaram a candidatura de Getúlio Vargas à presidência e
meçou uma agitação armada – este evento entrou para a
João Pessoa à vice-presidência. Dentre algumas das pro-
história, exigindo a realização de eleições para a elabora-
postas da Aliança Liberal para a reformulação política e
ção de uma Assembleia Constituinte. Apesar do desbara-
econômica no país, constavam no programa: a represen-
tamento do movimento, o presidente convocou eleições
tação popular pelo voto secreto, anistia aos insurgentes
para a Constituinte e, em 1934, apresentou a nova Carta.

36
A nova Constituição sancionou o voto secreto e o Vargas, mas não o fim de Getúlio Vargas, que em 1951
voto feminino, além de conferir vários direitos aos traba- retornaria à presidência pelo voto popular.
lhadores, os quais vigoram até hoje.
Durante o Governo Constitucional, a altercação políti-
ca se deu em volta de dois ideários primordiais: o fascista #FicaDica
– conjunto de ideias e preceitos político-sociais totalitá-
rios introduzidos na Itália por Mussolini –, defendido pela É comum vermos a expressão Quarta Repú-
Ação Integralista Brasileira, e o democrático, representa- blica, que relata fatos que aconteceram nes-
do pela Aliança Nacional Libertadora, que contava com se período, então temos aqui uma síntese do
indivíduos partidários das reformas profundas da socie- que a quarta republica representa.
dade brasileira.
Getúlio Vargas, porém, cultivava uma política de
centralização do poder e, após a experiência frustrada Ao fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, Vargas
de golpe por parte da esquerda - a histórica Intento- estava enfraquecido. Um golpe comandado pelo general
na Comunista -, ele suspendeu outra vez as liberdades Eurico Gaspar Dutra o retirou do poder. Uma nova Cons-
constitucionais, fundando um regime ditatorial em 1937. tituição foi adotada em 1946, garantindo a realização de
Nesse mesmo ano, estabeleceu uma nova Constituição, eleições diretas para presidente da República e para os
influenciada pelo arquétipo fascista, que afiançava vastos governos dos estados. O Congresso Nacional voltou a
poderes ao Presidente. A nova constituição acabava com funcionar e houve alternância no poder.
o Legislativo e determinava a sujeição do Judiciário ao Entretanto, foi um período de forte instabilidade po-
Executivo. Objetivando um domínio maior sobre o apa- lítica. As mudanças sociais decorrentes da urbanização e
relho de Estado, Vargas instituiu o Departamento Admi- da industrialização projetavam novas forças políticas que
nistrativo do Serviço Público (DASP) e o Departamento
pretendiam aprofundar o processo de modernização da
de Imprensa e Propaganda (DIP), que, além de fiscalizar
sociedade e do Estado brasileiro, o que desagrava as eli-
os meios de comunicação, deveria espalhar uma imagem
tes conservadoras. O período foi marcado por várias ten-
positiva do governo e, especialmente, do Presidente.
tativas de golpe de Estado, levando inclusive ao suicídio
As polícias estaduais tiveram suas mordomias expan-
de Getúlio Vargas, em 1954.
didas e, para apoderar-se do apoio da classe trabalhado-
O governo de JK conseguiu imprimir um acelerado
ra, Vargas concedeu-lhes direitos trabalhistas, tais como
desenvolvimento industrial em algumas áreas, mas não
a regulamentação do trabalho noturno, do emprego de
pôde resolver o problema da exclusão social na cidade e
menores de idade e da mulher, fixou a jornada de traba-
no campo. Essas medidas de mudança social iriam com-
lho em oito horas diárias de serviço e ampliou o direito à
por a base das propostas do Governo de João Goulart.
aposentadoria a todos os trabalhadores urbanos, apesar
O estado brasileiro estava caminhando para resolver de-
de conservar a atividade sindical nas mãos do governo
mandas há muito reprimidas, como a reforma agrária.
federal. O Estado Novo implantou no Brasil a doutrina
Frente ao perigo que representava aos seus interesses
política de intervenção estatal sobre a economia e, ao
econômicos e políticos, as classes dominantes mais uma
mesmo tempo em que proporcionava estímulo à área ru-
vez orquestraram um golpe de Estado, com a deposição
ral, apadrinhava o crescimento industrial, ao aplicar fun-
pelo exército de João Goulart, em 1964.
dos destinados à criação de infra-estrutura industrial. Fo-
ram instituídos, nesse espaço de tempo, o Ministério da
DO PERÍODO MILITAR NO BRASIL ATÉ A NOVA
Aeronáutica, o Conselho Nacional do Petróleo que, pos-
REPUBLICA BRASILEIRA
teriormente, no ano de 1953, daria origem à Petrobrás,
fundou-se a Companhia Siderúrgica Nacional – CSN -, a
1964 - Golpe de 1964
Companhia Vale do Rio Doce, a Companhia Hidrelétrica
do São Francisco e a Fábrica Nacional de Motores – FNM
Podemos definir a Ditadura Militar como sendo o
-, dentre outras. Publicou o Código Penal, o Código de
período da política brasileira em que os militares gover-
Processo Penal e a Consolidação das Leis do Trabalho
naram o Brasil. Esta época vai de 1964 a 1985. Caracte-
– CLT -, todos em vigor atualmente. Getúlio Vargas foi
rizou-se pela falta de democracia, supressão de direitos
responsável também pelas concepções da Carteira de
constitucionais, censura, perseguição política e repressão
Trabalho, da Justiça do Trabalho, do salário mínimo, da
aos que eram contra o regime militar.
estabilidade no emprego depois de dez anos de serviço -
A crise política se arrastava desde a renúncia de Jâ-
revogada em 1965 -, e pelo descanso semanal remunera-
nio Quadros em 1961. O vice de Jânio era João Goulart,
do. A participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial
que assumiu a presidência num clima político adverso. O
HISTÓRIA DO BRASIL

contra os países do Eixo foi a brecha que surgiu para o


governo de João Goulart (1961-1964) foi marcado pela
crescimento da oposição ao governo de Vargas. Assim,
abertura às organizações sociais. Estudantes, organiza-
a batalha pela democratização do país ganhou fôlego.
ções populares e trabalhadores ganharam espaço, cau-
O governo foi forçado a indultar os presos políticos e os
sando a preocupação das classes conservadoras como,
degredados, além de constituir eleições gerais, que fo-
por exemplo, os empresários, banqueiros, Igreja Católica,
ram vencidas pelo candidato oficial, isto é, apoiado pelo
militares e classe média. Todos temiam uma guinada do
governo, o general Eurico Gaspar Dutra. Era o fim da Era
Brasil para o lado socialista. Vale lembrar, que neste pe-

37
ríodo, o mundo vivia o auge da Guerra Fria. no Rio de Janeiro, a Passeata dos Cem Mil.
Este estilo populista e de esquerda, chegou a gerar Em Contagem (MG) e Osasco (SP), greves de operários
até mesmo preocupação nos EUA, que junto com as clas- paralisam fábricas em protesto ao regime militar.
ses conservadoras brasileiras, temiam um golpe comu- A guerrilha urbana começa a se organizar. Formada
nista. por jovens idealistas de esquerda, assaltam bancos e se-
Os partidos de oposição, como a União Democráti- questram embaixadores para obterem fundos para o mo-
ca Nacional (UDN) e o Partido Social Democrático (PSD), vimento de oposição armada.
acusavam Jango de estar planejando um golpe de es- No dia 13 de dezembro de 1968, o governo decreta o
querda e de ser o responsável pela carestia e pelo desa- Ato Institucional Número 5 (AI-5). Este foi o mais duro do
bastecimento que o Brasil enfrentava. governo militar, pois aposentou juízes, cassou mandatos,
No dia 13 de março de 1964, João Goulart realiza acabou com as garantias do habeas-corpus e aumentou
um grande comício na Central do Brasil (Rio de Janeiro), a repressão militar e policial.
onde defende as Reformas de Base. Neste plano, Jango
prometia mudanças radicais na estrutura agrária, econô- 3. GOVERNO DA JUNTA MILITAR (31/8/1969-
mica e educacional do país. 30/10/1969)
Seis dias depois, em 19 de março, os conservado-
res organizam uma manifestação contra as intenções de Doente, Costa e Silva foi substituído por uma junta mi-
João Goulart. Foi a Marcha da Família com Deus pela Li- litar formada pelos ministros Aurélio de Lira Tavares (Exér-
berdade, que reuniu milhares de pessoas pelas ruas do cito), Augusto Rademaker (Marinha) e Márcio de Sousa e
centro da cidade de São Paulo. Melo (Aeronáutica).
O clima de crise política e as tensões sociais aumen- Dois grupos de esquerda, O MR-8 e a ALN seques-
tavam a cada dia. No dia 31 de março de 1964, tropas de tram o embaixador dos EUA Charles Elbrick. Os guerrilhei-
Minas Gerais e São Paulo saem às ruas. Para evitar uma ros exigem a libertação de 15 presos políticos, exigência
guerra civil, Jango deixa o país refugiando-se no Uruguai. conseguida com sucesso. Porém, em 18 de setembro, o
Os militares tomam o poder. Em 9 de abril, é decretado governo decreta a Lei de Segurança Nacional. Esta lei de-
o Ato Institucional Número 1 (AI-1). Este Ato cassa man- cretava o exílio e a pena de morte em casos de “guerra
datos políticos de opositores ao regime militar e tira a psicológica adversa, ou revolucionária, ou subversiva”.
estabilidade de funcionários públicos. No final de 1969, o líder da ALN, Carlos Mariguella, foi
morto pelas forças de repressão em São Paulo.
1. GOVERNO CASTELLO BRANCO (1964-1967)
4. GOVERNO MÉDICI (1969-1974)
Castello Branco, general militar, foi eleito pelo Con-
gresso Nacional presidente da República em 15 de abril Em 1969, a Junta Militar escolhe o novo presidente:
de 1964. Em seu pronunciamento, declarou defender a o general Emílio Garrastazu Médici. Seu governo é con-
democracia, porém ao começar seu governo, assume siderado o mais duro e repressivo do período, conheci-
uma posição autoritária. do como «anos de chumbo». A repressão à luta armada
Estabeleceu eleições indiretas para presidente, além cresce e uma severa política de censura é colocada em
de dissolver os partidos políticos. Vários parlamentares execução. Jornais, revistas, livros, peças de teatro, filmes,
federais e estaduais tiveram seus mandatos cassados, ci- músicas e outras formas de expressão artística são cen-
dadãos tiveram seus direitos políticos e constitucionais suradas. Muitos professores, políticos, músicos, artistas e
cancelados e os sindicatos receberam intervenção do escritores são investigados, presos, torturados ou exila-
governo militar. dos do país. O DOI-Codi (Destacamento de Operações
Em seu governo, foi instituído o bipartidarismo. Só e Informações e ao Centro de Operações de Defesa In-
estava autorizado o funcionamento de dois partidos: terna ) atua como centro de investigação e repressão do
Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e a Aliança Re- governo militar. Ganha força no campo a guerrilha rural,
novadora Nacional (ARENA). Enquanto o primeiro era de principalmente no Araguaia. A guerrilha do Araguaia é
oposição, de certa forma controlada, o segundo repre- fortemente reprimida pelas forças militares.
sentava os militares.
O governo militar impõe, em janeiro de 1967, uma 5. O MILAGRE ECONÔMICO
nova Constituição para o país. Aprovada neste mesmo
ano, a Constituição de 1967 confirma e institucionaliza o Na área econômica o país crescia rapidamente. Este
regime militar e suas formas de atuação. período que vai de 1969 a 1973 ficou conhecido com a
época do Milagre Econômico. O PIB brasileiro crescia a
HISTÓRIA DO BRASIL

2. GOVERNO COSTA E SILVA (1967-1969) uma taxa de quase 12% ao ano, enquanto a inflação bei-
rava os 18%. Com investimentos internos e empréstimos
Em 1967, assume a presidência o general Arthur da do exterior, o país avançou e estruturou uma base de in-
Costa e Silva, após ser eleito indiretamente pelo Congres- fraestrutura. Todos estes investimentos geraram milhões
so Nacional. Seu governo é marcado por protestos e ma- de empregos pelo país. Algumas obras, consideradas fa-
nifestações sociais. A oposição ao regime militar cresce raônicas, foram executadas, como a Rodovia Transamazô-
no país. A UNE (União Nacional dos Estudantes) organiza, nica e a Ponte Rio-Niterói.

38
Porém, todo esse crescimento teve um custo altíssi- to das Diretas Já. O movimento era favorável à aprova-
mo e a conta deveria ser paga no futuro. Os empréstimos ção da Emenda Dante de Oliveira que garantiria eleições
estrangeiros geraram uma dívida externa elevada para os diretas para presidente naquele ano. Para a decepção do
padrões econômicos do Brasil. povo, a emenda não foi aprovada pela Câmara dos De-
putados.
6. GOVERNO GEISEL (1974-1979) É denominado «Nova República” na história do Bra-
sil, o período imediatamente posterior ao Regime Mili-
Em 1974 assume a presidência o general Ernesto Gei- tar, época de exceção das liberdades fundamentais e de
sel que começa um lento processo de transição rumo à perseguição a opositores do poder. É exatamente pela
democracia. Seu governo coincide com o fim do milagre repressão do período anterior que afloram, de todos os
econômico e com a insatisfação popular em altas taxas. setores da sociedade brasileira o desejo de iniciar uma
A crise do petróleo e a recessão mundial interferem na nova fase do governo republicano no país, com eleições
economia brasileira, no momento em que os créditos e diretas, além de uma nova constituição que contemplasse
empréstimos internacionais diminuem. as aspirações de todos os cidadãos. Pode-se denominar
Geisel anuncia a abertura política lenta, gradual e se- tal período também como a Sexta República Brasileira.
gura. A oposição política começa a ganhar espaço. Nas A Nova República inicia-se com o fim do mandato do
eleições de 1974, o MDB conquista 59% dos votos para o presidente e general João Batista de Oliveira Figueiredo,
Senado, 48% da Câmara dos Deputados e ganha a prefei- mas mesmo antes disto, o povo havia dado um notável
tura da maioria das grandes cidades. exemplo de união e de cidadania, ao sair às ruas de todo
Os militares de linha dura, não contentes com os ca- país, pressionando o legislativo a aprovar a volta da elei-
minhos do governo Geisel, começam a promover ataques ção direta para presidente, a Campanha das Diretas-Já,
clandestinos aos membros da esquerda. Em 1975, o jorna- que não obteria sucesso, pois a Emenda Dante de Oli-
lista Vladimir Herzog á assassinado nas dependências do veira, como ficou conhecida a proposta de voto direto,
DOI-Codi em São Paulo. Em janeiro de 1976, o operário acabou não sendo aprovada.
Manuel Fiel Filho aparece morto em situação semelhante. No dia 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral es-
Em 1978, Geisel acaba com o AI-5, restaura o habeas- colheria o deputado Tancredo Neves, que concorreu com
-corpus e abre caminho para a volta da democracia no Paulo Maluf, como novo presidente da República. Ele fa-
Brasil. zia parte da Aliança Democrática – o grupo de oposição
formado pelo PMDB e pela Frente Liberal.
7. GOVERNO FIGUEIREDO (1979-1985) Era o fim do regime militar. Porém Tancredo Neves
fica doente antes de assumir e acaba falecendo. Assume
A vitória do MDB nas eleições em 1978 começa a o vice-presidente José Sarney. Em 1988 é aprovada uma
acelerar o processo de redemocratização. O general João nova constituição para o Brasil. A Constituição de 1988
Baptista Figueiredo decreta a Lei da Anistia, concedendo apagou os rastros da ditadura militar e estabeleceu prin-
o direito de retorno ao Brasil para os políticos, artistas e cípios democráticos no país.
demais brasileiros exilados e condenados por crimes po-
líticos. Os militares de linha dura continuam com a repres- 9. BRASIL NA ATUALIDADE
são clandestina. Cartas-bomba são colocadas em órgãos
da imprensa e da OAB (Ordem dos advogados do Brasil). Quando falamos de Brasil Atual, geralmente nos refe-
No dia 30 de Abril de 1981, uma bomba explode duran- rimos a temas que dizem respeito aos últimos trinta anos
te um show no centro de convenções do Rio Centro. O de nossa história, isto é, desde o fim dos Governo Mili-
atentado fora provavelmente promovido por militares de tares até os dias de hoje. Nesse sentido, comentaremos
linha dura, embora até hoje nada tenha sido provado. temas relativos a esse período, que vai desde a abertura
Em 1979, o governo aprova lei que restabelece o plu- democrática, começada com a Lei de Anistia (de 1979),
ripartidarismo no país. Os partidos voltam a funcionar até as manifestações populares que ocorreram nos anos
dentro da normalidade. A ARENA muda o nome e passa a de 2013 e 2015.
ser PDS, enquanto o MDB passa a ser PMDB. Outros par- Nesse arco temporal, diversos temas interpõem-se. O
tidos são criados, como: Partido dos Trabalhadores (PT) e Movimento pelas Diretas Já é um dos primeiros e mais
o Partido Democrático Trabalhista (PDT). significativos. Com a abertura política articulada entre ci-
vis e militares, entre os anos de 1979 e 1985, a população
8. A REDEMOCRATIZAÇÃO E A CAMPANHA PE- vislumbrou a possibilidade de voltar a exercer o direito
LAS DIRETAS JÁ ao voto direto na eleição de seus representantes. Entre-
tanto, o primeiro presidente civil, após o longo período
HISTÓRIA DO BRASIL

Nos últimos anos do governo militar, o Brasil apre- militar, foi eleito indiretamente em 1985. Seu nome era
senta vários problemas. A inflação é alta e a recessão Tancredo Neves, que faleceu antes de tomar posse. José
também. Enquanto isso a oposição ganha terreno com Sarney, eleito vice, assumiu o cargo, exercendo-o até
o surgimento de novos partidos e com o fortalecimento 1989.
dos sindicatos. O governo Sarney foi um dos mais conturbados da
Em 1984, políticos de oposição, artistas, jogadores de chamada “Nova República”, sobretudo pelos transtornos
futebol e milhões de brasileiros participam do movimen- econômicos pelos quais o país passou. Todavia, foi duran-

39
te o governo Sarney que foi reunida a constituinte para oposição ferrenha, uma indústria em frangalhos, além
a elaboração da nova Constituição Federal. O processo da “obrigação” de cumprir algumas promessas eleitorais
de elaboração da carta constitucional foi encabeçado que analistas dizem beirar o infactível.
por Ulisses Guimarães, um dos líderes do novo partido
herdeiro do MDB, o PMDB. A versão oficial da Constitui- 10, DESAFIOS DO PRESIDENTE ELEITO JAIR BOL-
ção ficou pronta em 1988. Nela havia o restabelecimento SONARO
da ordem civil democrática e das liberdades individuais,
bem como a garantia das eleições diretas. Vamos explicar brevemente o cenário econômi-
Em 1989, as primeiras eleições diretas ocorreram e foi co do Brasil para entendermos um pouco dos desafios
eleito como presidente Fernando Collor de Melo. Collor que nosso próximo presidente encontrará pela frente.
também desenvolveu um governo com forte instabilida- O Brasil tem um enorme problema fiscal a ser resolvido,
de econômica, porém permeado também com grandes uma indústria com capacidade ociosa bastante alta, de-
escândalos políticos, que desencadearam contra ele um semprego em níveis altos (embora em trajetória de gra-
processo de impeachment, diante do qual preferiu re- dual queda), níveis de burocracia que entravam a nos-
nunciar ao cargo de presidente. O vice de Collor, Itamar sa produtividade e bancos com linhas de crédito ainda
Franco, continuou no poder até o término do mandato, em níveis muito abaixo dos recordes, principalmente do
na passagem de 1993 para 1994. Nesse período, um im- BNDES. Além disso, sofre de baixo nível de confiança de
portante dispositivo financeiro foi criado para resolver o investidores tanto nacionais quanto internacionais, o que
problema das sucessivas crises econômicas: o Plano Real, gera uma pressão negativa no preço de nosso ativos.
elaborado e efetivado por nomes como Gustavo Franco O mercado hoje busca sinalizações quanto a priori-
e Fernando Henrique Cardoso. zação de reformas e propostas mais complexas de difícil
Esse último, parlamentar e sociólogo por formação, aprovação pelo Legislativo, uma vez que esse tema não
candidatou-se à presidência, vencendo o pleito e ocu- foi central durante o período de campanha eleitoral. A
pando esse cargo de 1994 a 1998. Depois, foi reeleito não priorização de temas chave traria risco e volatilida-
e governou até 2002. Nas eleições de 2002, um dos de aos ativos brasileiros, sendo o valor de nossa moeda
partidos que haviam nascido no período da abertura frente ao dólar o primeiro alvo dos investidores.
democrática, o PT – Partido dos Trabalhadores, conse- A Reforma da Previdência é vista como um possível
guiu eleger seu candidato: Luís Inácio Lula da Silva, que, divisor de águas do novo governo dada a sua urgência.
a exemplo de Fernando Henrique, governou o país por “A reforma [da previdência] proposta pelo governo já
oito anos, de 2002 a 2010. A sucessora de Lula, a também não é mais suficiente, dada a intensidade dos problemas
filiada ao PT, Dilma Rousseff, governou o país de 2010 que se acumularam desde então, notadamente o aumen-
até 2016, quando teve aprovado no senado o processo to dos gastos com pessoal, que tolheu o espaço para as
de impeachment, saindo de cena portanto e tendo seu demais despesas” diz Fabio Giambiagi, chefe do Departa-
vice o papel de assumir o governo em meio à maior crise mento de Pesquisa Econômica do BNDES (Banco Nacio-
econômica e politica que o Brasil já viveu dentro da nova nal de Desenvolvimento Econômico e Social). O projeto
republica. que for aprovado pelo Legislativo poderá definir o cená-
Em relação ao aspecto econômico, a longa e profunda rio econômico nacional nos anos seguintes. A Reforma
crise que o Brasil atravessa deixa um rastro de impactos Tributária, abertura comercial e privatizações são alguns
negativos sobre o sistema de produção, o mercado de exemplos. Em breve publicaremos textos analisando
trabalho e a qualidade de vida das famílias brasileiras. Há mais profundamente as propostas e quais os impactos
indicadores objetivos que dão sustentação à percepção nos principais ativos.
de que os dias são difíceis: o achatamento do valor real Diante de tantas dúvidas, uma coisa é certa: Jair Bol-
dos salários, a redução do poder de compra, os eleva- sonaro enfrentará um quadro desafiador, com grande
dos níveis de desemprego, a epidemia de endividamen- oposição política, cenário econômico ainda fragilizado e
to, os aumentos nos preços dos combustíveis (apesar a piora na oferta de serviços públicos. Além disso, conta-
do momentâneo controle da inflação), o crescimento da rá com um Congresso mais fragmentado e o crescimento
concentração de renda, certa estagnação da economia de bancadas com interesses corporativistas, o que pode
(estimativa de baixo crescimento do PIB), a retomada da se mostrar um grande empecilho ao avanço da agenda
política de privatizações e o fenômeno da desindustria- econômica. Custará ao novo presidente aglutinar a po-
lização que assola o país (apesar da recente baixa de ju- pulação altamente polarizada em torno de um projeto
ros), a falência de empresas e negócios, a continuidade nacional suprapartidário.
dos gigantescos déficits públicos, o aumento da tributa- Enfim, esse novo governo tem que arrumar a casa,
ção (falta de correção na tabela do IRPF, por exemplo), a porque hoje o que está errado no Brasil é o setor pú-
HISTÓRIA DO BRASIL

comprovada mobilidade social descendente (com muitos blico, não é o privado. O setor privado precisa de um
cruzando novamente para baixo da linha da pobreza), o ambiente de negócios favorável ao investimento e cabe
crescimento da fome e da miséria, acentuando, assim, a ao setor público tomar as medidas necessárias para que
já enorme desigualdade social que caracteriza o Brasil. esse ambiente volte a proporcionar crescimento e desen-
Em relação ao cenário político, o novo presidente volvimento.
eleito herdará enormes desafios: crescente e insusten-
tável dívida pública, uma população polarizada e uma

40
implantar o regime nazista na Alemanha e, futuramente
nos países ocupados.
EXERCÍCIOS COMENTADOS Em 1933, entra em vigor o “New Deal”, plano econô-
mico criado pelo governo Roosevelt para tirar a econo-
1. (CESPE/2017 – INSTITUTO RIO BRANCO) A Primei- mia norte americana da recessão.
ra República caracterizou-se pelo regime oligárquico e Em 1936 tem início a Guerra Civil Espanhola. No ano
pela economia agroexportadora. Com relação a esses seguinte, aviões alemães bombardeiam a cidade espa-
assuntos, julgue (C ou E) o item a seguir. nhola de Guernica. Era o apoio de Hitler aos franquistas
Na década de 20 do século XX, o movimento tenentis- contra os republicanos.
ta contou com importante participação de oficiais tanto Em 1938, a Alemanha anexa a Áustria. No ano seguin-
do Exército como da Marinha, tendo apontado os males te, a Polônia é invadida pela Alemanha. França e Ingla-
causados pelo poder excessivo da oligarquia e defendi- terra declaram guerra à Alemanha. Começa a Segunda
do a descentralização do poder político, além de uma Guerra Mundial.
política econômica nacionalista.
REFERÊNCIA
( ) CERTO ( ) ERRADO
https://www.suapesquisa.com/historia/periodo_en-
Resposta: Errado. Na década de 1920 surgiu no Bra- tre_guerras.htm
sil um movimento conhecido como Tenentismo, for-
mado em geral por militares de média e baixa patente,
a maior parte do Exercito.
O Tenentismo conquistou civis que aderiram ao pro-
jeto, mas com o tempo foi ficando claro que a defesa
era pela implantação de um Estado forte e centraliza-
do, através do qual as necessidades do país poderiam
ficar explícitas e resolvidas.

O MUNDO NA ÉPOCA DA SEGUNDA GUERRA


MUNDIAL: O ENTRE-GUERRAS.

Entre- guerras

O período Entre Guerras é uma fase da História do


século XX que vai do final da Primeira Guerra Mundial até
o início da Segunda Guerra Mundial, ou seja, entre 1918
a 1939. Este período é marcado por vários acontecimen-
tos mundiais de extrema importância para entendermos
a História mundial dos anos seguintes.
Os fatos históricos mais importantes deste período:
Tratado de Versalhes (1919) – impôs várias sanções e
restrições à Alemanha, tais como: perda de colônias na
África, entrega da região da Alsácia Lorena à França, li-
mitação do exército alemão, pagamento de indenização
pelas perdas provocadas aos aliados.
Fascismo na Itália – os fascistas ganham força na Itália
sob a liderança de Benito Mussolini. Em 1922 ocorre a
Marcha sobre Roma e os fascistas assumem o poder na
Itália.

Em 1929 é assinado o Tratado de Latrão na Itália. Nes-


te documento o papa Pio XI reconhece a Itália como país
e Mussolini concede ao Vaticano a soberania como Esta-
do Independente.
HISTÓRIA DO BRASIL

Em 1929 ocorre a Quebra da Bolsa de Valores de


Nova Iorque e a crise econômica afeta a economia de
vários países do mundo todo, inclusive a brasileira.
Nas eleições parlamentares alemãs de 1930, o Parti-
do Nacional Socialista (nazista) torna-se o partido com
maior representação no Parlamento Alemão. Em 1933,
Adolf Hitler torna-se chanceler da Alemanha e começa a

41
HORA DE PRATICAR!

1. (PM-PR – ASPIRANTE DA POLÍCIA MILITAR – NC­-UFPR – 2015) Segundo o Departamento de Direitos Humanos
e Cidadania do governo estadual paranaense, “ser cidadão é ter direito à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade
perante a lei: ter direitos civis. É também participar no destino da sociedade, votar, ser votado, ter direitos políticos. Os
direitos civis e políticos não asseguram a democracia sem os direitos sociais, aqueles que garantem a participação do
indivíduo na riqueza coletiva: o direito à educação, ao trabalho justo, à saúde, a uma velhice tranquila”.
(disponível em:<http://www.dedihc.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo. php?conteudo=8> )

Sobre movimentos de conquista de cidadania na história contemporânea, considere as seguintes afirmativas:

1. O movimento sufragista lutou pelo direito das mulheres de votarem e serem votadas em países como o Brasil e os
Estados Unidos entre o final do século XIX e a primeira metade do século XX.
2. O movimento de luta por direitos civis pelos negros norte-americanos nos anos 1960, liderado por Rosa Parks e
Martin Luther King Jr., seguiu os princípios da não violência e da desobediência civil.
3. O movimento pelo Apartheid na África do Sul inaugurou a luta por cidadania em seu sentido moderno, após a De-
claração Universal dos Direitos Humanos em 1948.
4. O movimento de luta por direitos dos LGBTT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) tem obtido conquistas,
como a oficialização dos casamentos e a adoção de crianças.

Assinale a alternativa correta.

a) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.


b) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
e) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.

2. (PM-PR – ASPIRANTE DA POLÍCIA MILITAR – NC­-UFPR – 2015) Segundo a historiadora Regina da Luz Moreira,
“o retorno dos contingentes da FEB precipitou (...) a queda de Vargas em 1945” (CPDOC.
Disponível em: <http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/FatosImagens/FEB>).

Assinale a alternativa que justifica a declaração acima, relacionando a atuação do Brasil, por meio da Força Expedicio-
nária Brasileira (FEB), na Segunda Guerra Mundial com o primeiro governo de Getúlio Vargas (1930-1945).

a) Ao lutar pela democracia e contra os fascismos na Europa com a FEB, o governo de Vargas perdeu apoio interno ao
manter regime autoritário.
b) Ao lutar pela democracia e derrotar os fascismos na Europa, os pracinhas conquistaram apoio popular para derrubar
a ditadura de Vargas.
c) Ao derrubar o regime franquista na Espanha, os soldados brasileiros inspiraram a população a lutar por eleições,
após 15 anos de Estado Novo.
d) Ao derrotar os fascistas na Batalha de Monte Castelo na Itália, a FEB conquistou o apoio norte-americano para der-
rubar a ditadura de Vargas.
e) Ao lutar pela libertação dos povos europeus, o governo brasileiro esgotou seus recursos financeiros no Exército,
precipitando a queda de Vargas.

3. (PM-PR – ASPIRANTE DA POLÍCIA MILITAR – NC-U­FPR – 2015) Considere os seguintes excertos produzidos no
contexto da Revolução Francesa (1789-1799):

Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (26 de agosto de 1789)


HISTÓRIA DO BRASIL

Art. 1º. Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem fundamentar-se na utilidade
comum.
Art. 2º. A finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do homem. Esses
direitos são a liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão.
Art. 13. Para a manutenção da força pública e para as despesas de administração, é indispensável uma contribuição
comum, que deve ser dividida entre os cidadãos de acordo com suas possibilidades.

42
Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã (se- ( ) Na Roma antiga os escravos eram mercadorias ob-
tembro de 1791)* tidas no comércio triangular, enquanto que no perí-
odo colonial brasileiro os escravos eram prisioneiros
Art. 1º. A mulher nasce livre e tem os mesmos direitos do de guerra ou apreendidos por motivo de dívida.
homem. As distinções sociais só podem ser baseadas no ( ) Tanto no período antigo de Roma quanto no perío-
interesse comum. do colonial brasileiro, os escravos obedeciam a uma
Art. 2º. O objeto de toda associação política é a conserva- hierarquia de funções, sendo utilizados para vários
ção dos direitos imprescritíveis da mulher e do homem. tipos de atividades – afazeres domésticos, comércio
Esses direitos são a liberdade, a propriedade, a segurança e trabalho na agricultura.
e, sobretudo, a resistência à opressão. ( ) Tanto no período antigo de Roma quanto no período
Art. 13. Para a manutenção da força pública e para as colonial brasileiro, a escravidão era considerada uma
despesas de administração, as contribuições da mulher e realidade natural, justificada por pensadores e por
do homem serão iguais; ela participa de todos os traba- sacerdotes, mas também era questionada por opo-
lhos ingratos, de todas as fadigas, deve então participar sitores da escravidão dentro das próprias elites.
também da distribuição dos postos, dos empregos, dos ( ) Na Roma antiga, as rebeliões de escravos eram ra-
cargos, das dignidades e da indústria. ras, pois eles viviam em boas condições e tinham a
Essa declaração, escrita e proposta pela francesa Olympe compra da alforria facilitada, enquanto que no perí-
de Gouges, não foi aprovada pela Assembleia Nacional; odo colonial brasileiro, as rebeliões eram constantes
Olympe foi guilhotinada por ordem de Robespierre em devido às condições desumanas de tratamento e im-
1793. possibilidade de alforria.

Compare as duas declarações e assinale a alternativa Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta,
que identifica a principal diferença entre o texto de de cima para baixo.
1789 e o de 1791.
a) F – V – F – V.
a) O texto de 1791 estabelece direitos e obrigações b) F – V – V – F.
detalhados e separados para homens e mulheres na c) V – F – F – V.
política e nos negócios, conforme o projeto burguês d) V – V – F – F.
de sociedade, enquanto o texto de 1789 defende um e) F – F – V – V.
ideal universalista, sem distinção social.
b) O texto de 1789 defende direitos universais, sem expli- 5. (PM-PR – ASPIRANTE DA POLICIAL MILITAR –
citar a questão de gênero, enquanto o texto de 1791 UFPR – 2013) Considere as seguintes afirmativas sobre a
defende a igualdade de direitos entre os gêneros, rei- sociedade e a economia açucareiras entre os séculos XVI
vindicando a atuação feminina em assuntos conside- e XVII do período colonial brasileiro:
rados masculinos, como a política e os negócios. 1. O período de produção açucareiro pode ser com-
c) O texto de 1791 defende a luta contra a opressão das preendido em seus aspectos econômicos como a primei-
mulheres após séculos de dominação monárquica na ra iniciativa de colonização do Brasil, em que o açúcar era
França, enquanto o texto de 1789 é contra a opressão o principal produto no comércio com a metrópole.
masculina causada pela predominância do clero e da 2. Entre 1630 e 1654, os espanhóis controlaram as fontes
nobreza sobre o terceiro estado. brasileiras de produção de açúcar em Pernambuco com
d) O texto de 1789 utiliza o termo “homem” para desig- o apoio dos indígenas e dos escravos, que podiam viver
nar a todo o conjunto de cidadãos, sem distinção de sob uma administração política mais tolerante aos seus
classe e origem, enquanto o texto de 1791 substitui costumes religiosos.
“homem” por “mulher”, a fim de reivindicar direitos 3. O declínio da economia açucareira ocorreu após a ex-
exclusivos para as cidadãs da classe burguesa. pulsão dos holandeses, que investiram na produção de
e) O texto de 1789 defende que nenhum direito é váli- açúcar nas Antilhas.
do se não incluir todos os cidadãos, enquanto o texto 4. O sistema açucareiro caracterizou-se por uma agricul-
de 1791 contradiz esse princípio ao privilegiar as mu- tura em grandes propriedades, comandadas pelo senhor
lheres, que reivindicavam maior espaço na sociedade de engenho, que possuía plenos poderes políticos sobre
após a morte da Rainha Maria Antonieta. a estrutura que os engenhos mobilizavam no campo e
nas vilas.
4. (CBM-PR – ASPIRANTE DO CORPO DE BOMBEIRO –
UFPR - 2014) Tendo em vista diferentes contextos histó- Assinale a alternativa correta.
HISTÓRIA DO BRASIL

ricos em que predominou a escravidão, identifique como


verdadeiras (V) ou falsas (F) as seguintes afirmativas que a) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
comparam a escravidão na Roma antiga e a escravidão b) Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras.
no período colonial da América portuguesa: c) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras.
e) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.

43
4. (CBM-PR – ASPIRANTE DO CORPO DE BOMBEIRO 7. (PM-SC – AGENTE TEMPORÁRIO – PM-SC – 2016)
– UFPR – 2014) Durante a Revolução Farroupilha, ou Guerra dos Farra-
Leia o texto a seguir: pos, a então província de Santa Catarina foi tomada pelo
“A mudança da corte para o Brasil era um plano mui- exército Farrapo, estabelecendo-se em Julho de 1839 a
to antigo em Portugal, mas em 1807 o príncipe regente República Juliana, que tinha como capital a cidade de La-
não tinha escolha: ou fugia ou muito provavelmente seria guna. Um dos principais destaques nas lutas travadas na
preso e deposto por Napoleão Bonaparte, como aconte- Revolução Farroupilha em Santa Catarina foi:
ceu alguns meses mais tarde com a monarquia espanho-
la. Se não havia alternativa, também não se justifica o uso a) Antonieta de Barros
de malabarismo semânticos para amenizar ou disfarçar o b) Antônio Conselheiro.
que de fato ocorreu: uma fuga pura e simples, apressa- c) Anita Garibaldi.
da, atabalhoada, sujeita a erros e improvisações. A pressa d) Hercílio Luz.
foi tanta que, na confusão da partida, centenas de caixas
repletas de prata das igrejas e milhares de volumes da 8. (PM-SC – AGENTE TEMPORÁRIO – PM-SC – 2016)
preciosa Biblioteca Real, entre outras coisas, ficaram es- No ano de 1494, portugueses e espanhóis assinaram o
quecidos no cais de Belém, em Lisboa”. tratado de Tordesilhas, definindo a quem pertenceriam
(GOMES, Laurentino. 1808: como uma rainha louca, um as terras descobertas ou a descobrir. Segundo esse tra-
príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Na- tado, as terras localizadas a trezentos e setenta léguas
poleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil. 2.ed. a oeste de Cabo Verde seriam da Espanha e as terras a
São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2007. p.23.) leste, de Portugal. A linha imaginária estabelecida pelo
Tratado terminava ao sul no Estado de Santa Catarina,
Com base no texto e nos conhecimentos sobre os an- mais precisamente na cidade de:
tecedentes da vinda da Família Real Portuguesa para o
Brasil e as transformações posteriores que decorreram a) Laguna.
deste ato, considere as afirmativas a seguir: b) Criciúma.
c) Imbituba.
I - Nesta época Portugal era governado pelo príncipe re- d) Tubarão.
gente D. João, em lugar de sua mãe D. Maria I, doente
mental. D. João tentou contemporizar, lançando mão
de um expediente: propôs à Inglaterra que apenas fin-
giria atender às exigências francesas, ou seja, declara-
ria guerra, fecharia os portos e expulsaria os ingleses
apenas aparentemente. Chegou mesmo a propor o
casamento de seu filho de nove anos, D. Pedro, com
uma sobrinha de Napoleão.
II - Uma das pretensões de D. João ao vir para o Brasil
era trazer consigo o acervo da Biblioteca Real, pois te-
mia que ele fosse destruído pelo exército napoleônico.
Este zelo com o acervo da Biblioteca Real deve-se ao
fato de um terremoto que a destruiu no ano de 1755.
Juntamente com a reconstrução da cidade, iniciou-se
a restauração do acervo. Posteriormente a acervo foi
mandado para o Brasil e ano de 1810, por decisão de
D. João, foi fundada, na cidade do Rio de Janeiro, a
Biblioteca Real, hoje chamada de Biblioteca Nacional.
III - O Rio de Janeiro passou a contar com estruturas típi-
cas de capital. Foi estabelecida a Biblioteca Real, surgiu
a Gazeta do Rio de Janeiro, primeiro jornal a funcionar
no Brasil, foram instaladas gráficas e diversos setores
de prestação de serviços antes inexistentes. IV - Em
represália pela invasão de Portugal, D. João declarou
guerra à França e invadiu a Guiana Francesa, em 1809,
devolvendo-a em 1817, após um acordot de paz reali-
zado com Napoleão Bonaparte.
HISTÓRIA DO BRASIL

Assinale a alternativa correta:

a) Apenas as afirmativas I e II são corretas.


b) Apenas as afirmativas III e IV são corretas.
c) Apenas as afirmativas I, II e III são corretas.
d) Apenas as afirmativas II, III e IV são corretas.

44
ANOTAÇÕES
GABARITO

1 C ___________________________________________________________
2 A
____________________________________________________________
3 B
4 B ___________________________________________________________
5 B
6 C ____________________________________________________________
7 C
____________________________________________________________
8 A
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HISTÓRIA DO BRASIL

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45
ANOTAÇÕES

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