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ntstónl¡, P¡' nuÉntcA LATINA

VOLUME II

USF UN¡VÉRSTDADE DB SÀO PAULO


AuÉnlcA LATINA CoToNIAL
Reítor Adolpho Iosé Melfi Leslie Bethell / organizador
Vce-reitot Hélio Nogueira da Cruz

Tradução
I edusP
I EDIÎORA DA UNIVBRSIDADË DE SÂO PAUTO

Mary Amazonas Leite de Barros e Magda Lopes


Díretor-præîdate Plinio Martins Filho

coMIssÂO EDfTORÌAL
Presidmte' Iosé Mindlin
Více-præidente Oswaldo Paulo Fotattini
Brasflio loão Satlum lrlnio¡
Carlos Alberto Bârboså Dentas
Guilherme Leite da Silva Dias
Ftanco Maria Lajolo
l¡ura de Mello
Plinio Martins Filho
e Souza

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l :Ä(Þ{^iIË!
Diretora Edítodal Silvana Biral
Ivete Silva
-
Díretora Comercíal
Diei<äÆdmi¡ístratívo Silvio Porfirio Corado

Edito¡a-assistentes Marilena Vizentin
iadp Pavão i;

Ma¡cos Bernardini
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füpyríght o t 9S4 by Grnbridge


Universiry press
TítuJo do original
em inel&:
The Cambridge
Hisrory i¡ forin
^^oi*
l.edição t999
l. edição, tr reímpressão
200,1

Dados Internacionais
de Catalogação na
Pubtícação (CIp)
(Câmara Brasilein
do Livro, SP, Brasil)
Hístória da América
Latina: América Latina
organ izaçao Leslíe Colonial, volume Il /
Bethell;
tradut'o À4a r¡,.{ ¡¡¡2s¡as
Leite de Ba¡ros
Lopes, -
l. ed. l. reimpr.
- São paulo: Edítora da Universidade
e Mugdu
Brasília, DFI Fundação de Seo Paulo;
Alexandre de Gusmão,
2004.

T1tulo Origínalr The


Cambrí.dge Historyof
Bibliografia Latin Arnerica

ISBN 85-3 t4_0497-5

L América Latina _
HístrSria 2' América
nial L Bethell, Leslie. Latina - Perfodo colo-

99-0068
cDD.98o
fndices Para cad¡ogo
sístemátíco:
l. Âmérica Latlna:
História 980

Direitos em língua
portuguesa reservados
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id¿de de Sao paulo


, Travessa L 374
toria _ CÍdade Universitária
_ Brasil
t l) 309¡-400s / 309 I _4 ¡so
www,usp.br/edurp
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Printed in Braeil 2004
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l?n ASPECTOS DA ECONOMIA INTERNA
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DA AMÉRICA ESPANHOTA COLONIÄL:
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?8i MÃO-DE-OBRA; TRTBUTAÇÃO; DTSTRTBUTÇÃO E TROCA
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AS cotÔNIAS são estruturadas por aqueles que as governam para bene-


ficiar pátria-mãe e suas classes dirigentes. Na medida em que esses governan-
a
tes conseguem sucesso nesse objetivo, as colônias são, no dizer de chaunu,
extrovertidas. sua economia é organizada com o objetivo, pelo menos em par-
te, de enviar para outros porções significativas de suas matérias-primas e pro-
dutos mais valiosos ou lucrativos. NaAmérica espanhola colonial, grande parte
da história econômica que conhecemos emergiu de estudos das tentativas es-
panholas de levar as colônias a servirem às necessidades da metrópole. um dos
resultados foi o fortalecimento da ligação marítima, a carrera de Indias, e do
sistema de frota. Dispomos de razoáveis informações sobre quem foi às fndias
e quando, e que produtos foram transportados através do Atlântico em cadà
direção, mais particularmentê da espanhola para a Espanha. Dentro
^américa
da própria América espanhola, os historiadores econômicos permitiram que
seus interesses fossem moldados até certo ponto pelo que interessava primor-
dialmente à coroa espanhola: sobretudo, a mineração de prata e de ouro e a
grande agricultura, as bases do grande comércio de exportação, e o forneci-
mento de mão-de-obra para as minas e as lavouras. sabemos muito menos
sobre as instituições básicas, as ptetensöes, os sistemas e as práticas da econo-
mia interna da América espanhola colonial. com base na literatura secundária
disponlvel, que se concentra num espectro limitado de produtos e de regiões,
tentaremos examinar neste capltulo três aspectos da economia interna: os sis-
temas de trabalho; a tributação; e o comércio dentro do império, tanto local
quanto de longa distância.

AMÃO.DE-OBRA

A América espanhola colonial começou como uma sociedade de cgnquista,


e a primeira prioridade dos invasores foi extrair dos conquist"do, ,lq,r.r" o,,
capital. Durante o próprio pedodo de conquista, e nos anos turbulentôs que se
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A coroa pouco 223
Qzzz a pouco conseguiu tirar alguma vantagem de sua posição
regulamentadora dentro do sistema e de seu quase monopólio do grande pa-
trocínio, porque os colonos, além de revelarem uma arraigada lealdade refor-
çada pela cultura e pelas aspirações de posição social, precisavam da coroa para
as ilhas este sistema de
repartimientos olu distribuição de mão-de-obra, embora adquirir prestígio, tltulos, legitimidade, cargos e outras rendas. o governo real
aqui a râpida extinção das populações indlgenas tenha impedido qualquer também sofria a pressão de humanitários como Bartolomé de Las casas. De-
gtande elaboração. No contrato que Vicente YâñezPinzín celebrou com a co- pois de uma tentativa abortiva e quase desastrosa de banir o sistema de enco-
roî paru a conquista de Puerto Rico ( 1502), esta reconhe ceu o repartímîento do mienda por meio da legislação, as chamadas "Novas Leis", que se transforma-
Novo Mundo. Nesse mesmo ano, Fernando aprovou as concessões de índios ram num dos principais motivos das guerras civis no Peru e da revolta de con-
aos colonizadores de Hispaniola feitas pelo governadot Frey Nicolás de Ovan- treras na Nicarágua, a coroa conseguiu restringir e manipular a concessão de
do. Mais tarde, na Jamaica e em Cuba, concessões semelhantes foram feitas , encomiendas e dos seus beneflcios até que todos reconheceram, embora com
como se fossem a coisamais natural. No México e no Peru, esses rcpartimientos relutância, que as encomiendas das regiões centrais densamente povoadas per-
de mão-de-obra, que mais tarde receberam o nome d.e encomienda.r, tornaram- tenciam primordialmente à coroa e constituíam concessões temporárias de
se uma maneira de compartilha¡ de modo mais ou menos amigável a oferta de rendas durante a vida do agraciado e possivelmente, muitas vezes de forma re-
mão-de-obra com os primeiros colonizadores mais poderosos e prestigiosos, duzida, de um ou dois de seus sucessoresj
com a exclusão daqueles que não tinham poder ou posição para fazer outra Isso foi feito pelo governo central de várias maneiras. uma delas foi a tribu-
coisa senão se queixar. Teoricamente, foi delegado à coroa o papel de conceder tação e a regulamentaSo. Mediante uma sucessão de leis, o Estado apossou-se
as encomiendas em sinal de gratidão þelas hazañas dos agraciaikjs na conquista cadavez mais dos lucros das encomiendas, coletando esses lucros por meio de
ou nâs primeiras rebeliões subseqtientes. Na verdade, muitôs conquistadores uma série complicada de etapas. Algumas encomìendas pequenas criaram mais
foram excluldos das primeiras distribuições, enquanto muitos outros que che- problemas para seus detentores do que rendas e acabaram por reverter à coroa.
garam bem mais tarde mas tinham melhores ligações receberam excelentes o Estado também encetou enormes esforçgs para separar os encomenderos de
concessões. No Peru e na Nicarágua, por exemplo, cenários das façanhas dos seus "tutelados". As eneomiendas, enfatizava ele, eram concessões de renda, e
bandos violentos e rivais chefiados pelos grupos de pizarro, Almagro, pedrarias não de vassalos. Nos núcleos centrais de colonização, os encomenderos foram
e contreras, encomiendas eram concedidas, retiradas e voltavam a ser concedi- proibidos de permanecer ou residir em suas encomiendas indígenas. calpisques,
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das toda vez que 4ovo adelnntado ou governador era indicado, tomava o poder, mayordomos, principais de aldeia ou outros intermediários arrecadavam os o
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executava seu antècessor, morria ou era deposto. o registro militar de um ho- produtos e o dinheiro e entregavam-nos aos proprietários ausentes da enco- a
o
mem durantea conquista, ou mesmo sua boa conduta no cargo ou sua lealda- mienda, aumentando assim a distância þal e psicológica entre os dois lados. A
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de à coroa eram no rnáximo consideraçöes secundárias. coroa havia eliminado quaisquer vestlgios da relação senhor-vassalo, de modo E
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À medida que o tempo foi passando, porém, ficou claro que nas regiões que no fÌnal do século xvl as encomiendøs dessas regiões centrais, fortemente F<

mais importantes, onde a coroa tinha interesses vitais, a maioria dos primeiros o
tributadas e regulamentadas, tornaram-se quase que totalmente parte do tri-
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colonizadores haviam cometido um erro tático quando aprovaram a pretensão buto., lrm sistema de pensão em que grande parte dos beneffcios iam para as ('}
da coroa à primazia na outorga dessas concessões. A encomiendanão se tornou viúvas e outros dependentes dos benemérifos acometidos de pobreza, ou para F

um beneflcio feudal, como cortés havia imaginado, mas um arranjo contra- servidores da corte em Madri, que raramente ou nunca viram as fndias, muito &
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tual pelo qual um determinado número de índios pagadores de tributo era menos os índios que lhes foram "confiados". <
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"confiado" ao cuidado material e espiritual de um espanhol e do clérigo que ele a
outras tbrças entraram em ação para enfraquecer a encomiendø. uma das o
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presumivelmente engajava, em troca do direito de extrair quantidades grossei- mais importantes foi o declínio populacional. Em virtude da falta le imunida-
o
ramente prescritas de trabalho, de produtos ou de dinheiro. , de às doenças do velho Mundo e da destruição econômica e cultural causada
læìæF,+ryry*Yr

e
224
pela conquista e pela revolução que ela provocou, as populações indígenas de- ouro, construir navios, abastecer os estaleiros, óprios
22s {.
sapareceram aos milhões nos anos que se seguiram à conguista. o efeito dessa navios e prover carregadores e soldados de infa
cober_
dizimação sobre a encomienda" composta inteiramente de trabalhadores índios, tas. Nas segunda e na terceira geração, quando
foi catastrófico, As encomiendøs, que na primeira geração haviam proporciona-
torna_ ù
do quase inteiramente um sistema de,tributação, os encomenderos astutos
do à famllia espanhola uma vida opulenta, duas gerações mais tarde mal con-
per-
ceberam que suas concessões eram projetos temporários e no final perdedores. L
seguiam produzir o bastante para uma existência pobre, rnesmo que a famllia Tiraram delas capital o mais rapidamente possfvel, o qual aplicaram fora da {¡.
nuclear espanhola que vivia da concessão inicial não se tivesse transformado
numa família extensa, como via de regra ocorrera. Algumas encomiendas vaga-
instituiçao moribunda em investímento nas minas de prata, no comércio, em L
ram ou foram abandonadas no final do século XVI, e os lndios sobreviventes
rebanhos de gado bovino, ovino, de mulas ou de cavalos e, acima de tudo, em
a
reverteram à coroa.
terras. Embora não tenha havido nenhuma conexão legal entre a encomienda e
a posse da terra, pelo menos nas partes mais importantes do império, a inter_ t
Para alguns dos primeiros coloniz¿dores o sistema de encomiendø tornou-
se uma armadilha. se uma família espanhola tinha pretensões à nobrezao:ua
relação é vislvel. Em muitos casos, uma financiava a outra. ì
c
um status nobre, os custos financeiros eram pesados. Esperava-se dela que exi-
Até recentemente, os estudos da encomìendø concentraram-se no México C
central, no Peru e em outras regiões importantes do império, como euito e
bisse um grande aparato senhorial, o que compreendia uma grande casa, um G
Bogotá. Estudos posteriores de regiões mais periféricas do império revelaram
exército de servidores e agregados, uma grande famllia de âlhos perdulários e
alguns resultados surpreendentes. Em locais como o paraguai, Ttrcumán e tal- C
filhas esbanjadoras de dotes polpudos, cavalos, armas, e carruagens e roupas vez mesmo o chile - isolados, com pouco ouro ou prata e sem populações lL
caras. Todo esse consumo ostensivo era feito de maneira estudada, conferindo
a mais alta prioridade à evitafo de uma aparência de trabalho e de comércio.
agrícolas densas, elas foram mal colonizadas pelos espanhóis e despertaram 3
pouco interesse econômico da coroa - a encomíenda sobreviveu de rñaneira
consumindo toda a renda, talvez mesmo desfazendo-se de guanti-
Essas famílias,
bastante vigorosa até o final do perlodo colonial. Além disso, ignorou ou su-
T
dades substanciais do capital, ou pelo menos convertendo-o num prestígio so-
portou o impacto da legislação e da tributação reais e conservou alguns de seus C
c cial precariamente negociável, eram arruinadas pela contração e redução da
E atributos iniciais, entre eles o direito de comutar o tributo em trabalho e de G
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encomienda se durassem tempo demais. Por volta da terceira geração já, ti-
nham ppssado por enormes dificuldades e estavam reduzidas a escrever apelos
usar os índios da encomiendøcomo mão-de-obra.
No México central, na América Central, no Peru e no Alto peru, em euito e
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intermináveis e amargos à coroa, com relatos exagerados dos méritos e serviços
em Nova Granada, o sistema decadente de encomiendø, até entÍ¡o a principal
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g
c
de seus ancestrais na conquista e no início da colonização e indagações cheias
de ressentimento sobre a razão de tantos galardões da conquista haverem sido
fonte de mão-de-obra, foi de certa forma substituído por vários tipos de re-
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crutamento forçado de trabalhadores, embora durante rhuitos anos as duâs H
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outorgados a pesso'as presunçosas que haviam chegado muito mais tarde que elas.
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Em muitas das regiões centrais do império, porém, a encomienda lançou a
organizações tenham funcionado juntas. A emergência de um sistema de re- I ö
o crutamento rotativo de mão-de-obra estava estreitamente vinculada ao declí- É
e base para muitas fortunas e assim contribuiu notavelmente para o desenvolvi-
nio da população. a encomienda fo::a em parte uma forma de uma elite
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à
mento econômico e a formação de uma riqueza de elite. pode-se dizer que as
emergente controlar e partilhar um recurso importante, a mão-de-obra, os re- c
o primeiras encomiendqs,pelo menos no México central, foram tão lucrativas e a
z crutamentos do repørtimiento eram uma maneira de racionalizar uma oferta G
o mão-de-obra tão abundante que desviaram a atenção da terra e da proprieda- F
o
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de da terra, Alguirs conquistadores e primeiros colonizadores, chegando ao
cad,a vez mais escassa. Pelos nomes usados para designá-los, é óbvio que no J
É e
México e no Peru esses recrutamentos eram de origem pré-colombiana; o ú
4
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Novo Mundo com poucos bens materiais, foram astutos o bastante para ver
coatequitl mexicano e a mitø peruana foram outros exemplos da tendência dos
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<.
3
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4 nesse prêmio, nessq presente mais ou menos gratuito de mão-de-obra e renda, e G
É. invasores a adotar as instituições funcionais eústentes e a alterá-las gradati-
e
E¡ uma chance de um novo começo, uma oportunidade de investimento. cortés e
vamente à medida que as circunstâncias o exigissem. Em Nova Granada, o re- a 3
Alvarado' para citar apenas dois nomes, usararn suas encofiìendas pa'¡ batear
crutamento de mão-de-obra para as minas era também designado pelo termo a
e
228
ienro insistiam em recrutar um
g
determi_
turno, os pobres da aldeia tinham
A longevidade do repartimiento de mão-de.obra variou
bastante e foi in_ zzs I,
u-tn"
.cada
ionais. Conseqüentemente, parece
ter
ricos e os despossuldos na aldeia'
se
fluenciada por fatores rocais. o fato de ter herdado
um sistem" pru_-ì.åiiï_
no anterior lhe infundiu um ponto de partida importante,
outros fatores ¡ele-
t
o repørtimiento criou,r-" vantes foram o tamanho e a organização da força de trabarho t-
de grandes contingentes de pessoas para tornar compensador
- a necessidade
para alguns setores da classe cri o sistema; a rapi_ C
de classe inferior, às atribuições dez do desaparecimento do sistema de encomiendø e
a conjunção das minas de g
cargo de juiz de repørtimiento prata e de ouro, uma escassez de mão-de-obra ou de sistemas
desfrutava de muito prestígio, trabalho nas suas proximidades e o grau de competição pela
alternativos de L
mão-d.-"br;;;:
dinheiro e de bens, Os índios e ponfvel entre os próprios indivrduos e entre os indivfduos
€ â coroÍh No Méxi_
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para obter isenções, os conselho co central, o sistema começou cedo, e o desøgl,te da coroa conpumiu G
grandes
trigo pagavam-lhes dinheiro ou contingentes de pessoas, A coroa tinha dois rivais importanteJ"
o, .r;""i;;; C
que o número repartido de tra da agricultura privada, embora individualmente poderosos,
não podiam com_
funcionário diante das iregalidades em questões petir com ela e, na verdade, por volta de r632,a coroa G
como pagamento, condições havia abolido os repørti-
de trabalho e duraçõo do turno. isses cargos
eram disputados acirradamente
mientos agrícolas. os proprietários rurais espanhóis foram forçados
a buscar
+
peros crio'os menos importantes,
especialmente em ipocas de dificurdades
alternativas em várias formas de peonaje(servidão por dívida)
eãe trabalho li- +
econômicas, e' como o sarário envolvido
era mÍnirno, o t"-po.d. mandato
vre assalariado. o outro rival da coroa, a indústria de mineração de prata
de C
geralmente curto e o prestlgio do cargo pyanajuato e da região ao
norte, era mais poderoso e recorreu a uma forma de
pequeno, é claroque em suas mentes +
estava em primeiro lugar o potencial aliciar trabalhado.€s fora da área centrar: o trabalho livre sob contrato, perto
de dinheiro u gurrhur rro posto.
os fazen_ do final do século xvIII é posslvel que meio milhão de lndios ou G
_ _,_-,sobretudo
deiros crioulos e mestiços, mais estives_
6 , .__
obra sazonal, também o_de- sem entre Guanajuato e san Luis potosí, grande parte deles na +
eram beneûciad mineração. Nas
o. kabalho subsidiada qr., uprru, àu, força áreas þeriféricas do México, onde a necessidade de mão-de-obra
ä da córoa era C
' nte menos cara do que contrata, ,r"Olril_
menor' o repartimiento agricola durou mais tempo. Ainda podia ser
encontra-
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do em oaxaca em 1700 e mesmo em período posterior. Na Ämérica
. O governo espanhol loc¿l e a classe central, a
crioula coroa atacou vigorosa'mente o sistema de encomiendqe, por volta C
m subsídio da mão-de_obra, Em mui_
esse de 1550, pelo
rnenos na Guatemala, a maioria ilos lndios aparentemente,,estavam
as ruas (quando existia), a construção
ea Esta, apesar de sua cobrança vigorosa do tributo e da grande
na coroa,,, ve
de irrigação, os çonsertos de ruas e
ou:, a construção e manutenção de edifícios estra-
quantídade de
trabalho e de produtos que os funcionários reais extraíari po, *uio,
äl
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* púbricos como igrejas , cøbildos e ilegais, ti- g3
cadeias, to da cidade, tudo dependia gran_
nha pouco uso para a mão-de-obra indlgena. por outro lado, os agricultores

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ó demente espanhóis, especialmente na ârea circunjacente de santiago, tinham
necessida- âo
in,,',,i';:::îXïi::liffï::1:î:ïï de de mão-de-obra nas fazenda_s de trigo. As cidades espanholas também
soli- 1ú
o
citavam à coroa a execução de'recrutamentos de trabalhadores para as
E ru, pedras, provisões ou forragem.
Esse trabalho de corvéia não desapareceu
mantemente indígenas da América Latina
obras
públicas. Graças a essas características locais, os repartimi¿núos sobreviveram
io
mais tempo aqui do que em grande parte do México, e ainda hoje estão vivas Åc
I :älii.lj,,1l,l:,ff i",H:ä H; nas memórias das pessoas alguriras corvées locais de obras viárias.
Nas monta- iç
inas de Nova Granada e, numa extensão
nhas que circundam Tünja e Bogotá, a presença de algumas minas de ouro
sig_
qc
nificou uma mita que perdurou até o século KVIII, mas hogve uma intensa
competição por uma força de trabarho em declínio. Na jurisdição de
38
euito, áG,
4r
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Ð

231
P30 devído às obrajeg parece ter ocorrido uma história análoga. No entanto, o mo foi se ampliando até que a palavra muitas vezes se tornou lnborío, descre-
, grande centro de iecrutamento de mão-de-obra foi o Peru dcis altiplanos e o vendo várias formas de trabalho "livre" indígena, uma categoria que cresceu no

I
Alto Peru. Lá, as minas de prata e de mercúrio, especialmente Potosí e Huanca- México durante todo o período colonial. No século K{lll, laborío era um ter-
velica, constituíram a grande preocupação da coroa e dos colonos e consumi- mo comum para designar os trabalhado¡æ. Yanaconas, løboríos, gañanes e ou-
I ram um número tão grande de trabalhadores que somente recrutamentos tras categorias de trabalhadores assalariados ou livres tornaram-se importantes
I maciços e organizados puderam atender à demanda. Como as minas eram como fontes de mão-de-obra para as minas. Há provas de que as minas atraíam
I demasiado imporiantes para a coroa e como esta enfrentava uma oposição para si a mão-de-obra indígena das aldeias, mudando dessa forma a categoria
apenas débil da parte dos empregadores alternativos, ela hesitava em interrom-
l per um sistema que estava funcionando. Apesar dos intensos debates e das acu- it
desses trabalhadores para uma das que mencionamos acima. De modo geral,
em quase toda a colônia houve uma vazão dos fndios das aldeias, pagadores de
) sações sobre a sua crueldade e sua natureza destrutiva, a grande mita depotosi tributo, de encomienda ou de repartimiento, para as categorias de trabalho li-
ì sobreviveu até às véspéras da independência. vre. Não resta dúvida de que, com o passar do tempo, muitos desses foragidos
3 No começo do século xVI, os espanhóis invasores encontraram muitos sis- das aldeias também se aculturaram e se classificaram como mestízos, castzs, ou
temas de trabalho "amarrado", semi-servil. uma dessas instituições que hetda- cholos,
9
I
ram foi a yanaconaje do império inca- No sistema inca, os yanâconas haviam Na historiografia da América latina, até muito recentemente, a peonaje era
J constituldo às vezes uma classe especial de servos, muito mais presos às ter.ras e quase sinônimo de aliciamento por dlvidas e com servidão forçada. Esse quadro
t às famflias que às aldeias ou a grupos de indivlduos. Algumas de suas funções simples acabou por dissolver-se, e ainda não surgiu uma nova síntese, se é que
D
sociais e econômicas ainda permanecem vagas. É, possível que o termo tenha alguma será possível algum dia. Alguns estudos da peonaje tornaram-se tão
sido aplicado igualmente a muitos relacionamentos de clientçfiresmo entre a revisionistas que é aconselhável começar por reafirmar que a servidão por dívida
t alta nobreza. seja como for, os espanhóis ampliaram o sistema e incorporaram ' e as condições repressivas severas realmente existiram em muitos locais de traba-
) a ele os vagabundos e outros. os yanaconøs não eram escravos, visto que do lho. No norte do México e em outros locais da América espanhola onde havia
I ponto de vista legal não podiam ser vendidos individualmente. Entretanto, eles campos de mineração de deserto, obrajes (oficinas têxteis) ou pedreiras isoladas,
i e suas famflias podiam ser vendidos junto com a terra à qual pertenciam, e sob
muitos aspectos aqueles que trabalhavam na agricultura eram muito seme-
eram comuns t tienda de raya ou alguma outra variação do armazém da compa-

i
) lhantes a servos adstipti ad glebam, como na época dos romanos, os p'roprie-
nhia. Bem ao sul da Nova Espanha, na Nicarágua, por exemplo, alguns peões
eram mantidos nas haciendas pot dlvidas. Essas dlvidas muitas vezes não eram
I tários pagavam o tributo per capitø prescrito para cada chefe de família grandes, tampouco eram usadas abertamente como instrumento de coerção. Em
(J

tr
D yanacona, Durantb todo o perlodo colonial peruano, à medida que foram I
q
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alguns locais, os aldeões usavam as dívidas ou os adiantamentos como um meio
acrescentados a seus contingentes os peões endividados e outros tipos de traba- 4'
de subsistir até à colheita do milho, e a dlvida seria saldada mediante o serviço
! lhadores ou coagidos, o número de yanaconøsaumentou. Os lndios de
It
i sazonal prestado na hacienda, no labor ou oficina vizinhas, no período seguinte
Þ
Ê
I "g..gädor
aldeia, oprimidos pelas obrigações do t¡ibuto e da.mita"freqüentemente prefe- {
de intensas necessidades de mão-de-obra. Artificios análogos foram usados nas
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F

I riam fugir para a yanaconaje, que consideravam o menor de dois males. No


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! ilhas no século XVI[, tão logo o açúcar começou a do¡ninar. Os ødelantos susten- :
I México, é posslvel que os mayeques que os espanhóis encontraram na sua che- ;
tavam os trabalhadores do açúcar durante a estação morta e eram saldados na
D
gada tenham tido uma função algo similar.-Muitos s zøftø otr corte da cana. Em outras palavras, a dívida era usada algumas vezes e
F

vezes
aldeias onde estavam, afìnal de contas muitas s em alguns lugares para recrutar e disciplinar uma força de trabalho permanente, ú
F
ù funcionários enviavam-nos de volta às suas aldeias
em geral nas minas ou nas haciendas, mas os adiantamentos contra trabalho fu- <
&
Ð vam tributarios, Nøborla, um termo originário das ilhas, era outra categoria de É
turo eram também utilizados para recrutar a mão-de-obra de aldeia para o tra- H
índios_fora da encomienda e da aldeia. Os naborías foram inicialmente uma a
Ð balho sazonal, ou para sustentar um incipiente proletariado rural "lifre!'durante
classe de empregados pessoais, mas no decurso do século xw
I o sentido do ter- os períodos do ano em que nãb era necessário na plantação.

I
II
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JÐ å
f 23s
-'5ztt téria de independência.
Durante a maior parte do período, os trabalhadores li- 4
I sociedades fr¡ne¡árias e instituições de poupança e empréstimo. As
t
vres eram constituídos quase totalmente de cøstas, isto é, de pessoas de raça 9
cofradías e as corporações de suas festas e outras cerimônias, ofereciam
!
rnista, de índios aculturados, de negros livres e de alguns brancos déclassés. O i aos artesãos especializados um lugar pequena dose de prestígio re-
governo real e os funcionários locais eram ambivalentes no tocante a essa po- ¡ conhecido e uma espécie de deferência; mas hàvia .o outro lado da moeda. Os
:I
pulação. Depois de 1580, a coroa tentou cobrar tributos dos negros livres e dos j
funcionários asseguravam que as corporações de oflcio não sofressem desafios
(
mulatos, mas não dos mestizos. Isso em muitas regiões nunca foi posto em prá- ¡
da parte de muitos rivais, que a qualidade de membro fosse mais exclusiva que
tica, e arrecadou pouco onde foi praticado, como em partes do México cehtral l¡ inclusiva, mas em troca os salários e outros emolumentos, especialmente os
q

e ocidental. A ambivalência com relação aos pobres livres estendia-se ao seu i altos lucros, eram rigorosamente diminuídos. Muitos emolumentos, preços
,t
trabalho. Tecnicamente livres, eiam uma parte importante da força de trabalho i horários e remunerações eram definidos estritamente pelas autoridades supe-
,t

e tinham de trabalhar. As leis que emergiram dessa situação paradoxal deter-


1

I riores, reduzindo assim qualquer grande mobilidade social por parte dos tra-
minavam que aqueles castas que pudessem provâr ter emprego regular e seguro I
{ balhadores livres mais especializados, e subsidiando as necessidades de artesãos
à
li
não deveriam ser molestados; aqueles que não pudessem prová-lo seriam pre- das classes superiores e da lgreja. Grande parte disso apoiava-se no conceito de
¡
sos e postos a trabalhar. Em outras palavras, a liberdade não se estendeu a uma E um bom salário, segundo o entendimento na época. Não obstante, alguns
autorização para imitar as atividades de lazer das elites. os cøstaq além disso, g
artesãos conseguiram avançar para uma €spécie de status de classe média.
.
eram portadores de uma carga de suspeita. A maioria deles não eram de ori- Os castas livres não-especializados ocupavam postos intermediários seme-
gem racial espanhola e sua posição social intermediária, inferior à de cidadãos lhantes. Muitos eram mayordomos, administradores, contramestres, coletores
plenos da elite, causava nos espanhóis a preocupaçäo de que alguns deles pu- de tributo e de rendas. Evitavam o trabalho manual nos campos ou nas ofici-
dessem tornar-se hostis, chefiar rebeliões, promover agitações entre _os lndios nas, preferindo as funções que as elites consideravam inaceitáveis. Muitos cas-
ou colaborar com piratas e intrusos estrangeiros. Essas opiniões paradoxais' úøs livres tornaram-se pequenos comerciantes, tratantes (pequenos vendeiros
empurravam os castas livres para determinadas categorias de trabalho. os mais locais) e negociantes de cavalos. Alguns deles tornaram-se agentes dos comer-
hábeis tornavam-se artesãos, um grupo intermediário dotados daquelas com- ì ciantes mâiores .les cidades, a quem deviam somas variadas de djnheiro ou
petências essenciais, como, por exemplo, na carpintaria, na ourivesaria, na obrigações - outra forma de servidão por dívida. As haciendas de gado forne-
¡
construção de veiculos ou na tanoaria, os quais não podiam ser ignorados ou I ciam aos pobres oportunidades livres de emprego, enquanto lhes permitiam ao
,
oprimidos severamente. Alguns desses artesãos especializados pertenciam a mesmo tempo um meio de fugir da suspeita e do vexame diário das cidades e o
corporações de ofício que, em seus estatutos escritos, se assemelhavam aos dos locais de trabalho mais disciplinados. O estilo de vida não-fiscalizado des- &
: F
modelos da Eurqpa medieval. Essas corporaçöes das colônias espanholas dos ses primeiros vaqueiros, seminômades, cavaleiros hábeis, familiarizados com r¡¡
,:
séculos xvl-e XVil eram quase todas urbanas e, em sua orientaçáo e funções, lanças, laços e facas de esfolar, alimentar¡a ainda mais os medos dos moradores (}
representaram uma "compensação" muito característica para essa sociedade Þ
da cidade. É
ú
tão hierarquicamente organizada. Positivamente, a qualidade de membro de Muitos pobres liwes e lndios fugidos das aldeias e, em regiões de monocul- t-r

uma corporação de offcio garantia a um artesão e a seus aprendizes algumas ihl tura, trabalhadores sazonais, lndios que faziam o {rcrcurso diário entre as al- -:.
i! i:

condições mínimas de trabalho, alguma liberdade de ação no mercado quanto iì:


deias e as lavouras, e escravos negros fugitivos, ao recorrerem a estilos de vida
4
ao local e ao empregador, restrição ou proibição de possível competição, e mais socialmente inaceitáveis, reforçaram ainda mais essa atitude desfavorável.
F
i É
acesso a processo formal reconhecido no caso de infrações menores à lei ou No final do século XVI, a vadiagem estava em ascensão e causava preocupação 4
F
ações civis que envolvessem querelas jurldicas, trabalhistas ou comerciais. Ao às autoridades e às aldeias indlgenas. À medida que foi escasseando a mão-de- ïú
memb¡o de uma corporação era garantido também um certo grau de seguran- É
obra, as autoridades fizeram esforços estrênuos para prender esses vagabundos,
e
ça no -emprego e um seguro de vida. os artesãos das corporações eram mem- rnas toda estagna@o ou transtorno econômico aumentava seu efotivo, e as for- o
o
bros entusiastas de cofradias ou irmandades religiosas que faziar,n as vezes de
ças de polícia rudimentares dos séculos coloniais pouco podiam fazer. A, vadia-
-
FT..Fi:!lF---

236
gem, pelo menos aos olhos das autoridades, com a bandida- 237
gem, a última e mais desesperada os pobres livres e os castqs de
escapar de seu sføfts paradoxal. e sumárias, e ondas recorrentes .{:
{l
{,
å¡
aciças de delinqäentes, indicariam que o roubo nos campos, fii
gt
q:
feito por grandes bandos organizados, era comum, e gerou
um fi,
a para os funcionários, os comerciantes, os viajantes e seus
Ë,'
¡.

ü'
I
È
f,
å

nas cercanias de caracas quanto no chocó eram muitas as industrias


de expor-
tação lucrativas, A agricultura destinada aos rnercados locais raramente produ_
ziu lucros suficientemente grandes para permitir a aquisição de escravos.
Na

è

G
seria simplista afirmar que a escravidão negra na América espanhola colo-
nial, ou em qualquer outra parte, era uma condição uniforme de servidão da C
d

z
mão-de-obra braçal. Muitos escravos tornaram-se crïados domésticos, arte- C
À
t¡¡
sãos' caPataZes, guardas, pequenos comerciantes e lojistas, Muitos antes
da es-
cravidão, viviam na .Á.frica de suas habilidades e de seus atributos culturais.
c
(_)

Pode ier que os camponeses tenham continuado camponeses, mas alguns mo-
C
a4
radores urbanos e artesãos provenientes da ,4,frica conseguiram aproveitar al- sd
,i; escravos ia
&..

()
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l+


a sua
seus es-
li- 3d
q
6
t!
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cravos' desde iciade avançada, culpa e gratidão até dificuldades econômicas.
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a ii'
tÉ Em períodos de pressão econômica, a alimentá-los e vesti-los os senhores de Zc
o
z
o
¡rì
tÉ escravos preferiain libertá-los, literalmente expulsá-los. Às vezes os proprietários '3G
g

ú
econômica da região e à pequena demanda do mercado.
A Venezuela parecia
l' inescrupulosos "libertavam" os idosos ou os doentes. os libertos da América
espanhola iam juntar-se aos grandes grupos amorfos dòs casfas, nem escravos
$e
ã€
destinada a ser outro paraguai. o crescimento da
t< monocultura do cacau e das nem exatamente livres. Nas ilhas do mar dos caraíbas, no século xvIII, esses li-
&
Fr
exportações para o Méxic
mudou tudo bertos adquiriram uma importância especial e forneceram o que se poderia Éc
f¡¡ isso, Alguns donos de lavo
de encomien- chamar de estratos de articulação das sociedades locais. Erarn os britadores, os ÉC
da' e a preia de nova força
u, na verdade artesãos, os comerciantes locais, os transportadores de mercadorias e os for-
-c
€d
F'
ú $É
¡l
Ð il'
9,
239
tzzs necedores de bens e daqueles
serviços que eram desprezados pelas elites r
Ì
å
em declínio, passou a ser a fonte de renda mais importante para a coroa, que
t brancas e não eram permitidos à maioria dos escravos. Deste grupo, no final
t.
i começou a cobrá-lo com máis cuidado e rigor. Depois de alguma hesita6o ini-
do século XVIII, originaram-se os líderes da revolta haitiana: Toussaint cial e de alguns erros, o tributo foi muito bem ajustado - às vezes de modo ex-

à
t
¿:
tOuverture e Henri Cristophe, Alexander Pétion e fean-Pierre Boyerr. Ê pllcito na legislação, porém mais freqüentemente não - para impelir os índios
t
¡ a certos tipos de trabalho e lavouras. os tributos de Montezuma e de Huascar
U A TRIBUTA
i
f haviam consistido quase inteiramente de produtos locais, as especialidades de
! !l
t
I
cada região tributária, embora os pagamentos em sua maior parte fossem fei-

Ð Os diversos sistemas de trabalho representam um dos meios mais impor- tos em produtos básicos, como milho, feijão e tecido de algodão. No início, os
,
tantes de extrair riqueza da economia colonial hispano-americana. A outra conquistadores espanhóis introduziram poucas mudanças, exceto no tocante à
3 forma valiosa de extração e acumulação de capital foi a tributação. Durante
iI
eliminação de produtos indígenas, como as penas de pássaros, para as quais ti-
Ð quase todo o período colonial, e na rærdade, em algumas partes da América es-
il
I nham pouco proveito. Na déc¿da de 1550 no México, e duas décadas mais tarde
{
Ð panhola, até o final do século XIX, a principal taxa cobrada das classes inferio- I
Í
no Peru, as regtrlamentações dos tributos estavam começando a desestimular a
s res foi o tributo, um imposto per capita cobrado quase que inteiramente dos
índios em sinal de sua condifo de súdito. Esse imposto, que não levava em ç
T
1 complicada policultura dos índios americanos nativos, o "ajardinamento" qua-
se oriental da região do lago do México do período anterior à conquista e os
Ð conta propriedade ou renda, teve sua origem nos impostos de capitação da Eu-
È
t
oásis do litoral do Peru. O plano da polltica geral foi empurrar os agricultores
Ð ropâ no final da Idade Média, como, por exemplo, a moneila forera paga pelos
É'
r índios para a produção dos gêneros necessários nos grandes centros de consu-
camponeses de castela. No Novo Mundo, ele apareceu muito cedo: por exem- I.t
íÐ mo. Continuaram a ser produzidos milho, feijão e tecido de algodão, mas ao
¡
plo; uma ordem real, incluída nas instruções dadas ao govern-ador ovando de lado deles foram introduzidos novos produtos oriundos do Velho Mundo,
Ð santo Domingo, em 1501, já exigia a sua introdução. Ä prescríção e a cobrança '
!
I
s regulares do tributo foram introduzidas no México no infcio da década de J;

I
como trigo, lã e galinhas. Os espanhóis objetivavam simplificar os itens tribu-
tários a um ou dois por aldeia, com uma preferência acentuada pelos produtos
a 1530, embora ele já, existisse bem antes disso, com base no imposto per capita fl
t
ì
básicosi no entanto, durfnte todo o período colonial continuaram a ser aceitas
dos astecas pré-colombianos herdado pelos espanhóis. No peru, o tributo pas- algumas especialidades locais, sobretudo aquelas de grande valor como pó de
ç 3

q sou a ser universal e foi regulamentado e padronizado durante a gestão do


vice-rei Francisco de Toledo (1569-lssl). Dal em di.ånte, tornou-se um com-
I
!J ouro e cacau. Desse modo, o tributo desempenhou um papel econômico im-
t
I portante na disseminação de novas culturas e animais, originalmente impopu- o
ru p verno e da Ê'
lares. A difusâo do cultivo de trigo e seda e da criação de gado bovino, ovino e
o
c
h
d q icano. Reve $i suíno se deveu em parte ao fato.de os índios serem obrigados ou a pagar im-
F
q

$ d ¿is isoladas I postos com esses produtos ou a cuidar dos campos de trigo ou dos rebanhos C}
(J
ca do sul Não
desapareceu das montanhas borivianas e de algumas regiÕes do x. de gado como parte de suas obrigações de aldeia. e
t{t I 4
Peru antes da década de 1880. i\'. Outro propósito da polltica tributária espanhola era introduzir a economia F
fö Inicialmente, o tributo era pago sobretudo aos encomenderos eue haviam 1,,
lndia gravemente dilacerada cada vez mais no mercado europeu. para conse-
,1' ö
,9 recebido o privilégio de cobrá-lo e usá-lo em seu beneftcio.
euando as enco-
.i
gui-lo, os funcionários e os encomenderosespanhóis passaram a exigir que par- (.)

It miendas retornaram ao controle real e a população indígena pràdutiva entrou


a
te do tributo fosse paga em dinheiro, obrigando desse modo os índios a vender
Êr

rg seus produtos ou a alugar seu trabalho em troca de moeda. Alguns índios che- ú
t-.
l. Outras discussões sob¡e a mão-de-obra indfgena podem ser encontradas, ne$te volume, no gavam a viajar por longas distâncias até zonas afastadas da atividade econômi- <
4
capltulo 3; de autòria de's¡xewnl¿, no.câpítulo 7, escritõ por crBsoN. A escravi{ão É
'p na América ca,paÍ^ ganhar o dinheiro com que pudessem saldar seu tributo. A verdade é o
rü espanhola-colonial é tratada com detalhe no t¡abalho de ¡n¡onnrcrc n ¡owstl"
em The Cambridge que muitos consideravam menos oneroso pagar o tributo des# modo. No
H
u
1-
rQ History of Intín Americo,voLll, cap. inclufdo neste volume.
10, não Peru, o vice-rei Toledo logo compreendeu que o pagamento do tributo em di- z

0
- ',t
¡s
-Ð 4
,l
242
-Ð' ficuldades. Os índios e
A outra forma de tributação ou extorsão 243
Ð est¡uturadas herarqui_ era a venda forçada, o reparto
partimiento) de mercanclas ou efectos.Freqüentemente, (re_
-Ð , c os ncos conservavam sua moeda
inferiores, cortadas ou
corregidores e outros ñmcionários
os alcaldes mayores, os
das regiOes indígenas, no inlcio
-c transações a longa distância ou como economias'para
boa para
atender à eventualidade
as datos' viajavam peras-aldeias para
u"rd"-r proautoi
de seus man_
.-o-;;;;;;""",acado nos
-s de tempos difrceis. A moeda inferior, que os negociantes
ut'izavam para pagar
mercados da cidade' É' verdade que
essas uendas .,r^prìu* -ui.;;.r.r"";;
aos índios seu trabalho ou produtos de sua lavra, função de utilidade. primeiramente,
o buto e transferida para o tesouro rear, para
era convertida entao em
tri_ transportados para outra que tinha
gêneros básicos de uma região
eram
c r
descontentamento dos fun_ necessidade deles, e os índios
ficavam satis_
cion feitos em adquiri-los mesmo a preços
gura então para a Espanha, elevados. Muitas ,n r.r, po.U-,
o man aberra¡te da lei muitas ve-
das eram extorsivas, e alguns produtos
indesejados, como, por exemplo,
ven_ essas

I z.s a de seda, azeitonas e.navalhas, eram meias


impingidos a compradores relutantes,
I Além do tributo' dois outros sistemas de
foram impostos extensamente ao
taxafo - ou antes de extorsão _
força e a preços exorbitantes. Esses prodìtos
gado ou deteriorado _ os índios levavam
-
a
aqueles que não haviam estra_
o de volta _.r.do eqp"nhol, ond.
aplicado em algumas das regiões eram vendidos a preços inferiores
aos que haviam pago, "o
na
o rratna. De acordo com essa prática, o perarem parte de suas perdas: Essa "rp..ånçu
transação, além d. .o-ptå-ento
de recu_
eram forçados a trabalhar as matérias usuar do
,Ð salário e do estilo de vida do corregidor,
repres.ntava um subsídio pago pela
até o estágio ou estágios seguintes sociedade indrgena' baixando o custo
Ð de el do, prod.rtos supérfluos p".i ,o.i"a"a.
era transformado em fio, o fio em teci espanhola' Dessa maneira' as pessoas
Ð ii-u
d" conseguiam comprar "
seda chi-
assim por diante. As mulheres submeti nesa sem pagar todos os encargos
de transporte desde Manila ou
0 rização" eram normalmente sub-remuneradas
ou mesmo não remuneradas,
cros dos intermediários entre Manila,
Acapulco e Lima.
todos os lu-
subsidiando desse modo o preço do os pobres do campo, predominantemente
€H produto para o comprador final
e os cus_ indígenas, também tinham de
tos da manufatura para o negociante suportar a corrupção dos funcionários
ۋ negociante era o corregidor local
em bt
mais que esmolas e, na ocasião da
locais. os salários destes eram pouco
ou ø morte de Filipe II, guase todo, o, cargos
r03 que tinha uma posição social cais tinham de ser comprados, direta lo_
a manter ou indiretamente, mediante uma doação
fÐg pobres a trabalhar para ele. aos cofres reais ou a arguma pessoa
Esse indiví indicada p.b.J A-l;;ï;;;.,
fD; vestimentopara o. Desse modo, as quantidades
vam que o detentor do cargo pudesse
recuperar seu custo de aquisição,
espera_ o
godão ou de lã de al_ seu salário e provavelmente aumentar erev4r &
F
iÐõ' sempre muito pequenas. O sistema sua renda, seus investimarrìo, a
o cumpria unia fu ção social, mediante a extração, de sua clientela "
sua posi_
áreas mais pobr.r, u_" u"" que e dos tuteladoq-ã"""fuu
i0r xava o pre abai_
mercado oferecesse no lugar de emolumentos, o,r" o
que os cidadãos locais comprassem subornos, presentes e preseri_ Þ
OI abaixo dos ções ilegais' os pretensos compradores de cargos
aa

c
ncargos de transporte das roupas compreendiam esse sistema e F
vinham das que, tinham uma boa noção do preço e
o3 Filipinas. Entravam às vezes nesse do valor do, pn to, individuais. O preço ê
sis_ de
qualquer cargo subia ou descia
ûi penas de um ou dois estágios
simples
de acordo com seu potencial de
Além disso, esse entendimento estendia-se
fonte de renda.
aumentava os saládos dos funcioná- até às classes mais baixas. A concus_ f
0: são não é vista com bons olhos È
lha de pagamento da coroa) quanto nas sociedades que têm um ethos
igualitârlo, 4
û3 porque.transfere o capital para ¡-
a
mo o vestuário. as classes mais altas da estrutura
social de ma- <.
neiras classificadas como imorais. I
ù¿ Nas sociedades coloniais, porém, É
z. em que o
Para discussões adicionais,
ver neste volume, o trabalho de
crasou, cap.7,
acesso das classes mais baixas
ao poder e à tomada de decisão {
u
û- limitado ou quase ausente, é possivel
erã severamente
que o pagamento de suborno tenha o
ù de-

I
I
244 I G
sempenhado um papel estranhamente "democrático',. Era uma das
poucas ma_ 2'G1
neiras pelas quais os sem-poder, quando dispunham de um pequeno
excedente
de dinheiro ou de bens, podiam minorar a pressão da lei, ou rnesmo t}
-'i

desviar
seu impacto, não pera participação em sua elaboração, mas pera
sua suavização
g
ou pela evitação de sr¡a implementação mediante pagamentos
ex postføcto. os para seus cavalos e mulas. G
índios e os castas reconheciam que o pagamento de suborno
aos funcionários No século camPos C
às vezes os ajudava, e aceitavam de má vontade a corrupção
como uma manei_ tentavam conc trusos
ra de tornar mais humana a sociedade colonial, pelo-menos em
alguns mo- cobradores de
e C
mentos. Esses pagamentos, realizados essencialmente pelos pobres os limi-
ou pelas eli- tes acordados, alguns se queixavam, se
amotinavam ou se revoltavam, táticas que tÉ
tes locais menores' constituem outro exemplo da deletaçao
poderes de governo a outros. o suborno poupava
peroEstado de seus raramente só conseguiam um sucesso temporário e muitas vezes apenas provo_ G
ao Estado o incômodo e al_ cítvam uma severa repressão. os indivlduos, e ocæionalmente aldeias inteiras,
gumas despesas do governo. Deve-se observar que G
as classes mais baixas, entre fugiam para fronteiras ainda não conquistadas ou escapavam para a vagabunda-
elas os índios' também cobravam pagamentos dos que
estavam acima delas, gem ou a anonimidade das cidades. A maioria das aldeias tentavam criar suas
C
em troca de agilidade, de trabarho satisfatório e de cuidar G
das máquinas, do próprias instituições "intermediárias" ou "corretoras" gue lhes permitissem
gado e de outros bens.
A remuneração mais comum do cargo priblico entre
ajustar-se à pressão econômica espanhola. uma dessas instituições, a caja
de ç
os funcionários inferio- comunidad ou cofre comunitário, tem origem na sociedade espanhola; inte-
res talveztenha sido simpresmente o de viver da terra, ou do G
tuito' os funcionários' e nessa questão os padres paroquiais,
aboletamento gra-
não esperavam
grou-se à sociedade indlgena na segunda metade do século xvl e espalhou-se
por muitas par¡çs do império. As cajas tinham o propósito de organizar as finan-
s
Pagar por comida, alojamentos ou forragem para seus cavalos e mulas quando G
ças comunitárias dos índios. Eram sustentadas por contribuições impostas aos
estavam viajando. Essas yisitas eram diflceis
nas jurisdições rurais, especial_ moradores das aldeias e pela cessão de terras. parte do tributo era desviada para lr;
I
o mente se o corregedor, padre, prior ou bispo fosse
um visitødor entusiasmado e para ser usada em propósitos locais, como pagamentos a funcionários
essæ cajøs
E
z freqüente. Além disso, o clérigo se aproveitava G
f de uma permanência breve locais, reparos dos prédios públicos ou empréstimos a pessons do lugar..Algumas
P numa aldeia parabatizag crismar, casar ou rezar missas
frinebres para aqueres cajøs, apesar das proibições legais, eram persistentemente pilhadas pelos fun-
G
(J que desde a riltima visita clerical haviam atingido
os estágios da viäa reprèsen- cionários locais e pelo clero e, assim, tornaram-se rnais uma sobrecarga p¡ila os
É
s¡ tados por essas cerimônias. cada um desses
àru.r.r ru.Jdorui, implicava um
ç
aldeões já tão onerados pelos impostos. Devido a essæ depredações, muitas apre-
pagamento prescrito, mas não se cobravam
muitas outras funçoes eventuais, sentavam déficits permanentes que tinham de ser compensados por cobranças
?
ä
como a catequese de criança$ as visitas aos doentes, G
as oraçÕes ou os sermões forçadas dos aldeões. Todavia, sêgundo parece, algumas cøfs apresentaram
O
o extras na igreja da aldeia, o comparecimento
às festas, caperas, imagens ou mo- déficits anuais fabricados. Esses coiies porosos do tesouro comunitário estavam
se
r
f
numentos da aldeia e a bênção ministrada a eles.
a cobrar pagamentos regulares
Alguns sacerdoteJcomeçaram vazando para atender a alguma finalidade. Podem ter sido um artiftcio coletivo q
o
por cada visita, supostamente para cobrir
serviços extras. Em regiões pobres esses pagamentos,
esses pelo qual os índios se uniam para distribuir o custo da aquisiÉo de forças q
z que receberam a designa_
o
o ção de visitación, salutación e uma diversidade de outros nomes
intrusivas e da investigação excessivamente zelosa dos funcþnários reais ou do úF
r locais, não clero. Depois de desviar as atenções e pressÕes dos limites da aldeia, essas comu-
eram altos, mas um padre bem disposto,
& com um bom cavalo, podia cobrir nidades desfrutavam então de maior liberdade para buscar suas próprias priori- Ç
Þ muitas aldeias e retornar a elas com freqüência
F
c econômico dos aldeões. No mesmo sentido,
demasiada puru ì bem-estar dades culturais e comunitárias. ç
F um corregedor de passagem pode- As cøjøs de comunidød financiavam os projetos da aldeia, entre eles as res-
H ria aproveitar a ocasião para verificar os livros
de contabilidade da caja de co-
ç
taurações daigreja e os reparos da casa do conselho, e, desse modo, suposta-
munidad, inspecionar os campos de trigo
ou de milho separados para paga- mente estimulava a solidariedade da aldeia e o orgulho da comunidade. Parte ç
ü
3
!

46 247
do dinheiro arrecadado retornava aos aldeões em pagamento do trabalho reali_ comerciais mercantilistas e naturais. Pressupunha-se que o comércio com a
zado. Muitas aldeias da Mesoamérica foram solicitadas a reservar alguns cam_ Espanha entrass€ e saísse apenas por alguns portos, como Callao, Panamá, Por-
pos onde se pudesse cultivar a quantidade de trigo ou milho necessária para tobelo, Cartagena, Veracruz e Havana. Com a ajuda dos poderosos consulados
pagar o tributo. Em muitos casos, os lndios locais que plantavam, carpiam, ir_ locais ou corporações de comerciantes, que gostavam de impor suas próprias
rigavam, colhiam e respigavam esses pedaços de terra eram pagos pelas cajas. taxas de saída e de entrada, para o desagrado das províncias secundárias que
os funcionários mais elevados da aldeia também eram remunerados por elas, e não possuíam um porto legal, era razoavelmente fácil cobrar impostos nesses
é possfvel que esses desembolsos tenham apresentado alguma importância portos. A evasão era comum por suborno de funcionários, por contrabando
p.ara a perpetuação das hierarquias e tradições. ocupar uma posição de desta_
transportado a bordo de navios legais e por sonegação direta, mas, com exce-
que em hierarquias da aldeia podia ser um negócio oneroso, e muitos lndios
ção de algumas décadas muito desanimadoras de meados do século XVII, era
relutavam compreensivelmente em assumir os encÍrrgos financeiros associados
possfvel ao tesouro real esperar uma renda considerável ðo almojarìfazgo,
aos cargos. As recompensas financeiras das cajas sob a forma de salári'os
ajuda_ como eram chamadas essas taxas alfandegárias. O tesouro tentou impor taxas
va a resolver este problema, embora grande parte desse dinheiro acabasse,
sem sobre o comércio interno, colocando aduanas nas estradas reais e ordenando
drlvida' no bolso dos aldeões mais prósperos. Algumas cajøs enriqueceram e que determinados produtos só viajassem por uma estrada autorizada. Dois
passaram a atuar como bancos e emprestadores para os lndios, e
mesmo para exemplos dessas estradas foram a rota que ligava a região de Tucumán a Potosí,
os espanhóis; possuíam haciendas, estancìas,engenhos de açúcar e de
farinha, e ofi- por onde viajavam mulas, açúcar e or¡tros gêneros alimentícios para as minas
cinas, e investiam no comércio bem além dos limites de suas aldeias
de origem. de prata do planalto árido, e a estrada que ia da Guatemala, através de Chiapas,
e, também derivada da sociedade espa-
até Puebla e Cidade do México, que, em seu apogeu, transportava grandes
levantava fundos não_só para pagar as quantidades de cacau e de anil. A tendência ao controle monopolfstico dos gar-
mas consideradæ idolátricas pelas au_, ,
galos comerciais era aparente também nas camadas inferiores da sociedade. As
salários dos padres e dos bispos em suas
cidades situadas estrategicamente em rotas comerciais secundárias tentaram
visitas. Algumas cofradías foram frrndadas sob pressões
econômicas e religiosas imitar os consulados de Veracruz e de Sevilha e cobrar dos comerciantes que
externas; outras desempenhavam papéis'bem-sucedidos
de corretagem; e algumas por lá passavam taxas pelo uso das instalações locais. Cartago, a capital colo-
poucírs prosperaram e investiram em terras, rebanhos,
hipotecas e outros bens. nial de Costa Rica, ficava a cavaleiro da estrada entre a Nicarágua e o Panamá,
Essas cofradlas ricas foram então, mais uma vez,
alvo deoportunistas forâneos. uma rota por onde as mulas criadas nos pastos em redor dos lagos nicaragüenses o
viajavam rumo ao tmjln ot sistema de reboque através do istmo do Panamá. O &
o tributo e o(tras taxas impostas à sociedade indrgena, arri* ðo-o as rea-
F
e
conselho da cidade de Cartago cobrava uma pequena taxa por mula, enquanto
ções a essas pressões, constiturram uma grande parte da história da
tri.butação os cavalariços locais e os donos de estrebarias da cidade eram acusados de ma-
na América espanhola, mas de modo nenhum toda
a história. A .oro" ,",r, nipular os preços dos seus serviços durante a época em que as tropas de mulas Þ
representântes tentaram taxar outros grupof e "
atividades, com grande imagi-
ú
F
nação mas com muito menos sucesso. > estavam na cidade. De tempos em tempos, alguns grupos formados e outras
â
lo!.ano não tinha os burocratas, os facções em cidades como Guayaquil e Compostela controlavam os cabildos e, o
sistemas de contabilidade ou a tecnologia pära
tributar sistematicamente; por por intermédio deles, regiões inteiras e suas mercadorias.
isso tentou impor taxas gerais e simples, esperando
obter de quarquer tributo As taxas aduaneiras, tanto as externas quanto as internas, tanto as legais
F
Þ
muito mais o que era possfvel do que o ótimo. os ø
impostos.ot...ì comércio quanto as ilegais, não eram os únicos impostos que recaíam sobre o comércio. ú
F
etam uma possibilidade óbvia, mas numa épäca
em que a fìscalização das es_ A alcabala, ou imposto sobre as vendas, usado em Castela antes da conquista, ¿
tradas de terra era pequena, em que as I
forças policiais eram rudimèntares e em F
que faltavam peso, medida e cunhagem chegou à América no final do século XVI. Considerada, de inlcio, um imposto a
padronizados, tais exações tinham de Â
ser forti¡itas e aproximadas. um método espanhol ou europeu, dela estava teoricamente isenta a populáSo indígena,
utilizado era fazer uso dos gargalos
exceto quando comercializava produtos europeus; no entanto, alguns índios à
248
pagayam muito, até mesmo
sobre a venda do
cento do preço de yenda das
mercadorias, ma visto que os detentores raramente
percentual dobr 249
mensal de seus postos.
índices mais ele Iá os beneff
modo que os eclesiásticos eram
ca emergencial, taxa
aumentou o imposto dos funcionári
alcsbala foi aum
primeiro ano, ou uma media
distrirbios, AIgu anata, (
cente passou a chamar-se mesada
alcabala, por cau ec
papado autorizou, a cobrança
calizações e lista d
clero, mas essa mudança levou
funcionamento. Outras cidades m
alegaram difi culd lação à maioria do clero, a
ter isenções temporárias. mesa
Em euito, quando foi parte do século XVII. Algumas
provocou ameaças de motins veze
e sediçao. ¡la Guat os lucros auferidos no primeiro
cobrança em l516,as primeiras ano (
irtspeções reais corneçararn Desde a Reconquista, a coroa
tos casos, a cidade em 1602. Em mui- (
ando de uma só vez nhão de todo butim, especialmen
prescrita.,{ cidade a quan;;
quinhao recebeu o nome de quinto (
que até certo pont
nou-se um imposto sobre a produção
hacendados, corner i
tudo da prata. Algum* u.r"r,
do volume e do .o* o I
qma redução para um décimo
maneira deficiente e, em
,sentos da alcabølq corporaçãci local dos mineiros
ou
I
j muitos
coroa a se contentar com um I
vigésimo.
ríodo colonial, das minas d. pratu
de H e
entre Þopa¡ín e Cali Era mais
â fácil de
e
ã,
,
I u.r_ento da atividade
real. p¡ovavelmente,
éxico central, ;;.; grosseira entre a quantidade
I
q
de mercrj-
exemplo do monopól século xvlll, tornou-se, a, a prata é um enorme incentivo
(J

! insumos financeiros
a à en_ 4
H i*portantes do tesåuro f.r
real. mais nas minas. A prata era adt¡lterada, as e
2 Tanto na Améric funcionários roubavam minério e
os
i eram comprados a dos cargos do governo
j - os conspiravam em grandes esquemas =
3
zes maiser eravam lances muitas
ve_
cançou as proporções queatingiu
de nas minas de mercúrio
nunca al_
c
F
2
] esse impos dades mais pobres
- mas nas minas que continuaram
a usar a velha fun_ a
qu. não lhe permitia e para a coroa, uma dição com fogo e forno, a huyørrcomo ö
3 vez era.tu-uau no Alto peru. Nessas minas,
anós a sua posse no freqüentemente elevada,
;' ca apenas alguns meses ou por
um ano t-
t-Postos sobre a rend , o Soverno instituiu dois 3
!. al eram dificeis de cobrar. Eritretanto, d
F
¡enda mensal que ra o Pagamento de
cad uma dc å
ì assurnir seu novo carg tico, tinha de realizar
ao ,,;iäH::,ä:äîåî::i:: :: ú
É
I
mar o v¿lor dessa renda,
e
outros locais da Europa ocidentar
"*r,";'#:;:;;i: iïLliåH;i"-
., o
252
rios negociados, semelhante às benevolências reais inglesas. A coroa começou
e
No nível mais baixo estavam a agr 2s¡ (
esta prática de pedidos elaborados, ora de doações, ora de empréstimos, no aldeias. Milho, feijão, tubérculos, um p
início do século XVI, muitas vezes invocando como desculpa os custos de uma (
animais domésticos de pequeno porte
emergência ou de uma celebração especial, como uma guerra ou o nascimento I
por pequenas propriedades indfgenas,
de um herdeiro real; no reinado de carlos II essa prática foi sistematizada, o
monarca recorreu a ela regularrnente de anos em anos, dotada que foi de um
Na medida em gue os mercados maiores, I
necessidade desses produtos básicos,
processo reconhecido de tributapo e cobrança. os funcionários locais, em ge- a co_
pel principal no período inicial da enco_
ral a audiencia, qve então delegaria a responsabilidade aos corregedores locais,
grandes guantidades desses produtos básicos
recebiam ordens de avaliar a riqueza de cada jurisdição para determinar uma
ilão. À proporção que a encomiendqse enfra-
doação. Elaboravam-se listas dessas pessoas com a sugestão das quantias ade-
clino u e as cidades e centros de mineração
quadas' Em seguida, após às vezes um longo perlodo de negociação, o corre- se
transformaram em mercados maiores e mais atraentes, os produtores
gedor ou funcionário da cidade arrecadava essas somas, ou algo aproximado e distri_
buidores indlgenas locais foram substitufdos cadavezrnais pelos espanhóis
delas. os funcionários reais não estavam isentos dessa taxa, mas também paga- fa-
zendeiros, donos de høciendøs e de obrajes e pelos comerciantes espanhóis
vam a menos e enviavam longas e elaboradas cartas de desculpa à Espanha ou
mestiços. A produção indlgena para o mercado mais uma vez fìcou confìnada
para explicar o motivo da pequena quantia paga. No tocante aos funcionários
em grande parte ao âmbito da aldeia- A quantidade total dos produtos envolvi_
reais, a coroa possuía alguns meios latentes de ameaØ-los, mas com relação a
dos decerto permaneceu considerável, mÍul as quantidades individuais eram
seus cidadãos abastados ela se encontrava em posifo difícil. À medida que
pequenas, mudavam-se contlnua e ineficientemente e careciam de
suas exigências de doações se tornavam cadavez mais freqüentes, abjetas e de- meios de
' troca, o
sistema dependia da diligência e da perseverança incansáveis do pe_
sesperadas, os importunados desenvolviam uma resistência cadavezmaior aos
queno fazendeiìõ e comerciante indígena, muitas vezes a mesma pessoa, s da
pedidos, e a indigente coroa, para efetuar a cobrança, era obrigad.a a oferecer
I
sua disposição a viajar longas distâncias com pequenas quantidades em busca
compensações, como pensões, títulos de nobreza, isenções futuras e imunidade
de magros lucros. Grande parte do comércio era feita por escambo ou em tro-
z relativa às regulamentações do governo. os resultados dessas doações foram
ca de moedas substitutivas, como grãos de cacau, torrões de açúcar mascavo
H contraditórios. No final do século xvl e início do xvII, alguns deles produzi-
ou folhas de coca. Eram iambém comuns dinheiro em valores nominais meno-
ram grandes somas que ajudaram a coroa a fazer frente a emergências reais,

res e moedas falsiñcadas. A, cabeceralocal, ou às vezes uma aldeia semivazia que
como' por exemplo, o milhao de pesos enviado pelo vice-rei do México, em
havia sido o centro cerimonial pré-colombiano, tornava-se a praça de mercado 4
L629, para compen$ar a captura da frota da prata por piet Heyn. Mas as doa- f-
semanal. As pessoas levavam os produtos para esses mercados nas costas ou em e
ções representavam também uma forma de desinvestimento, uma remoção de
u lombos de mt¡:',as ou lhamas. Nas regiões mais "indígerrur", .rres dias de feira (-¡
o capital das colônias, e a longo prazo alíenaram uma classe da qual a coroa de-
cumpriram funções culturais e religiosas que proporcionaram outras recom-
H pendia. A posição fìnanceira e de negociação da coroa erarráryú demais para &
pensas a esses comerciantes e tornaram a margem de lucro ligeiramente me- F
o transformar essas práticas em verdadeiros impostos sobre a riqueza ou as ren- A
nor' Nas regiões pobres e marginais da América espanhola, como o paraguai,
o das, ou para torná-las úteis ou vantajosas a longo prazo. ö
2
o
Ti¡cumán e aVenezuela rural antes do cacau, regiões com pouca população in-
o F
c dígena e sem p:oduto importante que atraísse a atenção dos espanhóis, os
A DISTRIBUIçÃO E A, TROCA F
ú poucos coloniza,lores espanhóis descobriram que não tinham outra alternativa tr
Þ
t
& A América espanhola colonial teve vários sistemas justapostos e interliga-
senão viver da p "odução indígena. Foi nessæ regiões que a encomienda persis- ïú
F E
q
tiu durante a maìor parte do período colonial. o
dos de produção, distribuição e troca, que passaram por muitas fases de pros_ P
De tempos eirt tempos, a emergência na economia camponesa de um pro-
peridade e declínio, expansão e contrafo. o
duto desejável e lucrativo (ou, mais freqüentemente, a emergência na socieda-
25 4 255
Ð de européia da América, ou na própria Europa, de um mercado para um pro- controlar inteiramente o processo de produção, e o sistema de comercialização

Ð duto anteriormente ignorado) convidava à usurpação do mercado por ou- os frustrou até quase o final do perlodo colonial. Assim, regiões como oaxaca,
tros concorrentes. O cacau, o fumo, as fibras de ðacto, e de uma forma um que tinham segredos de negócio e de comércio que excluíam os não-índios,
{) pouco diferente o pulque e as folhas de coca, são lavouras americanas típicas conseguiam, evidentemente, permanecer mais "indlgenas", No entanto, oaxaca
-rli que, em virtude da mudança nos padrões de distribuição e nos gostos ou de deve ser considerada uma exceçã.o. A maioria das regiões camponesas que pro-
-Ð novas formas de usar os produtos, desenvohteram valores de mercado na duziram ou comercializaram produtos de grande valor sofreram usurpações
ro economia europeizada. Os produtores indlgenas ou camponeses pouco a maciças, o que resultou em transformações importantes em seus sistemas de
pouco perderam o controle do sistema de comercialização e algumas vezes da produção e de comercializad.o, e em suas culturas.
{) terra e do processo produtivo. No início do século XVII, os mercados urbanos em expansão da carne,
ro Em alguns lugares e em algumas épocas, os lndios e outros grupos de cam_ dos cereais (trigo e milho) e de outros produtos alimentícios básicos nos Io-
Ð poneses conseguiram resistir às usurpações e às apropriações mediante de- cais mais importantes do império eram abastecidos, em sua maior parte, não
monstraçÕes de solidariedade comunitária, De modo geral, os produtores
{, ¡
pelas aldeias indlgenas, exceto talvez indiretamente, mas pelas grande s estan-
camponeses podiam limitar, adiar ou até evitar a trcurpação pela simples posse clas de propriedade de espanhóis, fazendas,de ovinos, de suínos, haciendas,
$ de um segredo de produção ou de cornércio. um bom exemplo disso é a co-
.

i lavouras de trigo (labores) e chácaras dedicadas ao cultivo de legumes e vege-


tf) chonilha, um corante resultante de um processo de fabricação complicado e
t
tais. No século XVIII, nove rotas comerciais levavam a Cidade do México, por
lf, especializado, que envolvia relações simbióticas entre seres humanos, insetos e onde viajavam centenas de tropas de mulas e carros de boi que traziam trigo,
cactos. os espanhóis,
€ mesmo os índios de regiões não-produtoras da cocho- ; milho, gado bovinor porcos, peles, açúcar, vinhos e vegetais, e produtos têx-
.fÈ i
nilha, não possuíam a habilidade ou a paciência para assurn_i¡_ a produ6o, e, teis, corantes e mercadorias européias. Vários milhares de mulas entravam
rß devido à sua natureza, não era fácil racionalizar ou intensificar a industria. Âs i.
diariamente na cidade, e as vilas indlgenas com terra de pastagem próximas a
\
fr, economias de escala no plantio local eram contraproducentes e provo@vam J

i'
Cidade do México transformaram-se em pontos de parada, onde o gado des-
decllnios na quantidade produzida. A produção estava nas mãos de pequenos l,I
ú o
2 produtores - nesse caso, lndios de aldeias em Oaxaca, a principal região de co. ì1
¡:'
cansaya e pastava até que os matadouros da cidade estivessem disponíveis.
Lima era também um grande mercado, embora a terra agrícola limitada jun-
tÍl e chonilha - e assim a cochonilha era distribufda em muitos mercados pequenos
,ir
¡,
ì to a esse oásis do deserto, e sua localização costeira lhe permitissem trazer al-
rtl a de aldeia. Mesmo nesse est{gio, para os grandes comerciantes e empresários
ì. guns de seus gêneros básicos de longa distância, um lu:<o que não era logisti-
(t c q
não compensava envolverern-se nela. Qs pequenos comerciantes, lndios ou
?i
camente possível para cidades interioranas e altas como cidade do México,
U

F
cøstas,iam a essçs mercados de aldeia, ofide compravam pequenas quantidades
0 do corante o .irtr.g"u"m aos grandes comerciant"s. É d.rn.."ssário dizer qo.

ii
ì.r
Bogotá ou Quito. o trigo de Lima vinha do vale central do chile e dos oásis do
litoral norte peruano; suas madeiras, cordame e resina, de Guayaquil ou mes-
R
o

(¡ U nesses merc?dos
"
locais as relações eram mai's justas e igualitárias. Esses peque- mo da distante Nicarágua; e seu milho e batatas, das montanhas do interior n
I
rft f¡l nos comerciantes, tropeiros ot prìncipalø lndios mais cosmopolitas, muitas adjacente. Lima era, porém, uma exceção; a maioria das capitais regionais es- l<

(l o (J vezes o principal elo entre a economia camponesa e as maiores economiæ de


mercado, enganavam, induziam ou coagiam o máximo que pudessem. Ambos
\,
:!

,il
panholas de qualquer tamanho dominaram os vales montanhosos interiores ô
.a

(t 2ou os lados, o espanhol em cima e o lndjci embaixo, os desprezaxam, como de-


e criaram cinturões agrícolas em torno de si. os-comerciantes que compra-
vam esses gêneros básicos para essas cidades eram espanhóis ou castas qve
(}
F
(' { monstram os nomes pejorativos comuris pelos quais eram designados, como li trabalhavam por conta própria ou como agentes de fazendeiros espanhóis e
a
&
& F
(l I.r
Þ
&
mercachìfles ot quebrantahuesos. Assim, oslespânhóis, graças aos intermediá.-.
rios, conseguiram auferir lucros do comércio da cochonilha e juntá-la em

de grandes comerciantes urbanos. uma exceção eram os canoeiros índios dos ï
&
É
(¡ F
q quantidade suficiente para transformá-la num item de comércio significativo
canais que ligavam cidade do México ao sul. os serviços de construir, pilo- o
e
tar e zingar canoas eram especialidades ou trabalho pesado que os espanhóis o
rÍ) 3 conrlugares distantes como Amsterdã e Londres, mas não putleiam assumi¡ ou /
desprezavam
@
(3
,('Ð
Ft
f
¡
256 l
t'
I
A distribuição dos gêneros básic
I
problema. Comerciante s, hacendados,
l
go compartilhavam a mentaldade co
ì
I
':
¡
os gargalos comerciais. Tendiam a e
i
I
¡

; l
fora do mercado para esperar a escassez C¡drd..to
e preços mais erevados. Grupos 1 !
cendødos e fazendeiros dç trigo obviamente de hq_ :
Oço.tig Aal¿nttcg
';,
conspiravam p"ru uti.rgi, esses ob_
1, ,.
jetivos' e o resurtado, se
esses monoporistas fossem : tr
¿eixa¿os i uoiru¿., .ru
escassez, emesmo a miséria, com flutuações u I Cldôdo do
no preço, migrações entre os po_
bres e mercados caóticos com a ocorrê.r.iu
de pilhaçm . å"ri.r. o.
autorida_
Fo de Bogotá

des da cidade, as aud.íencia.ç' e mesmo


os governos vice-reais intervinham
tornar o sistema para
mais justo, para evitar Ãaurr",
e preços exorbitantes e para
preservar a tranqüilida.de social
e o surgimento de controle social. 8æ fo

pais instrumentos usados eram ,


Os princi_
os norro-.
discutidos anteriormente. As autorida P6z

lios ou leiloavam a permissão de Oce¿no P.cll¡oo Polosf


mon São Poulo
dc J¿n€¡.0
rantida de produtos Sâlto

gas. Essas instituiçõ Tucumán

início do XVII, e a m de modo intermitente durante Soctrmflto


épocas de escassez, confiscando as
e reten as ofertas de
Alr€s
m'ho que
os índios tra_
ziam para a cidade para pagamento
I
do tributo, e depois redistribuindo-o
preços fixados nos principais aos
mercados da cidade. Em argumas
z alhóndigas assumiram depois cidades, as 0
um caráter t5o0 tm
¡i p.r_arr.nt", comprando porções
r de_ 0=+-+-| lO00nilha¡
produtos básicos para abaixar
o o
4 e dos especuladores monopolis_
a Rotas de comércio íntorno "
à
de certa forma os monopolistas,
ö ente os controlados por ,,igrejinhas,,
os mercados da cidade. rJm høcendado
o rocar compraiia o direito exclüsivo de
q
consetho da cidade, em geral
de porte médio e pequeno,
um corpo,""åiJ:::",Í*mi#;:,: abastecer o matadouro da cidade, garantíndo
assi
com freqüênciu iomava grandes to a aplicar preços elevados, O cabildo,abandona
comprar gêneros básicos para empréstimos para (
Q
a alhóndiga, depois achlou rentado;;;;;;"ru, rantir um abastecimento estável, foi simplesment
¿
o desembolso ,."
z e tarvez até produzir u- j.qu"io excedente para projetos de rer
de seus lucros. euem sofria com isso
aqo.rus pessoas da cidade que nao
(
o
Q
q , segurando a redistribuição por parte
"ri-
tinham condições de pagar os preços (
as cidades su_
pria suas proprias manufaturas básic
4. estivesse um pouco mais favorável.
Þ
Ér

4
verduras, não podiam ser armazena_ tinha 27 padarias, t3e sapareiros, 5e åi::iiåii $
F zindo para o mercado local. r:
4
çao. e reco rria à s imples rentativa
realizado mediante a oferta
o. ruru,, ;r";ilïä:.:ii üJriîrî:T;
T
As cidades maiores e as conce
ptóximas delas
i!
também abasteciam os mercados
em leilão do direito de abastecer
os m¿tadouros ou ricano colonial (
de longa diståncia com artigos nã
tempo de vida å
Þ

Ì
R, ù
258
mais longo' Esses comércios de distância
mais longa e as rotas
to com as redes burocráticas que comerciais, jun_
moviam os detentores preciosos mais no
para outro, eram os únicos raços a. *rgo de um lugar 2s9
coroniar¡u,,i"u_l'lLffi::ii1lïîl
reais qüe davam ,;,ñ"-;öério
america_
trocas e oferecer incentivos,
ff:::ï:;:ïïr:Hli":î:
;ffi;i:,î'åî,:#:îi'å:äï:"11:ol*.ää.ilö*ounciaedas embora dJrante longos perlodãs potosí
de cidade do México tenham e as mi_
metróporeo.*n,,.ïii;:iï:.îffi:jH:ff;;;:: p;;;;....
::ä
nhas
central era a metrópole para
grande n;; ä ilhas caribe-
;ffilï::.
As distâncias envorvidas neste
r.ito io,,.o

eixo colonial e a atratividade


uma ou

extremos sul e norte cipais mercados e principal de seus prin-


d produto, p.l,u, esti nuraram
as Filipinas . -.rJ;]"'os " o crescimento das
d"tu' baseavam-se';
espanhola e seus inter
co, em menor extensã
ïfii*iå:'.:i:ï::.1t::ï^ ;;;;"' que já

tosl eram centros


escaraaumen*a""JenoqT,::tïäil1iï:ä.ï:î::fJ"ïlîll:.,:.:m:
ec
peizados de demanda. As
srandes e às vezes distanres resiôes de cerâmicas a" puJU e Guadalajara,
sécuro xvrrr, quando
captação.;lï:::i:i;îï:î:î
-.o-dn-irì Nazca, ofereciam não só os
utensllios de cozinha das
dos vales de Ica e
..ono,i i" cída¿; ;lJs . aldeias,
".
tî " r"'f.; ; 1ä
* n r ég i m e ¿' * .,'î',lrir,' ;.*îä; rs ta men to,
mas também as botijas ou jarros
pulque a longas distâncias.
para transporte le vinho,
óleo, con6¿qu. .
f ffii"i :::o:' op
"..ïäl îî"' ..,. rn,',. - o .u..o d; ¿;il" e soconusco alimentou
o mer_
cado meicano até que li
rumo en-å";;,ï'.:li,ii:::iT,ïïïfi:,",o,.-Jo
a Europa,
o açúcar o
de exportaçâo no fìnal do século *U e
erro em torno de Caracas
Buenos Aires,
_ __, vs.g!@ caracas;;;il
ç fraì¡ana Tportantes
para
,untaram_se à_lista dos princþais cio. -AJgumas dessas espe se apropriaram do comér-
mercados urbanos.
nificativas p".to Jo, gr" lm devido a carências sig-
Em todos os ten pôde cultivar seu próprio
j
o americanos."iläiïåïåi:1 j",äälï:i::,,Hi,i::îî.,ii:rå::: trigo e teveìe *.ora"i"*rr".rên^ê nÀ^i^ ^-t-.
ncientes.,".n;;;;:i"",:.ä,"äii'^äî#:ä,iîJtîii.',".i,î
2 --läìi,un.ru,
mos deterrninantes I tlo:ttu, vamente mais próximo que
H frete que dominaram . xas de Cuzco, Andahuaylas aU"rroy
a.rä
U
4
a
De ¡naneira;;;i,;:" ii:ff, cádiz.
marítima' tornou-seo principal
no de Potosr produzia pouca
fornecedoì de Lima. " u figação
o planalto árido em tor_
È coisa e só podia oferecer pastagem
ovelhæ e camelóides americanos. po¡ para algumas
gares mais dirtunt.ffi irro, o, ,r"fes que cercavam
èochabamba
de lucro mais e Sucre passaram a ser u
baixas. os seus celeiros, e eram.criadas
mulas em locais tão distantes grande quantidade de o
4
o menores, as rotas através qu"n,o O4.njo]u e l.lr"d", ¡r
H das montanhas' Argumas para as minas através a
malores volumes de ¡eca'
proc Podiarh transportar
de de matérias-primas.e ;speciaizaç0",
,u.fru- por causa da disponibilida_
U montanhas. :las que atravessavam relrtesaosï¿b.i. ä, sinos
è Quando estar as e canhões d"s'frndiçõ",
de Arequipa e Puebla abasteciam a
z
o
vés de regiões relativamenrp
+Âñ-^-^r,
temperadas acarretavam
mentlcios, as rotas atra-
portos e as estradas ao rongo
* ic;;j"o ;r"fortes e os navios das
cidades, os
c
¡.
que aquelas qu"
u,r"ulrT"Tte menos a"Ç.rar.io, ¿o outras especiarizações surgiram
[t ao
ls incapacidade dos europeus "ixo. devido à
Durante grande parte ou úmidos. de fornecer ó
É _
Hernando Cortés senciais' á's infamante t " ;;;"d" distância muitos produtos es_ ()
t<
å, irn lçar pela época em
que tê.r.ir .; ;;;;ies ofi.ina, do México cenrrar e k
É " eixo colonial de toàas de Quito' os vinhedos e-ol.,ojrt
de p<
¡< essas rotas estendia_se os campos de oliveiras F
e costa peruana, eram de do chile central e dos oásis c
e dal por mar até à costa La Paz e Cuzco, inlcio o, forn...d*""io."ir, da lr
d< damente quando a Espanha _", rapi_ i
-Mé*ico. As mercado¡ias
viâjavam mais no rumo r. -"r,r* i"ffi "*f*aìä_se
e economicamente incapaz
4
,q
sul qu no satisfazer as demandas coroniais
d. p.odu;;;',.àeis bararos,
de
{
o
"r..ltr"iffil; azeite' À medida que cresciam,
as ÅpecialidJ., ,.gio
vinho, conhaque e o
o
ais {esafiavam os pro-
ti
I'
i

260 ¿
dutos espanhóis mesmo no México e nas ilhas caribenhas. o vinho peruano,
o principal eixo entre México, Acapulco e callo, com seu ramal para poto_ 1
por exemplo, abaixou os preços das ofertas da Andaluzia no mercado de cida-
r sí, também estimulou a construfo de navios. Durante todo o período colo_
de do México, mesmo depois que o goyerno protegeu os monopolistas sevilha- rì

I nial, Guayaguil foi um estaleiro importante, graças a suas ofertas de madeira


nos por meio da proibição de importações mexicanas de vinho peruano, le-
de lei e de resina. Portos menores como Huatulco, San Blas e Realejo ajudavam
vando-o então para o contrabando e aumentando seus custos. :

ocasionalmente. Todos os portos situados ao logo da principal rota comercial


As obrøjes representam a notável história de sucesso da indústria hispano-
interamericana foram ramais importantes. Cidade do México, por meio de seu
americana e do comércioìnteramericano de longa distância. Desenvolveram-se
porto de veracruz no mar,dos carafb4s, comerciava çom as ilhas e com os por-
em dois centros: os vales de Quito, otavalo, Riobamba, Âmbato, Latacunga e
tos do continente. As retas entre Veracruz e Havana - e, embora de funciona_
Alausf, na síerrq equatoriana, e no México central, de puebla a cidade do Méxi-
mento posterior, entre veracruz e La Guaira - tornaram-se importantes agentes
co. o complexo de Quito abastecia grande parte da América do sul, do pacífico
de transporte de prata, cacau, peles, corantes e açúcar. Cidade do México era
até regiões distantes como Potosí e cartagena. o México abastecia a Nova Espa-
um ponto de distribuição não só para as várias extensões epparsamente povoa-
nha e algumas das ilhas do mar dos caraíbas. Ambas as industrias atingiram
das ao norte, mas também para a regiões mais ao sul, como chiapas e yucatán.
sua proeminência no final do século xvl e persistiram em vários estágios de
Os portos ao longo da rota marltima entre Acapulco e Callao negociavam com
prosperidade até pouco antes da independência. As obrøjes em yolta de
euito grande parcela do interior. Acajutla e Realejo eram os portos para a América
dependiam de grandes rebanhos de ovelhas -
o vale de Ambato sozinho abriga-
va cerca de 600 mil no final do século xvII - e foram superadas por poucos central não apenas trocavam produtos locais por prata e vinho do México e
do Peru, rnas também desembarcavam na praia produtos ilegais do peru, os
concorrentes no tocante à oferta de mão-de-obra indlgena. Escravos, castøsli_
quais depois eram enviados ao México por terra para fugir da alfândega, e le-
vres e alguns prisioneiros eram todos empregados nas fábricas de
euito, mas a vavam navios para o Peru carregados de sedas e especiarias das FiliBin?s, que
maioria dos trabalhadores eram recrutados muito simplesmente pelos antigos
haviam sidoìazidas ilegalmente por terra de Cidade do México e de Acapulco.
instrumentos da encomienda e do repartimiento.Em 16g0 havia cerca de 30
mil Os portos do norte do Peru cumpriam funções semelhantes. piura e Santa não
I
envolvidas nas obrales de Quito, e um estabelecimento de porte médio
pesso.rs
eram apenas portos que serviam Paita e o Callejón de Huaylas, mas também
z €mpregava cerca de 160 pessoas. As mänufaturas têxteis do México enfrentavam
pontos de parada dos produtos ilegais provenientes do México e das Filipinas
r uma competição mais severa, não só dos produtos têxteis europeus e orientais,
via México, que tentavam escapar à vigilância dos funcionários da alfândega
a mas também das demandas de mão-de-obra das minås de prata e das cidades
c em Callao. Analogamente, Guayaguil era o porto que servia às montanhas em
c¡ muito maiores. Em conseqtiência, suas obrajes recorreiam de formþ mais inten-
redor de Quito, e La Serena, Valparafso e Concepción eram os portos que ser-
sa ao trabalho de escravos e prisioneiros e à mão-de-obra liwe asðalariada,
A lã viam ao norte, ao centro e ao sul do Chile, bem como.às províncias do interior
era o principal produto tecido, mas o algodão também era bastgnte utilizado.
(J Iocalizadas do outro lado dos Andes, próximas a Mendoza e San fuan.
o Algumas manufaturas eram grandes e empregavam c€ntenas de trabalhadores.
e Um ramal sul ainda mais importante era aquele que ia da extremidade sul
Na primeira rnetade do século XWII, a competição renovada tanto da Europa
quanto de outros centros coloniais cajamarèa e cuzco no peru,
do eixo da prata, Potosí, descendo através de Salta, Tucumán e,Córdoba até
a
- euerétaro na Buenos Aires e o depósito português de contrabando em fülônia do Sacra-
o Nova Espanha - minaram um pouco da prosperidade de
z euito e puebla. No fi- mento. Alguns produtos que viajavam para o norte ao longo dessa rota - por
o
() nal do século, porém, haviam se voltado para mercados alternativos e deram
e exemplo, os cavalos, as mulas e o gado bovino de Tucumán, que eram enviados
início a novas linhas de fabricação, embora no fim do período colonial a com-
para abastecer as minas de prata - eram legais e francos. Mas Buenos Aires, du-
petição européia tivesse voltado a representar um irnportante problema3.
É<
Þ rante cerca de dois séculos após sua colonização definitiva, foi também a ilegal
ú
É<

q porta dos fundos para Potosí, uma rota clandestina e mais curta para quem
¡. Para um exame adicional das obraj* na América espanhola do sécr¡lo XWII, rær Btu{.DrNc, Fftrtóri4
vem da Europa do que a rota legal via Panamá e Callao. As manufaturas euro-
da Améria l^atinø vol. I, cap. I t
péias e alguns dos artigos de luxo que as vilas do surto mineiro demandavam
262 263
viajavam lentamente por essa longa estrada ilegal. O maior produto de impor- das no topo da hierarquia dos sistemas de comércio, assemelhavam-se bastante
tação mundial erà a prata, que viajava ilegalmente na outra direção. De Buenos àquelas que ocorriam na base. As feiras índias realizavam-se freqüentemente nas
Aires a prata de Potosí era passada aos comerciantes de fülônia do sacramento aldeias cerimoniais vazias que se enchiam de gente durante os dois ou três dias
e do Rio de Janeiro, e dal seguia não só para Lisboa, mas também diretamente do ato, depois retornavam à sua habitual tranqüilidade. O mesmo acontecia
pa:'a afndia e a china portuguesas, onde financiavam a difusão da penetração também com Portobelo e muitos outros portos tropicais insalubres. Enquanto as
ocidental nesses locais. De 1640, época em que Portugal se separou do domínio frotas descarregavam e recarregavam, as pessoÍts se amontoavam nos portos, alu-
espanhol, até cerca de 1705, esse grande sistema de comércio experimentou gando quartos e comprando alimento, bebida e transporte a preços enormemen-
muitas dificuldades e algumas interrupções quase completas, mas no final do te inflacionadôs. Cidades de barracas e armazéns de lona temporários brotavam
século xvl e inlcio do xVtI, e novamente ap6s 1702 e 17L3, quando os espa- nas praias vizinhas e, durante alguns dias ou semanas, uma intera$o comercial e
nhóis foram forçados a conceder a companhias estrangeiras, primeiro france- social ruidosa dava a esses locais a aparência de uma atividade frenética e cons-
'sas, depois inglesas, a autorização para I
o tráfico de escravos para Buenos Aires, tante. Quando as frotas partiam e as tropas de mulas seguiam Penosamente Para o
o comércio de prata Potosl-Buenos Aires assumiu grande importância interna- interior, essas cidades voltavam a ser pequenos agrupamentos de cabanas, muitas
cional. A prata americana chegava ao oriente por outra rota. o ramal mais delas vazias, à medida que os comerciantes e administradores se dirigiam com
longo no eixo cidade do México-Lima-Potosr foi a rota entre Acapulco e as Fi- indecente pressa para locais mais saudáveis.
lipinas. Esta rota trocava seda e especiarias orientais por prata mexicana e pe- Sabe-se muito menos sobre os comerciantes dos dois sistemas intermediá-
ruana, e, apesâr das difìculdades sobrevindas na metede do século xvll, parece rios que abæteciam os grandes mercados internos do que sobre os grandes co-
haver produzido grandes lucros. Assim, os eixos da prata da prinbipal rota de
merciantes dos consulados de Cidade do Méúco, de Veracruz, Lima, Sevilha e
comércio colonial financiaram as atividades européias e 9- imperialismo no
Cádiz. Entretanto, foi estudado o pequeno grupo de comerciantes de Quito
oriente: a extremidade Potosl via Buenos Aires, os portugueses e'öutros es. nos últimos anos do século XVI. Sua principal preocupação não era a distância
trangeiros; a extremidade mexicana via as Filipinas e Cantão.
mas o tempo, mais especificamente as jornadas. Seu outro problema eram os
o o comércio colonial interno, tanto o sistema que fornecia gêneros básicos a atrasos no pagamento e, portanto, nos lucros auferidos. Os empréstimos eram
E
2 mercados de cidades quanto o sistema de longa distância que transportava
limitados; por isso, o comerciante dpico muitas vezes aguardava o recebimento
prata, têxteis e especialidades regionais, requeria meios de articulação.
fá men- de seu lucro de uma aventura comercial antes de reinvestir em novo negócio.
(J cionamo.s aquelas instituições, como leilQps do governo e privados, pósitos
c e Têxteis para Potosí e Popa¡ín, e couro, açúcar e biscoitos para destinos diver- o
w alhóndiga¡corporações de comerciantes e de artesãos, e comerciantes e o
nego- sos eram as suas principais exportações. Mercadorias européias, vinho do Peru &
ti
ciantes. menofes qué juntavam peQuenas;Quantidades de artigos H
valiosos nos e prata de Potosl, eram as suas principais importações. Alguns negociantes tra- o
mercados de aldeia para expedi-los para estabelecimentos maiãres nas
cidades. balhavam individualmente, mas a maioria, devido à escassez de capital privado (-¡
o O mecanismo de troca predominante, pgrém, tanto na economia de aldeia Þ
o e à relativa falta de crédito, tinha de associar-se a outros. Algumas vezes, não- E
H quanto na Europa oriental, era a feira comercial As maiores feiras c
ti
eram reali_ comerciantes se juntavam à compañia, fornecendo capital, mulas ou mão-de-
(J zadas nas grandes cidades, e o local e a êpaçade sua ocorrência ê
e sua administra- obra em troca de uma partidipação nos lucros. A carência de uma série
o
2 ção interna eram regulamentadas por lei,e por inspetores locais. outras feiras padronizada de pesos e medida's, as flutuações nas taxas e nos valores, a impos-
o se realizavam çm encruzilhadas onde se,;intersectavam os vários È{
Q sistemas. As
4 sibilidade de conhecer a demanda de alguns artigos nos mercados distantes, e Þ
É
feiras mais singulares e famosas eram aQuelas que ligavam os três d
4 sistemas de sobretudo a falta de uma rnoeila forte e estável causavam desapontamentos, F
comércio interno que já descrevemos com o tráfico transoceânico å
F oficial feito atrasos e perdas. Algumas desêas compañias de comerciantes passavam meses I
ú pelas frotas e pelos diversos navios munidos de licença. É
tr Essas feiras ocorriam juntando o capital necessário e se preparando para as elçedições. Às vezes, de- o
e nos grândes portos oficiais ou em suls proximidades, especialmente râ
em zenas de comerciantes eram envolvidos e a zona rural adjacente tinha de ser o
veraeruz, em falapa e em portobelo. De maneira curiosa, essas feiras,
organiza- L vasculhada em busca de cavalöb, mulas, selas, recipientes ¡efistentes às intem- ¿
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266
de ser os metais preciosos, especialmente a prata. Nem todos os sistemas de Muito antes do perlodo colonial, a moeda peruana 267
era misturada do mesmo
comercialização examinados aqui necessitavam do suporte de uma moeda de modo, e duranre a maior parte do período
colonial . di"h.l;;^;;"ano conti_
prata, pelo menos não na mesma extensão. As t¡ocas agrícolas de aldeia utili- nuou sendo objeto de suspeita em comparação
com o do México. As moedas
zavam o escambo ou moedas alternativas, como folhas de coca ou grãos de de Potosr eram alvo de zombarias e freqüentemente
rejeitadas. Às vezes a moe_
cacau. Isso não deve sugerir que essa economia tenha sido sempre simples. Es- da falsificada era aceita em transações Lgais,
mas com um deságio. Assim,
tudos dos vários nichos ecológicos e das zonas complementares de altitudes e moedas eram ilegais tecnicamente, mas Íão
tais
na prática.
especialização nos Andes e na Mesoamérica têm demonstrado a existência de
dos três séculos que examinamos, a
um "arquipélago vertical" de trocas entre zonas diferentes, comandadas muito moeda_padrão
foi a ocho, uma moeda de prata dividida
mais pela reciprocidade e pelo escambo do que calculadas sobre os preços de em oito reales.
Ð Na era freqüentemente co¡tada a frio com
mercado estritos e correntes dos produtos em questão. Algumas dessas trocas um cinzel,
em duas partes' os tostones, ou em oito'pedacinhos,',
de escambo podiam cobrir grandes distâncias, em raras ocaéiões envolvendo os reares. Moneda cortada
ou moneda recortada não inspirava confiança.
o corte dos pesos freqûente_
viagens que duravam semanas. o comé¡cio para os mercados urbanos, porém,
mente deixava os tostones e os reales commenos
especialmente o tráfico de longa distância e sobretudo o comércio com a tamanho e peso. A redução e o
;I [uro_ corte das moedas em pedaços reduziam-nas
pa e o oriente, tinha de ser garantido pela prata. Existem vários exemplos a uma tal informidade que pesar
de a
Ð moeda passou a ser uma característica,regular
comerciantes engenhosos que confiavam em moedas alternativas. Grãos dos mercados pequ.nos. A boa
de ca_ moeda era entesourada ou exportada, de
1 cau eram usados na venezuela, na cösta Rica e na zona rural do México. modo que u, rno.du, ,*f.1,"r, prrr_
Fo_ lero, erama¡ mais comuns na América. para
lhas de coca eram utilizadas no A,rto peru. Existem rnesmo indicações piorar as coisas, a coroa, os comer_
1 de que a ciantes espanhóis e os estrangeiros drenaram
botija padronizada de vinho ou de azeiteera considerada un¡4 as moedas de prata das colônias
1 medida de valor, com surpreendente eficiência, não só enviando_as
e assim tornou-se uma espécie de dinheiro primitivo para a Europa, mas também
t ao longo da costa do pa-,
clfìco durante os anos difrceis de meados do século xvtt.
Mas, de modo geral,
via Buenos á.ires para o Brasil e a fndia, e
via Acapulco para o oriente. os im-
{ os comércíos de longa distância precisavam da prata
postos eram enviados para Madri, os
funcionários reais e os comerciantes
e¡ guando ela estava escas_
mandavam para a pátria somas substanciais
t 2
q
sa, esses negócios definhavam.
Antes de 1535, os grupos invasores utilizavam o
os conirabandistas estrangeiros preferia.
por conta de sua aposentadoria, e
pr",u na troca por produtos do no-
I Q
escambo ou pedaços pesa-
dos de ouro e de prata. Na mesma êpoca, a coroa introduriu
roeste da Europa ou por escravos africanos. "
com o declínio da mineraçao de
À precedente prata em meados do século XVI, com
I q
perigoso, quando tentou monetizar as colônias
e obter algum lucio. Enviou
a deterioração do sistema de frotas
ciais espanholas e o aumento do tontrabando ofi_ a
moedas castelhanas pafi. o Novo Mundo e aumentou e do entesouramento de boas
) seu valor nominal em re_ moedas, as colônias, especialmentà as
secundárias da região em volta das pe-
&
¡.
lação a castela. A manipuração do rnalor da H
moeda era umâ tentação à qual a
I U
o coroa freQfrentemente aquiescia, com resultados lucrativos
quenas Antilhas, sofreram uma intensa
diminuição do máo circulante. E o que I
e rapidås e um im-
I e pacto desastroso sobre o comércio e a confiança
da comunidaåe comercial da
permanecia era refugo suspeito. i.h
remendando as moedas falsificadas,
década de 1650, o Estado entrou em
cena,
,f x
) América espanhola. desvalorizand o as macacasperuanas e
nalmente recolhendo-as para nova cunhagem. fi_ F
o A cunhagem teve inrcio no Novo Mundo em 1535 Nenhuma dessas medidas pâni- Ê
I z
do perlodo colonial
e durante a maior parte cas funcionou e a coroa finalmente
abandánou â reforma e deixou q,r.
o
o
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as u ,itu"_
.t ø princfpio, a adulteração, ção se resolvesse por si mesma. As moedas adulteradas ts
remanescentes foram
{ despejadas nas comunidades de índios
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dos. Os espanhóis herda e de negros livres, indo parar no tesou-
ro real em pagamento de tributo i de outros
E
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4 e- essa moeda suspeita, tþuzque,circurou iÀportor. o .o*er.ió p.ì¿.,, ,u"
I t<
4
liwemente no México após a metade
do século xvl. Depois disso, a moeda mexicana
principal garantia e tornou-se inútil
ou rocal. o escambo cresceu, mas inibiu
c
E

I No Peru, a adulteração da prata com estanho


foi çnsidera¿u -uis confiável.
e chumbo é anterio¡ à conquista.
trocas a longa distância. Essas crises
monetárias tornaram a acontecer freqüen-
as o
E

i.t temente após meados do século xv,'. o sul do México .na..rfou o,,*o.
oro-
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268 iI
blemas ,nt , tlzoo e 1725.Em 1728,a coroa apossou-se das casas de cunhagem, t
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que anteriormente haviam sido arrendadas a companhias particulares, e ten-
F
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tou padronizar a cunhagem e a gravação e introduzir as bordas serrilhadas,
para desencorajar os cortes - tudo aparentemente com pouqulssimo efeito.
Ir (
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A escassez de moedas e sua não-confìabilidade provocaram problemas de t
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convertibilidade, sobretudo nas áreas rurais ou periféricas. Inúmeras queixas
l
falam de personagens regionais poderosas e ricas que não podiam transferir I
Ë

seu capital para centros mais desejáveis. Um caso tfpico seria o de um criador
de Mendoza ou Sonora com milhares de cabeças de gado e um número incon-
ì
tável de hectares de terra, tentando converter essa riqueza visível numa mu-
;
dança para Cidade do México ou até mesmo para Madri, Como esse homem,
:
ou sua virlva, transformaria esses bens numa moeda confiável ou seu equiva-
lente em longas distâncias?
ì
Por isso, a moeda corrente e a cunhagem constitulram um problema du-
rante todo o período colonial espanhol, uma situapo irônica graças ao escoa- I

l
mento de riquezas das minas de prata. Em épocas de grande escassez de moe-
t
das, o escambo e a moeda substitutiva retornavam, as rotas comerciais se en-
curtayam devido à carência de um velculo combinado de troca, e a confiança :

do mercado soçobrava. Quando a moeda boa, que desfrutava da confiança dos


i
comerciantes, era relativamente abundante, o comércio de longa distância se ¡
i
I expandia e mesmo as trocas locais eram mais rápidas e mais fáceis. O estado e Ì

z a quantidade de moedas de prata são um dos indicadores mais seguros da con- i''
lr
q dição econômica geral numa economia monetária tão incipiente e simples, I
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