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Universidade Federal de São Carlos - Departamento de Química 21/11/2023

Explorando a Cinética da Reação entre Cristal Violeta e Hidróxido


de Sódio: Determinação da Velocidade e Ordem Reacional

Bruno Campana Severino, 770613; Heloisa Fernanda Lopes Sanches, 760674; Lívia
de Lima Conceição, 800850

1.1 Objetivos

Determinar a ordem global e a constante de velocidade de uma reação química


envolvendo espécies coloridas, como cristais violeta.

1.2 Resultados e Discussões

Na fase inicial do experimento, a partir de uma solução estoque contendo


Cristal Violeta (C.V.) a uma concentração de 0,03 g/L, elaborou-se uma curva de
calibração para determinar o coeficiente de absortividade molar do CV. Nesse
processo, foram diluídos diferentes volumes de alíquotas (0.5, 1.0, 1.5, 2.0 e 2.5 mL)
da solução estoque em balões volumétricos de 25 mL, utilizando água destilada.
Posteriormente, transferiu-se uma porção das soluções diluídas para uma cubeta
com um caminho óptico de um centímetro em um espectrofotômetro UV-Vis
ajustado para o comprimento de onda de 575 nm. Com os valores de absorbância
em mãos, a curva de calibração foi construída, conforme ilustrado na Figura 1.

Figura 1. Curva de calibração do Cristal Violeta à 575 nm.

Físico-Química Experimental Profa Sandra Andrea Cruz


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Observa-se que a Lei de Lambert-Beer estabelece que a absorbância (A) de


uma molécula é diretamente proporcional ao produto da absortividade molar do
composto (ε), o comprimento do caminho óptico (b) e a sua concentração no meio
(C), conforme expresso na equação 1.

𝐴 = ε𝑏𝐶 (1)

Assim, ao criar a curva de calibração relacionando a absorbância com a


concentração, o coeficiente angular da reta é interpretado como o produto da
absortividade molar do reagente pelo comprimento do caminho óptico, que, neste
caso, é de um centímetro. Como resultado inicial, determinou-se através da Equação
1, que o valor de ε para o Cristal Violeta (C.V.) é de 8,08 x 104 L.mol⁻¹.cm⁻¹.
No que diz respeito à segunda parte da prática, foram diluídas alíquotas de 5
mL da solução estoque de Cristal Violeta (C.V.) e duas alíquotas, de 2,0 mL e 4,0 mL,
de uma solução padronizada de NaOH a 0,13 mol/L, respectivamente, em balões
volumétricos de 25 mL.
Em seguida, as soluções de cristal violeta e a alíquota de 2mL de NaOH
foram misturadas em um frasco de erlenmeyer e imediatamente submetidas à
análise no espectrofotômetro UV-Vis, simultaneamente ao início de um cronômetro.
Os valores de absorbância foram registrados a cada intervalo de 30 segundos.
Posteriormente, o mesmo procedimento foi feito misturando a solução de C.V. e a
solução de 4 mL de NaOH.
Conforme descrito na literatura, a velocidade de uma reação é diretamente
proporcional às concentrações dos reagentes multiplicadas por uma constante k,
como expresso na Equação 2:

𝑎 𝑏 𝑐 λ
𝑣 = 𝑘[𝐴] [𝐵] [𝐶] ∙∙∙[λ] (2)

A reação entre o CV e OH - é uma reação com razão (1:1), o que significa que
para cada um mol de íon hidróxido reagido, há o consumo de um mol de C.V.. Assim,
podemos descrever este processo conforme a Equação 3:

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C.V.+(aq) [roxo] + OH -(aq)→ Prod. Incolor (3)

À medida que o número de mols de Cristal Violeta (CV) reage com o íon
hidróxido presente em excesso no meio, ocorre uma modificação estrutural que
resulta na quebra da conjugação dos elétrons π presentes nas insaturações do
composto, formando um produto incolor. Essas conjugações são responsáveis pela
coloração roxa intensa característica do CV. A quebra da ligação π responsável pela
conjugação é demonstrada na Figura 2.

Figura 2. Reação química entre o cristal violeta (a) e o íon hidroxila, formando um produto
incolor carbinólico (b).

A partir da equação 3, obtém-se uma equação de velocidade para o processo


conforme elucidado na bibliografia da seguinte maneira:

𝑑[𝐶𝑉] 𝑚 − 𝑛
𝑣 = – 𝑑𝑡
= 𝑘𝑣 [𝐶𝑉] [𝑂𝐻 ] (4)

Contudo, a literatura[3] menciona que, devido ao grande excesso, a


concentração de hidróxido é praticamente constante, portanto, a equação diferencial
4, é simplificada em (5):

𝑑[𝐶𝑉] 𝑚
𝑣´ = – 𝑑𝑡
= 𝑘'𝑣[𝐶𝑉] (5)

Físico-Química Experimental Profa Sandra Andrea Cruz


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Onde 𝑘'𝑣 é a constante cinética de pseudo ordem, sendo dada por 𝑘𝑣 [𝑂𝐻– ]𝑛 .
Ao relacionar a solução da equação diferencial para valores naturais de m da
Equação 5 com a Lei de Lambert-Beer da Equação 1, podemos construir curvas e
determinar a ordem global de reação.
Para n = 0, temos as curvas apresentadas nas Figuras 3 e 4.

Figura 3. Gráfico para n = 0, para 2,0 mL.

Figura 4. Gráfico para n = 0, para 4,0 mL.

Físico-Química Experimental Profa Sandra Andrea Cruz


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Figura 5. Gráfico para n = 1, para 2,0 mL.

Figura 6. Gráfico para n = 1, para 4,0 mL.

Os gráficos das Figuras 5 e 6, relativo ao conjunto de dados de ordem n = 1,


apresentam um coeficiente de variação da variável resposta praticamente igual a 1.
O que significa que a solução para a equação diferencial, equação 5, que melhor
descreve o processo é dada por:

ln(Abs) = ln(Abs)0 – kt (6)

Onde, ln(Abs)0 é interpretado como o valor da absorbância no tempo zero


podendo ser determinado extrapolando a reta de regressão linear. E -k sendo a
constante de velocidade igual ao coeficiente angular da reta.

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Agora, verificando para n = 2, conforme é ilustrado nas Figuras 7 e 8, a reta


que melhor perpassa o conjunto de dados possui um coeficiente de variação maior
em comparação ao anterior.

Figura 7. Gráfico para pseudo ordem n = 2, para 2,0 mL.

Figura 8. Gráfico para pseudo ordem n = 2, para 4,0 mL.

Ao final, a análise dos gráficos, aliada às expressões 5 e 6, permitiu a


determinação da ordem global da reação, revelando seu valor como dois. Dessa
maneira, ao empregar essa ordem parcial nas equações mencionadas, as
constantes de velocidade para as soluções com 2,0 mL e 4,0 mL de NaOH
mostraram-se como 0,29 mol².L⁻².s⁻¹ e 0,26 mol².L⁻².s⁻¹, respectivamente.

Físico-Química Experimental Profa Sandra Andrea Cruz

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