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Trabalho laboratorial 3
Cinética da hidrólise do violeta de cristal
Objectivos
Introdução
A velocidade duma reacção química pode ser seguida medindo a variação da concentração dos reagentes (p.e.
A e B) através do tempo. Deste modo, a lei de velocidade genérica pode ser expressa por:
−𝑑[A]
𝑣= = 𝑘[A]𝑎 [B]𝑏
𝑑𝑡
onde a e b são as ordens parciais de reacção relativamente aos reagentes A e B, respectivamente, e k é a
constante de velocidade. À soma das ordens parciais chama-se ordem global e dela dependem as unidades de
k. Para obter uma relação entre a concentração e o tempo, a lei cinética (diferencial) pode ser integrada.
Assim, a integração da lei de velocidade v = k[A]a resulta respectivamente para as ordens de reacção mais
comuns 0, 1 e 2, nas seguintes leis de velocidade integradas:
1 1
[A] = [A]0 − 𝑘𝑡 ln[A] = ln[A]0 − 𝑘𝑡 = [A] + 𝑘𝑡
[A] 0
A constante de velocidade apenas depende da temperatura. Essa dependência pode ser usada para determinar
a energia de activação Ea da reacção, pela equação de Arrhenius:
𝐸𝑎 1
ln(𝑘) = ln(𝐴) − ⋅
𝑅 𝑇
onde A é uma constante que não depende da temperatura T e R é a constante dos gases ideais.
As ordens de reacção podem ser determinadas por dois métodos: graficamente pelas leis de velocidade
integradas ou a partir das velocidades iniciais. O primeiro pode ser usado quando seja possível seguir a
concentração ao longo de bastante tempo, de modo que possa ser testada de forma gráfica a linearidade de
[A], ln[A] e 1/[A], correspondendo às ordens de reacção 0, 1 ou 2, , respectivamente:
1
ordem 0 ordem 1 ordem 2
Este último tem a vantagem de não ser necessário seguir a reação durante muito tempo, mas a determinação
das velocidades iniciais costuma ser afetada de maiores erros.
A maior parte dos métodos de determinação da concentração clássicos não são compatíveis com o decurso
das reações estudadas, uma vez que não é fácil parar a reação química num determinado instante. Deste
modo, só a medida instantânea de propriedades relacionadas com a concentração se apresenta como uma via
adequada para o estudo cinético. Para substâncias coradas, a sua concentração pode ser seguida por
espectroscopia de UV/visível, medindo através do tempo a absorvância num comprimento de onda adequado
correspondente a uma banda de absorção do espectro electrónico, verificando-se a lei de Beer-Lambert:
Abs = 𝜖 ⋅ 𝑙 ⋅ 𝑐
onde Abs é a absorvância, ε é o coeficiente de extinção molar ou absortividade, l é o percurso óptico da célula
e c a concentração.
O violeta de cristal é usado como pigmento na produção de tintas, na pecuária, na cirurgia, na cultura de
bactérias, na química forense, como agente antibacteriano e como indicador ácido-base. Por hidrólise
alcalina, o sistema de duplas ligações conjugadas do seu carbocatião (VC +), responsável pela sua intensa cor
violeta, é eliminado, transformando-se numa espécie incolor, VC-OH):
+ OH− → + Cl−
2
v = k·[VC+]m·[OH−]n
Para determinar a ordem m, a reação é conduzida com um excesso de OH− de várias ordens de grandeza, de
tal maneira que a sua concentração pode ser efectivamente considerada constante comparativamente à do
reagente limitante (VC+), podendo ser combinada com k resultando numa constante de velocidade aparente
k'.
Devido ao seu espectro de absorção na gama visível, a concentração de VC + pode ser seguida pela
absorvância a comprimentos de onda na zona do verde.
Depois de determinada a ordem m , a ordem relativamente ao OH− n e a constante cinética k podem ser
determinadas modificando a concentração inicial de OH− obtendo k por correlação linear entre OH− e k'.
A ordem n pode também ser determinada pelo método das velocidades iniciais, e depois depois a constante k
substituindo os valores de [OH−]0.
NOTA:Existem dois procedimentos alternativos neste trabalho: um usando um espectrofotómetro de UV/visível e outro usando
uma câmara digital de um telefone. Aqui, por questão de facilidade, vamos usar a segunda opção.
1.1. Obtenha 200 mL de solução de violeta de cristal com uma concentração cerca de 40 μM. Anote o
valor exato da concentração.
1.2. Prepare 200 mL duma solução de NaNO3 0.2 M e 250 mL duma solução de NaOH 0.2 M.
1.3. Usando as soluções referidas em 2., identifique um conjunto de 6 balões volumétricos e prepare
neles as soluções deste modo:
balão A B C
V(total) / mL 100 100 100
V(NaNO3)/ mL 5 10 30
V(NaOH)/ mL 45 40 20
1.4. Limpe cuvetes de espectrómetro UV/visível cuidadosamente. Não toque com os dedos na parte lisa,
que deverá ficar virada para a câmara. Encha-as com as soluções preparadas em 5 contra um fundo branco
uniforme sem sombras ou reflexos, assim como uma cuvete vazia e uma contendo apenas água destilada.
Pode incluir no enquadramento um cronómetro. Ajuste o telefone num suporte para evitar movimento
durante o registo das imagens.
3
1.5. Prepare a aplicação da câmara do telefone: ajuste o enquadramento, a focagem e o balanço de
brancos e bloqueie esses parâmetros para evitar modificações automáticas no decurso da experiência.
Parte B: Determinação da ordem de reacção relativa ao violeta de cristal e da constante cinética aparente
k'
NOTA: Os passos seguintes exigem coordenação temporal e que o procedimento seja executado sem interrupções. Leia com
atenção todos os passos e planeie antecipadamente antes de agir.
1.7. Agite a mistura no copo, lave uma célula com a mistura, sacuda e encha a célula com solução nova.
Limpe os lados lisos e coloque a célula em frente do fundo branco junto das restantes.
1.8. Comece a aquisição de imagens: uma cada 15 segundos durante 15 minutos. Para desperdiçar o
mínimo possível de imagens no início, tente realizar a operação 7 o mais rápido possível.
Só para o procedimento com câmara digital: deverá usar uma aplicação que permita analisar as imagens
recolhidas separando os canais R, G e B, e medir a intensidade do canal G (verde) como média de três pontos
ou de uma área para cada cuvete. Tomando este valor como intensidade da radiação transmitida I e o
correspondente à cuvete com água como I0, determine a absorvância como Abs = −log(I/I0).
1.1. Na parte C do procedimento segue-se a concentração de violeta de cristal ao longo do tempo para
mais 3 concentrações de hidróxido. Porque razão não se seguiu a concentração de OH − de modo equivalente
ao da parte B?
1.2. Se o pigmento é violeta porque razão vamos seguir a sua absorvância a comprimento de onda na
região do verde?
1.3. Usando os dados recolhidos para a solução A (parte B) numa folha de cálculo, determine a ordem da
reacção relativa ao violeta de cristal, traçando e comparando os gráficos de absorvância, do seu logaritmo
natural e do seu inverso ao longo do tempo. Indique em cada gráfico uma equação de linha de tendência
linear e o respectivo coeficiente de correlação (R ou R2). Determine então a constante cinética aparente k'.
1.4. Explique porque se podem usar dados de absorvância e não de concentração, como se indica nas
equações da introdução, para determinar as ordens de reacção.
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1.5. A partir do gráfico apropriado, tendo em conta a ordem cinética determinada na questão 4,
determine as constantes k' para as soluções B, C, da mesma forma. A partir da correlação entre ln(k') e
ln([OH−]0), para as soluções A a E, determine a ordem relativa ao ião OH − e a constante cinética k. Atenção
às diluições que efectuou na determinação de concentrações!
1.6. Indique a ordem global de reacção. Escreva a lei cinética global, incluindo a constante de velocidade
nas unidades apropriadas.
Bibliografia
1.2. Kazmierczak, N. and Vander Griend, V.A.D, J. Chem. Educ. 2017, 94, 61−66.
1.3. Knutson, T.R., Knutson, C.M., Mozzetti, A.R., Campos, A.R., Haynes, C.L. and Penn, R.L. J. Chem.
Educ. 2015, 92, 1692−1695.