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UFSC - CTC - EQA DISCIPLINA : EQA5517 – Laboratório para Engenharia Química

Tratamento de efluentes através do processo Fenton


Arthur Adams; Bernardeth Vidal;
Bernard Schmidt; Giancarlo Dominoni

1 - Introdução 356 0,073 4,72E-06


901 0,002 1,29E-07
No contexto atual, há uma maior preocupação
com o meio ambiente. Com isso, os Processos 1781 0,005 3,23E-07
Oxidativos Avançados (POA) surgem como uma 2709 0,013 8,40E-07
solução promissora para o tratamento de efluentes
contaminados com compostos orgânicos. 3647 0,072 4,65E-06
O processo Fenton é um desses processos e
se baseia na formação de radicais livres, que são Para o cálculo das concentrações foi
altamente reativos. Basicamente, esses radicais necessário levar em conta as diluições, que foram
detêm alto poder oxidativo, conseguindo degradar realizadas devido a sensibilidade do
materiais orgânicos de forma rápida e eficiente. espectrofotômetro. Na primeira solução , apenas a
Assim, um dos objetivos deste trabalho foi solução mãe foi diluída 100 vezes para a medida
avaliar o desempenho de um processo oxidativo de absorbância, já que a velocidade da reação é
avançado na degradação do composto “azul de muito elevada. Na segunda solução, foi necessário
metileno”, comparando o uso, ou não, de realizar a diluição em todas as medidas.
catalisador na solução.
Tabela 2: valores de concentração da solução 2
2 - Materiais e métodos tempo (s) ABS (u.a) Conc. (mol/L)
0 0,121 7,82E-04
Para o experimento, foram usados tubos de
ensaio, béqueres, provetas, balão volumétrico, 540 0,114 7,36E-04
cronômetro, fitas para medição de pH, além de 965 0,120 7,75E-04
outros instrumentos básicos de laboratório.
Foi usado um espectrofotômetro como forma 1861 0,120 7,75E-04
de avaliar a degradação. Diferentes soluções 2749 0,120 7,75E-04
foram usadas, como: hidróxido de sódio, 2 mL de
3778 0,081 5,23E-04
peróxido de hidrogênio 30%, 1 litro de azul de
metileno 250 mg/L. Foi usada também água
destilada e 450 mg de sulfato de ferroso. Calculadas as concentrações para as duas
soluções, é possível traçar os gráficos em função
do tempo, para observar o comportamento de
3 - Resultados e discussão cada uma.
A primeira etapa da análise de dados consiste
na obtenção dos valores de concentração para os
diferentes pontos, e foi realizada através da Lei de
Lambert-Beer:

𝐴 = ε𝑏𝑐

Onde a absorbância (A), pode ser descrita


como o produto entre o coeficiente de
absortividade (ε), o caminho óptico (b) e a
concentração (c). Desse modo, através da medida
inicial realizada, obtemos o valor de absorbância
para uma uma concentração conhecida, Figura 1: concentração em função do tempo para a
permitindo o cálculo do coeficiente de solução 1.
absortividade. Uma vez obtida a relação linear, é
possível calcular os valores de concentração para Observando o comportamento da primeira
as diferentes medidas de absorbância. solução presente na figura 1, percebemos que
ocorre o rápido declínio da concentração do azul
Tabela 1: valores de concentração da solução 1 de metileno, conforme o esperado na presença do
tempo (s) ABS (u.a) Conc. (mol/L) catalisador. Na figura 2, é possível observar o
comportamento das concentrações para a solução
0 0,121 7,82E-04
não catalisada, que permanece quase constante
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durante todo o experimento, indicando que a ajuste. O R² obtido foi ruim, 0,75, isso se deve ao
reação em questão é consideravelmente mais baixo número de pontos, o que acentua erros
lenta. experimentais.
É importante observar que houveram problemas Com os coeficientes da reta e a equação
relacionados às leituras de absorbância, e linearizada encontrou-se os seguintes parâmetros
possíveis erros associados ao espectrofotômetro, para a reação catalisada: 𝑘 = 6, 49 · 10 e
−4
que justifica o comportamento oscilatório 𝑛 = 0, 681. Não foi observada reação no béquer
observado, assim como pontos destoantes do que não continha catalisador.
comportamento esperado. Não foi observada a formação de bolhas, mas
como houve a degradação do corante, pode-se
inferir que há geração de gases ao analisar-se a
molécula do azul de metileno, C16H18ClN3S. Os
possíveis gases formados foram: CO2, NO2, SO2.
A etapa final do experimento consistiu na
adição de hidróxido de sódio (NaOH) na primeira
solução, visando a obtenção de um pH neutro.
Uma vez neutralizada, foi possível observar a
precipitação do catalisador, uma vez que o mesmo
é solúvel apenas em pH ácido. Foi então retirada
uma amostra do sobrenadante, e realizada a
medida de absorbância, indicando degradação
total do poluente.
Figura 2: concentração em função do tempo para a
solução 2.

Para o cálculo das constantes e ordens das


reações, primeiro foi calculada a taxa de reação
utilizando os pontos experimentais e em seguida
foi feita a linearização da lei de velocidade.

Taxa de reação
𝑑𝐶𝐴 ∆𝐶𝐴
− 𝑟𝐴 =− 𝑑𝑡
≈− ∆𝑡

Lei de velocidade

𝑛
− 𝑟𝐴 = 𝑘𝐶𝐴

Lei de velocidade linearizada

( )
ln − 𝑟𝐴 = ln(𝑘) + 𝑛 ln 𝐶𝐴 ( ) Figura 4: precipitação observada após a neutralização.

4 - Conclusões

Conclui-se que o processo Fenton é muito


eficiente na degradação de poluentes,
apresentando velocidades muito mais altas
comparadas com a utilização apenas do peróxido
de hidrogênio. Observou-se também que o
processo é sensível ao pH e não possui alta
seletividade.

5 - Referências
Figura 3 - Ajuste linear
Material fornecido pela Professora.
Todo o azul de metileno já havia sido
NOGUEIRA, R. F. P. et al. Fundamentos e
consumido a partir da coleta do quarto ponto, por
aplicações ambientais dos processos fenton e
isso a taxa de reação era nula e foram usados
foto-fenton. Quím. Nova 30 (2), Abril, 2007.
somente os três primeiros pontos para realizar o

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