Licenciatura em Engenharia Hidráulica

Obras e Máquinas Hidráulicas

Determinação da capacidade útil da albufeira pelo método

de Rippl
Turma: H41. 4º Ano. VII Semestre
Grupo 4

Discentes:
Abdul Momede Ussene
Bernardo de Armando Rato Jr.
Hermínia Ernesto Machava
Karen da R. Abasse A. Quicimusso
Massiboi Mairosse Lomosse
Michael Finiasse Aliginar
Rivaldo Rosário Goveia Chico

Docente:
MSc. Alfredo Madjamanda

Songo, Abril de 2023

 Licenciatura em Engenharia Hidráulica
Obras e Máquinas Hidráulicas
Determinação da capacidade útil da albufeira pelo método

Rippl

Discentes:
Abdul Momede Ussene
Bernardo de Armando Rato Jr.

Herminia Ernesto Machava

Karen da R. Abasse A. Quicimusso

Massiboi Mairosse Lomosse

Michael Finiasse Aliginar

Rivaldo Rosário Goveia Chico

Docente:
MSc. Alfredo Madjamanda

Primeiro trabalho de investigação de carácter

avaliativo, referente a cadeira de Obras e
Máquinas Hidráulicas, sob orientação do
docente: MSc. Alfredo Madjamanda

Songo, Abril de 2023

Índice

1. Introdução.............................................................................................................. 2

1.1. Contextualização............................................................................................. 2

1.2. Objectivos....................................................................................................... 2

1.2.1. Objectivo Geral ........................................................................................... 2

1.2.2. Objectivos específicos ................................................................................. 2

2. Determinação da capacidade útil da albufeira pelo método de Rippl....................... 3

2.1. Capacidade útil de uma albufeira......................................................................... 3

2.2. Fiabilidade ...................................................................................................... 3

2.3. Cálculo da capacidade útil pelo método de Rippl ............................................ 4

3. Conclusão .............................................................................................................. 9

4. Referencias Bibliográficas ................................................................................... 10

5. Anexos: Resolução de um exercício ........................................................................... I

Grupo 4 Páginá 1
 1. Introdução

1.1. Contextualização

O presente trabalho insere-se no âmbito da cadeira de Obras e Máquinas Hidráulicas,

que visa abordar sobre a determinação da capacidade útil da albufeira pelo método de
Rippl.
O armazenamento da água é feito em reservatórios que podem ser artificias ou naturais.
Quando a barragem cria um reservatório artificial chama-se de albufeira, por sua vez,
ela pode ter diversas finalidades, como, a regularização de caudais (para o
abastecimento urbano, industrial, para a irrigação, controlo de cheias, produção de
energia Hidroeléctrica devida a queda criada pela barragem, navegação, entre outros) e
através do volume próprio armazenado na albufeira pode servir (para recreio,
piscicultura, retenção de sedimentos).
A capacidade útil duma albufeira permite exercer a função de regularização dos
escoamentos, armazenando parte do escoamento afluente durante a época húmida para
reforçar os caudais descarregados durante a época de estiagem.

1.2. Objectivos

1.2.1. Objectivo Geral

 Determinar a capacidade útil duma albufeira pelo método de Rippl.

1.2.2. Objectivos específicos

 Abordar sobre a capacidade útil duma albufeira;

 Falar de fiabilidade;
 Abordar sobre o método de Rippl;
 Representar os gráficos do método de Rippl;
 Demostrar como se determinar a capacidade útil duma albufeira pelo método de
Rippl.

1.3. Metodologia do Trabalho

Para a realização do presente trabalhos baseou-se em manuais encontrados na internet

que continham informações relevantes sobre o tema proposto.

Grupo 4 Páginá 2
 2. Determinação da capacidade útil da albufeira pelo método de
Rippl

2.1. Capacidade útil de uma albufeira

Capacidade útil de uma albufeira é o volume de água da albufeira utilizável para

produção de energia eléctrica, correspondente ao volume contido entre o nível de pleno
armazenamento e o nível de mínimo de exploração.
A capacidade útil duma albufeira permite exercer a função de regularização dos
escoamentos, armazenando parte do escoamento afluente durante a época húmida para
reforçar os caudais descarregados durante a época de estiagem.
A capacidade útil que é necessária para garantir determinados consumos a jusante
depende das características desses consumos, das características do escoamento afluente
(valores médios, variabilidade) e da fiabilidade exigida pelo consumo.

2.2. Fiabilidade

Para entender o conceito de fiabilidade considere-se uma albufeira que efectua

descargas em N períodos de tempo para satisfazer um dado consumo. A meta do
consumo não é satisfeita em Nf desses períodos, situações em que se considera haver
falhas, a meta é satisfeita em N - Nf períodos.
A capacidade útil aumenta com a fiabilidade, a fiabilidade é definida como sendo a
probabilidade de não ocorrer uma falha, ou seja, é a meta de consumo ser satisfeita. Para
o seu cálculo utiliza-se a seguinte expressão:
𝑁 − 𝑁𝑓
𝐹= (1)
𝑁+1
Não existam normas rígidas sobre os valores a adoptar para a fiabilidade em função dos
vários tipos de consumos, mas a prática internacional indica os valores que se
apresentam na tabela 1.

Tabela 1- Fiabilidades de diversos consumos de água. (Fonte: Mahumane, A,.

Dimensionamento de albufeiras.)
Fiabilidade (%)
Consumo Valores limites Valor usual
Abastecimento doméstico urbano 90-97 95
Abastecimento rural 80-90 85

Grupo 4 Páginá 3
Abastecimento industrial 75-97 90
Energia 75-99 95
Irrigação 75-85 80

O abastecimento doméstico urbano, a energia e a indústria são geralmente os consumos

que exigem as fiabilidades mais elevadas. A irrigação é na grande maioria dos países o
maior consumidor de água, mas aceita-se uma fiabilidade mais baixa, na ordem dos
80%, o que represente em média um ano de falha em cada cinco anos.
Uma albufeira media ou grande dimensão ira normalmente servir mais de um tipo de
consumo o que reforça a necessidade de se considerar a fiabilidade do fornecimento de
água no processo de dimensionamento da capacidade útil.
O dimensionamento de uma albufeira procura determinar a capacidade mínima
necessária para satisfazer a procura com a fiabilidade requerida, uma vez que quanto
maior a capacidade, maior será a barragem a construir para criar essa albufeira e,
consequentemente, maiores os respectivos custos de investimento e de manutenção.
Diversos métodos que têm sido propostos para resolver o problema de
dimensionamento das albufeiras, Loucks e Van Beek (2005) como forma de resolver
esse problema, apresentaram diversos processos de resolução utilizando modelos de
optimização, no presente trabalho focou-se no método de Rippl.

2.3. Cálculo da capacidade útil pelo método de Rippl

O método de Rippl ou método da curva de volumes acumulados é o método mais antigo

desenvolvido para determinar a capacidade útil necessária para satisfazer, sem falhas
uma dada meta constante de consumo.
Este método foi proposto por Rippl em 1883, trata-se de um método gráfico e, como tal,
é actualmente pouco utilizado na prática. A meta corresponde a um escoamento mínimo
pretendido (como por exemplo, para garantir a irrigação, o abastecimento urbano, etc.),
também pode ser utilizado com a meta corresponder a um máximo (como, para controlo
de cheias).
Imagina-se que a análise inicia com albufeira cheia e em cada mês, se soma o
escoamento afluente e se subtrai a procura ao volume armazenada. Durante os meses do
período de estiagem, o volume da procura é superior ao escoamento afluente,
acontecendo o oposto no período húmido até a albufeira voltar a estar novamente cheia.
Em cada ciclo de esvaziamento e enchimento, a um certo volume que tem de ser

Grupo 4 Páginá 4
fornecido pela albufeira, dado graficamente pela maior distancia medida na vertical
entre as rectas de consumos e a curva do escoamento dos acumulados. O maior desses
volumes é a capacidade requerida pela albufeira.
O método apresenta o seguinte procedimento:
1) Utilizando uma série longa (20 ou mais anos) de escoamentos no local onde se
pretende construir a barragem, constrói-se a curva de volumes acumulados.
Normalmente, utilizam-se séries de escoamentos mensais. A tangente à curva em
cada ponto dá o caudal nesse instante, nos meses de estiagem a curva aproxima-se
da horizontal ao passo que nos meses húmidos tem uma grande inclinação. A figura
1 ilustra esse passo.

Figura 1- Curva de escoamentos acumulados. (Fonte: Mahumane, A,. Dimensionamento de

albufeiras.)

2) Traçam-se paralelas à recta dos consumos acumulados tangentes à curva no início

de cada período de estiagem (situação em que a albufeira estará cheia). Cada
paralela vai do ponto de tangência ao ponto em que volta a intersectar a curva dos
volumes acumulados. A maior das distâncias, na vertical, entre qualquer uma das
rectas paralelas e a curva dos volumes acumulados é a capacidade útil necessária. A
figura 2 ilustra este passo.

Grupo 4 Páginá 5
Figura 2- Determinação da capacidade útil pelo método de Rippl. (Fonte: VAZ, A. C. e J. R.
Hipólito. – Hidrologia e recursos hídricos.)

Considerando por exemplo a procura alta, se no ponto inicial de tangência em A

albufeira estiver cheia, ela vai-se esvaziando até B, voltando a encher a partir daí. Em C,
a albufeira está novamente cheia, visto que os volumes acumulados entre A afluente e C,
descarregado são iguais.
O mesmo se passa entre D e F, entre G e K, a situação similar apenas diferindo pelo
facto de que albufeira não chega a ficar cheia no fim da primeira época húmida que
termina em I.
Se a maior das distâncias for, por exemplo, d4, então é claro que albufeira não chega a
ficar vazia nos pontos B e E, mais apenas nos pontos G ou J, com efeito entre G e J, o
escoamento a afluente acumulado é inferior em d4 ao escoamento descarregado
acumulado ou seja, é preciso que exista um volume d4 armazenado para se satisfazer a
meta do consumo.
No caso da procura baixa, a necessidade de regularização é apenas intra-anual e
interanual, como no caso da procura alta.
O método de Rippl foi apresentado para o caso em que a meta do consumo se refere a
um escoamento mínimo ao garantir. Se a meta for a de garantir que um escoamento
máximo não é ultrapassado (controlo de Cheia), as paralelas a recta do escoamento

Grupo 4 Páginá 6
máximo acumulado devem ser tangentes a curva de escoamento acumulados no início
de cada período húmido (situação em que a albufeira estará vazia).
O método de Rippl é um método simples que pode ser utilizado em análises
preliminares ou em estudos de pequenas albufeiras, só que ele apresenta algumas
limitações:
 Não considera a precipitação nem a evaporação na albufeira;
 Não permite a introdução do conceito de fiabilidade uma vez que considera o
cumprimento da meta de consumo sem falhas;
 Exige uma meta constante.

Figura 3- Curva de capacidade útil vs. caudal garantido. (Fonte: Mahumane, A,.
Dimensionamento de albufeiras.)

A curva de capacidade útil vs. caudal garantido tem a forma característica apresentada
na figura 3, onde se vê que pequenos armazenamentos conduzem a acréscimos
significativos do caudal garantido Q mas que, à medida que este se aproxima do caudal
médio Q, a capacidade útil necessária cresce muito rapidamente.
O método de Rippl permite também resolver o problema inverso: dada a capacidade útil
da albufeira, determinar o máximo caudal garantido. Para a resolução deste problema, o
procedimento é o seguinte:
1) Constrói-se a curva dos escoamentos afluentes acumulados, tal como no caso
anterior;
2) Desenha-se a mesma curva deslocada para cima na vertical duma distância igual à
capacidade útil da albufeira. A curva superior representa as situações de albufeira
vazia enquanto a curva inferior representa as situações de albufeira cheia;
Grupo 4 Páginá 7
3) A partir dos vários pontos de início de estiagem na curva inferior, procura-se a recta
de maior declive (que corresponde, ao maior caudal) possível a qual pode ser
tangente à curva superior (a albufeira fica vazia) mas não pode intersectá-la.
No entanto, este problema não tem grande relevância prática.

Figura 4- Determinação do máximo caudal garantido pelo método de Rippl. (Fonte:

Mahumane, A,. Dimensionamento de albufeiras.)

Grupo 4 Páginá 8
 3. Conclusão

Ao longo do desenvolvimento do trabalho pode-se que concluir que, a capacidade útil

que é necessária para garantir determinados consumos a jusante depende das
características desses consumos, das características do escoamento afluente (valores
médios, variabilidade) e da fiabilidade exigida pelo consumo.
Vimos que, o método de Rippl foi um dos primeiros métodos racionais utilizados na
estimativa da capacidade de útil duma albufeira. Também é um método simples que
pode ser usado na análise preliminar de estudo de pequenas albufeiras.
E apresentava algumas limitações, que são:
 Não considera a precipitação nem a evaporação;
 Não permite a introdução do conceito de fiabilidade uma vez que considera o
cumprimento da meta de consumo sem falhas;
 Exige uma meta constante.

Grupo 4 Páginá 9
 4. Referencias Bibliográficas

1. VAZ, A. C. – Modelos de planeamento de sistemas de albufeiras em condições de

incerteza, Tese de Doutoramento, IST-LNEC, Lisboa, 1985.
2. VAZ, A. C. e J. R. Hipólito. – Hidrologia e recursos hídricos. IST Press. Ensino da
Ciência e da Tecnologia, Novembro 2011.
3. Mahumane, A. – Dimensionamento de albufeiras.

Grupo 4 Páginá 10
5. Anexos: Resolução de um exercício

1. São dados 20 anos de escoamentos trimestrais numa secção de um rio que se pretende criar uma albufeira de regularização. Determine, pelo método de Rippl, a capacidade útil.

Série de escoamentos (Mm3)

Trimestre Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6 Ano 7 Ano 8 Ano 9 Ano 10 Ano 11 Ano 12 Ano 13 Ano 14 Ano 15 Ano 16 Ano 17 Ano 18 Ano 19 Ano 20

1 46,00 70,00 87,00 42,00 485,70 129,00 110,00 92,40 100,30 50,00 99,00 21,00 67,00 256,00 47,00 45,00 415,00 226,00 422,00 332,00
2 200,00 500,00 135,50 22,75 84,70 444,00 221,00 297,30 214,00 169,40 73,00 44,00 123,00 189,00 28,50 76,00 172,00 399,00 190,00 109,00
3 120,00 150,00 40,00 98,00 156,00 331,20 49,00 84,30 212,50 415,00 23,00 223,00 67,00 145,00 124,00 98,00 163,00 87,00 123,00 56,00
4 135,00 220,00 123,00 72,10 93,25 73,70 12,20 58,00 32,00 107,60 72,00 12,00 24,00 15,00 178,00 246,00 298,00 54,00 172,00 111,00

Resolução

1o Passo: Cálculo de volume acumulado

I
 Volume
Volume
Ano Trimestre acumulado
(Mm3)
(Mm3)
1 46,00 46,00
2 200,00 246,00
1
3 120,00 366,00
4 135,00 501,00
1 70,00 571,00
2 500,00 1071,00
2
3 150,00 1221,00
4 220,00 1441,00
1 87,00 1528,00
2 135,50 1663,50
3
3 40,00 1703,50
4 123,00 1826,50
1 42,00 1868,50
2 22,75 1891,25
4
3 98,00 1989,25
4 72,10 2061,35
1 485,70 2547,05
2 84,70 2631,75
5
3 156,00 2787,75
4 93,25 2881,00
1 129,00 3010,00
2 444,00 3454,00
6
3 331,20 3785,20
4 73,70 3858,90
1 110,00 3968,90
2 221,00 4189,90
7
3 49,00 4238,90
4 12,20 4251,10
1 92,40 4343,50
2 297,30 4640,80
8
3 84,30 4725,10
4 58,00 4783,10
1 100,30 4883,40
2 214,00 5097,40
9
3 212,50 5309,90
4 32,00 5341,90
1 50,00 5391,90
10
2 169,40 5561,30

I
 3 415,00 5976,30
4 107,60 6083,90
1 99,00 6182,90
2 73,00 6255,90
11
3 23,00 6278,90
4 72,00 6350,90
1 21,00 6371,90
2 44,00 6415,90
12
3 223,00 6638,90
4 12,00 6650,90
1 67,00 6717,90
2 123,00 6840,90
13
3 67,00 6907,90
4 24,00 6931,90
1 256,00 7187,90
2 189,00 7376,90
14
3 145,00 7521,90
4 15,00 7536,90
1 47,00 7583,90
2 28,50 7612,40
15
3 124,00 7736,40
4 178,00 7914,40
1 45,00 7959,40
2 76,00 8035,40
16
3 98,00 8133,40
4 246,00 8379,40
1 415,00 8794,40
2 172,00 8966,40
17
3 163,00 9129,40
4 298,00 9427,40
1 226,00 9653,40
2 399,00 10052,40
18
3 87,00 10139,40
4 54,00 10193,40
1 422,00 10615,40
2 190,00 10805,40
19
3 123,00 10928,40
4 172,00 11100,40
1 332,00 11432,40
2 109,00 11541,40
20
3 56,00 11597,40
4 111,00 11708,40

II
2o Passo: Elaboração do gráfico de Rippl (volumes acumulados)

Gráfico de Rippl
14000,00

12000,00

10000,00
Volume acumulado (Mm^3)

8000,00
Curva de escoamentos
acumulados
6000,00
Linear (Curva de
escoamentos
4000,00
acumulados)

2000,00

0,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Trimestre

I
3o Passo: Determinação da capacidade útil

Por ser um método gráfico a capacidade útil retiraremos do gráfico, observando os

ciclos de esvaziamento e enchimento, e será dado pela maior distancia medida na
vertical entre as rectas de consumo e curva do escoamento acumulados. Para o exemplo
acima a capacidade útil da albufeira é aproximadamente igual a 400Mm3 .