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Diferença Entre As Escolas Candido Alberto Gomes
Diferença Entre As Escolas Candido Alberto Gomes
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O tema deste artigo será tratado com maior profundidade no livro do autor, A educação em novas perspectivas sociológicas
(4. ed. rev. e ampl. São Paulo: EPU, no prelo).
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bre uma variável dependente, com maior metáfora, a da cebola. Depois de abrir as ca-
freqüência o aproveitamento discente me- madas mais amplas do sistema educacional, é
dido por testes padronizados. Com isso, é preciso estudar a casca da escola e, dentro dela,
possível verificar o impacto de cada predi- a camada da turma, do professor e do aluno,
tor, mantendo estáveis as demais variáveis em diferentes âmbitos, relacionando-se entre si.
incluídas (p. ex., o status socioeconômico), Para captar esta realidade dinâmica e fugidia,
bem como construir modelos que, reunin- os métodos qualitativos têm oferecido grandes
do um conjunto de preditores, é capaz de luzes, com vantagens e limitações. Na vertente
explicar um percentual mais ou menos alto dos métodos quantitativos, um grande avanço
das variações da variável dependente, no está nos modelos de análise multinível de influ-
caso, o rendimento dos alunos. Estas pers- ências dispostas hierarquicamente em um âm-
pectivas, como outras, em face da comple- bito ou nível dentro do outro (multilevel hierar-
xidade do real, recortam determinados seg- chically nested layer models) (RIORDAN, 2004).
mentos para focalizar, supondo a simplifi- Este é um tratamento estatístico que se aproxi-
cação de certas áreas da realidade. Isto ma da “cebola”, abrindo uma camada após a
ocorre não por ingenuidade, mas por in- outra e superando dificuldades da suposta vi-
contornável necessidade de fazer opções. são da “caixa preta”.
No caso, para facilitar a análise, supõe-se
que a escola seja uma “caixa preta”, com De modo geral, as evidências mostram
um funcionamento de certo modo mecâni- que as escolas efetivas podem contribuir
co, conforme a metáfora antes indicada. para que os alunos com vantagens socio-
Assim, calcula-se o impacto de livros didá- culturais e escolares as aumentem e os de-
ticos e laboratórios sobre a aprendizagem, mais reduzam as suas desvantagens (MOR-
mas não se consegue conhecer com maior TIMORE, 1997). É claro que isto implica a
precisão como tais recursos são usados e necessidade de mecanismos compensató-
se são usados efetivamente. rios, como melhor pré-escola, apoio ao
estudo fora da escola, ajuda financeira etc.
A sociologia das organizações tem dado Não se justifica, pois, um fatalismo peda-
uma contribuição importante, revelando a es- gógico. A escola sozinha não poderá com-
cola não como um tipo ideal de burocracia, pensar a sociedade, contudo, quando atin-
que funciona de modo estritamente racional, à ge a efetividade, pode contribuir, nos limi-
semelhança de um relógio, mas como organi- tes da sua faixa de atuação, para diminuir
zação flexivelmente articulada. Composta de as diferenças sociais. Então, que atributos
salas de aula que se relacionam com uma uni- são influentes para se constituir uma esco-
dade de atividades-meio (a administração), la democrática e de qualidade?
cada professor dispõe de relativa independên-
cia e invisibilidade na classe. Deste modo, de- Despesas por aluno
cisões tomadas num segmento não são aplica- O que dizer de uma escola cuja despesa
das automaticamente em outros (WEICK, 1976 por aluno é de 80 dólares anuais e outra de
apud COSTA, 1996). O mesmo vale para o 10 mil dólares anuais? A escola mais cara é
conjunto relativamente frouxo das secretarias de necessariamente melhor? As pesquisas se
educação, delegacias de ensino, escolas e sa- dividem quanto ao impacto das despesas
las de aula. Daí a necessidade de uma nova por aluno, umas apresentando relação sig-
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nificativa com o rendimento discente e ou- cação (MELLA et al., 2002) esclareceu que
tras não (FULLER, 1987; COHN; ROSSMIL- os estabelecimentos estudados não possu-
LER, 1987; HANUSHEK et al., 1994; SCHE- em grande quantidade de material didático,
ERENS; BOSKER, 1997; SCHEERENS, 2000; mas usavam o que tinham eficientemente.
WOESSMAN, 2004). Por outro lado, em ter- Segundo o SAEB, o livro didático em espe-
mos gerais, constata-se uma certa tendên- cial tem alcançado impacto digno de nota sobre
cia de, quanto mais alta a despesa por alu- o aproveitamento dos alunos (HARBISON;
no, ser melhor o desempenho em vários in- HANUSHEK, 1992). Pesquisa de Waiselfisz
dicadores educacionais (CEPAL; UNESCO, (2000d), com dados do SAEB-97 do Nor-
2004). Isto significa que não existe uma re- deste, revelou que os equipamentos e a in-
lação automática entre o aumento da des- fra-estrutura pedagógica da escola incidi-
pesa e o aumento do rendimento discente, am de forma positiva e significativa no apro-
exatamente porque a intermediação passa veitamento, especialmente na oitava série.
pelos processos dentro da escola. O fato de
haver mais dinheiro não significa que ele Tamanho da escola e da turma
seja aplicado apropriadamente, antes de- O tamanho da escola e da turma não
pende de disputas na alocação de recursos assumem nas pesquisas a importância que
para atender aos objetivos educacionais ra- têm no senso comum. Os resultados de uma
cionais (MARION; FLANIGAN, 2001). Por- escola ou turma menor não são necessari-
tanto, a lição que se pode extrair é que o amente melhores. No entanto, se conside-
incremento de recursos deve estar vincula- ramos que o clima escolar, a pessoalidade
do a procedimentos que contribuam para do tratamento, a afetividade e a ausência
melhorar a efetividade da educação. ou poucos episódios de violências são ca-
racterísticas de escolas de sucesso (COHN;
Instalações e recursos ROSSMILLER, 1987; SCHEERENS; BOSKER,
As instalações e recursos apresentam 1997; SCHEERENS, 2000; CASASSUS,
impacto relativamente pequeno ou mode- 2002; MELLA et al., 2002), os estabeleci-
rado, sendo mais importantes dentre eles os mentos maiores não são os mais recomen-
recursos (biblioteca, livros didáticos, textos, dados. Com efeito, Harling-Hammond
etc.) e a utilização deles (SCHIEFELBEIN; (1997) constatou que escolas pequenas, de
SIMMONS, 1980; CASTRO et al., 1984; 300 a 500 alunos, alcançam aproveitamen-
ROCHA, 1984; FULLER, 1987; COHN; to mais alto, maior assiduidade, menor eva-
ROSSMILLER, 1987; ARMITAGE et al., 1986; são e menos indisciplina, considerando,
COSTA, 1990; WOESSMAN, 2004). Segun- assim, o tamanho da escola como variável
do Casassus (2002), na América Latina os importante. Também em relação aos EUA,
materiais didáticos alcançaram maior impac- o aproveitamento é maior em escolas de
to em linguagem, especialmente a disponi- 600 a 900 alunos e que é mais eqüitativa-
bilidade de livros na biblioteca escolar, sen- mente distribuído nestas escolas menores.
do o umbral de mais de 1000 livros. A cor- Verifica-se também a tendência de as esco-
respondente pesquisa qualitativa de escolas las maiores apresentarem maior número de
com resultados expressivos em sete países, casos de violências (DEBARBIEUX, 2002;
realizada pelo Laboratório Latino-America- DEBARBIEUX; BLAYA, 2002), sendo mes-
no para Avaliação da Qualidade da Edu- mo consideradas criminógenas.
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Por sua vez, a ampla resenha de Rior- verificou que os efeitos sobre o rendimento
dan (2004) deixa claro que, indisputavel- são mínimos em turmas de 20 a 40 alunos,
mente, a escola primária deve ser peque- mas as melhoras relevantes só aparecem
na, havendo discussão quanto à secundá- em turmas de 15 alunos ou menos. Outra
ria. Há também fortes evidências de que, meta-análise encontrou resultados mais
em escolas secundárias menores, os alu- positivos para reduções da ordem de 27 a
nos estão mais satisfeitos, são mais respon- 16 alunos. Já um estudo comparativo in-
sáveis e participativos e alcançam maior terpaíses (Terceiro Estudo Internacional so-
aproveitamento. Nas unidades escolares bre Aproveitamento em Matemática e Ci-
menores é mais fácil fazer face às culturas ências – TIMSS) não encontrou provas do
da juventude e ao comportamento desvi- benefício de turmas menores (RIORDAN,
ante, tornar alunos e professores mais res- 2004). Mesmo para países desenvolvidos,
ponsáveis, assim como reduzir a burocrati- os custos correspondentes podem ser im-
zação, os altos custos de coordenação e praticáveis, porém eles serão pequenos no
problemas de informação. Entretanto, pa- caso da redução do tamanho das escolas,
rece que não se sabe precisamente como ainda mais com as convergências encon-
funciona o efeito desta variável, embora uma tradas na situação atual do conhecimento
pesquisa tenha concluído que o tamanho sobre o tema.
influencia o rendimento discente direta e
indiretamente por meio das atitudes dos pro- No caso do Nordeste brasileiro, traba-
fessores em relação aos seus alunos, no lhando com dados do SAEB-97, Waiselfisz
sentido de maior responsabilidade coleti- (2000a, 2000b) verificou que as escolas
va. Ainda assim, parte importante do efeito maiores eram as que apresentavam mais
direto do tamanho da escola sobre o apro- facilidades e serviços educacionais. Além
veitamento permanece inexplicada. disso, estes eram os estabelecimentos que
recebiam os alunos de status socioeconô-
Por sua vez, o tamanho da turma é alvo mico – SSE, mais alto. Como o aproveita-
de controvérsias. Na América Latina as mento discente estava relacionado a tais
pesquisas não encontram relação com o facilidades e serviços, as escolas maiores
rendimento ou produzem evidências pou- eram as que apresentavam maior profici-
co claras (CASTRO et al., 1984; COSTA, ência, mesmo controlando o SSE dos alu-
1990). Casassus (2002) verificou que tan- nos. A nosso ver, esta constatação reflete a
to turmas muito pequenas, como maiores elevada variabilidade de recursos educaci-
de 25 alunos no ensino primário, apresen- onais, típica dos países em desenvolvimen-
tavam menor rendimento. Porém, segundo to, ocultando outros fatores e efeitos que a
simulações, é alto o custo para aumentar literatura verifica em países desenvolvidos.
em cinco pontos os escores de uma turma
de 35 alunos. Na França, Barrère e Sembel Quanto ao tamanho da turma, Waisel-
(2002) afirmam que não parece haver re- fisz (2000c, 2000d) confirmou em linhas
lação entre as duas variáveis, tamanho da gerais a literatura internacional: não foram
turma e aproveitamento. As resenhas inter- encontradas evidências de que, quanto
nacionais encontram resultados divididos. menor a turma, maior o seu aproveitamen-
Contudo, uma meta-análise de pesquisas to. Ao contrário, até certo ponto, em torno
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Na América Latina, Mella e outros cia e o rendimento das meninas. Por ou-
(2002) detectaram muitos aspectos influ- tro lado, como vimos, o magistério femi-
entes sobre o clima escolar. O respeito nino pode causar dificuldades ao desem-
às opiniões do corpo docente, em estru- penho dos rapazes. O aumento das des-
turas escolares não autoritárias; o com- pesas por aluno, quando o limiar é mui-
promisso; a vocação; a liderança pesso- to baixo, pode ter notável impacto sobre
al; o apoio individual ao aluno; o com- a melhoria da aprendizagem, porque su-
partilhamento das responsabilidades; de- pre carências básicas, que fazem muita
monstrações de afeto e tratamento pes- diferença. Assim, as constatações das pes-
soal; baixo grau de flutuação de profes- quisas devem ser sempre tratadas com
sores (ou seja, manutenção do mesmo cautela, sem simplificações e generaliza-
professor durante todo o período letivo) e ções indiscriminadas e, sobretudo, sem
as altas expectativas em relação aos alu- dar origem a pretensos dogmas.
nos foram elementos-chave das escolas
bem sucedidas. Uma avaliação do pro- O clima escolar
grama chileno P-900 também indicou a As escolas bem sucedidas – e as dife-
relevância da baixa flutuação de profis- renças entre as mais e menos bem sucedi-
sionais, do seu envolvimento, qualifica- das – fogem como a água por entre os
ção e liderança (CARLSSON, 2000). dedos dos pesquisadores, sobretudo dos
mais ortodoxos. Por isso mesmo, as cons-
O quadro 1 sintetiza de modo muito tatações se baseiam em grande parte na
sumário o impacto destas diferenças en- análise qualitativa, que destaca o clima
tre escolas. A cautela, porém, deve guiar escolar e o clima da sala de aula. As con-
a leitura de quaisquer constatações da clusões convergem para uma atmosfera de
literatura. Esta com freqüência verifica o encorajamento, altas exigências, tratamen-
impacto de uma variável sobre outra, po- to pessoal, liderança – do diretor, que tem
dendo controlar os efeitos de terceiras. papel estratégico, e do corpo docente –,
Além disso, os impactos podem não se cordialidade, disciplina, relações mais pró-
situar acima do nível estatisticamente sig- ximas com a família e os alunos e, parci-
nificativo estabelecido em determinadas almente em conseqüência disto, apoio dos
situações, mas, sim, em outras. Deste pais3. O resultado de um exaustivo levan-
modo, por exemplo, o gênero dos pro- tamento das pesquisas com variadas me-
fessores não apareceu com efeitos signi- todologias, foi sumariado, no que concerne
ficativos para a aprendizagem, mas um às diferenças inter-escolares, por Schee-
corpo docente eminentemente masculino, rens e Bosker (1997) e Scheerens (2000),
em certas culturas, pode inibir a freqüên- conforme o quadro 2.
3
Cf., p. ex., COHN; ROSSMMILLER, 1987; DARLING-HAMMOND, 1997; CARLSSON, 2000; OECD; UNESCO, 2003;
ABRAMOVAY et al., 2003.
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Quadro 1
Os Impactos das Diferenças entre Escolas
FATORES INFORMAÇÕES DA LITERATURA
Despesa por aluno Sem relação automática. Passa pela intermediação dos
processos escolares.
Dever de casa Prolonga tempo letivo. Relação positiva, mas não automá-
tica.
Professores:
Gênero Sem efeitos significativos.
Formação pedagógica Sem efeitos significativos.
Formação continuada Sem efeitos significativos.
Salário Sem efeitos significativos
Experiência Parece obedecer a uma curva ascendente e depois descendente
Constituição de poderoso Indícios de efeitos negativos.
grupo de interesse
Satisfação com o salário Efeitos positivos e significativos.
Formação pós-média Efeitos positivos e significativos.
Aspectos qualitativos, como Efeitos significativos
expectativas, aspectos
emocionais, estereótipos
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Quadro 2
Componentes de Fatores de Efetividade ao Nível da Escola
FATORES COMPONENTES
Liderança educacional Capacidade geral de liderança
Líderes escolares como provedores de informações
Líderes como orquestradores de processos decisórios par-
ticipativos
Líder escolar como coordenador
Líder como supervisor dos processos de sala de aula
Liderança educacional e administrativa
Líder como conselheiro e supervisor dos professores em
sala de aula
Líder como iniciador e facilitador da profissionalização da
equipe
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Uma ambiência democrática (não po- rio nosso) e pela tentativa de não criar hie-
pulista), certo grau de consenso entre os rarquias e não classificar os estudantes,
professores, ordem, forte interesse pelos alu- colocando em xeque as formas tradicionais
nos, foco nas atividades educacionais e de avaliação. É interessante observar que
constante acompanhamento e avaliação tais escolas também dedicavam grande
são ressaltados como atributos de uma es- atenção às atividades extra-curriculares. A
cola efetiva. Diante destes resultados do família tinha uma atitude participativa na
corpo de investigação, é interessante lem- gestão da escola, não se limitando a com-
brar em que medida a formação inicial e parecer quando convidada. Uma questão
continuada do magistério desenvolve tais interessante é que o conjunto de valores,
características e em que medida a carreira motivações, capacidades e compromissos
as premia ou sanciona. levavam diretores e professores a agir de
modo a estruturar estes locais agradáveis e
Esta interessante convergência de resul- efetivos de ensino-aprendizagem.
tados se reflete em pesquisas sobre a Amé-
rica Latina. No modelo de Casassus (2002), Quanto à relação entre o clima escolar e
a mais relevante variável explicativa do a qualidade da educação, não deve passar
aproveitamento discente foi o clima favo- despercebida uma pesquisa com alunos, pais
rável à aprendizagem, definido como situ- e professores de dois Estados brasileiros. A
ações em que os alunos se davam bem com escola de qualidade foi considerada como
os colegas, não havia brigas, o clima es- aquela em que os alunos gostam de apren-
colar era descrito como harmonioso e não der e que trata bem os seus alunos, não im-
havia interrupções das aulas. A pesquisa portando a sua cor ou origem social. Para os
qualitativa que escrutinou escolas bem su- discentes o prazer de ir à escola estava liga-
cedidas a partir do mesmo estudo (MELLA do ao gosto de encontrar amigos e colegas,
et al., 2002) acentuou o papel destacado ao desejo de aprender e aos professores que
dos alunos e dos pais como atores signifi- ensinavam bem (CAMPOS, 2002). É interes-
cantes, do trabalho em equipe dos profes- sante observar que os juízos foram, de modo
sores e diretores, do clima organizacional geral, bastante simples, mas significativos. A
aberto à mudança, do espírito não autori- qualidade não foi traduzida por atributos in-
tário, da afetividade e confiança, do res- telectuais sofisticados, mas, em grande parte,
peito mútuo e da relevância da brincadeira pelo gosto de ir à escola. Isto reflete prova-
como meio de fazer da escola um lugar velmente o fato de que a média de anos es-
prazeroso. Os estabelecimentos educacio- colaridade dos pais é reduzida, como a mé-
nais selecionados podiam ser pequenos ou dia do país, e, em muitos casos, é inferior à
grandes, urbanos ou rurais, particulares ou dos próprios filhos.
públicos, leigos ou religiosos, mas se ca-
racterizavam pelas altas expectativas dos A gestão escolar
professores quanto à aprovação dos alu- A autonomia escolar é um tema recorrente
nos, pela ação inovadora destes, pela não quando se trata do sucesso das escolas e dos
escolha de uma perspectiva pedagógica alunos. Embora não possa fazer inferências
particular (que, quando selecionada, não causais, o PISA 2000 (OECD; UNESCO, 2003)
raro é considerada miraculosa – comentá- verificou que, em média, os resultados de lei-
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adolescentes é mais importante ser um atle- aluno como sujeito, chegando à relação
ta ou uma garota atraente que obter boas dialógica entre aquele que predominante-
notas. A pouca importância relativa do apro- mente ensina e aquele que predominante-
veitamento escolar sugere que aqueles que mente aprende, conforme uma frase de Dur-
são vistos como “intelectuais” podem não meval Trigueiro Mendes. Tais mudanças, fa-
ser exatamente os que possuem mais inteli- cilmente reconhecidas dos pontos de vista
gência, mas apenas aqueles que estão dis- filosófico e metodológico, têm sido acom-
postos a trabalhar arduamente numa ativi- panhadas recentemente, no campo das re-
dade de baixo nível de recompensas. lações econômicas, pela visão do aluno
como cliente de serviços educacionais.
Estas condições são propícias ao forta-
lecimento das sociedades de adolescentes Por isso, o tecido de relações e grupos
e jovens (e também de crianças), com o sociais da escola ganhou uma trama ain-
seu dinamismo próprio e uma capacidade da mais intrincada. Embora as relações de
de interlocução e barganha muito mais in- cooperação continuem necessariamente a
tensa em relação à escola e aos mundos existir dentro de cada grupo e entre os gru-
dos adultos. Conforme Dubet e Martuccelli pos constitutivos da escola, o pêndulo pa-
(1996), a socialização pode ser caracteri- rece inclinar-se para os processos de con-
zada pelo distanciamento do indivíduo em flito. A escola é comparável a uma arena
relação às lógicas sociais que orientam a competitivo-conflitual, onde se encontram
sua ação. Cada situação escolar é carac- culturas de pelo menos duas gerações. No
terizada por uma combinação de três lógi- seu espaço social, segundo a já referida
cas de ação: de integração, pela qual o sociologia da experiência, proposta por
aluno se define em função da sua partici- Dubet (1996), os alunos se constróem como
pação na escola e, sobretudo, na cultura sujeitos, mantendo relações geralmente
juvenil; estratégica, pela qual o aluno age contraditórias com a cultura escolar e dife-
do melhor modo segundo os seus interes- rentes grupos de colegas. É importante ter
ses escolares e de subjetivação ou de cons- em mente a diversidade de valores, nor-
trução do próprio sujeito, à distância dos mas, padrões de comportamento e interes-
outros dois registros de ação. Deste modo, ses (COLEMAN, 1963), em que avultam
é possível ir muito mais além do conceito as suas origens sociais. Conforme Dubet e
de sociedade adolescente, dos anos 60, e Martuccelli (1996), os alunos socialmente
extrair implicações para a organização e o privilegiados, mais próximos da cultura es-
funcionamento da escola de massa. colar, se integram à cultura juvenil com
desafios à escola mantidos dentro de cer-
Com razão Barrère e Sembel (2002) des- tos limites. Enquanto isso, os alunos das
tacam que a ênfase da teoria de Dubet no classes populares, mais distantes da cultu-
papel da subjetividade do aluno na cons- ra escolar, são, por isso mesmo, marcados
trução da sua experiência escolar foi negli- freqüentemente por experiências de fracas-
genciada pela sociologia clássica. Esta não so, de modo que a sua integração aos co-
observou para onde se movimentavam as legas e às culturas juvenis se faz pela via
águas da pedagogia, que se deslocavam da afirmação pessoal, com rebeldia aberta
do aluno como objeto para centrar-se no contra a escola.
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Nesta arena que se mantém unida de ao coração da cebola. Neste sentido, di-
maneira mais ou menos precária em face versas pesquisas têm concluído, embora
da pluralidade de valores e modelos, se com contestações, que o SSE dos alunos
estabelecem contínuas negociações de con- tem um papel relevante ao modelar as suas
senso e compromisso, de tal modo que a aspirações, ou seja, quanto mais alto o SSE,
autoridade e a motivação para o trabalho maiores os estímulos para ir adiante na es-
escolar devem ser reconstruídas dia a dia cala educacional e vice-versa. Evidências
pelos professores (DUBET, 2002). O papel interessantes se agregaram, esclarecendo
profissional destes já não lhes confere au- que o impacto do contexto da escola, com
tomaticamente autoridade, ao contrário, esta a respectiva composição social do corpo
precisa ser negociada cotidianamente e le- discente, é exercido em grande parte pela
gitimar-se a cada momento, dissociada, via do clima escolar. Em outras palavras,
tanto quanto possível, do poder. À falta do as interações dos alunos com colegas mais
apoio de valores e normas inequívocos, a privilegiados levaria a melhores resultados
autoridade docente, na tipologia de Weber no estudo e a aspirações mais altas, o opos-
(1968), afasta-se cada vez mais dos tipos to sendo verdadeiro. Mais ainda, pesqui-
ideais tradicional e burocrático: o profes- sas têm revelado que o contexto socioeco-
sor depende cada vez mais do seu próprio nômico escolar é o mais importante aspec-
carisma. Caminhando sobre a lâmina da to intra-escolar. Este contexto é explicado
faca, o docente precisa evitar tanto o ex- pelo clima da escola, ou seja, não é o con-
cesso de poder, considerado como “sadis- texto socioeconômico em si que gera resul-
mo”, quanto a sua falta, encarada como tados acadêmicos positivos, mas existe uma
“fraqueza” ante os alunos. Carentes de prin- espécie de correia transportadora, que é o
cípios centrais e homogêneos, os educa- clima da escola. Desta forma, o clima po-
dores precisam proceder a arranjos locais sitivo no estabelecimento de ensino, as-
entre normas contraditórias (por exemplo, sociado ao SSE dos alunos, conduz a bons
princípios do mérito e da igualdade edu- resultados acadêmicos (RIORDAN, 2004).
cacionais) e negociar a disciplina em fun-
ção dos indivíduos, grupos e casos (DU- Estas conclusões permitem levar a
BET, 2002). Não é, pois, de admirar que duas linhas de indagação:
os docentes, muitas vezes em função de 1) Se o alunado tem maiores afinidades
uma perspectiva paradisíaca ou saudosis- ou menor hiato em face da cultura escolar e
ta do passado, se sintam desvalorizados, se o SSE incentiva um nível aspiracional mais
sofram de estresse e parte deles padeça do alto, a composição do corpo discente é im-
chamado burn out (no sentido de esgota- portante. Escolas segregadas levariam nu-
mento das suas capacidades). merosos grupos ao afastamento da escola e
ao insucesso acadêmico. Assim, em vez da
Este novo protagonismo discente, exer- homogeneidade, a heterogeneidade entre as
cido por adolescentes e jovens, indica que escolas e dentro de cada escola teria um
o grupo de colegas tem influência na apren- efeito positivo, ainda que não fosse podero-
dizagem e no processo educativo em ge- so, mas, de qualquer forma, não negligen-
ral, influência esta que varia conforme as ciável. Deste modo, a escolha da escola e o
suas origens sociais. Chegamos, portanto, agrupamento de alunos por turma podem
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ter sérias implicações para o sucesso e a pequenos grupos discentes, como díades,
eqüidade, como veremos depois. cliques, grupos de estudo, lúdicos, associ-
2) Se o clima escolar tem a relevância ativos etc., que são influenciados pela com-
pedagógica que as pesquisas revelaram, con- posição dos grupos maiores, como as tur-
soante o item anterior, e se ele é influenciado mas4. Estes comporiam o coração da ce-
pelo SSE dos alunos, estaríamos diante de bola, com as suas camadas mais internas,
um processo em parte modelado pela esco- tendo em vista a importância das culturas
la. Assim, a ação escolar em favor de maior juvenis. Utilizando uma linguagem meta-
eqüidade teria o clima como uma área em fórica, que constitui aproximação tosca da
que interagem o background socioeconômi- realidade, depois de abertas as camadas
co do alunado e condições do próprio esta- da escola, da turma e do professor, tería-
belecimento, examinadas antes. Sendo um mos esta parte central, cujas últimas ca-
“território comum” a diversas influências, existe madas a escola deve atravessar para che-
uma faixa em que os educadores podem atu- gar ao aluno. As culturas da juventude
ar e gerar resultados positivos. constituem como que uma cápsula cujo
ingresso nela precisa ser cuidadosamente
Este terreno, contudo, contém um labi- negociado. Ao contrário da verdadeira ce-
rinto mais intrincado do que parece e re- bola, esta parte central e mais íntima não é
quer maior aprofundamento. De fato, há a mais tenra e, sim, a mais dura e difícil de
várias interpretações alternativas dos efei- ser atingida. Porém, se estas camadas es-
tos dos colegas. Uma delas sugere que os tão no âmago da cebola, na verdade elas
seus efeitos resultam do fato de os estudan- representam as conexões dos alunos com
tes internalizarem as normas da escola para o mundo exterior, de tal modo que a sua
orientar a sua aprendizagem e o seu com- participação na escola, como membros de
portamento. Outra sugere que os seus efei- grupos, é condicional. Conforme a expres-
tos se devem ao uso da escola como grupo são de Estêvão (2004), o aluno não é ci-
de referência para fazer comparações so- dadão pleno da sua escola.
bre o seu desempenho e desenvolver auto-
percepções acadêmicas. Uma terceira al- No entanto, segundo a perspectiva de
ternativa, ainda, sugere que os efeitos se Wilkinson e outros (2002), os professores
devem à modificação das práticas da es- não parecem perceber a complexidade das
cola e dos professores para se adaptarem estruturas informais da escola. Do ponto
às características do corpo discente. Por fim, de vista do ensino (não da aprendizagem),
outros trabalhos propõem que os impactos os efeitos dos colegas, tanto ao nível da
das estruturas educacionais são mediados escola quanto da turma, afetam apenas a
por sucessivos níveis da organização soci- probabilidade de diversas alternativas de
al, mais uma vez segundo uma estrutura ensino-aprendizagem ocorrerem e, ainda
comparável à da cebola, em que, a cada assim, tais efeitos seriam indiretos. Isto ocor-
casca que se abre, se encontra outra. As- re em grande parte porque os professores
sim, é possível chegar ao que alguns con- parecem não alterar as suas práticas quan-
sideram o locus dos efeitos dos colegas, os do a composição das turmas e grupos é
4
Cf. WILKINSON et al., 2002.
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alterada e, também, porque o poder dos rização como espelho e geradora de dife-
efeitos dos colegas raramente é percebido. renças sociais é a alocação dos alunos às
Deste modo, não adiantaria agrupar os escolas nas redes públicas, distribuídas por
alunos de diferentes formas, promover a espaços urbanos altamente estratificados em
integração racial de escolas, diminuir o ta- termos de renda dos residentes, valor venal
manho das turmas, criar estabelecimentos dos imóveis etc. Um critério oficial ampla-
só para meninos ou meninas, pois a quali- mente adotado tem sido a matrícula segun-
dade e a natureza do ensino não variam, do a área residencial, conforme o uso cor-
no máximo os docentes adaptam o ritmo. rente em muitas redes brasileiras, a carta
Assim, o ensino não mudaria, apesar de escolar na França e os critérios mais con-
mudarem condições relevantes de apren- vencionais de muitos distritos escolares dos
dizagem, sugerindo que o processo conti- EUA. Um dos fundamentos para este crité-
nua centrado no professor e não no aluno. rio básico é a economia dos custos de trans-
Os impactos diretos da composição do porte, quer a cargo da família, quer do po-
corpo discente estão menos relacionados der público. Quanto mais próximo o aluno
aos resultados da aprendizagem e mais li- da sua escola, menores são os custos de
gados à eqüidade e aos efeitos das expec- transporte e também de tempo. Com isso, a
tativas de professores, alunos, pais e ges- matrícula por área residencial tem implica-
tores (HATTIE, 2002). ções sociais e econômicas, inclusive imobi-
liárias: para ter acesso a boas escolas pode
Um modelo alternativo sugere que os ser preciso residir numa área mais cara e,
efeitos dos colegas sobre o aproveitamento por outro lado, o fato de haver boas escolas
parecem menores, em termos estatísticos, pode elevar os preços das habitações.
porque são intermediados por diferentes
níveis ou camadas, segundo a estrutura da As pesquisas já examinadas sobre o cli-
cebola, isto é, da escola, da turma e dos ma escolar, a influência dos colegas e as
diversos grupos informais de colegas. Au- desigualdades de recursos entre as escolas
mentando a complexidade, existe uma rede mostram que os efeitos desta distribuição de
de relações recíprocas entre estudantes, recursos tende a ser regressiva, ou seja, re-
professores e organização e gestão escola- forçadora das diferenças sociais pré-existen-
res. Ao nível do grupo de aprendizagem, a tes, conduzindo não raro à segregação es-
interação aluno-professor parece estabele- colar e à formação de “escolas guetos” e
cer culturas de grupo ou normas de com- “escolas santuários” na mesma área. Haven-
portamento que apóiam a aprendizagem do ou não vinculação entre residência e ma-
de modos diversos. Nas turmas, diferentes trícula, existe o fenômeno das escolas “bem”
formas de agrupamento podem construir e “mal amadas”, com o afluxo de alunos em
diversas culturas de sala de aula que influ- busca de melhor ensino, a formação de filas
enciam o que é ensinado (WILKINSON et nas primeiras, a conseqüente adoção de cri-
al., 2002). térios seletivos e, por outro lado, as tentativas
de preenchimento pelo sistema da capacida-
A alocação da matrícula e a ges- de ociosa dos estabelecimentos menos dese-
tão do espaço jados (GOMES; CASTRO, 2003). A própria
Outro foco da pesquisa sobre a escola- carreira docente tende a premiar a remoção
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Cf., p. ex., Elhav (1998) e Nakib e Herrington (1998).
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Cf. CRAHAY, 2002.
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