Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1. APRESENTAÇÃO
Direito penal é um ramo do Direito Público que regula as condutas ofensivas aos
bens jurídicos mais relevantes para a sociedade, reprimindo (punindo), através de sanções
(penas), aos que se comportarem contrários ao estabelecido pela lei, visando, por fim, uma
convivência harmônica da sociedade. Tem a função de garantir os direitos da pessoa
humana frente ao poder punitivo do Estado. Sendo assim, tem-se que o Direito Penal
também tem uma conotação garantista na formulação das normas penais, a fim de poder
evitar que o Estado de Polícia se manifeste e se sobreponha ao Estado de Direito.
Deve ser encarado como o último recurso (ou meio) do Estado para evitar
determinadas condutas, devendo assim somente ser utilizado quando todos os outros ramos
do Direito (tais como o Civil, administrativo, tributos, etc.) não forem suficientes. Nesse
sentido, é denominado ultima ratio, ou seja, de intervenção mínima, ultima razão, ultima
forma de regular certa atividade. Deve-se primeiro, tentar resolver a situação através de
outras formas, caso não se tenha um resultado esperado, aí sim, recorrer ao Direito Penal.
Tudo isso pode ser encontrado no Código de Processo Penal, que nada mais é
do que a regulamentação do processo de persecução penal, em síntese, aquele
processo que determinada pessoa responde!
Posto isto, o objetivo geral da disciplina Direito Penal e Processual Penal é trazer os
principais conceitos, princípios e crimes, que todo Policial Militar deve saber, para que
possa, ao deparar com uma ocorrência, perceber o caráter ilícito daquela situação
apresentada, agir como representante do Estado de Direito e tomar iniciativas para garantir
a preservação da ordem pública e a incolumidade das pessoas e patrimônio cumprindo
assim sua função constitucional.
2. CONTEÚDOS
2. Princípios
3.3. Culpabilidade
4. Tempo do Crime
5. Lugar do Crime
1 .1 . Homicídio
3.1 . Furto
3.3 Roubo
3.4 Extorsão
3.6 Estelionato
3.7 Receptação
4.1 . Estupro
1 . Da Ação Penal
2. Da Prisão em Flagrante
4. Audiência de Custódia
2 — Princípios Basilares:
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
Como exemplo podemos citar o adultério. Até pouco tempo era considerado crime o a
prática de adultério. Alterações no Código Penal foram realizadas para adequar a nova
realidade da sociedade brasileira e o artigo que tipificava o adultério como crime, foi
revogado.
O enunciado do Art. 20 do Código Penal contém duas regras: a lei penal possui
caráter irretroativo, afinal, de nada adianta estabelecer que a norma penal deve se
basear numa lei escrita se for possível elaborá-la depois da conduta, punindo fatos
anteriores à vigência da lei ou agravando as consequências de tais fatos.
A retroatividade benéfica, entretanto, não é proibida, já que não abala a confiança no
Direito Penal e, ademais, justifica-se como medida de isonomia. Não teria sentido que
alguém cumprisse pena depois de uma lei considerar a conduta pela qual foi condenado
como penalmente irrelevante, sob pena de, em não sendo assim, conviverem, ao mesmo
tempo, alguém cumprindo pena pelo fato enquanto outros o praticam sem sofrer qualquer
consequência penal.
Tem como precursor Claus Roxin e significa que não é possível incriminar
atitudes puramente subjetivas, ou seja, aquelas que não lesionem bens alheios. Se a ação ou
omissão for puramente pecaminosa ou imoral, não apresenta a necessária lesividade que
legitima a intervenção do Direito Penal. Por conta desse princípio, não se pune a autolesão,
salvo quando se projeta a prejudicar terceiros, como no art. 171, § 2 0 V, do CP (autolesão
para fraudar seguro); a tentativa de suicídio não é crime (nosso CP somente pune a
participação no suicídio alheio — art. 122); o uso pretérito de droga não é crime (o porte é
punido porque, enquanto o agente detém a droga, coloca em risco a incolumidade pública).
3.1 — O fato típico: fato típico é a conduta comissiva (por ação) ou omissão produtora
de um resultado reprovável pelo Direito Penal, podendo ser crime ou contravenção penal. É
o primeiro elemento que constitui o conceito de crime, e se subdivide em 4 elementos:
Conduta, Resultado, Nexo de Causalidade e Tipicidade. Para que um determinado fato seja
considerado típico deve-se considerar os quatro elementos juntos, de forma que, ausente
quaisquer destes elementos, a conduta será atípica.
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
- haver um perigo atual. Para boa parte da doutrina poderia ser iminente, mas
nunca futuro ou remoto;
- que não tenha sido provocado pela vontade do agente (dolosamente), nem
poderia de outra forma evitá-lo (sendo possível, deve ser escolhida a forma menos gravosa);
-cujo sacrifício não era razoável exigir. Demanda uma análise do princípio da
proporcionalidade e da razoabilidade em face dos bens jurídicos em confronto.
Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o
perigo, segundo preceitua o Art. 24, § 1 0 CPB.
a) a reação a uma agressão atual ou iminente e injusta: atual é a agressão que está
desencadeando-se, iniciando-se ou que ainda está desenrolando-se porque não se concluiu;
Já de acordo com NORONHA, pode ocorrer legítima defesa putativa contra a real ou
objetiva e exemplifica: "se A, julgando justificadamente que vai ser agredido por B, dispara
um tiro de revólver neste que, antes de ser atirado pela segunda vez, atira também contra A.
Esse age em legítima defesa putativa, pois as circunstâncias o levaram a erro de fato
essencial, e B atua em legítima defesa objetiva. As situações, porém, são diversas: um tem a
seu favor uma dirimente ou causa de exclusão da culpa
(em sentido amplo), ao passo que o outro se socorre de excludente de antijuridicidade
Essa ação difere da chamada "legítima defesa antecipada ou preventiva", eis que,
nestas, a iminência da agressão, em princípio, está afastada. Difere, também, da
denominada "legítima defesa pré-ordenada", caracterizada pela ação dos chamados
"ofendículos", isto é, de aparatos usados para a defesa do patrimônio, como cercas elétricas
e cacos de vidro.
Assim, por exemplo, o policial que, ao cumprir o dever legal de realizar prisão
em flagrante delito (art. 301, do CPP), em primeiro lugar, deve tentar executá-la
utilizando simplesmente a chamada "voz de prisão". Caso não seja atendido, deverá
empreender a força física necessária para deter o infrator. Não poderá, porém, com o
intento de evitar a fuga do fugitivo, usar arma de fogo para matá-lo ou até mesmo
feri-lo. O emprego da força pela Polícia, no estrito cumprimento de dever legal,
deverá nortear-se pelos princípios da intervenção mínima, da proporcionalidade e da
inviolabilidade dos direitos fundamentais. O que se exige do agente do cumprimento
da lei não é que execute, a qualquer custo, o que nela estiver previsto, mas que
realize o comando legal, de forma que lese o menos possível os interesses
particulares.
4.1 - Atividade:
Assim, se 'A', com inequívoco animus necandi (Vontade de matar), atira contra 'B'
em data de 10 de janeiro de 2015, na cidade de Osasco/SP, vindo este a óbito em data de 27
de abril do citado ano, porém na cidade de São Paulo/SP. Ter-se-á praticado o crime de
homicídio em 10/01/2015. Isso ocorre, por que como diz o artigo 4 0 do CP, considera-se
Assim, por exemplo, se uma pessoa recebeu droga em julho de 2006 (quando estava
em vigor a Lei n. 6.368/76) e a guarda em um depósito com o objetivo de comercializá-la
até janeiro de 2007 (quando já estava em vigor a Lei n. 11.343/2006), ficará sujeita às penas
mais severas da nova legislação, uma vez que se trata de crime permanente, cujo momento
consumativo iniciou-se com a lei antiga mas persistiu durante a nova lei.
De acordo com o art. 3 0 do CP, "A lei excepcional ou temporária, embora decorrido
o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao
fato praticado durante sua vigência". Excepcional é a lei elaborada para incidir sobre fatos
havidos somente durante determinadas circunstâncias excepcionais, como situações de crise
social, econômica, guerra, calamidades etc. Temporária é aquela elaborada com o escopo de
incidir sobre fatos ocorridos apenas durante certo período de tempo.
Em suma, devemos ter em mente, que para a teoria do delito, o crime se divide em:
1) Fato típico.
2) Antijurídico/llícito.
3) Culpável.
Desvalor do Exigibilidade de
resultado conduta diversa
Exercícios de Fixação
a) Para que exista crime, é necessário que esteja presente um dos seguintes
elementos: fato típico, ou ilícito, ou reprovabilidade.
b) O fato típico é composto pelos elementos Conduta, Resultado, Nexo de
Causalidade e Tipicidade.
c) Somente será típico o fato que não for antijurídico
d) Estando presente alguma discriminante (excludente de ilicitude), o fato continua
sendo típico e antijurídico.
Os arts. 121 a 123 cuidam da tutela da vida extrauterina (de quem já nasceu),
enquanto os crimes dos arts. 124/127 tratam da tutela da vida intrauterina (dos
nascituros).
2.1. Homicídio
Relevante valor moral: E aquele que atende aos interesses do próprio cidadão
(piedade, compaixão, misericórdia). Ex: eutanásia (homicídio piedoso);
Relevante valor social: É aquele que atende aos interesses da coletividade. Ex: matar
um estuprador, um cruel traficante de drogas, sob o domínio de violenta emoção, logo em
seguida a injusta provocação da vítima. Outro exemplo é o homicídio do traído
afetivamente.
Observações
Obs. 1: Asfixia é qualquer método para se impedir a respiração.
Obs.2: Veneno é qualquer substancia capaz de matar quando inoculada no corpo da
vítima.
Insidioso é a utilização de fraude para cometer o crime sem que a vítima perceba.
Exemplo: retirar o óleo de direção do automóvel para provocar um acidente fatal contra seu
proprietário.
Emboscada é a tocaia.
Outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima: matar a vítima
com surpresa, enquanto dorme, quando se encontra em estado de embriaguez, em manifesta
superioridade numérica de agentes (linchamentos) etc.
2.1.4. Feminicídio
VI — contra a mulher por razões da condição de sexo feminino.
Em 2015 as hipóteses de homicídio qualificado foram alteras pelo advento das leis
O
n 13.104 e 13.142.
3. Lesão corporal
O crime de lesão corporal é de forma livre, não havendo previsão de forma
específica para sua prática. E comum, não exigindo nenhuma qualidade específica do
sujeito ativo. E delito de dano, consumando-se com a lesão ao bem jurídico tutelado.
Lesåo Gravíssima
Violência doméstica
Lesões corporais
Vale lembrar que a ação penal no crime de lesão corporal leve é pública
condicionada à representação da vítima, conforme preceitua o art.88 da lei 9.099/95.
Cabe a lavratura de TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência), caso a vítima
queira representar contra o autor. Neste caso, o Policial Militar deverá preencher o
Termo de Manifestação do Ofendido, e o autor e a vítima, de pronto já saem
intimados da data de audiência em juízo.
São delitos qualificados pelo resultado, que pode ter sido praticado a título de dolo
ou de culpa, sendo que somente no último caso recebem a denominação de crimes
preterdolosos. O perigo de vida, entretanto, só pode ter sido produzido por culpa, sob pena
de configuração de um crime autônomo, como por exemplo o homicídio. Vejamos as
hipóteses:
§ 1 0 Se resulta:
l. se resulta incapacidade para as ocupações habituais, por
mais de trinta dias:
Como nos casos do parágrafo primeiro (lesão corporal de natureza grave), temos
crimes qualificados pelo resultado, o qual pode ter sido praticado a título de dolo ou de
culpa, sendo que somente no último caso recebem a denominação de crimes preterdolosos.
A exceção é o caso do aborto que, se praticado por dolo, configura o crime autônomo.
Estudemos cada um dos resultados que qualificam o delito, tornando-o de natureza
gravíssima:
Pode-se exemplificar com o agente que, querendo dar uma paulada na vítima
para agredi-la, para apenas causar uma lesão, acaba derrubando-a e ela bate a cabeça
na aresta de um móvel e, com isso, sofre traumatismo craniano. O sujeito passivo
morre em decorrência da lesão. Neste caso, o crime será de lesão corporal seguida de
morte.
Diminuição de pena:
§ 4 0 Se o agente comete o crime impelido por motivo de
relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta
emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz
pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Substituição da pena:
§ 5 0 0 juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir
a pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a
dois contos de réis:
Violência Doméstica:
c) Contra pessoa com quem conviva ou tenha convivido: ainda que não tenha
relação de parentesco, se convive ou tenha convivido, haverá a incidência do
De acordo com Nucci, a expressão .com quem conviva ou tenha convivido o agente"
deve ser analisada em conjunto com as situações anteriores apresentadas, exigindo que o
agente e vítima convivam ou tenham convivido.
Observações finais:
Obs.2: em sendo a vítima mulher, além do código penal, terá na sua proteção a
incidência da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha).
4. DA PERICLITAÇÃO DA VIDA
Sem a menor pretensão de esgotar os crimes desse capitulo, neste tópico será
tratado forma breve sobre os crimes dos artigos 131, 132, concatenando com os artigos 268
e 330 do CP, bem como pontuais apontamentos a lei federal 13979/20, preceitos legais que
O tipo penal demanda que a moléstia transmitida seja grave. Por essa razão, caso o
vírus, do ponto de vista médico, caracterize-se apenas por sua fácil e difusa
transmissibilidade, mas não tenha um índice de letalidade elevado, a justificar a aplicação
do tipo penal, esse poderá ser afastado no caso em concreto, a menos que a pessoa para a
qual se tenha intenção de transmitir a doença faça parte do grupo de risco, hipótese em que
a gravidade da patologia passa a ser discutível.
Não basta, portanto, que o perigo seja iminente e indireto ou direto e não iminente.
Além disso, deve existir um dolo de expor o outro a esse perigo, ainda que em sua
modalidade eventual (assumir o risco de expor ao perigo). O perigo sempre deve ser
concreto, devendo ser comprovado que o comportamento do agente efetivamente
desencadeou a exposição ao perigo direto e iminente. É importante que esse perigo não
expresse um risco permitido.
É por essa razão, inclusive, que não responde por esse crime, pessoa que exponha
outrem ao contágio de uma gripe ou demais patologias de transmissão corriqueira e com
pouca gravidade, por exemplo.
Infringir, segundo Luiz Régis Prado (Curso de Direito Penal Brasileiro, 2020)
"significa quebrantar, transgredir, violar, desobedecer. As determinações do poder público
são leis, decretos, regulamentos, portarias, emanados de autoridade competente, visando
impedir a introdução ou propagação de doença contagiosa, suscetível de transmitir-se por
contato mediato ou imediato".
De igual modo, se o agente isolado por determinação vier a fugir, também praticará
o crime previsto no artigo 268 do Código Penal (artigo 30 inciso l, da Lei
13.979/20).
Na antiga redação deste inciso não havia proteção penal relacionado aos
companheiros, com a nova redação do artigo atual foi incluído essa proteção. E a
pena é de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, conforme estabelecido.
Houve uma necessidade de igualdade entre "conjugue e companheiro", para
que no sentido apontado ensejasse punição mais severa ao réu (ou à ré), vedada em
razão da ausência de expressa cominação legal.
5.3. Do § 1 0, inciso II
II — se o crime é praticado mediante internação da vítima em
casa de saúde ou hospital;
Quando o crime for praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou
hospital. É preciso que tal internação ocorra com o dissentimento do indivíduo, para que a
internação configure o delito em estudo. É, do mesmo modo, exigido que a internação não
decorra de permissão legal ou não seja tolerada pelo meio social — se houver justa causa
para a privação da liberdade física, não há que se falar no crime em tela, ou seja, "a razão da
maior punibilidade reside no emprego de meio fraudulento
Se o crime for cometido para o fim de manter relação sexual (cópula vagínica) ou
para a prática de qualquer ato libidinoso diverso da conjunção carnal (coito anal ou felação,
por exemplo), a forma qualificada estará presente.
Tentativa- como crime material admite-se a tentativa, que se verifica com a pratica
de atos de execução, sem chegar à restrição da liberdade da vítima, como, por exemplo,
quando o sujeito ativo está encerrando a vítima em um deposito é surpreendido e impedido
de consumar seu intento. Tratando-se, porém, da forma omissiva, a tentativa é de difícil
ocorrência.
5.12. Conclusão
Como visto em relação ao art. 148 do Código Penal foram feitas alterações que implicaram
em novas formas de adequação típica qualificada.
Os crimes contra o patrimônio estão previstos nos arts. 155 a 183 do CP. Estes delitos
estão divididos em sete capítulos: Do Furto, do Roubo e da Extorsão, da Usurpação, do
Dano, da apropriação indébita, do Estelionato e outras fraudes e da Receptação.
6.1. Furto
Se somente tiver a intenção de utilizar tal objeto, estará o agente amparado pelo
instituto do furto de uso, modalidade presente no direito que não configura o crime,
justamente por não haver intuito do agente em se apropriar do objeto. Um exemplo clássico
é dado nesse contexto: Um homem deseja ir ao supermercado, mas seu carro está quebrado.
Lembra-se, entretanto, que seu vizinho viajou e deixou as chaves de casa com ele. O
primeiro pega as chaves e sai com o veículo de seu vizinho, indo ao supermercado e
retornando o veículo à residência de seu amigo.
A energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico, equipara-se à coisa
móvel, conforme parágrafo 30 do mesmo artigo, ou seja, é possível a ocorrência do furto de
energia.
Obs.: Caro aplicador da segurança pública, temos de ter em mente que, esse crime
previsto no Artigo 155, § 40-A e § 70 , são inovações legislativa publicada em 2018, vide lei
13654/18, onde trouxe um aumento de pena para o crime de furto, buscando sobretudo
reprimir as ações de estouro a caixa rápido muito comum nos dias de hoje no
Brasil, essas ações são conhecidas como "Novo Cangaço"
6.2. Roubo:
47
§ 30 Se da violência resulta:
6.3. Extorsão:
Ex: "A" exige que "B" assine um cheque em branco em seu favor, senão contará a
todos que "B" possui um caso extraconjugal.
Ex 2: Golpe do falso sequestro via celular. "A" (de um presídio em GO) liga para
"B" (em Brasília) e afirma que sua filha foi sequestrada exigindo, por meio de ameaças,
depósito de dinheiro em determinada conta bancária.
Nos casos em que ocorrer a morte ou a lesão corporal de natureza grave, as penas
deverão ser as previstas no art. 159 (Extorsão mediante sequestro), parágrafo 20 e
COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR
Núcleo de Ensino a Distância e Tecnologia da Informação do CAPM
Rua 252 no 21 St. Leste Universitário CEP 74.603-240 Goiânia-GO
Fone: (62) 32011790 Fax: (62) 32011606 - Emails: ead@pm.go.gov.br/ead.apmgo@gmail.com
30 ou seja, mínima de 24 a 30 anos.
Não sendo possível suscitar esse dispositivo, caso o crime seja o de roubo ou de
extorsão, ou em geral se houver violência ou grave ameaça, bem como, ao estranho que
participou do crime, ou se a vítima tiver idade igual ou superior a 60 anos.
6.3.2. Estelionato
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em
prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro,
mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
52
como o prejuízo alheio. A vantagem, inclusive, não necessariamente precisa ser para o
estelionatário, pode ser em proveito de um terceiro também.
6.4. RECEPTAÇÃO:
O Crime de RECEPTAÇÃO está previsto no Art. 180 do CP, tendo como objetividade
jurídica a proteção do patrimônio.
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em
proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime,
ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou
oculte:
Essa lei entrou em vigor no dia 2 de agosto de 2016, então não poderá ser
aplicada aos crimes ocorridos antes dessa época.
Portanto, o crime de Receptação, vem previsto no art. 180 do CP, com o objetivo de
punir aquele que adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, no intuito de penalizar o
agente que adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, coisa alheio móvel ou imóvel.
Trata-se de crime comum, visto que o tipo penal não exige que o agente possua
características específicas para cometer o ato. Ainda, podem-se tirar duas conclusões a
respeito do referido fato típico: tanto a conjunção carnal quanto qualquer ato libidinoso
consumam o delito. Dessa forma, não é necessária a introdução do membro viril nas
cavidades oral, vaginal ou anal, para consumar o crime de estupro. Por conseguinte, o
57
fato de inexistir conjunção carnal de fato não configura a modalidade tentada do crime de estupro.
O constrangimento, seja mediante violência, seja mediante grave ameaça, tem como
objetivo não só a conjunção carnal, mas outros atos libidinosos, que violam o bem jurídico da
mesma forma que a conjunção carnal não consentida. Um exemplo é o sexo oral, o sexo anal,
dentre outros.
Sujeitos do crime: Tanto o sujeito ativo como o passivo é qualquer pessoa. Configurando-se
o crime tanto em relação homo ou heterossexual.
Tipo objetivo:
A conduta é ter conjunção carnal e praticar outro ato libidinoso. Ter e praticar são
sinônimos e tem o sentido de realizar. Conjunção carnal significa o ato sexual consistente na
introdução do pênis na vagina. Outro ato libidinoso caracteriza-se como qualquer contato
físico com natureza sexual. Outro ato libidinoso tem grande amplitude, abrangendo desde
COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR
Núcleo de Ensino a Distância e Tecnologia da Informação do CAPM
Rua 252 no 21 St. Leste Universitário CEP 74.603-240 Goiânia-GO
Fone: (62) 32011790 Fax: (62) 32011606 - Emails: ead@pm.go.gov.br/ead.apmgo@gmail.com
um beijo lascivo até a penetração anal, passando por carícias nos seixos e órgãos sexuais ou
o sexo oral.
O meio para a prática desse crime é a fraude, ou seja, engodo, ardil, que torna a
vontade de vítima viciada, já que, enganada, sob erro, a vítima não tem a completa
percepção do que está se passando, seja por não perceber que se trata de um ato sexual, seja
por não ter consciência de quem é a pessoa com a qual pratica o ato sexual.
Além da fraude, o tipo alude a outro meio que impeça ou dificulte a livre
manifestação da vontade da vítima. Trata-se de algo que seja idêntico à fraude, mas que não
caracterize como uma situação de impossibilidade de defesa, que caracterizaria o estupro de
vulnerável (art. 217-A, CP).
Casos
Em princípio, esse é um crime que parece irreal, de pouca aplicação prática.
Contudo diversos julgados reconhecem a ocorrência do delito em situações que chegam a
ser bizarras:
"Caracteriza a posse sexual fraudulenta o fato de quem se aproveita de
estado de semi-sonolência de uma mulher, que, pelo hábito de relações
sexuais com o marido ou amante, toma a nuvem por Juno e não se
alarma à introductio penis" (TJSP —AC — Rel. Mendes França -
RJTJSP 47/374).
Homem de grande prestígio em seu meio. Havido como "pai
espiritual", gozava de influência considerável. A ele se dirigiam
inúmeras pessoas à procura de curas milagreiras. Baixar espírito segue
orientação de "Pai ou do Exu" e a vítima, à mercê, não tem sequer
condições de oferecer a menor resistência psíquica e deixase possuir
pelo "guia" — "Houve fraude e por esta se deve entender todo o meio
astucioso, o ardil, o engano, ou outras práticas exigentes da apreciação
in concreto para serem qualificadas como tais" (TJSP —AC — Rel.
Camargo Sampaio).
"Comete posse sexual mediante fraude quem, aproveitando-se da
credulidade da ofendida, faz-se passar por 'pai-de-santo' e, mediante
manobras enganosas, vicia sua vontade levando-a à prática de ato
sexual para servir sua lascívia" (TJRJ — AC — Rel. Gama Malcher
— EJTJRJ 7/285).
Crime contra os costumes. Posse sexual mediante fraude. Apelante
que fazia-se passar por "pai-de-santo". Hipotética incorporação de
uma entidade e pedidos para que as ofendidas se despissem e
praticassem relações sexuais. Narração harmônica e coerente das
vítimas. Réu que é um verdadeiro "estelionatário sexual" (TJSP — AC
197.613-3 - Rel. Lineu Carvalho - Bol. IBCCRIM 40/136).
Atentado violento ao pudor mediante fraude— O réu dizendo-se
parapsicólogo — "O único reconhecido pelo Papa", ludibriou diversas
moças (menor, uma delas), algumas com formação universitária,
tomando-lhes jóias, dólares, etc., e com elas praticando atos
libidinosos, tudo sob a promessa de evitar que males abatessem sobre
elas e seus entes queridos" (STJ — REsp. 32.217-4 — Rel. Adhemar
Maciel - DJU 01.07.93, p. 129040 - RSTJ 51/263).
COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR
Núcleo de Ensino a Distância e Tecnologia da Informação do CAPM
Rua 252 no 21 St. Leste Universitário CEP 74.603-240 Goiânia-GO
Fone: (62) 32011790 Fax: (62) 32011606 - Emails: ead@pm.go.gov.br/ead.apmgo@gmail.com
"Configura atentado ao pudor mediante fraude a prática de atos
libidinosos com a paciente ao ensejo de seu atendimento médico em
consultório. É válido o depoimento da vítima em confronto às
afirmações do acusado, por se tratar de delito praticado em recinto
fechado e cuja comprovação depende essencialmente das declarações
da paciente" (TJRJ — AC — Rel. Penalva Santos — ADV 8.623).
62
• Ação penal: Nos termos do art. 225, caput, a posse sexual mediante fraude é crime de
ação penal pública condicionada à representação. Nesse caso, a vontade da vítima,
materializada com a representação, é imprescindível para que se possa iniciar a
persecução penal.
O crime de registro não autorizado da intimidade sexual, foi tipificado no art. 216B
do Código Penal, tendo como objetividade jurídica a tutela da intimidade sexual da vítima.
Esse novo tipo penal visa à proteção da intimidade sexual da vítima, preservando-a
da exposição indevida de sua nudez ou de seus atos sexuais ou libidinosos de caráter íntimo
e privado.
Sujeito ativo do novo crime pode ser qualquer pessoa. Trata-se de crime comum.
Não há necessidade, para a configuração do crime ora em comento, que o agente ofereça,
troque, disponibilize, transmita, venda ou exponha à venda, distribua, publique ou divulgue, por
qualquer meio, a fotografia, filmagem, registro ou montagem da cena de nudez ou ato sexual ou
libidinoso. Se isto ocorrer, estará configurado o crime do art. 218-C do Código Penal (divulgação
de cena de estupro ou de cena de estupro de vulnerável, de cena de sexo ou de pornografia). Vale
ressaltar que nada impede haja concurso material entre os crimes dos arts. 216-B e 218-C do
Código Penal.
A pena cominada ao novo crime é ínfima, de detenção de 6 (seis) meses a 1 (um)
ano, e multa. Tratando-se de infração penal de menor potencial ofensivo, o rito será o
comum sumaríssimo, da Lei no 9.099/95.
Mesmo que o menor de quatorze anos tenha todas as suas faculdades mentais, saúde
em bom estado, e não queria resistir ao ato sexual é considerado crime qualquer relação ou
nudez.
67
Vale levar em conta que no Brasil há uma grande taxa de meninas que
engravidam a partir dos onze anos, e em uma grande porcentagem as relações sexuais
a levaram a engravidar foram com consentimento.
O ato sexual, "conjunção carnal" em termos de lei, não se limita apenas da
penetração do pênis na vagina, mas pode-se entender como qualquer um dos atos a
seguir:
Atividade sexual com penetração anal Masturbação de qualquer uma das pessoas
Sexo oral
Beijo
Toque
Qualquer um dos atos acima em menores de doze anos, pode ser condenado pelo
crime de Estupro de Vulnerável. Se tornando irrelevante o gênero do menor de idade, sendo
garoto ou garota.
Hediondo significa algo que cause horror, repulsão, pavor ou que provoque
reação de indignação.
1. Ação Penal:
Classificação:
Espécies:
2. Das Prisões
A prisão é a privação do direito de liberdade de um indivíduo que pratica algum
delito, privando este o direito fundamental de "ir e vir", previsto no artigo 5 0 da
Constituição Federal.
2.1.1. Conceito
ressalvado os casos de imunidades prisionais, que não são objetos de estudo nessa
disciplina.
Ensina Renato Brasileiro que "logo após" deve ser compreendido pelo lapso
temporal que perneia entre o acionamento da autoridade policial, seu comparecimento ao
local e colheita de elementos necessários para que dê início à perseguição do autor. Por isso,
tem-se entendido que não importa se a perseguição é iniciada por pessoas que estavam no
local ou pela polícia, acionada por meio de ligação telefônica. (Renato
Brasileiro, 2017, p. 932)
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam
presumir ser ele autor da infração.
Nesse caso, não precisa da perseguição. O agente é encontrado numa situação tal
que faz presumir ser ele o autor da infração. OBS.: a expressão "logo depois" não difere de
"logo após"; são expressão sinônimas, mas há quem entenda haver diferença (logo depois
abrangeria um lapso temporal maior).
3. AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA
Muito discutida no meio policial, no sentido de reprovação, é a Audiência de
Custódia. No entanto, uma das garantias constitucionais previstas na Carta Magna
Brasileira é que a prisão de qualquer pessoa será comunicada imediatamente ao juiz
competente e a família do preso ou à pessoa por ele indicada (Art. 50 L XII, CF/88).
Como pode-se perceber, não está especificado em quanto tempo a pessoa presa deve ser
apresentada ao juiz para que seja verificada a legalidade da prisão, não exigindo que o preso
seja interrogado pelo juiz imediatamente.
Semelhantemente, analisando os tratados internacionais que o Brasil é signatário,
observa-se que a Convenção Americanas de Direitos Humanos e o Pacto Internacional de
Direitos Civis e Políticos também não esclarecem em quanto tempo o preso deve ser
apresentado ao juiz, como pode ser observado a seguir:
Qualquer pessoa presa ou encarcerada em virtude de
infração penal deverá ser conduzida, SEM DEMORA, à
então, o magistrado só conta com a versão da autoridade policial, e esse contato de certa
forma amplia a cognição da autoridade judicial. Para esse autor "a expressão audiência de
custódia está mais do que consagrada no meio jurídico e, inclusive, dá a ideia de custódia
no sentido de acautelar, de proteger o preso apresentado" (ARAÚJO, 2018, p.799).
De modo semelhante, Nestor Távora (2016) conceitua a audiência de custódia dessa
forma:
Audiência de custódia é a providência que decorre da imediata
apresentação do preso ao juiz. Esse encontro com o magistrado
oportuniza um interrogatório para fazer valer direitos
fundamentais assegurados à pessoa presa. Deve-se seguir
imediatamente após à efetivação da providência cerceadora de
Essa súmula afeta diretamente o uso da algema nas ações policiais, para
evitar segundo alguns doutrinadores e legisladores, o abuso e a não exposição do
preso ao vexame e ao clamor publico, pela exposição midiatica.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
1) Sobre a Ação Penal, assinale a alternativa correta
a) O Cônjuge não pode representar a vítima na Ação penal pública condicionada
à representação.
b) Em regra, a Ação penal é pública condicionada à representação.
Referências Bibliográficas:
AVENA, Norberto Cláudio Pâncaro. Processo Penal. 9 a ed. rev. e atual. Rio de
Janeiro:
Forense; São Paulo: Método: 2017.
FILHO, Jose Nabuco. Sequestro e cárcere privado art. 148 Disponível em:
<http://josenabucofilho.com.br/home/direito-penal/parte-especial/sequestro-e-
carcereprivado-art-148/>. Acesso em: 18 JUN 2020.
LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal: Volume Único. 4 a ed. rev.,
atual. e ampl. Salvador: JusPodivm, 2016.
NABUCO, José Filho. Código penal comentado o crime de estupro. Disponível em:
<http://josenabucofilho.com.br/home/direito-penal/parte-especial/937-2/>. Acesso em: 18
JUN 2020.
PACELLI, Eugênio. Curso de Processo Penal. 21 a ed., rev., atual. e ampl. São
Paulo:
Atlas, 2017.
https://jus.com.br/artigos/46287/estrito-cumprimento-do-dever-legal-natureza-juridica-
etipicidade-conglobante>. Acesso em: 18 JUN 2020.