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religioso que pertenciam à cultura dos nórdicos durante a Era Viking (de 793 a 1066). Essas
histórias eram passadas de geração em geração a partir da oralidade por contadores de história
(chamados de bardos). Alguns dos relatos da mitologia nórdica foram registrados por um poeta
islandês chamado Snorri Sturluson no século XIII.
A Edda em Prosa foi escrita em nórdico antigo pelo poeta islandês Snorri Sturluson em 1220. A
intenção de Sturluson ao escrever essa obra era torná-la uma espécie de manual útil às novas
gerações de poetas. O livro desse poeta teve como grande mérito a organização de uma
narrativa linear que retratou a visão de mundo dos nórdicos desde a criação até a destruição
do universo, a partir de um evento chamado Ragnarök.
O livro de Sturluson foi organizado em quatro capítulos, e o principal deles foi chamado de
Gylfaginning (o logro de Gylfi). Nesse capítulo, foi narrada a história do mundo a partir de um
diálogo de um rei sueco chamado Gylfi com três divindades diferentes. A obra de Sturluson,
apontam muitos historiadores, sofreu influências do cristianismo (a Islândia era cristã desde o
ano 1000).
Já a Edda Poética foi considerada a principal fonte de conhecimento sobre a mitologia nórdica
– Snorri Sturluson fez uso das histórias registradas na Edda Poética para escrever sua Edda em
Prosa. A Edda Poética é composta basicamente por uma série de poemas escritos em nórdico
antigo, agrupados em um manuscrito conhecido como Codex Regius. O autor desse manuscrito
ainda é desconhecido.
O manuscrito, no qual os pesquisadores tiveram acesso aos poemas do Codex Regius, foi
localizado em uma fazenda islandesa em 1643, e, segundo o historiador Johnni Langer, foi uma
cópia de outro manuscrito (este perdido), escrito por volta de 1200|1|. Na Edda Poética,
alguns dos principais poemas são Völuspá (A profecia da mulher sábia) e Hávamal (A balada do
mais alto).
Seres míticos da mitologia nórdica
A mitologia nórdica foi caracterizada pela crença dos nórdicos em uma série de seres
sobrenaturais. Entre esses seres sobrenaturais, destacamos os seguintes:
Elfos: eram seres humanoides que faziam parte da crença mitológica dos nórdicos. Os
pesquisadores acreditam que os elfos, em geral, eram vistos como seres bons e alvos de
adoração e sacrifício;
Dragão: é um dos seres míticos mais comuns da mitologia nórdica e, segundo Johnni Langer,
era retratado como “uma grande serpente, com cabeça, mandíbula e presas de crocodilo”|2|;
Nornas: serem míticos femininos que os nórdicos acreditavam reger o destino das pessoas e do
universo;
Valquírias: eram mulheres sobrenaturais que serviam a Odin e tinham como objetivo
selecionar os guerreiros que morreriam em batalha para levá-los ao Valhalla (salão dos
mortos). Esses guerreiros escolhidos pelas valquírias lutariam contra os gigantes de fogo
durante o Ragnarök. Para mais detalhes sobre as valquírias, clique aqui.
A crença religiosa dos nórdicos era caracterizada pelo politeísmo, ou seja, esse povo acreditava
em mais de um deus. Entre todos os deuses da mitologia nórdica, destacam-se Odin e Thor.
Odin era o principal deus da mitologia nórdica e era considerado o pai de todos e possuidor de
todo o conhecimento do universo. Já Thor era considerado o matador de gigantes e o deus
mais adorado entre os nórdicos da Era Viking.
Gangleri começou então seu interrogatório: “Quem é o mais importante, ou mais antigo, de
todos os deuses?”
Hárr respondeu: “Ele é chamado Pai de Todos em nossa língua, mas na antiga Asgard ele tinha
doze nomes: o primeiro nome é Odin […]”.
Em seguida, perguntou Gangleri: “Onde está esse deus, ou qual o seu poder, ou o que ele já
fez, que é um ato glorioso?”
Hárr deu a resposta: “Ele vive em todas as épocas e governa todo o seu reino, e dirige todas as
coisas, grandes e pequenas.”
Então lhe disse Jafnhárr: “Ele criou os Céus e a terra e o ar, e todas as coisas que há neles.”|3|
Thor tem dois bodes, que são chamados de Tanngnjóstr e Tanngrisnir na qual ele dirige, e os
bodes puxam-na, por isso ele é chamado de Öku-Thor. Ele também possui três coisas de grande
valor: um é o martelo Mjölnir, que os Gigantes de Gelo e os Gigantes da Montanha conhecem
quando é levantado ao alto, e isto é de se admirar, pois feriu muitos crânios entre seus pais ou
seus parentes. Ele tem um segundo tesouro valioso, o melhor de todos, o Megingjarder, ou o
Cinturão de Força, e quando ele aperta-o em sua cintura, então a força divina dentro dele é
duplicada. No entanto, uma terceira coisa ele possui, na qual há muita virtude: suas Luvas de
Ferro, ou Járnglófar, ele não pode ficar sem elas quando usa o martelo. Mas ninguém é tão
sábio a ponto de poder dizer a todos as suas grandes obras, mas posso te dizer tantas histórias
dele que as horas seriam gastas antes de tudo o que eu sei fosse dito|4|.
Além disso, a visão de mundo dos nórdicos encerrava-se no Ragnarök, um evento catastrófico
antecedido por um longo ciclo de três invernos seguidos (fimbulvinter), em que
acontecimentos apocalípticos levariam à destruição parcial do universo e uma nova ordem
seria constituída. Nesse evento catastrófico, Odin e Thor teriam sido mortos em batalha.
Odin foi derrotado e devorado pelo lobo gigante Fenrir, e Thor matou a serpente do mundo,
Jörmungadr, porém foi morto pelo veneno dela. Alguns historiadores afirmam que a narrativa
do Ragnarök foi uma influência cristã na mitologia nórdica por causa das semelhanças do
evento com o Apocalipse.
Notas
|1| LANGER, Johnni. Edda Poética. In: LANGER, Johnni (org.). Dicionário de mitologia nórdica:
Símbolos, mitos e ritos. São Paulo: Hedra, 2015, p. 147.
|2| LANGER, Johnni. Dragão Escandinavo. In: LANGER, Johnni (org.). Dicionário de mitologia
nórdica: Símbolos, mitos e ritos. São Paulo: Hedra, 2015, p. 138.
|3| STURLUSON, Snorri. Edda em Prosa: Gylfaginning e Skáldskaparmál. Belo Horizonte,
Barbudânia, 2015, p. 24-25.