Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
SÃO PAULO
2022
VICTÓRIA HENDGES IVO
SÃO PAULO
2022
VICTÓRIA HENDGES IVO
Aprovado(a) em:
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________________
Examinador(a):
__________________________________________________________
Examinador(a):
__________________________________________________________
Examinador(a):
RESUMO
Hostile architectures are considered to be social control strategies that, through architecture
and design, intend to exclude groups considered undesirable and, therefore, liable to
repression and removal from social life. In turn, the Right to the City can be defined as the
interdependent human right, which consists in the equitable use of cities, within the
observance of parameters of sustainability, democracy, equity and social justice. With these
concepts in view, this monograph sought to elucidate the eminent parallel between hostile
architecture and the right to the city. More specifically, the present research aimed to clarify
the reasons why the use of hostile architecture techniques consist of an offense to the right to
city is a real obstacle to its realization, as well as its consequences for the essence of public
space and for the social relations that permeate the city. In order to do so, the bibliographic
research was used as the main method, in which the phenomenon of hostile architecture and
its consequences in society was analyzed from a deep study of the current legislation and the
literature on the subject, starting from a bibliographic review composed by the leading authors
in the field. Finally, the research found that hostile architecture violates the right to the city
and is a real obstacle to its fulfillment, as it does not bring any solution to the problem of
people in vulnerable situations, in addition to being an instrument of segregation and social
exclusion.
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 6
1 A CIDADE COMO OBJETO DE PROTEÇÃO NORMATIVA ....................... 7
1.1 PRECEDENTES E O DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DA CIDADE ...... 7
1.2 A CONCEPÇÃO ATUAL DE CIDADE ............................................................ 11
1.3 A CIDADE COMO OBJETO DE PROTEÇÃO NORMATIVA ....................... 14
2 ANTECEDENTES DO DIREITO À CIDADE E O DIREITO À CIDADE NA
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA.................................................................................... 22
3 A “ARQUITETURA HOSTIL” E SUAS CONSEQUÊNCIAS NA DINÂMICA
URBANA E SOCIAL ................................................................................................... 30
3.1 A DEFINIÇÃO E ABRANGÊNCIA DE “ARQUITETURA HOSTIL”. ........... 30
3.2 A ARQUITETURA HOSTIL COMO OFENSA AO DIREITO À CIDADE .... 35
3.3 AS CONSEQUÊNCIAS DA ARQUITETURA HOSTIL NA DINÂMICA URBANA
E SOCIAL. .................................................................................................................. 41
CONCLUSÃO............................................................................................................... 45
BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................... 47
6
INTRODUÇÃO
Não havia cúria ou fratria sem o seu altar e o seu deus protetor. Ali o ato
religioso era da mesma natureza do realizado em família. Consistia
essencialmente na refeição em comum; o alimento, tendo sido preparado
sobre o próprio altar, era, por consequência, sagrado, e comia-se recitando
algumas orações; a divindade estava presente e recebia a sua parte de
alimentos e de bebidas.
(...)
Estas práticas dão-nos a perceber como os antigos acreditaram que todo o
alimento preparado sobre o altar e compartilhado entre muitas pessoas
estabelecia entre estas um vínculo indissolúvel e sagrada união só acabada
com a morte.
8
Cada fratria ou cúria tinha seu chefe, curião ou fratriarca, cuja principal
função era a de presidir os sacrifícios. Talvez, originariamente, suas
atribuições tivessem sido mais amplas. A fratria tinha suas assembleias, as
suas deliberações, e podia promulgar decretos. Na fratria, como na família,
havia um deus, um culto, um sacerdócio, uma justiça e um governo. Era
como uma pequena sociedade modelada exatamente sobre a família.
tribos. Em outras palavras, a cidade era a associação religiosa e política das famílias e das
tribos.
No entanto, é apenas com o advento da pólis grega que houve a expansão da vida
privada ao âmbito público. A partir desse momento, o espaço urbano e comum a todos os
habitantes tornou-se o centro da vida política. A política, concebida como a aptidão dos
governados para participar na negociação, era incumbência dos cidadãos habitantes da pólis, e
envolvia diversos processos de desenvolvimento e manutenção do poder de dirigência do
ambiente público. Como bem esclareceu Magareth Leister (2006, p. 18), “ao cidadão era
permitido participar de assembleias e ser designado para cargos públicos, bem como possuir
terrenos no interior da polis”.
O privilégio da cidadania era obtido por nascimento, de maneira que o grego usufruía
da cidadania da pólis a que pertenciam os seus pais. Fundamentalmente, os cidadãos membros
da polis eram a única classe detentora do direito de participar da vida política da cidade-
estado e das pautas públicas. Necessário, ademais, distinguir a conceituação de “cidadania”
antiga da atual, pois a cidadania não envolvia prerrogativas e obrigações a serem observadas
por um indivíduo na vida em sociedade, e sim um espírito de familiaridade para com os seus
iguais.
As pólis estabelecidas na Grécia antiga, para além de significarem uma mera
organização demográfica de várias famílias distintas, foram terreno fértil para que os gregos
passassem a debater; elaborar e transformar as leis que regiam o seu cotidiano, e,
invariavelmente, pensar a vida em sociedade.
Enquanto na civilização grega a ideia de cidade estava atrelada à unidade de pessoas
da mesma família e, posteriormente, a segregação da cidade como espaço restrito aos
cidadãos da pólis, em Roma, a cidade era uma confluência de pessoas com religiões, etnias e
status diferentes, cuja única concordância era a submissão à mesma lei. Em síntese, aquilo
que regia o espaço público e a vida em sociedade não eram preceitos inatos, mas sim um
objetivo: a expansão do Império Romano.
Para os romanos, a compreensão do espaço perpassava por uma dualidade,
correspondente à sua experiência para com ele. Nesses termos, havia o espaço sagrado, aquele
que era habitado e enxergado como expressão da ordem interna e submetido aos comandos de
Roma, e o profano, sem estrutura, nem consistência, povoado por seus inimigos ou
simplesmente desabitado.
10
A forte presença dessas liturgias deixa evidente que a cidade romana, enquanto noção
no imaginário de seus habitantes, não possuía apenas uma existência física, mas alcançava um
plano sobrenatural. Uma vez que a cidade possuía uma existência peculiarmente religiosa,
assim como ela deveria ser fundada por meio de rituais, devia ser igualmente destruída por
meio de cerimônias, ainda que seus rivais não compactuassem com suas práticas religiosas. A
destruição física da cidade era insuficiente: era necessário que fosse desfeita segundo os ritos
adequados.
Posteriormente, já na época feudal, inaugurada com a queda do Império Romano no
século V, verificou-se uma desarticulação do padrão urbano anteriormente estabelecido. A
ausência de um poder político central acarretou um enfraquecimento das relações interurbanas
e, consequentemente, o sucateamento de alguns setores comerciais.
Uma das características mais marcantes do feudalismo, em termos socioeconômicos, é
sua base econômica predominantemente agrícola. Aqui, a terra passou a ser a única fonte de
sustento e, consequentemente, indicativo de riqueza. Conforme a lição de Maria Encarnação
B. Sposito (2022, p. 27), “a produção artesanal, antes localizada na cidade, volta a se fazer no
campo, nos limites do feudo, garantindo que toda organização social do novo modo de
produção esteja assentada na posse da terra”.
Assim, conclui-se que o cerne da cidade antiga residia na expressão do contexto
histórico em que o homem vivia. Para além de constituir um espaço de encontro do sacro com
o mundano, envolvia a experiência do homem consigo mesmo e com os seus semelhantes.
11
Destarte, a cidade também pode ser concebida a partir de sua paisagem, ou seja, o
conjunto de elementos naturais e artificiais, ordenados e distribuídos sobre uma porção
territorial, que se prestam a caracterizar fisicamente uma determinada área.
Ainda, a cidade atual, conforme preceitua Ana Fani (2021, p. 69), “é essencialmente o
locus da produção, concentração de meios de produção, do capital, da mão de obra, mas é
também concentração de população e bens de consumo coletivo”. Sob outra ótica, a cidade
também carrega um significado enquanto empreendimento, se prestando a satisfazer às
necessidades individuais e coletivas dos vários setores de sua população. O “espaço, uno e
múltiplo, por suas diversas parcelas, e através do seu uso, é um conjunto de mercadorias, cujo
valor individual é função do valor que a sociedade, em um dado momento, atribui a cada
pedaço de matéria, isto é, cada fração da paisagem” (SANTOS, 2006, p. 67). A cidade, à
medida que trata-se de uma construção humana e produto da vida em sociedade, é também a
ocupação do solo e sua transformação gradual em meio de produção, consumo e habitação.
12
Ainda no que tange aos municípios, a Constituição Federal estabelece que a criação de
municípios exige o reconhecimento pelos respectivos Estados em que estão inseridos, sendo
matéria de lei estadual a instituição da autonomia municipal. Em outras palavras, somente
depois de aprovada, mediante lei estadual, a criação de determinado município, é que ele
adquirirá personalidade jurídica de direito público interno e autonomia política, administrativa
e financeira.
Conclui-se, portanto, que os direitos humanos são aqueles salvaguardados pela ordem
internacional, especialmente por meio de tratados multilaterais, globais ou regionais, e se
prestam a proteger o indivíduo contra as violações e arbitrariedades estatais. Possuem também
a função de definir padrões (standards) mínimos de proteção e dignidade para além do plano
jurisdicional interno, de modo que todos os Estados devem observância.
Ainda, os direitos humanos são dotados de características particulares, capazes de criar
uma distinção entre os demais direitos, principalmente aqueles positivados pelo Direito
interno de cada país. Essas características são as seguintes:
17
1
Agravo em Recurso Especial n° 639337; Relator Ministro Celso de Mello; 2ª Turma do Supremo Tribunal
Federal – STF; julgado em 23.08.2011.
19
econômicos, sociais e culturais, assim como os direitos coletivos. Essa geração tem como
gênese a revolução industrial europeia, a Primeira Guerra Mundial e a luta em prol dos
direitos sociais.
Aqui, verifica-se o surgimento das ditas constituições sociais, como a Constituição
Mexicana (1917), e a Constituição da República de Weimar (1919), em que se buscava uma
presença ativa do Estado, que estava incumbido de incorporar e colocar em prática direitos
sociais, trabalhistas, culturais e econômicos.
Para Rodrigo Padilha (2019, p. 243), muito embora os direitos de segunda geração
representem “a esperança da justiça social e de uma vida mais digna do ser humano na
sociedade em que participa, aliada na ideia de uma justiça distributiva e no reconhecimento de
direitos dos hipossuficientes, em busca de uma igualdade material”, esses direitos não são
autoaplicáveis, dependendo diretamente da atuação legislativa e administrativa do Estado.
Por essa razão, os direitos de segunda geração requerem uma prestação estatal
positiva, na medida em que exige ações concretas para a efetivação de tais direitos. Dentre os
quais, se destacam os direitos sociais à saúde, ao trabalho, à alimentação, à educação, ao
salário mínimo, à aposentadoria, e dentre outros.
Por fim, atualmente, já se fala numa quinta geração de direitos humanos, fundada sob
a concepção da paz no âmbito da normatividade jurídica. O direito à paz teria um papel
protagonista, surgindo como direito supremo direito da humanidade.
Diante de todo o exposto, e partindo da premissa que o tipo de cidade que buscamos
construir está intimamente conectado às relações sociais que cultivamos, às relações com a
natureza nos satisfazem mais, ao estilo de vida desejamos levar e aos valores estéticos que
buscamos enaltecer, o direito à cidade vai muito além de um direito de perspectiva individual
aos recursos que a cidade incorpora: é o direito de mudar e reinventar a cidade mais de acordo
com nossos mais profundos desejos e necessidades. Além disso, é um direito mais coletivo do
que individual, uma vez que a cidade só encontra seu verdadeiro sentido na vida em
sociedade.
A perspectiva de transformação social que a cidade exige nos tempos atuais pode ser
vislumbrada, especialmente, nos direitos de terceira dimensão. A concretização desses direitos
reclama uma eminente distribuição de recursos na sociedade. Nesses termos, evidente que o
direito à cidade é um direito metaindividual, alocado na terceira dimensão dos direitos
humanos. É, por sua essência, o direito que os cidadãos têm a uma cidade organizada, a um
ambiente harmônico e, principalmente, a um local que proporcione dignidade à pessoa. Em
suma, viabilizar e concretizar o direito à cidade é também dar efetividade à dignidade do
indivíduo.
Pensar a cidade como sendo um espaço coletivo, abrangente, cuja finalidade se
aperfeiçoa em sua fruição universal, apto a abarcar todas as nuances culturais, econômicas e
sociopolíticas da sociedade que a compõe, implica, hoje, utilizar o Direito como instrumento
de mudança social e emancipação. Sobre isso, temos as palavras de Wilson Levy (2021, p.
73):
O direito à cidade é um conceito cuja origem é muito mais filosófica que propriamente
jurídica, a despeito do termo “direito”. Isto é, antes de vir a ser uma prerrogativa positivada
institucionalmente e passar a compor o arcabouço normativo de determinado país, o direito à
cidade inicialmente surge como uma nova forma de pensar a cidade, a partir de das
necessidades e urgências da sociedade urbana.
Nesse sentido, o slogan do direito à cidade surge em 1968, a partir da obra homônima
do sociólogo e filósofo Henri Lefebvre. O ponto de partida do livro é uma reflexão teórica
sobre a forma como as cidades estão se desenvolvendo nas sociedades capitalistas.
Para o referido autor, as necessidades sociais possuem fundamento essencialmente
antropológico, e servem como molde para as mudanças urbanas. No entanto, a urgência em
organizar as demandas sociais, emergentes com o advento dos grandes centros urbanos, não
se prestaria a reestabelecer a cidade antiga, ou seja, aquela que não foi transformada pelos
processos de industrialização e urbanização intensos a era moderna. A cidade antiga, antes de
mais nada, “era participar de uma vida social, de uma comunidade, aldeia ou cidade. A vida
urbana detinha, entre outras, essa qualidade, esse atributo. Ela deixa habitar, permitia que
citadinos-cidadãos habitassem” (LEFEBVRE, 2010, p. 118). As novas reivindicações sociais,
forjadas pela urbanização, pelo fato de estarem em constante mudança, evidenciaram uma
grande indeterminação da ciência urbana. Em outros termos, seria impossível definir com
clareza o objeto de estudo da ciência urbana, uma vez que a cidade está em uma perpétua
transmutação.
Por essa razão, é impossível restituir aquilo que um dia foi a cidade antiga. A cidade,
como expressão máxima da prática coletiva e suas iminentes ânsias, encontra sua substância
nas próprias mudanças sociais. Essas mudanças não são artificialmente arquitetadas, mas, em
verdade, são um produto orgânico da vida comunitária (LEFEBVRE, 2010, p. 109):
Nas frases precedentes, o “nós” tem apenas o alcance de uma metáfora. Ele
designa os interessados. Nem o arquiteto, nem o urbanista, nem o sociólogo,
nem o economista, nem o filósofo ou o político podem tirar do nada, por
decreto, novas formas e relações. Se é necessário ser exato, o arquiteto, não
mais do que o sociólogo, não tem os poderes de um taumaturgo. Nem um,
nem outro cria as relações sociais. Em certas condições favoráveis, auxiliam
certas tendências a se formular (a tomar forma). Apenas a vida social (a
práxis) na sua capacidade global possui tais poderes. Ou não os possui. As
pessoas acima relacionadas, tomadas separadamente ou em equipe, podem
23
O direito à cidade, portanto, emerge como um fator decisivo na busca pela reversão da
hegemonia dos valores econômicos, personificados por uma elite cultural, política e
econômica, sobre as funções sociais da cidade e na luta para que a cidade possa ser
experienciada como um espaço de usufruto coletivo. O direito à cidade visa, sobretudo,
enfrentar o caráter discriminatório das relações sociais, atuante em detrimento de grupos
específicos, geralmente desprovidos de bens, propriedade e capital.
O pensamento de Lefebvre (2010, p. 117-118), com relação à abrangência do direito à
cidade, está condensado no seguinte trecho:
O direito à cidade não pode ser concebido como um simples direito de visita
ou de retorno às cidades tradicionais. Só pode ser formulado como direito à
vida urbana, transformada, renovada. Pouco importa que o tecido urbano
encerre em si o campo e aquilo que sobrevive da vida camponesa conquanto
que “o urbano”, lugar de encontro, prioridade do valor de uso, inscrição no
espaço de um tempo promovido à posição de supremo bem entre os bens,
encontre sua base morfológica, sua realização prático-sensível. O que
pressupõe uma teoria integral da cidade e da sociedade urbana que utilize os
recursos da ciência e da arte. Só a classe operária pode se tornar o agente, o
portador ou o suporte social dessa realização.
A definição de Direito à Cidade, nos termos estipulados pela carta, deixa claro que seu
conceito é compreendido a partir da intersecção com outros direitos. Assim, o direito à cidade,
muito embora seja um direito autônomo e plenamente aplicável por si só, congrega inúmeros
outros direitos, orientados à preservação e desenvolvimento de espaço coletivo culturalmente
rico e diversificado, pertencente a todos os seus habitantes.
A Carta também delimita as fronteiras da cidade: o conceito enquanto local e espaço
físico, “é toda metrópole, urbe, vila ou povoado que esteja organizado institucionalmente
como unidade local de governo de caráter municipal ou metropolitano. Inclui tanto o espaço
urbano como o entorno rural ou semi-rural que forma parte de seu território.”. Enquanto
espaço político, “a cidade é o conjunto de instituições e atores que intervêm na sua gestão,
como as autoridades governamentais, legislativas e judiciárias, as instâncias de participação
social institucionalizadas, os movimentos e organizações sociais e a comunidade em geral”.
O artigo 2º da Carta ratifica a função social inerente à cidade, de modo que sua
finalidade deve ser garantir a todos seus habitantes o usufruto pleno dos recursos que a mesma
oferece. A cidade deve assumir a “realização de projetos e investimentos em benefício da
comunidade urbana no seu conjunto, dentro de critérios de equidade distributiva,
complementaridade econômica, respeito à cultura e sustentabilidade ecológica para garantir o
bem estar de todos os habitantes, em harmonia com a natureza, para hoje e para as futuras
gerações”.
Com relação ao espaço da cidade como um todo, os bens públicos e privados da
cidade e dos cidadãos deverão ser gozados tendo em vista o interesse social, cultural e
26
ambiental. Além disso, “todos os cidadãos têm direito a participar da propriedade do território
urbano dentro de parâmetros democráticos, de justiça social e de condições ambientais
sustentáveis. Na formulação e implementação de políticas urbanas deve ser promovido o uso
socialmente justo e ambientalmente equilibrado do espaço e do solo urbano, em condições
seguras e com equidade entre os gêneros”.
Os grupos e pessoas em situação de vulnerabilidade têm um destaque especial ao
longo da redação da Carta, de modo que são detentores de direitos e prerrogativas especiais de
proteção e integração, de distribuição de recursos, de acesso aos serviços essenciais e de não-
discriminação. O rol de pessoas em situação vulnerável inclui indivíduos e grupos em
situação de pobreza, em risco ambiental (ameaçados por desastres naturais), vítimas de
violência, com incapacidades, migrantes forçados, refugiados e todo grupo que, segundo a
realidade de cada cidade, esteja em situação de desvantagem em relação aos demais
habitantes.
Assim sendo, as cidades, por meio de políticas de afirmação positiva dos grupos
vulneráveis, devem buscar suprimir todos os obstáculos de ordem política, econômica, social
e cultural que ameacem ou sirvam como limitantes da liberdade, equidade e igualdade dos
cidadãos, e que impedem o pleno desenvolvimento da pessoa humana e sua efetiva
participação política, econômica, cultural e social da cidade.
Também faz parte do escopo do direito à cidade condições favoráveis para a
efetivação da segurança pública, da convivência pacífica, do desenvolvimento coletivo e do
exercício da solidariedade. Para tanto, deve ser garantido o pleno usufruto da cidade sob uma
perspectiva antidiscriminatória, a partir do respeito à diversidade e tendo em vista um
constante movimento à preservação da memória e da identidade cultural de todos os que
habitam a cidade.
Novamente, importante destacar a patente complexidade associada ao Direito à
Cidade: não se trata de um direito que assegura o mero acesso ao espaço urbano, mas, em
verdade, é uma prerrogativa que cuja aplicação e efetividade estão intrinsecamente
conectados a outros direitos, como a dignidade da pessoa humana, o direito à moradia, o
acesso à serviços e à infraestrutura pública, à participação democrática de todos nos processos
de planejamento urbano, e entre outros.
No cenário brasileiro, o direito à cidade começou a emergir na década de 1980, a partir
de um intenso processo de conquistas democráticas, sociais, sindicais e políticas. No contexto
desse movimento de luta, constitui-se o Movimento Nacional pela Reforma Urbana (MNRU).
O movimento, interrompido momentaneamente no período da ditadura militar, retornou de
27
Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e
cinqüenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem
oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o
domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou
à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.
§ 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
§ 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.
A ponderação de Carlos Ari Sundfeld (2014, p. 51-52) sobre o papel da cidade, a partir
das considerações do Estatuto, é certeira:
A cidade, como espaço onde a vida moderna se desenrola, tem suas funções
sociais: fornecer às pessoas moradia, trabalho, saúde, educação, cultura,
lazer, transporte, etc. Mas, como o espaço da cidade é parcelado, sendo
objeto de apropriação, tanto privada (terrenos e edificações) como estatal
(ruas, praças, equipamentos, etc.), suas funções têm de ser cumpridas pelas
partes, isto é, pelas propriedades urbanas. A política urbana tem, portanto, a
missão de viabilizar o pleno desenvolvimento das funções sociais do todo (a
cidade) e das partes (cada propriedade em particular).
29
(...)
A arquitetura hostil também pode ser ilustrada a partir das seguintes imagens:
daquele espaço pessoas em situação de rua que, eventualmente, decidissem ocupar os vãos
como abrigo ou ponto de parada.
Art. 2º......................................................................................
................................................................................................... XX –
promoção de conforto, abrigo, descanso, bem-estar e acessibilidade na
fruição dos espaços livres de uso público, de seu mobiliário e de suas
interfaces com os espaços de uso privado, vedado o emprego de técnicas de
arquitetura hostil, destinadas a afastar pessoas em situação de rua e outros
segmentos da população.
Nesse sentido, o Senador Paulo Paim emitiu parecer com relação ao Projeto de Lei,
opinando pela sua constitucionalidade e juridicidade e, consequentemente, pelo seu
acatamento. O senador, inclusive, deixa claro as razões pelas quais a vedação da arquitetura
hostil é um tema atual e relevante, e que merece a devida regulamentação:
Nessa esteira, o poder legislativo municipal também vem se mobilizando para incluir a
arquitetura hostil no debate público. A Câmara Municipal do Rio de Janeiro aprovou o
Projeto de Lei nº 41/2021, que visa proibir a colocação de objetos ou obstáculos que possam
impedir a livre circulação e permanência de pessoas, em espaços públicos do município.
O projeto tem como escopo vedar diretamente a “colocação de pedregulhos, pedras,
vidros e outros objetos similares ou obstáculos que possam impedir a livre circulação e
permanência de pessoas”. Essa vedação é direcionada, em especial, aos espaços públicos
situados sob vãos e pilares de viadutos, pontes, passarelas, bem como seus arredores;
calçadas; praças e quaisquer outros espaços públicos cuja circulação e instalação de pessoas
34
possa ser obstada sem que haja uma justificativa plausível para tanto. As únicas exceções a
esse óbice são as circunstâncias em que haja risco à população por conta de condições
ambientais adversas, ou quando restar demonstrado que a permanência em tais áreas é
incompatível com a proteção do meio ambiente.
A justificativa que ensejou a propositura do Projeto de Lei fluminense chamou atenção
à difícil vivência da população em situação de rua: há uma relação paradoxal entre a
invisibilidade desses indivíduos, no sentido de serem reiteradamente marginalizados, sem que
haja políticas públicas reparadoras; e a sua visibilidade, pois se trata de uma realidade comum
às cidades brasileiras e, infelizmente, normalizada por muitos.
Também foi esclarecido que a arquitetura hostil, ao bem da verdade, é uma forma de
violência direcionada a pessoas que, diariamente, já são violentadas, marginalizadas e
vandalizadas em face de sua condição socioeconômica. Por fim, sustentou-se que os
dispositivos legais inaugurados pelo Projeto de Lei encontram supedâneo na dignidade
inerente a todo ser humano, de modo que a condição involuntária de pessoa em situação de
rua jamais poderia autorizar com que o Estado, continuamente, extirpe a precária moradia
dessa camada vulnerável da sociedade, sem qualquer diálogo ou via alternativa. Veja-se:
Sob essa definição, é perceptível que os maiores alvos da arquitetura hostil são as
pessoas em situação de rua. Justamente por não possuírem moradia com a infraestrutura
necessária para um viver saudável, essas pessoas, em constante estado de vulnerabilidade, se
veem compelidas a buscar abrigo nos mais adversos locais. Frisa-se que essa vulnerabilidade
não é, de modo algum, voluntária, mas sim produto da ausência de políticas públicas
adequadas, bem como consequência da marginalização e miséria que assola o país.
Outrossim, a arquitetura hostil não apenas viola o direito à cidade por exprimir uma
vontade de repressão e afastamento de certos grupos do convívio natural a toda sociedade. Ela
também evidencia o fracasso completo do Estado em proporcionar moradia digna e
sustentável a seus habitantes.
A definição de moradia pode ser apreendida a partir de uma noção de local físico,
“dotado da característica de permanência de uma ou mais pessoas” (SANGALI e
MACHADO, 2020, p. 82). Ainda, “é o lugar de identificação de uma pessoa ou de uma
família, visto que é nela onde desenvolvem-se as relações afetivas e sociais impactantes, bem
como onde busca-se o descanso, a proteção e a felicidade” (SANGALI e MACHADO, 2020,
p. 82).
A partir desse viés, a moradia é um componente imprescindível para a desenvoltura
saudável de qualquer indivíduo. Inclusive, o direito à moradia foi elevado ao status de direito
social em 2000, com o advento da Emenda Constitucional nº 26, que alterou o rol previsto no
artigo 6º da Constituição Federal. A redação atual do referido artigo é a seguinte:
2
SANTIAGO, Tatiana. 27% dos imóveis ociosos notificados no Centro de SP pagam IPTU progressivo por
não cumprirem função social. G1, São Paulo, 27 de julho de 2021. Disponível em:
https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2021/07/27/27percent-dos-imoveis-ociosos-notificados-no-centro-de-
sp-pagam-iptu-progressivo-por-nao-cumprirem-funcao-social.ghtml. Acesso em: 31 de outubro de 2022.
39
Com vistas a implementar diretrizes que garantam a devida aplicação da função social
da propriedade, o inciso III do artigo 1.275 do Código Civil de 2002 estabeleceu que uma
propriedade é passível de perda por abandono. Nesse seguir, o artigo 1.276 do mesmo
diploma legal estabelece alguns requisitos para que seja configurado o abandono. Veja-se:
Art. 4o Para os fins desta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos:
(...)
III – planejamento municipal, em especial:
40
a) plano diretor;
b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo;
c) zoneamento ambiental;
d) plano plurianual;
e) diretrizes orçamentárias e orçamento anual;
f) gestão orçamentária participativa;
g) planos, programas e projetos setoriais;
h) planos de desenvolvimento econômico e social;
Art. 5o Lei municipal específica para área incluída no plano diretor poderá
determinar o parcelamento, a edificação ou a utilização compulsórios do solo
urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, devendo fixar as
condições e os prazos para implementação da referida obrigação.
Pois bem. A despeito de existir uma parcela considerável de imóveis urbanos não
cumprindo a sua função social, a crise da moradia no Brasil está longe de ser solucionada.
Mesmo inutilizados, e com a total capacidade de serem desapropriados de seus antigos
proprietários, tais imóveis não são reformados e direcionados à consecução de políticas
públicas de incentivo à moradia digna. Aqui, verifica-se um ciclo de reiteração da arquitetura
hostil: a falta de moradia digna, ocasionada pela combinação da pobreza e da falta de atuação
estatal para garantir que a propriedade de imóveis urbanos seja exercitada a partir de sua
função social, faz com que a arquitetura hostil seja cada vez mais utilizada como forma de
contingência da ocupação de espaços públicos pela população vulnerável.
Diante de todo o exposto, evidente, portanto, que a arquitetura hostil se apresenta
como uma solução simplista para um problema estrutural. Ainda que diante da premissa de
proteger, preservar e conservar os espaços urbanos segundo suas adequadas funções, a
política urbana deve pautar-se por uma visão holística, humana e não excludente, sob pena de
causar outras consequências irreversíveis à sociedade.
A arquitetura hostil, por conta de sua função essencialmente excludente, não resolve o
problema da falta de moradia digna no Brasil. Em verdade, o contrário é observado: sua
utilização decorre de uma tentativa de esconder o verdadeiro problema. O êxito da aplicação
de técnicas de arquitetura hostil repele indivíduos carentes e desprivilegiados das regiões de
prestígio da cidade, mas não faz com que eles, subitamente, encontrem uma moradia digna. O
que se tem é apenas o afastamento do dito “problema” – ou seja, o fato de que existem
pessoas em um estado alarmante de miséria, a ponto de precisarem se abrigar em vãos,
pontes, praças, e quaisquer outros espaços não destinados à habitação - do campo de visão da
camada mais abastada da sociedade, bem como a transferência dessa problemática para áreas
periféricas, já marcadas historicamente pela pobreza, escassez, dificuldade e precariedade.
41
Na conjuntura atual, a falta de moradia digna é vista como uma mera inconveniência,
mas que não poderá ser imputada à população rica da sociedade. Destarte, a partir do uso de
técnicas de arquitetura hostil, a responsabilidade por essa realidade, tão dura e persistente no
Brasil, é transladada para outras partes da cidade, mas jamais aniquilada.
A existência e aplicação de técnicas de arquitetura hostil só encontram sua razão
justamente porque o Estado é falho em proporcionar a seus habitantes a concretização do
direito à moradia digna. Em uma circunstância ideal, em que todos os indivíduos da
sociedade brasileira tenham uma moradia adequada segundo os ditames da própria
Constituição, ninguém precisaria ocupar espaços públicos com a intenção de ali fixar-se
definitivamente. No racional da classe dominante, o problema é a presença indesejada de
indivíduos social e economicamente vulneráveis em ambientes relevantes dentro de
determinada cidade, de modo que a resolução para tal impasse é a confecção de uma nova
estrutura do espaço público que impeça a ocupação de espaços fisicamente livres e
desimpedidos. Porém, a verdadeira controvérsia vai além: a ocupação de tais espaços não é
voluntária; é uma ocupação marcada pela falta de opções, em que a única saída é se instalar
onde é possível sobreviver, mesmo que em condições sub-humanas.
Em suma, a utilização da arquitetura hostil só reforça que, a despeito das inúmeras
prerrogativas que a Constituição Federal e a legislação infraconstitucional conferem aos
cidadãos e habitantes do Brasil, vivemos em uma sociedade pouco integrada, marcada
fortemente pela estratificação e pela hierarquia de uma elite socioeconômica.
autônomos, de instituições ou fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público haja
concorrido ou concorra com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita ânua, de
empresas incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos
Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres
públicos. No âmbito da Ação Popular, tem-se por patrimônio público os bens e direitos de
valor econômico, artístico, estético, histórico ou turístico.
De todo modo, a cidade possui como função principal ser um local de exercício da
urbanidade e cidadania a partir do convívio com o outro, do reconhecimento, da integração e
do respeito às diferenças pessoais e coletivas. Qualquer tentativa de subversão da finalidade
coletiva, pública e gregária do espaço urbano deve ser questionada, dispondo o direito
brasileiro de instrumentos plenos de proteção e salvaguarda ao direito à cidade.
Em uma perspectiva diametralmente oposta à essência da vida em comunidade, a
arquitetura hostil traz ao ambiente da cidade um paradigma forjado para instalar divisões e
distâncias, marcando fortemente a experiência urbana com uma noção de “nós” e o “os
outros”, o “de dentro”, e o “de fora”, aquilo que deve ser endossado contra aquilo que deve
ser reprimido, sem trazer à discussão pública nenhuma solução efetiva para a problemática da
moradia e das pessoas em situação de rua. As repercussões da arquitetura hostil
consubstanciam-se em uma cidade cujos fragmentos são pautados, primordialmente, por
“interesses individuais, consumistas e pontuais, não constituindo mais um conjunto plural de
conformações sociais, econômicas, culturais e ambientais” (DIAS, 2019, p. 51).
45
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 26ª edição. São Paulo: Malheiros,
2011.
CALLAI, Helena C.; DEON, Alana R.; MORAES, Maristela Maria D.; et al. O Estudo da
Cidade: Das Vivências à Formação Cidadã. Ijuí: Editora Unijuí, 2021. E-book. ISBN
9786586074765. Disponível em:
https://app.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786586074765/. Acesso em: 16 out. 2022.
CARLOS, Ana Fani Alessandri. A Cidade. 9ª edição. São Paulo: Contexto, 2021.
COULANGES, Fustel de. A cidade Antiga. 3ª edição. São Paulo: Editora Martins Fontes,
1998.
DUGUIT, Leon. Las transformaciones del derecho publico y privado. Bueno Aires:
Editorial Heliasta S.R.L., 1975.
FERNANDES, Edésio. Constructing the “Right to the City” in Brazil. Social & Legal
Studies, 16, 2007.
FILHO, José dos Santos C. Comentários ao Estatuto da Cidade. 5ª edição. São Paulo:
Grupo GEN, 2013. E-book. ISBN 9788522476862. Disponível em:
https://app.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522476862/. Acesso em: 16 out. 2022.
MAZZUOLI, Valerio de O. Curso de Direitos Humanos. São Paulo: Grupo GEN, 2021. E-
book. ISBN 9786559642328. Disponível em:
https://app.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559642328/. Acesso em: 16 out. 2022.
49
PADILHA, Rodrigo. Direito Constitucional. São Paulo: Grupo GEN, 2019. E-book. ISBN
9788530988319. Disponível em:
https://app.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788530988319/. Acesso em: 16 out. 2022.
POUND, Roscoe. Las Grandes Tendencias Del Pensamiento Jurídico. Barcelon: Ediciones
Ariel, 1950, p. 187 e seguintes
SANTIAGO, Tatiana. 27% dos imóveis ociosos notificados no Centro de SP pagam IPTU
progressivo por não cumprirem função social. G1, São Paulo, 27 de julho de 2021.
Disponível em: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2021/07/27/27percent-dos-imoveis-
ociosos-notificados-no-centro-de-sp-pagam-iptu-progressivo-por-nao-cumprirem-funcao-
social.ghtml. Acesso em: 31 de outubro de 2022.
SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: espaço e tempo, razão e emoção. 4ª edição. São
Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 42. ed. São Paulo:
Malheiros, 2019.
SILVA, José Afonso da. Direito Urbanístico Brasileiro. 6ª edição. São Paulo: Malheiros,
2010.
SOUZA FILHO, Antônio Maria Claret. Resenha: Unpleasant Design. Revista Espinhaço,
64-65, 2018
Eu, Victória Hendges Ivo, discente regularmente matriculado(a) na disciplina TCC II,
da 10ª etapa do curso de Direito, matrícula nº 3182507-9, período matutino, turma C, tendo
realizado o TCC com o título “A Arquitetura Hostil como Ofensa ao Direito à Cidade”, sob a
orientação da Professora Lilian Regina Gabriel Moreira Pires, declaro para os devidos fins
que tenho pleno conhecimento das regras metodológicas para confecção do Trabalho de
Conclusão de Curso (TCC), informando que o realizei sem plágio de obras literárias ou a
utilização de qualquer meio irregular.
Declaro ainda que, estou ciente que caso sejam detectadas irregularidades referentes
às citações das fontes e/ou desrespeito às normas técnicas próprias relativas aos direitos
autorais de obras utilizadas na confecção do trabalho, serão aplicáveis as sanções legais de
natureza civil, penal e administrativa, além da reprovação automática, impedindo a conclusão
do curso.
Assinatura do discente
Campus Higienópolis: Rua da Consolação, 930 ⚫ Prédio 24 ⚫ 1º Andar ⚫ Consolação ⚫ São Paulo - SP ⚫ CEP: 01302-907
Tel. (11) 2766-7153 ⚫ www.mackenzie.br ⚫ e-mail: tcc.fdir@mackenzie.br