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FACULDADE DE DIREITO

NAMPULA

LEVES AGOSTINHO ANTÓNIO

ORDENAMENTO URBANO

NAMPULA
2023
FACULDADE DE DIREITO

NAMPULA

LEVES AGOSTINHO ANTÓNIO

ORDENAMENTO URBANO

Trabalho individual de carácter avaliativo,


da cadeira de Direito de Urbanismo, 3º
Ano, Turma D 70, Pós Laboral.

Leccionado pelo Dr/a. Lurdes Alberto


Cossa Armazia,

Nampula

2023
LISTA DE ABREVIATURA

Art.º Artigo;

Idem- Mesma obra;

Ob. Cit.- Obra citada;

p.- Página;

pp.- Páginas.
ÍNDICE

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1

1. PRELIMINARES ........................................................................................................... 2

1.1. Urbanismo ................................................................................................................... 2

1.2. Ordenamento territorial ............................................................................................... 2

1.3. Solo urbano ................................................................................................................. 2

1.4. Planeamento urbanístico .............................................................................................. 2

2. ORDENAMENTO URBANO E ORDENAMENTO TERRITORIAL ............................ 2

2.1. Breve introdução histórica do Direito do Urbanismo ................................................... 2

2.2. Urbanização contemporânea: Perspectiva moçambicana .............................................. 5

2.3. Princípios no processo de ordenamento territorial ........................................................ 6

2.4. Instrumentos de Ordenamento do Território ................................................................ 7

2.4.1. Competência para elaboração e aprovação dos Instrumentos de ordenamento


territorial ................................................................................................................................ 8

CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 9

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 10


INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como tema ordenamento urbano, tópico este que
relaciona-se com o ordenamento do território, no entanto falaremos da organização das
cidades. Portanto, nos nossos dias, as cidades Moçambicanas ainda apresentam alguns
contrastes, razão pela qual a localização e características das cidades moçambicanas não
chegam a constituir uma rede urbana, tendo resultado de interesses políticos, económicos
coloniais, sobre os quais se procurou ajustar as políticas nacionais de desenvolvimento no
período pós independência.

Os estudos feitos sobre as cidades africanas, indicam que atracção da


população urbana varia na razão inversa da distância, onde incluem-se as cidades
moçambicanas, as populações que migram das cidades são oriundas das províncias, onde elas
se situam.

1. OBJECTIVOS
1.1.Gerais
 Fazem menção do tema em questão num sentido mais amplo.

1.2.Específicos
 Trazer uma breve história do Direito do urbanismo;
 Falar dos princípios do ordenamento do território; e
 Falar das competências no ordenamento do território.

2. MÉTODO

Para elaboração do presente trabalho foi preciso fazer-se um levantamento


bibliográfico e com ajuda da legislação. Assim foi possível a elaboração do mesmo. O
presente trabalho foi elaborado respeitando os elementos pré-textuais o desenvolvimento, a
conclusão e a sua devida referência bibliográfica.

1
1. PRELIMINARES
1.1. Urbanismo

O termo urbanismo está definido no dicionário como conjunto das questões


relativas a arte de edificar uma cidade ou seja é a forma que os profissionais implicados na
acção utilizam para expressar sua maneira de ver a cidade. A palavra urbanismo tem sua
origem na palavra latina urbs-urbis que significa exactamente cidade.1

1.2. Ordenamento territorial

Conjunto de princípios, directivas e regras que visam garantir a organização do


espaço nacional através de um processo dinâmico, contínuo, flexível e participativo na busca
do equilíbrio entre o homem, o meio físico e os recursos naturais. com vista à promoção do
desenvolvimento sustentável. 2

1.3. Solo urbano

Toda a área compreendida dentro do perímetro dos municípios, vilas e das


povoações. sedes de postos administrativos e localidades, legalmente instituídas. 3

1.4. Planeamento urbanístico

Actividade de gestão municipal que consiste na definição do regime de


ocupação, uso e transformação do solo numa determinada área do território, considerando as
suas características físicas e morfológicas, a evolução demográfica, as necessidades das
populações e as perspectivas de desenvolvimento económico, social e cultural e sustentável. 4

2. ORDENAMENTO URBANO E ORDENAMENTO TERRITORIAL


2.1. Breve introdução histórica do Direito do Urbanismo

Não poderíamos iniciar esta viagem pelo mundo urbanístico sem nos deter por
uma breve abordagem histórica deste ramo do Direito. Falando só em urbanismo
propriamente dito, sem a sua noção como ramo autónomo, podemos recuar até ao Direito
Romano, onde já existiam preocupações com a organização da cidade, a sua estética e

1
CORREIA, Fernando Alves, Manual de direito do urbanismo, Volume II, Edições Almedina, Coimbra, 2010,
p. 27
2
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE Lei n.º 19/2007 de 8 de Julho, que aprova a Lei de Ordenamento do
Território, in Boletim da República, I série n.º 29
3
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n 19/97 de 1 de Outubro, Lei de Terras, in Boletim da República, I Série n
40
4
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE Lei n.º 19/2007 de 8 de Julho, ob. cit
2
salubridade. 5 É claro que não podemos falar num verdadeiro Direito do Urbanismo, mas a
questão da urbe está lá, existe um conjunto de normas urbanísticas respeitantes à segurança do
edificado, à tutela estética, à salubridade e ao ordenamento do conjunto urbano.6

Na Idade Média assistimos a um crescimento urbano, as populações deixam de


estar circunscritas a um pequeno aglomerado, passando a existir uma verdadeira expansão
urbana, novas cidades são criadas, novas técnicas utilizadas. Fenómenos como a expropriação
para utilidade pública, assim como as licenças para construir eram já institutos conhecidos e a
autoridade que emanava estas normas era de origem municipal. 7 Na época Renascentista, não
se notam tantas transformações relativas à urbe, a sua concepção é mais teórica, elevada à
questão de cidade ideal. Nesta altura, a mais significante intervenção urbanística ocorreu na
Cidade de Roma. Como capital do Cristianismo, os Papas operaram uma reformulação da
cidade, ruas mais largas e rectilíneas, de forma a dar lugar a novos centros de culto, mas que
na verdade serviram de base à realização de grandes obras públicas. Um corpo de novas
normas urbanísticas foi surgindo, assistimos até a comportamentos de perequação ao
instituírem a expropriação mediante justa indemnização. No fim do século XVII e primeira
metade do século XVIII, verifica-se uma proliferação de normas jurídico-urbanísticas. Esta
época coincide com o Estado de Polícia em que o Rei soberano tudo controla, até a fachada
dos edifícios.

Embora esta época não tenha passado de um monumentalismo urbanístico,


foram nascendo institutos importantes para a criação deste ramo do Direito, tais como o
emergir de uma tendência planificatória, através da adopção de planos de alinhamento, a
expropriação por utilidade pública era já um instrumento utilizado em larga escala. No século
XIX, o Estado de Direito Liberal permitiu a libertação da propriedade privada, passando esta
a ser um direito absoluto, sagrado e inviolável, sabemos que o urbanismo anda par e par com
esta figura jurídica por isso constitui um marco bastante relevante neste período histórico. Em
pleno século do laissez faire, laissez passer a Administração Pública não tem uma atitude
intervencionista na produção de normas e regras que regulamentem o ius aedificandi, vigora
um princípio de liberdade de construção, o qual era somente controlado por regulamentos de
polícia urbana a fim de respeitar normas básicas de segurança e salubridade. Contudo

5
CAZORLA, Maria José, CHIZIANE, Eduardo, Direito da terra e questões agrarias, Escolar Editora, Maputo
2014, p. 39
6
ALVES CORREIA, Manual do Direito do Urbanismo, Volume I, Coimbra, Almedina, 2008 p. 189
7
LUÍS FILIPE COLAÇO ANTUNES, Direito Urbanístico Um Outro Paradigma: A Planificação Modesto-
Situacional, Coimbra, Almedina, 2002, p. 59.
3
assistimos nesta época a uma característica interessante, o reforço das atribuições municipais
no campo do urbanismo, continuando o esforço pelas técnicas de planeamento do século
anterior.

Onde já se começa a denotar um verdadeiro sentido de direito do urbanismo, e


não só urbanismo ou urbanização, é com o aparecimento das cidades industriais, perante
certas problemáticas há a necessidade do Direito intervir. Há legislação urbanística após a
revolução industrial, principalmente no campo da salubridade. Os bairros dos operários
cresciam junto às próprias fábricas, não havia qualquer planeamento, qualquer separação
entre zonas industriais e residenciais. Em face de problemas tão graves, o Estado teve de
abandonar a sua política anti-intevencionista. Inglaterra e França foram o rosto destas
mudanças, não fossem elas os países característicos desta revolução. Normas que impunham a
obrigação de separar as zonas industriais das de habitação, estabeleciam padrões mínimos de
higiene, construção de redes de esgotos, abertura de arruamentos.8

É no Século XX que assistimos a um verdadeiro nascimento desta disciplina,


depois de duas grandes guerras é necessária uma verdadeira intervenção e uma outra
abordagem. Neste século podemos identificar duas fases de evolução do direito do urbanismo:
A fase de explosão e expansão urbana, caracterizada por um crescimento caótico e
desorganizado e uma segunda fase, por volta dos anos 70 e 80 do presente século, voltada
para um direito do urbanismo atento aos problemas desencadeados pela época anterior, um
urbanismo de contenção e reabilitação.

COLAÇO ANTUNES refere que sempre existiram traços de urbanização,


sempre existiram pequenos aglomerados que foram crescendo e dando lugar a cidades. 9 A
conceptualização do “Urbanismo” remonta ao início do século XX, inspirada na noção de
urbanização de Ildefonso Cerdà e no seu plano para a cidade de Barcelona. 10 A noção de
Direito do Urbanismo, o seu conceito amplo ou restrito, será abordado mais à frente, até
porque se relaciona igualmente com a reabilitação urbana, é o Direito do Urbanismo
autónomo do Direito Administrativo? É a reabilitação urbana um ramo autónomo do Direito
do Urbanismo?

8
CAZORLA, Maria José, CHIZIANE, Eduardo, Direito da terra e questões agrarias, Escolar Editora, Maputo
2014, p. 45
9
LUÍS FILIPE COLAÇO ANTUNES, Direito Urbanístico Um Outro Paradigma: A Planificação Modesto-
Situacional, Coimbra, Almedina, 2002, p. 59.
10
CAZORLA, Maria José, CHIZIANE, Eduardo, Direito da terra e questões agrarias, ob. Cit, p. 45
4
Tal como havíamos dito, as duas grandes guerras trouxeram mudanças
inevitáveis, a Administração Pública mudou, o Direito do Urbanismo mudou. O fim da
segunda guerra mundial traz consigo o aumento da população e um crescimento exponencial
e desorganizado da cidade e das suas periferias provocando desequilíbrios entre estratos
populacionais e danos ambientais. 11 Assistimos ao nascer ou renascer do Direito do
Urbanismo, com normas jurídicas destinadas a regular os problemas desencadeados por um
crescimento expansionista das cidades, assistimos a uma Administração interventiva. O
urbanismo deixa de ser uma função única e exclusiva das atribuições municipais para passar a
existir numa concertação de interesses entre Município, Estado e outros entes públicos e
particulares. Começamos a assistir a uma verdadeira “urbanoplanocracia”, O plano deixa de
visar fins limitados tal como nos outros séculos que se configurava a um plano de
alinhamento, passando a figura central do Direito do Urbanismo. Adquire novos limites
territoriais, deixando de olhar apenas para ruas e quarteirões passando progressivamente a um
nível regional. Os problemas provocados pela expansão urbanística começam a surgir por
volta da década de 70 e 80, a reabilitação urbana aparece como solução para a requalificação
da urbe.

2.2. Urbanização contemporânea: Perspectiva moçambicana

Urbanização moçambicana contemporânea, que se manifesta na paisagem


como cada vez mais dual. De um lado, apresentando áreas urbanizadas e planificadas e um
núcleo de desenvolvimento vertical com infra-estrutura e serviços; de outro, a periferia, de
desenvolvimento horizontal, maioritariamente não planificada, de construção precária e com
escassas infra-estruturas e serviços urbanos. Para tanto, o estudo buscou identificar e
caracterizar as diferentes etapas da formação socioespacial moçambicana. Recorreu à
geografia histórica urbana como ferramenta analítica para o tratamento do material empírico
colhido em diversas fontes. O trabalho adopta dois eixos de análise: o período colonial e o
pós-colonial. 12 No período colonial, buscou-se compreender os factores responsáveis pela
urbanização moçambicana dos quais somos herdeiros.13 No segundo, apreender a dinâmica
urbana produzida no período pós-colonial. Ainda nesse eixo, procurou-se captar as

11
ARAÚJO, Manuel. Os espaços urbanos em Moçambique, Geousp – Espaço e Tempo, São Paulo, 2003, pp.
165-182
12
ARAÚJO, Manuel Garrido Mendes. As Aldeias Comunais e o seu Papel na Distribuição Territorial da
População Rural na República Popular de Moçambique. UEM, Maputo, 1994, p. 69
13
CAZORLA, Maria José, CHIZIANE, Eduardo, Direito da terra e questões agrarias, Escolar Editora, Maputo
2014, p. 49
5
continuidades e descontinuidades do processo, identificando alguns arranjos que se verificam
ao longo do tempo e suas múltiplas determinações, que acentuam cada vez mais a segregação
urbana entre o núcleo e a periferia, não só organizando a dualidade urbana, mas exprimindo
novas formas de segregação urbana, a metrificação.14

2.3. Princípios no processo de ordenamento territorial

O processo de ordenamento do território obedece aos seguintes princípios:

 Princípio da sustentabilidade e valorização do espaço físico, assegurando a


transmissão às futuras gerações de um território e espaço edificado, e devidamente
ordenado;15
 Princípio da participação pública e consciencialização dos cidadãos, através de acesso
à informação, permitindo assim a sua intervenção nos procedimentos de elaboração,
execução, avaliação, bem como na revisão dos instrumentos de ordenamento
territorial;
 Princípio da igualdade no acesso à terra e aos recursos naturais, infra-estruturas,
equipamentos sociais e serviços públicos por parte dos cidadãos, quer nas zonas
urbanas quer nas zonas rurais;16
 Princípio da precaução, com base no qual a elaboração, execução e alteração dos
instrumentos de gestão territorial deve priorizar o estabelecimento de sistemas de
prevenção de actos lesivos ao ambiente, de modo a evitar a ocorrência de impactos
ambientais negativos. Significativos ou irreversíveis, independentemente da existência
da certeza científica sobre a ocorrência de tais impactos;
 Princípio da responsabilidade das entidades públicas ou privadas por qualquer
intervenção sobre o território, que possa ter causado danos ou afectado a qualidade do
ambiente e assegurando a obrigação da reparação desses mesmos danos e a
compensação dos prejuízos causados à qualidade de vida dos cidadãos;
 Princípio da segurança jurídica 'como garantia de que na elaboração, alteração e
execução dos instrumentos de ordenamento e de gestão territorial sejam sempre
respeitados os direitos fundamentais dos cidadãos e as relações jurídicas validamente

14
ARAÚJO, Manuel. Os espaços urbanos em Moçambique, Geousp – Espaço e Tempo, São Paulo, 2003, pp.
165-182
15
CAZORLA, Maria José, CHIZIANE, Eduardo, Direito da terra e questões agrarias, Escolar Editora, Maputo
2014, p. 35
16
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE Lei n.º 19/2007 de 8 de Julho, que aprova a Lei de Ordenamento do
Território, in Boletim da República, I série n.º 29
6
constituídas, promovendo-se a estabilidade e a observância dos regimes legais
instituídos;
 Princípio da publicidade dos instrumentos de ordenamento territorial, através da sua
publicação no Boletim da República, afixação nos locais de estilo das administrações
distritais das autarquias e por outros meios de publicidade, para amplo 'conhecimento
dos cidadãos.17
2.4. Instrumentos de Ordenamento do Território

O Ordenamento Territorial assume importância vital na organização e


desenvolvimento dos assentamentos humanos em qualquer parte do mundo. O planeamento
físico permite definir as reservas para as diferentes funções (agrícolas, pecuário, florestal,
industrial e de lazer) e asseguram uma gestão racional do processo de ocupação do solo e
reduzem, se não eliminar os conflitos existentes no uso e aproveitamento da terra.

Os Instrumentos de Ordenamento do Território dividem-se em quatro níveis:

 Nível Nacional, onde temos o Plano Nacional de Desenvolvimento Territorial e os


Planos Especiais de Ordenamento do Território;
 Nível Provincial, com os Planos Provinciais de Desenvolvimento Territorial;
 Nível Distrital com os Planos Distritais de Uso de Terra e;
 Nível Autárquico, com os Planos de Estrutura Urbana, Planos Gerais e/ou Parciais de
Urbanização e os Planos de Pormenor.18

A elaboração e aprovação do Plano Nacional de Desenvolvimento Territorial


(PNDT), dos Planos Especiais de Vale do Zambeze e de Matutuíne, dos Planos Provinciais de
Desenvolvimento Territorial de Nampula, Zambézia, Manica e Gaza e dos outros
Instrumentos de nível inferior pretende dar um passo significativo no enquadramento e
regulação de todas as actividades de ordenamento do território e cumpra verdadeiramente o
papel estruturante do espaço nacional. 19

17
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE Lei n.º 19/2007 de 8 de Julho, que aprova a Lei de Ordenamento do
Território, in Boletim da República, I série n.º 29
18
Idem
19
MINISTÉRIO DA TERRA E DO AMBIENTE, Ordenamento territorial, Disponível em: Ordenamento
Territorial – Ministério da Terra e Ambiente (mta.gov.mz), acesso: 01/05/2023, as 16:21mn
7
2.4.1. Competência para elaboração e aprovação dos Instrumentos de ordenamento
territorial

A elaboração e a aprovação dos instrumentos de ordenamento territorial é da


competência dos seguintes órgãos:

 Ao nível nacional são elaborados por iniciativa do Conselho de Ministros, sob a


coordenação do órgão que superintende a actividade de planeamento do território,
depois de um processo de apreciação pública, nos termos definidos 10 artigo 22 da
presente Lei e aprovados pela Assembleia da República;
 Ao nível provincial são elaborados por iniciativa do Governo Provincial, sob
coordenação do órgão que superintende a actividade de planeamento do território ao
nível provincial, com audição das autarquias e dos distritos, ouvida a delegaçã ou
representação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Sustentável, depois de um
processo de apreciação pública, nos termos do art.º 22 da Lei do ordenamento do
território e aprovados pelas respectivas Assembleias Provinciais, a ratificar pejo
Conselho de Ministros, nos termos da presente Lei;
 Ao nível distrital são elabore dos por iniciativa do Governo Distrital, sob a
coordenação do órgão que superintende a actividade de planeamento do território ao
nível distrital e aprovados pelo Governo Distrital, depois de um .processo de
apreciação pública, nos termos do artigo 22 da Lei do ordenamento do território, a
ratificar pelo Governador Provincial;
 Ao nível autárquico são elaborados e aprovados pelos órgãos competentes para o
efeito de planeamento do território ao nível autárquico. depois de um processo de
apreciação pública, como definido no art.º 22 da mesma Lei e, estão sujeitos a
ratificação tutelar. 20

20
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE Lei n.º 19/2007 de 8 de Julho, que aprova a Lei de Ordenamento do
Território, in Boletim da República, I série n.º 29
8
CONCLUSÃO

Verificamos que, em estudos muito recentes, alguns autores têm comparado a


estrutura residencial das cidades com um mosaico, no qual distinguem elementos do modelo
sectorial e zonal. Nesses estudos, concluiu-se que os fenómenos físicos como rios, lagos e
linhas de costa, podem originar o aparecimento de um padrão sectorial, enquanto que a cidade
de edifícios, dispõe-se segundo uma estrutura zonal; as cidades de Maputo e Beira, onde o seu
padrão foi influenciado pela baía de Maputo e os estuários dos rios Pungué e Búzi; factores
físicos, o que permite observar duas relações espaciais básicas: as áreas residenciais
privilegiadas e as indústrias que repelem-se; o centro de negócio da cidade tende a deslocar-se
em direcção a um sector de classe privilegiada. Quando as cidades expandem-se ao longo de
certos eixos de desenvolvimento, a sua articulação é feita por elementos lineares, entre os
quais subsistem durante mais ou menos tempo, áreas rurais onde a descontinuidade máxima
observa-se nas cidades que se desenvolvem em Ilhas de urbanizações isoladas afastadas da
mesma faixa urbana principal.

Tendo como caso concreto os quarteirões das cidades moçambicanas que


funcionam apenas como unidades residenciais para fins meramente administrativos e
estatísticos, faltam-lhes tudo o que diz respeito as actividades sociais e elementares que, por
vezes, nem existem em espaços mais amplos como os bairros. Na realidade, a unidade base da
vida urbana é o bairro, cuja designação tem origens muito diversas, de acordo com a história
sociocultural e económica da região. Em Moçambique, as designações dadas aos bairros tem
a ver com a sua localização (Exemplo: Alto-Mar, Ponta Vermelha, Costa de Sol) e com a
origem dos primeiros residentes (Exemplo: Chinhambanine, Benfica, Ex-Chopal), podendo
sempre o morador referir-se ao seu quarteirão quando necessitar situar-se na cidade.

A organização administrativa das cidades codificou estes espaços empíricos e


conferiu-lhes uma forma rígida, e é com base no bairro que se desenvolve a vida pública, se
organiza a representação popular. O bairro tem um nome, o que lhe confere personalidade
própria no interior da cidade., como é o caso da cidade da Matola que surgiu precisamente
como um satélite da cidade de Maputo. Na realidade o seu sucesso e desenvolvimento, deu-se
pelo facto de ter crescido em simultâneo com uma função industrial e residencial que levou ao
progresso local do comércio e serviço, facto que permitiu que a população permanecesse nela.

9
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Legislação

 REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE Lei n.º 19/2007 de 8 de Julho, que


aprova a Lei de Ordenamento do Território, in Boletim da República, I
série n.º 29
 REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n 19/97 de 1 de Outubro, Lei de
Terras, in Boletim da República, I Série n 40

Doutrina

 ALVES CORREIA, Manual do Direito do Urbanismo, Volume I,


Coimbra, Almedina, 2008.
 ARAÚJO, Manuel Garrido Mendes. As Aldeias Comunais e o seu Papel
na Distribuição Territorial da População Rural na República Popular
de Moçambique. UEM, Maputo, 1994.
 ARAÚJO, Manuel. Os espaços urbanos em Moçambique, Geousp-
Espaço e Tempo, São Paulo, 2003.
 CAZORLA, Maria José, CHIZIANE, Eduardo, Direito da terra e
questões agrarias, Escolar Editora, Maputo 2014.
 CORREIA, Fernando Alves, Manual de direito do urbanismo, Volume
II, Edições Almedina, Coimbra, 2010.
 LUÍS FILIPE COLAÇO ANTUNES, Direito Urbanístico Um Outro
Paradigma: A Planificação Modesto- Situacional, Coimbra, Almedina,
2002.

Artigos da internet

 MINISTÉRIO DA TERRA E DO AMBIENTE, Ordenamento territorial,


Disponível em: Ordenamento Territorial – Ministério da Terra e
Ambiente (mta.gov.mz), acesso: 01/05/2023, as 16:21mn

10

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