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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO TOCOÍSTA DE

ANGOLA

TRABALHO DE DIREITO DO URBANISMO E


AMBIENTE

TEMA: FORMAÇÃO E EVOLUÇÃO DO DIREITO


DO URBANISMO

DOCENTE

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Walter Morreira

Luanda, Abril de 2022.


LISTA DOS INTEGRANTES

NOME NUMERO PARTICIAÇÃO


Elsa Ricardo 201249 
Estefânia Muondo 200582 
Iracelmo Daniel 200810 
Isabel António 200205 
Josemar João 201035 
Letícia José 200136 
Márcia Adolar 200361 
Sílvia dos Santos 200685 
Sumário
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 4
2. DESENVOLVIMENTO .................................................................................................. 5
2.1. DEFINIÇÃO E CONCEITOS ........................................................................................ 5
2.1.2. Conceito de Urbanismo............................................................................................ 5
2.1.3. Conceito do direito do urbanismo............................................................................. 5
2.2. FORMAÇÃO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DO URBANISMO ............. 6
2.2.1. O urbanismo da antiguidade à Idade Média .............................................................. 6
2.2.2. O urbanismo desde o início da época moderna até ao século XIX ............................. 7
2.3. AS PRIMEIRAS MANIFESTAÇÕES DO DIREITO DO URBANISMO ....................... 7
2.3.1. O direito do urbanismo do Renascimento ................................................................. 8
2.3.2. O Direito do Urbanismo na Época do Estado de Polícia ........................................... 8
2.3.3. O direito do urbanismo no Estado de Direito Liberal ................................................ 9
2.3.4. O Direito do Urbanismo no Estado de Direito social .............................................. 10
2.4. EVOLUÇÃO DO SISTEMA ORDENAMENTAL E URBANÍSTICO EM
ESPANHA.......................................................................................................................... 11
3. CONCLUSÃO ............................................................................................................... 13
1. INTRODUÇÃO

No presente trabalho iremos abordar sobre a Formação e Evolução histórica do


Direito do Urbanismo que representa uma genuína concepção de sociedade do homem
moderno.
Apresentaremos um conjunto de esclarecimentos e noções preliminares sobre
urbanismo em si, e o direito do Urbanismo, pios são conceitos indispensáveis a uma
adequada compreensão sobre o tema em exposição. Sendo matéria nova, ressente-se do
pouco desenvolvimento dos seus conceitos e institutos, porem tornou-se rapidamente
um instrumento eficiente e indispensável, sem duvida um dos mais importantes para o
alcance das normas programáticas constitucionais.
Assim sendo, abordaremos como surgiu o urbanismo e como a disciplina ganha
um ramo próprio no direito.
2. DESENVOLVIMENTO

2.1. DEFINIÇÃO E CONCEITOS

2.1.2 Conceito de Urbanismo

Para estudo da cidade há o urbanismo, que vem do latim urbs (cidade), tem
como pressuposto a organização dela, haja vista ser a desorganização um problema que
cresce cada vez mais nas cidades do mundo. No entanto, somente no século XX foi que
o urbanismo começa a se a desvencilhar da cidade, pois preocupa-se com alguma coisa
a mais do que apenas os aspectos fisicos do território.
O conceito de urbanismo alterou-se bastante. No início, era bastante restringido,
pois era simplesmente uma disciplina da cidade. Dizia-se, limitadamente, que
urbanismo se referia unicamente a alinhamentos, pavimentações. Passa a ser, assim,
segundo Sidónio Pardal “uma série de técnicas e conhecimentos relacionados com
construção, reforma e extensão das cidades, para projetos de estruturação regional e,
posteriormente, a planos mais ambiciosos que abarcam a ordenação de todo o território
de um país”.
Para Hely Lopes Meirelles, “Urbanismo é o conjunto de medidas estatais
destinadas a organizar os espaços habitáveis, de modo a propiciar melhores condições
de vida ao homem na comunidade. Entendam-se por espaços habitáveis todas as áreas
em que o homem exerce coletivamente qualquer das quatro funções sociais: habitação,
trabalho, circulação, recreação”.
Fernando Alves Correias ensina que o conceito de urbanismo tem três acepções:
urbanismo como fato social, como técnica e como ciência.
O urbanismo como fato social seria o estudo do movimento populacional das
áreas rurais para as urbanas.
O urbanismo como técnica abrangeria os diversos termos de construção, reforma
e desenvolvimento das cidades, como o alinhamento, o zoneamento, os planos
urbanísticos.
E por último, o urbanismo entendido como ciência, que tem por objeto a
investigação e o ordenamento dos aglomerados urbanos, possibilitando
desenvolvimento harmonioso e racional, havendo, necessariamente, a
interdisciplinaridade.

2.1.3 Conceito do direito do urbanismo

Segundo Lúcia Valle Figueiredo Direito do Urbanismo é um conjunto de normas


e princípios que visa a organização urbana, procurando sempre o bem-estar das pessoas.
Para Fernando Alves Correia”, o direito urbanístico abrange “o conjunto de
normas e de institutos que disciplinam não apenas a expansão e a renovação dos
aglomerados populacionais, mas também o complexo das intervenções no solo e das
formas de utilização do mesmo (que dizem respeito à edificação, à valorização e
protecção das belezas paisagísticas e dos parques naturais, à recuperação dos centros
históricos, etc.)”.

2.2. FORMAÇÃO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DO


URBANISMO

O direito do urbanismo começou a surgir aproximadamente no principio do


século passado, com a revolução industrial e a concentração urbana. Pois uma
formação foi lenta e ocorreu ao longo de vários seculos, por conseguinte, não sendo
possível marcar o seu nascimento.
O direito do urbanismo, como sistema jurídico estatal só vira desenvolver-se a
partir da Segunda Guerra Mundial. Com base nisso destacam-se quatro etapa.
E há que distinguir quatro etapas na sua evolução:

1.ª — As duas décadas a seguir ao meio do século, que é o período europeu da


reconstrução e aceleração dos processos urbanos;
2.ª — A década de setenta, com uma legislação corretora das graves disfunções
originadas pela urbanização massiva;
3.ª — O período a partir da década de oitenta, com o deteriorar dos centros
urbanos das cidades e das áreas metropolitanas, apesar da ascensão de um novo modelo
de organização territorial e urbanística; a que se segue.
4.ª — A actual década, de aperfeiçoamento legislativo e de renovação-expansão
urbana.
As etapas correspondem a cada período evolutivo do Direito do Urbanismo.
Sendo assim,torna-se de suma importância abordar sobre a evolução do Urbanismo e
consequentemente da evolução do direito do urbanismo ao longo dos tempos.

2.2.1. O urbanismo da antiguidade à Idade Média

Com a queda do Imperio Romano o espirito urbanístico existente quase se


extinguiu por completo. A população dispersa-se por toda a área rural, formando
pequeno núcleos feudais. Assiste-se, deste modo, na Alta Idade Media um verdadeiro
eclipse da vida urbana.
A nota mais saliente neste período é a natureza eminentemente municipal das
normas jurídicas as quias versavam a policia económica da cidade e a policia das
edificações.
No âmbito da organização autónoma da cidades, confrontadas com a
necessidade de resolver os mais variados conflitos surgidos no seio, que, ao lado de uma
primeira racionalização das tarefas administrativas e da institucionalização de funções
de manutenção de ordem interna, tenham germinado as principais manifestações
normativas no domínio do urbanismo, destinadas não só á prevenção dos litígios entre
vizinhos, mas também á garantia de um ordenamento mínimo dos aglomerados urbanos.
Podemos dizer que na Alta Idade Média já eram aplicadas normas jurídicas,
como a licença de construção, o instituto da expropriação por utilidade pública, e o
processo urbanístico da planificação para orientar a criação e expansão das urbes.

2.2.2. O urbanismo desde o início da época moderna até ao século XIX

Desde a formação do estado moderno até ao aparecimento do iluminismo não


existe um conjunto de regras jurídicas no domínio do urbanismo, mas apenas medidas
isoladas do poder central ou local no âmbito da construção para garantir a higiene, a
segurança, a salubridade e a firmação estética sobretudo nas capitais dos reinos. não
existe propriamente direito urbanístico territorial, tudo se reduzindo normalmente à
dimensão do edifício, rua ou praça, sem visão de conjuntos urbanos e
periurbanos.

2.3. AS PRIMEIRAS MANIFESTAÇÕES DO DIREITO DO


URBANISMO

Os romanos criaram normas jurídicas destinadas a impor certas exigências


urbanísticas, em que todos os aspetos referentes à edificação interessavam à Cidade,
implicando o poder político, com admissão da expropriação.
Trata-se de garantir condições de segurança (prevenção dos riscos para os
residentes e transeuntes), tutela de elementos estéticos-culturais dos edifícios, a
salubridade e de ordenação mínima do aglomerado urbano (com restrições ao direito de
propriedade -Lei das XIII Tábuas- aparecendo a “limitativo” ou distância entre os
prédios, com preocupações civilistas, de luminosidade e de configuração).
Com a diluição da vida citadina caracterizadora do desmoronar do império
romano e sobrevinda da Idade Média (até ao século X, em que o desenvolvimento do
comércio faz renascer a vida urbana, com cidades formada à volta de castelos e
mosteiros), desaparece o espírito urbanístico mesmo que incipiente dos romanos.
A tradição portuguesa de atribuição de poderes regulamentares no plano da
construção e urbanismo aos municípios data já desta época.
Em Paris, desde o século XIII, que é necessário uma licença do responsável da
administração real para efectivar qualquer construção, a enquadrar em função dos
alinhamentos das edificações novas. Segundo Friauf o senhor, fundador de cidades,
dava o plano ou nomeava quem o traçasse, fixando a largura dos caminhos e as
modalidades de loteamento, delimitava as parcelas.

2.3.1. O direito do urbanismo do Renascimento

Com o Renascimento, no século XVI, temos uma fase de transição da época


mediaval para o barroco, em que vão brotando novas perspectivas cuja caracterização
vai desde a construção rectilínea, o alinhamento uniforme dos frontões, o arco redondo
e a repetição de elementos semelhantes na procura de um certo ideal estético da época.
No campo do Urbanismo, as contribuições desta época histórica são de caracter
teórico, voltadas para a prefiguração da cidade ideal.
As principais realizações processam-se fundamentalmente, em alterações ni
interior das cidades, onde deve destacar-se a «Constitutio de aedificiis» de Gregório
XIII, de 1574.
Aparecem normas sobre expropriações de casas ou terrenos para a correcção do
tracejado das vias existentes ou abrir novas, retificá-las e ligá-las entre si, para a criação
de praças, obrigação de levantar muros à volta dos edifícios confinantes com as vias
públicas, normas sobre a recuperação de mais-valias originadas em obras públicas e
determinada a obrigatoriedade de venda de terrenos privados a particulares que
construam imóveis de «bela aparência».

2.3.2. O Direito do Urbanismo na Época do Estado de Polícia

No período histórico que começa com a centralização do poder real e a


construção do Estado absolutista e termina com a edificação do Estado de Policia nos
fins do seculo XVII e primeira metade do seculo XVIII, assiste-se a um enriquecimento
tanto quantitativo, como qualitativo de normas jurídico urbanísticas.
Com a acentuação do Iluminismo Setecentista, a cidade como seu esplendor
barroco passou a ser vista como a expressão de uma realidade politica. No dizer de
HARQUEL, ela pretende levar à existência de cidades «cómodas e belas», no
seguimento do pensamento urbano marcante da obra do florentino Alberti, no século
XV «De aedificatoria: commoditas e voluptas».
Vai aparecer um urbanismo político (com arranjos enaltecedores do monarca, as
praças), prático (amplidão de ruas, passeios e jardins, com preocupações no domínio
dos equipamentos, como esgotos, águas, pavimentação, hospitais, teatros) e estético
(ruas retilíneas, tracejados bonitos, comunhão com a natureza, contacto com os rios,
construção de canais, criação de parques, aproveitamento de paisagens naturais,
perspectiva monumental, embelezamento com figuras geométricas e esculturas, praças
circulares de irradiação de vias públicas, arranjos exteriores dos edifícios).
Uma vez que o objectivo fundamental do urbanismo era criar uma cidade como
obra de arte da percepção visual imediata, sucedeu-se as intervenções autoritárias na
actividade de construção dos particulares, destinadas principalmente a impor
determinadas sistematizações das fachadas que dessem para as ruas ou praças mais
importantes, com a finalidade de se obter uma regularidade arquitectónica.
Em Portugal, as poucas normas urbanísticas que apareceram, isto é, sobre a
construção e ordenamento da urbe, resultavam de regulamentos municipais, dado que
eram concebidas como normas de polícia local e não estadual, embora existisse a figura
do representante do poder central, o corregedor, que, nos termos das Ordenações
Filipinas (Livro 1.º, Tít. 58, § 17 e Tít. 66, 55, 28 a 31 deviam fiscalizar e anular quando
não respeitassem as leis ou prejudicassem o interesse público).
Para além das limitações civilistas ao direito de construir ligadas à proteção dos
direitos dos outros proprietários vizinhos, não havia quaisquer outras restrições, de
direito público (excepção feita, por razões trágicas, às normas editadas no rescaldo do
terramoto de 1755, em Lisboa, que trouxe ao direito pombalino o planeamento, o
alinhamento, a obrigação de construir, a expropriação por utilidade pública, etc.), em
relação à construção de edifícios públicos ou privados, por se entender que os
proprietários tinham a liberdade de construir no seu solo como entendessem e com a
altura que entendessem.
O Estado de Polícia em Portugal revelou a afirmação explícita do direito de
propriedade, (só limitado naturalmente pela necessidade de conciliar os direitos dos
outros), a quase inexistência de direito urbanístico territorial e a redução de um labor
normativo por parte do poder local a questões de salubridade e segurança das
construções.

2.3.3. O direito do urbanismo no Estado de Direito Liberal

O Estado de Direito Liberal que abrange o período histórico que vida recepção
do ideário liberal nos diferentes países europeus ate á 1 Grande Guerra Mundial, e cujos
princípios filosófico mais importantes era o estabelecimento de um catalogo de direitos
fundamentais do cidadão, a subordinação do poder executivo á Lei, o direito de
propriedade consagrado e inviolável, a conversão do Estado a uma filosofia não
intervencionista na vida social, deixando assim marcas profundas no ordenamento
jurídico urbanístico.
Neste século, ocorreram alterações de grande alcance na conformação das
políticas urbanísticas, que implicaram uma caracterização qualitativamente diferente do
direito do urbanismo.
O Estado desliza de um urbanismo de polícia e regulamentador para um
urbanismo comprometido que lhe dá um estatuto de agente ativo, participante do
processo.
Este Estado fio marcado pelas seguintes características:
 A libertação da propriedade imobiliária rustica e urbana dos vinculo feudais
que a oprimiam, passando a ser um direito inviolável e absoluta, constitui a
primeira grande marca deste Estado Liberal.

 A intervenção da Administração Publica no domínio do urbanismo;

 Nova compreensão acerca das intervenções da policia;

 Reforço das atribuições municipais no campo do urbanismo;

 Planificação urbana;

 Legislação destinada a corrigir os efeitos nefastos da cidade industrial.

2.3.4. O Direito do Urbanismo no Estado de Direito social

Ao Estado Liberal, conservador e abstencionista sucedeu o Estado-Providencia,


assistencial, de bem estar e intervencionista na vida económica, social e cultural da
sociedade.
Neste século, ocorreram alterações de grande alcance na conformação das
políticas urbanísticas, que implicaram uma caracterização qualitativamente diferente do
direito do urbanismo.
O Estado desliza de um urbanismo de polícia e regulamentador para um
urbanismo comprometido que lhe dá um estatuto de agente ativo, participante do
processo.
Neste Estado aparece uma intervenção operativa da Administração no domínio
do urbanismo, deixando o Estado de se limitar a criar simples regras de enquadramento
da atividade privada de urbanismo para passar a intervir ativamente no desenvolvimento
de obras urbanas e construções, desde infraestruturas, vias de comunicação,
arruamentos, redes de abastecimento de água, até à drenagem de esgotos, construção de
habitações para as classes com menores rendimentos, expropriação de terrenos com
grande dimensão, para reduzir a pressão especulativa e posterior urbanização, sendo
vendidos a preços razoáveis ou cedidos em direito de superfície, política incentivadora
em termos fiscais e financeiros para a construção, para o mercado do arrendamento ou
para aquisição de casa própria.
Aparecem as primeiras leis gerais disciplinadoras do urbanismo, com planos
normativos, leis de solos, leis de construção, leis de loteamento urbano, etc.
Surge o urbanismo de concertação, com planos elaborados em cooperação com
as diferentes Administrações e a participação dos particulares.
A planificação deixa de ser um instrumento de fins limitados para se tornar
omnicompreensivo da realidade urbanística, decidindo do uso, da ocupação e da
transformação do solo, com âmbito territoriais sucessivamente alargados até abranger o
território nacional. E estamos perante uma planificação gradualista, com os planos de
escalão territorial mais diminuto ficando dependentes dos de âmbito mais alargado,
assumindo-se normalmente com natureza prospetiva e provisional, onticamente
dinâmica, contendo orientações para a atividade planificadora subordinada. O seu
conteúdo é reforçado com a técnica do zonamento, propiciadora de divisões orgânico-
diferenciadas do uso do solo.
Em geral, vai-se abandonando o conceito de direito de propriedade como direito
absoluto, aceitando-se que a sua densificação e limites sejam definidos pela lei e pelo
plano. De qualquer modo, a função social da propriedade leva à sua vinculação às
orientações no planos dos interesses urbanísticos, a defender pela Administração.
O ius aedificandi não pertence ao direito de propriedade do solo, mas nasce com
a vontade do legislador e da administração planificadora. À expropriação, como
instrumento de execução dos planos urbanísticos, juntam-se os institutos da
obrigatoriedade da cedência de terrenos à Administração, realização de obras de
urbanização pelos proprietários, repartição dos custos da urbanização por estes, a
consagração do direito de preempção da Administração na alienação de solos e
edifícios, a associação da Administração Pública com os particulares para executar os
planos, a criação de sistemas de perequação de benefícios e encargos resultante do
desenvolvimento urbanístico.
Aparecem direitos dos solos urbanos para lutar contra a especulação do preço
destes, usando desde a expropriação sistemática até a meios influenciadores do
mercado, como a regulamentação das operações de loteamento urbano e a atribuição de
direitos de preferência à Administração Pública.
Recentemente, evolui-se de um urbanismo quantitativo das três primeiras
décadas do pós-guerra para um urbanismo qualitativo, visando a melhoria do es-paço
urbano, defesa do meio ambiente e da qualidade de vida, protecção do património
construído antigo e paisagístico, levando a um reforço de novo do urbanismo de
regulamentação, salvaguardando e protegendo o meio físico existente.

2.4. EVOLUÇÃO DO SISTEMA ORDENAMENTAL E


URBANÍSTICO EM ESPANHA

Em Espanha, até à publicação da Lei do Solo e do Ordenamento Urbano de


1956, não existiu uma legislação geral para ordenar o processo urbanístico, apesar da
importância da legislação elaborada no século XIX sobre as zonas de expansão das
principais cidades e para a Reforma Interna e Saneamento das Localidades e da
publicada já neste século, no primeiro terço.
A concentração urbana levou à publicação da Lei dos Solos e do Ordenamento Urbano,
de 12 de Maio de 1956, com os seus extensos 228 artigos, aparecendo como um
verdadeiro código do urbanismo, dado que incidiu sobre os principais problemas
urbanísticos, que são enquadrados em termos muito avançados para a sua época. Nela se
conjugam institutos da tradição espanhola com inovações inglesas e italianas.
O urbanismo aparece aí concebido já como algo que tem de ser abordado em
geral a partir e para todo o território nacional, implicando:
a) A formulação de orientações gerais para o ordenamento do território a
consagrar num Plano Nacional de Urbanismo;
b) A generalização da planificação urbanística a todos os municípios, como
condição prévia para os processos de urbanização;
c) A definição de um regime jurídico para a propriedade do solo urbanizável, a
delimitar de acordo com o plano e um sistema de classificações do solo (urbano, de
reserva urbana e rústico);
d) O princípio da não indemnização do ordenamento dos terrenos, por implicar
meras limitações e deveres que se devem considerar como conformando o conteúdo
normal do direito de propriedade;
e) A previsão da constituição de patrimónios municipais do solo, para interferir
no mercado e proporcionar o desenvolvimento ordenado da expansão urbana;
f) Uma política anti-especulativa, assente na tipologia dos valores do solo para
efeitos de expropriação;
g) A edificabilidade forçada de terrenos ou a expropriação;
h) A estruturação de procedimentos para a para a planificação e gestão
urbanística.
3. CONCLUSÃO

O Direito do Urbanismo é entendido como o conjunto de normas que


disciplinam e transformam o solo. Porem esta em formação, carecendo de elaborada
sistematização.
Como disciplina em evolução, o Direito Urbanístico não logrou ainda alcançar
autonomia científica, por carecer, em grau razoável de desenvolvimento, de princípios,
conceitos e institutos próprios. Possui, entretanto, autonomia didática, em face da
particular homogeneidade das normas relativas ao seu objeto, qual seja, o
relacionamento entre a Administração Pública e os particulares.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GUIMARÃES, Nathália Arruda. O direito urbanístico e a disciplina da propriedade.


Net, Rio de Janeiro, jan. 2004. Disponível em:
<http://www.fcaa.com.br/site/o%20direito%20urban%C3%ADstico%20e%20a%20disc
iplina%20da%20propriedade.pdf> Acesso em 30 mai. 2010.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Municipal Brasileiro. 15. ed. São Paulo: Malheiros,
2007.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 13. ed. São
Paulo: Malheiros, 2001.
PIOVEZANE, Pedro de Milanelo. Elementos de Direito Urbanístico. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1981.
PIRES, Luis Manuel Fonseca. Loteamentos Urbanos. São Paulo: Quartier Latin, 2006.
RODRIGUES, Francisco Luciano Lima (Org.). Estudos de Direito Constitucional e
Urbanístico. São Paulo: RCS, 2007.
SILVA, José Afonso da. Direito Urbanístico Brasileiro. 5. ed. São Paulo: Malheiros,
2008.
CORREIA, Fernando Alves. Manual de Direito do Urbanismo. Volume I 4ª Edição,
2008.

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