O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
Valorização dos Profissionais da Educação – Fundeb foi criado pela Emenda Constitucional nº 53/2006 e regulamentado pela Lei nº 11.494/2007 e pelo Decreto nº 6.253/2007, em substituição ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério - Fundef, que vigorou de 1998 a 2006. Com as modificações que o FUNDEB oferece, o novo Fundo atenderá não só o Ensino Fundamental [6/7 a 14 anos], como também a Educação Infantil [0 a 5/6 anos], o Ensino Médio [15 a 17 anos] e a Educação de Jovens e Adultos (EJA). O FUNDEF permitia investimentos apenas no Ensino Fundamental nas modalidades regular e especial, ao passo que o FUNDEB vai proporcionar a garantia da Educação Básica a todos os brasileiros, da creche ao final do Ensino Médio, inclusive àqueles que não tiveram acesso à educação em sua infância.
O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
Valorização dos Profissionais da Educação – Fundeb é um fundo especial, de natureza contábil, de âmbito estadual, formado por recursos provenientes dos impostos, transferências e contribuições dos Estados, Distrito Federal e Municípios, e complementado por recursos federais.
O compromisso do Fundeb é: garantir a melhoria da qualidade do ensino
e a consequente promoção da inclusão sócio-educacional. Os dois grandes grupos de ações que podem ser financiadas com os recursos do Fundeb são a manutenção e desenvolvimento da educação básica pública e a valorização dos trabalhadores em magistério da educação básica pública. Obedecendo, o percentual de pelo menos 60% dos recursos anuais totais do fundo será destinado ao pagamento dos profissionais da educação básica pública, em efetivo exercício na rede pública e de no máximo 40% para a manutenção e desenvolvimento do ensino (MDE). Os recursos financeiros do Fundeb são gerados pela arrecadação dos impostos e transferências dos Estados e Municípios que entram na formação do Fundo, composto pelos seguintes impostos: Fundo de Participação dos Estados (FPE); Fundo de Participação dos Municípios (FPI); Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS); Imposto sobre Produtos Industrializados, proporcional as exportações - IPIexp; Recursos relativos à desoneração de exportações(LC nº 87/96); Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e doações de bens ou direitos- ITCMD; Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores – IPVA; e Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (Cota parte dos municípios)-ITRm. A distribuição dos recursos arrecadados são realizados de acordo com o número de alunos atendidos e com a efetiva arrecadação dos recursos dos impostos e transferências que compõem a cesta básica do Fundeb. O valor aluno/ano estadual (ou Distrital) corresponde à capacidade de financiamento por aluno no ano letivo, no âmbito de cada Estado, calculada com base nos recursos do Fundeb, proveniente da contribuição do governo estadual e dos governos municipais localizados naquele Estado e no quantitativo de alunos das redes estadual e municipal, também localizados naquele Estado. Somente com o cálculo do valor/aluno ano estadual é que podem ser distribuídos os recursos financeiros do Fundeb. Como sabemos, o Fundeb é de âmbito estadual, portanto, para cada estado é calculado seu valor aluno/ano. Para os fins da distribuição dos recursos de que trata esta Lei, serão consideradas exclusivamente as matrículas presenciais efetivas, conforme os dados apurados no Censo Escolar mais atualizado, realizado anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP, considerando as ponderações aplicáveis (Lei nº. 11.494, de 20 de junho de 2007, Art. 9º). O Conselho de Acompanhamento e Controle Social (CACS/ Fundeb) como instância responsável pelo contínuo acompanhamento da aplicação dos recursos do fundo, garantindo a correta destinação dos mesmos. Sabemos que o Fundo é composto por recursos que tem origem nos impostos pagos pelo povo e estes recursos devem ser aplicados na educação básica pública. Portanto, é direito de cada cidadão saber o que é feito com esses recursos, ou seja, acompanhar, controlar e fiscalizar a execução do Fundeb. Aos conselhos incumbe, também, acompanhar a aplicação dos recursos federais transferidos à conta do Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar - Pnate e do Programa de Apoio aos Sistemas de Ensino para Atendimento à Educação de Jovens e Adultos e, ainda, receber e analisar as prestações de contas referentes a esses Programas, formulando pareceres conclusivos acerca da aplicação desses recursos e encaminhando-os ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE (Lei nº. 11.494, de 20 de junho de 2007, Art. 24, § 13).
Na hipótese de constatação de irregularidades relacionadas à utilização
dos recursos do Fundeb, são recomendadas as seguintes providências: Reunir elementos (denúncias, provas, justificativas, base legal etc.) que possam esclarecer a irregularidade ou a ilegalidade praticada e, com base nesses elementos, encaminhar, por escrito, pedido de providências ao governante responsável (se possível apontando a solução ou correção a ser adotada), de modo a permitir que os problemas sejam sanados no âmbito do próprio Poder Executivo responsável; Na sequência, se necessário, procurar os vereadores do município para que estes, pela via da negociação e/ou adoção de providências formais, busquem solução junto ao governante responsável;
Ainda se necessário, recorrer ao Ministério Público (promotor de justiça)
e ao respectivo Tribunal de Contas (do estado/município) para apresentar o problema, fundamentando sua ocorrência e juntando os elementos e documentos de prova disponíveis.
A diferença na atuação dos órgãos de controle e do CACS/Fundeb está
no fato dos órgãos de controle e fiscalização da ação pública, dos quais são exemplos os Tribunais de Contas e o Ministério Público, atuam na análise e julgamento da gestão do Fundeb, inclusive na prestação de contas e ainda buscando respostas às denúncias de irregularidades. Já o Conselho, em contrapartida, avalia a prestação de contas, verificando se os procedimentos adotados pelo poder executivo no processo de execução do Fundeb estão coerentes com a legislação do Fundo e encaminha os problemas e irregularidades identificadas às autoridades constituídas, para que sejam adotadas providências cabíveis e aplicadas as penalidades, quando necessárias.
Em diálogo com uma conselheira do Fundeb, do Município Cidade Feliz,
governada pelo prefeito Diego Feneme, nos relatou que o CACS está devidamente organizado e em situação regular junto ao FNDE, e que se reúnem mensalmente para análise e discussões das questões de sua responsabilidade. O conselho tem acompanhado a execução do Fundo, e vem recebendo apoio do governo executivo e da secretária de educação para exercer suas atribuições. A constatação desse fato é a vitória da conquista do Plano de Cargos e Salários dos profissionais do magistério desse município. Relacionamos o surgimento desses conselhos com a ampliação da democracia participativa e da transparência, vimos que estes órgãos devem ter a capacidade de atuar desde as instâncias decisórias do Estado às crescentes e complexas demandas da sociedade. O Controle Social só é possível, quando todos nós compreendemos a importância de participar socialmente, ou seja, quando nos tornamos sujeitos de nossa própria história, “atuantes” e capazes de orientar e fiscalizar as ações do Estado, aqui entendido como “poder público” em geral.
Financiamento Público Da Educação Pública, Com Controle Social e Garantia de Condições Adequadas para A Qualidade Social Da Educação, Visando À Democratização Do Acesso e Da Permanência