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Curso – Saúde Coletiva

TEIXEIRA, R.R. O acolhimento num serviço de saúde entendido como uma


rede de conversações.
(Integralidade e Acolhimento)

Aula 12

Prof. Ms. Mathias Glens


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Integralidade
No campo da saúde, a noção de integralidade tem um caráter
polissêmico, ou seja, possui múltiplos sentidos.

Na base dessas diferentes compreensões da integralidade estão


diferentes projetos políticos.

Mas todas essas visões têm algo em comum: pretendem unir o que
consideram estar fragmentado.

Uma dessas cisões que podemos considerar é a separação “eu-outro”.


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Integralidade
Diante dessa ideia, diferentes possibilidades de tratamento da
integralidade podem ser concebidas:

- a integração trabalhador-usuário
- a integração dos diferentes saberes
- a integração das diferenças e dos diferentes
- e até mesmo a integração dos excluídos socialmente.

Estamos falando de diferentes formas da necessidade de se integrar o


outro.
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Integralidade
“biopsicossocial”, “individual-coletivo” e “modelo curativo-
preventivo” são exemplos de palavras que buscam dar conta das
totalidades a serem perseguidas.

Apesar das promessas triunfalistas da biomedicina, o grau de


satisfação dos usuários com os serviços que, em tese, distribuiriam
suas tecnologias, é baixo.

Ao que tudo indica, não é possível fazer saúde sem o “paciente” (o


outro).
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Integralidade
Mas quem é esse “outro” dos serviços de saúde senão o próprio povo
brasileiro.

E as elites letradas de nosso país sempre teorizaram sobre esse seu


“outro”, não sendo o movimento sanitário uma exceção.

No início do século XX, tal movimento institucionalizou a imagem de


um “Brasil doente”.

Mas e hoje? Qual a contribuição do movimento sanitário atual?


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Integralidade
Hoje, o movimento sanitário parece menos preocupado em produzir
novas interpretações sobre esse outro...

... do que em criar condições para que ele fale diretamente.

E se hoje chegamos a essa compreensão é porque, no momento


anterior ao atual, junto com o movimento mais amplo pela
redemocratização do país, o movimento sanitário concebeu que o
“povo brasileiro” também poderia ser de “cidadãos com direitos”.
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Acolhimento
A temática do acolhimento vem ganhando importância nos debates
sanitários, requalificando a discussão em relação ao acesso e à
recepção dos usuários.

Acolhimento não significa algum tipo de pronto-atendimento.

Ele é, na realidade, uma estratégia de reorganização da assistência.

O desafio é caracterizá-lo a partir de uma perspectiva comunicacional.


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Acolhimento
Afinal, qual é a essência do trabalho em saúde? É a conversa.

É a conversa que confere materialidade ao encontro entre


profissional e usuário.

Em um estabelecimento de saúde, os serviços prestados podem ser


entendidos como uma rede de conversações.

E o acolhimento são os fios que conectam essa rede, ligando uma


conversa a outra.
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Acolhimento

É o acolhimento dialogado que permite aos usuários as mais amplas


possibilidades de trânsito por essa rede.

O “acolhimento-diálogo” seria uma técnica de conversa capaz de


manter todos os espaços dentro de um serviço de saúde conectados.

E o cerne dessa técnica é a constante investigação, elaboração e


negociação das necessidades que podem vir a ser satisfeitas pelo
serviço.
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Acolhimento
Para o acolhimento acontecer, é preciso reconhecer o outro como
legítimo.

Além disso, todos são insuficientes, ou seja, a solução deve ser


fabricada por todos os presentes.

Ninguém sabe tudo e todo mundo sabe alguma coisa.

E esse tipo de conversa que gera acolhimento não é aquela que busca
homogeneizar os sentidos, buscando suprimir os conflitos.
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Acolhimento
Ao contrário, é a conversa que faz emergir o ponto de convergência
das diversidades.

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