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em Publicidade e
Propaganda I
TCC em Publicidade – Reposicionamento de Marca
Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos
TCC em Publicidade –
Reposicionamento de Marca
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Definir procedimentos para posicionamento de marca;
• Analisar histórico de marcas e seus resultados;
• Estabelecer procedimentos para reposicionar marcas.
UNIDADE TCC em Publicidade – Reposicionamento de Marca
Contextualização
O Trabalho de Conclusão de Curso em Publicidade e Propaganda foi apresentado nas
unidades anteriores em suas principais características, definindo as duas principais cate-
gorias – Projeto Experimental e Monografia – desenvolvidas nas diversas instituições de
ensino que oferecem o curso no Brasil. Nesta unidade, tratamos de uma modalidade al-
ternativa: o Reposicionamento de Marca, que é desenvolvido em algumas instituições
e se coloca como parte da formação em Publicidade e Propaganda, possibilitando que
estudantes utilizem conhecimentos teórico-práticos obtidos ao longo do curso no estudo
do posicionamento de marcas e proposição de reposicionamento para estas.
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Posicionamento e Reposicionamento
de Marca no TCC de Publicidade
Olá! Vamos iniciar nosso diálogo com algumas perguntas que você pode se fazer:
quais são as marcas que fazem ou fizeram parte da sua vida? Você tem apego a algu-
mas? Elas “representam” você? Como elas chegaram a você? Por que desapareceram?
Criar e manter marcas no mundo dos negócios brasileiro, nos últimos cinquenta anos,
tem sido tarefa para profissionais das áreas de Comunicação e Marketing. Mudanças
profundas em praticamente todos os segmentos propiciaram nascimento, vida e morte de
marcas. Se você é jovem, pode não ter na memória marcas como Telesp, Bamerindus,
Banespa, Mappin, entre outras que fizeram parte da cultura brasileira e participaram da
história da publicidade e da comunicação durante longo tempo.
Já ouviu as expressões “Não sou sócio da Light”? Ou “Não caiu a ficha”? Elas
atravessaram gerações, mesmo depois da venda das empresas, a primeira, distribuidora
de energia elétrica; a segunda de telefonia. Vão-se as empresas e suas marcas, ficam as
histórias das relações construídas, muitas vezes, ao longo de décadas. Fica a comunicação,
principalmente a mercadológica, que recebe investimentos significativos e é a principal
responsável por fazer marcas entrarem em nossas vidas e fazerem parte das culturas,
interagindo com pessoas, criando representações e conexões. Um verso da música
“Diário de um detento” (Racionais Mc’s) ilustra isto: “O ser humano é descartável no Brasil,
como Modess usado ou Bombril”, no qual a metáfora do valor da vida e de marcas que
substituem segmentos – no caso absorvente higiênico e lã de aço – parte do princípio de
que tais marcas são reconhecidas pelo público, possibilitando a comparação metafórica.
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tradicionais, construídas com grandes investimentos em publicidade, uma parte perma-
neceu no mercado e continuaram suas trajetórias. Outras, porém, foram incorporadas
a alguma marca já existente em processos de fusão ou compra, ou, ainda, deixaram
de existir. O segmento de bancos no Brasil exemplifica isto, apresentando, a partir das
últimas décadas do século 20, tendência à concentração de marcas a partir de compras
e fusões, levando ao desaparecimento de marcas que se fizeram presentes no cotidiano
de muitas pessoas, seja pelo uso do serviço, seja pela comunicação publicitária.
A abertura econômica dos anos 1990 gerou novo ambiente para diversos outros
segmentos e no século 21 novas transformações ocorreram no mundo das marcas, já
que empresas tradicionais passaram a ter a companhia de organizações locais, regio-
nais, nacionais e globais, inteiramente forjadas no ambiente das redes digitais e que nele
circulam buscando posicionar-se e atrair os públicos. Há bem pouco tempo marcas
como Amazon, Alibaba, Google, Facebook, Decolar.com, entre tantas outras que têm
no mundo em redes sua plataforma essencial sequer existiam e, nas primeiras décadas
do século 21, se tornaram valiosas e superaram em valor muitas das marcas tradicionais
que têm como referência o fordismo do início do século 20.
Pensemos na cidade do Rio de Janeiro, que, como marca, ocupou as mentes como
“Cidade maravilhosa”, oferendo promessas a turistas, atraindo-os durante décadas para
visitas à cidade, tornando-a o principal destino turístico do país e referência de brasi-
lidade no exterior. Como manter este posicionamento diante dos inúmeros problemas
cotidianamente relatados pela imprensa?
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prefeitura e o governo do estado do Rio de Janeiro, que utilizam verbas públicas e pri-
vadas para levar aos turistas uma imagem favorável de seu “produto”, fazendo com que
estes mantenham percepção da cidade como destino que oferece vantagens em relação
a outros também posicionados para ocuparem a mente do turista/consumidor na hora
de definir o destino de sua próxima viagem.
Para evitar o declínio de uma marca, é preciso, como descreve trecho de uma letra de
música, “estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte”. Marcas são lançadas
e o ciclo de vida destas dependerá de inúmeras circunstâncias, entre elas a capacidade da
equipe gestora de mantê-las saudáveis por períodos maiores, cumprindo o papel a elas de-
finidos pela organização que é proprietária, a principal interessada em sua continuidade.
Considerando o histórico de gestão de marcas por mais de um século com cada vez
mais estudos fundamentados na análise de cenários e tendências de mercado, é possível
observar que o posicionamento de marcas é um procedimento realizado por equipes
formadas por profissionais que buscam destacar o produto ou serviço, dando a eles sig-
nificados e os identificando com atributos que passam a representar o objeto por meio
de um nome, desenho, símbolo, distinguindo-os dos demais do mesmo segmento.
Marcas como Coca-Cola, Ford, General Motors, Bayer, entre outras, podem ser iden-
tificadas com os valores da sociedade moderna, participando da ampliação da oferta dos
bens da modernidade, criados a partir dos altos investimentos em ciência e tecnologia.
Estas marcas tradicionais se destacam em seus segmentos e, ao longo do tempo, atua-
lizaram suas promessas para manterem-se relevantes nas mentes de seus públicos-alvo.
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apelo comercial está presente nas vidas de muitas pessoas há praticamente cem anos!
E isto sem mudanças significativas em seu posicionamento. A oferta tem se mantido:
“Beba Coca-Cola”! Associado a este imperativo, o ideal de felicidade e bem-estar.
Mesmo ameaçada pela concorrência e por fatores relacionados à saúde, a marca não
cedeu e não alterou seu posicionamento. Pelo contrário, “pegou carona” no discurso do
bem-estar físico e apresentou em suas mensagens publicitárias pessoas interagindo em
situações em que faziam atividades físicas, como andar de bicicleta, passear no parque,
etc., levando a mensagem de que o importante é ser feliz, o que inclui beber Coca-Cola.
Reposicionamento de Marca
Neste item, faremos breves considerações sobre a importância de acompanhar o de-
sempenho de uma marca e de definir o momento em que se torna necessário reposicio-
ná-la e apresentaremos um modelo para o reposicionamento de marca como modalidade
de TCC. Seguimos as premissas de Serralvo e Furrier (2008, p. 2, grifos nossos), para
quem “A decisão do reposicionamento de marcas impacta diretamente as organizações,
pois afeta o referencial de reputação e imagem, que pode então ser preservado e adap-
tado ou, se necessário, transformado para se manter como diferencial competitivo”.
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a mudança traz riscos, mas que não mudar no momento certo pode ser ainda mais pre-
judicial. O que justifica o reposicionamento, de acordo com Serralvo e Furrier (2008,
p. 2) são fatores tais como “a dinâmica que influi nos mercados, a rápida evolução nas
expectativas e valores dos consumidores, a força do processo de consolidação de con-
correntes e canais, juntamente com a globalização das organizações, [que] vêm trazendo
um alto grau de mudança no cenário competitivo [...]”.
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Roteiro Trabalho de Conclusão de Curso:
Reposicionamento de Marca
Para definir o escopo do TCC na modalidade Reposicionamento de Marca, seguimos
o modelo proposto por Serralvo e Furrier (2008, p.14), que divide o reposicionamento
em três blocos – diagnóstico, decisão, implantação.
Briefing
Nesta etapa, devem ser apontadas informações, problemas e expectativas por meio
de fontes secundárias. A pesquisa deve incluir o portal da organização/cliente e dados
ou informações disponíveis em órgãos governamentais, instituições de pesquisa e de re-
lacionamento com o cliente e trabalhos acadêmicos. Não há roteiro fixo, mas sugere-se
que contenha:
Organização/cliente
Contextualização dos principais marcos históricos, da função até o momento da pes-
quisa, que auxiliem a compreender o lugar ocupado no segmento. É importante identi-
ficar os itens que compõem as forças e fraquezas a serem analisados na composição da
SWOT. Quando o foco do reposicionamento é a marca institucional, este item tem ainda
mais importância. Os itens básicos são:
• Histórico da empresa;
• Estrutura Organizacional: definição de hierarquias e fluxos;
• Princípios da organização: missão, visão, valores;
• Clima e cultura organizacional;
• Comunicação administrativa;
• Histórico de comunicação da organização/produto/ serviço.
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Os itens incluídos até aqui têm como objetivo principal coletar e organizar dados
e informações para subsidiar a elaboração do diagnóstico e será útil para as decisões
posteriores, seja para reposicionamento de marca institucional, seja para produtos ou
serviços. Para esta etapa, é possível ter como fontes a pesquisa de dados secundários,
ou seja, aqueles existentes e disponíveis, sem a necessidade de elaboração de pesquisa
de dados primários para este trabalho, especificamente. A Sociedade em Redes ou
Sociedade do Conhecimento, como é caracterizado o mundo neste início de século 21,
entre outras características, tem na disponibilidade de dados e informações algo de fato
relevante. Por esta razão, orientamos, nesta modalidade, que a pesquisa seja feita com
dados secundários, para a qual o principal desafio é estabelecer critérios para selecionar
fontes e organizar os dados obtidos de acordo com os objetivos definidos.
Produto/Serviço
Este item será organizado com diferentes aprofundamentos, dependendo do foco do
reposicionamento pretendido. Se o alvo for reposicionamento de marca institucional,
este item poderá ter menor aprofundamento, na medida em que o reposicionamento
utilizará principalmente os dados coletados no item 1, ficando os relativos a produto/ser-
viço como fonte para melhor compreender aspectos institucionais. Quando o foco é no
produto/serviço oferecido pela organização, será necessário obter dados e informações
mais consistentes, uma vez que o foco está no resultado do que a organização produz.
• Identificação e descrição;
• Formas de uso, razões de compra e periodicidade de compra;
• Política de preço;
• Política de distribuição;
• Pontos positivos, negativos e diferenciais.
Públicos
• Dados demográficos, geográficos e psicográficos aplicados aos públicos;
• Processo de decisão de compra e influenciadores.
Imagem da marca
• Conceitual, de posicionamento e quanto ao logotipo/logomarca e slogan;
• Possibilidades de extensão e crescimento.
Mercado
• Análise do segmento de mercado, evolução e tendências;
• Participação de mercado e critérios de concorrência direta e indireta;
• Concorrentes;
• Quadro comparativo da concorrência.
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Relatório conclusivo
A partir dos dados coletados nos itens anteriores, desenvolver relatório com aná-
lise e recomendações gerais ao cliente (podem ser adicionados gráficos com os prin-
cipais resultados).
Referências bibliográficas
Indicação da bibliografia utilizada de acordo com as normas ABNT.
Anexos
Material coletado no processo e que pode contribuir para compreensão do trabalho
– gráficos, pesquisas, entrevistas, etc.
Em Síntese
O reposicionamento de marca é realizado a partir do acompanhamento da performance
da marca ao longo de um tempo. A partir da análise de desempenho e resultados, a
equipe que gerencia a marca pode definir a necessidade de reposicionamento, que é
realizada em três blocos de tarefas: diagnóstico; decisão; implantação. Estas atividades
são realizadas por meio de monitoramento da marca, de organização de dados primá-
rios e secundários e de trabalho que envolve equipes multidisciplinares, responsáveis
por identificar ameaças e oportunidades à marca, administrando o processo de reposi-
cionamento, quando este for aprovado pela organização proprietária da marca.
Ideais-chave: Marca; Posicionamento de marca; Reposicionamento de marca; Pes-
quisa; Briefing.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Leitura
Trajetória de Sucesso: Brasileirinhas nos pés
https://bit.ly/3s06S2O
Marca. Patrimônio das Empresas e Diferencial dos Produtos. O Valor e o Poder das Marcas
NAVACINSK, S. D. G.; TARSITANO, P. R. Marca. Patrimônio das empresas e
diferencial dos produtos. O valor e o poder das marcas. XXVI Congresso Brasi-
leiro de Ciências da Comunicação, BH/MG, 2 a 6 set 2003.
https://bit.ly/35cHeOy
Uma Nova Forma de Construir Marcas
https://bit.ly/391KqNS
Cadê a minha Marca que estava aqui?
https://bit.ly/39a7TwC
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Referências
AAKER, D. A. Marcas: “brandequity” gerenciando o valor da marca. Tradução de An-
dré Andrade. São Paulo: Negócio Editora, 1998.
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