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CONCEÇÃO, GESTÃO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS EDUCATIVOS

TEMA 1 - PROJETOS EDUCATIVOS E INOVAÇÃO

Prof. Doutora Isabel Huet

NATUREZA DOS PROJETOS EDUCATIVOS

COMO POTENCIADORES DE MUDANÇA E

INOVAÇÃO EDUCACIONAL

Raquel Machado
Nº1801093
Dez/2023

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 3

O ARQUITETO EDUCATIVO ...................................................................................... 4

O PROJETO E A SUA ORIGEM ................................................................................... 5

FATORES DE SUCESSO EM PROJETOS EDUCATIVO .............................................. 6

Diferentes fases de um projeto .................................................................................... 6


O Agente de mudança em contexto Educacional .......................................................... 7
Projetos como ferramenta de inovação ........................................................................ 8
CONCLUSÃO ............................................................................................................... 9

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................... 9

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INTRODUÇÃO

A pertinência e abrangência do tema “Natureza dos projetos educativos como


potenciadores de mudança e inovação educacional” leva-nos a uma imensidão de
possibilidades, numa sociedade cada vez mais complexa e global. Um projeto de vida
que engloba muitas vidas, aumenta o desafio pela imensidão de fatores variáveis de uma
sociedade dinâmica e em constante mudança. É importante considerar que possíveis
projetos a desenvolver devem ser possuidores de um legado positivo, e para isso, é
necessário envolver e assegurar o contributo de todos e para todos, considerando a
comunidade, a sociedade e as futuras geração, garantindo que a ação de cada projeto
causa impacto significativo e duradouro.
Assim, é importante compreender e conhecer o processo que permite a construção
adequada de projetos, compreendendo que os mesmos são vitais na promoção de uma
existência plena, onde todos são atores ativos que contribuem para a mudança no seu
contexto. Estabelecer metas, cultivar valores, perseguir objetivos coletivos, e partilhar
experiências, permite aumentar o conhecimento e a compreensão do outro, facilitando
uma construção social e educativa mais rica, mais dinâmica e mais consciente de si
própria.
Este trabalho aborda os projetos educativos, quanto aos desafios na sua elaboração e
implementação, na ação que estes podem ter enquanto geradores de mudança, e, como
potenciadores de inovação.

Palavras-chave: Projeto educativo, mudança, sociedade, inovação.

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O ARQUITETO EDUCATIVO

Chamarei de arquiteto aquele que, com uma razão e uma regra maravilhosa e
precisa, sabe primeiramente dividir as coisas com o seu espírito e a sua
inteligência e, em segundo lugar, como reunir com precisão, no decorrer de um
trabalho de construção, todos esses materiais que, pelos movimentos de peso,
pela reunião e pelo empilhamento dos corpos, podem servir eficaz e dignamente
às necessidades do homem. (Alberti, in Boutinet, 2002, p. 37)

Hodiernamente vive-se a ideia de que o homem é o construtor do seu destino,


pensamento que aliado a sonhos e desejos, desperta a curiosidade que alimenta o
movimento que pode gerar mudança. Como um arquiteto, o homem tem a capacidade
de olhar para a sociedade à sua volta em busca de um terreno onde possa projetar o
objeto da sua satisfação, realização pessoal, profissional, emocional, económica e
social. Contudo, essa construção requer a sensibilidade adequada a uma ação eficaz.

Quando nos referimos aos quatro pilares da educação temos aqui uma base
fantástica para a elaboração de projetos, com bons alicerces e uma visão alargada de
todas as possibilidades educativas. Assim, iremos centrar o nosso tema no pilar
“aprender a viver juntos”. Um pilar que, como referido por Delores et al. (1996) permite
o desenvolvimento do sentir o outro, ligando histórias, culturas e crenças, permitindo a
construção de um novo conhecimento partilhado capaz de enfrentar riscos e desafios
futuros, conduzindo “à realização de projetos comuns ou, então, a uma gestão
inteligente e apaziguadora dos inevitáveis conflitos. (…) utopia vital para sair do ciclo
perigoso que se alimenta do cinismo e da resignação.” (p.19)
Neste contexto será abordada a metodologia de projetos, sendo que esta tem vindo a
assumir um peso cada vez maior na conceção, planificação e realização de diversas
atividades em distintos níveis do seu funcionamento.

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O PROJETO E A SUA ORIGEM

É no encontro com a realidade que um projeto tem a sua origem, onde através de
um plano organizado por objetivos, se procura a obtenção de um determinado resultado,
dentro de um prazo pré-definido.

Projetos podem variar significativamente no que diz respeito ao propósito, à sua


complexidade e à duração, podendo ser encontrados em atuação numa variedade imensa
de setores, desde negócios, educação, tecnologia, construção, atividades lúdicas,
religiosas, causas sociais, entre outros. De forma estruturada, o desenvolvimento de
projetos dá-se na identificação de necessidades de mudança, de alcance de metas e de
inovação em diversas áreas. Atualmente a capacidade de gestão eficaz de projetos é uma
habilidade valiosa, sendo fundamental para o sucesso de iniciativas complexas em
diferentes áreas profissionais, pessoais e sociais.

É extremamente importante e fundamental compreender que o papel


transformador de um projeto educativo passa pela utilização dos instrumentos
adequados que potenciem mudança e inovação. No entanto, é imperativo que estes
sejam concebidos e implementados com uma abordagem crítica e reflexiva, que tenha
sempre com foco principal as necessidades específicas do contexto onde atuam.

Assim, de acordo com Schafranski (2005) o fenómeno educativo não pode ser visto
de forma fragmentada, pois a sua ação tem como objeto a vida total do homem, nas
diferentes dimensões da realidade social, económica, política e cultural.

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FATORES DE SUCESSO EM PROJETOS EDUCATIVO

Azevedo et. al (2011) refere que a liderança que direciona para o bem comum,
funciona como um motor, que acionado, avança na direção do cumprimento de
objetivos e que traçando metas que permitem a capacitação para responder aos desafios
do futuro. O sucesso de um projeto educativo, depende de inúmeros fatores, e não
apenas da liderança, contudo considera-se que esta assume um papel muito importante
quando praticada em função do todo.

As exigências, de uma cada vez mais complexa sociedade, desfiam os padrões de


construção dos projetos educativos, sendo importante uma liderança contextualizada e
visionária naquilo que deve ser o reforço para a autonomia da escola e para uma
educação de maior qualidade, face aos desafios atuais.

Educando e formando para a sociedade “É fundamental estimular a abertura da


escola à participação dos diferentes segmentos sociais. Este é um movimento que gera
grande insegurança e resistência no interior da escola.” (Moreira, 1999, p.141). Com um
papel conciliador, as equipas responsáveis pelos projetos devem conhecer bem os
contextos e procurar envolver os diferentes atores e setores da comunidade, de forma a
validar de forma bem fundamentada análises e conclusões, que permitam o correto
acompanhamento e avaliação do projeto.

Diferentes fases de um projeto

Azevedo et. al (2011) lista as fases a considerar no processo da construção de


projetos, como a elaboração do diagnóstico estratégico, construção da missão e visão,
formulação e a hierarquização dos objetivos, definição de metas e de indicadores de
verificação, avaliação do projeto educativo e a regulação da atividade da escola e a
definição de estratégias e de atividades de comunicação.

A extrema importância do diagnóstico estratégico associa-se ao facto de que este


“(…)é o instrumento que permite orientar a organização, conduzir a liderança e
controlar as atividades.” (p.35). Avaliando fatores internos e externos à organização,

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este documento, permite prever possíveis alterações e preparar a ação perante futuros
desafios.
A construção da missão e da visão está diretamente relacionado com o propósito
existencial da organização responsável pelo projeto, contudo, a pertinência associada ao
mesmo tem que considerar que “num trabalho deste género devemos “despirmo-nos” de
preconceitos e de crenças, ou seja, das nossas representações, e sermos capazes de
questionar a realidade de uma forma objetiva.” (Miranda & Cabral, 2012, p.32).

A formulação dos objetivos, em termos de hierarquização, deve considerar objetivos


gerais de natureza estratégica que definem o que se pretende obter, e os objetivos
específicos atuam na operacionalização, programando atividades que permitam alcançar
as metas que definem a concretização dos objetivos.

As metas e indicadores de verificação assumem o papel de linha orientadora.


Miranda & Cabral (2012) explicam a importância destes elementos no momento de
avaliação do projeto, associando-os também à eficácia do projeto.

Quanto à avaliação do projeto educativo e a regulação da atividade, Azevedo et.


al (2011) deixa bem claro que “(…) analisar e refletir sobre a ação e o desempenho de
uma escola deve ser um ato recorrente, sistemático e plenamente participado.” É
importante que a avaliação de projetos educativos passe pelo processo reflexivo,
permitindo a mudança e a promoção de boas práticas pedagógicas.

A definição de estratégias e de atividades de comunicação é fundamental para a


relação entre indivíduos, sendo a comunicação um instrumento privilegiado da interação
entre todos, em sociedade de modo geral e de forma mais centrada quando falamos em
organizações ou de pares. A apresentação de estratégias e atividades assim como a
forma como estas são comunicadas, permitem ou não despertar o interesse da
comunidade que se pretende alcançar.

O Agente de mudança em contexto Educacional

Assumir uma posição como agente de mudança no contexto educacional é algo


bastante desafiador, mas com um valor imensurável no seu retorno. Passando pelo
verdadeiro envolvimento na sociedade, conhecendo a realidade, local e global, pode

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facilitar a identificação de locais de ação. É um papel que depende de parcerias entre
toda a comunidade, pois a necessidade de mudança tem que ser compreendida e aceite
por todos os envolvidos, ou não ocorrerá. De acordo com Whitaker (1999) “na prática
educativa, as mudanças tendem a ser fruto dos próprios profissionais e não tanto da
regulamentação.” (citado em Oliveira & Courela, 2013).

Ser capaz de acompanhar as tendências educacionais, as metodologias de ensino e


ambientar-se com as novas tecnologias são uma forma de manter um espírito desperto a
novas ideias e métodos inovadores. A capacidade de motivação e a aquisição de
estratégias inclusivas podem contribuir para uma cultura onde o processo educacional
passa pela aprendizagem continua, agregada não só ao conhecimento, mas a novas
experiências.

Projetos como ferramenta de inovação

Os projetos são desenhados e concebidos em função de contextos específicos, assim os


resultados de determinado projeto podem não refletir os resultados que seriam obtidos
numa comunidade diferente. Oliveira & Courela (2013) referem que é “inviável a
transferência de inovação de um contexto para outro, emergindo como necessário
desenvolver um percurso onde a apropriação se vá fazendo de modo sustentado.”
(p.101). A inovação centra-se nas comunidades escolares, em contexto de salas de aula e
aplicada nas práticas dos professores, “(…) agregando três componentes: a utilização de
novos materiais ou tecnologias, o uso de novas estratégias ou atividades e a alteração de
crenças por parte dos intervenientes” (Fulan, 2007 in Oliveira & Courela, 2013).

O conceito de existência de inovação carece de uma planificação que envolve um


processo e melhoria, nas tecnologias por exemplo, o facto de a escola ter computadores
não significa que é uma escola inovadora. A inovação dá-se quando há evolução
educativa, quando há uma predisposição de todos em abraçar novos desafios, que
carecem de dedicação e compromisso. É importante compreender que o processo de
inovação nas escolas tem que ser uma construção coletiva e colaborativa.

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CONCLUSÃO

É Fantástica a dimensão que um projeto pode alcançar, a forma como pode gerar vida
trazendo novas possibilidades e diferentes oportunidades. Boutinet (1996) apresenta
vários tipos de projetos com desafios diferentes, em várias dimensões sociais e afirma
que os projetos são hoje uma necessidade. Os projetos são hoje um estilo de vida social e
todos nós precisamos desenvolver novas competências, pois somos parte da possibilidade
de mudança. Competências de liderança, capacidade e habilidade de comunicação,
mantermo-nos envolvidos e ter uma atitude colaborativa, manter o positivismo face aos
novos desafios que se levantam e trabalhar em abordagens inovadoras que facilitem o
acesso às possibilidades do futuro, são certamente características que cada educador deve
trazer em si para podermos ver a verdadeira ação da inovação educacional fruto de uma
mudança de paradigma e geradora de novas ideias e desafios.

BIBLIOGRAFIA

Azevedo, R. (coord), Fernandes, E., Lourenço, H., Barbosa, J., Silva, J. M., Costa, L., &
Nunes, P. S. Projetos Educativos: Elaboração, Monitorização e Avaliação Guião
de apoio (1ªed.). Agência Nacional para a Qualificação, I.P. (PDF) Projectos
educativos : elaboração, monitorização e avaliação : guião de apoio
(researchgate.net)

Boutinet, J-P. (2002). Antropologia do Projeto. Artmed.


https://www.academia.edu/40054037/Antropologia_do_projeto

Boutinet, J-P. (1996). Antropologia do projeto. Piaget.


Delors, J. et al. (1996). Educação um Tesouro a Descobrir.
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ue000009.pdf

Miranda, B., Cabral. P. (2012). Projetos de Intervenção Educativa. Universidade


Aberta.
Moreira, A. F. (1999). Basta Implementar Inovações nos Sistemas Educativos?.
Educação e Pesquisa, 25 (1), 131-145. https://doi.org/10.1590/S1517-
97021999000100010

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Oliveira, I., & Courela, C. (2013). Mudança e inovação em educação: o compromisso
dos professores. Interacções, 27, 97-117.
https://revistas.rcaap.pt/interaccoes/article/view/3404

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