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PÓS-GRADUAÇÃO: ENFERMAGEM DO TRABALHO

AS LESÕES MÚSCULO-ESQUELÉTICAS RELACIONADAS COM O


TRABALHO E O PAPEL DO ENFERMEIRO DO TRABALHO NA SUA
PREVENÇÃO E NA PROMOÇÃO DA SAÚDE DO TRABALHADOR
EM RISCO

ANA LUÍSA RAMOS NEVES CARDOSO ALMEIDA


MARTA SUSANA MENDES SÁ
RUI FILIPE NUNES DA CUNHA

ENFERMAGEM DO TRABALHO
GAIA
MAIO DE 2023
Índice

Índice de Figuras .................................................................................................... I

1. Introdução .................................................................................................... - 1 -

2. A Prática da Enfermagem do Trabalho enquadrada num Referencial Teórico ....... - 3 -

2.1 A Pertinência da Enfermagem do Trabalho na Atualidade e no âmbito das Lesões


Musculoesqueléticas Relacionadas com o Trabalho .............................................. - 3 -

2.2 A Prática das Enfermagem do Trabalho segundo a Teoria das Transições . - 6 -

3. Cenário em Estudo e a Relação com a Temática ............................................. - 11 -

4. Resultados Esperados Mensuráveis ............................................................... - 13 -

5. Conceção dos Cuidados de Enfermagem ........................................................ - 15 -

5.1 Área de Intervenção ........................................................................... - 15 -

5.2 Vigilância de Saúde ........................................................................... - 16 -

5.3 Atividades do Enfermeiro do Trabalho ................................................ - 17 -

5.3.1 Recolha de Dados ....................................................................... - 17 -

5.3.2 Diagnósticos e Intervenções de Enfermagem do Trabalho ............... - 27 -

5.3.3 Resultados Obtidos ..................................................................... - 33 -

5.3.4 Indicadores da Atividade do Enfermeiro do Trabalho ..................... - 34 -

5.3.5 Registos de Enfermagem ............................................................. - 35 -

6. Conclusão ................................................................................................... - 37 -

7. Referências Bibliográficas ............................................................................ - 39 -


Índice de Figuras

Figura 1 - Teoria das Transições de Meleis: Uma teoria de médio alcance (Guimarães e Silva,
2016) ....................................................................................................................... - 7 -

I
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ENFERMEIRO DO TRABALHO NA SUA PREVENÇÃO E NA PROMOÇÃO DA SAÚDE DO TRABALHADOR
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1. Introdução

O presente trabalho pretende a efetivação de conhecimentos e competências no âmbito


da Unidade de Formação “Enfermagem do Trabalho” incluída na Pós-Graduação de
Enfermagem do Trabalho lecionada no Instituto Politécnico de Gestão e Tecnologia de Gaia
(ISLA-Gaia).
Com o presente trabalho pretendemos descrever a totalidade do Processo de
Enfermagem sobre a temática da Prevenção das Lesões Musculoesqueléticas Relacionadas com
o Trabalho (LMERT) numa empresa – processo este levado a cabo pelo Enfermeiro do Trabalho
da empresa em questão.
Para tal, enunciamos um cenário de uma empresa prestadora de serviços de saúde e com
um grupo de trabalhadores que executa trabalho em contexto de escritório, diariamente. É a
partir deste cenário que partiremos para toda a conceção de cuidados de enfermagem do
trabalho no âmbito da prevenção e promoção da saúde destes trabalhadores alusivamente à
temática da Prevenção das LMERT.
Numa primeira parte do trabalho iremos fazer um enquadramento teórico alusivo às
Lesões Musculoesqueléticas Relacionadas com o Trabalho e à possível forma de
enquadramento destas e da sua prevenção pelos Enfermeiros do Trabalho, recorrendo a uma
Teoria de Enfermagem, neste caso à Teoria das Transições de Afaf Meleis. Assim, partiremos
de uma análise genérica e resumida desta teoria para a possível relação e enquadramento desta
com a temática em estudo neste trabalho – LMERT. A Teoria das Transições, enquadrada
segundo a realidade e necessidades emergentes pelas LMERT servirá de ponto de partida e
norteio para a descrição do processo de enfermagem a considerar.
De seguida, focaremos a nossa atenção numa descrição mais detalhada da empresa e do
grupo de trabalhadores que servirão de cenário e mote para a continuidade deste trabalho –
nesta secção do trabalho, descreveremos melhor o número de trabalhadores em consideração,
as condições de trabalho e algum do trabalho pré-considerado para o cenário em causa e para o
desenvolvimento do trabalho em si.
Finda a caracterização/descrição da empresa e do grupo de trabalhadores em estudo,
abordaremos o processo de enfermagem de forma mais específica e descritiva, através da
identificação explanada de todas as etapas deste processo, desde a colheita de dados até aos
registos de enfermagem possíveis e respetivos resultados obtidos que, certamente alinharão e

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justificarão a reformulação futura do processo de cuidados desenhado até então, num ciclo de
atividades que se quer dinâmico e coerente com a realidade vivida.
Assim, com este trabalho, esperamos alcançar alguns objetivos essenciais para a
concretização de conhecimento e competências na área da Enfermagem do Trabalho,
percebendo efetivamente a necessidade de contemplar a nossa ação enquanto enfermeiros da
área num Planeamento e Conceção de Cuidados robustos e pertinentes, quer no que diz respeito
às teorias de enfermagem que a sustentam, quer quanto aos temas que se consideram relevantes
para o contexto organizacional da entidade em que laboramos enquanto Enfermeiros do
Trabalho.

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2. A Prática da Enfermagem do Trabalho enquadrada num Referencial Teórico

2.1 A Pertinência da Enfermagem do Trabalho na Atualidade e no âmbito das


Lesões Musculoesqueléticas Relacionadas com o Trabalho

A visão holística do trabalho engloba não só os postos de trabalho, equipamentos,


ambiente de trabalho, produção e remuneração, mas também a componente biopsicossocial que
abrange a personalidade do trabalhador e a sua relação com o trabalho, os relacionamentos
interpessoais e as relações laborais (Neto, 2023). As mudanças nas diferentes tipologias
laborais, ao longo dos anos, alteraram também o impacto do trabalho na saúde do trabalhador,
sendo que este era inicialmente focado na saúde física – questão mais recentemente alterada,
com atual e crescente consideração do impacto do trabalho na saúde mental dos trabalhadores
(Cardim, 2021).
O século XXI traz de forma crescente novos desafios ao mundo do trabalho, devido ao
desenvolvimento da nova fase da revolução tecnológica experienciada ao longo destes últimos
anos, que se caracteriza essencialmente por “(…) aumento exponencial da digitalização, da
robotização e da aplicação de novas tecnologias de informação e comunicação e da
inteligência artificial à indústria), a reconfiguração das cadeias produtivas a nível global e a
necessidade de transitar para uma economia ambientalmente sustentável (…)” (Abramo, 2019,
p. 3).
As alterações referidas anteriormente contribuem para um mercado de trabalho instável
e imprevisível que potenciam a existência de mão-de-obra e as relações contratuais precárias.
Existindo também uma maior exigência imposta aos trabalhadores referente ao aumento de
habilitações e competências, com consequente aumento de tarefas e responsabilidades, passa
também a existir uma necessidade de atualização persistente perante a inconstante realidade de
trabalho e a exponencial competitividade entre colegas (Rotta, 2001).
A introdução das novas tecnologias nos processos de trabalho contribui para um
aumento do sedentarismo durante o período laboral, cujo impacto na saúde do trabalhador é
evidenciado no risco exponenciado para o desenvolvimento de doenças crónicas. (Fialho 2018).
Para além disso, o regime de teletrabalho introduz outros riscos profissionais do foro
psicossocial, nomeadamente a dificuldade da conciliação entre o trabalho e a vida familiar, os
tempos de trabalho e a disponibilidade constante do trabalhador para realizar tarefas laborais
(Cardim, 2021).

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Desta forma, severamente associado à sobrecarga imposta sobre os trabalhadores para


a manutenção dos níveis de produção, diversas são as patologias daqui originadas, provocando
desgaste físico e psicológico nos trabalhadores afetados (Antunes & Alves, 2004) – desgaste
este que por si pode levar a consequências como as Lesões Musculoesqueléticas Relacionadas
com o Trabalho e a Fadiga Laboral.
Sendo certa a compreensão da necessidade de competitividade das empresas a níveis
nacional e internacional, a procura pela exponencial produtividade, com garantia de baixos
custos, o que gera ritmos de trabalho intensos e grandes níveis de pressão e a ausência de
grandes preocupações quanto à ergonomia dos postos de trabalho, tem levado ao surgimento e
desenvolvimento de ambientes de trabalho caracterizados por altos níveis de stress, fadiga e
prevalência de LMERT (DGS, 2008).
De acordo com a Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (AESST,
2019), em Portugal e em 2015, 54% dos trabalhadores referia queixas condizentes com pelo
menos uma tipologia de LMERT, relativamente aos últimos 12 meses prévios à realização do
inquérito. O mesmo autor refere que os acidentes de trabalho considerados LMERT de forma
provisória representam aproximadamente 38% de todos os acidentes (mortais e não mortais)
registados.
A força estatística destes dados e o contexto anteriormente descrito defende a grande
necessidade de estudo das LMERT, por forma a compreender-se o seu real conceito, impacto e
contexto de desenvolvimento nas diferentes realidades laborais.
A OMS (2001) associado a saúde dos trabalhadores de forma direta aos seguintes
fatores:
• condições de trabalho - fatores de risco e perigos que dependem da natureza e dos
processos de trabalho;
• determinantes sociais da saúde no âmbito laboral - emprego, contrato, salário, proteção
social, educação, condições assistenciais, entre outros;
• fatores de risco associados ao comportamento - relacionados a hábitos
individuais/estilos de vida;
• acesso a serviços de saúde e, em especial, acesso a serviços de saúde ocupacional.
De modo a proteger a saúde dos trabalhadores e melhorar a sua qualidade de vida, a
Organização Internacional do Trabalho (OIT) tem como objetivo a prevenção de acidentes e
doenças no trabalho, através da melhoria das condições e processos de trabalho. Porém, a saúde
ocupacional engloba ainda quatro componentes essenciais: saúde e segurança no trabalho,

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promoção da saúde no local de trabalho, determinantes sociais e de estilo de vida da saúde e


ainda a gestão da saúde ambiental (OMS, 2001).
Os serviços de Saúde Ocupacional devem ser compostos por uma equipa
multidisciplinar, que deve contemplar diferentes profissionais, entre os quais, o enfermeiro do
trabalho. Este profissional apresenta diferentes responsabilidades, quer perante o trabalhador
(manutenção e promoção da saúde), quer perante a entidade empregadora (promoção da
produtividade) e também perante a equipa multidisciplinar (promoção da relação de equipa e
continuidade de cuidados) (DGS, 2018; OMS, 2001).
De modo a assegurar saúde e segurança no trabalho, o enfermeiro deve agir por forma
a reduzir o risco de lesões e o desenvolvimento de doenças ocupacionais, contando com
estratégias que promovam o levantamento das necessidades (como por exemplo de modificação
postos de trabalho, alteração de processos de trabalho e de ambiente laboral, alteração de fatores
para diminuição da exposição a perigos, entre outros), a avaliação das mesmas e o planeamento
das intervenções. Tudo isto requer do enfermeiro a realização de visitas frequentes aos locais
de trabalho, com o intuito de atualizar o conhecimento sobre os processos e práticas do trabalho
em causa. O ensino, informação e formação sobre saúde e segurança do trabalho aos
trabalhadores é, também, uma das atribuições do enfermeiro do trabalho (OMS, 2001).
O enfermeiro deve promover uma boa relação com a equipa multidisciplinar do serviço
de saúde ocupacional, aconselhando-se a colaboração multidisciplinar na identificação e
correção de fatores de risco de trabalho, na escolha de equipamentos de proteção individual e
na realização do plano interno de emergência (OMS, 2001).
A consulta de enfermagem do trabalho permite, de forma global, formular diagnósticos
de enfermagem e avaliar qual a real necessidade do trabalhador em termos de cuidados de
enfermagem. O enfermeiro do trabalho deve ainda realizar a vigilância de saúde dos
trabalhadores e prestar, dar formação sobre e organizar os primeiros socorros consoante os
respetivos riscos da atividade profissional em causa. Em parceria com o trabalhador, o
enfermeiro do trabalho deve promover a saúde e a capacidade de trabalho através da prevenção
de doenças não ocupacionais preveníeis no local de trabalho – para isto, enfermeiro deve avaliar
o risco de desenvolvimento destas mesmas doenças no conjunto de trabalhadores e planear as
respetivas campanhas de promoção e vigilância de saúde. A proximidade entre o enfermeiro e
trabalhador é uma das principais características do trabalho do enfermeiro do trabalho que
permite uma privilegiada posição no sentido de averiguar sobre situações de risco psicológico,

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social e/ou emocional fora ou dentro do contexto laboral e facilitar essas transições inerentes à
vida do trabalhador (OMS, 2001).
Em suma se compreender que o enfermeiro do trabalho, quer pelas suas competências
e conhecimentos técnico-científicos quer pela sua localização privilegiada de proximidade aos
trabalhadores e postos de trabalho, é um dos elementos-chave na intervenção face à prevenção
e gestão das Lesões Musculoesqueléticas Relacionadas com o Trabalho, sendo fulcral a
Conceção de Cuidados de Enfermagem acerca desta temática. No fundo, o maior contributo do
exercício de enfermagem é a visão holística do trabalhador, perspetivando-o como ser
biopsicossocial que está inserido num contexto de trabalho com os respetivos riscos associados
à sua atividade laboral – riscos estes nos quais se inclui o Risco de LMERT.

2.2 A Prática das Enfermagem do Trabalho segundo a Teoria das Transições

A enfermagem desde a sua conceção tem como conceito associado sempre a palavra
“cuidar”. De entre muitas teorias de enfermagem que permitem contextualizar a prática da
profissão e contextualizar a conceção de cuidados de enfermagem, a Teoria das Transições de
Meleis (2010) é uma das teorias com mais relevo e aplicabilidade nos mais diferentes contextos
e práticas clínicas de enfermagem.
Também no âmbito da Enfermagem do Trabalho a Teoria das Transições de Meleis se
aplica, podendo qualquer conceção de cuidados de enfermagem no âmbito da saúde
ocupacional ser retratada e desenvolvida à luz da Teoria das Transições de Meleis (2010).
Para Chick e Meleis (1986, p. 239-240), a transição pode ser definida como “passagem
de uma fase da vida, condição, ou status para outra”, sendo que esta passagem se refere “tanto
ao processo como aos resultados da complexa interação entre pessoa e ambiente. Pode envolver
mais do que uma pessoa e está inserido num determinado contexto e situação”.
Os conceitos inerentes à Teoria das Transições de Meleis (2010) podem ser relacionados
e analisados através do diagrama que se apresenta de seguida na Figura 1.

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Figura 1 - Teoria das Transições de Meleis: Uma teoria de médio alcance (Guimarães e Silva, 2016)

Resumidamente, de acordo com Meleis (2010), pode-se definir uma transição


recorrendo à natureza destas, através da qual se pode considerar que existem diferentes tipos de
transições (desenvolvimental, situacional, saúde/doença e organizacional), sendo que de acordo
com o número, norma de sequência e relação podem ser classificadas por padrões (simples,
múltiplo, sequencial, simultâneo, relacionada e não relacionada). A ocorrência de uma ou mais
transições implica a concretização de algumas características como a consciencialização,
empenhamento, mudança e diferença, espaço temporal da transição e ocorrência de eventos e
pontos críticos. Estas características são condições cuja existência é implicativa para a vivência
da uma transição de qualquer tipo (Meleis, 2010). Face a uma transição, Meleis (2010)
considera na sua teoria que existem diversos condicionantes das transições que podem facilitar
ou inibir a vivência da transição, sendo que estes condicionantes podem ser pessoais,
relacionados com significados, crenças culturais e atitudes, status socioeconómico e preparação
e conhecimento. De referir que todos estes condicionantes podem surgir na transição quer pela
via da facilitação ou inibição e que, em conjunto podem influenciar e ser influenciados pela
sociedade e comunidade que por si constituem também condicionantes da transição (Meleis,
2010). Ao longo do processo da vivência de uma transição podem-se considerar os seguintes
indicadores de processo – sentir-se ligado, interagir, estar situado e desenvolver confiança e
coping – são estes indicadores que pela sua avaliação permitem compreender o caminho (mais
fácil ou mais difícil) pelo qual uma transição está a ser vivida (Meleis, 2010). Na reta final da

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vivência de uma transição considera-se a mestria e a integração de identidade fluida como


indicadores de resultado da mesma. Os indicadores de processo e os indicadores de resultado,
em conjunto, constituem os padrões de resposta da pessoa que vive a transição à mesma
(Meleis, 2010). Pelo diagrama apresentado na figura X compreende-se que todos fatores
apresentados se relacionam entre si provocando influências (positivas ou negativas para a
transição) e podem também influenciar e, principalmente, ser influenciados pelas Intervenções
de Enfermagem, com o objetivo genérico de facilitação da transição, pela intervenção muitas
vezes dirigida a determinada particularidade da transição (Meleis, 2010).
Após esta breve descrição, onde podemos relembrar conceitos relativos à natureza das
transições, aos seus condicionantes facilitadores e inibidores e aos padrões de resposta
inerentes, parece de fácil conclusão a possibilidade de associar esta teoria com o
desenvolvimento da Enfermagem do Trabalho no seu quotidiano enquanto ciência e profissão.
De facto, perante um trabalhador ou um grupo de trabalhadores é essencial perceber que várias
transições poderão estar a decorrer, quer individualmente, quer no conjunto de trabalhadores
enquanto grupo sensível à prestação de cuidados de enfermagem - assim, poderemos deparar-
nos com transições de diferentes tipos, simples ou múltiplas, de ocorrência sequencial ou
simultânea, podendo ou não estar relacionadas. Importa assentar ideias e perceber efetivamente
que as transições são “objetos” importantes face à intervenção de enfermagem individualmente,
contudo e principalmente na enfermagem do trabalho, visto que na maioria dos contextos
laborais o trabalho ocorre, e cada vez mais, em relações de parceria, as transições não devem
ser percebidas de forma isolada e inerente a cada trabalhador, mas muitas vezes devem ser
analisadas e integradas no contexto do grupo, no sentido em que a natureza das mesmas, muitas
das suas propriedades e condicionantes são comuns a diversos trabalhadores - a integração da
vivência das transições em contexto de grupo poderá ser importante como meio de produzir
padrões de resposta mais positivos e que gerem transições sustentadas e desenvolvidas pela
mediação de intervenções de enfermagem coerentes e benéficas à vida individual de cada
trabalhador e de todos os trabalhadores em global.
Por forma a tentarmos uma perceção mais facilitada desta intrusão, descreveremos de
forma genérica e por “categorias” de que forma consideramos que a Teoria das Transições se
poderá adaptar à concretização e Prática da Enfermagem do Trabalho, tomando como exemplo,
a temática das Lesões Musculoesqueléticas Relacionadas com o Trabalho.
No que diz respeito à Natureza das Transições possíveis no âmbito da Saúde
Ocupacional, várias e de diferentes tipos se podem considera, como são exemplos: transição

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situacional relacionada com mudança de funções laborais e/ou postos de trabalho ou transição
situacional relativa com a assunção de papéis parentais com implicações relativas à conciliação
com o trabalho; transição saúde-doença relacionada com doenças profissionais e acidentes de
trabalho, podendo-se considerar neste tipo de transições a ocorrência de LMERT e toda a
consequência e adaptação daí consequente. Fácil também é de prever que além dos tipos de
transições se adequarem ao contexto da Saúde Ocupacional e especificamente à Enfermagem
do Trabalho, também os padrões se adequam, pois neste contexto as ocorrências e transições
relativas são várias (múltiplas vs simples) podendo ocorrer em simultâneo ou sequencialmente
e de forma relacionada ou não relacionada. Atendendo às Propriedades consideradas dentro da
Natureza das Transições, voltemos ao exemplo da temática das LMERT: frequentemente os
trabalhadores só dão a devida importância a este tema quando ocorre um evento crítico,
momento a partir do qual se considera “iniciada” de certa forma a transição e que levará a
concretização das outras propriedades, implicando a consciencialização da importância face a
alterações relativas ao posto de trabalho devidas ao risco de LMERT, conseguindo-se assim
que o empenho para estas mudanças suscite a real mudança num determinado período de tempo
e que levará a mudanças significativas e positivas para a saúde do trabalhador – determinado
evento crítico poderá ser um acidente, o desenvolvimento de uma doença profissional ou, de
forma menos extremista, um dia de trabalho que culmina com sintomatologia mais agressiva e
relacionada com más condições de trabalho ou com assunção de posturas ou realização de
procedimentos da forma não preconizada em termos de segurança/saúde.
Ainda sobre as LMERT, mas relacionado com os Condicionantes das Transições,
podemos considerar o exemplo da utilização de determinada adaptação, como base de rato com
apoio de pulso ou apoio de pulsos para o teclado, que pode ter para o trabalhador um
determinado significado dificultador, associado a falta de profissionalismo ou falta de domínio
na atividade e que, por si, pode implicar a inibição da utilização desta adaptação, influenciando
o sucesso da transição em causa. De forma oposta, o facilitismo e baixo grau de complexidade
implícito à utilização destas adaptações pode surgir como fator facilitador. Também a influência
e por exemplo opinião dos restantes colegas de trabalho pode, facilmente, influenciar, positiva
ou negativamente, o sucesso da transição, quer pela atribuição de determinados significados
quer pela forma como a implementação dessas adaptações poderá ser desenvolvida em termos
de conhecimento e preparação, visto que no local de trabalho, é certamente mais fácil iniciar a
utilização de determinada adaptação que já é utilizada e conhecida pelos restantes colegas e
sobre as quais estes poderão auxiliar na preparação e implementação do seu uso. Intervenções

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de enfermagem no âmbito da formação, da desconstrução de significados dificultadores, da


sensibilização para temáticas de saúde, ensinos e instruções na utilização de EPIs, entre outros
assuntos, permitem a fomentação de condicionantes facilitadores e limita os inibidores,
prevendo a ocorrência de uma transição de forma favorável.
O sucesso das transições revelado na Teoria pode também ser medido em termos de
processo no âmbito da Enfermagem do Trabalho – por exemplo, quanto às LMERT, o estar
situado quanto às adaptações necessárias, o sentimento de ligação dos trabalhadores aos
processos de adaptação do posto de trabalho, o sentimento de confiança e domínio face a estas
alterações e a interação com as mesmas permite compreender de que forma estão a ser as
intervenções de enfermagem positivas e benéficas e permite igualmente perceber qual o nível
de “adesão” do trabalhador ao plano estratégico e/ou intervenções estabelecidas.
De forma análoga, a Teoria das Transições e os conceitos relativos aos Indicadores de
Resultado são adequados ao contexto da Enfermagem do Trabalho, sendo que a demonstração
de intrusão dos trabalhadores nos processos, a confiança e a interação e reestruturação de
processos de coping, fazem-nos percecionar de que forma o trabalhador apresentará mestria e
integração das novas condições na sua identidade fluida quanto ao contexto em causa.

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3. Cenário em Estudo e a Relação com a Temática

Para o desenvolvimento do presente trabalho consideramos uma Empresa de Prestação


de Serviços Partilhados, que prestam serviço em diversas áreas, das quais, apoio jurídico, apoio
de contabilidade e apoio de contacte centre. Esta empresa possui 450 trabalhadores e de todos
eles, 350 executam tarefas em contexto de escritório/ área administrativa, envolvendo
maioritariamente atendimento telefónico, gestão de email e de processos via digital. Estes
trabalhadores executam todas as suas tarefas em posição de sentado, numa secretária e com
utilização de computador, periféricos, telefone, caderno e caneta para apontamentos de recurso.
A empresa possui serviços internos de Saúde e Segurança do Trabalho que conta com
um médico do trabalho, um médico no âmbito de curativa, um enfermeiro do trabalho, dois
técnicos de saúde e segurança do trabalho e um psicólogo do trabalho. O médico do trabalho
está presente na empresa 20 horas por semana, o médico de saúde curativa e o psicólogo do
trabalho estão alocados 10 horas semanais e o enfermeiro e os técnicos de saúde e segurança
do trabalho trabalham a tempo inteiro na empresa, cada um com uma afetação de 40 horas
semanais, das 9h às 18h que é o horário de trabalho de todos os funcionários da empresa.

Na empresa em causa o Enfermeiro do Trabalho é responsável por:


• Vigilância da Saúde dos Trabalhadores em termos ocupacionais, coadjuvando o Médico
do Trabalho na realização dos Exames de Saúde do Trabalho, segundo a regulamentação
legal aplicável;
• Vigilância da Saúde dos Trabalhadores em temáticas não ocupacionais, de foro curativo
e prevenindo a progressão e aparecimento de doenças não ocupacionais;
• Prevenção de Doenças Ocupacionais e de Acidentes de Trabalho, através de atividades
de prevenção, rastreio e visita aos postos de trabalho com execução de respetivas
alterações face à diminuição da exposição a Riscos Profissionais;
• Promoção da Saúde, através de formação, sensibilização e rastreios em diferentes temas
em saúde;
• Gestão das Caixas de Primeiros Socorros e respetiva formação dos trabalhadores neste
âmbito;
• Participação na Elaboração e Reformulação no Plano de Emergência Interno;
• Estabelecimento e manutenção de relação de parceria dinâmica entre os Profissionais
da Saúde do Trabalho e os Técnicos de Saúde e Segurança do Trabalho.

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Resultante da Avaliação de Riscos efetivada pela Área Técnica da Saúde e Segurança


do Trabalho, verificou-se um Risco Elevado de Lesões Musculoesqueléticas Relacionadas com
o Trabalho (LMERT) relativo aos postos de trabalho de 250 colaboradores que trabalham em
área administrativa (250/350 total de trabalhadores da área administrativa), pelo que esta
temática ganhou relevo no seio da organização e ganhou especial ênfase para a equipa de Saúde
e Segurança do Trabalho que decidiu investir ao máximo nesta área de cuidados.
No decorrer das suas tarefas, o Enfermeiro do Trabalho definiu um Plano de Ação no
sentido de percecionar, analisar, diagnosticar, objetivar, intervir e avaliar todo o processo
relacionado com as Posturas Corporais e respetivas consequências associadas às Lesões
Musculoesqueléticas Relacionadas com o Trabalho. Desta forma e face ao cenário enunciado,
construiremos a restante parte do trabalho de acordo com mesmo, desenvolvendo-o e sendo o
alvo da nossa Conceção de Cuidados o grupo de trabalhadores da área administrativa.

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4. Resultados Esperados Mensuráveis

Compreendendo o cenário exposto, com a implementação do projeto e conceção de


cuidados de enfermagem associados, esperamos alcançar os seguintes resultados:

• Ausência de sintomatologia musculoesqueléticas derivada do trabalho, através


de novas respostas ao Questionário sobre Fadiga Laboral e Sintomatologia
Musculoesquelética;
• Diminuição dos níveis de fadiga laboral percebida, através de novas respostas
ao Questionário sobre Fadiga Laboral e Sintomatologia Musculoesquelética;
• Ausência de doenças profissionais derivadas de LMERT;
• Diminuição da Taxa de Absentismo Anual da empresa;
• Nenhuma ausência ao trabalho por consequência de LMERT.

Desta forma e enunciados os nossos resultados esperados, resta-nos avançar na


delineação do projeto de forma mais específica, partindo dos dados que transmitem
necessidades, passando pelas intervenções e atividades implementadas até à obtenção de
resultados de enfermagem e descrição de indicadores da atividade do Enfermeiro do Trabalho.

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5. Conceção dos Cuidados de Enfermagem

5.1 Área de Intervenção

Como já anteriormente referido, a área de intervenção selecionada para o


desenvolvimento deste trabalho será a Prevenção de Lesões Musculoesqueléticas Relacionadas
com o Trabalho (LMERT) nos trabalhadores administrativos.
As LMERT representam “um conjunto de doenças inflamatórias e degenerativas do
sistema locomotor” e “resultam da ação de fatores de risco profissionais como a
repetitividade, a sobrecarga e/ou a postura adotada durante o trabalho” (DGS, 2008, p. 11).
A AESST (2019) considera a adoção de posturas incorretas, o trabalho com cargas
pesadas, o trabalho de repetição, o trabalho com exposição a vibrações e baixas temperaturas
como fatores essenciais à compreensão e desenvolvimento das LMERT. Segundo o mesmo
autor, estudos anteriores relacionam a posição prolongada de sentado ao desenvolvimento
propício de diferentes doenças crónicas, o que aparentemente se relaciona igualmente com a
ocorrência de LMERT. Também a AESST (2019) refere a relação existente entre a exposição
a fatores de risco psicossociais/ organizacionais e o desenvolvimento de LMERT – neste
âmbito, consideram-se estudados 9 fatores de risco psicossociais e organizacionais que tal
potenciam, sendo eles: a ansiedade, a fadiga, os problemas de sono, o mal-estar mental, os
abusos verbais de cariz sexual no trabalho, a falta de energia, a pressão para completude de
tarefas e o desconhecimento dos objetivos/expectativas para o trabalho.
Assim, facilmente se compreende que as posturas incorretas são um dos principais
fatores de risco para o desenvolvimento de LMERT. Atendendo a que a utilização de
equipamentos dotados de visor (EDV) (cuja atividade está contemplada no cenário selecionado)
e dispositivos associados potenciam igualmente e de forma frequente a adoção destas posturas
incorretas. Desta forma, podemos também concluir que a utilização dos Equipamentos Dotados
de Visor está diretamente relacionada com a possibilidade de desenvolvimento de LMERT, de
acordo com Aires & Neto (2018).
Moreira (2010), citado por (Aires & Neto, 2018, p. 162), identifica diversas posturas no
âmbito da utilização de EDV que são recorrentes fatores de risco para o desenvolvimento de
LMERT:

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• “Extensão do braço que normalmente ocorre quando o monitor não tem ajuste em
altura, ou mesmo a mesa de trabalho que é demasiado alta não permitindo a
regulação;
• A manipulação de componentes como o rato ou teclado faz com que se proceda ao
desvio lateral da mão em relação ao antebraço;
• A circulação sanguínea pode diminuir devido à inclinação para a frente do fémur;
• O mau posicionamento dos documentos na base do trabalho pode provocar uma
rotação lateral de 20º originando assim dores de cabeça, nos ombros e na nuca.”

Segundo a DGS (2008) podemos considerar como sintomas característicos das LMERT
a dor tipicamente localizada, mas com possibilidade de irradiação, a ocorrência de parestesias
nos locais afetados e suas proximidades, a sensação de “peso” nas mesmas, a fadiga e
desconforto e a sensação de perda ou efetiva perda funcional de força das estruturas lesionadas.
Apresentada de forma sucinta a área de intervenção selecionada, iniciaremos de forma
mais concreta a Conceção de Cuidados de Enfermagem para tal.

5.2 Vigilância de Saúde

No que diz respeito à Vigilância de Saúde dos trabalhadores desta empresa, a mesma é
realizada no âmbito ocupacional e não ocupacional, construída com base na relação de
importância da vigilância de sinais e sintomas e prevenção de doenças não ocupacionais, com
o intuito de promover o bem-estar e a saúde geral de todos os trabalhadores. No que diz respeito
à Vigilância da Saúde dos Trabalhadores no âmbito legal da Saúde do Trabalho, todos os
trabalhadores realizam exame de Saúde do Trabalho anualmente, independentemente da idade,
e de forma ocasional sempre que se justifique, contando com exame do médico do trabalho e
com consulta de enfermagem do trabalho onde, mais do que coadjuvar o médico do trabalho,
se pretende obter dados sensíveis à intervenção de enfermagem no sentido de acompanhar o
estado de saúde do trabalhador, percecionar possíveis problemas e preveni-los. Na consulta de
enfermagem do trabalho aos trabalhadores do departamento administrativo, é realizado uma
anamnese em termos de vacinação, estilos de vida (hábitos tabágicos, consumo de álcool e
cafeína, prática de atividade física e padrão alimentar), regime terapêutico e patologias
associadas, monitorização de peso, altura, cálculo de índice de massa corporal, monitorização
de perímetro abdominal, monitorização da tensão arterial, monitorização da glicemia capilar,

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realização de teste de capacidade visual – através de Visiotest – e aplicação de diferentes


questionários oportunos de acordo com as especificidades, queixas e histórico de cada
trabalhador.
Atendendo à problemática percecionada pela avaliação de riscos no que diz respeito ao
Risco de LMERT, foi aplicado a todos os trabalhadores que trabalham em contexto
administrativo o Questionário sobre Fadiga Laboral e Sintomatologia Musculoesquelética de
Neto (2013). Desta forma, através das consultas de enfermagem, de questionários aplicados, de
visitas aos postos de trabalho e de relação com o trabalho dos Técnicos de Saúde e Segurança
do Trabalho foi possível reunir os dados que se apresentam nas secções seguintes.

5.3 Atividades do Enfermeiro do Trabalho

5.3.1 Recolha de Dados

A recolha de dados tem como objetivo levantar as necessidades apresentadas pelos


trabalhadores e pela organização, sendo por isso traduzida em percentagem, uma vez que
engloba em perspetiva todos os funcionários da empresa.
A recolha de dados, através dos instrumentos identificados no tópico 5.2 Vigilância de
Saúde, será de seguida orientada com recurso à Classificação Internacional para a Prática de
Enfermagem (CIPE) pela versão do International Council of Nursing (ICN, 2019) e os dados
com relevo para a temática em estudo serão apresentados de forma organizada segundo Focos
de Enfermagem.

Foco: Peso Comprometido – “Dimensão Dados (%) – IMC dos Trabalhadores


física” (ICN, 2019).
Excesso de Peso 50% dos trabalhadores da empresa Q
apresentam IMC entre 25 e 29,9
Obeso 20% dos trabalhadores da empresa Q
apresentam IMC igual ou superior a 30
Normal 30% dos trabalhadores da empresa Q
apresentam IMC entre 18,6 e 24,9

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Foco: Padrão alimentar ou de ingestão de líquidos – “Comportamento” (ICN, 2019).


Dados (%) – Identificação de hábitos alimentares e de ingestão de líquidos dos
trabalhadores
• 20% dos trabalhadores traz o almoço de casa e 80% dos trabalhadores realizam
as refeições fora (por exemplo em restaurantes e/ou cafés);
• 85% dos trabalhadores realiza entre 3 e 4 refeições por dia;
• 100% dos trabalhadores afirmam que realizam o almoço entre as 12h30-13h30;
• 75% dos trabalhadores refere não realizar uma refeição completa ao almoço por
considerar que o horário de almoço preconizado na empresa ocorre muito cedo;
• 60% dos trabalhadores afirmam não fazer regularmente pausas durante a manhã
e/ou durante a tarde para lanchar, por ausência de tempo e por interromper o
trabalho em curso;
• 95% dos trabalhadores afirmam que ingerem entre 1,5 a 2 litros de água por dia.

Foco: Padrão de exercício – “Comportamento” (ICN, 2019).


Dados (%) – Identificação de hábitos de exercício dos trabalhadores
• Todos os trabalhadores administrativos realizam as suas tarefas profissionais,
sentados durante longos períodos (por vezes superiores a 3 horas consecutivas);
• 75% dos trabalhadores afirmam que não praticam atividade física regular;
• 25% dos trabalhadores afirmam que fazem exercício (caminhadas e corrida) com
duração superior a 30min, pelo menos 3x por semana;
• 70% dos trabalhadores refere dificuldades em conciliar o horário com prática
desportiva;
• 65% dos trabalhadores refere que iria ao ginásio se houvesse soluções mais
económicas para os mesmos.

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Foco: Abuso de substâncias – “Comportamento comprometido: uso inadequado de


substância quimicamente ativa para um efeito não terapêutico, que poderá ser nocivo para
a saúde e causar adição” (ICN, 2019).
Dados (%) – Identificação da taxa de consumo de álcool, cafeína e/ou tabágicos dos
trabalhadores
• 40% dos trabalhadores é fumadora Tabaco
• 19% dos trabalhadores fuma diariamente um número superior ou igual
a 10 cigarros por dia
• 35% dos trabalhadores consume bebidas alcoólicas ao almoço, em Álcool
quantidade mínima de 20 cl
Trabalhadores Masculinos:
• 10% dos trabalhadores consome 2 ou mais copos de vinho ao jantar
• 5% dos trabalhadores consome 2 ou mais cervejas após o horário de
trabalho
Trabalhadores Femininos:
• 7% das trabalhadoras consume álcool após o horário de trabalho,
apenas de forma esporádica
• 75% dos trabalhadores consume 3 ou mais cafés por dia Cafeína

Foco: Incidência de doença – “Taxa: taxa relativa de indivíduos com uma determinada
doença” (ICN, 2019).
Dados (%) – Identificar a incidência de doenças crónicas não transmissíveis
0% dos trabalhadores apresentam diabetes mellitus tipo II
2% dos trabalhadores apresentam hipertensão arterial
1% dos trabalhadores apresentam hipercolesteremia
15% dos trabalhadores apresentam doenças musculoesqueléticas – das quais, mais
frequentes, tendinites, contraturas e epicondilites.

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Foco: Sono – “Processo corporal: diminuição recorrente da atividade corporal


evidenciada pela diminuição de consciência; não acordado acompanhado de; não
consciente; diminuição do metabolismo; postura imóvel; atividade corporal diminuída;
sensibilidade a estímulos externos” (ICN, 2019)
Dados (%) – Identificação de hábitos de sono/repouso
15% dos trabalhadores não realizam períodos de repouso durante o dia
85% dos trabalhadores afirmam que dormem entre 6 e 7 horas de sono
5% dos trabalhadores apresentam insónias
80% dos trabalhadores consideram o sono reparador

Foco: Processo Familiar – “Processo: desenvolvimento de interações e padrões de


relacionamento entre os membros da família” (ICN, 2019)
Dados: Identificação do agregado familiar dos trabalhadores
• 60% dos trabalhadores apresentam um agregado familiar de 2 pessoas
• 40% dos trabalhadores apresentam um agregado familiar igual ou superior a 3
pessoas
• 25% dos trabalhadores apresentam dependentes no agregado familiar
• 10% dos trabalhadores apresentam filhos em idade escolar
• 5% dos trabalhadores apresentam filhos com idade inferior a 6 anos

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Foco: Rendimento Familiar – “Rendimento: salários e outras fontes de dinheiro usadas


para cobrir as despesas familiares” (ICN, 2019)
Dados (%) – Identificação dos recursos económicos disponíveis para os
trabalhadores
• 10% dos trabalhadores recebe o salário mínimo;
• 90% dos trabalhadores recebe salários acima do salário mínimo;
• 50% dos trabalhadores afirma que quem contribui para o rendimento familiar é o
próprio trabalhador e o seu conjugue;
• 5% dos trabalhadores usufruem de apoios sociais;
• A empresa fornece prémios monetárias consoante os resultados de produtividade
demonstrados pelos trabalhadores;
• 85% dos trabalhadores considera ter recursos económicos suficientes para as suas
despesas e manutenção de uma vida com qualidade

Foco: Papel de apoio familiar – “Papel de apoio” (ICN, 2019)


Dados (%) – Identificação dos recursos de apoio disponíveis nas famílias dos
trabalhadores; avaliação do conhecimento dos trabalhadores sobre as licenças de
apoio a familiares
• 75% dos trabalhadores refere que tem pelo menos um membro da família que
pode prestar apoio emocional, físico e/ou financeiro;
• 2% dos trabalhadores não têm conhecimento sobre os direitos e deveres
intrínsecos às licenças de apoio a familiares.

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Foco: Planeamento familiar – “Processo familiar: processo comportamental de regular


o número e espaçamento etário das crianças numa família, tendo em conta os costumes
e a lei, o número de crianças e adultos ideal ou aceitável na família ou a valorização de
um sexo em relação ao outro” (ICN, 2019)
Dados (%) – avaliação o conhecimento dos trabalhadores sobre os deveres e
direitos das licenças da parentalidade; avaliação da formação das chefias sobre o
tema.
• 98% dos trabalhadores têm conhecimento sobre os direitos intrínsecos às licenças
de apoio a familiares;
• 85% das chefias encontram-se sensibilizadas para o tema em questão.

Foco: Sistema Musculosquelético – “Sistema corporal” (ICN, 2019)


Dados (%) – observação dos postos de trabalho; resultados apresentados pela
avaliação de riscos realizada na empresa;
• Os trabalhadores administrativos executam todas as suas tarefas em posição de
sentado, numa secretária e com utilização de computador, periféricos, telefone,
caderno e caneta para apontamentos de recurso;
• A Avaliação de Riscos efetivada pelos TSST na empresa determinou um Risco
Elevado de Lesões Musculoesqueléticas Relacionadas com o Trabalho (LMERT)
em 250 colaboradores que trabalham em posto administrativo.

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Foco: Dor musculosquelética – “Dor: sensação de dor com origem nos músculos,
articulações ósseas ou dentes; esta sensação é habitualmente referida como profunda e
dorida; ativada pelos movimentos de partes do corpo ou de todo o corpo, mas presente
também nos períodos de repouso” (ICN, 2019)
Dados (%) – identificação de sintomatologia musculosquelética
• 55% dos trabalhadores apresentam dores musculosqueléticas com frequência;
• Segundo o Questionário sobre Fadiga Laboral e Sintomatologia
Musculoesquelética aplicado aos trabalhadores administrativos, verifica-se que a
localização das dores mencionadas pelos trabalhadores incide em maior número
sobre seguintes regiões corporais: pescoço, zona lombar e mão/punho;
• Segundo o Questionário sobre Fadiga Laboral e Sintomatologia
Musculoesquelética aplicado aos trabalhadores administrativos, verifica-se que
cerca de 15% dos trabalhadores administrativos já se viram impedidos de
desempenhar o normal das funções nos últimos 12 meses por queixas
musculoesqueléticas;
• Segundo o Questionário sobre Fadiga Laboral e Sintomatologia
Musculoesquelética aplicado aos trabalhadores administrativos, verifica-se que
cerca de 40% dos trabalhadores administrativos apresentaram sintomatologia
musculoesqueléticas nos 7 últimos dias anteriores à resposta do questionário.

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Foco: Conhecimento sobre Papel de Prevenção de [LMERT] – “Status: conteúdo


específico de pensamento baseado na sabedoria adquirida, na informação aprendida ou
competência; conhecimento e reconhecimento da informação” / “Papel: agir ou evitar ou
desviar algo de acontecer” (ICN, 2019)
Dados (%) – avaliação do conhecimento dos trabalhadores sobre: posturas
corretas; ginástica laboral/ ergomotricidade; adaptação do posto e equipamentos
de trabalho ao trabalhador; identificação da existência de ações/formações sobre
posturas e ginástica laboral/ergomotricidade desenvolvidas pela empresa
• 70% dos trabalhadores não tem conhecimento sobre práticas de posturas corretas
nem de ginástica laboral/exercícios de alongamento no local de trabalho;
• A empresa colocou cartazes online, em suporte de email, para os trabalhadores
sobre ginástica laboral/ergomotricidade, porém não foram realizadas formações
nem ações em grupo sobre o tema;
• Por observação direta verifica-se que 80% dos trabalhadores apresentam
frequentemente posturas incorretas durante o trabalho, salientando-se
alongamentos indevidos, torções indevidas do tronco, elevação dos ombros
contínuas e ângulos posturais incorretos e mantidos durante longos períodos.

Foco: [Absentismo]
Dados (%) – identificar taxa de absentismo da empresa
• A taxa de absentismo anual da empresa é de 7%;
• 35% das ausências dos trabalhadores devem-se a consequências diretas ou
indiretas da ocorrência de lesões musculosqueléticas.

Foco: [Acidentes de trabalho]


Dados (%) – Identificação de Número de Acidentes de Trabalho
• Nos últimos 2 anos não foram reportados quaisquer acidentes de trabalho.

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Foco: Stresse – “Status comprometido: sentimento de estar sob pressão e ansiedade ao


ponto de ser incapaz de funcionar de forma adequada física e mentalmente; sentimento
de desconforto; associado a experiências desagradáveis; associado à dor; sentimento de
estar física e mentalmente cansado, distúrbio do estado mental e físico do indivíduo”
(ICN, 2019)
Dados (%) – identificação da perceção de stress pelos trabalhadores; identificação
de sintomas de stress nos trabalhadores
• 20% dos trabalhadores afirmam sentir distresse ocupacional;
• 12% apresenta alguma sintomatologia de distresse ocupacional, tais como
irritabilidade, ansiedade, perturbações do sono e dificuldades de concentração.

Foco: Fadiga [Laboral] – “Emoção negativa: sentimentos de diminuição da força ou


resistência, desgaste, cansaço mental ou físico e lassidão, com capacidade reduzida para
o trabalho físico ou mental” (ICN, 2019)
Dados (%) – identificação da perceção da fadiga laboral pelos trabalhadores;
identificação de sintomas de fadiga laboral nos trabalhadores
• 65% dos trabalhadores referem sentir fadiga laboral;
• 36% apresenta alguma sintomatologia de fadiga laboral, tais como sensação de
sobrecarga de trabalho, sonolência, dificuldade em esforço físico e sensação de
limitação na execução de tarefas fora do trabalho.

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Foco: Local de Trabalho – “Estrutura social” (ICN, 2019)


Dados – identificação das condições de trabalho nos postos administrativos
• Os postos de trabalho administrativos são constituídos por uma secretária com
um apoio em módulo de gavetas (que fica por baixo do tampo da secretária), uma
cadeira giratória de 5 braços com ajuste em altura do assento e não em
profundidade; a cadeira não possui apoio de braço e possui apenas um pequeno
apoio lombar não regulável em inclinação ou altura;
• Os trabalhadores trabalham num computador portátil que pousa na secretária e
ao qual está associado um teclado periférico e um rato, que utilizam quase
continuamente;
• Para participação em reuniões por videochamada, os trabalhadores utilizam o
portátil com uns auscultadores que vão utilizando quer no portátil quer no
telemóvel quando precisam realizar alguma chamada;
• O rato possui uma base sem apoio de pulso;
• O teclado não está adaptado com apoio de pulsos;
• Não existe apoio para pés – quando em momento de consulta os trabalhadores
são questionados sobre a possibilidade de utilização de apoio para pés, a maioria
refere que conhece, contudo uma grande parte dos trabalhadores refere que não
lhes parece confortável a sua utilização e outros fazem analogias
descontextualizadas sobre a utilização do mesmo, parecendo existir no seio da
organização um certo conceito errado da sua utilização e benefícios e uma certa
desvalorização sobre o mesmo;
• Não existe possibilidade de utilização de ratos verticais disponibilizados pela
empresa;
• Não estão disponíveis bases para portáteis ou monitores externos.

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Focos: (ICN, 2019)


• Disponibilidade para Aprender – “Disponibilidade”
• Volição – “Atitude: escolha consciente; ato de escolher para o bem-estar próprio”
• Cognição – “Processo psicológico: processo intelectual que envolve todos os
aspetos da perceção; pensamento; raciocínio e memória”
Dados – identificação de fatores preditivos de disponibilidade para aprender
• 90% dos trabalhadores administrativos possuem grau de escolaridade ao nível da
licenciatura;
• No decorrer das consultas de enfermagem, a grande maioria dos trabalhadores
demonstra-se disponível para obter e melhorar conhecimentos em saúde;
• Nas formações de Primeiros Socorros, os trabalhadores demonstram-se na sua
maioria interessados no processo de aprendizagem e envolvidos no mesmo;
• Não foi identificado qualquer problema cognitivo nem de aprendizagem em
nenhum trabalhador da empresa.

5.3.2 Diagnósticos e Intervenções de Enfermagem do Trabalho

Face aos dados recolhidos anteriormente, enquanto Enfermeiros do Trabalho elaborámos


os diagnósticos que se seguem, dentro da Área de Intervenção selecionada, sendo identificadas
já também as intervenções e atividades que as concretizam.

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Diagnóstico: Potencialidade para melhor [condições de trabalho]


Focos com dados relevantes para o enunciado:
• Stresse
• [Absentismo]
• Local de trabalho
• Padrão alimentar
• Padrão de exercício
• Disponibilidade para aprender
• Volição
• Cognição
Intervenções Atividades que concretizam a Intervenção
- Ensinar sobre Exercício - Ensinar, instruir e treinar Exercícios de Relaxamento
Muscular no Trabalho;
- Instruir e Treina Exercício - Programar momentos de pausa para realização da
Ginástica Laboral;
- Negociar [condições de trabalho - Negociar horários e pausas flexíveis (nomeadamente
com o empregador] o horário da pausa para almoço)
- Negociar e providenciar parceria com ginásios e
instituições de restauração para disponibilização de
refeições saudáveis no trabalho;
- Informar as chefias dos benefícios de condições de
alimentação e de prática de exercício saudáveis,
relacionando estes benefícios com o aumento da
produtividade e diminuição do absentismo;
- Negociar implementação de Programas de Ginástica
Laboral, com sessões em grupo e prática de exercícios
de alongamento individual.
- Gerir [orçamento] - Orçamentar e avaliar preços de adaptações para o
posto de trabalho;
- Priorizar aquisição de adaptações para o posto de
trabalho;

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- Negociar com o empregador verbas para aquisição


de adaptações do posto de trabalho;
- Adquirir adaptações para o posto de trabalho.
- Adequar [Postos de Trabalho] - Realizar visitas aos postos de trabalho no sentido de
realizar alterações que promovam as posturas corretas
no trabalho;
- Alterar postos de trabalho incluindo adaptações para
as posturas incorretas: apoio para pés, cadeiras
diferenciadas e promotoras de posturas corretas, base
de rato com apoio de pulso, apoio de pulsos para
teclado e bases para portáteis reguláveis em altura ou
disponibilização de monitores externos reguláveis.

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Diagnóstico: Potencialidade para melhorar papel de prevenção de [LMERT]


Focos com dados relevantes para o enunciado:
• Local de trabalho
• Fadiga
• Sistema Musculoesquelético
• Incidência da Doença
• Dor musculoesquelética
• [Absentismo]
• Conhecimento sobre Papel de Prevenção de [LMERT]
• Disponibilidade para aprender
• Volição
• Cognição
Intervenções Atividades que concretizam a Intervenção
- Ensinar sobre - Explicar o que são as LMERT, seus fatores de risco e respetiva
[LMERT] sintomatologia;
- Ensinar sobre relação entre excesso de peso e risco de LMERT;
- Ensinar sobre relação entre padrão exercício e risco de LMERT;
- Ensinar sobre relação entre o local de trabalho/ suas condições e
a ocorrência de LMERT.
- Ensinar sobre - Ensinar sobre as posturas corretas em trabalho administrativo,
[posturas corretas no incluindo informações relativas ao alinhamento dos segmentos
trabalho] corporais, ângulos entre segmentos corporais e relação das
posturas nomeadamente com a cadeira e mesa de trabalho;
- Exemplificar através de imagens a postura correta a adotar em
ambiente de trabalho administrativo;
- Demonstrar a postura correta a adotar em ambiente de trabalho
administrativo.
- Ensinar sobre local de - Ensinar sobre disposição correta dos materiais de trabalho
trabalho (portátil, periféricos, material de escrita e telemóvel) e relação do
trabalhador com os mesmos).

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- Instruir e treinar a - Corrigir posturas incorretas;


[adoção de posturas - Demonstrar posturas de trabalho adequadas;
corretas] - Treinar posturas de trabalho adequadas.
- Ensinar, Instruir e - Ensinar sobre ginástica laboral/ergomotricidade;
Treinar sobre Prevenção - Instruir e Treinar exercícios de alongamento/ Ginástica Laboral;
de [LMERT] - Providenciar campanhas de sensibilização a trabalhadores e
chefias sobre Prevenção de LMERT e sobre Ginástica
Laboral/Ergomotricidade.

Diagnóstico: Potencialidade para melhorar significado dificultador sobre [apoio de pés]


Focos com dados relevantes para o enunciado:
• Local de Trabalho
• Conhecimento sobre Papel de Prevenção de [LMERT]
• Sistema Musculosquelético
• Disponibilidade para aprender
• Volição
• Cognição
Intervenções Atividades que concretizam a Intervenção
- Ensinar, instruir e treinar sobre - Ensinar sobre a utilização do apoio de pés;
[apoio de pés] - Demonstrar e treinar utilização do apoio de pés;
- Demonstrar benefícios do apoio de pés;
- Investigar conhecimento e crenças
- Providenciar relatos de utilizadores de apoio de
sobre [apoio de pés]
pés;
- Realizar discussão de ideias acerca do tema.

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Diagnóstico: Dor musculosquelética


Focos com dados relevantes para o enunciado:
• Dor musculosquelética
• Absentismo
• Incidência de Doença
Intervenções Atividades que concretizam a Intervenção
- Promover Controlo de - Controlar fatores ambientais capazes de influenciar a resposta
Dor do paciente ao desconforto (p. ex., temperatura, iluminação,
ruídos ambientais);
- Reduzir ou eliminar fatores que precipitam ou aumentam a
experiência de dor (p. ex., medo, cansaço, monotonia e falta de
informação);
- Investigar com o paciente os fatores que aliviam/pioram a dor;
- Promover uso de estratégias não farmacológicas, como por
exemplo estratégia de relaxamento muscular.
- Vigiar Dor - Realizar uma avaliação completa da dor, incluindo local,
características, início/duração, frequência, qualidade,
intensidade e gravidade;
- Determinar o impacto da experiência da dor na qualidade de
vida (sono, cognição, humor, desempenho profissional e
responsabilidades dos papéis).

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5.3.3 Resultados Obtidos

Após a implementação das intervenções anteriormente referidas, importa definir alguns


critérios pelos quais serão analisados e avaliados os resultados da implementação destas mesas
intervenções.
Desta forma e atendendo ao alvo das intervenções que neste caso é um grupo, os
resultados obtidos serão avaliados/analisados de acordo com os seguintes tópicos:

• Taxa de Presenças e Participação nas Campanhas e Ações de Sensibilização


realizadas sobre Prevenção de LMERT e Ginástica Laboral;
• Taxa de Participação nas Sessões em Grupo de Ginástica Laboral;
• Diminuição da Dor Musculosquelética nos trabalhadores com queixas;
• Nível de Satisfação dos Trabalhadores face às Campanhas e Ações de Sensibilização
realizadas sobre Prevenção de LMERT e Ginástica Laboral;
• Nível de Satisfação das Chefias face às Campanhas e Ações de Sensibilização
realizadas sobre Prevenção de LMERT e Ginástica Laboral;
• Feedback pelas chefias relativo a mudanças implementadas a curto prazo pelos
trabalhadores suscitadas pelas intervenções de enfermagem referidas.

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5.3.4 Indicadores da Atividade do Enfermeiro do Trabalho

A conceção de cuidados de enfermagem não culmina nunca com a concretização de


intervenções nem com a obtenção de (melhores ou piores) resultados. Pelo contrário, a
conceção de cuidados deve ser norteada e graduado com o objetivo de alcançar os melhores
resultados (diretos e indiretos), demonstrando a qualidade e força das intervenções selecionadas
face às necessidades e problemas identificados. Assim, surge a necessidade de para o projeto
que tem vindo a ser desenhado no decurso deste trabalho, descrever alguns indicadores da
atividade do Enfermeiro do Trabalho que para este efeito e temática em abordagem
consideramos os seguintes:

• Diminuição da Taxa de Absentismo Anual da Empresa;


• Diminuição da Deteção de Ocorrência de Posturas Incorretas no Trabalho;
• Reorganização dos Postos de Trabalho com implementação de adaptações sugeridas;
• Diminuição do número de Trabalhadores com Sintomatologia Musculoesquelética;
• Efetivação da elaboração de parcerias com ginásios e instituições de restauração para
disponibilização de refeições saudáveis no local de trabalho;
• Aumento da Produtividade;
• Aumento do Número de Campanhas e Ações de Sensibilização relativas a Prevenção de
LMERT e Ginástica Laboral;
• Aumento do Número de Trabalhadores com participação em Campanhas e Ações de
Sensibilização relativas a Prevenção de LMERT e Ginástica Laboral;
• Implementação de Pausas Flexíveis;
• Implementação de Horário de Trabalho Flexível;
• Diminuição da Fadiga Laboral percebida pelos trabalhadores, através de nova aplicação
do Questionário sobre Fadiga Laboral e Sintomatologia Musculoesquelética;
• Verificação em Avaliação de Riscos, a classificação como “Aceitável” do Nível de
Risco de LMERT para os trabalhadores em posto administrativo;
• Efetiva aquisição e implementação das medidas de adaptação aos postos de trabalho
sugeridas;
• Percentagem de Trabalhadores a utilizar as medidas de adaptação aos postos de trabalho
implementadas.

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5.3.5 Registos de Enfermagem

No que diz respeito aos Registos de Enfermagem que consideramos úteis de ser
realizados perante o Projeto desenvolvido, salientamos os seguintes:

• Registo dos Resultados Obtidos;


• Registo do obtido em termos de Indicadores de Atividade;
• Registo de feedbacks dos trabalhadores aquando das ações e campanhas de
sensibilização sobre Prevenção de LMERT e Ginástica Laboral;
• Registo de questões colocados e de subtemas referidos como importantes pelos
trabalhadores quando das ações e campanhas de sensibilização sobre Prevenção
de LMERT e Ginástica Laboral;
• Registo de Dificuldades da Implementação do Projeto;
• Registo de Sugestões de Melhoria ao Projeto emitidas pelos trabalhadores e
chefias;
• Registo de dificuldades aquando da Prática de Exercícios de Alongamento/
Ginástica Laboral para possível reformulação dos planos respetivos;
• Registo do domínio apresentado pelos trabalhadores aquando de ensinos,
instruções e treinos.

A efetivação destes Registos de Enfermagem permite não só concluir sobre o sucesso


das intervenções, mas também acompanhar a evolução da temática em estudo, sendo assim
possível, caso necessário, reformular e adequar intervenções de acordo com o acompanhamento
desta evolução.

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6. Conclusão

Em cariz de reflexão e conclusão face ao desenvolvimento do presente trabalho,


gostaríamos de iniciar com a identificação de algumas dificuldades ocorridas neste percurso.
De facto, a Conceção de Cuidados de Enfermagem não é de todo linear nem de início
aparentemente direta quanto à sua formulação. Desta forma e por ser menos comum a descrição
de Processos de Enfermagem cujo alvo é um grupo e não uma pessoa, atividade até então pouco
concretizada pelos elementos do grupo, esta mudança de alvo levou-nos à perceção de alguma
dificuldade quer na estruturação da colheita e descrição de dados, quer na enunciação de
diagnósticos e referenciação de intervenções.
Além deste ponto referido, foi também para o grupo um pouco complexo a delineação
do cenário, no sentido de garantir que o mesmo seria robusto o suficiente para sustentar o
desenvolvimento do trabalho pretendido, sem que, quer o cenário e a conceção de cuidados,
parecesse desajustada ou irreal.
Outra das dificuldades sentidas diz respeito à diferenciação entre Resultados Obtidos e
Indicadores de Atividade. No sentido de dar resposta ao solicitado com base em alguma
bibliografia estudada e no que foi apresentado em contexto de aulas da Unidade de Formação
Enfermagem do Trabalho, orientamos a descrição do trabalho nestes tópicos no sentido de
alocar a informação dos Resultados relativamente aos possíveis de obter a curto prazo e após a
implementação das intervenções e atividades. Já quantos aos Indiciadores de Atividade,
formulamos os mesmos contando que estes podem ser expressos em termos de Ganhos em
Saúde e Ganhos para a Empresa em questão, pelo que estão expressos e pensados mais a longo
prazo.
Por fim, no que diz respeito a dificuldades sentidas, gostaríamos de realçar a
complexidade que existe na tentativa de esboçar o Plano de Cuidados de Enfermagem com base
na Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE), pois a nosso entender
existe ainda muito pouca sensibilidade desta Classificação para termos e conjuntos de termos
associados à Enfermagem do Trabalho em específico e à Saúde Ocupacional em geral. Foi
expresso o nosso melhor possível neste trabalho, contando que por vezes foi necessário recorrer
a termos inexistentes na Classificação em causa.
No que diz respeito a outras temáticas ou necessidades percecionadas com importância
para atuação no âmbito da Enfermagem do Trabalho, gostaríamos de reiterar que este Projeto
não engloba nem permite a abordagem de todas elas, tendo sido, a título de exemplo,

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identificada a necessidade de atuação em Enfermagem do Trabalho sobre a temática da


influências das Condições do Trabalho relacionadas com a Conciliação Familiar que, não
encaixando diretamente na Área de Intervenção escolhida e não sendo a nossa prioridade, seria
alvo de Conceção de Cuidados de Enfermagem no futuro. De referir também que a escolha das
Intervenções de Enfermagem enunciadas neste trabalho, revelam também alguma priorização
face a outras que se poderiam considerar sobre a temática.
Em termos de aprendizagem, consideramos que a elaboração do presente trabalho foi
essencial para relembrar alguns conhecimentos já abordados, como por exemplo a Teoria das
Transições e a elaboração de enunciados através da CIPE, permitindo-nos concretizar este tipo
de conhecimentos e competências na medida da sua implementação e norteio das nossas
práticas enquanto Profissionais de Enfermagem e futuros Enfermeiros do Trabalho.
Consideramos, em suma, que este projeto nos fez adquiri competências no âmbito da
Conceção de Cuidados de Enfermagem e da colaboração em equipe. Algumas destas
competências têm vindo a ser desenvolvidas por nós em experiências académicas e
profissionais anteriores, contudo, num contexto em que apenas durante a realização desta Pós-
Graduação todos os elementos do grupo trabalham e estudam de forma simultânea, tal nunca
tínhamos experienciado segundo estas condicionantes.
Finalizando, gostaríamos também de emitir um grande agradecimento ao Enfermeiro
Vitor Brasileiro por nos ter dado o mote para a consecução deste trabalho e através do mesmo
termos conseguido, certamente, evoluir em diversas valências da profissão, considerando-nos,
seguramente, mais preparados para encarar a Enfermagem do Trabalho com o rigor e
competência que a mesma merce.

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