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WAGNER

TEIXEIRA
PSICANALISTA

INSTAZINE
psicanaliseorg.site

PROGRAMA DE
PSICANÁLISE
ORGANIZACIONAL
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Choque de realidade no
meio terapêutico.

Estamos vivendo o ápice da futilidade em todos os


sentidos, desde o charlatanismo até a saturação de
mercado. É bem sabido que os antigos psicanalistas,
por exemplo, não enriqueceram ofertando sessões de
análise.

Entre as atividades mais exercidas pelos pais da


psicanálise, apresentam-se muitas capacidades além
das que vemos nos psicanalistas modernos que pululam
aos milhares nas redes sociais: escreviam artigos,
criavam suas próprias revistas, jornais, grupos de estudo;
trocavam mensagens com cientistas sociais, filósofos e
artistas. Hoje veem outros com desdém.

O critério de formação era elevado, jamais se poderia


esperar que alguém que tivesse feito um curso de 4 dias
fosse considerado um homem de ciência ou
intelectualmente apto para oque quer que fosse.

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Quando Freud defendeu que o leigo pudesse se tornar


um analista, isso jamais se baseou em qualquer ideia
de que isso fosse feito de qualquer maneira, pelo
contrário: o caráter e os valores éticos, a análise
pessoal constante e a prática supervisionada deveriam
obedecer a uma epistemologia muito além de apenas
distribuir títulos. Nem mesmo a certificação era o fim
último de uma formação psicanalítica. Era o processo
de análise e prática que construíam e desenvolviam o
conhecimento e o autoconhecimento nessa jornada
formativa.

Com raras excessões, vemos que a análise e as


abordagens psicoterapêuticas se dissolveram nas
massas, misturando-se com conceitos religiosos e
ideológicos que, ao invés de contribuir, como é
possível, com a psicoterapia e a análise, tomam-lhe o
lugar dentro do espaço e do processo confrontativo e
reflexivo que visa a liberação ou entendiemnto daquilo
que, de outro modo, o fundamentalismo religioso e o
fanatismo ideológico-político poderiam castrar, tolher,
proibir ou explorar negativamente.

O que restou? Um sincretismo tão abstrativo e


subjetivo que praticamente qualquer coisa se torna
terapia ou validamente instrumento de influência
terapeuta-cliente. Por motivos próprios, claro.

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Obviamente, o resultado disso chegou em uma realidade


que os profissionais preferem não ver, pois do contrário,
teriam que admitir seu próprio fracasso frente à
seriedade de todo o processo científico, filosófico e até
humano da construção do saber psicoterapêutico.

É possível desafiar qualquer pessoa a printar qualquer


anuncio de oferta de terapia para constatar que não há
fila de pessoas buscando submeter-se a algo que, na
verdade, está muito longe de ser uma sessão de
massagem de ego e entretenimento egoísta para
terapeutas exibirem um ar de autoridade e sagacidade
publicitária. Algo quase sacerdotal.

Para preencher o vazio lucrativo, clínico e de significado


do "analista solitário", se constatou que o melhor
caminho para compensar essas faltas é produzir cursos.
E está bem que assim seja, aliás, como dito, os
psicanalistas devem estar aptos a formar outros, senão
pelo fato de que isso deveria ser feito por uma comissão
ou reitoria, mas o que vemos é o isolacionismo causado
pela concorrência velada.

De associações fajutas à formações express, desleixo


com a escrita e erros de fala e compreensão de texto,
temos a aparição massiva da ignorância soberba que,
aliás, dá origem à outro extremo: o mercado explorador
dos cursos de milhões.
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O extremo dos cursos caros e elitistas ganham força
como resposta à instituições pueris, que praticamente
distribuem certificados e carteirinhas, se aproveitando
da não regulamentação da maioria das abordagens
terapêuticas.

Temos também associações sem atividades associativas,


temos promessa de ganhos (eu digo ou você diz?) e
argumentos torpes para justificar que uma pessoa é
capaz de ser psicanalista em um fim de semana ou em
menos horas que o que seria necessário para ler pelo
menos um único livro de Freud.

Talvez agora, com a remoção do nome fantasia dos MEI,


o castelo de pseudo associações e conselhos
desmorone, pois esses nomes não serão mais
encontrados em relação ao número dos CNPJ's.

Os dois mercados em oposição (banalizadores e


elitistas) se sustentam nos ataques um ao outro,
enquanto o equilíbrio é fácil e simples: estudar sem se
inchar, fazer análise tanto quanto estudar, se atualizar e
ganhar experiência primeiro e se unir mais em livres
sociedades para construir grandes centros de pesquisa e
estudo ao invés de se entregar à tentação
mercadológica.

O meio psicanalítico sofre dos mesmos males que


intenciona resolver nos indivíduos: outrora quer as
facilidades e afagos maternais, outrora quer assumir o
paternalismo autoritário e autocrático.
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