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O SEXO BIOLÓGICO E A PSICOLOGIA NA SEXUALIDADE: um estudo do

comportamento¹ sexual para além das definições de masculino e feminino²

Klayton Marcelino de Paula


Liliane Soares Gomes
Maíza Brandão Mangabeiro

RESUMO: A pesquisa em questão discute sobre os fatores biológicos do comportamento sexual que, se não
interpretado de forma coerente, podem ser considerados como fontes de preconceitos gerando prejuízos aos
indivíduos, tanto no que se refere à sua saúde mental como em sua vida social. Nesse sentido, as bases biológicas
do comportamento sexual, juntamente com o conhecimento da Psicologia, seriam eficazes para o enfrentamento
das questões ligadas à sexualidade? A hipótese dessa pesquisa está em averiguar se a junção dessas duas áreas do
conhecimento seria suficiente para criar mecanismos de análise e interpretação da realidade? Dessa forma,
auxiliando na diminuição do preconceito infligido à comunidade LGBTQIAPN+. Assim, essa pesquisa tem
como objetivo geral promover o intercâmbio entre a Biologia, com seus estudos sobre comportamento
sexual/reprodutivo e os conhecimentos da Psicologia sobre a sexualidade. O trabalho tem como base
metodológica o levantamento bibliográfico, em que se identificaram produções científicas sobre o
comportamento sexual biológico, a evolução histórica acerca das discussões sobre a sexualidade e a discussão
com base na psicanálise. Após a avaliação da bibliografia, tem-se a conclusão que a união dessas áreas do
conhecimento apresenta grande eficácia no entendimento do comportamento sexual e da sexualidade, uma vez
que, suas particularidades se complementam.
Palavras-chave: Comportamento sexual. Biologia. Psicologia.

ABSTRACT: The research in question discusses the biological factors of sexual behavior that, if not interpreted
in a coherent way, can be considered as sources of prejudice causing harm to individuals, both in terms of their
mental health and their social life. In this sense, would the biological bases of sexual behavior, together with the
knowledge of Psychology, be effective in facing issues related to sexuality? The hypothesis of this research is to
find out if the combination of these two areas of knowledge would be enough to create mechanisms for analysis
and interpretation of reality? In this way, helping to reduce the prejudice inflicted on the LGBTQIAPN+
community. Thus, this research has the general objective of promoting the exchange between Biology, with its
studies on sexual/reproductive behavior, and Psychology's knowledge on sexuality. The work is
methodologically based on the bibliographic survey, in which scientific productions on biological sexual
behavior, the historical evolution of discussions about sexuality and the discussion based on psychoanalysis were
identified. After evaluating the bibliography, it is concluded that the union of these areas of knowledge is highly
effective in understanding sexual behavior and sexuality, since their particularities complement each other.
Keywords: Sexual behavior. Biology. Psychology.

1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho propõe analisar, sob a ótica da Biologia, o comportamento sexual


e reprodutivo entre algumas espécies de seres vivos e o contraponto com os estudos da
sexualidade na Psicologia. Partindo do Reino Monera, categoria de seres vivos mais simples,
e seguindo a escala evolutiva até chegar no homem constituído como espécie, observa-se
infinitos meios de se obter sucesso reprodutivo (SANTOS, 2022). Dessa forma, desmistifica a

¹ Comportamento: se refere à padrões biológicos relativos aos mecanismos reprodutivos observados entre os
seres vivos contemplados nessa pesquisa.
²Trabalho de Curso apresentado ao Centro Superior UNA de Catalão – UNACAT, como requisito parcial para a
integralização do curso de Psicologia, sob orientação da professora Me. Elillany Elias da Silva.
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crença de que a natureza criou o masculino e o feminino como formas únicas,


complementares e interdependentes, mas evidencia possibilidades reprodutivas e estratégias
adaptativas diversas.
De acordo com Santos (2022), na atual classificação biológica, os seres vivos estão
distribuídos em cinco reinos. Seguindo uma escala evolutiva a partir dos organismos mais
simples para os mais complexos, sendo esses: reino monera, reino protista, reino fungi, reino
plantae e reino animalia (SANTOS, 2022). Dessa forma, Godoy e Fungyi (p.4, 2022)
esclarecem que, historicamente, as primeiras tentativas de classificar os seres vivos por
categorias remonta a Aristóteles no século IV a.C., à época classificados quanto ao tipo de
reprodução e por possuírem, ou não, sangue vermelho. Na sequência das pesquisas, em 1735
o sueco Carl Nilsson Linnaeus (1707 – 1778) executou a categorização dos seres vivos que
serviu de base para as atuais classificações. A partir de Charles Darwin (1809 – 1882) a
evolução das espécies ganhou destaque central na Biologia. Mas, somente com Robert
Harding Whittaker (1920 – 1980) que se propôs em 1969 uma nova classificação dos
organismos, em cinco reinos, que é classificação atualmente adotada (GODOY e FUNGYI,
p.4, 2022).
Atualmente, ao analisar toda essa biodiversidade, mais bem estruturada em termos de
classificação, pode se traçar uma cronologia entre os reinos no que diz respeito ao
comportamento reprodutivo e à separação sexual dos seres. Bem como, seus mecanismos para
obter sucesso na perpetuação da espécie para além do que se define como masculino e
feminino. Esse processo de replicação é essencial e ocorre das mais variadas maneiras nas
mais variadas formas (Motta, 2016). Assim, é perceptível que reproduzir está além da
dependência dos órgãos reprodutivos (Lima, 2018).
Dessa forma, ao abordar o tema do comportamento sexual, a partir do que ocorre com
outros seres vivos e trazendo essa análise para o ser humano, acredita-se na pertinência da
junção dessas duas áreas do conhecimento, a Biologia e a Psicologia, como coadjuvantes ao
desenvolvimento do pensamento livre de dogmas e crenças limitantes.
O tema se justifica, pois, quando se observa a luta cotidiana das pessoas incluídas no
movimento LGBTQIAPN+ (Lésbicas, Gays, Bi, Trans, Queer/Questionando, Intersexo,
Assexuais/Arromânticas/Agênero, Pan/Poli, Não-binárias e mais), os esforços são
direcionados contra a ideia fixa de que a natureza criou o masculino e o feminino como
únicos, fixos, interdependentes e imutáveis. Nesse contexto, essas pessoas buscam pela
validação do seu existir como pessoas para além de seu sexo de nascimento. As questões aqui
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expostas sobre a sexualidade, quando ocupam seu espaço na pesquisa acadêmica, extrapolam
os limites do preconceito e prejulgamento e assume seu lugar de importância (Okita, 2015).
A pesquisa questionou se a Biologia aliada à Psicologia seria capaz de promover
rupturas em preconceitos e prejulgamentos em relação à sexualidade? Partindo do
entendimento que tradicionalmente é definido como normal ou anormal no campo da
sexualidade, ao evidenciar as diversas formas de se comportar sexualmente, poderíamos
entrar no campo do que se define como possibilidades. Tendo em vista que, somos seres
resultados de uma sequência evolutiva.
Dessa forma, o objetivo geral foi promover o intercâmbio entre a Biologia, com seus
estudos sobre comportamento sexual/reprodutivo e os conhecimentos da Psicologia sobre a
sexualidade à luz da psicanálise. Para esse fim, foram definidos os seguintes objetivos
específicos: a - evidenciar, com base na Biologia, a diversidade de comportamentos
sexuais/reprodutivos entre os seres pertencentes ao Reino Animalia e a desconstrução do
determinismo biológico do masculino e feminino; b – esclarecer historicamente a evolução do
movimento LGBTQIAPN+ desde a criação da sigla GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes) na
década de 90.
Para tanto, foi feito um levantamento bibliográfico integrando comportamento
sexual/reprodutivo biológico, no contexto evolutivo das espécies vivas, juntamente com a
evolução das discussões da sexualidade, enquanto movimento social. Sobre os movimentos
sociais, temos como métrica o acompanhamento dos últimos trinta anos das atualizações da
sigla GLS até LGBTQIAPN+, com ênfase para os determinantes de novas inserções de cada
termo. Dessa forma, o comportamento sexual foi retratado à luz dos aspectos esclarecedores e
inclusivos. Para tal, nos debruçamos na leitura que nos apresentou um escopo qualitativo com
base em obras que são referências nessas áreas.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Comportamento sexual e a desconstrução do masculino e feminino sob a ótica da


Biologia

Como forma de organização textual a abordagem biológica obedeceu a escala


evolutiva proposta por Robert Harding Whittaker (1920 – 1980), que em 1969 definiu a
classificação dos organismos em cinco reinos, a partir dos organismos mais simples para os
mais complexos, da seguinte forma: reino monera (bactérias e cianobactérias), reino protista
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(protozoários e algas protistas), reino fungi (todos os fungos), reino plantae (todos os
vegetais) e reino animalia (todos os animais).
O reino monera, de acordo com Paulino (2009), é composto por seres unicelulares e
procariotos (células sem núcleo), o reino protista é composto por seres também unicelulares,
porém eucariotos (células com núcleo). Para esses dois reinos os mecanismos reprodutivos
são: a divisão binária ou cissiparidade (quando uma única bactéria ou protozoário se divide ao
meio originando dois geneticamente iguais), há também o mecanismo de conjugação (quando
duas bactérias ou dois protozoários se conectam pelos seus envoltórios celulares e
compartilham material genético). Nesse caso, há uma recombinação de genes e na sequência
eles se desconectam e passam a se multiplicar novamente por divisão binária, porém agora
geneticamente diferentes (PAULINO, 2009).
Nos reinos supracitados não há a diferenciação entre masculino e feminino, logo não
tem a presença de nenhuma forma genital, bem como a multiplicação e variabilidade genética
não dependem da produção de gametas (óvulo e espermatozoide). Inclusive, teoricamente,
para esses reinos o evento de nascimento e de morte também não é regra, pois a cada divisão
binária a célula se reorganiza e se renova.
No reino fungi, de acordo com Paulino (2009), os mecanismos reprodutivos começam
a se diversificar. Nesse reino há seres tanto uni quanto pluricelulares e seus mecanismos
reprodutivos são por meio da fragmentação, brotamento, esporulação (fragmentação do
núcleo) e observa-se o surgimento de células haploides para alguns fungos aquáticos,
semelhante à configuração genética de um gameta (PAULINO, 2009). Ainda assim, não há a
diferenciação entre o que se define como masculino e feminino.
Com base nas informações de Santos (2022), o reino plantae será o primeiro grupo de
seres vivos mais bem especializados na divisão entre características masculinas e femininas.
Nesse processo, os vegetais desenvolveram mecanismos de reprodução tanto assexuada
quanto sexuada, tendo na flor seu único órgão reprodutivo, tanto para o masculino quando
para o feminino. Há a formação dos gametas, nesse caso, o gameta masculino é chamado de
anterozoide, e o gameta feminino é a oosfera (SANTOS, 2022). Na reprodução sexuada
ocorre a união de dois gametas por meio da fecundação, garantindo a recombinação e a
variabilidade genética da espécie (PAULINO, 2009).
Já o reino animalia é composto unicamente por indivíduos multicelulares com uma
infinidade de mecanismos reprodutivos, bem como diversificadas expressões de gênero e
comportamento sexual. Vejamos os casos mais expressivos distribuídos nos principais filos
obedecendo a uma escala evolutiva de complexidade entre os organismos (PAULINO, 2009).
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Nos Poríferos (esponja-do-mar) não há separação dos sexos, mas há a produção de


gametas: óvulo e espermatozoide. Porém, não possuem gônadas – ovários e testículos.
(FARIAS, 2019). Nos Cnidários (águas vivas) há separação dos sexos, surgimento das
gônadas a partir de dobras na gastroderme (parte do intestino), há separação dos animais entre
masculino e feminino (SANTOS, 2022).
Entre os Platelmintos (planárias e tênias), os Nematelmintos (lombrigas), os Anelídeos
(minhocas) e os Moluscos (polvos, lesmas e caracóis) há indivíduos de sexo separados e há os
hermafroditas com presença de gônadas (PAULINO, 2009).
No grupo dos Artrópodes (insetos, aranhas, crustáceos, quilópodes e diplópodes) há o
surgimento dos genitais, principalmente nos machos, geralmente as fêmeas possuem um poro
genital ou cloaca. Observa-se o desenvolvimento da reprodução por partenogênese, que é a
total independência da participação do espermatozoide no processo reprodutivo (PAULINO,
2009).
Para os Equinodermos (estrelas-do-mar e ouriços) há indivíduos de sexo separados e
presença de gônadas. Também se reproduzem por regeneração (PAULINO, 2009). No grupo
dos Cordados (peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos) há indivíduos de sexo separados e
há os hermafroditas, presença de gônadas e genitais mais bem desenvolvidos (PAULINO,
2009).
O filo dos Cordados é subdividido em cinco classes, sendo essas: peixes, anfíbios,
répteis, aves e mamíferos. Em todos esses seres são observados uma rica variedade de
comportamentos sexuais descritos a seguir. Para os peixes, de acordo com Guedes (2022) em
média, 500 espécies mudam de sexo de forma natural. Geralmente esse fato ocorre quando
morre o macho dominante e a fêmea maior assume seu lugar.
Entre os anfíbios, Ximenes (2016) informa que a rã da espécie Rana clamitans tem a
capacidade de mudar de sexo ainda na fase de larva (girino). Geneticamente são machos, mas
na fase adulta têm a aparência física de fêmea e seus testículos passam a produzir óvulos.
Na classe dos répteis, as espécies de lagartos do gênero pogona, são popularmente
conhecidas como dragões-barbudos. Elas têm a capacidade de mudar de sexo ainda no ovo.
Os cientistas explicam que os dragões-barbudos geneticamente são do gênero masculino, mas
que assumem o papel e as capacidades reprodutivas do sexo feminino. Outras espécies, como
as tartarugas, têm o sexo definido pelo ambiente em relação à incidência de sol e calor sobre o
ninho, os ovos mais na superfície recebem mais calor e nascem fêmeas. Existem, ainda,
espécies onde há apenas fêmeas, a Cnemidophorus uniparens, uma espécie de lagarto
formada somente por fêmeas que se reproduzem sem machos. Cada animal é um clone: as
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filhas são geneticamente idênticas às mães (XIMENES, 2016). Esse mecanismo reprodutivo
se caracteriza pela capacidade de formar descendência a partir, unicamente, do material
genético contido na célula germinativa da gônada feminina (SANTOS, p.30, 2007).
Para as aves não há uma mudança de sexo propriamente dito, mas mudança de
comportamento. Machos ou fêmeas podem assumir comportamento e estrutura física do sexo
oposto (XIMENES, 2016).
Na classe dos mamíferos, da qual os humanos fazem parte, as hienas desenvolvem o
clitóris assumindo formato de pênis, os primatas fazem sexo somente por prazer, sem a
necessidade de cio e mais de vinte outras espécies animais têm comportamento homossexual
(XIMENES, 2016).
Como espécie em franco desenvolvimento, o Homo sapiens sapiens surgiu na Terra
por volta de 300 a 200 mil anos (NEVES, 2021). Dentre toda a diversidade de comportamento
sexual descrito até o momento, para além das definições de normalidade ou anormalidade, é
importante entender o que ocorre de forma natural com outras espécies, pois oferece a
oportunidade de reflexão. Nesse sentido, como explicar a diversidade de comportamento
sexual humano? Se há uma explicação biológica, essa ainda não foi amplamente definida com
base no conhecimento científico.
Se a ciência ainda não conseguiu explicar a diversidade de comportamento sexual, por
outro lado, essa mesma ciência explica, por meio da embriologia, que entre homens e
mulheres há muito mais semelhanças do que diferenças. De acordo com Moore (2016) até a
sétima semana do desenvolvimento embriológico o sistema genital precoce é similar
independente do cromossomo (X ou Y), consistindo em um estágio indiferenciado do
desenvolvimento sexual. As gônadas indiferenciadas (órgãos primordiais antes da
diferenciação) consistem de um córtex externo e uma medula interna.
No início da quarta semana, o mesênquima em proliferação produz um tubérculo
genital (primórdio do pênis ou do clitóris). As saliências labioescrotais e as pregas urogenitais
se desenvolvem. O tubérculo genital se alonga formando um falo primordial (que propiciará a
formação de um pênis ou clitóris) (MOORE, 2016).
As ações hormonais ordenadas entre estímulos ou inibições promove o
desenvolvimento do genital interno e externo. Logo, em embriões com cromossômico sexual
XX, o córtex da gônada primitiva (antes, indiferenciada) se desenvolve em ovário (MOORE,
2016).
O falo primordial no feto feminino gradualmente se torna o clitóris, que é
relativamente grande com 18 semanas. As pregas uretrais se fusionam para formar o frênulo
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dos pequenos lábios e as partes não fusionadas das pregas urogenitais formam os pequenos
lábios (MOORE, 2016).
As pregas labioescrotais se fundem para formar a comissura labial posterior e
anteriormente para formar a comissura labial anterior e o monte do púbis. A maior parte das
pregas labioescrotais permanecem não fusionadas e se desenvolvem em duas grandes pregas
de pele, os grandes lábios (MOORE, 2016). Essa construção anatômica pode ser mais bem
compreendida na figura a seguir.

Fonte: Ilustração da origem embrionária e do desenvolvimento da genitália externa diferenciada. Fonte: Quigley Ch. (2007)

Na fase adulta, esse genital completamente desenvolvido, ainda assim as semelhanças


anatômicas permanecem e podem ser observadas na figura abaixo.

Fonte: https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/orgaos-reprodutores-femininos

Por parte da Biologia as semelhanças anatômicas e o processo de desenvolvimento


embrionário são evidentes e incontestes para comprovar que, entre homens e mulheres, há
mais semelhanças do que diferenças. Por outro lado, as manifestações do comportamento
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sexual biológico, independente de qualquer constituição anatômica, podem ser mais bem
compreendidas no contexto da psicologia.
Para Anjos e Lima (2016) “A sexualidade constitui um dos principais dispositivos de
controle e produção de subjetividade na sociedade ocidental. Desse modo, acredita-se que seja
fundamental para a psicologia, na atualidade, problematizar alguns de seus conceitos basais
que organizam a forma como entendemos a constituição dos sujeitos, muitos explicitamente
pautados por uma lógica heteronormativa de gênero e sexualidade”.
Nesses termos, de acordo com a Resolução do CFP nº 1, de 22 de março de 1999.
Estabelece normas de atuação para os psicólogos em relação à questão da Orientação Sexual.
Assim, no seu Parágrafo 3º “Considerando que a forma como cada um vive sua sexualidade
faz parte da identidade do sujeito, a qual deve ser compreendida na sua totalidade”. Esse
pressuposto da identidade do sujeito pode ser mais bem compreendido historicamente a partir
dos anos 90, quando surge a sigla GLS e a inserção de novas categorias originando a atual
LGBTQIAPN+.

2.2 Entre inclusões, exclusões e ajustes em trinta anos de construção histórica, desde a
criação da sigla GLS na década de 90 até a atual LGBTQIAPN+

Para entender o trajeto do movimento LGBTQIAPN+ é necessário buscar as primícias


sobre como o sujeito integrante deste movimento era visto diante da sociedade. Partindo de
um cunho religioso, muitas instituições têm buscado dirigir a conduta dos sujeitos. Segundo
Foucault (2002), a partir de estratégias de governo, os movimentos religiosos buscam regular
e normalizar as atitudes e comportamentos desviantes. Esse ato de governar instruía os
sujeitos a confessar suas práticas e seus desejos para que, dessa forma, as "punições" operem
sobre eles/as de forma que estabeleçam o "padrão normal" de sexualidade, a
heterossexualidade (Grifos nosso).
As homossexualidades, as travestilidades e as transexualidades, em meio aos discursos
(re)produzidos por essas instituições religiosas, assumem diversas classificações. Tais
subjetividades contra a supremacia são tidas como práticas antinaturais, como abominações,
como pecados, pois não há a possibilidade de procriação, pois não corresponde à constituição
da família patriarcal. Esse viés decorre principalmente de instâncias ligadas ao cristianismo
(ENGELS, 2012, p. 40).
Natividade (2009) destaca que, historicamente há certo conflito na relação entre
diversidade sexual e cristianismo, e que tal relação tem sido marcada pela reprodução de
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discursos e normas que controlam e regulam a sexualidade. Embora alguns avanços em


relação à articulação religiosidade-sexualidade tenham ocorrido, há um grande embate entre a
esfera religiosa e os direitos sexuais, salientando os efeitos produzidos na sociedade pela
intolerância religiosa. André Musskopf (2012) destaca que, tal intolerância tem propiciado e
impulsionado alguns movimentos religiosos a interferirem sobre as questões políticas, como o
direito de igualdade das relações homoafetivas e as questões relacionadas ao aborto, o que
acaba por afetar a laicidade do país.
A homossexualidade foi incluída sob o termo “homossexualismo” na 6ª Revisão da
Classificação Internacional de Doenças (CID), da Organização Mundial de Saúde, em 1948,
na categoria 320, “personalidade patológica”. Na 8ª Revisão da CID, em 1965, a categoria
302, “desvio e transtornos sexuais”, incluiu o homossexualismo na subcategoria 302.0. Na 9ª
revisão manteve-se esta classificação, entretanto, ela passou a ser fortemente criticada dentro
dos campos da medicina, da psicologia e da psiquiatria, sendo rejeitada também pelos
movimentos homossexuais em muitos países (CARNEIRO, 2015).
Desde o início das suas articulações políticas, no final dos anos 70, os movimentos
LGBTs (na época, Movimento Homossexual Brasileiro) tinham como foco de suas lutas o
combate ao preconceito ao qual os homossexuais encontravam-se sujeitos. Uma frente
importante desta luta visava à despatologização da homossexualidade perante órgãos
nacionais de saúde, como o Conselho Federal de Medicina, o Instituto Nacional de
Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) e o Conselho Federal de Psicologia.
Ferrari (2004) discute que o movimento homossexual busca lugar no espaço público e,
explora este mesmo espaço como lugar de produção e conhecimento, de debates e de luta
política para além de seus muros. Emerge a partir de uma preocupação com a política das
identidades de gênero e sexuais, surgindo com a proposta de evidenciar outras possibilidades
de viver as homossexualidades, destacando aspectos positivos acerca destas. O movimento é
também um espaço educativo. O trabalho do movimento gay representa essencialmente no
que Foucault classifica como causa política que, refere-se ao discurso produzido sobre sexo,
sexualidade, desejo, verdade, ou seja, com os reflexos da nossa herança moderna. Ao falar de
homossexualidade e relacioná-la à defesa do direito por prazer, amor e desejo, o
movimento gay insere-se nessa causa política. Para Foucault (1988), a causa do sexo, quando
se liga à produção de conhecimento e ao direito de falar dele, está associada à liberdade,
aproximando-se da teoria da emancipação defendida por Boaventura Santos (1993).
Segundo Facchini (2005), o movimento homossexual emerge no Brasil no final de
1970 e é representado por duas ondas. A primeira onda - 1978 - seria caracterizada pela
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emergência do Grupo Somos, de São Paulo, e pelo Jornal Lampião da Esquina. O Grupo
Somos foi caracterizado como um modelo de organização e articulação política, adquirindo
visibilidade por sua atuação e pela importância que teve na experiência de vida das pessoas
que transitaram nesse espaço. E, o Jornal Lampião da Esquina, possibilitou que muitos grupos
fossem conhecidos e adquirissem visibilidade, pois publicava e divulgava o trabalho desses
grupos.
A decisão, por parte dos movimentos homossexuais, de lutar pela despatologização da
homossexualidade no Brasil foi estabelecida no primeiro encontro de grupos de militância
homossexual, em 1979, e reforçada no ano seguinte no 1º Encontro de Grupos Homossexuais
Organizados (EGHO) e no 1º Encontro Brasileiro de Homossexuais. Nestes eventos ficou
decidido que os militantes reivindicariam a exclusão do código 302.0 da Classificação
Internacional de Doenças (CID), da OMS, adotado pelo INAMPS. Para isto, entrariam em
contato com profissionais da área da saúde para criar núcleos de estudo sobre a
despatologização da homossexualidade e pressionariam a Organização Mundial de Saúde
(OMS), a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), a Associação Brasileira de
Psiquiatria (ABP), o Conselho Federal de Medicina e o Conselho Federal de Psicologia.
Segundo Facchini (2005), na década de 1980 houve a retomada do regime
democrático e o surgimento da AIDS no Brasil, que era chamada de “peste gay”. Em
consequência sucedeu o declínio do movimento gay, pois o contexto trouxe dificuldades de
viabilização de uma política de identidade homossexual. Já na década de 1990, ocorreu o
ressurgimento do movimento homossexual, surgindo vários grupos nos encontros nacionais.
Entre inúmeros encontros de discussão nacional com relação à homossexualidade e
discriminação, e em razão da participação de vários grupos no movimento, emerge, em 1995,
a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), que
vem trabalhando na divulgação de trabalhos e propostas no âmbito do movimento e
promovendo ações de combate ao preconceito e reconhecimento dos direitos LGBT.
Ramos (2005) aponta que 1990 é caracterizado por acontecimentos importantes como
relação à homossexualidade, tais como: 1) a emergência de ações no âmbito dos direitos por
parte do legislativo e da justiça; 2) o aumento no número de espaços de sociabilidade LGBT,
bem como de produtos (revistas, sites de internet, etc.) relacionados aos gays e às lésbicas; 3)
surgimento de grupos de apoio e defesa aos homossexuais e; 4) articulação de ativistas e
homossexuais na luta pela visibilidade e a emergência das paradas do orgulho gay ou paradas
LGBT.
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Em relação a construção histórica da sigla que define o movimento social supracitado,


o termo “GLS” foi criado no Brasil em 1994 por André Fischer (jornalista brasileiro criador
do Mix Brasil – Festival de Cultura da Diversidade), em uma entrevista no lançamento do
Festival Mix Brasil 1994, na busca de uma tradução para “gay friendly”, utilizou esse termo
que foi um acrógrafo para Gays, Lésbicas e Simpatizantes e seu objetivo inicial era puramente
mercadológico, mas em pouco tempo foi adotado pela sociedade brasileira. O “S” de
simpatizantes vinha para representar as pessoas heterossexuais que apoiavam o movimento.
Durante o percurso dessa construção do movimento LGBT, as siglas do movimento
foram sendo alteradas a fim de incluírem os direitos adquiridos e de acolhimento àqueles que
foram aderindo ao movimento como parte dele. Então, posteriormente, a própria organização
do Festival Mix Brasil fez uma autocrítica ao perceber que as três letras excluíam algumas
orientações e identidades sexuais. Como nos Estados Unidos já se utilizava a sigla LGBT, em
2008 o termo GLS foi oficialmente substituído, com o objetivo de se aproximar das outras
culturas que já a utilizavam. Inicialmente era dito como GLBT, porém as letras “L” e “G”
foram trocadas de lugar para valorizar as lésbicas no contexto de diversidade sexual,
considerando que a visibilidade dos homens gays é muito maior do que a das mulheres
homossexuais na sociedade.
Nesse contexto, o movimento foi ganhando força e as paradas do orgulho gay tem se
caracterizado como um dos eventos de maior destaque entre as demais ações do movimento.
Essa organização promove inúmeras articulações dentro dos grupos LGBT. A associação
LGBT de Rio Grande, por exemplo, articula-se há três anos na organização dessa ação, entre
outras atividades, tais como seminários de debate acerca das questões voltadas à
multiplicidade sexual e de gênero, bem como à homofobia e concursos de Miss Gay e Miss
Transex. Tais propostas têm como objetivo não envolver somente o movimento LGBT, mas a
sociedade como um todo.
Em 2004 foi implantado pelo governo federal, em esfera nacional, o programa “Brasil
sem Homofobia”. Projeto de combate à violência e à discriminação contra LGBT e de
promoção da cidadania homossexual. Já em 2005, foi publicada pelo CFP uma nova versão
do Código de Ética Profissional do Psicólogo que, primeiro traz à luz os deveres
fundamentais do Profissional de Psicologia:
Dos Princípios Fundamentais - I. O psicólogo baseará o seu trabalho no respeito e na
promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano,
apoiado nos valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos. II.
O psicólogo trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas
e das coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer formas de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. III. O
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psicólogo atuará com responsabilidade social, analisando crítica e historicamente a


realidade política, econômica, social e cultural. [...] (CÓDIGO DE ÉTICA DO
PSICÓLOGO, 2005, p. 7)

Em seguida o mesmo código aponta as ilicitudes que o Profissional da Psicologia deve


se atentar a não cometer:
Art. 2º – Ao psicólogo é vedado: a) Praticar ou ser conivente com quaisquer atos que
caracterizem negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade ou
opressão; b) Induzir a convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas,
religiosas, de orientação sexual ou a qualquer tipo de preconceito, quando do
exercício de suas funções profissionais; [...] (CÓDIGO DE ÉTICA DO
PSICÓLOGO, 2005, p. 9)

Logo, o combate à violência e discriminação sexual citadas, passa a ser também de


responsabilidade do Psicólogo, regulamentado pelo próprio Conselho de Ética, trazendo em
seu viés o direito de saúde mental para os indivíduos que se identificam com o movimento.
Tendo conquistado esses direitos, por conseguinte, vieram os procedimentos de redesignação
sexual, também conhecidos popularmente como “mudança de sexo”, do fenótipo masculino
para o feminino, passaram a ser autorizados pelo Conselho Federal de Medicina. Assim,
desde 2008, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a cirurgia para os brasileiros. Já em
2010, o processo de redesignação do fenótipo feminino para o masculino foi aprovado e
passou a ser atendido pela rede de saúde pública. Entretanto, a fila de espera pode ultrapassar
os 20 anos, de modo que a maioria das pessoas busca por soluções privadas, quando há
condição financeira para tanto.
Um dos marcos importantes para o movimento aconteceu em 2011, quando os juízes
do Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceram a união estável para casais do mesmo sexo
através da ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) nº 4277 e a ADPF (Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental) nº 132. A união civil estável e o casamento
civil entre pessoas do mesmo sexo são algumas das mais recentes e mais importantes
conquistas do Movimento LGBT brasileiro. O casamento entre homossexuais foi legalizado,
em 2013, pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ. A utilização do nome social e as
mudanças de registro civil para a população de transexuais e travestis também é outra
conquista do Movimento LGBT, previstas nas Resoluções CNJ nº 270/2018 e n°348/2020,
respectivamente. Desde 2009 os nomes sociais podem ser utilizados no SUS e, desde 2013, é
permitido o uso no Exame Nacional do Ensino Médio - Enem. Já em março de 2018, o STF
determinou que os indivíduos transgêneros fossem permitidos a alterar, oficialmente e em
cartório, seus nomes e registros de sexo.
Após todas essas conquistas, as siglas do movimento foram alteradas. Como o
objetivo é a luta por direitos e a promoção das mais diversas identidades de gênero e
13

orientações sexuais, a sigla integrou uma maior diversidade sexual e, hoje é conhecida
como LGBTQIAPN+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Queer, Intersexo,
Assexuais/Arromânticos/Agêneros, Pansexuais, Não-binários e mais). O símbolo “+” abrange
todas as pessoas que não se enquadram nas nomenclaturas que compõem as siglas do
movimento como o gênero fluido, entre outros. O Movimento LGBTQIAPN+ é representado
pela bandeira com as cores do arco-íris, sendo um dos símbolos mais conhecidos em todo o
mundo. A bandeira que representa o movimento surgiu no ano de 1978, criada pelo artista
norte-americano Gilbert Baker, popularizada como símbolo do orgulho gay.
Sendo assim, a luta do movimento LGBTQIAPN+ transcende a construção política e
religiosa da homossexualidade, trazendo uma perspectiva do exercício da integridade do
indivíduo constituído de direitos e deveres segundo a própria Constituição Federal, garantindo
em sua integralidade a essência de cada ser. O combate ao preconceito, também tem um
destaque nesse contexto através da reeducação e informação, já que perante a lei, todas as
pessoas possuem igualdade.

3. METODOLOGIA

Projetos de pesquisa admitem inúmeras maneiras de desenvolvimento, sendo que


todas dependem da escolha dos sujeitos, do objeto de pesquisa e do aspecto teórico adotado.
Segundo Silva (2005), o trabalho de pesquisa.
[...] está ainda intimamente relacionado às experiências anteriores do pesquisador,
aos seus conceitos e ao modo que este se relaciona com o referencial teórico
adotado. Dessa forma, o trabalho é marcado pela existência do pesquisador e por
suas concepções acerca do objeto de estudo. (p.10)
As constituições teóricas da pesquisa fornecem uma direção para a construção,
obtenção e interpretação de materiais, dados e informações. Em todos os momentos do
trabalho são descobertas informações e formuladas hipóteses para o discernimento do
problema de pesquisa, até que se possa obter uma constituição final que ofereça um
entendimento de maior amplitude da realidade.
A pesquisa qualitativa proposta por nós representa um processo permanente, dentro
do qual se definem e se redefinem constantemente todas as decisões e opções
metodológicas no decorrer do próprio processo de pesquisa, o qual enriquece de
forma constante a representação teórica sobre o modelo teórico em
desenvolvimento. Tal representação teórica guia os diferentes momentos da
pesquisa e define a necessidade de introduzir novos instrumentos e momentos nesse
processo, em dependência das ideias e novos fatos geradores de novas necessidades
no desenvolvimento do modelo teórico (REY, 2005, p. 81).
14

Este estudo trata-se de uma pesquisa qualitativa do tipo levantamento bibliográfico,


que terá como principal foco as considerações da interrelação de saberes oriundos da Biologia
e Psicologia no campo do comportamento sexual. Sobre a natureza qualitativa da pesquisa
Lüdke e André (1986) pontuam que essa “tem o ambiente natural como sua fonte direta de
dados e o pesquisador como seu principal instrumento” e que nesse espaço “a preocupação
com o processo é muito maior do que com o produto”, pois “o 'significado' que as pessoas dão
às coisas e à sua vida são focos de atenção especial pelo pesquisador” (1986, p. 11-13).
Neste sentido, a pesquisa tem o compromisso em transformar realidades, de
empoderar sujeitos, de melhorar espaços, criar lugares que valorizam os sujeitos críticos e
sonhadores, a fim de questionar o mundo e realizar mudanças, pois “[...] quando um homem
compreende sua realidade, pode levantar hipóteses sobre o desafio dessa realidade e procurar
soluções.” (FREIRE, 1981, p. 30).
A pesquisa foi estruturada da seguinte forma: a primeira etapa da investigação
consistiu no levantamento bibliográfico a respeito do comportamento sexual/reprodutivo
biológico. A segunda etapa da investigação pretendeu entender como a sigla GLS foi se
ajustando às recentes definições e inserções de novas categorias até chegar na atual
LGBTQIAPN+. Dessa forma, consequentemente, estabeleceu grupos e inseriu pessoas, antes
negligenciadas, em suas formas de ser e performar socialmente. A terceira etapa se efetivou
com a discussão, com base em uma análise psicológica, baseada na abordagem psicanalítica
em relação à construção da sexualidade humana.
Para isso, partiu-se de duas bases teóricas de informação: livros, tanto os impressos
quanto em formato digital, e uma busca eletrônica nas bases de dados: Scientific Electronic
Library Online (SCIELO), Google Acadêmico e periódicos da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), durante o período de fevereiro a
novembro de 2022. A seleção dos trabalhos aconteceu baseada nos critérios de tema e
palavras-chave: comportamento sexual, Biologia e Psicologia. Quanto às palavras de busca,
definiu-se: sexo biológico, evolução biológica, mecanismos reprodutivos, história do
movimento LGBTQIAPN+ e sexualidade na psicanálise. Os textos dessa seleção foram lidos
e analisados, de modo a identificar os mais relevantes atendendo a proposta dessa pesquisa.
Na sequência foram feitas leituras e releituras, examinando e destacando aqueles que
permitissem a integração das áreas da Biologia e da Psicologia, ao tema central,
comportamento sexual biológico e sexualidade à luz da psicanálise. Após essa etapa, os textos
que não se referiam à temática e que não possibilitaram a intertextualidade discursiva foram
15

excluídos. Para este estudo, devido à característica de um levantamento bibliográfico, não


houve o envolvimento de pessoas.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A psicologia é a ciência que busca compreender os processos mentais e o


comportamento do indivíduo, significa que as mesmas leis que regem outras ciências com
embasamento científico também a norteia, buscando conhecimento pautado em fatos
empíricos, fazendo um elo entre as ciências sociais, sociologia, antropologia, ciências
naturais, biologia, e algumas ciências mais recentes como a ciência cognitiva e a da saúde. A
psicologia não só estuda o comportamento do sujeito mais também a adaptação no meio em
qual este faz parte, quais são seus grupos de pertencimento, também estuda seus processos
mentais, como se planeja, sonha, pensa, conclui e fantasia. Partindo do pressuposto que o
comportamento tem uma série de fatores distintos tais como: variações orgânicas
(predisposição genética, metabolismo, etc.), situacionais (ambiente que está inserido, cultura,
relacionamentos, etc.) e disposicionais (personalidade, motivação, etc.). (KELLER, 1972).
Já a psicanálise é considerada um campo de saberes e práticas na qual se atravessa
jogos de poderes e verdade, configurando formas no que é dito normal e também desvio no
intuito de produzir subjetividade, de modo que os atos, as interpretações, diagnóstico e a
direção do tratamento tenha algum significado, tendo em consideração como o indivíduo
pensa, e define suas escolhas consigo mesmo e com os demais e sua ação no mundo.
(FOUCOULT, 1995).
Por sua vez, Freud diz que o sujeito e o social estão interligados e a psicanálise
trabalha a temporalidade baseando como o aparelho psíquico armazena as situações vividas
na memória, podendo ser registradas de maneiras distintas com ou não de interferências. Os
indivíduos estão constantemente sujeitos a processos de retrocriação, na passagem do
inconsciente para o consciente. (FREUD,1996 ).
A Psicanálise não é essencialista, é ontológica. Na abordagem Psicanalítica, o sexo
não é biológico, não usual do gênero e não define masculino e feminino. Segundo Ceccareli
(2017) existe um consenso entre os psicanalistas em relação à orientação sexual. Esta acessão
continua rígida em estreita consonância com a moral sexual: sexo, gênero, desejo e orientação
sexual continuam a ser entendidos como características naturais dos indivíduos.
Sendo assim, o olhar psicanalítico não estabelece o “ser” do indivíduo, ou seja, não é
pelo fato do indivíduo ser biologicamente de um sexo que se identificará com o mesmo
16

gênero. No que tange aos gêneros e formações culturais convencionais do masculino e do


feminino, não se trata de ser, mas de parecer ser. Exemplo: o indivíduo nasceu biologicamente
homem e se identifica como mulher. Não existe nenhum indivíduo masculino ou feminino, o
que nos aponta para uma ética a esse respeito: não sabemos o que é ser uma mulher ou ser um
homem, podemos tão somente dizer, por meio de uma análise do contexto biossociocultural,
como alguém se tornou condizente com o gênero biológico. (FREUD, 1920, p. 211).
Lacan (1975), traz na teoria da sexuação, por meio da interação entre indivíduos, a
inexistência da relação sexual definida por Freud e que, posteriormente foi reavaliada e
reescrita pelo próprio Lacan. Esta releitura, traz como ruptura (o que a Psicanálise define
como “furo”), a relação entre dois seres sexuados que é dito como trauma, apontado por Freud
como inadequação entre o desejo e o gozo. Quando há o primeiro encontro, com o real do
sexo e o indivíduo desejante, não necessariamente haverá identificação ou relação amorosa.
Ainda nessa discussão temos duas vertentes: o lado do homem - o fálico (objeto desejante e
de falta) e o lado da mulher - não fálico (objeto de desejo e de suplência). Dentro desse
contexto, temos a relação sexual como significante fálico para a escolha do parceiro sexual.
Outro parceiro pode surgir da face oculta, ou seja, quando o objeto desejante ou o faltante
busca o mesmo significante fálico.
Lacan propõe dois mitos em sua obra O Artúdito (1972), os dois lados da sexuação –
homem e mulher, que também podem ser chamados de as duas "metades do sujeito". O mito
do Complexo de Édipo contempla o lado do todo fálico, o dito homem, o tabu do incesto. De
um lado encontramos o sujeito desejante que deseja a mãe tendo o pai como rival, por isso
mata-o e atinge seu objeto de desejo tornando-se rei de Tebas. Mas, ao ser descoberto por
seus crimes, Édipo fura os olhos e é exilado, passando da posição de sujeito desejante a
objeto-dejeto, perdendo a coroa, o reino, o cetro e o poder (LACAN, 1972, p 468).
Ao contrário do Complexo de Édipo, o mito de Tiresias traz uma outra vertente.
Sófocles traz o personagem de Tiresias em sua peça. Era o “Mestre da Verdade” (grifo nosso),
cego e adivinho que, decifra enigmas e os presságios vindos dos deuses. Segundo a mitologia,
quando jovem, ao passear no Monte Citéron, Tiresias cruzou com duas serpentes copulando,
apartando-as, ele se transforma em mulher. Após sete anos ao passar no mesmo local,
encontra-as novamente copulando e, separando-as, volta à forma de homem. Por conhecer as
duas formas, Zeus e Hera o convidaram para apaziguar uma briga do casal. Hera, ao ver o
segredo feminino revelado, ficou colérica e condenou Tiresias à cegueira. Zeus, para consolá-
lo, prolongou-lhe a vida por sete gerações e o agraciou com o dom da adivinhação. A
principal característica de Tiresias é a de conhecer o gozo feminino, esse gozo do Outro, para
17

além do falo e da fala, obscuro e opaco, que as mulheres guardam em si o segredo do inefável
- a grande vidência. Tiresias representa a mulher que não existe, o lúdico, o Eu fantasioso, o
saber misterioso, tudo que é enigmático. (Lacan, 1972).
Lacan (1975) diz que os transgêneros, por sua vez, possuem posição sexuada além da
anatomia. Há uma partilha ocupando os lugares dos seres fálicos ou não fálicos inspirando
escolhas de gênero, esculpindo ou inventando. Propõe ainda, separar os seres faltantes em
duas metades: metade homem e metade mulher, ressaltando que a identificação com uma das
metades é predominantemente do Eu, ou seja, o Eu corporal, o imaginário. Essa identificação
imaginária possui dois significantes: o nível do binarismo e dois universais homem-mulher.
Ainda segundo Lacan (1975), a transexualidade não é nada menos que o desejo de se tornar o
sexo oposto.
A Psicanálise, em seu modo tem como argumento constituído que o sujeito tem uma
relação com o sexo singular. Lacan (1975) chama os dois lados do sujeito de metades, o
sujeito que se propõe ser dito mulher segundo a sua expressão na obra O Artúdito, cada
sujeito pode tomar lugar de um lado ou de outro, assumindo o status de mulher ou de homem.
Há uma identificação própria de gozo aos faltantes do lado de todo fálico e para os outros
sujeitos que estão do lado do não fálico. São os que biologicamente se dizem homens e os que
se dizem mulheres, mas não propriamente são homens ou mulheres, nem em aparência, são
identificações simbólicas ao significante homem e mulher, levando em consideração seus
próprios significantes e suas singularidades.
A Psicanálise, fala da plasticidade sexual, a circulação do sujeito. A posição do
sujeito, objeto, falo e a mulher que não existe. A posição de um sujeito desejante e de falo a
reduzi-lo em parceiro sexual para gozar como objeto ou atrair parceiro do outro sexo
(LACAN, 1975, p. 75). A fêmea humana está no lugar de desejante, enquanto o macho
humano ocupa o objeto da causa do desejo, e pode além do sujeito ocupar do lugar da mulher
que não existe. O lugar de não-todo leva o sujeito a dividir o falo (busca do parceiro sexual) e
a solitude. Sendo assim, mesmo que sua anatomia dita, pode se deslocar e transpor o outro
lado invadindo o lugar do não-todo fálico.
Posições sexuadas não estão interligadas a patologias ou alguma estrutura clínica,
como referem, as discussões socioculturais, ou seja, a sexualidade humana primeiramente tem
bases nas relações objetais do sujeito, aprendida, tendo como contribuição secundária traços
biológicos. Não é um fator determinante a sexualidade como patologia, quando se há um
tratamento psicanalítico na hora do diagnóstico elementos tais como: alucinações e
formações delirantes em casos histéricos ou ausência delas nas psicoses não apresentadas,
18

podem ser descobertas a partir da escuta do sujeito por meio da transferência analista -
analisando. Dando continuidade à discussão sobre metades dos sujeitos, podemos fazer alusão
sobre um suposto binarismo homem-mulher, que na predicativa não-todo passa apresentar.
Lacan cria essa ideia. (LACAN, 1972).
Em 1990 surgiu o movimento onde a homossexualidade não era considerada como
doença, mas uma sexualidade diferente. Foucault (1990) busca compreender através desse
paradoxo a relação do indivíduo com o seu corpo e os prazeres, já que em outros tempos o
desejo não era centrado na identidade sexual. Por esse estereotipo de bioidentidade é
reconfigurada a respeitabilidade sexual. Sua proposta é empreender uma crítica sobre nós
mesmos, sobre a inflexão e a imposição da heteronormatividade como a única estrutura capaz
de compreensão e orientação hegemônica, subalternando as outras sexualidades. Nesta mesma
década, foi desmistificado a epidemia da AIDS, revitalizando as reflexões sobre identidade
sexual e que as identidades homossexuais não faziam analogia ou representavam perigo a
saúde pública.
O objetivo de Foucault (2001) era desnaturalizar a heteronormatividade, através da
cultura, tendo como base a análise política sexual, não o estudo centralizado, tornando a
pessoa heterossexual como único ser normal compulsoriamente através de meios
educacionais, culturais e institucionais. A teoria não só critica a política sexual, como foca
em evidenciar a homofobia e a transfobia, para legitimar a heterossexualidade.
A partir da discussão desse ponto de vista foucaultiano damos início a outro ponto, a
questão identificadora do indivíduo com o seu corpo e gênero de nascimento, bem como a sua
não aceitação biologicamente identificatória e não conformidade como gênero. Sendo então, o
percurso da transformação do corpo, buscando uma estética que representa seu interior ao
efetivar os elementos heterogêneos que, passa a ter complexidades que interferem nos direitos
base, tais como acessos a bens e serviços de qualidade, escolhas frente a proteção e garantia a
vida, ou seja, a pessoa não considera a heteronormatividade de acordo com a cultura orgânica
estrutural, Foucault (2001). Há também os riscos diante das dificuldades encontradas por
pessoas na transformação dos seus corpos, por falta de condições financeiras e optam por
modos alternativos e acessíveis pela urgência em se sentirem satisfeitas e felizes consigo
mesmas.
Não só da composição física, biológica e o funcionamento fisiológico o corpo também
necessita de especificações sexuais, contexto histórico e antropológico que conversem entre
si, trazendo descargas sexuais de gênero que integram o sujeito de direito. É pelos corpos que
os indivíduos vivenciam e dão passagem a diversidade de afetos, compartilhando modos
19

distintos de existencialização. Ao se falar em identidade de gênero somos remetidos a


subjetividade orientada pelo sistema sexo que produz sujeitos dos sexos fazendo alusão por
exemplo as transexuais que não conseguem colocação no mercado de trabalho devido ao
preconceito existente vendo se obrigadas, não é uma regra, a se tornarem profissionais do
sexo como forma de se manterem (FOUCAULT,1990).
Segundo Ceccareli (2017) o entendimento de tudo isso é que o gênero se revela um
operador importante, um potente auxiliar para pensarmos com novos parâmetros e novos
caminhos pulsionais, e a reavaliar as relações entre corpo, sexo, construções identitárias e
discurso do poder. Na clínica, temos que rever nossas posições teóricas. Sujeitos transgêneros,
transexuais, sujeitos não binários, e outras tantas nomenclaturas que surgem a cada dia se
fazem cada vez mais presentes, levando-nos a pensar nas novas formas de sociabilidade daí
advindas. Até pouco tempo, tais sujeitos eram classificados como portadores de um distúrbio,
de uma disforia – de identidade sexual, de gênero.
Sendo assim, os indivíduos vivenciam experimentações além da anatomia, passam por
processos e construções de ordem emocional, afetiva, sexual em todos os aspectos. Estas
passagens por diferentes afetos fazem com que tenha disponibilidade, flexibilidade para se
conectar e desejar tornar-se como elas se sentem confortáveis em si, o que é chamado por
Foucault de corporalidades. É fundamental problematizar o respeito da construção de
identidade, a própria noção de ser pessoa, a partir da coerência da ordem dominantes, dentro
da lógica binária dos modelos (BUTLER, 2003, p. 38).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir dos estudos apresentados, foi possível perceber a grande diversidade de


comportamento sexual biológico entre os seres vivos, os quais se mantêm por uma
necessidade de equilíbrio biológico, consequentemente, evolutiva e independente do que se
entende como masculino e feminino, anatomicamente. Por outro lado, foi apresentado a
incrível semelhança anatômica, desde o embrião, entre homens e mulheres. Ficou evidente
que a abordagem da Psicanálise, para comportamento sexual, faz uso de uma variedade de
análises, as quais são adaptadas de modo a compreender às necessidades dos indivíduos e que,
seja qual for, demonstra bastante eficácia.
O objetivo do presente trabalho foi de promover o intercâmbio entre a Biologia, com
seus estudos sobre comportamento sexual/reprodutivo e os conhecimentos da Psicologia sobre
a sexualidade. Diante disso, o preconceito e prejulgamento que excluem pessoas, perde força
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à medida que se adquire o entendimento de que o comportamento sexual tem fatores


biológicos e psicológicos naturais. Vale ressaltar que, em nenhum momento dessa pesquisa se
pretendeu validar condutas equivocadas que infligem dor, sofrimento ou qualquer outra forma
de abuso ligado ao comportamento sexual. Mas, tão somente, se pretendeu ampliar o
entendimento de que dogmas que tentam enquadrar, dentro do contexto de normalidade,
apenas a heteronormatividade. Dessa forma, as pessoas que não se reconhecem como
heterossexuais, se sentem mais aptas a enfrentar situações que antes não conseguiam o que,
por consequência, lhe trazem melhoria da qualidade de vida.
Como limitação para a realização dessa pesquisa, tem-se as escassas fontes
bibliográficas específicas que integram as narrativas da Biologia e da Psicologia na análise do
comportamento sexual, fazendo-se necessário expandir as bases de pesquisa em futuras
análises.

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