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RESUMO: A pesquisa em questão discute sobre os fatores biológicos do comportamento sexual que, se não
interpretado de forma coerente, podem ser considerados como fontes de preconceitos gerando prejuízos aos
indivíduos, tanto no que se refere à sua saúde mental como em sua vida social. Nesse sentido, as bases biológicas
do comportamento sexual, juntamente com o conhecimento da Psicologia, seriam eficazes para o enfrentamento
das questões ligadas à sexualidade? A hipótese dessa pesquisa está em averiguar se a junção dessas duas áreas do
conhecimento seria suficiente para criar mecanismos de análise e interpretação da realidade? Dessa forma,
auxiliando na diminuição do preconceito infligido à comunidade LGBTQIAPN+. Assim, essa pesquisa tem
como objetivo geral promover o intercâmbio entre a Biologia, com seus estudos sobre comportamento
sexual/reprodutivo e os conhecimentos da Psicologia sobre a sexualidade. O trabalho tem como base
metodológica o levantamento bibliográfico, em que se identificaram produções científicas sobre o
comportamento sexual biológico, a evolução histórica acerca das discussões sobre a sexualidade e a discussão
com base na psicanálise. Após a avaliação da bibliografia, tem-se a conclusão que a união dessas áreas do
conhecimento apresenta grande eficácia no entendimento do comportamento sexual e da sexualidade, uma vez
que, suas particularidades se complementam.
Palavras-chave: Comportamento sexual. Biologia. Psicologia.
ABSTRACT: The research in question discusses the biological factors of sexual behavior that, if not interpreted
in a coherent way, can be considered as sources of prejudice causing harm to individuals, both in terms of their
mental health and their social life. In this sense, would the biological bases of sexual behavior, together with the
knowledge of Psychology, be effective in facing issues related to sexuality? The hypothesis of this research is to
find out if the combination of these two areas of knowledge would be enough to create mechanisms for analysis
and interpretation of reality? In this way, helping to reduce the prejudice inflicted on the LGBTQIAPN+
community. Thus, this research has the general objective of promoting the exchange between Biology, with its
studies on sexual/reproductive behavior, and Psychology's knowledge on sexuality. The work is
methodologically based on the bibliographic survey, in which scientific productions on biological sexual
behavior, the historical evolution of discussions about sexuality and the discussion based on psychoanalysis were
identified. After evaluating the bibliography, it is concluded that the union of these areas of knowledge is highly
effective in understanding sexual behavior and sexuality, since their particularities complement each other.
Keywords: Sexual behavior. Biology. Psychology.
1. INTRODUÇÃO
¹ Comportamento: se refere à padrões biológicos relativos aos mecanismos reprodutivos observados entre os
seres vivos contemplados nessa pesquisa.
²Trabalho de Curso apresentado ao Centro Superior UNA de Catalão – UNACAT, como requisito parcial para a
integralização do curso de Psicologia, sob orientação da professora Me. Elillany Elias da Silva.
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expostas sobre a sexualidade, quando ocupam seu espaço na pesquisa acadêmica, extrapolam
os limites do preconceito e prejulgamento e assume seu lugar de importância (Okita, 2015).
A pesquisa questionou se a Biologia aliada à Psicologia seria capaz de promover
rupturas em preconceitos e prejulgamentos em relação à sexualidade? Partindo do
entendimento que tradicionalmente é definido como normal ou anormal no campo da
sexualidade, ao evidenciar as diversas formas de se comportar sexualmente, poderíamos
entrar no campo do que se define como possibilidades. Tendo em vista que, somos seres
resultados de uma sequência evolutiva.
Dessa forma, o objetivo geral foi promover o intercâmbio entre a Biologia, com seus
estudos sobre comportamento sexual/reprodutivo e os conhecimentos da Psicologia sobre a
sexualidade à luz da psicanálise. Para esse fim, foram definidos os seguintes objetivos
específicos: a - evidenciar, com base na Biologia, a diversidade de comportamentos
sexuais/reprodutivos entre os seres pertencentes ao Reino Animalia e a desconstrução do
determinismo biológico do masculino e feminino; b – esclarecer historicamente a evolução do
movimento LGBTQIAPN+ desde a criação da sigla GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes) na
década de 90.
Para tanto, foi feito um levantamento bibliográfico integrando comportamento
sexual/reprodutivo biológico, no contexto evolutivo das espécies vivas, juntamente com a
evolução das discussões da sexualidade, enquanto movimento social. Sobre os movimentos
sociais, temos como métrica o acompanhamento dos últimos trinta anos das atualizações da
sigla GLS até LGBTQIAPN+, com ênfase para os determinantes de novas inserções de cada
termo. Dessa forma, o comportamento sexual foi retratado à luz dos aspectos esclarecedores e
inclusivos. Para tal, nos debruçamos na leitura que nos apresentou um escopo qualitativo com
base em obras que são referências nessas áreas.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
(protozoários e algas protistas), reino fungi (todos os fungos), reino plantae (todos os
vegetais) e reino animalia (todos os animais).
O reino monera, de acordo com Paulino (2009), é composto por seres unicelulares e
procariotos (células sem núcleo), o reino protista é composto por seres também unicelulares,
porém eucariotos (células com núcleo). Para esses dois reinos os mecanismos reprodutivos
são: a divisão binária ou cissiparidade (quando uma única bactéria ou protozoário se divide ao
meio originando dois geneticamente iguais), há também o mecanismo de conjugação (quando
duas bactérias ou dois protozoários se conectam pelos seus envoltórios celulares e
compartilham material genético). Nesse caso, há uma recombinação de genes e na sequência
eles se desconectam e passam a se multiplicar novamente por divisão binária, porém agora
geneticamente diferentes (PAULINO, 2009).
Nos reinos supracitados não há a diferenciação entre masculino e feminino, logo não
tem a presença de nenhuma forma genital, bem como a multiplicação e variabilidade genética
não dependem da produção de gametas (óvulo e espermatozoide). Inclusive, teoricamente,
para esses reinos o evento de nascimento e de morte também não é regra, pois a cada divisão
binária a célula se reorganiza e se renova.
No reino fungi, de acordo com Paulino (2009), os mecanismos reprodutivos começam
a se diversificar. Nesse reino há seres tanto uni quanto pluricelulares e seus mecanismos
reprodutivos são por meio da fragmentação, brotamento, esporulação (fragmentação do
núcleo) e observa-se o surgimento de células haploides para alguns fungos aquáticos,
semelhante à configuração genética de um gameta (PAULINO, 2009). Ainda assim, não há a
diferenciação entre o que se define como masculino e feminino.
Com base nas informações de Santos (2022), o reino plantae será o primeiro grupo de
seres vivos mais bem especializados na divisão entre características masculinas e femininas.
Nesse processo, os vegetais desenvolveram mecanismos de reprodução tanto assexuada
quanto sexuada, tendo na flor seu único órgão reprodutivo, tanto para o masculino quando
para o feminino. Há a formação dos gametas, nesse caso, o gameta masculino é chamado de
anterozoide, e o gameta feminino é a oosfera (SANTOS, 2022). Na reprodução sexuada
ocorre a união de dois gametas por meio da fecundação, garantindo a recombinação e a
variabilidade genética da espécie (PAULINO, 2009).
Já o reino animalia é composto unicamente por indivíduos multicelulares com uma
infinidade de mecanismos reprodutivos, bem como diversificadas expressões de gênero e
comportamento sexual. Vejamos os casos mais expressivos distribuídos nos principais filos
obedecendo a uma escala evolutiva de complexidade entre os organismos (PAULINO, 2009).
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filhas são geneticamente idênticas às mães (XIMENES, 2016). Esse mecanismo reprodutivo
se caracteriza pela capacidade de formar descendência a partir, unicamente, do material
genético contido na célula germinativa da gônada feminina (SANTOS, p.30, 2007).
Para as aves não há uma mudança de sexo propriamente dito, mas mudança de
comportamento. Machos ou fêmeas podem assumir comportamento e estrutura física do sexo
oposto (XIMENES, 2016).
Na classe dos mamíferos, da qual os humanos fazem parte, as hienas desenvolvem o
clitóris assumindo formato de pênis, os primatas fazem sexo somente por prazer, sem a
necessidade de cio e mais de vinte outras espécies animais têm comportamento homossexual
(XIMENES, 2016).
Como espécie em franco desenvolvimento, o Homo sapiens sapiens surgiu na Terra
por volta de 300 a 200 mil anos (NEVES, 2021). Dentre toda a diversidade de comportamento
sexual descrito até o momento, para além das definições de normalidade ou anormalidade, é
importante entender o que ocorre de forma natural com outras espécies, pois oferece a
oportunidade de reflexão. Nesse sentido, como explicar a diversidade de comportamento
sexual humano? Se há uma explicação biológica, essa ainda não foi amplamente definida com
base no conhecimento científico.
Se a ciência ainda não conseguiu explicar a diversidade de comportamento sexual, por
outro lado, essa mesma ciência explica, por meio da embriologia, que entre homens e
mulheres há muito mais semelhanças do que diferenças. De acordo com Moore (2016) até a
sétima semana do desenvolvimento embriológico o sistema genital precoce é similar
independente do cromossomo (X ou Y), consistindo em um estágio indiferenciado do
desenvolvimento sexual. As gônadas indiferenciadas (órgãos primordiais antes da
diferenciação) consistem de um córtex externo e uma medula interna.
No início da quarta semana, o mesênquima em proliferação produz um tubérculo
genital (primórdio do pênis ou do clitóris). As saliências labioescrotais e as pregas urogenitais
se desenvolvem. O tubérculo genital se alonga formando um falo primordial (que propiciará a
formação de um pênis ou clitóris) (MOORE, 2016).
As ações hormonais ordenadas entre estímulos ou inibições promove o
desenvolvimento do genital interno e externo. Logo, em embriões com cromossômico sexual
XX, o córtex da gônada primitiva (antes, indiferenciada) se desenvolve em ovário (MOORE,
2016).
O falo primordial no feto feminino gradualmente se torna o clitóris, que é
relativamente grande com 18 semanas. As pregas uretrais se fusionam para formar o frênulo
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dos pequenos lábios e as partes não fusionadas das pregas urogenitais formam os pequenos
lábios (MOORE, 2016).
As pregas labioescrotais se fundem para formar a comissura labial posterior e
anteriormente para formar a comissura labial anterior e o monte do púbis. A maior parte das
pregas labioescrotais permanecem não fusionadas e se desenvolvem em duas grandes pregas
de pele, os grandes lábios (MOORE, 2016). Essa construção anatômica pode ser mais bem
compreendida na figura a seguir.
Fonte: Ilustração da origem embrionária e do desenvolvimento da genitália externa diferenciada. Fonte: Quigley Ch. (2007)
Fonte: https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/orgaos-reprodutores-femininos
sexual biológico, independente de qualquer constituição anatômica, podem ser mais bem
compreendidas no contexto da psicologia.
Para Anjos e Lima (2016) “A sexualidade constitui um dos principais dispositivos de
controle e produção de subjetividade na sociedade ocidental. Desse modo, acredita-se que seja
fundamental para a psicologia, na atualidade, problematizar alguns de seus conceitos basais
que organizam a forma como entendemos a constituição dos sujeitos, muitos explicitamente
pautados por uma lógica heteronormativa de gênero e sexualidade”.
Nesses termos, de acordo com a Resolução do CFP nº 1, de 22 de março de 1999.
Estabelece normas de atuação para os psicólogos em relação à questão da Orientação Sexual.
Assim, no seu Parágrafo 3º “Considerando que a forma como cada um vive sua sexualidade
faz parte da identidade do sujeito, a qual deve ser compreendida na sua totalidade”. Esse
pressuposto da identidade do sujeito pode ser mais bem compreendido historicamente a partir
dos anos 90, quando surge a sigla GLS e a inserção de novas categorias originando a atual
LGBTQIAPN+.
2.2 Entre inclusões, exclusões e ajustes em trinta anos de construção histórica, desde a
criação da sigla GLS na década de 90 até a atual LGBTQIAPN+
emergência do Grupo Somos, de São Paulo, e pelo Jornal Lampião da Esquina. O Grupo
Somos foi caracterizado como um modelo de organização e articulação política, adquirindo
visibilidade por sua atuação e pela importância que teve na experiência de vida das pessoas
que transitaram nesse espaço. E, o Jornal Lampião da Esquina, possibilitou que muitos grupos
fossem conhecidos e adquirissem visibilidade, pois publicava e divulgava o trabalho desses
grupos.
A decisão, por parte dos movimentos homossexuais, de lutar pela despatologização da
homossexualidade no Brasil foi estabelecida no primeiro encontro de grupos de militância
homossexual, em 1979, e reforçada no ano seguinte no 1º Encontro de Grupos Homossexuais
Organizados (EGHO) e no 1º Encontro Brasileiro de Homossexuais. Nestes eventos ficou
decidido que os militantes reivindicariam a exclusão do código 302.0 da Classificação
Internacional de Doenças (CID), da OMS, adotado pelo INAMPS. Para isto, entrariam em
contato com profissionais da área da saúde para criar núcleos de estudo sobre a
despatologização da homossexualidade e pressionariam a Organização Mundial de Saúde
(OMS), a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), a Associação Brasileira de
Psiquiatria (ABP), o Conselho Federal de Medicina e o Conselho Federal de Psicologia.
Segundo Facchini (2005), na década de 1980 houve a retomada do regime
democrático e o surgimento da AIDS no Brasil, que era chamada de “peste gay”. Em
consequência sucedeu o declínio do movimento gay, pois o contexto trouxe dificuldades de
viabilização de uma política de identidade homossexual. Já na década de 1990, ocorreu o
ressurgimento do movimento homossexual, surgindo vários grupos nos encontros nacionais.
Entre inúmeros encontros de discussão nacional com relação à homossexualidade e
discriminação, e em razão da participação de vários grupos no movimento, emerge, em 1995,
a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), que
vem trabalhando na divulgação de trabalhos e propostas no âmbito do movimento e
promovendo ações de combate ao preconceito e reconhecimento dos direitos LGBT.
Ramos (2005) aponta que 1990 é caracterizado por acontecimentos importantes como
relação à homossexualidade, tais como: 1) a emergência de ações no âmbito dos direitos por
parte do legislativo e da justiça; 2) o aumento no número de espaços de sociabilidade LGBT,
bem como de produtos (revistas, sites de internet, etc.) relacionados aos gays e às lésbicas; 3)
surgimento de grupos de apoio e defesa aos homossexuais e; 4) articulação de ativistas e
homossexuais na luta pela visibilidade e a emergência das paradas do orgulho gay ou paradas
LGBT.
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orientações sexuais, a sigla integrou uma maior diversidade sexual e, hoje é conhecida
como LGBTQIAPN+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Queer, Intersexo,
Assexuais/Arromânticos/Agêneros, Pansexuais, Não-binários e mais). O símbolo “+” abrange
todas as pessoas que não se enquadram nas nomenclaturas que compõem as siglas do
movimento como o gênero fluido, entre outros. O Movimento LGBTQIAPN+ é representado
pela bandeira com as cores do arco-íris, sendo um dos símbolos mais conhecidos em todo o
mundo. A bandeira que representa o movimento surgiu no ano de 1978, criada pelo artista
norte-americano Gilbert Baker, popularizada como símbolo do orgulho gay.
Sendo assim, a luta do movimento LGBTQIAPN+ transcende a construção política e
religiosa da homossexualidade, trazendo uma perspectiva do exercício da integridade do
indivíduo constituído de direitos e deveres segundo a própria Constituição Federal, garantindo
em sua integralidade a essência de cada ser. O combate ao preconceito, também tem um
destaque nesse contexto através da reeducação e informação, já que perante a lei, todas as
pessoas possuem igualdade.
3. METODOLOGIA
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
além do falo e da fala, obscuro e opaco, que as mulheres guardam em si o segredo do inefável
- a grande vidência. Tiresias representa a mulher que não existe, o lúdico, o Eu fantasioso, o
saber misterioso, tudo que é enigmático. (Lacan, 1972).
Lacan (1975) diz que os transgêneros, por sua vez, possuem posição sexuada além da
anatomia. Há uma partilha ocupando os lugares dos seres fálicos ou não fálicos inspirando
escolhas de gênero, esculpindo ou inventando. Propõe ainda, separar os seres faltantes em
duas metades: metade homem e metade mulher, ressaltando que a identificação com uma das
metades é predominantemente do Eu, ou seja, o Eu corporal, o imaginário. Essa identificação
imaginária possui dois significantes: o nível do binarismo e dois universais homem-mulher.
Ainda segundo Lacan (1975), a transexualidade não é nada menos que o desejo de se tornar o
sexo oposto.
A Psicanálise, em seu modo tem como argumento constituído que o sujeito tem uma
relação com o sexo singular. Lacan (1975) chama os dois lados do sujeito de metades, o
sujeito que se propõe ser dito mulher segundo a sua expressão na obra O Artúdito, cada
sujeito pode tomar lugar de um lado ou de outro, assumindo o status de mulher ou de homem.
Há uma identificação própria de gozo aos faltantes do lado de todo fálico e para os outros
sujeitos que estão do lado do não fálico. São os que biologicamente se dizem homens e os que
se dizem mulheres, mas não propriamente são homens ou mulheres, nem em aparência, são
identificações simbólicas ao significante homem e mulher, levando em consideração seus
próprios significantes e suas singularidades.
A Psicanálise, fala da plasticidade sexual, a circulação do sujeito. A posição do
sujeito, objeto, falo e a mulher que não existe. A posição de um sujeito desejante e de falo a
reduzi-lo em parceiro sexual para gozar como objeto ou atrair parceiro do outro sexo
(LACAN, 1975, p. 75). A fêmea humana está no lugar de desejante, enquanto o macho
humano ocupa o objeto da causa do desejo, e pode além do sujeito ocupar do lugar da mulher
que não existe. O lugar de não-todo leva o sujeito a dividir o falo (busca do parceiro sexual) e
a solitude. Sendo assim, mesmo que sua anatomia dita, pode se deslocar e transpor o outro
lado invadindo o lugar do não-todo fálico.
Posições sexuadas não estão interligadas a patologias ou alguma estrutura clínica,
como referem, as discussões socioculturais, ou seja, a sexualidade humana primeiramente tem
bases nas relações objetais do sujeito, aprendida, tendo como contribuição secundária traços
biológicos. Não é um fator determinante a sexualidade como patologia, quando se há um
tratamento psicanalítico na hora do diagnóstico elementos tais como: alucinações e
formações delirantes em casos histéricos ou ausência delas nas psicoses não apresentadas,
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podem ser descobertas a partir da escuta do sujeito por meio da transferência analista -
analisando. Dando continuidade à discussão sobre metades dos sujeitos, podemos fazer alusão
sobre um suposto binarismo homem-mulher, que na predicativa não-todo passa apresentar.
Lacan cria essa ideia. (LACAN, 1972).
Em 1990 surgiu o movimento onde a homossexualidade não era considerada como
doença, mas uma sexualidade diferente. Foucault (1990) busca compreender através desse
paradoxo a relação do indivíduo com o seu corpo e os prazeres, já que em outros tempos o
desejo não era centrado na identidade sexual. Por esse estereotipo de bioidentidade é
reconfigurada a respeitabilidade sexual. Sua proposta é empreender uma crítica sobre nós
mesmos, sobre a inflexão e a imposição da heteronormatividade como a única estrutura capaz
de compreensão e orientação hegemônica, subalternando as outras sexualidades. Nesta mesma
década, foi desmistificado a epidemia da AIDS, revitalizando as reflexões sobre identidade
sexual e que as identidades homossexuais não faziam analogia ou representavam perigo a
saúde pública.
O objetivo de Foucault (2001) era desnaturalizar a heteronormatividade, através da
cultura, tendo como base a análise política sexual, não o estudo centralizado, tornando a
pessoa heterossexual como único ser normal compulsoriamente através de meios
educacionais, culturais e institucionais. A teoria não só critica a política sexual, como foca
em evidenciar a homofobia e a transfobia, para legitimar a heterossexualidade.
A partir da discussão desse ponto de vista foucaultiano damos início a outro ponto, a
questão identificadora do indivíduo com o seu corpo e gênero de nascimento, bem como a sua
não aceitação biologicamente identificatória e não conformidade como gênero. Sendo então, o
percurso da transformação do corpo, buscando uma estética que representa seu interior ao
efetivar os elementos heterogêneos que, passa a ter complexidades que interferem nos direitos
base, tais como acessos a bens e serviços de qualidade, escolhas frente a proteção e garantia a
vida, ou seja, a pessoa não considera a heteronormatividade de acordo com a cultura orgânica
estrutural, Foucault (2001). Há também os riscos diante das dificuldades encontradas por
pessoas na transformação dos seus corpos, por falta de condições financeiras e optam por
modos alternativos e acessíveis pela urgência em se sentirem satisfeitas e felizes consigo
mesmas.
Não só da composição física, biológica e o funcionamento fisiológico o corpo também
necessita de especificações sexuais, contexto histórico e antropológico que conversem entre
si, trazendo descargas sexuais de gênero que integram o sujeito de direito. É pelos corpos que
os indivíduos vivenciam e dão passagem a diversidade de afetos, compartilhando modos
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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