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A
ciência e a tecnologia avançam conceitos que pelo menos em princípio são
Leonardo Raduan de Felice Abeid rapidamente e estão cada vez mais acessíveis aos alunos mais inquisitivos do
Centro Federal de Educação presentes no nosso cotidiano. Este nosso Ensino Médio atual.
Tecnológica, Nova Iguaçu, RJ, Brasil fato reflete-se na escola e não é incomum
E-mail: leoabeid@yahoo.com.br o professor ver-se às voltas com perguntas A dinâmica da frenagem
do tipo “como funciona o celular?”. O que Para frear um automóvel o motorista
Alexandre Carlos Tort é um sensor de movimento? Para que depende da força de atrito entre os pneus
Instituto de Física, Universidade serve? Como funciona o GPS? E os freios e a pista. Esta força de caráter resistivo
Federal do Rio de Janeiro, Rio de ABS? Sem contar as perguntas mais depende de diversos fatores, como por
Janeiro, RJ, Brasil conceituais, que versam desde a natureza exemplo, da velocidade do automóvel, da
E-mail: tort@ufrj.br dos buracos negros até a teoria de cordas, velocidade angular das rodas e das
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ passando pelas partículas elementares, condições da pista [1, 2]. Por simplicidade,
dimensões do universo e outras. Tudo isto suponhamos um carro trafegando com
representa um sério desafio para o pro- velocidade constante (v0) numa pista hori-
fessor do Ensino Médio que deve buscar zontal. Supondo que as rodas rolem sem
explicações satisfatórias limitado pelo deslizar com velocidade angular constante
grau de maturidade intelectual do aluno (ω0) podemos escrever a relação
e pelo nível dos argumentos físicos que
v0 = ω0 R, (1)
pode empregar e pelo fato de que o desen-
volvimento técnico-científico baseia-se onde R é o raio efetivo das rodas, que su-
muitas vezes em conceitos físicos distantes pomos iguais para todas elas. Ao acionar-
da realidade da maioria desses professores mos o pedal o sistema de freios exerce um
e seus alunos, o que torque sobre as rodas,
torna o desafio ainda A ciência e a tecnologia como mostra a Fig. 1.
maior. avançam rapidamente e estão Esse torque é direta-
Frequentemente é cada vez mais presentes no mente proporcional à
possível ir além da ex- nosso cotidiano. Este fato pressão mecânica
plicação qualitativa e reflete-se na escola e não é exercida pelo moto-
discutir o problema de incomum o professor ver-se às rista sobre o pedal do
forma quantitativa voltas com perguntas do tipo freio, de tal forma
com a física do Ensino “como funciona o celular?” que seu aumento
Médio. Este é o caso pode levar ao blo -
dos itens de segurança disponíveis nos au- queio das rodas, fazendo com que elas
tomóveis modernos (cintos de segurança, passem a deslizar. Esta situação é inde-
air bag, freios ABS, etc), em que na maio- sejável, pois no deslizamento, o condutor
No mundo moderno a ciência e a tecnologia
ria das vezes falamos de equipamentos pode facilmente perder o controle de seu
são cada vez mais onipresentes em nosso coti- cujo funcionamento estão baseados em veículo.
diano. Com relação aos automóveis, isso fica princípios físicos relativamente simples. Quando as rodas rolam sem deslizar
evidente quando observamos o aumento dos Neste artigo focalizamos um desses avan- o atrito é estático, neste caso o módulo da
itens de segurança neles de segurança neles dis- ços e apresentamos um modelo simplifi- força de atrito (Fat) entre os pneus e o solo
poníveis. Neste artigo apresentamos uma des- cado para o cálculo das distâncias de fre- satisfaz à condição
crição da dinâmica da frenagem e propomos nagens de veículos equipados com o siste-
um modelo simplificado para o cálculo da dis- 0 ≤ Fat ≤ μeN, (2)
ma de freios ABS (Antiblockier-Bremssys-
tância de frenagem de veículos equipados com
freios ABS que pode ser discutido no Ensino
tem), sistema antibloqueio de frenagem, onde μe é o coeficiente de atrito estático,
Médio. Também propomos uma atividade onde que será obrigatório para 100% os veícu- entre os pneus e a pista, e N é o módulo
sugerimos uma maneira do professor trabalhar los novos comercializados no Brasil a par- da força normal. Neste caso a distância
este assunto com alunos neste nível de ensino. tir de janeiro de 2014. O modelo emprega de frenagem (de) será dada por

8 Discutindo os freios ABS no Ensino Médio Física na Escola, v. 12, n. 1, 2011


Figura 1 – Quando o sistema de freio é
acionado, ele exerce um torque sobre as
rodas, fazendo com que sua velocidade de
rotação diminua.

(3)

onde (v0) é a velocidade inicial do veículo


e g é o módulo da aceleração da gravidade. Figura 3 - A distância de frenagem diminui com o aumento da pressão que o motorista
Quando as rodas estão travadas, e logo aplica no freio (atrito estático). A partir de uma certa pressão as rodas do veículo são
há deslizamento, vale a relação travadas e a distância de frenagem se mantém constante (atrito cinético).

Fat = μcN, (4) vel com mais eficiência basta evitar o blo- ração angular de forma significativa.
onde μc é o coeficiente de atrito estático, queio das mesmas. Observe, no entanto, Assim, o sistema ABS mantém os pneus
entre os pneus e a pista. Desta forma a que além de evitar o bloqueio das rodas é muito próximos do ponto onde eles co-
distância de frenagem (dc) é dada por preciso garantir que a força de atrito está- meçam a deslizar, oferecendo o máximo
tico esteja perto do seu valor máximo, ou poder de frenagem [3]. A força de atrito
seja, satisfaça a condição μc N ≤ Fat ≤ μe N. entre os pneus e a pista também varia,
(5),
Consequentemente, a distância de fre- como mostrado na Fig. 4. Para veículos
nagem satisfaz à condição equipados com ABS, ela varia de um valor
As Figs. 2 e 3 mostram, respectiva-
máximo fmáx até um valor mínimo fmáx -
mente, a força de atrito e as distâncias de
(6) Δfmáx, onde Δfmáx representa um decréscimo
frenagem em função da pressão mecânica
do valor máximo dessa força. Este ciclo é
exercida sobre o pedal do freio. Como
Entretanto é difícil para o motorista repetido continuamente até que o carro
μe > μc, a distância mínima de frenagem
manter o seu veículo nesta condição ape- pare, assim, podemos escrever que a força
com as rodas rolando é menor do que a
nas com sua habilidade ao volante. Esta é de atrito média (fm) aplicada às rodas é
distância de frenagem com as rodas tra-
a razão pela qual foi desenvolvido o sis- constante e dada por
vadas, o que está em acordo com a idéia
generalizada de que para frear o automó- tema de freios ABS, que procura não só
evitar o bloqueio das rodas, mas também (7)
manter a força de atrito entre os pneus e
o solo o mais próximo possível do seu A dinâmica detalhada da frenagem de
valor máximo. veículos que possuem o sistema ABS foi
Em um primeiro momento,
o sistema ABS reconhece a
tendência de bloqueio de uma ou
mais rodas e reduz a pressão de
frenagem na roda ou rodas en-
volvidas evitando assim o tra-
vamento das mesmas. O siste-
ma monitora a velocidade de
cada roda, comparando-as com
a velocidade do carro. Quando
a velocidade da roda cai em rela-
ção à do carro ele entra em ação,
diminuindo, ou aumentando a
pressão no freio de cada roda, a
Figura 2 – A força de atrito entre os pneus fim de manter para cada uma a
e a pista aumenta com o aumento da pres- relação a = αR, onde α é a ace-
são que o motorista aplica no freio (atrito leração linear do veículo e a é a
estático). A partir de uma certa pressão aceleração angular da roda. Esta
as rodas do veículo são travadas e a força operação se repete 15 vezes, ou
de atrito se mantém constante (atrito ciné- mais, por segundo, antes que o Figura 4 - A força de atrito varia de fmáx – Δfmáx até
tico). pneu possa mudar a sua acele- fmáx.

Física na Escola, v. 12, n. 1, 2011 Discutindo os freios ABS no Ensino Médio 9


descrita por Denny [2] e Tavares [4] que aciona o freio do automóvel. O que Durante a frenagem, o ideal é que a
estudaram os efeitos da ação do condutor faz veículo parar? força de atrito estático fique entre μc N e
sobre sistema de freios. Como se deve es- • Em que condição essa frenagem seria μe N, pois caso ela seja menor que μc N a
perar, essa descrição é matematicamente mais eficiente? frenagem será menos eficiente do que com
complexa e fora do alcance dos alunos do O objetivo é chegar à conclusão de que as rodas travadas, ainda que o atrito seja
Ensino Médio e mesmo de alguns cursos quando se aciona o freio, o que faz com estático. Assim a variação máxima que o
universitários de mecânica introdutória. que o carro pare é a força de atrito entre coeficiente de atrito deve ter é dada por
Aqui escolhemos um caminho mais aces- os pneus e a pista, e que os alunos perce-
Δμ = μe - μc (11)
sível e que permite discutir o tema com bam que para que a frenagem seja mais
estudantes de nível médio. eficiente é preciso que o atrito seja estático, • Qual seria seu valor ideal?
Uma vez que a força de atrito é dada uma vez que μe > μc, ou seja que as rodas O desejável é que a força de atrito se
por μN, a variação da sua intensidade, rolem sem deslizar. No entanto esta não é aproxime o máximo possível de μe N assim
mostrada na Fig. 4, pode ser interpretada a única condição, pois como vimos ante- o ideal seria Δμ ≈ 0 na prática o sistema
como sendo devida à variação do coefici- riormente a força de atrito estático varia busca o menor valor possível.
ente de atrito (μ). Assim, considerando de zero até μe N, quando então as rodas Assim o professor pode pedir que os
fmáx = μe N, podemos escrever a força de ficam na iminência do deslizamento, en- grupos proponham alternativas para cal-
atrito média apenas em função do coefi- quanto que a força de atrito cinético é cular Δμ. Eles devem pesquisar os valores
ciente de atrito [3], neste caso temos constante e dada por μc N, ou seja: em de μe e μc, e sugerir algumas hipóteses para
determinadas condições a força de atrito o cálculo de Δμ, como por exemplo
fm = μef N, (8)
estático pode ser menor que a força de
Δμ = μe - μc.
onde μef é o coeficiente de atrito efetivo, atrito cinético. Assim o desejável é que não
ou seja, é o coeficiente de atrito médio, só o atrito seja estático, mas também que
quando a força de atrito varia de de atrito a sua intensidade esteja entre μc N e μe N,
varia de fmáx - Δfmáx até fmáx. Substituindo a ou seja, μc N ≤ Fat ≤ μe N.
Eq. (8) na Eq. (7) encontramos o valor de Os alunos devem discutir as pergun-
μef tas acima com seus companheiros de
grupo. Com a turma reunida, cada grupo Vale ressaltar que esses são apenas
(9) deve apresentar suas conclusões, em um exemplos, caberá aos alunos a sugestão
debate promovido pelo professor, que deve das hipóteses.
onde Δμ é a variação do coeficiente de orientá-los para que se chegue ao con- Após esta primeira etapa, cada grupo
atrito. senso. Após essa discussão preliminar o poderá pesquisar na internet valores de
A distância de frenagem para veículos professor pode propor o seguinte proble- referência para μe e μc, e calcular as dis-
equipados com ABS é dada por ma aos grupos: tâncias de frenagem. Os grupos poderão
• Suponha que nós desenvolvêssemos então comparar os resultados obtidos
(10) um equipamento que otimizasse a com seus modelos com os dados experi-
frenagem de um automóvel, a que mentais, Tabela 1, obtidos por Wang e
Como vemos pelas Eqs. (9) e (10), princípio básico ele deveria obe-
usando este modelo para determinar a dis- decer?
O que desejamos é que os grupos Tabela 1 – Dados experimentais obtidos
tância de frenagem precisamos apenas por Wang e cols. [5] . A tabela mostra a
conhecer o coeficiente de atrito estático e percebam que tal equipamento deve evitar
o bloqueio das rodas, procurando mantê- velocidade inicial e a distância de frenagem
calcular Δμ. Na seção seguinte apresenta- em duas pistas diferentes, A e B.
mos uma sugestão para a utilização des- las rolando na iminência do deslizamento.
te modelo simplificado da frenagem ABS. Novamente o professor deve conduzir o Pista Vi (km/h) Df (m)
debate entre os grupos. Neste momento
Aplicação no Ensino Médio ele pode começar a discutir com os alunos A 30 4,76
o funcionamento dos freios ABS, e a dinâ- A 30 4,58
Após um estudo preliminar das forças
mica da frenagem, que tratamos anterior- A 30 4,75
de atrito, o professor pode abordar a dinâ-
mente, procurando adequar o conteúdo A 50 11,65
mica da frenagem de veículos com e sem
às especificidades de cada turma. Ou seja, A 50 11,86
freios ABS. Será conveniente fazer com
a critério do professor essa discussão pode A 50 11,65
que o trabalho dos alunos aproxime-se
ser mais qualitativa ou quantitativa, mais A 70 21,79
tanto quanto possível do trabalho de um
ou menos aprofundada. A 70 21,79
cientista. Ou seja, os alunos devem obser-
Um aspecto que deve ser enfatizado A 70 21,59
var uma situação, tentar compreender e
é o modelo que utilizamos. Devemos des- B 30 4,37
explicar o que está acontecendo, desen-
tacar que o objetivo não é apresentá-lo B 30 4,39
volver um modelo e comparar os resul-
como algo pronto e acabado, que permite B 30 4,70
tados previstos por ele com dados experi-
aos alunos apenas aplicar uma fórmula. B 50 11,51
mentais.
O que pretendemos é que os estudantes B 50 11,36
Inicialmente, com a turma dividida
possam sugerir mudanças, testar e avaliar B 50 11,49
em grupos, o professor poderia colocar
sua validade, suas vantagens e desvanta- B 70 21,73
as seguintes questões:
gens. Nesse sentido algumas perguntas B 70 21,34
• Suponha que você esteja trafegando
podem ser feitas, tais como: B 70 21,63
de carro numa rodovia, quando per-
cebe à sua frente um pedestre atra- • Qual é o valor máximo que Δμ pode Vi = velocidade inicial. Df = distância de
vessando-a. Imediatamente você assumir? frenagem.

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cols. [5], podendo então avaliar se suas Conclusões tacar que o modelo não é algo fechado,
hipóteses são boas ou não, o que deve Embora a dinâmica da frenagem já ou seja não é apenas mais uma fórmula à
ser feito fora do horário escolar, como tenha sido bem detalhada, como nos mo- ser aplicada pelos estudantes. Ele permite
trabalho de casa. delos apresentados por Denny [2] e Tava- que os jovens tenham uma postura ativa,
Na aula seguinte, os grupos devem res [4], em geral sua descrição apresenta buscando a melhor alternativa para o cál-
apresentar seus resultados, como na Ta- uma série de dificuldades para os alunos culo do Δμ, através do levantamento de
bela 2, os métodos que utilizaram e suas do Ensino Médio. Assim propomos um hipóteses e da comparação dos resultados
conclusões para o restante da turma. É modelo simples e que pode ser trabalhado por elas previsto com os resultados obti-
preciso ressaltar que o professor não deve nesse nível de ensino. dos experimentalmente.
decidir qual modelo é o correto, ou qual Em seu desenvolvimento, algumas
grupo está com a razão. Cabe à ele condu- dificuldades podem ser apontadas, como Referências
zir o debate entre os grupos, discutindo a a falta de informações sobre a relação en-
[1] H. Moysés Nussenzveig, Curso de Física
validade, as vantagens e desvantagens de tre o comportamento do sistema ABS, e Básica 1 – Mecânica (Editora Edgard
cada modelo proposto e os processos uti- as distâncias de frenagem. Assim é im- Blücher, São Paulo 1997).
lizados por cada grupo na busca da solu- portante que o professor não apresente [2] M. Denny, European Journal of Physics
ção do problema. Mais do que encontrar aos alunos apenas a conclusão do modelo, 26, 1007 (2005).
uma resposta correta ao problema pro- Eqs. (8-10), mas trabalhe, ainda que qua- [3] L.R.F. Abeid, As Forças de Atrito e os Freios
posto inicialmente (como calcular o Δμ?) litativamente, todas as etapas do seu de- ABS Numa Perspectiva de Ensino Médio.
é importante que os estudantes desen- senvolvimento, com os gráficos e as con- Dissertação de Mestrado em Ensino de
Física, Universidade Federal do Rio de
volvam a capacidade de resolver proble- clusões que deles podem ser obtidas.
Janeiro, 2010. Disponível em http://
mas. Como ponto positivo podemos des- omnis.if.ufrj.br/~pef/producao_
cademica/dissertacoes/
Tabela 2 – Exemplo de como os grupos podem apresentar seus resultados ao restante da 2010_Leonardo_Abeid/
turma. dissertacao_Leonardo_Abeid.pdf,
acessado em 18/4/2011.
µe µc Δμ μef v0 (km/h) Distância calculada [4] J.M. Tavares, European Journal of Phys-
ics 30, 697 (2009).
0,9 0,7 µe - µc 0,80 30 4,34 [5] Y. Wang, J. Wu and C. Lin, Journal of
0,9 0,7 (µe - µc)/2 0,85 30 4,08 the Eastern Asia Society for Transpor-
0,9 0,7 µe - µc 0,80 50 12,06 tation Studies 6, 3401 (2005).
0,9 0,7 (µe - µc)/2 0,85 50 11,35 Disponível em http://www.easts.
0,9 0,7 µe - µc 0,80 70 23,63 info/on-line/journal_06/3401.pdf,
0,9 0,7 (µe - µc)/2 0,85 70 22,24 acessado em 4/4/2011.

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A Pedra com Alma: A Fascinante História do Magnetismo

Alberto Passos Guimarães, Civilização os campos magnéticos que definem o


Brasileira, Rio de Janeiro (2011), 336 p. mundo moderno.
China, América Pré-Colombiana,

D
iz a sabedoria popular que os Newton. Cada civilização, cada período de
opostos se atraem. Mas, em tempo é um passo em direção a uma
termos científicos, as invisíveis descoberta surpreendente e tem sempre o
cordas que unem - ou separam - objetos magnetismo como uma de suas bases
são muito mais complexas. E por séculos materiais. Hoje, todo o funcionamento de
encantam os seres humanos. As forças aparelho elétrico ou eletrônico envolve o
responsáveis pela atração e repulsão de uso de magnetos. Suas aplicações são
partículas ganham perspectiva histórica infinitas; os números, impressionantes:
e filosófica sob o olhar de Alberto Passos equipamentos de gravação e reprodução de
Guimarães, um dos mais importantes mídias, por exemplo, movimentam um
pesquisadores brasileiros do tema. Com mercado de 100 bilhões de dólares por ano.
uma linguagem clara e concisa, ele traça Guimarães mostra o desenvolvimen-
uma evolução do estudo do magnetismo, to das ideias dos principais físicos e as rela-
cobrindo um período de quase três mil ciona com o aparecimento da ciência como
anos. Dos gregos, responsáveis pelos pri- um todo. Também aponta a evolução dos
meiros registros do magnetismo, até os materiais magnéticos e a forma como estes
dias de hoje, com discos rígidos e resso- estão mudando nossas vidas.O resultado é
nância magnética, Guimarães mostra um livro incrível,que mistura história e
como a compreensão das forças magné- ciência e nos ajuda a compreender muitas
ticas resulta na capacidade de manipular das facilidades de nossa vida cotidiana.

Física na Escola, v. 12, n. 1, 2011 Discutindo os freios ABS no Ensino Médio 11

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