O Padre António Sanchez escreve uma carta ao rei de Portugal, D. João V, relatando as terríveis condições a bordo dos navios negreiros. Ele testemunhou escravos sendo tratados como animais, sofrendo maus-tratos físicos e morrendo de doenças. O Padre pede misericórdia para os escravos e argumenta que o tráfico de escravos vai contra os princípios cristãos, já que todos são iguais perante Deus.
O Padre António Sanchez escreve uma carta ao rei de Portugal, D. João V, relatando as terríveis condições a bordo dos navios negreiros. Ele testemunhou escravos sendo tratados como animais, sofrendo maus-tratos físicos e morrendo de doenças. O Padre pede misericórdia para os escravos e argumenta que o tráfico de escravos vai contra os princípios cristãos, já que todos são iguais perante Deus.
O Padre António Sanchez escreve uma carta ao rei de Portugal, D. João V, relatando as terríveis condições a bordo dos navios negreiros. Ele testemunhou escravos sendo tratados como animais, sofrendo maus-tratos físicos e morrendo de doenças. O Padre pede misericórdia para os escravos e argumenta que o tráfico de escravos vai contra os princípios cristãos, já que todos são iguais perante Deus.
Eu, Padre António Sanchez, me encontro em São Salvador da Bahia, num navio embarcado de África, e eu como um Padre Jesuíta, sendo fiel servo de meu Deus, não posso ocultar a minha verdade. Vos escrevo este meu depoimento com mui gran pesar , pois sei que não é favorável ao nosso Senhor Cristo Jesus, el ambiente em que os escravos chegam até vós, Minha Excelência! De maneira desgraçada, precária e insatisfatória vêm os seus vassalos, meus olhos tremem de horror e gran tristeza. Que dirá meu Salvador Cristo Jesus, quando vir esta situação? Pessoas que são merecedoras do direito de suas liberdades, porém são presas como a um cativeiro e privadas de viver liberalmente, tratadas como animais e destinadas a uma vida de escravidão. Tais pessoas, são desonradas e desmerecidas, chicoteadas dia e noite sem parar, forçados a comer até nom conseguirem mais, de maneira a que cheguem fortificados ao destino e prontos para serem comercializados. Perdoe, meu Rei, minha ousadia, mas atenta os teus ouvidos ao meu clamor a ti, Ó senhor. Sê misericordioso para com estas pessoas e age em favor delas. Vi, também, per outro lado, crianças morrendo per falta de água, outros, sejam eles homens ou mulheres, perecendo por doenças maliciosas, que infectou a um membro da tripulação, meus ouvidos queimam quando me lembro dos gritos de socorro e angústia daquele povo. Os insetos vivem entre eles, e com gran certeza o seu alimento mais querido é o doloroso grito e as profundas lágrimas de dores dos cativos. A ferrugem das algemas transferia para as suas mãos de tão gastas que estavam, em caso de viagens mais longas, presos ficam, por mais de 2 meses dentro daquele cativeiro.
Vossa Majestade e seus
súbitos têm destratado as criaturas feitas per Deus, o nosso criador, e para confirmar minha defesa e autoridade, meu Rei, nas Sagradas Escrituras, assim diz: “Toda a lei se cumpre numa só palavra, a saber: Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. (gálatas 5:14) Vós julgais que estas pessoas são animais, que não pensam, questionam a anatomia de seus corpos, perguntando-se uns aos outros: “estes sequer têm discernimento, cérebro…?”, porém são tão feituras de Deus tanto quanto vós. Novamente, Vossa Alteza, perdoe minha perseverança no discurso, todavia, sendo quem eu sou não apoio este tráfico, isto vai completamente contra os princípios cristâos, quão desprezível é negociar pessoas em busca de riquezas! Quantas maneiras há para comercializar, sem ter que apartar as liberdades de outrem! Apronto agora a minha razão!