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Trabalho de linguagem visual

Analise formal e semântica do álbum Direto do campo de extermínio”


Discente: Bruno Silva de Souza
Docente: Orlane Pereira Freire

Analise formal da capa do álbum “diretamente do campo de extermínio”. Álbum de


2003, do grupo (Facção Central). A fotografia é de autoria do grupo, e não se tem o
nome do fotografo.

A imagem é, uma pomba branca, aparentemente morta, com o que seria dois tiros no
peito, as penas da pomba são brancas, e tem um contraste com as manchas de sangue de
um vermelho vinho, em segundo plano temos o chão machado com o sangue do animal,
além do sangue podemos identificar um chão de asfalto
A fotografia tem dois planos.
Plano um: a pomba centralizada.
Pano dois: chão.
Imagem chapada.
Cores: contraste, entre sangue vermelho vinho com o chão escuro e a pomba branca.
Elementos equilibrados.

Analise simbólica e representativa da obra.


A pomba branca na capa do álbum, representa a pureza que é assassinada dentro
“campo de extermínio”, que seria as periferias brasileiras, com um maior foco na
periferia paulista, a obra foi composta entre o final dos anos ‘90 e início dos anos ’00
onde as periferias de São Paulo viviam um cenário caótico, a chegada do crack, a
violência polícia, o crime organizado, a perseguição que o grupo sofreu, foram
combustível para um dos maiores discos de RAP da historia
O principal foco do disco é denunciar o “apartheid” brasileiro, enfrentar o estado
acordando o periférico, fomentar o sentimento de revolta revolucionária, a imagem do
álbum pode retratar a
criança que tem a sua inocência sequestrada pela fome, pelo crack, pelo sentimento de
revolta, pela vontade de ser que tem os “empresários da favela”, a pomba branca é o
menino que não sabe ler nem escrever mas sabe o nome da delegada, a pomba branca é
o inocente assassinado pelo estado, a pomba branca é o adolescente com uma sacola de
droga e um 38 na cintura, a menina que tem sua pureza sequestrada por agressores
sexuais, a mãe que tem seu filho tomado pelo crime, como disse o grupo, “não existe
dia das crianças na periferia” “antes dos 12 eu vou estar com um oitão matando alguém
sem compaixão”. Milhares de crianças tem sua inocência sequestrada roubada e
vilipendiada polo “holocausto urbano”

Facção Central – O que os olhos veem – Direto do campo de extermínio – Faixa 19

“O retrato da favela tem só uma imagem


Mas cada olho tem sua interpretação pra essa imagem
Meus olhos veem quando eu olho pra favela:
Almas tristes, sonhos frustrados, esperanças destruídas, crianças sem futuro, vejo
apenas vítimas e dor
Os olhos do gambé veem traficantes com AR-15 e lançador de granada, vagabundas
drogadas, mães solteiras
Desempregados, embriagados no balcão do bar
Adolescentes viciados, pivetes com pipa, com rojão, avisando que os ""homi"" tão
chegando
Veem em cada barraco um esconderijo, uma boca
Em cada senhora de cabelo branco, uma dona Maria, mãe de bandido
Os olhos do político veem presas ignorantes, ingênuas
Marionetes de manuseio simples, a faca e o queijo
O passaporte pra Genebra, o talão de cheque especial
O tapete vermelho pra loja da Mercedes, o tamanco, o vestido, o Modess e o vibrador
da sua puta
Veem o mar de peixes cegos que sempre mordem o mesmo anzol
Os olhos do boy, esses aí esses não veem nada, nenhum problema os aviões com droga,
o tráfico de arma
As escolas sem telhado, lousa, professor, segurança
O jovem sem acesso a livro, quadra esportiva, centro cultural
Não veem os ossos no cemitério clandestino, as vítimas da brutalidade da polícia, o
povo esquecido e desassistido
Os olhos do boy só são capazes de enxergar na imagem da favela, o medo
O medo em forma de HK na ponta do seu nariz
E você, truta, o que seus olhos veem quando olham pra favela?”

Bruno Souza – assassinaram a paz


“Enquanto a fome fizer parte do cotidiano do brasileiro
Enquanto o saneamento básico for luxo
Enquanto o estado continuar assassinando nossas crianças
Enquanto o Brasil for o país da injustiça
Enquanto a burguesia continuar sugando nossa alma
Enquanto a única forma que o menino encontras de comer hoje e amanha
Enquanto continuarem nos vendendo como mercadoria não tem espaço pra paz
O brasil está em guerra
A guerra do estado contra sua população
A luta de classes
A guerra não noticiada pelo controle das rotas de cocaína
As chacinas dentro dos presídios e favelas
Mais uma vez a pomba branca recebe dois tiros no peito
Mais um dia em que a paz é assassinada”

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