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M
2020
Universidade do Porto
Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação
Novembro 2020
Ao entregar esta dissertação, o autor declara que a mesma é resultante do seu próprio
trabalho, contém contributos originais e são reconhecidas todas as fontes utilizadas,
encontrando-se tais fontes devidamente citadas no corpo do texto e identificadas na
secção de referências. O autor declara, ainda, que não divulga na presente dissertação
quaisquer conteúdos cuja reprodução esteja vedada por direitos de autor ou de
propriedade indust
Agradecimentos
As minhas colegas de casa por aturarem minha chatice e reclamações sobre todos
os meus problemas, principalmente a Ema, sem você este trabalho não seria de um todo
possível, principalmente por não me deixar desistir. As minhas amigas da universidade
espero que os vínculos criados continuem a florescer.
A minha Tia Conceição por me apoiar e sempre desejar o melhor, por estar lá
quando eu precisei e sempre me dar conselhos honestos e incentivo para continuar neste
caminho acadêmico. Agradeço também as meninas que enfrentaram comigo a dura
jornada de oito horas de trabalho, Gabriela, Monica e Catarina, obrigada por tudo.
iv
Resumo
O modelo de Redução de Risco é visto como uma intervenção que assume duas
vertentes, a do consumidor e a da comunidade. Com relação ao nível do consumidor, não
busca a abstinência e sim procura minimizar os danos do consumo de substâncias, já com
relação a comunidade possui uma visão voltada para a lógica da saúde pública, no
sentindo em que busca diminuir os riscos de vida, ou infecção, associados ao consumo.
v
Abstract
The Harm Reduction model is seen as an intervention that takes on two aspects,
the side of the consumer and tha sidet of the community. With regard to the level of the
consumer, it does not seek abstinence, but seeks to minimize the damage of substance
consumption, since the community has a vision focused on the logic of public health, in
the feeling in which it seeks to reduce the risks of life, or infection, associated with
consumption.
This study seeks to identify the strategies used in risk reduction and harm
minimization in Portugal and to evaluate the results of the strategies implemented in the
country. To satisfy these objectives, this investigation carried out a systematic review of
the literature, with the articles being researched in the electronic databases Scielo,
PubMed and Scholar. The inclusion criteria for selection were articles published in the
last ten years (2010 - 2020) with the theme, harm reduction and minimization of damages
in drug use and their strategies implemented in Portugal, together with the evaluation of
strategies, in Portuguese and English, that had these descriptors in the title or abstract and
access to the full article free of charge. Exclusion criteria included studies prior to 2010,
book chapters and publications in a language other than Portuguese and English.
vi
Résumé
Le modèle de réduction des méfaits est considéré comme une intervention qui
prend en deux aspects, du côté du consommateur et du tha sidet de la communauté. En ce
qui concerne le niveau du consommateur, elle ne cherche pas l’abstinence, mais cherche
à minimiser les dommages causés par la consommation de substances, puisque la
communauté a une vision axée sur la logique de la santé publique, dans le sentiment dans
lequel elle cherche à réduire les risques de vie, ou d’infection, associés à la
consommation.
Cette étude vise à identifier les stratégies utilisées dans la réduction des risques et
la minimisation des méfaits au Portugal et à évaluer les résultats des stratégies mises en
œuvre dans le pays. Pour atteindre ces objectifs, cette enquête a effectué un examen
systématique de la littérature, les articles étant étudiés dans les bases de données
électroniques Scielo, PubMed et Scholar Google. Les critères d’inclusion pour la
sélection ont été des articles publiés au cours des dix dernières années (2010 - 2020) sur
le thème, la réduction des méfaits et la minimisation des risques dans la consommation
de drogues et de leurs stratégies mises en œuvre au Portugal, ainsi que l’évaluation des
stratégies, en portugais et en anglais, qui avaient ces descripteurs dans le titre ou abstrait
et l’accès à l’article complet gratuitement. Les critères d’exclusion comprenaient des
études antérieures à 2010, des chapitres de livres et des publications dans une langue autre
que le portugais et l’anglais.
Dans les vingt et une publications analysées, il a été noté que la faible production
scientifique visant à analyser le modèle et l’efficacité de ses stratégies de réduction des
méfaits au Portugal, il est noté qu’en fait il ya une réponse positive concernant l’efficacité
du modèle, il est souligné la nécessité d’une plus grande production de littérature et
d’études qui traitent des opinions des utilisateurs de services et les travailleurs de l’air, de
sorte qu’il y ait la possibilité de développer un service qui peut être complet et de
meilleure qualité.
vii
Índice
Lista de Tabelas..............................................................................................................vi
Lista de Abreviaturas.....................................................................................................vi
1. Introdução............................................................................................................1
2. Objetivos...............................................................................................................2
2.1 Geral................................................................................................................2
2.2 Específico........................................................................................................2
3. Metodos................................................................................................................2
4. Resultados............................................................................................................3
5. Justificativa........................................................................................................14
5.1 Redução de Riscos e Minimização de Danos.............................................17
5.2 Portugal e a Redução de Riscos...................................................................18
5.3 Estratégias de intervenção implementadas em Portugal..........................21
5.3.1 Projetos...................................................................................................21
5.3.2 Contexto Festivo/Recreativo.................................................................23
5.3.3 Salas de Consumo Assistido..................................................................25
6. Conclusão ..........................................................................................................27
7. Referências.........................................................................................................30
viii
Lista de Tabelas
Lista de Abreviaturas
RR – Redução de Riscos
RRMD – Redução de Riscos e Minimização de Danos
SPA – Substâncias Psicoativas
OMS – Organização Mundial de Sáude
VHI/SIDA - Síndrome da Imuno Deficiência Adquirida
EMCDDA - European Monitoring Center for Drugs and Drug Adiction
CR - Consumption Rooms
DSM - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais
ix
1. Introdução
Este trabalho teve como finalidade realizar um estudo por meio de uma revisão
sistemática de literatura acerca das estratégias de redução de riscos e minimização de
danos implementadas em Portugal e de como elas se encaixam no contexto social
português através da avaliação das estratégias identificadas ao longo desta dissertação.
Assim se percebe a Redução de Risco, nos dias de hoje, como uma intervenção
que assume duas vertentes, a do consumidor e a da comunidade. Com relação ao nível do
consumidor, não busca a abstinência e sim procura minimizar os danos do consumo de
substâncias, a partir de disponibilizar acesso a material limpo, como programas de troca
de seringas, análise de pureza das substâncias, dentre outros. Já no que diz respeito à
comunidade, ela se utiliza de uma visão voltada para a lógica da saúde pública, no
sentindo em que busca diminuir os riscos de vida, ou infecção, associados ao consumo
(Gonçalves, 2011; Silva, 2011).
Diante disso, o presente trabalho buscou discutir sobre a prática atual de RRMD
em Portugal. Para satisfazer tal objetivo este trabalho de conclusão de mestrado é
constituído dos seguintes capítulos: objetivos; método utilizados na pesquisa; resultados;
uma pequena justificativa a respeito das drogas, um apanhado sobre as técnicas de RR,
como ela foi implementada em Portugal, suas estratégias de intervenção e a avaliação das
mesmas.
2. Objetivos
2.1 Geral
Realizar um estudo a partir de uma revisão de literatura sobre a redução de riscos
e suas características implementadas em Portugal e de como ela se encaixa no contexto
social português.
2.2 Específico
. Identificar as estratégias utilizadas em redução de riscos e minimização de danos
em Portugal.
. Avaliar os resultados das estratégias implementadas em Redução de Riscos em
Portugal.
3. Métodos
2
danos em Portugal; harm reduction in drug usage, strategies of harm reduction in
Portugal, evaluation of harm reduction in Portugal. Os critérios de inclusão para seleção
foram artigos publicados nos últimos dez anos (2010 – 2020) com a temática, redução de
riscos e minimização de danos no uso de drogas e suas estratégias implementadas em
Portugal, em conjunto com a avaliação das estratégias, nos idiomas português e inglês,
que tivessem esses descritores no título ou resumo e o acesso ao artigo completo de forma
gratuita. Os critérios de exclusão incluíram estudos anteriores a 2010, capítulos de livros
e publicações em outro idioma que não o português e o inglês.
4. Resultados
Nesta revisão sistemática da literatura foram selecionadas vinte e uma publicações
que atenderam aos critérios de inclusão previamente estabelecidos. São onze artigos
científicos e dez dissertações de mestrado. Para facilitar a análise e apresentação dos
resultados, elaborou-se o Quadro 1, com dados sobre o ano, autores, título, os objetivos e
resultados e/ou conclusões de cada estudo.
3
política do ganhando novos
movimento da contornos e novas
RD, definindo direções. Quais
uma nova direções o movimento
proposta de de RD vai criar diante
atenção em saúde. desses desafios? Que
redes se constituirão?
Devemos manter essas
perguntas vivas
ativando e
acompanhando o devir
do movimento da RD.
2011 Janete Consumos de Perceber se os Concluiu-se com este
Teixeira drogas, agentes sociais trabalho que a
Gonçalves. comunidade e Vimaranenses comunidade
mediação: seriam receptivos Vimaranense
auscultação dos à criação de uma auscultada está
agentes sociais Sala de Consumo receptiva
sobre a Assistido (SCA). à implementação de
implementação uma SCA. A
de uma sala de receptividade dos
consumo agentes sociais locais
assistido, em contrasta com a
Guimarães. opinião desfavorável
do Instituto da Droga e
Toxicodependência.
2011 Mara Consumo de Perceber se a Através da realização
Fernandes drogas: O informação de entrevistas
da Silva. impacto da transmitida pela semiestruturadas
informação e do R.R.M.D tem (N=19) e questionários
modelo de contribuído para a (N=71) a
regulamentação diminuição dos consumidores de
nos comportamentos drogas, foi possível
comportamentos. de risco? E quais constatar que (1) a
as representações informação transmitida
sociais que os no âmbito da R.R.M.D.
consumidores têm tem efectivamente
acerca do modelo algum impacto na
de legislação alteração dos
português relativo comportamentos e que
ao consumo de (2) a maioria das
drogas? pessoas observadas
considera ser crime
consumir drogas, com
excepção, nalguns
casos, para as drogas
consideradas “mais
leves”, como os
cannabinóides..
4
2013 Olga Souza Intervenção no Refletir sobre o Julgamos, todavia, que
Cruz e Carla fenómeno das que atualmente se tal só é possível se
Machado. drogas: Algumas considera ser boas alterarmos as nossas
reflexões e práticas de conceções sobre as
contributos para a intervenção no drogas ilegais,
definição de boas fenómeno do deixando de as usar
práticas. consumo de como um depósito de
drogas ilícitas. moralizações e de
estigmas e passando a
encará-las de uma
forma mais
‘naturalizada’ e não
criminalizadora. Neste
sentido, afigura-se-nos
mais efetivo optar pela
descriminalização do
consumo pessoal e
pelo trabalho de
redução de danos, em
detrimento da anterior
política
criminalizadora.
2014 Mariana Educação sobre Contribuir para o As entrevistas
Andrade e drogas: uma desenvolvimento revelaram que a
Simone proposta de uma proposta maioria dos estudantes
Monteiro. orientada pela educativa tem uma concepção
redução de danos. informada pela negativa das drogas
contextualização ilícitas, minimiza os
dos aspectos riscos do consumo das
socioculturais, drogas lícitas e não
econômicos e considera as
políticos desse singularidades dos
fenômeno e pelo elementos envolvidos
conceito de no consumo (sujeito,
redução de danos tipo de droga e
(RD). contexto de uso).
5
Tânia principles, crisis and according to
Rodrigues. intervention follow-up (n=18) this
models, and perception was stable
Grof’s over time. Crisis
psychedelic intervention was
psychotherapy experienced as very
approach for crisis significant. We discuss
intervention in
limitations and
situations related
implications of
to unsupervised
use of evaluating natural
psychedelics. setting based
Intervention was interventions, and the
expected to relation between
produce psychoactive
knowledge about substance use and
the relation psychopathology.
between Other data on visitor’s
substance use and profile and
mental health vulnerability to crisis
impact in showed inconclusive.
reducing potential
risk related to the
use of
psychoactive
substances and
mental illness, as
well as an impact
upon target
population’s
views of
themselves, their
relationship to
substance use, and
to life events in
general.
2015 Daniel CHECK!NG: A Através da No nível de
Martins, última fronteira apresentação de intervenção futura,
Helena para a Redução práticas e algumas estratégias
Valente e de Riscos em resultados poderiam ser utilizadas
Cristiana contextos referentes à para ultrapassar as
Pires. festivos. intervenção do limitações referidas,
projeto por exemplo,
CHECK!NG, desenvolver o serviço
pretende-se neste drop-in numa zona
artigo levantar central da cidade, onde
pistas para uma a vida noturna e festiva
reflexão sobre a se desenrola. Na
pertinência e as intervenção de terreno
particularidades é necessário
6
de um serviço de sensibilizar os
Drug Checking organizadores de
em contexto eventos e proprietários
festivos. de recintos de ócio
noturno para a
importância de um
serviço alargado de
RRMD, mostrando
como, para além das
evidentes questões de
saúde pública, o bem-
estar dos
frequentadores de
contextos festivos
contribuí para o
sucesso e
desenvolvimento do
seu negócio.
2015 Marta Pinto, A Avaliação dos Rever a produção . Habitualmente, a sua
Joana Programas de nacional de atenção incide menos
Vilares, Substituição artigos científicos sobre a qualidade dos
Soraia Opiácea em dedicados ao tema serviços prestados e
Teles, Portugal: da avaliação dos mais sobre os
Helena Apontamentos programas de indicadores associados
Carvalho, para (um)a substituição às carac- terísticas
Cristina Reflexão. opiácea (PSO). sociodemográficas das
Vale Pires e pessoas em tratamento
Leonor ou à evolução de
Castro alguns dos seus
Lemos parâmetros clínicos.
São assim preteridas
importantes dimensões
a ter em conta na
avaliação dos PSO,
nomeadamente o ponto
de vista dos seus
utentes ou a
congruência dos
serviços com os
princípios subjacentes
à proteção dos direitos
humanos. A propósito
desta realidade, são
problematizadas
questões essenciais
para o aperfeiçoamento
daqueles programas em
Portugal. São ainda
foco de reflexão os
entraves burocráticos à
7
investigação neste
domínio, identificados
em estudos
desenvolvidos pelo
Departamento de
Investigação da
APDES.
2015 Mónica O impacto da Compreender o Uma conclusão central
Sofia descriminalização Impacto da que emerge deste
Teixeira de substâncias Descriminalização trabalho é o facto de,
Valbom. psicoativas para do consumo de na sua maioria, os
as intervenções substâncias agentes de segurança
de redução de psicoativas (SPA) desconhecerem qual a
riscos e na prática de legislação em vigor, no
minimização de Redução de que concerne às
danos: estudo de Riscos e políticas das drogas em
caso do projecto Minimização de Portugal, bem como,
Kosmicare/Boom Danos (RRMD), não compreenderem o
Festival. em Portugal. impacto da
descriminalização do
consumo de SPA, em
Portugal. No entanto,
este é apenas um
primeiro contributo
para a exploração desta
temática, que necessita
de aprofundamento
adicional em muitas
das suas dimensões.
Entendemos que uma
disseminação mais
eficaz do
conhecimento sobre a
lei e suas implicações
junto dos agentes
envolvidos na sua
implementação
contribui de forma
significativa para a
melhoria da eficácia
das medidas
contempladas pela lei,
no interesse e no
benefício dos
indivíduos utilizadores
em Portugal.
2016 Cristina Entre o saber e o Relacionar as Conclui-se que os
Alexandra fazer: Dilemas de diferentes práticas utentes não só
Barros uma Intervenção de intervenção associam os
Casimiro. de Rua. neste contexto profissionais à sua
8
com os princípios formação de base,
filosóficos da como conhecem os
redução de riscos serviços
e conhecer as disponibilizados pela
perceções dos equipa, requerendo os
diferentes mesmos de forma
intervenientes do diversificada. Estes já
processo acerca ouviram a expressão
das mesmas foi o “redução de riscos e
objetivo basilar da minimização de danos”
presente e, à semelhança dos
dissertação. profissionais,
associam-na a
educação para a saúde,
disponibilização de
material, redução dos
danos físicos
existentes, não
imposição da
abstinência e adesão
aos serviços mais
formais da
comunidade. Quanto
aos técnicos,
constatou-se que o seu
ingresso na redução de
riscos foi premeditado
e realizado por opção
pessoal, encontrando-
se satisfeitos com as
funções
desempenhadas. Por
fim, os dois grupos
manifestam perceções
diferentes
relativamente a
determinadas práticas
de redução de riscos,
sendo os utentes, no
geral, mais
conservadores na sua
visão acerca destas
estratégias de
intervenção.
2016 Simão Mata A construção Objetiva-se Mostramos, através do
e Luís duma política analisar dois presente trabalho,
Fernandes. pública no campo momentos os como as mudanças
das drogas: eixos de redução operadas na política
normalização de riscos e das drogas em Portugal
sanitária, minimização de têm possibilitado uma
9
pacificação danos e a nova forma de intervir
territorial e descriminalização sobre o fenómeno.
psicologia de do consumo e da
baixo limiar. posse para o
consumo de
drogas ilícitas.
2017 Inês Representações Pretendemos Os dados da
Campos dos Utilizadores identificar as investigação revelaram
Barbosa. de Droga acerca vantagens e que não existe um
da Sala de desvantagens da consenso entre os
Consumo implementação da utilizadores de droga
Vigiado. Sala de Consumo acerca da
Vigiado, bem implementação da Sala
como, de Consumo Vigiado.
essencialmente, Também surgiram
conhecer e aspetos que devem ser
analisar a tidos em conta, como
perspectiva dos por exemplo o impacto
utilizadores de que o tráfico terá com
droga sobre a a implementação desta
mesma. estrutura, bem como a
qualidade da
substância psicoativa
ilícita.
2017 Timothy Um Contributo Este estudo teve Com o auxílio dos
Meglioranzi. para a avaliação como objetivo relatos dos
de um programa geral o de participantes,
de Redução de contribuir para a conseguimos perceber
Riscos e avaliação do que aspectos do
Minimização de Projeto Elos Projecto estariam a ter
Danos no através da resultados mais ou
consumo percepção e menos positivos, bem
problemático de satisfação dos como críticas positivas
drogas – Projeto utentes e/ou negativas e
Elos relativamente à sugestões de melhoria.
implementação No futuro, julgamos
deste projeto na ser importante a
sua globalidade. realização de um focus
group com todos os
técnicos envolventes
neste Projeto, de forma
a analisar a percepção
destes em relação ao
funcionamento das
várias dimensões do
Projeto Elos.
2018 Daniela Salas de consumo Analisar a Os resultados
Filipa assistido no perceção de vários encontrados no
Moura Porto: a perceção atores presente estudo devem
significativos constituir-se como
10
Tavares de vários atores neste contexto, ponto de partida para
Machado. sociais. através da futuras investigações
metodologia de e/ou auxiliadores da
focus group, no implementação e
sentido de permitir abertura destas salas na
identificar e cidade do Porto.
configurar-se um
desenho de como
poderia ser uma
sala de consumo
assistido na cidade
do Porto.
11
2019 Ana Filipa Percepção e Compreender o Os resultados
Moreira de significados que impacto da permitem-nos constatar
Castro. os utilizadores de Redução de que a política de
droga atribuem à Riscos e RRMD tem um grande
Redução de Minimização de impacto benéfico na
Riscos e Danos (RRMD) vida dos dependentes
Minimização de na vida dos de substâncias
Danos. utilizadores de psicoativas. Salientam-
drogas e os se as opiniões positivas
significados que sobre o funcionamento
estes lhes das estruturas, as
atribuem. relações com os
técnicos, as vantagens
da substituição
opiácea. Sobressaiu
ainda o
reconhecimento da
redução de práticas de
risco para a saúde
individual e pública
associadas aos
consumos.
2019 Soraia Vidas Esta investigação Verificou-se que
Raquel “agarradas”: teve como apesar de a RRMD ter
Gomes Pessoas com objetivo conseguido uma
Coelho. adições e o compreender e aproximação a esta
projeto analisar um caso população, moldar os
Aproximar. de redução de seus comportamentos
riscos e de riscos e combater a
minimização de estigmatização, quem
danos (RRMD) a está no terreno sente
funcionar em que urge reformular o
Braga, da modelo português.
responsabilidade
do projeto
Aproximar,
através da
combinação de
diferentes técnicas
de investigação,
nomeadamente
entrevistas
semiestruturadas e
diálogos
informais com
diversos atores
sociais no quadro
de um trabalho de
campo
etnográfico. Deste
12
modo procurou-se
conhecer quem
são os indivíduos
envolvidos, os
seus problemas,
as expetativas de
vida e o papel
desempenhado
por esta
organização não-
governamental
(ONG) e seus
técnicos.
2020 Allison Care during Develop and point Whether or not
Schlosser e COVID-19: Drug out improvements guidelines will be
Shana use, harm in harm reduction modified based on new
Harris. reduction, and techniques in the epidemiological
intimacy during a face of the information, harm
global pandemic. pandemic. reductionists will
continue to do the best
by their clients. We do
not believe that the
intimate connections
upon which so much
harm reduction work is
based will be lost. Our
hope is that the kind of
care they can offer
given the confines of
COVID-19 can reach
the PWUD who need it
the most.
2020 Nayana Harm reduction To analyze the Seventeen (17) primary
Santos Arêa in primary evidence studies published from
Soares; healthcare: an available in the 2008 to 2017 were
Márica integrative literature on harm included in this review.
Astrês review of care reduction actions Care strategies for
Fernandes; strategies. developed by harm reduction
Hellany primary included maintenance
Karolliny healthcare. treatment with
Pinho methadone, therapy
Ribeiro; with opioid agonists,
Daniel de needle and syringe
Macêdo distribution programs
Rocha; Ítalo and the creation of
Arão Pereira rooms for supervised
Ribeiro. drug consumption.
Health professionals
were essential for
consolidating inclusion
13
strategies, possessing
skills to listen without
judgment and
prejudice.
5. Justificativa
A droga é uma substância sobre a qual o Estado exerce controle, podendo ser
sintética ou natural. Esse controle é relativo, pois algumas drogas antes proibidas
passaram a ser permitidas (como o caso do álcool e a Lei Seca nos Estados Unidos)
e outras que eram permitidas passaram a ser proibidas (como no caso da heroína,
que era vendida em todas as farmácias) (Nogueira, 2020, p.8).
No sentido mais normativo, as drogas podem ser consideradas lícitas ou ilícitas,
dependendo de uma decisão política e de estado, já que por definição o conceito droga
abrange muito mais que apenas os olhos do senso comum podem ver. A Organização
Mundial de Saúde (OMS), responsável por criar alguns relatórios a nível mundial visando
a prevenção, define droga como:
14
fisiológicos bioquímicos de tecidos ou organismos. Assim, um medicamento é
uma substância que é, ou poderia ser listada em uma farmacopéia. No uso comum,
o termo geralmente refere-se especificamente a drogas psicoativas e, muitas vezes,
mais especificamente, a drogas ilícitas, além de qualquer uso médico.
Formulações profissionais (por exemplo, "álcool e outras drogas") muitas vezes
procuram mostrar que cafeína, tabaco, álcool e outras substâncias em uso comum
não médico também são drogas no sentido de serem tomadas pelo menos em parte
pelos seus efeitos psicoativos (WHO, 1994, p.33).
Como aponta Nowlis, 1981 apud Abal & Gugelmin, 2018, na perspectiva
proibicionista o consumo é explicado segundo o modelo moral/criminal ou segundo o
15
modelo de doença, doença biologicamente determinada. A abstinência é a única meta
plausível e é também pré-requisito para o tratamento. Percebe-se o movimento de
patologização do usuário de substâncias através da análise das publicações do Manual
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM). Nos primeiros volumes do
manual, havia uma tentativa caracterizar o uso de substâncias como uma característica da
personalidade, através do conceito de personalidade aditiva.
16
5.1 Redução de Riscos e Minimização de Danos
17
A RR também pode variar sua aplicação dependendo do contexto social a qual
será aplicada, no entanto como premissa busca valorizar os saberes dos atores envolvidos,
mais do que apenas o saber técnico, se valoriza a construção conjunta de soluções para
cada usuário, aceitando, portanto, diversos contratos que não só a abstinência da droga
(Santos & Malheiro, 2010 apud de Souza, Pereira & Gontijo, 2014).
Relativo ao contexto recreativo, Pereira (2018), aponta que por ser um contexto
tão particular é necessário que para ser desenvolvida há a necessidade de fazer sentido
para o consumidor nesse contexto, necessita-se de estratégias que possibilitem o gerir do
consumo e também suas experiências de festa maximizando os benefícios e minimizando,
tanto quanto possível, os riscos e os potenciais danos.
18
O fenômeno do uso/abuso de SPA no início dos anos 70, teve início em Portugal
sem a mesma expressão e impacto social do fenômeno em outros países da Europa, logo
à partida são dados passos para a construção de uma resposta pública a esta problemática
através da criação de uma consulta específica de toxicodependência, no serviço de
Psiquiatria do Hospital de Santa Maria em Lisboa no ano de mil novecentos e setenta e
três. No ano setenta e cinco a presidência do conselho de ministros cria as primeiras
estruturas para combater o novo fenômeno das drogas, o Centro de Estudos da Juventude,
que possuía uma vertente preventiva e de tratamento médico-social e o Centro de
Investigação Judiciária da Droga, que atuava na área de repressão e fiscalização do tráfico
(SICAD, 2020).
Para Barbosa (2009 apud Castro, 2019) a RRMD em Portugal pode ser organizada
em três fases. Sendo a primeira entre 1977 a 1992, nomeada de a fase clandestina; já a
segunda seria entre 1993 a 1998, chamada de fase experimental; e por fim a terceira, entre
1999 a 2005, denominada de fase de legitimação política. A primeira fase é considerada
particular pelo pioneirismo e pela fragmentação. Ao fim dos anos 70 implementa-se em
Portugal a substituição opiácea, conhecidos também como programas de manutenção de
metadona. A primeira experiência de um “drop in” teria sido em 1985, porém não existem
registos sobre, dada a política proibicionista que vigorava em Portugal no período.
Mata & Fernandes (2016), apontam que a RR em Portugal surgiu como uma
política de saúde provinda do interior do dispositivo de intervenção, contrariando suas
raízes sociais de proatividade entre os usuários de substâncias, que buscavam a afirmação
de seus direitos, como ocorreu na Holanda e na Espanha, onde inicialmente os
protagonistas desse movimento em busca do direito de gestão do próprio corpo e do
prazer, eram os usuários.
19
Vale ressaltar que tecnicamente a descriminalização é o ato ou a conduta descrita
em lei que não se caracteriza mais como ilícito penal, porém ainda pode vir a ser
considerada, para fins de ilícito civil ou ilícito administrativo, acarretando sanções que
podem ser desde multas, frequência em cursos de reeducação á prestações de serviços
(Teixeira, 2020).
No entanto destaca-se que apesar dos avanços com a aprovação a Lei n º 30/ 2000,
em conjunto com a lei da redução de danos em junho de 2001 (DL nº 183/2001, de 21-
6), grande parte dos programas previstos pela lei, em suma, já existiam, em contrapartida,
a lei veio legitimar os programas de substituição em baixo limiar (metadona), praticados
até então só em alguns Centros de Atendimento a Toxicodependentes (Costa, 2009).
Notou-se ao longo dos últimos anos, que em Portugal após a implementação dos
programas de RR, conseguiu intervir de forma mais abrangente, pois conseguiu levar
saúde a pessoas que não procuravam o serviço e por consequência a diminuição dos casos
de V.I.H./S.I.D.A. Este retorno positivo foi possível devido aos programas de RR, através
das informações disponibilizadas juntos dos utilizadores de droga (Barbosa, 2017).
20
acolhimentos e centros de abrigo, os programas de substituição opiácea de distribuição
de preservativos e trocas de seringa (Carbonário, 2016 apud Machado, 2018).
Muitos desses serviços são realizados pelas equipes de ruas que possuem contato
mais direto com os consumidores, criando vínculos que permitem a inserção no local,
Domoslawski & Capaz (2011, p.36) descreve o papel das esquipes de rua:
O papel dos trabalhadores das equipas de rua, uma das mais importantes
atividades de redução de danos, consiste em rondas diárias aos lugares onde os
consumidores se costumam juntar. Uma equipa de duas ou três pessoas – uma dos
quais tem que ser um profissional da área da psicologia – distribuem kits aos
consumidores. O componente mais importante destes kits são as seringas e
agulhas limpas para os consumidores de heroína. O kit contém também outros
utensílios de higiene como água destilada, gaze e um preservativo.
5.3.1 Projetos
21
Segundo Meglioranzi (2017), existem vários projetos sobre RRMD
implementados em Portugal, precisamente 49 projetos, foram datados em sua pesquisa,
todos eles eram financiados e apoiados tecnicamente pelo Instituto da Droga e
Toxicodependência, alguns dos projetos: o IN-Ruas (Guimarães) equipe de rua , Novas
Metas (Matosinhos), Âncora (Povoa do Varzim) e também o Projeto Elos (Porto). Todos
estes projetos tiveram presente como objetivo o oferecimento aos utentes, apoio
psicológico, cuidados de saúde, intervenções tendo por base uma abordagem
biopsicossocial.
Com relação a distribuição de kits, estes podem possuir diversas composições, por
materiais considerados necessários aos utentes, Gomes e Vecchia (2018, p.2333)
explicam o que pode estar inserido nos kits:
Os kits são uma oferta abrangente no que tange aos cuidados de saúde do usuário,
podendo ter composições distintas de acordo com o público assistido.
Comumente, os kits são compostos de: folhetos informativos, materiais para o
tratamento de feridas, água destilada, preservativos e lubrificantes. Agulhas,
seringas e cachimbos também são inclusos em alguns kits.
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programa de troca de seringas 25G, ajudando a direcionar para os hábitos de consumo e
características de sua população alvo, e demostrou níveis superiores de adesão (APDES,
2013).
Com relação ao Projeto Elos, os dados apontaram que havia uma satisfação por
parte da equipe técnica que acompanha os utentes, reconhece-se o projeto como eficaz
porém são necessárias algumas mudanças proposta pelos resultados da pesquisa, como
melhorias nos aspectos logísticos de gestão de espaço, falta de serviços de psicologia e
de atividade ocupacionais a serem implementadas para os utentes (Meglioranzi, 2017).
Outro projeto avaliado por um estudo que buscou realizar entrevistas com os
consumidores e com os profissionais, é nomeado de projeto Aproximar, da delegação de
Braga da Cruz Vermelha. Coelho (2019) aponta que ainda a margem de crescimento para
a RRMD, projeto dá provas de sua eficácia, porém os mesmos consumidores inseridos no
serviço ainda praticam certos comportamentos de risco, há outros pontos negativos
relacionados a estrutura móvel e o decréscimo do número de utentes.
Com relação aos projetos de substituição opiácea em Portugal, Pinto et al. (2015)
aponta que não é possível de um todo analisar estes projetos por meios de suas literaturas
publicadas, tendo em vista que grande parte das publicações são dotadas de um caráter
voltado a monitorização dos serviços e não de fato sua avaliação:
23
Considerando a apresentação, a forma, o logotipo, o odor ou mesmo o sabor não
é possível reconhecer ou identificar a composição de um produto através de suas
características mais obvias. Dentro teste contexto, a disponibilização de um serviço de
análise de substâncias psicoativas ilícitas – Drug Checking – é uma estratégia crucial de
redução de riscos e minimização de danos (Martins, Valente & Pires, 2015).
A Drug Checking service represents a direct response to the need to reduce these
health risks of illegal drug use. The Drug Checking results shows that illegal
drugs varies greatly and with regional differences with regard to their levels of
purity and the number and percentage of adulterants (TEDI, 2012 apud Ventura
et al., 2013, p.15).
24
(EMMCDDA, 2012; Carvalho & Trigueiros, 2010; Cruz e Machado, 2010 apud Valbom,
2015).
Outro estudo também realizado no festival Boom, este relativo ao Drug Checking,
onde foram disponibilizados serviços de análise das substâncias e aplicados cerca de 310
questionários aos consumidores para a avalição do serviço, este estudo aponta é possível
ofertar o serviço em larga escala, além de ajudar na promoção de informação sobre o que
está sendo consumido.
The data corroborates the hypothesis that when provided with objective
information about the content of their drugs, people that use drugs typically
implement health protecting behaviours. Additionally, these results can contribute
to the design of tailored harm reduction interventions that take into consideration
clients’ character-istics, profiles and motivations (Valente et al., 2019, p.93).
25
a experiência de consumidores problemáticos de drogas sobre a partilha de
seringas e equipamentos de injeção associados à prática de comportamentos de
risco, é necessário criar um espaço de compreensão das experiências vividas dos
indivíduos, a partir das suas próprias perspetivas, pois o risco reside em vários
contextos de integração, sendo influenciado pelos valores culturais dominantes e,
particularmente, pelas necessidades associadas aos contextos vivenciais dos
toxicodependentes sem-abrigo onde avultam as atividades de manutenção da sua
dependência numa designada economia de rua.
O relatório regido pelo European Monitoring Center for Drugs and Drug Adiction
(EMCDDA), defende e aponta os países que já haviam implementado CR fazendo uma
análise geral sobre o funcionamento delas no ano de dois mil e quarto. No que respeita à
evolução histórica desta forma de intervenção, a primeira sala de consumo assistido de
droga foi aberta em Berna, na Suíça, em junho de 1986. Nos anos seguintes, foram criadas
instalações do mesmo tipo na Alemanha, nos Países Baixos, em Espanha, na Noruega, no
Luxemburgo, na Dinamarca, na Grécia e em França (EMCDDA, 2018).
26
Na Irlanda, foi aprovada uma lei (Misuse of Drugs Act (Supervised Injection
Facilities), 2017) com vista a permitir o licenciamento e a regulamentação destas
estruturas. No mesmo mês, foram anunciados em Lisboa, Portugal, as localizações
e a área de operação de dois equipamentos fixos e de uma unidade móvel de
consumo assistido de droga. Espera-se que os serviços entrem em funcionamento
no segundo semestre de 2018 e no início de 2019 (EMCDDA,2018, p.3).
No entanto estas duas salas estão presentes apenas no papel, o programa foi a
votos em julho de dois mil e vinte, a ideia consistia em arrancar o terreno até o fim do
ano, a primeira fase duraria por um ano, seria marcada pela prestação de assistência numa
unidade amovível, estando presente para apenas dois mil e vinte e dois a disponibilização
de uma unidade móvel adaptada (Paulo, 2020).
6. Conclusão
Pois quando se pensa em redução de riscos muito se fala acerca dos serviços
ofertados, quais são realizados, tendo sido em grande parte idealizados por profissionais
da área da saúde, que já atuaram ou atuam no campo, não levando em conta o que as
especificidades e considerações daqueles que são beneficiados pelo serviço e dos que
trabalham no mesmo.
27
as técnicas utilizadas na RRMD e suas intervenções em Portugal acompanham as
tendências com relação as técnicas implementadas em outros países, no entanto percebe-
se uma implementação tardia quando comparada com outros com relação a saúde
proposta para população de risco ou em contexto de rua.
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aérea, para que assim haja a possibilidade de desenvolver um serviço que possa ser
completo e de maior qualidade.
29
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