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Oito curiosidades sobre a tradução da

Bíblia de Lutero
Christine Lehnen
15.01.2022

Oito curiosidades sobre a tradução da Bíblia de Lutero (msn.com)

Há 500 anos, o mais famoso reformador do mundo publicou sua tradução


do Novo Testamento para o alemão.
De uma suposta luta com o diabo a uma mulher omitida na tradução, há
muitos fatos surpreendentes em torno da edição.

© picture-alliance/akg-images Martinho Lutero (1483-1546), o ex-monge que


se voltou contra a Igreja Católica e se tornou personagem central da Reforma
Protestante

1. Bestseller instantâneo

Não havia listas de bestsellers na época de Martinho Lutero, mas ninguém


pode duvidar do sucesso de sua tradução da Bíblia.

Embora não tenha sido a primeira tradução da Bíblia cristã para o alemão, foi a
primeira a ser amplamente difundida.
Como o próprio Lutero disse, "ele ouviu o homem comum" para encontrar seu
estilo de tradução.
Ele não gostava de traduções literais e trabalhou em cada frase por um longo
tempo para tornar a leitura mais fácil.

A primeira parte da Bíblia, que consistia na tradução do Novo Testamento para


o alemão, foi publicada há quase 500 anos, em setembro de 1522,
para a Feira do Livro de Leipzig - evento que ocorre até os dias de hoje.

Na época, foram impressas 3.000 cópias – considerada uma grande tiragem


para o período.
Cada exemplar custava entre meio gulden e 1,5 guldens, a moeda do sul da
Alemanha.
Era uma bela soma em dinheiro, mas bem mais barata do que as versões
anteriores do Livro Sagrado.

"Antes de Lutero, você tinha que pagar o equivalente, hoje em dia, a um


Mercedes Classe S por uma Bíblia impressa.
No século 16, uma Bíblia de Lutero era vendida pelo mesmo preço que uma
geladeira hoje em dia", compara o teólogo Hartmut Hövelmann.

A Bíblia se esgotou em três meses e as reimpressões foram feitas


rapidamente.
A primeira edição foi chamada de "Testamento de setembro", e a segunda,
com revisões, de "Testamento de dezembro".

A primeira versão da obra de Lutero consistiu na tradução do Novo Testamento


e é vista como um dos estopins da Reforma, que dividiu a Igreja Católica.
Lutero completou a tradução do Velho Testamento em 1534. A versão
completa da Bíblia também foi um sucesso.
Cerca de 200.000 cópias foram publicadas antes de Lutero morrer em 1546

2. Escondido em um castelo

Martinho Lutero não conseguiu traduzir o Novo Testamento na paz de sua


casa.

Em 1517, ele publicou suas famosas "95 teses", protestando contra a prática
do clero católico de vender indulgências,
por meio das quais os pecadores podiam comprar sua saída do purgatório. Em
janeiro de 1521, o papa excomungou Lutero por ele se recusar a revogar suas
teses da Reforma.
© Martin Schutt/dpa/picture alliance Castelo de Wartburg, na Turíngia, onde
Lutero ficou escondido por meses

Três meses depois, Lutero, que já havia sido condenado como herege, se
apresentou diante da Dieta em Worms (uma assembleia do Sacro Império
Romano Germânico) e
foi convidado, pela última vez, a se retratar.

Mais uma vez, ele se recusou a fazê-lo, levando o imperador Carlos 5º a emitir
o Édito de Worms,
um decreto declarando Lutero um fora da lei e dando a qualquer um o direito
de capturá-lo ou até mesmo de matá-lo.

O Príncipe Frederico 3º, Eleitor da Saxônia, conseguiu proteger Lutero,


sequestrando-o e escondendo-o no Castelo de Wartburg, na Turíngia.

Lutero ficou lá por 10 meses sob o nome de Junker Jörg e, nesse período, se
dedicou a traduzir a Bíblia. A palavra Junker se refere a uma categoria de
nobre alemão.

3. Luta contra o diabo


Seu gabinete no castelo Wartburg é conhecido hoje como "Sala de Lutero".
Lá, ele traduziu o Novo Testamento do grego antigo para o antigo alto alemão,
usando traduções latinas como auxílio - por exemplo, a do famoso humanista
Erasmus von Rotterdam. Lutero levou 11 semanas para concluir o Novo
Testamento.

© Imago Images/imagebroker/wrba Sala de Lutero, no castelo de Wartburg

Diz a lenda que o diabo até o visitou nesta sala uma noite. Lutero ouviu um
arranhão e jogou o tinteiro no demônio.
Uma mancha de tinta azul teria ficado marcada na parede, ao lado do fogão.
Mitos foram criados em torno da mancha desde o século 17, mas não se sabe
se ela data mesmo da época de Lutero, já que o cômodo foi repintado várias
vezes.

4. Trabalho em equipe

Depois que Lutero traduziu o Novo Testamento, ele se dedicou ao Antigo


Testamento, trabalhando com vários outros teólogos e linguistas.
Sozinho, ele não teria conseguido traduzir o texto do hebraico antigo e do
aramaico, uma vez que não falava essas duas línguas tão bem quanto o latim e
o grego antigo.
Entre seus auxiliares estavam Philip Melanchthon, Caspar Cruciger,
Matthäus Aurogallus e Justus Jonas. A tradução foi concluída em 1534.

Terminado o trabalho, Lutero escreveu na "Carta Aberta sobre a Tradução":


"No Livro de Jó, nos esforçamos tanto, Melanchthon, Aurogallus e eu, que
mal conseguimos terminar três linhas em quatro dias".

5. Versão ilustrada

Algumas edições da tradução da Bíblia de Lutero foram ilustradas com


xilogravuras. Onze imagens de página inteira da oficina do artista e impressor
Lucas Cranach,
inspiradas na série Apocalipse, de Albrecht Dürer, foram exibidas em edições
decorativas do "Testamento de setembro".

Mesmo 500 anos depois, o trabalho de Lutero continua inspirando


impressionantes obras de arte.
Em 2017, o artista Yadegar Asisi montou na cidade de Wittenberg um grande
panorama 360º, com vida e obra do reformador, em alusão ao 500º aniversário
da Reforma.

© picture alliance/Bildagentur-online/Forkel Uma das primeiras edições da


Bíblia de Lutero

6. Bíblia de Lutero inspirou uma tradução para o inglês

As traduções para o inglês de partes da Bíblia já existiam desde o século 7º.


A Bíblia de Wycliffe foi publicada no século 14, em inglês vernáculo, como
parte de um movimento pré-Reforma que era contra muitos dos ensinamentos
da Igreja Católica Romana. Os motins que se seguiram à sua publicação
tornaram ilegal, sob pena de morte, ter uma tradução da Bíblia para o inglês.

Mesmo assim, William Tyndale, um reformador inglês e contemporâneo de


Martinho Lutero, se encorajou a criar uma versão em inglês da Bíblia e
distribuí-la.
Ele foi para Alemanha em 1524, com o apoio de ricos comerciantes de
Londres. No ano seguinte, completou sua tradução do Novo Testamento.

Tyndale não apenas leu as traduções para o latim feitas por Erasmo de
Rotterdam, mas também as de Lutero - e até aprendeu alemão para fazer
isso.

Sua Bíblia foi impressa em Colônia, na Alemanha, e as primeiras edições foram


contrabandeadas para a Inglaterra em 1526.

Tyndale também começou a trabalhar na tradução do Antigo Testamento,


mas foi preso antes de ter concluído.
Ele foi queimado na fogueira como herege em 1536, mas sua tradução
ainda é, em grande parte, a base para a moderna Bíblia em inglês.

7. Uma mulher se perdeu na tradução

Martinho Lutero e seus colegas são altamente reconhecidos por sua tradução
da Bíblia e sua influência é considerada revolucionária. No entanto, a versão
não era perfeita.

Por exemplo, estudiosos descobriram mais tarde que eles haviam mudado um
nome feminino da versão grega original para masculino:
Junia, uma apóstola mencionada no Novo Testamento na carta de Paulo aos
Romanos.
Essa figura foi transformada em "Júnias", nome masculino que não existia nos
tempos antigos.

Posteriormente, isso foi corrigido para refletir o papel significativo


desempenhado pelas mulheres na pregação e divulgação do cristianismo
primitivo.

Mesmo na época de Lutero, as teólogas se destacavam. Afinal, o


protestantismo pregava em palavras, mesmo que não na prática, que todas as
pessoas eram iguais.

Argula von Grumbach arriscou muito para promover o protestantismo,


escrevendo cartas, intervindo em debates teológicos e
falando publicamente em apoio a Martinho Lutero, com quem também se
correspondia.
A reformadora e escritora protestante Katharina Zell escreveu seis livros e três
panfletos, além de salmos e interpretações da Bíblia, e
acolheu refugiados protestantes na casa paroquial de seu marido em
Estrasburgo.

8. Não é a última edição

Por mais importante que tenha sido a tradução da Bíblia de Lutero e seus
colegas, não foi a primeira - e certamente não será a última.

Ela é constantemente revisada. Em 2017, ano que marcou o 500º aniversário


da Reforma, uma versão modificada foi publicada pela Sociedade Bíblica
Alemã.
As passagens antissemitas inseridas por Lutero e seus colegas foram
alteradas.

A língua também foi adaptada e modernizada para se aproximar do alemão


falado hoje em dia.
A tiragem de 260.000 cópias, em 14 edições diferentes, se esgotou em apenas
algumas semanas. Como resultado, mais 240.000 cópias foram impressas.

Além disso, foi lançada em 2021 uma versão simplificada, que visa atingir a
geração mais jovem.
Ela tem sido referida pela Sociedade Bíblica como a "Bíblia para a geração do
smartphone".

Autor: Christine Lehnen

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As diferenças entre as Igrejas Protestante e


Católica

Klaus Krämer rw

Publicado 27 de outubro de 2017 / Última atualização 31 de outubro de 2017

Passados mais de 500 anos da Reforma introduzida por Martinho Lutero,


diferenças entre as duas Igrejas persistem, passando pelo celibato, a adoração
de santos e a eucaristia.
https://www.dw.com/pt-br/as-diferen%C3%A7as-entre-as-igrejas-protestante-e-
cat%C3%B3lica/a-41133651

As diferenças entre as Igrejas Protestante e Católica – DW – 31/10/2017

Na Alemanha, onde nasceu a Reforma da Igreja, católicos e protestantes ainda


viviam em profunda hostilidade até algumas décadas atrás.
Agressões mútuas, condenações doutrinais, conflitos e guerras de
motivação religiosa acompanharam essa cisão.

A razão para isso aconteceu em 1517, com a separação da Igreja em Católica


e Protestante.

A ideia inicial do monge Martinho Lutero (1483-1546), de reformar a Igreja


Católica, acabou não se concretizando.
Pelo contrário, a publicação de suas 95 teses em 31 de outubro de 1517
contra o que considerava teologicamente inoportuno na Igreja de seu tempo é
considerada a base da Igreja Protestante e o ponto de partida da divisão em
confissão católica e evangélica luterana na Alemanha.

Apesar dos esforços de ambos os lados pela superação das diferenças, não há
perspectiva de que algum dia as duas confissões voltem a se unificar.
As duas Igrejas definem sua relação como "diferença conciliada".
Muito do que Lutero quis reformar na Igreja católica diferencia e divide as
duas confissões até hoje. Estas são as oito principais diferenças:

1. Interpretação da Bíblia

O catolicismo e o protestantismo têm diferentes pontos de vista sobre o


significado e a autoridade de fé da Bíblia. Desde Lutero, está claro para os
protestantes:
a Bíblia é "sola scriptura", ou seja, ela é a única palavra inspirada por Deus,
com revelações que nos permitem a comunhão com Ele.
O Novo Testamento, traduzido por Martinho LuteroFoto: AP

Já os católicos questionam a validade dessa doutrina de quase 500 anos


(2017). Eles não acham que a Bíblia, por si só, seja suficiente.
Por isso, além da Sagrada Escritura, também a tradição católica romana é
vinculativa para os cristãos.

2. A Igreja

Católicos e protestantes têm uma visão diferente da natureza da Igreja.


A Igreja católica (do grego katholikós, universal) se vê como a única Igreja
verdadeira, em todo o mundo, sob a liderança do papa.
Para as Igrejas que emergiram da Reforma (evangélica, derivada do
Evangelho), não há uma única no que tange a denominações, mas há várias
denominações cristãs que compõe a única Igreja Cristã (católicos, luteranos,
calvinistas, batistas, etc.), espalhadas pelo mundo. Oficialmente, todas elas se
consideram equivalentes.

3. Papado
Os protestantes não são tolerantes em relação ao papado, pois alegam que ele
não condiz com a Bíblia.
Os católicos veem no Sumo Pontífice o sucessor do apóstolo Pedro e,
portanto, o chefe de sua Igreja, nomeado por Jesus Cristo.
Isso é explicado por uma cadeia de consagrações que supostamente nunca foi
interrompida, desde o século 1º até o presente.

4. O cargo de sacerdote
Segundo o catolicismo, ao receberem o sacramento da Ordem, bispos,
sacerdotes e diáconos ganham para sempre a legitimação de servir a Deus.
Por isso, o cargo de sacerdote é superior ao de leigos católicos. Essa
ordenação, aliás, é reservada aos homens.
Já o Protestantismo não vê na profissão religiosa uma consagração da pessoa.
O cargo é uma função pretendida por Deus que,
em princípio, pode ser transferido para qualquer cristão, mesmo para mulheres,
ainda que algumas igrejas luteranas também não as ordenem.

5. Eucaristia ou Santa Ceia


Na Eucaristia católica, fica evidente a autoridade do sacerdote e o quanto isso
influencia a convivência ecumênica.
A Eucaristia, ou Santa Ceia, em um culto religioso representa a morte e a
ressurreição de Jesus Cristo.
Ela remonta à última refeição de Jesus com seus discípulos na véspera de sua
crucificação.
A Eucaristia católica pode ser ministrada somente por um sacerdote ordenado.
Apenas ele, em nome de Jesus, pode transformar pão e vinho no corpo e no
sangue de Cristo.
Não é permitida a participação de não católicos.

Na igreja evangélica, qualquer pessoa batizada pode tomar a Santa Ceia.


Também é permitido que leigos auxiliem o pastor na distribuição do pão e do
vinho.
Esta é uma das razões pela qual o lado católico rejeita a Santa Ceia conjunta
com protestantes.

Os católicos veem a Eucaristia como uma constante repetição do sacrifício de


Jesus Cristo. Em sua interpretação, a hóstia se transforma no corpo de Jesus e
pode ser adorada.
Já para os luteranos, a Santa Ceia é o verdadeiro corpo e sangue de Jesus,
no pão e no vinho.
Algumas igrejas luteranas exigem que, além de batizados, os membros tenham
tido instrução prévia nas doutrinas da igreja para serem admitidos à Comunhão
do Altar.

6. Sacramentos
Na Igreja Católica Apostólica Romana, há sete atos sagrados, os chamados
sacramentos: o batismo, a crisma, a Eucaristia, a confissão, o casamento,
a ordenação dos sacerdotes e a extrema-unção. O catolicismo crê que Deus
salva através destes sacramentos.
Na Igreja Protestante existem apenas dois sacramentos: o Batismo e a
Eucaristia (Santa Ceia).

7. Maria e os santos
A Igreja Católica reverencia Maria, a mãe de Jesus, como "rainha celestial" e,
em alguns aspectos, a equipara a Ele.
Como não há evidências bíblicas para dogmas marianos da Igreja Católica
como a salvação de Maria do pecado original e sua glorificação corporal,
eles são rejeitados pelo lado protestante.

A Igreja católica pratica a veneração dos santos. Os modelos de fé


canonizados ao longo da história da Igreja são vistos como mediadores para
interceder junto a Deus a favor do crente. Há mais de 4 mil santos, os quais os
fiéis podem adorar através de relíquias.

O culto aos santos é categoricamente rejeitado pela Igreja Protestante, por não
condizer com os escritos bíblicos.
Segundo a fé luterana, todo ser humano pode e deve recorrer a Deus
diretamente, em oração, apenas em nome de Jesus.

8. Celibato
O compromisso de não se casar e manter abstinência sexual é obrigatório para
sacerdotes católicos.
O celibato sacerdotal é compreendido como sinal da sucessão de Cristo, que
segundo a Bíblia era virgem e solteiro.

As igrejas evangélicas rejeitam que o celibato seja um dever, pois não há


mandamento de Jesus nem dos apóstolos nesse sentido.
Já em 1520, o ex-monge Martinho Lutero exigiu sua abolição e, cinco anos
mais tarde, casou-se com a ex-freira Katharina von Bora.
Por seu casamento, fundaram o "presbitério protestante", que se tornou uma
característica da paróquia luterana ao longo dos séculos.

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1521: Excomunhão de Martinho Lutero
Gábor Halász
Publicado 03/01/2016 / Última atualização 03/01/2020

https://www.dw.com/pt-br/1521-excomunh%C3%A3o-de-martinho-lutero/a-
294475

1521: Excomunhão de Martinho Lutero – DW – 03/01/2020

Em 3 de janeiro de 1521, o papa Leão 10 excomungava o teólogo alemão


Martinho Lutero.
Era o clímax do conflito entre duas visões da religião cristã que acabaria numa
das mais importantes cisões do Cristianismo.

Em 1514, o padre Martinho Lutero assume, aos 31 anos, a igreja de


Wittenberg.

Durante seu trabalho, ele constata que muitos dos cidadãos preferem comprar
cartas de indulgência a confessar-se com ele.
Essas indulgências são vendidas nas feiras livres, e, negociando com o
pecado, a Igreja arrecada o capital de que precisa urgentemente.
Conta-se que o monge dominicano Johann Tetzel anunciava: "Quando o
dinheiro cair na caixinha, o Céu estará recebendo a sua alminha".
O jovem Lutero fica enojado com esse comércio. Ele crê na confissão, e que
todos devem poder confiar na graça divina.

Em outubro de 1517, envia 95 teses a seus superiores eclesiásticos.


Conta a lenda que Lutero pregou as teses com estrondosos golpes de martelo
na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg.
O documento é logo impresso e distribuído entre a gente de Leipzig,
Nurembergue e da Basileia.

O rompimento com Roma

Em 1518, Roma abre um processo por heresia contra Lutero. Dois anos mais
tarde, o papa Leão 10 ameaça puni-lo caso não revogue suas teses; em
dezembro de 1520,
o rebelde queima a bula papal em protesto, além de um livro de leis católicas e
várias obras de seus opositores.

Agora Martinho Lutero rompera definitiva e irreversivelmente com Roma.


Quando Leão 10 fica sabendo do escandaloso espetáculo de incineração, não
hesita: em 3 de janeiro de 1521 lança sobre o reformador a maldição da
excomunhão.
O pregador das indulgências, Tetzel, pede a fogueira para Lutero.
Entretanto, alguns príncipes colocam-se do lado do líder protestante. Eles
creem que através dele será possível limitar o poder de Roma.
E convencem o imperador a convidá-lo para ir à corte em Worms.

Em abril de 1521, Lutero põe-se a caminho e, ao contrário do que desejaria a


Igreja Católica, é recebido com entusiasmo durante todo o trajeto.
Ele prega em Erfurt, Gotha e Eisenach, antes de ser celebrado pelos
habitantes de Worms.

Na corte, o imperador insiste em que o teólogo retire as suas críticas, porém


este responde:
"Através das passagens das Escrituras estou preso às palavras de Deus.
Portanto, não voltarei atrás, pois agir contra a consciência não é seguro nem
saudável. Que Deus me ajude. Amém".

A guarida em Wartburg

Após deixar Worms, Martinho Lutero está protegido por um salvo-conduto


que o resguarda de ser imediatamente preso.
Porém, o imperador declara-o fora da lei e, portanto, exposto ao cárcere e à
destruição de seus escritos.

Durante a viagem de volta, contudo, a firmeza de caráter do reformador é


recompensada: o príncipe-eleitor da Saxônia, Frederico, o Sábio,
manda sequestrá-lo, conferindo-lhe guarida no isolado castelo de Wartburg.

Lá o ex-padre católico começa a traduzir a Bíblia para o alemão. A obra de


Lutero não pode mais ser detida.
Embora nenhum dos príncipes em Worms saiba disso, começa a Reforma, a
Idade Média chega ao fim, desponta a Idade Moderna.
E, do protesto do reformador, nasce a Igreja Protestante.

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