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MECANISMOS

COESIVOS
A Competência IV se destina a avaliar a capacidade de apresentação do
conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da
argumentação. Isso significa que, nesta Competência, analisamos como o
participante se vale dos recursos coesivos para articular os enunciados de seu
texto.
Tendo em vista o espaço relativamente curto de 30 linhas para que se disserte
sobre um tema de relevância social, o uso de elementos linguísticos de coesão é
essencial, já que eles serão os responsáveis pela concatenação de ideias, fazendo
o texto avançar na formulação de argumentos. No entanto, não basta a mera
presença dessas palavras. Para que o texto dissertativo-argumentativo seja
avaliado nos níveis mais altos da Competência IV, é necessário que haja uso
adequado e diversificado desses elementos linguísticos.

PRINCIPAIS TIPOS DE COESÃO


Quadro esquemático da coesão referencial e da sequencial
A referencial retoma elementos já mencionados em um texto ou introduz aqueles
ainda a serem mencionados (pronomes, por exemplo), e a sequencial diz respeito aos
procedimentos linguísticos por meio dos quais se estabelecem diversos tipos de
interdependência semântica e/ ou pragmática entre enunciados, à medida que faz o
texto caminhar.

Coesão referencial
Por uso de formas gramaticais
A. Substituição por pró-formas (pronomes, advérbios, verbos etc.)
Ex.: Psicólogos, psicanalistas e outros terapeutas estão preocupados com o
aumento do consumo de ansiolíticos e outras medicações causadoras de
dependência química. Eles tentam encontrar tratamentos alternativos para os
transtornos mentais, sem recorrer a medicações.
Observa-se o uso do pronome pessoal “eles”, que retoma “Psicólogos,
psicanalistas e outros terapeutas”.
Ex.: O sanatório de Colônia, em Barbacena, MG, foi o maior hospital psiquiátrico
do Brasil. Lá, aplicavam-se tratamentos desumanos como eletrochoques,
torturas e castigos físicos, que causaram a morte de milhares de pessoas, no que
ficou conhecido como “holocausto brasileiro”.
Observa-se o uso do advérbio de lugar “lá”, que retoma o sanatório de Colônia,
localizado na cidade de Barbacena, em Minas Gerais.
Ex.: A sociedade costuma se referir aos doentes mentais com grande dose de
preconceito, mas é porque há muito tempo difunde-se a ideia de que eles são
malucos ou alienados.
Observa-se o uso do verbo “ser” para retomar o conteúdo da primeira oração.
Esse caso é mais comum em textos na modalidade oral e não é considerado na
avaliação da Competência IV.

B. Definitivação (artigos definidos e indefinidos)


Ex.: Várias terapias alternativas têm oferecido uma opção bastante produtiva no
tratamento dos transtornos mentais. Uma é a musicoterapia comunitária no
enfrentamento dos desafios cotidianos.
Observa-se o uso do artigo indefinido “uma”, que se refere anaforicamente à
informação antecedente “As terapias alternativas” (que têm oferecido uma
opção bastante produtiva no tratamento dos transtornos mentais)”.
Ex.: O Ministério da Saúde fornece vários remédios para os doentes mentais. Os
remédios são de alto custo e nem todos os doentes podem comprar.
Observa-se o uso do artigo definido “os”, que se refere anaforicamente à
informação precedente, “remédios” (ao mesmo tempo em que “remédios”
mantém uma relação catafórica com o segundo período).

C. Elipse (posição “vazia”)


Ex.: As pessoas que sofrem de depressão geralmente usam medicamentos
fortíssimos, e as Ø que sofrem de ansiedade, Ø medicamentos menos agressivos.
Observa-se o uso das posições vazias, que sinalizam, respectivamente, as elipses
do substantivo “pessoas” e do verbo “usar”.

D. Numerais (números cardinais, ordinais, fracionais...)


Ex.: Muitas doenças mentais são causadas por antigos traumas aparentemente
esquecidos no passado. Duas são a depressão e a fobia social.
Observa-se que o termo “duas” retoma e especifica “doenças mentais”.
Ex.: A OMS indica que o Brasil é o país que mais tem pessoas com a saúde mental
abalada. 50% desse público é representado por mulheres maiores de idade. 20%
é a parcela formada por homens na mesma faixa etária das mulheres. 30%
correspondem a crianças e adolescentes. Em todos os casos, a internet é
apontada como o principal fator que prejudica a saúde mental dos seus usuários.
Nesse exemplo, as expressões “50%”, “20%” e “30%” retomam, para
pormenorizar, as “pessoas com a saúde mental abalada”, além de funcionarem
como articuladores intraparágrafo, conectando os períodos.
Por uso de formas lexicais
A. Relação de sinonímia
Ex.: O número de pessoas diagnosticadas com algum tipo de doença mental
aumenta a cada dia no Brasil. Entretanto as pessoas que sofrem com um
distúrbio psiquiátrico ainda não estão livres dos estigmas que surgem a partir do
diagnóstico.
Observa-se o uso do termo “distúrbio psiquiátrico” como um sinônimo de
doença mental”.

B. Relação de hiperonímia-hiponímia
Ex.: As doenças mentais ainda são vistas pela sociedade de forma superficial.
Casos de ansiedade incontrolável e depressão, por exemplo, continuam sem ter
a devida atenção das autoridades responsáveis pela saúde pública.
Observa-se que as formulações “ansiedade incontrolável” e “depressão” são
hipônimos do hiperônimo “doenças mentais”.

C. Nomes genéricos (palavras que produzem relações de sinonímia; casos comuns


são os termos “fato”, “evento”, “fenômeno”, “crença”, entre outros)
Ex.: No filme “Cisne Negro” uma jovem bailarina é induzida pela mãe a conseguir
o papel principal de qualquer maneira, causando-lhe severos distúrbios
emocionais. O fato foi amplamente discutido na época do lançamento do filme
por retratar uma história real peculiar em relação às doenças mentais.
Observa-se como “fato” retoma a ideia de indução prejudicial da mãe sobre a
filha.

D. Nominalizações (geralmente, nomes deverbais)


Ex.: No início desse ano médicos especialistas em Saúde Mental se pronunciaram
contra a internação para o tratamento de pacientes com transtornos
psiquiátricos moderados. O pronunciamento foi divulgado durante a realização
da convenção anual da Sociedade Brasileira de Psiquiatria.
Observa-se que o substantivo abstrato “pronunciamento”, no segundo período,
retoma o verbo “pronunciar” do primeiro período. O mesmo recurso poderia
acontecer, hipoteticamente, entre “tratar” e “tratamento”.

Coesão sequencial
Sequenciação parafrástica
A. Recorrência dos mesmos termos (recurso muito comum na poesia)
Ex.: (...) um galo / que apanhe o grito de um galo antes / e o lance a outro; / e
outros galos / que com muitos outros galos se cruzem / os fios de sol de seus
gritos de galo (MELO NETO, 1968).
Nesse excerto, em vez de recorrer, por exemplo, à coesão por sinonímia,
utilizando “ave”, “galináceo” etc., a repetição do mesmo termo é necessária para
a caracterização da dimensão poética do texto. Tal recurso, conforme já
sinalizado, é indesejável em textos dissertativo-argumentativos.

B. Recorrência da mesma estrutura sintática

Ex.: A voz de minha bisavó / ecoou criança / nos porões do navio.


A voz de minha mãe / ecoou baixinho revolta / no fundo das cozinhas alheias
(EVARISTO, 2008).
Observa-se que a estrutura sintática se repete nas duas “linhas” (há três versos
em cada linha), colaborando para a coesão. Esse recurso, embora seja uma
forma legítima de construir a coesão, opera no nível da sintaxe. Logo, não é
considerado nessa Competência

C. Recorrência do mesmo conteúdo semântico


Ex.: A proibição da lobotomia, cirurgia extremamente invasiva em que são
cortadas as ligações entre os lobos frontais do cérebro, aconteceu há pouco
tempo em escala histórica, isto é, há 60 anos.
Observa-se que “isto é” articula a informação “há 60 anos” à formulação
precedente, “há pouco tempo em escala histórica”, produzindo um efeito de
especificação ou explicação.
D. Recorrência dos mesmos recursos fonológicos (geralmente relacionados a
fenômenos como assonância e aliteração, muito comuns na poesia)

Ex.: “O livro é o mar onde / Pescamos capacidade, / O anzol é a leitura, / E a isca


é a vontade. / É desse imenso mar / Onde podemos fisgar / Saberes,
pluralidade.” (SENNA, 2012).
Observam-se, nessa setilha (estrofe de sete versos de sete sílabas), do cordelista
Costa Senna, as rimas entre “capacidade”, “vontade” e “pluralidade”, bem como
entre “mar” e “fisgar”, compondo uma sequência rítmica própria da literatura de
cordel. Vale reforçar que, embora esse recurso rítmico esteja muito presente em
textos líricos, ele é incompatível com a tipologia dissertativo-argumentativa,
portanto não é considerado recurso coesivo na Competência IV.

Sequenciação frástica

A. Manutenção temática (uso de termos do mesmo campo lexical)


Ex.: Portadores de transtornos mentais podem ser plenamente úteis à sociedade,
por exemplo, no campo cultural, como atestam as obras-primas de inúmeros
artistas: as pinturas de Vicent Van Gogh (que sofria de esquizofrenia), os
afrescos de Michelangelo (transtorno obsessivo compulsivo), as esculturas de
Yayoi Kusama (depressão e borderline) e as interpretações de Nina Simone
(bipolaridade), na música.
Nesse exemplo, a coesão temática funciona pela presença dos termos relativos a
doenças mentais, evocados pelo tópico “[Portadores de] transtornos mentais”,
como “esquizofrenia”, “transtorno obsessivo compulsivo”, “depressão”,
“borderline” e “bipolaridade”, bem como as menções às pessoas portadoras
dessas doenças, como “Vicent Van Gogh”, “Michelangelo”, “Yayoi Kusama” e
“Nina Simone”. O mesmo funcionamento coesivo acontece nas referências a
palavras do mesmo campo semântico estabelecido por “campo cultural”
(funcionando também como hiperônimo) e as demais formulações
identificadoras de produções artísticas, como “pinturas”, “afrescos”, “esculturas”
e “música” (funcionando, também, como hipônimos), além dos nomes dos
artistas que, por serem notórios, também se apresentam como referentes típicos
do campo cultural.

B. Encadeamento por justaposição (orações subordinadas, geralmente adverbiais e


adjetivas)
Ex.: O primeiro manicômio instalado no Brasil foi o Hospício Pedro II, instalado na
Praia Vermelha, na cidade de Rio de Janeiro, em 1852, e era conhecido
popularmente como “Palácio dos Loucos”. Fazendo um balanço de todos os
avanços pelos quais passou a psiquiatria, o fim desse tipo de instituição está
cada vez mais comum hoje em dia, devido ao fortalecimento dos movimentos
antimanicomiais.
Nesse exemplo, a oração subordinada, que se inicia com o gerúndio “fazendo”,
funciona como articulador entre a oração principal, que se inicia com “o fim
desse tipo de instituição”, e o período anterior, que fala do primeiro manicômio
brasileiro.

C. Encadeamento por conexão (operadores argumentativos)


Ex.: O cantor Roberto Carlos, a atriz Cássia Kiss e o humorista Jô Soares fizeram
questão de tornar pública a luta contra o Transtorno Obsessivo Compulsivo, que
os levava a debilitantes comportamentos repetitivos. Em decorrência disso,
muitas pessoas que padeciam com os mesmos sintomas se motivaram a procurar
ajuda médica e a não esconderem sua doença, passos importantes para o
enfrentamento do problema.
Observa-se que a formulação “em decorrência de” funciona como um articulador
entre um fato (o depoimento de artistas brasileiros que sofriam com um
transtorno mental) e sua consequência (a motivação de pessoas que, por conta
do depoimento, começaram a buscar tratamento médico especializado).
Há várias outras formas por meio das quais os operadores argumentativos se
realizam, mas não basta que estejam abundantemente distribuídos em quase
todas as linhas, denunciando uma tentativa forçada de usar o máximo possível
de elementos coesivos. Trata-se de avaliar em que medida os operadores estão,
de fato, contribuindo para a articulação dos argumentos ao longo de todo o
texto.
Coesão intraparágrafo e interparágrafos
Ao mencionar coesão intraparágrafo, O enem se refere à presença de elementos
coesivos, adequadamente mobilizados, dentro do parágrafo (Quadro 1,
vocábulos em azul). Por sua vez, a coesão interparágrafos é a presença de
elementos coesivos, adequadamente mobilizados, entre os parágrafos (Quadro
1, vocábulos em laranja). Esses elementos localizam-se, geralmente, no início das
alíneas, mas também podem aparecer ao longo do primeiro período do
parágrafo, de forma deslocada, como se observa na ocorrência de “portanto”, no
último parágrafo do texto ilustrativo no Quadro 1. Eles funcionam relacionando
tanto ideias mais gerais entre parágrafos quanto períodos ou trechos específicos
de ideias.
Quadro 1

Repetição
É necessário, sempre, considerar a repetição em relação àquilo que você
apresentou, concretamente, em sua produção escrita, verificando em que
medida essa repetição prejudica (ou não) a articulação dos argumentos dentro
de um dado conjunto textual.
A repetição trata-se de um recurso legítimo na construção da coesão. Aquino
(2016, p. 195) afirma que, “como a redação do Enem é um texto curto, qualquer
repetição se torna mais saliente, o que não significa que seja necessariamente
problemática”. Nesse sentido, é necessário atentar-se para que a repetição não
torne o texto cansativo, sem nuances.
Nesse contexto, as repetições são problemáticas quando fazem rarear a
diversidade do repertório coesivo, ou seja, quando você não se vale de recursos
variados ao longo do texto. A variedade no repertório traz maior fluidez à
construção dos sentidos da produção textual. Reforçamos que a recorrência de
palavras do campo semântico da frase temática e seus sinônimos é esperada, e,
quando aliada a outras estratégias coesivas, pode até ser eficiente na construção
da coesão.

GLOSSÁRIO DA COMPETÊNCIA IV
O fato de alguns termos informados neste glossário não serem aceitos como elemento
coesivo não significa que a presença deles no texto seja entendida como inadequação.
Conforme exposto no Material de Leitura, a inadequação se caracteriza pelo uso de um
conectivo com uma função semântica que não lhe cabe. Casos não citados aqui devem ser
encaminhados como dúvida ao supervisor.

Casos NÃO aceitos como elemento coesivo

Termos Definição e exemplos

1. Intencionalmente, de propósito.

Adrede 2. Previamente.

Ex.: A indústria farmacológica, de adrede, privilegia a


comercialização de remédios para ansiedade e depressão, sem se
preocupar com a dependência química que podem causar.

Ex.: Adrede, o eletrochoque era um tratamento comum para


transtornos mentais.
1. Outrora; em épocas passadas; há muito tempo. / 1. Na época
atual, nos dias de hoje.

Antigamente / Ex.: Antigamente, as crianças faziam brincadeiras nas ruas, como


Atualmente... amarelinha, cabra-cega, passa-anel, taco e bets. Essa socialização
evitava casos de fobias e compulsões.
Atualmente, o entretenimento dos jovens consiste em ficar
trancado em casa assistindo a séries ou jogando videogame,
enclausurando-se em um mundo de solidão e de
comportamentos compulsivos.
O emprego de expressões como “antigamente” e “atualmente” é
considerado meramente dêitico, articulando o texto mais com sua
exterioridade (geográfica/temporal) e menos com os argumentos
no interior do próprio texto. Portanto, para fins de avaliação, tais
expressões não são aceitas como operadores argumentativos ou
como outra forma de coesão. Entende-se que o participante
demonstra maior domínio da construção da coesão ao empregar,
por exemplo, “Antigamente, as crianças faziam brincadeiras...” e,
no parágrafo seguinte, retomar o primeiro articulando-o
argumentativamente com “Por outro lado, atualmente, o
entretenimento dos jovens...” ou, ainda, “De modo semelhante,
atualmente, o entretenimento...”. Nesses dois últimos casos, a
presença de um operador argumentativo (“por outro lado”, “De
modo semelhante”) torna explícita a articulação interparágrafos.

Obs.: outros exemplos de expressões semelhantes que também


não são avaliadas como elementos coesivos: “Na Grécia Antiga /
Na revolução Industrial / Hoje em dia ...”.
A priori (loc. adj.) (ant. a posteriori)

1. afirmado ou estabelecido sem verificação; pressuposto.

2. relativo a ou que resulta de raciocínio cujas definições


foram dadas inicialmente.

Ex.: O acesso à saúde é um direito a priori.


A priori / posteriori
Ex.: Certos sintomas psicopatológicos não são fáceis de
compreender a priori. Podemos dizer que são mais bem
diagnosticados a posteriori.

(loc. adv.)

3. por dedução, a partir de elementos prévios.

4. independentemente da experiência; intuitivamente.

Ex.: A priori, acredito que posso realizar o trabalho, mesmo sob


pressão e sofrendo stress emocional.

Obs.: por desempenharem ora função adverbial, ora função


adjetival, ambas incidindo de modo localizado em relação ao
termo/à expressão que predicam, não desempenham o papel de
elemento coesivo tal como se espera na construção da coesão.
Portanto, quando empregadas, respectivamente, no lugar de “em
primeiro lugar”/“em segundo lugar” ou
“primeiramente”/“posteriormente”, não serão aceitas como
elemento coesivo, nem consideradas inadequação.
1. Crescentemente (pode ser substituído, para efeito de comparação,
pelo advérbio “muito”).
Cada vez mais / Cada
vez menos
Ex.: Conhecer uma pessoa emocionalmente estável, com quem se
pode construir um relacionamento equilibrado, está cada vez
Muito / Pouco mais difícil.

Ex.: Conhecer pessoas emocionalmente estáveis para começar


um relacionamento está muito difícil.

Obs.: não serão aceitos como elemento coesivo, tendo em vista


sua função como modalizador de um referente ou ação, e não
como um articulador.

1. Realmente, verdadeiramente, que existe, que é efetivo.

De fato
Ex.: A eliminação do estigma contra doentes mentais está, de fato,
longe de ser conquistada no Brasil.

Ex.: A eliminação do estigma contra doentes mentais está,


realmente, longe de ser conquistada no Brasil.

Obs.: não será aceito como elemento coesivo porque sua função é
mais predicar o referente do que retomá-lo.
1. Sem resultado; inutilmente, em vão.

Debalde
Ex.: Debalde, alguns políticos tentam implementar medidas mais
inclusivas para portadores de transtornos mentais no mercado de
trabalho.

Desde... até... 1. Exprimem duração ou permanência de algo num tempo


determinado; em um momento em curso.
Ex.: Desde a primeiro caso de esquizofrenia descrito por Sigmund
Freud, a psiquiatria evoluiu bastante.
Durante a...
Ex.: Até a data de 17 de maio de 1990, a homossexualidade era
considerada um transtorno mental, o que levava alguns pais a
imporem tratamentos psiquiátricos para seus filhos
homossexuais, tal como retrata a história de uma jovem lésbica
no filme O mau exemplo de Cameron Post.

Ex.: Desde as mudanças sociais na década de 1990 até o


legalização do casamento civil homoafetivo no Brasil, um longo
caminho de conquistas afastou a homossexualidade do campo
das doenças mentais.

Expressão formada pela conjunção “e” ou pela preposição “entre”


junto de um pronome ou referente.
... entre outros.
Ex. As doenças mentais podem se devolver a partir de perdas
... e outros. familiares, fracassos no trabalho, desilusões amorosas, entre
outros. // ...entre outros fatores.

Obs. Geralmente, ocorrem no fim de um período, apresentando


um novo referente ou deixando-o subentendido, sem retomar o
que os precede, como no exemplo acima.

Ex. Pseudocientistas europeus, influenciados por ideologias


racistas, afirmavam que o formato do crânio determinava
propensões para violência e para casos de psicopatia e, com isso,
causaram a segregação de grupos étnicos inteiros, por exemplo,
...e ...com ...como
dos afrodescendentes, com essa falsa teoria, que ficou conhecida
...por ...pela/o como frenologia.
...que
O emprego de conectores como os destacados acima (por
exemplo, a conjunção “e”, frequentemente utilizada para indicar
uma relação de adição entre elementos da oração) é legítimo e
ATENÇÃO! participa da construção da coesão textual. Todavia, conforme
comentamos em alguns momentos do Material do Módulo 6,
certas preposições, conjunções e outros termos, ainda que sejam
típicos da dissertação, fazem parte de um conjunto de recursos
coesivos muito elementar, no que diz respeito à articulação do
texto dissertativo-argumentativo esperada no Enem, portanto,
não são considerados na avaliação da Competência IV, exceto
para diferenciar os níveis 0 e 1, conforme também já dito no
Material de Leitura.
Casos aceitos como elemento coesivo e como operador argumentativo
(podem ser empregados intra ou interparágrafos)

Termos Definição e exemplos

1. Além disso; também.


Ainda
Ex.: Ainda, convém destacar a relação de projetos inovadores para
a inclusão social dos alunos autistas nas escolas públicas.
Ex.: Ressalte-se, ainda, mais um problema social envolvendo o
preconceito contra os portadores de doenças mentais...

OBS.: não será aceito como elemento coesivo no sentido abaixo:


Exceção 2. Até este momento; até agora.

Ex.: A cura definitiva para a ansiedade ainda não foi encontrada.

Além disso: 1. Também.


Além disso
Ex.: A cafeteria Chefs Especiais Café, localizada na rua Augusta, em
São Paulo, emprega funcionários portadores de Síndrome de
Down e, além disso, é gerenciada por quatro empreendedores
Isso posto com a mesma síndrome, com cardápios e instalações acessíveis a
variados portadores de necessidades especiais. Com isso, o
Dito isso
estabelecimento se torna o primeiro café 100% inclusivo no Brasil.
Com isso

Assim: 1. Usado para ligar duas orações coordenadas, indicando


Assim conclusão; logo; portanto; assim sendo.

Dessa Ex.: O estigma contra doentes mentais acontecerá quando essas


pessoas forem capacitadas e tiverem a oportunidade de trabalhar
forma
tanto em funções operacionais quanto nas áreas de gestão e de
supervisão. Assim, a sociedade passará a vê-las com naturalidade
Desse modo
e o preconceito diminuirá continuamente.

Com efeito:

1. Sem dúvida (confirmando consequência verdadeira de fato ou ideia


Com efeito anterior).
2. Então; portanto; (sentido conclusivo, quando apresenta a
finalização/conclusão de uma ideia anterior).

Ex.: A verdadeira inclusão dos deficientes mentais, com efeito, está


longe de ser implementada no Brasil.
Ex.: Com efeito, a inclusão efetiva de portadores de doenças
mentais está longe de ser implementada no Brasil.

Consequentemente: 1. Por conseguinte.

Ex.: A maioria dos projetos voltados tanto à inclusão social quanto


Consequentemente
ao tratamento pessoal e familiar de pessoas com problemas
Concomitantemente
mentais é feita por centros de pesquisa e atendimento vinculados
Simultaneamente a cursos de psiquiatria e psicologia em centros universitários.
Paralelamente Consequentemente, a falta de incentivo financeiro do Governo
Federal nas universidades públicas tem causado uma acentuada
queda na rede de apoio e de atendimento a portadores de
transtornos mentais.

1. Embora; se bem que; não obstante.

Conquanto Introduz uma oração subordinada que contém a afirmação de um


fato contrário ao da afirmação contida na oração principal, mas
que não é suficiente para anular este último.

Ex.: Algumas pessoas ainda acreditam que doenças mentais são


causadas por demônios ou outras influências do mundo
espiritual, conquanto inúmeras pesquisas apontem as causas
biológicas dessas doenças, inclusive com melhora do quadro após
iniciar o tratamento médico específico para cada caso.

1. Assim; desta maneira; dessarte.


Dessarte
Ex.: É papel do Ministério da Saúde a regulação e a orientação de
Destarte
tratamentos adequados para os doentes psiquiátricos. Destarte,
ele deve fortalecer os Centros de Atenção Psicossocial (CAPs), em
parceria com os municípios brasileiros.

1. Apesar de.
Ex.: Foi trabalhar, não obstante o ambiente deletério à saúde mental
em que desenvolvia suas atividades.
Não obstante
2. Contudo, apesar disso (do que foi antes mencionado).
Ex.: O chefe era um sociopata e assediava moralmente alguns
funcionários, não obstante, alguns relutavam em confrontá-lo.

1. Igualmente, do mesmo modo.


Outrossim
Ex.: A prática regular de esportes é uma forma de aliviar crises de
ansiedade e até mesmo depressão. Outrossim, o contato com a
natureza, como banhos de cachoeira, ajuda a diminuir o stress
cotidiano, prevenindo futuros problemas mentais.

1. A fim de; com o objetivo de.


Para...
Ex.: Para garantir o acesso integral aos tratamentos de saúde no
Brasil, cabe aos gestores públicos incluírem os portadores de
doenças mentais no rol de pessoas no programa Saúde da
Família.

Ex. Os gestores públicos devem incluir os portadores de doenças


mentais entre os usuários do programa Saúde da Família, para
que esses doentes também tenham acesso o tratamento integral
de saúde.

Dica: Geralmente precede um verbo no infinitivo. Podem ser


aceitos inclusive como operador argumentativo interparágrafos
nos casos em que o parágrafo precedente apresenta, por
exemplo, a necessidade de melhorar o acesso à saúde de pessoas
com problemas mentais, seguido por um parágrafo como este:

Ex. Para solucionar esse problema, os gestores públicos devem incluir


os portadores de doenças mentais no programa...

Nesse caso, a junção de “para” + “esse problema” (operador


argumentativo + coesivo referencial) retoma o problema
apresentado no parágrafo anterior e acrescenta a solução
proposta, tal como o Exemplo 33, no Material de Leitura da
Competência IV, o que faz com que este uso do “para” o torne um
operador argumentativo interparágrafos.
Exceção: Os demais empregos dessa preposição são legítimos e
Exceção participam da construção da coesão, mas NÃO são operadores
argumentativos, nem mesmo considerados no repertório de
recursos coesivos, exceto para diferenciar os níveis 0 e 1 (à
semelhança de outros termos como “e”, “por”, “pelo”, “como”,
“com”).

ATENÇÃO: este uso de “para” não é aceito como operador


Para… argumentativo:
Ex.: “A diminuição do preconceito é importante para a sociedade”.
Ex.: “Essa música é excelente para relaxar, muito útil para quem é
ansioso”.

Dica: geralmente, é possível reconhecer esse uso mais elementar


como um funcionamento mais adverbial. Reformulando os
mesmos exemplos acima, teríamos os seguintes resultados, com
sentidos diferentes do “para” operador argumentativo:

Ex.: “A diminuição do preconceito é importante socialmente”.


Ex.: “Essa música é relaxante, muito útil aos ansiosos”.

1. Liga orações ou períodos que apresentam as mesmas


propriedades sintáticas; introduz o segmento que, basicamente,
denota uma justificação, explicação para o que foi dito
Porquanto anteriormente: porque; visto que, já que.

Ex.: As populações de cidades do interior do Brasil não têm acesso


a bons psicólogos e psiquiatras, porquanto a maioria desses
profissionais prefere trabalhar em grandes centros urbanos,
conforme atestam os dados do último censo.
1. Embora; ainda que; se bem que; apesar de.

Ex.: Posto que existam políticas de inclusão para portadores de


Posto que Síndrome de Down, esse grupo ainda sofre com falta de vagas de
trabalho devido ao preconceito.

2. Expressão que indica a razão, a causa, o motivo de; dado


que; visto que; pois; porque.

Ex.: Os empresários deveriam perceber a importância de prevenir


doenças mentais como depressão e crises de ansiedade em seus
funcionários, posto que trabalhadores satisfeitos e equilibrados
produzem mais e têm menos afastamentos médicos – se os
gestores não se preocupam com a saúde de seus colaboradores,
pelo menos o interesse por manter os lucros pode ser uma
motivação em prol de planos de saúde gratuitos aos funcionários.

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