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Paráfrase

v.t. Interpretar. / Reproduzir as idéias de um texto, dando-lhe redação pessoal. fazer a paráfrase
de;traduzir livremente.

Segundo Michaelis - Moderno Dicionário da Língua Portuguesa : Explicação ou tradução mais


desenvolvida de um texto por meio de palavras diferentes das nele empregadas.

Segundo o Dicionário Aurélio:Modo diverso de expressar frase ou texto, sem que se altere o
significado da primeira versão. Portanto sua frase deve ser mais desenvolvida que a frase
apresentada como tema, e as palavras devem ser diferentes, e não sinônimas.

Parafrasear é descrever utilizando de outra forma aquilo que foi escrito ou descrito por outra
pessoa. No âmbito da redação de artigos ou textos, esse recurso é utilizado para evidenciar dados,
informações de qualquer natureza que foram obtidos por outros autores.

Utiliza-se para reforçar alguma idéia, crença ou atitude que se deseja, no entanto utilizando as
próprias palavras.

Isso pode ocorrer com o objetivo de explicá-lo melhor para deixar o conteúdo mais transparente,
sem perder, no entanto, sua originalidade conceitual.

Há dois tipos de paráfrase:

1. Paráfrase lexical: é a alteração do vocabulário de um texto, ou seja, trata-se da substituição de


palavras (uso de sinônimos ou expressões equivalentes);

2. Paráfrase explicativa: como o próprio nome indica, com este tipo de paráfrase explica-se, com
suas próprias palavras, o que se entendeu de um determinado texto. Após a leitura de um texto
ou de um excerto, reescreve-se esse texto de acordo com o entendimento obtido. Esse tipo é o
mais utilizado.

Parafrasear é na verdade fazer uma citação indireta.

Citação indireta

É a reprodução de idéias do autor. É uma citação livre, usando as suas palavras para dizer o
mesmo que o autor disse no texto. Contudo, a idéia expressa continua sendo de autoria do autor
que você consultou, por isso é necessário citar a fonte: dar crédito ao autor da idéia.

Exemplo

Supondo que em 1998 em um livro, artigo, dissertação, tese ou qualquer fonte de referência o
autor fulano de tal tenha escrito:

“O valor da informação está “diretamente ligado à maneira como ela ajuda os tomadores de
decisões a atingirem as metas da organização.”
Parafraseando teríamos:

O valor da informação está relacionado com o poder de ajuda aos tomadores de decisões a
atingirem os objetivos da empresa (VIEIRA, 1998).

Esses aspectos estão previstos na ABNT - NBR 10520 – ago/2002 - CITAÇÕES EM DOCUMENTOS

Concluindo

Nesse sentido, parafrasear é considerado sim como fundamentação teórica. No entanto, o uso
exclusivo e único de paráfrases em referenciais no contexto da administração não é considerado
como valido na concepção de textos de qualquer natureza.

Paráfrase consiste em transcrever, com novas palavras, as idéias centrais de um texto. O leitor
nesse momento faz uma leitura minuciosa e atenta de determinado texto, a partir daí, reafirmar
e/ou esclarecer o tema central do texto apresentado, acrescentando aspectos relevantes de uma
opinião pessoal ou acercando-se de críticas bem fundamentadas.

Uma coleção de paráfrases não passa de uma fofoca científica.

José afirma isso; João descreve aquilo; e Maria menciona acolá. E você como autor do artigo em
relação ao que foi parafraseado considera o que?
Português

Fenômenos linguísticos: polissemia e ambiguidade

Resumo

Polissemia
A polissemia consiste na pluralidade significativa de uma mesma palavra. Nesse sentido, um mesmo
vocábulo pode assumir várias significações, dependendo do contexto em que está. É importante destacar que
mesmo que haja uma alteração no significado, não ocorre mudança na classe gramatical.
Além disso, pode haver confusão entre uma palavra polissêmica e um homônimo perfeito. O fenômeno da
homonímia ocorre quando palavras possuem a mesma pronúncia e, muitas vezes, a mesma grafia), mas
significados diferentes. Nesse caso, a forma de diferenciá-los é identificar se há mudança na classe
gramatical, se houver, será um homônimo. Veja os exemplos abaixo:
1. Por favor, leve isso para ela.
2. O peso da mochila dela é leve.
O primeiro vocábulo é um verbo e o segundo, um adjetivo. Assim, classifica-se o vocábulo “leve” como um
caso de homonímia e não de polissemia.

Ambiguidade
A ambiguidade trata-se da duplicidade de
sentidos que pode haver em uma palavra, uma
expressão, uma frase ou até mesmo em um texto
inteiro. Abaixo, por exemplo, a ambiguidade
encontra-se na dupla interpretação do vocábulo
“vendo” referente aos verbos “ver” e “vender”.

Esse fenômeno pode ser provocado pode vários fatores. Entre eles:
• Mau uso do pronome: João e Maria vão desquitar-se.
(Um do outro ou de seus cônjuges?)
• Má colocação de palavras: A professora deixou a turma empolgada.
(Ela ou a turma?)
• Inversão sintática: Venceram os vascaínos os flamenguistas.
(Quem perdeu?)
• Polissemia: O xadrex está na moda.
(O jogo ou a roupa?)

Ademais, em relação ao aspecto semântico, a ambiguidade também


pode ser usada propositalmente com valor expressivo e criativo em
textos publicitários para persuadir o interlocutor.

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Português

Exercícios

1.

O sentido da charge se contrói a partir da ambiguidade de determinado termo. O termo em questão é:


a) Fora
b) Agora
c) Sistema
d) protestar
e) ar

2.

O efeito de sentido da charge é provocado pela combinação de informações visuais e recursos


linguísticos. No contexto da ilustração, a frase proferida recorre à
a) polissemia, ou seja, aos múltiplos sentidos da expressão “rede social” para transmitir a ideia que
pretende veicular.
b) ironia para conferir um novo significado ao termo “outra coisa”.
c) homonímia para opor, a partir do advérbio de lugar, o espaço da população pobre e o espaço da
população rica.
d) personificação para opor o mundo real pobre ao mundo virtual rico.
e) antonímia para comparar a rede mundial de computadores com a rede caseira de descanso da
família.

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Português

3.

Para criticar a possível aprovação de um novo imposto pelos deputados, o cartunista adotou como
estratégias:
a) traços caricaturais e eufemismo.
b) paradoxo e repetição de palavras.
c) metonímia e círculo vicioso.
d) preterição e prosopopeia.
e) polissemia das palavras e onomatopeia.

4.

Disponível em: http://portalarquivos.saude.gov.br/images/campanhas. Acesso em: 12 set. 2017.


No anúncio, o slogan “É nessa fase que você fica mais forte”
a) relaciona a ideia de força à vulnerabilidade dos adolescentes para caracterizá-los como os
principais alvos das doenças.
b) explicita o interlocutor com a finalidade de compartilhar com os jovens a responsabilidade pelo
sucesso da campanha.
c) recorre à linguagem informal para divulgar uma política pública de saúde para a camada mais
jovem da sociedade.
d) utiliza a ambiguidade do termo ‘fase’ para associar a faixa etária do público-alvo ao contexto do
videogame.
e) busca persuadir o interlocutor a aderir à campanha de jogos e ao campeonato de video-game
cujo tema é relacionado à saúde.

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Português

5. Leia o texto e a charge de Alberto Montt para responder à questão.


Charles Baudelaire, poeta do século XIX, é autor do livro As Flores do Mal. Nele, seus poemas abordam
temas que questionam as convenções morais da sociedade francesa, sendo, por isso, tachado como
obsceno, como um insulto aos bons costumes da época. A partir dele, originaram-se na França os
chamados “poetas malditos”.

O título da charge retoma o título da obra de Baudelaire, As Flores do Mal. O autor, para construir o
humor em seu texto, utiliza-se de
a) metalinguagem, na representação das flores, que recitam versos compostos pelo poeta ao
próprio Baudelaire.
b) saudosismo, nas falas das flores, pois elas representam costumes morais inerentes à sociedade
francesa do século XIX.
c) metáfora, na representação do poeta como flores que apenas dizem verdades, indiferentes às
regras morais da sociedade.
d) polissemia do substantivo “flores”, uma vez que podem se referir às próprias flores representadas
na charge ou aos desejos moralmente rejeitados pelo poeta.
e) ambiguidade na locução adjetiva “do mal”, pois, no título original, a locução representa a temática
dos poemas, mas, na charge, representa o conteúdo dos conselhos das flores.

6. Pra onde vai essa estrada?


— Sô Augusto, pra onde vai essa estrada?
O senhor Augusto:
— Eu moro aqui há 30 anos, ela nunca foi pra parte nenhuma, não.
— Sô Augusto, eu estou dizendo se a gente for andando aonde a gente vai?
O senhor Augusto:
— Vai sair até nas Oropas, se o mar der vau.

Vocabulário
Vau: Lugar do rio ou outra porção de água onde esta é pouco funda e, por isso, pode ser transposta a
pé ou a cavalo.
MAGALHÃES, L. L. A.; MACHADO, R. H. A. (Org.). Perdizes, suas histórias, sua gente, seu folclore. Perdizes: Prefeitura
Municipal, 2005.

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As anedotas são narrativas, reais ou inventadas, estruturadas com a finalidade de provocar o riso. O
recurso expressivo que configura esse texto como uma anedota é o(a)
a) uso repetitivo da negação.
b) grafia do termo “Oropas”.
c) ambiguidade do verbo “ir”.
d) ironia das duas perguntas.
e) emprego de palavras coloquiais.

7. As frases abaixo apresentam ambiguidade, ou dupla leitura, exceto uma. Assinale-a:


a) Paternidade: o desafio para os pais que cuidam dos filhos sozinhos.
b) Ciencias sem Fronteiras: verbas para estudantes atrasadas.
c) Dilma afirma que Petrobras é maior que seus problemas.
d) Mesmo sem revogar dogmas, Papa vira alvo dos conservadores.
e) Deputados insatisfeitos passaram a criticar abertamente erros do governo.

8.

(TIRAS ARMANDINHO. 7 de agosto de 2015. Disponível em: https://www.facebook.com/tirasarmandinho/photos_stream/)


A tira é um gênero que apresenta linguagem verbal e não verbal e, geralmente, propõe uma reflexão por
meio do humor. No plano verbal, o humor da tira:
a) tem como foco principal a imagem do carro para ilustrar a situação econômica do pai do
personagem.
b) baseia-se na polissemia do termo “crise”, ora relacionado à situação econômica, ora a uma fase da
vida.
c) baseia-se na linguagem não verbal, que apresenta dois amigos assustados com o tamanho do
carro.
d) está centrado na hipérbole, observada na fala do personagem Armandinho, quando usa a palavra
“gigante”.
e) está centrado nos elementos pertecentes à linguagem verbal atrelada aos elementos não-verbais
presentes na tirinha.

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Português

9. Texto I
Criatividade em publicidade: teorias e reflexões
Resumo: O presente artigo aborda uma questão
primordial na publicidade: a criatividade. Apesar de
aclamada pelos departamentos de Criação das
agências, devemos ter a consciência de que nem todo
anúncio é, de fato, criativo. A partir do resgate teórico,
no qual os Conceitos são tratados à luz da publicidade,
busca-se estabelecer a compreensão dos temas. Para
elucidar tais questões, é analisada uma campanha
impressa da marca XXXX. As reflexões apontam que a
publicidade criativa é essencialmente simples e
apresenta uma releitura do cotidiano.
Depexe, S D. Travessias: Pesquisas em Educação, Cultura, Linguagem e
Artes, n. 2, 2008.

Os dois textos apresentados versam sobre o tema criatividade. O Texto I é um resumo de caráter
científico e o Texto II, uma homenagem promovida por um site de publicidade. De que maneira o Texto
II exemplifica o conceito de criatividade em publicidade apresentado no Texto I?
a) Fazendo menção ao difícil trabalho das mães em criar seus filhos.
b) Promovendo uma leitura simplista do papel materno em seu trabalho de criar os filhos.
c) Explorando a polissemia do termo “criação”.
d) Recorrendo a uma estrutura linguística simples.
e) Utilizando recursos gráficos diversificados.

10.

Em termos verbais, o humor da tira é construído a partir da polissemia presente na palavra


a) engenheiro
b) resolvido
c) cadeira
d) grande
e) subir

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Gabarito

1. C
Na charge, como se trata de um protesto, pode-se inferir que os manifestantes usam o termo “sistema”
no sentido de “sistema sociopolítico”, ao passo que o funcionário que se dirige a eles utiliza o mesmo
termo, mas vinculado ao sentido de “sistema informático”. A ambiguidade possibilita a construção de um
sentido específico para o texto.

2. A
A palavra “rede social” da charge é polissêmica, pois apresenta mais de um sentido, podendo ser uma
referência ao mundo virtual; no contexto da charge, a palavra “rede” também faz referência a um balanço
utilizado por várias pessoas, como ainda, apresenta, a partir do humor, uma crítica social àqueles que não
possuem boas condições financeiras.

3. E
No primeiro quadrinho, o termo “saúde” se refere ao órgão público destinado às políticas públicas que
cuidam da saúde dos cidadãos; “tim-tim por tim-tim” é uma expressão popular que significa “detalhes”.
Já no segundo quadrinho, “saúde” é utilizado para indicar uma celebração e “tim-tim’ significa o tintilar de
taças brindando. Polissemia e onomatopeia são responsáveis pelo efeito de humor causado na tirinha.

4. D
No anúncio, vemos uma estética bastante próxima à do videogame, com vírgus digitais e corações,
imagens típicas dos jogos. Tendo em vista que o anúncio destina-se aos jovens de 9 a 14, é possível
identificar uma ambiguidade no termo “fase”: refere-se tanto à “fase da vida”, isto é, faixa etária, quanto a
uma fase no jogo de videogame

5. E
Na charge, vemos uma ambiguidade da expressão “do mal”, já que, a princípio, ela se relacionaria ao título
de sua famosa obra “flores do mal”, em que o poema trata de temas que vão contra a moral
convencionada de sua época. No entanto, ao analisarmos a charge como um todo, vemos que “do mal”
faz referência a uma característica dos conselhos das flores, que são maldosas.

6. C
O humor instalado no diálogo entre Sô Augusto e seu interlocutor resulta da polissemia do verbo “ir”.
Enquanto este usa o termo com o sentido de determinar a direção da estrada, o primeiro entende-o como
ação de deslocar-se de um ponto para outro. A ambiguidade resulta em mais de uma interpretação de
significado para o mesmo termo.

7. D
As demais alternativas possuem ambiguidade, respectivamente, no adjetivo “sozinhos” que pode se
referir tanto aos “pais” quanto aos “filhos”; no adjetivo “atrasadas” pode se referir tanto às “estudantes”
quanto às “verbas”; no pronome possessivo “seu” pode se referir tanto à “Petrobrás” quanto à “Dilma” e,
na última alternativa, há ambiguidade uma vez que a locução adjetiva “do governo” pode ser associada a
“erros” e a “deputados”.

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8. B
O humor da tira está relacionado aos significados da palavra crise: relacionada à situação econômica,
seria uma falha comprar um carro “gigante”, de acordo com o personagem Armandinho. No entanto,
considerando a “crise da meia-idade”, a compra do carro seria uma maneira de o pai de seu colega lidar
melhor com a própria autoestima.

9. C
Os dois textos falam sobre criatividade, entretanto, o texto II apresenta uma particularidade “13 de maio
– Dia das Mães”. Esse fator nos faz pensar sobre as possibilidades de significado da palavra “criação” e
nos leva a outra possível interpretação: “criação” também está relacionada à criação de um filho. Portanto,
o gabarito é letra C, pois a polissemia é um fenômeno linguístico que consiste na multiplicidade de
significados que podem ser assumidos por uma palavra.

10. D
A tirinha de Mafalta apresenta um jogo com os possíveis significados do adjetivo “grande”, que pode
apresentar tanto a característica de respeitabilidade de uma pessoa quanto se referir a sua estatura
elevada.

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LISTA  DE  EXERCÍCIOS  SOBRE  INTERTEXTUALIDADE  –  3º  ano  
 

 
A  intertextualidade  pode  ser  encontrada  nos  diversos  gêneros  textuais,  inclusive  nas  histórias  em  quadrinhos.  

O  cartum  Vida  de  Passarinho,  do  cartunista  Caulos,  estabelece  um  interessante  diálogo  com  um  famoso  texto-­‐fonte  
de  nossa  literatura.  

Questão  01.    A  alternativa  que  contém  esse  texto-­‐fonte  é:  

A) Canção do exílio, de Gonçalves Dias.


B) Erro de português, de Oswald de Andrade.
C) Não há vagas, de Ferreira Gullar.
D) José, de Carlos Drummond de Andrade.
E) No meio do caminho, de Carlos Drummond de Andrade.
 

TEXTO  I   TEXTO  II  


Minha  terra  tem  palmeiras   Meus  olhos  brasileiros  se  fecham  saudosos  
Onde  canta  o  sabiá,   Minha  boca  procura  a  ‘Canção  do  Exílio’.  
As  aves  que  aqui  gorjeiam   Como  era  mesmo  a  ‘Canção  do  Exílio’?  
Não  gorjeiam  como  lá.   Eu  tão  esquecido  de  minha  terra...  
  Ai  terra  que  tem  palmeiras  
Gonçalves  Dias,  “Canção  do  exílio.   Onde  canta  o  sabiá!  
  Carlos  Drummond  de  Andrade  
Questão 02. Comparando o conteúdo dos dois textos, observa-se que a intertextualidade se faz presente através
da
A) pastiche.
B) citação literal.
C) paródia.
D) paráfrase.
E) bricolagem.
2  
Bom  Conselho  –  Chico  Buarque   Faça  como  eu  digo.  
  Faça  como  eu  faço.  
Ouça  um  bom  conselho   Aja  duas  vezes,  
que  eu  lhe  dou  de  graça:   antes  de  pensar.  
inútil  dormir    
que  a  dor  não  passa.   Corro  atrás  do  tempo.  
  Vim  de  não  sei  onde.  
Espere  sentado   Devagar  é  que  
ou  você  se  cansa.   não  se  vai  longe.  
Está  provado,    
quem  espera  nunca  alcança.   Eu  semeio  o  vento  
  na  minha  cidade.  
Venha,  meu  amigo.   Vou  pra  rua  
Deixe  esse  regaço.   e  bebo  a  tempestade.  
Brinque  com  meu  fogo,    
venha  se  queimar.  
Questão 03. A intertextualidade do texto Bom Conselho o caracteriza como uma
A) pastiche.
B) citação literal.
C) paródia.
D) paráfrase.
E) bricolagem.

As  questões  de  04  a  07  referem-­‐se  ao  texto  “Língua”,  de  Caetano  Veloso,  exposto  abaixo.      

                                                             Língua
                                                                                                                                                                                                                                 Caetano  Veloso  

Gosta  de  sentir  a  minha  língua  roçar  a  língua  de  Luís  de  Camões  
Gosto  de  ser  e  de  estar  
E  quero  me  dedicar  a  criar  confusões  de  prosódia  
E  uma  profusão  de  paródias  

05  Que  encurtem  dores  


         E  furtem  cores  como  camaleões  
         Gosto  do  Pessoa  na  pessoa  
         Da  rosa  no  Rosa  
         E  sei  que  a  poesia  está  para  a  prosa  
10  Assim  como  o  amor  está  para  a  amizade  
         E  quem  há  de  negar  que  esta  lhe  é  superior?  
         E  deixe  os  Portugais  morrerem  à  míngua  
         "Minha  pátria  é  minha  língua"  
         Fala  Mangueira!  Fala!  

15  Flor  do  Lácio  Sambódromo  Lusamérica  latim  em  pó  


         O  que  quer  
         O  que  pode  esta  língua?  

         Vamos  atentar  para  a  sintaxe  dos  paulistas  


         E  o  falso  inglês  relax  dos  surfistas  
20  Sejamos  imperialistas!  Cadê?  Sejamos  imperialistas!  
         Vamos  na  velô  da  dicção  choo-­‐choo  de  Carmem  Miranda  
         E  que  o  Chico  Buarque  de  Holanda  nos  resgate  
         E  -­‐  xeque-­‐mate  -­‐  explique-­‐nos  Luanda  
         Ouçamos  com  atenção  os  deles  e  os  delas  da  TV  Globo  
3  
25  Sejamos  o  lobo  do  lobo  do  homem  
           Lobo  do  lobo  do  lobo  do  homem  
         Adoro  nomes  
         Nomes  em  ã  
         De  coisas  como  rã  e  ímã  
30  Ímã  ímã  ímã  ímã  ímã  ímã  ímã  ímã  
         Nomes  de  nomes  
         Como  Scarlet  Moon  de  Chevalier,  Glauco  Mattoso  e  Arrigo  Barnabé  
         e  Maria  da  Fé  

Flor  do  Lácio  Sambódromo  Lusamérica  latim  em  pó  


35  O  que  quer  
         O  que  pode  esta  língua?  

Se  você  tem  uma  ideia  incrível  é  melhor  fazer  uma  canção  


         Está  provado  que  só  é  possível  filosofar  em  alemão  
         Blitz  quer  dizer  corisco  
40  Hollywood  quer  dizer  Azevedo  
         E  o  Recôncavo,  e  o  Recôncavo,  e  o  Recôncavo  meu  medo  
         A  língua  é  minha  pátria  
         E  eu  não  tenho  pátria,  tenho  mátria  
         E  quero  frátria  
45  Poesia  concreta,  prosa  caótica  
       Ótica  futura  
       Samba-­‐rap,  chic-­‐left  com  banana  
       (-­‐  Será  que  ele  está  no  Pão  de  Açúcar?  
         -­‐  Tá  craude  brô  
50  -­‐  Você  e  tu  
         -­‐  Lhe  amo  
         -­‐  Qué  queu  te  faço,  nego?  
         -­‐  Bote  ligeiro!  
         -­‐  Ma'de  brinquinho,  Ricardo!?  Teu  tio  vai  ficar  desesperado!  
55  -­‐  Ó  Tavinho,  põe  camisola  pra  dentro,  assim  mais  pareces  um  espantalho!  
         -­‐  I  like  to  spend  some  time  in  Mozambique  
         -­‐  Arigatô,  arigatô!)  
       Nós  canto-­‐falamos  como  quem  inveja  negros  
       Que  sofrem  horrores  no  Gueto  do  Harlem  
60  Livros,  discos,  vídeos  à  mancheia  
         E  deixa  que  digam,  que  pensem,  que  falem.  

     

Questão  04      A  ideia  central  é  que    

A)  a  língua  portuguesa  está  repleta  de  dificuldades,  principalmente  prosódias  e  paródias,  para  os  falantes  
brasileiros.    
B)  autores  de  língua  portuguesa,  como  Fernando  Pessoa,  Guimarães  Rosa  e  Camões,  têm  estilos  diferentes.    
C)  a  pátria  dos  falantes  é  a  língua,  superando  as  fronteiras  geopolíticas.    
D)  na  língua  portuguesa,  é  fundamental  a  associação  de  palavras  para  criar  efeitos  sonoros.    
E)  a  escola  de  samba  Mangueira  é  uma  legítima  representante  dos  falantes  da  língua  portuguesa.  
 

Questão  05    Caetano  Veloso,  em  determinado  ponto  do  texto,  refere-­‐se  à  Língua  Portuguesa  de  modo  geral,  sem  
considerar  as  peculiaridades  relativas  ao  uso  do  idioma  no  Brasil  e  em  Portugal.  Para  fazer  tal  referência,  utiliza-­‐se  
da  seguinte  expressão:  
4  
A)  Língua  de  Luís  de  Camões.  
B)  Lusamérica.    
C)  Minha  língua.    
D)  Flor  do  Lácio.  
E)  Latim  em  pó.  
 

Questão  06      A  expressão  “Flor  do  Lácio”  também  faz  parte  de  um  famoso  poema  da  Literatura  Brasileira,  intitulado  
“Língua  Portuguesa”,  produzido  por  Olavo  Bilac,  na  segunda  metade  do  século  XIX.  Assinale  a  alternativa  que  
apresenta  características  pertencentes  ao  estilo  da  época  em  que  foi  produzido  esse  poema.  
 
A)  Subjetivismo,  culto  da  forma,  arte  pela  arte.    
B)  Culto  da  forma,  misticismo,  retorno  aos  motivos  clássicos.  
C)  Arte  pela  arte,  culto  da  forma,  retorno  aos  motivos  clássicos.  
D)  Culto  da  forma,  subjetivismo,  misticismo.    
E)  Subjetivismo,  misticismo,  arte  pela  arte.  
 
Questão  07.      Pode-­‐se  afirmar  de  acordo  com  o  texto:  
 
A)      É  um  poema-­‐manifesto,  no  qual  o  poeta  expõe  seu  desprezo  pela    língua  portuguesa.  
B)      Que  há  várias  relações  de  intertextualidade  como,  por  exemplo,  referência  a  importantes  escritores  lusófono.    
C)      A  composição  poética  apresenta  conservadorismo  quanto  aos  aspetos  sintáticos-­‐linguísticos.  
D)    “Lácio”  (v.  15)  -­‐  região  onde  se  falava  a  língua  portuguesa.  
E)      Que  há  elogio  à  vida  burguesa  numa  linguagem  coloquial  
 

[...]  
Preso  à  minha  classe  e  a  algumas  roupas,  
vou  de  branco  pela  rua  cinzenta.  
Melancolias,  mercadorias  espreitam-­‐me.  
Devo  seguir  até  o  enjôo?  
Posso,  sem  armas,  revoltar-­‐me?  
 
Olhos  sujos  no  relógio  da  torre:  
Não,  o  tempo  não  chegou  de  completa  justiça.  
O  tempo  é  ainda  de  fezes,  maus  poemas,  alucinações  e  espera.  
                                                                                                                                                   ANDRADE,  Carlos  Drummond  de.    
Questão  08.      No  texto  o  eu-­‐lírico    

A)   apresenta  sentimento  de  angústia,  em  face  de  um  mundo  conturbado.  
B)   é  movido  por  um  sentimento  que  provoca  a  distorção  da  realidade.  
C)   faz  alusão  a  uma  natureza  não  convencionada  pelo  estilo  árcade.  
D)   tem  uma  visão  otimista  e  revela    estados  psicológicos.  
E)   mostra-­‐se  totalmente  consciente  da  necessidade  de  igualdade  social.  
 

Textos  para  as  questões  09  e  10.  

Quem  não  passou  pela  experiência  de  estar  lendo  um  texto  e  defrontar-­‐se  com  passagens  lidas  em  outros?  Os  
textos  conversam  entre  si  em  um  diálogo  constante.  Esse  fenômeno  tem  a  denominação  de  intertextualidade.  Leia  
os  seguintes  textos:  

TEXTO  1  
Quando  nasci,  um  anjo  torto  
Desses  que  vivem  na  sombra  
Disse:  Vai  Carlos!  Ser  “gauche  na  vida”  
 
ANDRADE,  Carlos  Drummond  de.  Alguma  poesia.  Rio  de  Janeiro:  Aguilar,  1964.  
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TEXTO  2  
Quando  nasci  veio  um  anjo  safado  
O  chato  dum  querubim  
E  decretou  que  eu  tava  predestinado  
A  ser  errado  assim  
Já  de  saída  a  minha  estrada  entortou  
Mas  vou  até  o  fim.  

BUARQUE,  Chico.  Letra  e  música.  São  Paulo:  Companhia  das  Letras,  1989.      
 
TEXTO  3  
Quando  nasci  um  anjo  esbelto  
Desses  que  tocam  trombeta,  anunciou:  
Vai  carregar  bandeira.  
Carga  muito  pesada  pra  mulher  
Essa  espécie  ainda  envergonhada.  

PRADO,  Adélia.  Bagagem.  Rio  de  Janeiro:  Guanabara,  1986  


 
Questão  09.      Adélia  Prado  e  Chico  Buarque  estabelecem  intertextualidade  em  relação  a  Carlos  Drummond  de  
Andrade  por:  
 
A)  reiteração  de  imagens  
B)  oposição  de  ideias.  
C)  falta  de  criatividade.  
D)  negação  dos  versos.  
E)  ausência  de  recursos  poéticos.  

Questão  10.        Especificamente  o  texto  II,  de  Chico  Buarque,  em  relação  ao  texto  I,  de  Carlos  Drummond,  apresenta  
A)  uma  paródia.  
B)  uma  bricolagem.  
C)  uma  paráfrase.  
D)  um  pastiche.  
E)  uma  citação  literal.  
 
 
A  cidade  em  progresso  
[...}  
Não  cresceu?  Cresceu  muito!  Em  grandeza  e  miséria  
Em  graça  e  disenteria  
Deu  franquia  especial  à  doença  venérea  
E  à  alta  quinquilharia.  
Tornou-­‐se  grande,  sórdida,  ó  cidade  
Do  meu  amor  maior!  
Deixa-­‐me  amar-­‐te  assim,  na  claridade  
Vibrante  de  calor!  
Vinicius  de  Moraes  
 
Questão  11.        O  trecho  do  poema    “A  cidade  em  progresso”  de  Vinícius  de  Moraes,  aborda,  
 
A)  problemas  da  explosão  urbana.  
B)  características  da  natureza  brasileira.  
C)  degradação  ambiental  no  meio  urbano.  
D)  superação  dos  obstáculos    da  Reforma  Urbana.  
E)  processo  de  metropolização-­‐desmetropolização.
 
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Para  responder  a  questão  12,  observe  as  reproduções  a  seguir:  

A                 B  

 
 

   C  

Questão  12.        As  reproduções  A  e  C  são  uma  releitura  da  imagem  B  –  “a  última  ceia”    de  Leonardo  da  Vinci.  
Portanto  há  uma  relação  de  intertextualidade.  Com  base  nesta  observação  pode-­‐se  afirmar  que  
 
A)  as  reproduções  A  e  C  são  uma  paráfrase.  
B)  a  reprodução  A  é  uma  paródia,  e  a  C  uma  paráfrase.  
C)  as  duas    reproduções,    A    e  C,    são    paródia.  
D)  a  reprodução  A  é  uma  paráfrase,  e  a  C  uma  paródia.  
E)  as  duas  reproduções,  A  e  C,    são  apenas  bricolagem.  
 
Canção   O  vento  vem  vindo  de  longe,  
Cecília  Meireles   a  noite  se  curva  de  frio;  
  debaixo  da  água  vai  morrendo  
Pus  o  meu  sonho  num  navio   meu  sonho,  dentro  de  um  navio...  
e  o  navio  em  cima  do  mar;    
-­‐  depois,  abri  o  mar  com  as  mãos,   Chorarei  quanto  for  preciso,  
para  o  meu  sonho  naufragar   para  fazer  com  que  o  mar  cresça,  
  e  o  meu  navio  chegue  ao  fundo  
Minhas  mãos  ainda  estão  molhadas   e  o  meu  sonho  desapareça.  
do  azul  das  ondas  entreabertas,    
e  a  cor  que  escorre  de  meus  dedos   Depois,  tudo  estará  perfeito;  
colore  as  areias  desertas.   praia  lisa,  águas  ordenadas,  
  meus  olhos  secos  como  pedras  
  e  as  minhas  duas  mãos  quebradas.  
 
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Questão  13.        A  partir  da  leitura  do  poema  “Canção”,  de  Cecília  Meireles,  podemos  notar  a  presença  dos  seguintes  
elementos  nos  versos  da  poeta:  
A)  Presença  do  rigor  formal:  redondilha  maior,  estrofes  regulares  e  rimas  em  todos  os  versos.  
B)  Inclinação  para  a  estética  neossimbolista  perceptível  através  da  utilização  de  elementos  como  mar,  sonho,  
ondas,  areias,  águas,  conferindo  ao  poema  um  caráter  fluido  e  etéreo.  
C)  Presença  do  monólogo  interior,  digressão  e  fragmentação  dos  versos  que  contribuem  para  a  temática  da  
existência.  
D)  Preocupação  com  a  reflexão  filosófica,  com  os  modelos  clássicos,  além  de  uma  temática  notadamente  
pessimista.  
E)  Proximidade  com  o  mundo  material,  temas  relacionados  com  o  cotidiano,  sobretudo  com  as  questões  sociais.  
 
 
   
Essa  mulher  que  se  arremessa,  fria   Essa  mulher  que  a  cada  amor  proclama  
E  lúbrica  em  meus  braços,  e  nos  seios   A  miséria  e  a  grandeza  de  quem  ama  
Me  arrebata  e  me  beija  e  balbucia   E  guarda  a  marca  dos  meus  dentes  nela.  
Versos,  votos  de  amor  e  nomes  feios.      
    Essa  mulher  é  um  mundo!  -­‐  uma  cadela  
Essa  mulher,  flor  de  melancolia   Talvez...  -­‐  mas  na  moldura  de  uma  cama  
Que  se  ri  dos  meus  pálidos  receios   Nunca  mulher  nenhuma  foi  tão  bela!  
A  única  entre  todas  a  quem  dei    
Os  carinhos  que  nunca  a  outra  daria.   Soneto  de  devoção,  Vinicius  de  Moraes  
   
 
Questão  14.        Sobre  o  poema  de  Vinicius  de  Moraes  é  correto  afirmar:  
 
A)  Predominância  de  elementos  místicos  e  religiosos,  características  da  primeira  fase  da  poesia  de  Vinicius  de  
Moraes.  
B)  Visão  da  mulher  inacessível,  tipicamente  do  período  ultrarromântico,  em  que  o  amor  não  se  realiza.  
C)  Presença  do  erotismo,  recriado  a  partir  de  uma  forma  clássica  e  de  uma  linguagem  crua  e  direta.  
D)  Emprego  de  uma  linguagem  direta  e  quase  didática  para  manifestar  solidariedade  às  classes  oprimidas  e  
também  à  mulher.  
E)  Apresenta  elementos  que  revelam  grande  preocupação  com  a  condição  humana  e  o  desejo  de  superar,  através  
da  transcendência  mística,  as  sensações  de  culpa  do  pecado  do  amor  carnal.  
 

Maria  Diamba  
 
Para  não  apanhar  mais  
falou  que  sabia  fazer  bolos:  
virou  cozinha.  
Foi  outras  coisas  para  que  tinha  jeito.  
Não  falou  mais:  
Viram  que  sabia  fazer  tudo,  
até  molecas  para  a  Casa-­‐Grande.  
Depois  falou  só,  
só  diante  da  ventania  
que  ainda  vem  do  Sudão;  
falou  que  queria  fugir  
dos  senhores  e  das  judiarias  deste  mundo  
para  o  sumidouro.  
LIMA,  Jorge  de.  Poemas  negros.  
 
Questão  15.        O  poema  de  Jorge  de  Lima  sintetiza  o  percurso  de  vida  de  Maria  Diamba  e  sua  reação  ao  sistema  
opressivo  da  escravidão.  A  resistência  dessa  figura  feminina  é  assinalada  no  texto  pela  relação  que  se  faz  entre    
 
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   A)  a  exploração  sexual  e  a  geração  de  novas  escravas.  
   B)  a  prática  na  cozinha  e  a  intenção  de  ascender  socialmente.    
   C)  o  prazer  de  sentir  os  ventos  e  a  esperança  de  voltar  a  África.      
   D)  o  medo  da  morte  e  a  vontade  de  fugir  da  violência  dos  brancos.  
   E)  o  uso  da  fala  e  o  desejo  de  decidir  o  próprio  destino.  

Canção  do  exílio  


 
Minha  terra  tem  macieiras  da  Califórnia  
onde  cantam  gaturamos  de  Veneza.  
Os  poetas  da  minha  terra  
são  pretos  que  vivem  em  torres  de  ametista,  
os  sargentos  do  exército  são  monistas,  cubistas,  
os  filósofos  são  polacos  vendendo  a  prestações.  
A  gente  não  pode  dormir  
com  os  oradores  e  pernilongos.  
Os  sururus  em  família  têm  por  testemunha  a  Gioconda.  
Eu  morro  sufocado  
em  terra  estrangeira.  
Nossas  flores  são  mais  bonitas  
nossas  frutas  mais  gostosas  
mas  custam  cem  mil-­‐réis  a  dúzia.  
Ai  quem  me  dera  chupar  uma  carambola  de  verdade  
e  ouvir  um  sabiá  com  certidão  de  idade!  
Murilo  Mendes  
 
Questão  16.        Murilo  Mendes  começou  sua  produção  poética  ainda  no  primeiro  momento  modernista,  e  evoluiu  
para  a  segunda  fase  em  que  a  temática  universalista  predominava.  Neste  texto,  Canção  do  exílio,  o  poeta  
 
A)  apresenta  a  sua  caraterística  religiosa  que  dominou  na  segunda  fase  do  modernismo.  
B)  apresenta  o  surrealismo,  que  dominou  a  sua  primeira  fase.  
C)  faz  uma  relação  de  intertextualidade  em  que  parafraseia  a  “Canção  do  Exílio”  de  Gonçalves  Dias.  
D)  desenvolve  uma  paródia  à  “Canção  do  exílio”  de  Goncalves  Dias,  retomando  a  essa  caraterística  do  primeiro  
momento  modernista.    
E)  desenvolve  um  nacionalismo  ufanista  por  exaltar  a  natureza  brasileira.  

O  farrista    
 
Quando  o  almirante  Cabral    
Pôs  as  patas  no  Brasil  
O  anjo  da  guarda  dos  índios    
Estava  passeando  em  Paris.    
Quando  ele  voltou  de  viagem    
O  holandês  já  está  aqui.    
O  anjo  respira  alegre:    
“Não  faz  mal,  isto  é  boa  gente,    
Vou  arejar  outra  vez.”  
 O  anjo  transpôs  a  barra,    
Diz  adeus  a  Pernambuco,    
Faz  barulho,  vuco-­‐vuco,    
Tal  e  qual  o  zepelim    
Mas  deu  um  vento  no  anjo,    
Ele  perdeu  a  memória...    
E  não  voltou  nunca  mais.    
MENDES,  Murilo  
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Questão  17.        Esta  poesia  de  Murilo  Mendes  situa-­‐se  na  fase  inicial  do  Modernismo,  cujas  propostas  estéticas  
transparecem,  no  poema,  por  um  eu  lírico  que  
 
A)    configura  um  ideal  de  nacionalidade  pela  integração  regional.    
B)    remonta  ao  colonialismo  fundamentado  sob  um  viés  iconoclasta.    
C)    repercute  as  manifestações  do  sincretismo  religioso.    
D)  descreve  a  gênese  da  formação  do  povo  brasileiro.    
E)  promove  inovações  no  repertório  linguístico.  

 
Questão  18.  A  tirinha  acima  apresenta:  
A)  uma  paródia.  
B)  uma  paráfrase.  
C)  um  pastiche.  
D)  uma  bricolagem.  
E)  uma  citação.  

Filiação  
 
Eu  sou  da  raça  do  Eterno,  
Fui  criado  no  princípio  
E  desdobrado  em  muitas  gerações  
Através  do  espaço  e  do  tempo.  
Sinto-­‐me  acima  das  bandeiras,  
Tropeçando  em  cabeças  de  chefes.  
Caminho  no  mar,  na  terra  e  no  ar.  
Eu  sou  da  raça  do  Eterno,  
Do  amor  que  unirá  todos  os  homens:  
Vinde  a  mim,  órfãos  da  poesia,  
Choremos  sobre  o  mundo  mutilado  
                                                                                                 Murilo  Mendes  
 
Questão  19.        A  obra  Tempo  e  eternidade,  de  onde  foi  extraído  este  poema,  é  de  1935.  Considerando  esse  dado  
pode-­‐se  identificar  que    
 
A)  a  palavra  eterno  do  primeiro  verso  significa  o  tempo.  
B)  o  título  do  poema  desdobra-­‐se  nos  três  últimos  versos.  
C)  o  eu-­‐lírico  aceita  a  concepção  de  mundo  em  que  o  homem  criou  Deus.  
D)  a  expressão  mundo  mutilado  é  uma  referência    direta  a  bomba  atômica.  
E)  o  verso  “sinto-­‐me  acima  das  bandeiras”    é  uma  recusa  a  qualquer  ideologia  política.    

 
Questão  20.        Ouça    as  canções:  “Aquarela  do  brasil  “  de  Ary  Barroso  e  “Brasil”  de  Cazuza.  Observando  o  conteúdo  
de  suas  letras,  explique  qual  a  relação  de  intertextualidade.    
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