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MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO II

_ Ameaças à Validade Interna

Delineamentos de Grupos Independentes:


_ Delineamento de Grupos Aleatórios

Ano Letivo 2021 – 2022


Recapitulando …..

Inferências
Causais

Validade Técnicas de Controlo:


Interna _ Manter condições constantes
_ Balanceamento
Ameaças à Validade Interna

❑ A validade interna de um estudo experimental (a capacidade de fazer


inferências causais sobre o efeito de uma VI numa VD) está ameaçada
quando:

❑ São utilizados grupos naturais ou preexistentes.


❑ Não são controladas variáveis estranhas.
❑ Ocorre perda seletiva de sujeitos.
❑ As características dos participantes e os efeitos do experimentador
não são controlados.
Ameaças à Validade Interna
1. Grupos Intactos/Naturais
Grupos Naturais

❑ São grupos formados antes do início de uma experiência.


Exemplos: crianças de turmas diferentes ou diferentes departamentos de uma
organização.

❑ Os indivíduos não são distribuídos aleatoriamente pelos grupos naturais. Por isso,
as diferenças individuais entre os grupos ameaçam a validade do estudo
experimental.

❑ Quando se distribuem aleatoriamente grupos, em vez de indivíduos, pelas condições


experimentais, as características dos sujeitos não são balanceadas.
Ameaças à Validade Interna

2. Variáveis Estranhas
Variáveis estranhas

❑ Quando se conduz uma experiência, certas considerações práticas também


podem causar interferência num estudo — estes fatores designam-se por
variáveis estranhas.

Exemplos: número de participantes por sessão (e.g., sessões individuais ou de


grupo), diferentes experimentadores, realização da experiência em diferentes salas.
Ameaças à Validade Interna

Exemplo: Imagine que uma experiência é conduzida por dois investigadores. Um possível
Variáveis estranhas

efeito de interferência ocorrerá se um dos experimentadores testar os participantes na


Condição Experimental e o segundo testar os da Condição de Controlo.

❑ Esta experiência tem uma interferência, porque não seremos capazes de determinar se
as diferenças encontradas na variável dependente no final da experiência, foram
devidas à VI (tratamento, controlo), ou aos dois experimentadores diferentes.
Ameaças à Validade Interna
❑ As variáveis estranhas são controladas usando balanceamento ou mantendo
constantes as condições experimentais.
Variáveis estranhas

❑ O Balanceamento ocorre quando ambos os investigadores conduzem as duas


condições experimentais mas são designados aleatoriamente para realizar cada
condição específica.

❑ Manter as condições constantes envolve usar apenas um investigador. Este


investigador testará os participantes quer na condição de tratamento quer na de
controlo.
Ameaças à Validade Interna

3. Perda de Sujeitos (mortalidade experimental)


Perda de sujeitos

❑ A perda de sujeitos ocorre quando os participantes não completam um


estudo experimental.

❑ Isto ameaça a validade interna de uma experiência, se os grupos equivalentes


formados no início do estudo deixarem de ser equivalentes no final da
experiência devido ao atrito.
Ameaças à Validade Interna
Perda de sujeitos: mecânica

❑ A Perda Mecânica dos Sujeitos ocorre quando o participante não consegue


completar a experiência por falha do equipamento ou por um erro do
experimentador.

❑ A Perda Mecânica dos Sujeitos ocorre frequentemente devido ao acaso e


portanto é provável que se distribua de forma idêntica pelas diferentes condições
experimentais.
❑ A perda mecânica dos sujeitos não ameaça a validade interna.
Ameaças à Validade Interna
Perda de sujeitos: seletiva

❑ A Perda Selectiva dos Sujeitos ocorre quando:

(1) A perda de participantes acontece de forma diferencial nas condições de uma


experiência (e.g., perdem-se mais participantes na condição experimental do
que na de controlo),
(2) Quando uma certa característica do participante é responsável pela perda
do sujeito (e.g., características do sujeito como, a personalidade, inteligência,
ou características físicas), e
(3) A característica do sujeito está relacionada com a variável dependente da
experiência.
Ameaças à Validade Interna
Perda de sujeitos: seletiva

Exemplo: Suponha que um tratamento para a depressão é comparado com


uma condição de controlo (ausência de tratamento).

❑ A perda seletiva de sujeitos pode ocorrer se os participantes tiverem maior tendência


para abandonar a condição de controlo do que a condição experimental/tratamento (ou
vice versa).

❑ Qualquer diferença nos sintomas de depressão (a variável dependente) no final da


experiência, pode ser devida ao tratamento ou à perda seletiva de sujeitos no estudo.
Características dos participantes e

Ameaças à Validade Interna


efeitos do experimentador

4. Características dos participantes e efeitos do experimentador


(Placebos e Experiências Duplamente Cegas)

❑ As características do pedido/instruções são as pistas e outras informações que o


participante utiliza para guiar o seu comportamento num estudo psicológico.

Exemplo: Num estudo de avaliação de um medicamento, as características pedidas sugerem aos


participantes que irão melhorar com o resultado do medicamento.

❑ Portanto, os participantes têm a expectativa de melhorar quando recebem o tratamento.


❑ Estas expectativas (em vez do medicamento), podem ser a causa da melhoria do
participante.
Características dos participantes e

Ameaças à Validade Interna


efeitos do experimentador

❑ Um grupo de controlo placebo é utilizado para avaliar se as expectativas dos


participantes contribuem para os resultados de uma experiência.

❑ Os participantes que recebem o placebo podem acreditar que estão a receber um


tratamento eficaz; e isto controla as suas expectativas relativamente à eficácia do
tratamento.

❑ Se os participantes que realmente recebem o medicamento melhoram mais do que


os participantes que recebem o placebo, então podemos ter maior confiança de que
será a droga fornecida quem produziu os resultados benéficos e não as
expectativas dos participantes.
Características dos participantes e

Ameaças à Validade Interna


efeitos do experimentador

❑ Efeitos do Experimentador referem-se a potenciais enviesamentos que ocorrem


quando as expectativas do experimentador, relativamente ao resultado de uma
experiência, influenciam o seu comportamento para com os participantes nas diferentes
condições experimentais.

❑ Os Efeitos do Experimentador podem ser controlados garantindo que os


experimentadores e os observadores desconhecem as hipóteses ou resultados
esperados de um estudo.
— isto é designado por manter os experimentadores “cegos”
Características dos participantes e
efeitos do experimentador

https://www.youtube.com/watch?v=GMqrOdCx4Yg
Placebo Effect, Control Groups, and the Double Blind Experiment
Características dos participantes e

Ameaças à Validade Interna


efeitos do experimentador

❑ Uma experiência duplamente cega, refere-se a procedimentos nos quais


ambos, participantes e experimentadores /observadores, desconhecem qual é a
condição que está a ser administrada.

❑ Experiências duplamente cegas controlam quer os efeitos do experimentador


quer os efeitos das características do pedido/instruções.

❑ Experiências duplamente cegas permitem aos investigadores eliminar as


expectativas dos participantes ou dos experimentadores como explicações
alternativas para os resultados de um estudo.
Sintetizando ….
COVARIAÇÃO
(Associação VI –VD)
ESTUDOS INFERÊNCIA
EXPERIMENTAIS CAUSAL PRECEDÊNCIA GARANTE
(VI manipulada) TEMPORAL
(VI antes da VD)
VALIDADE
ELIMINAÇÃO DE
INTERNA
EXPLICAÇÕES
ALTERNATIVAS

Controlam as
AMEAÇAS Á VALIDADE TÉCNICAS DE CONTROLO
INTERNA EXPERIMENTAL
_ Grupos Naturais
_ Variáveis estranhas á experiência
_ Perda seletiva de sujeitos BALANCEAMENTO MANUTENÇÃO DE
_ Características do pedido (Distribuição aleatória dos sujeitos CONDIÇÕES CONSTANTES
_ Efeitos do experimentador pelas condições / grupos)
DELINEAMENTOS DE ESTUDOS EXPERIMENTAIS
Delineamentos de Grupos Independentes

Num delineamento de grupos independentes, indivíduos diferentes participam em cada


condição experimental

Delineamentos de Grupos Aleatórios

3 Tipos de Delineamentos de Delineamentos de Grupos


Grupos Independentes Emparelhados

Delineamentos de Grupos Naturais


Delineamento de Grupos Aleatórios

❑ Os indivíduos são aleatoriamente distribuídos pelas diferentes condições


da variável independente (cada sujeito ou cada grupo só participa numa condição da VI).

❑ Os grupos de participantes são equivalentes, em média, antes da manipulação da


variável independente (balanceadas as características individuais, grupos comparáveis).

❑ Qualquer diferença entre os grupos na variável dependente é, portanto, devida à


variável independente (se as condições da experiência também tiverem sido
mantidas constantes, evitando efeitos das counfunding).
https://www.youtube.com/watch?v=10ikXret7Lk
Types of Experimental Designs
Delineamento de Grupos Aleatórios

❑ A experiência de Pennebaker e Francis (1996) utilizou um delineamento de


grupos aleatórios.

❑ Os indivíduos participaram na condição de escrita emocional ou na condição de


escrita superficial (não em ambas).

❑ Os participantes foram designados aleatoriamente para uma das duas condições.

❑ Dado que Pennebaker e Francis, distribuíram aleatoriamente os participantes pelas


2 condições da experiência, puderam afirmar que os dois grupos eram
equivalentes, em média, antes de escreverem o que quer que fosse.
Delineamento de Grupos Aleatórios

❑ Que variáveis de diferenças individuais poderão afectar a saúde e o sucesso


académico na universidade?
❑ Nível de sucesso e saúde prévios, motivação, distância de casa, tipo de
curso, etc.

❑ Estas explicações alternativas para as diferenças entre os grupos nos resultados


académicos e na saúde (VDs) no final da experiência, podem ser eliminadas
devido à distribuição aleatória dos sujeitos pelas condições experimentais.
Delineamento de Grupos Aleatórios: Aleatorização por blocos
❑ A aleatorização por blocos é frequentemente utilizada para distribuir os
sujeitos aleatoriamente pelas condições experimentais.
❑ Um “bloco” é uma ordem aleatória de todas as condições da experiência.
Por exemplo, três condições (A, B, e C) podem ser ordenadas aleatoriamente como B C A.
❑ O primeiro participante será colocado na Condição B, o segundo na Condição C, e
o terceiro na Condição A.
❑ Gera-se uma outra ordem aleatória do bloco (e.g. A C B).
❑ Distribuem-se os 3 participantes seguintes pelas condições A, C, e B,
respectivamente.
❑ Continua-se até ser atingido o número de participantes desejado para cada
condição experimental (e.g., 10 participantes em cada condição).
Delineamento de Grupos Aleatórios: Aleatorização por blocos
Um exemplo: Um investigador quer testar o efeito de um medicamento novo. Para
garantir que o medicamento é realmente eficaz, o investigador quer
comparar os resultados obtidos com a toma desse medicamento, com uma
situação placebo e outra de controlo.

VI: Medicamento novo.


Operacionalização: (A) Toma do medicamento novo
(B) Toma de um placebo 3 condições da VI
(C) Não toma nada
Delineamento de Grupos Aleatórios: Aleatorização por blocos

Despiste dos pacientes

_ Não obedece aos critérios de inclusão


_ Não deu consentimento informado

Aleatorização

Fica em lista de
Droga ativa Placebo
espera
Delineamento de Grupos Aleatórios: Aleatorização por blocos

6 Blocos Participantes Condição


_ O tamanho dos blocos
Bloco 1_A C B 1 A depende do número de
tratamentos ou condições da VI.
Bloco 2_B C A 2 C 1º Bloco
Bloco 3_C B A 3 B _ Pode ser determinado pelo
investigador.
Bloco 4_B A C 4 B
Bloco 5_C A B 5 C 2º Bloco _ O investigador que recolhe os
dados, não deve saber o
Bloco 6_A B C 6 A tamanho dos blocos.
7 C
A ---- C ----- ? Deve ser B
8 B 3º Bloco
B ---- C ----- ? Deve ser A
9 A
… …
Delineamento de Grupos Aleatórios: Aleatorização por blocos
Distribuição dos Participantes
OUTRO EXEMPLO: 2 condições da VI:
Participante Bloco Condição
A – Droga ativa; B – Placebo
1 Bloco 1 A
Blocos: 2 condições x 2 sujeitos (4 sujeitos 2 Bloco 1 A
distribuídos por 2 condições). 3 Bloco 1 B
4 Bloco 1 B
Distribuição em cada Bloco:
5 Bloco 2 B
Bloco 1_ A A B B
6 Bloco 2 B
Bloco 2_ B B A A 7 Bloco 2 A
Bloco 3_ A B A B 8 Bloco 2 A
9 Bloco 3 A
Bloco 4_ B A B A
10 Bloco 3 B
Bloco 5_ A B B A 11 Bloco 3 A
Bloco 6_ B A A B 12 Bloco 3 B

https://www.youtube.com/watch?v=10ikXret7Lk
Types of Experimental Designs
Delineamento de Grupos Aleatórios: Aleatorização por blocos

Library

Room COMPARE
RESULTS

Outside
Delineamento de Grupos Aleatórios: Aleatorização por blocos

❑ Vantagens da aleatorização por blocos:


❑ Cria grupos de igual dimensão para cada condição.
❑ Controla acontecimentos que acontecem durante a experiência relacionados
com a passagem do tempo:
Mudanças naturais nas condições da experiência, experimentadores e
participantes que ocorrem com a passagem do tempo, são balanceadas pelas
diferentes condições da experiência.
❑ Como em todas as distribuições aleatórias, a aleatorização por blocos faz o
balanceamento das características dos sujeitos através das diferentes
condições experimentais.

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