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MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO II

Delineamentos de Grupos Independentes


(_ Delineamento de grupos aleatórios)

_ Delineamento de grupos emparelhados


_ Delineamento de grupos naturais
_ Validade externa das experiências

Ano Letivo 2021 – 2022


Recapitulando …..

Delineamentos de Grupos Aleatórios:


_Caracterização

3 Tipos de Delineamentos de
Grupos Independentes Delineamentos de Grupos
Emparelhados

Delineamentos de Grupos Naturais


Outros Delineamentos de Grupos Independentes

❑ A distribuição aleatória, para funcionar, requer amostras grandes (para


fazer o balanceamento das características dos participantes pelas
condições da experiência).

❑ Quando apenas temos disponíveis amostras pequenas, um investigador


pode escolher o delineamento de Grupos Emparelhados.
Delineamento de Grupos Emparelhados
O delineamento de grupos emparelhados caracteriza-se por:

❑ Criar grupos comparáveis em situações em que o investigador não tem disponível


uma quantidade suficiente de participantes que garanta que a distribuição
aleatória funciona efetivamente.

❑ Uma forma de emparelhar os participantes é usando uma variável de


emparelhamento (pré-teste) que pode ser a própria variável dependente ou outra
que esteja correlacionada com ela.

❑ Depois dos participantes estarem emparelhados relativamente á medida da variável


de emparelhamento, são distribuídos aleatoriamente pelas condições da
variável independente.

.
VE
+ GE

VI = VD
0 GC
Emparelhando os
participantes criam-se
grupos equivalentes,
comparáveis.
Delineamento de Grupos Emparelhados
Nos delineamentos de grupos emparelhados, os investigadores selecionam uma
ou duas variáveis de diferenças individuais para fazer o emparelhamento.

❑ Variáveis de ‘diferenças individuais’ são características dos sujeitos que diferem ou


variam.
❑ Os investigadores selecionam a(s) variável(s) de emparelhamento — as variáveis que
pensam que devem, obrigatoriamente, ser equivalentes antes da experiência.
❑ Após definirem os pares de emparelhamento (ou tríades, quádruplos, etc.
dependendo do número de condições da experiência), os participantes dentro de cada
emparelhamento são aleatoriamente distribuídos pelas condições experimentais.
https://www.youtube.com/watch?v=10ikXret7Lk
Delineamento de Grupos Emparelhados
Exemplo: Imagine que um investigador está a testar um tratamento para a hipertensão,
e comparou a condição de tratamento com um grupo de controlo (placebo).

❑ Variável Independente: Tratamento vs. Placebo


❑ Variável Dependente: Pressão/Tensão arterial

Suponha que o investigador não dispõe de participantes suficientes para


criar grupos equivalentes por distribuição aleatória dos participantes.
Delineamento de Grupos Emparelhados
QUESTÃO: O que quereria emparelhar? Isto é, que aspeto ou característica dos
participantes dos dois grupos deve ser equivalente antes da experiência começar?

❑ A pressão arterial.
❑ Porquê a pressão arterial?

Se os participantes do grupo experimental tivessem a pressão arterial mais baixa antes de


começarem a experiência.

Quaisquer diferenças na pressão arterial (VD) no final da experiência entre o tratamento e o


grupo placebo podem ser devidas às diferentes pressões/tensões arteriais no início do estudo.
Delineamento de Grupos Emparelhados

❑ Quando se utiliza um delineamento de grupos emparelhados, os


participantes devem ser emparelhados pela variável dependente

(ou numa variável muito semelhante à VD; que esteja correlacionada)

❑ Este procedimento deve ocorrer antes de começar a manipulação da


variável independente (tratamento vs. placebo).
Emparelhamento dos Participantes: Exemplo
Pressão Distribuição Aleatória pelas condições:
Nome Arterial Inicial
Tratamento Controlo
Susana 160 / 110
Filipe Susana
Joana 150 / 120
Joana Catarina
Filipe 160 / 110
Bárbara João
Bárbara 180 / 130
Valter Benjamim
João 180 / 130
Benjamim 170 / 120
Pressão Arterial Média:
Catarina 150 / 120
Tratamento Controlo
Valter 170 / 120
165 / 120 165 / 120
Delineamento de Grupos Emparelhados
❑ Aspetos importantes sobre o emparelhamento:

❑ Os participantes são emparelhados apenas na variável de emparelhamento


(tarefa); os grupos podem diferir noutras variáveis importantes.

❑ Estas diferenças podem ser explicações alternativas para os resultados do


estudo.

❑ Quantas mais características se tenta emparelhar, mais difícil se torna agrupar


os participantes.
Delineamentos de Grupos Naturais
A investigação, em muitas áreas da Psicologia, está interessada na análise de
variáveis independentes chamadas ‘variáveis de diferenças individuais’ ou
‘variáveis do sujeito’.

❑ Variáveis de Diferenças Individuais (variáveis do sujeito) referem-se a características


ou traços que variam de indivíduo para indivíduo. Por exemplo:

❑ Características físicas: sexo, raça, …


❑ Características Sociais (Demográficas): etnia, filiação religiosa, estado civil, …
❑ Características de Personalidade: extroversão, estabilidade emocional,
inteligência, …
❑ Características de Saúde Mental: depressão, ansiedade, abuso de substâncias,
desordem de pensamento, …
Delineamentos de Grupos Naturais
❑ As questões de investigação na psicologia questionam frequentemente de que
forma os indivíduos diferem entre si, e de que maneira estas diferenças
individuais estão relacionadas com outros resultados importantes.

Por exemplo:
❑ Será que os homens diferem das mulheres naquilo que pretendem de uma
relação?

❑ Será que os indivíduos extrovertidos têm maior probabilidade de ter sucesso nos
negócios do que os indivíduos introvertidos?
Delineamentos de Grupos Naturais
❑ Os investigadores não podem ‘controlar’ / ‘manipular’ estas variáveis distribuindo
aleatoriamente os sujeitos por estes grupos. Por exemplo:
Distribuição aleatória dos sujeitos pelos grupos de homens / mulheres.
Distribuição aleatória dos sujeitos pelos grupos de introvertidos / extrovertidos, ……

❑ Os investigadores ‘controlam’ / ‘manipulam’ estas variáveis selecionando indivíduos que


naturalmente pertencem a estes grupos.

Quando um investigador estuda uma variável independente em que os grupos


(condições) estão naturalmente formados, dizemos que é usado um delineamento
de grupos naturais.
Delineamentos de Grupos Naturais
Por exemplo: Suponha que se pretende comparar o funcionamento
ocupacional de sujeitos esquizofrénicos com pessoas “ditas normais”, como grupo
de controlo (não-esquizofrénicos).

❑ Qual é a variável independente?


Variável de grupos naturais: esquizofrénicos vs. não-esquizofrénicos
(participantes “ditos normais”)

❑ Qual é a variável dependente?


Funcionamento ocupacional
Delineamentos de Grupos Naturais
Delineamentos de grupos naturais e inferências causais:

❑ Os investigadores não podem fazer uma inferência causal quando utilizam um


delineamento de grupos naturais.

Por exemplo, suponha que os esquizofrénicos têm um funcionamento ocupacional


mais pobre do que os participantes normais.

Podemos afirmar que a esquizofrenia causou este pior funcionamento ocupacional?


Delineamentos de Grupos Naturais

Não
❑ Os dois grupos podem diferir de outras formas, para além da
esquizofrenia vs. não-esquizofrenia. Por exemplo:

❑ Nível educacional, consumo de drogas, estado nutricional, discinesia tardia, etc.


❑ Qualquer uma destas variáveis pode causar diferenças no funcionamento
ocupacional;

❑ Ou seja, são explicações alternativas para a relação entre a esquizofrenia e o


funcionamento ocupacional.
Delineamentos de Grupos Naturais

❑ Delineamentos de grupos naturais são uma forma de investigação correlacional.

Estes delineamentos permitem aos investigadores:

❑ Descrever e predizer relações entre variáveis, mas


❑ Não permitem que os investigadores façam inferências causais.
DELINEAMENTOS DE GRUPOS INDEPENDENTES

Como é que os grupos são formados?

_ Distribuição aleatória _ Emparelhamento _ ‘Naturalmente’

Delineamento de Delineamento de GRUPOS Delineamento de


GRUPOS ALEATÓRIOS EMPARELHADOS GRUPOS NATURAIS
Validade Interna e VALIDADE EXTERNA das investigações

Em qualquer dos delineamentos experimentais há sempre a preocupação de que os


mesmos tenham VALIDADE INTERNA.

Um critica frequente que é feita ás investigações fortemente controladas (controlo


experimental) é:

❑ Os resultados obtidos numa investigação laboratorial controlada podem apenas


descrever o que acontece num contexto especifico, com condições especificas e
com participantes específicos.
Validade Interna e VALIDADE EXTERNA das investigações

Questões pertinentes que se colocam nesta situação:

Os mesmos resultados podem ser encontrados em contextos de vida real?


Os mesmos resultados podem ser encontrados em participantes com diferentes
idades?

Questões como estas remetem para a VALIDADE EXTERNA das experiências.


Validade Externa
❑ A Validade Externa expressa em que medida os resultados de uma experiência
podem ser generalizados a outros indivíduos, contextos, e condições para além
dos envolvidos na experiência específica.

❑ Uma experiência têm Validade Externa quando os resultados obtidos se podem


aplicar a outros indivíduos, contextos e condições.

❑ Qualquer estudo experimental específico tem uma validade externa limitada.

❑ A validade externa dos resultados aumenta quando são replicados numa nova
experiência.
Validade Externa

❑ Questões de Validade Externa.

❑ Ocorrerão resultados idênticos em contextos diferentes?


❑ Ocorrerão resultados semelhantes com diferentes condições?
❑ Os resultados manter-se-ão idênticos com diferentes participantes?

Por exemplo: Investigação realizada com estudantes universitários como participantes


é frequentemente criticada por apresentar BAIXA VALIDADE EXTERNA.
Validade Externa
❑ Frequentemente, isto não parece ser relevante para os investigadores — por
exemplo, quando se testa uma teoria.

❑ Se o propósito de uma experiência é testar uma hipótese que deriva de uma


teoria psicológica, então a questão da Validade Externa não é enfatizada.

Será que os estudantes universitários são assim tão diferentes das


outras pessoas?

A resposta a esta questão depende da questão de investigação.


Validade Externa
❑ Frequentemente os investigadores procuram generalizar os seus resultados para
além do âmbito do seu estudo específico.

As experiências devem incluir as características das situações, contextos, e


populações para as quais os investigadores desejam generalizar (e.g.,
amostras e situações representativas).

❑ Replicações Parciais são frequentes: os resultados da investigação são


generalizáveis quando num estudo distinto, usando procedimentos experimentais
ligeiramente diferentes, ocorrem resultados semelhantes.
Validade Externa
❑ Experiências de Campo são uma forma de aumentar a validade externa de
resultados de estudos laboratoriais, replicando uma experiência num contexto
real.

Por exemplo: Uma investigação sobre a perceção de risco relativamente á gripe A (2009, H1N1)
pode ser conduzida em dois ‘campos’ distintos.

❑ Inicialmente a experiência pode ser conduzida no campus da universidade e depois


replicada no Centro Comercial.

❑ Os sujeitos que concordem participar podem ser aleatoriamente distribuídos por uma
condição experimental em que o experimentador tosse e espirra antes de administrar um
pequeno questionário, ou por uma condição de controlo (em que não há espirros nem
tosse).
Validade Externa
❑ Os Psicólogos também utilizam Replicações conceptuais.

❑ Estamos mais interessados em estudar relações entre variáveis ao nível conceptual


do que em estudá-las em condições, contextos ou em participantes específicos.
❑ Definições operacionais diferentes para os conceitos podem ser usados em estudos
de replicação para nos ajustarmos ao contexto ou população específica.

Por exemplo: um estudo que pretende determinar se um insulto especifico pode induzir raiva
e agressividade em crianças de 5 anos, pode ser replicado em adultos de 35 anos.

❑ A ideia é confirmar que os insultos aumentam os comportamentos agressivos


(evidentemente que é necessário ajustar o tipo de insulto á idade).

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