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EDUCAÇÃO FÍSICA

PROFº Carolina Martins

2° ANO ENSINO MÉDIO – AULAS DE 1 Á 4

O MOVIMENTO E OS JOGOS
O jogo e os aspectos culturais e profissionais

OS JOGOS NA HISTÓRIA DA CIVILIZAÇÃO


O jogo foi um processo social de longa duração e como tal representa
as relações existentes em dada realidade. Essa realidade apresenta elementos
complexos e significativos que orientam e servem de base para a lógica vigente
de determinado momento histórico. Dessa forma o jogo representa estes
elementos, reproduzindo ou contribuindo para a transformação dos valores
dominantes.
Cada época histórica apresenta uma concepção de jogo que está
subjacente aos valores, costumes e comportamentos presentes na sociedade.
Como as relações estabelecidas a partir destes aspectos vão se
transformando, na mesma proporção os jogos vão se modificando para atender
as expectativas sociais que estão sendo construídas.
Podemos caracterizar uma civilização ou uma época pelos jogos que
nela são praticados, em determinado momento da sua evolução. Nesta
perspectiva, para um conhecimento mais aprofundando, iremos conhecer um
pouco sobre os jogos nos seguintes períodos: Antiguidade Egípcia, Antiguidade
Grega e Romana, Idade Média e Modernidade.

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Antiguidade Egípcia
O Egito foi uma das principais civilizações
que nos auxiliaram na busca para explicar parte
da história da humanidade. Contou com longos
períodos de estabilidade e a continuidade de sua
língua e de sua cultura foi surpreendente. Por
isso, os jogos que pertenciam ao cotidiano do
povo egípcio influenciaram durante muito tempo
Figura 1 - Egito Antigo
as demais sociedades que vieram na sequência.
No Egito, o jogo aparece como uma possibilidade de ajudar o indivíduo morto a
realizar sua jornada no além. Como a alma era considerada imortal, além das boas
condições materiais que eram enterradas com o indivíduo, era necessário que ele
tivesse conhecimentos para realizar sua “viajem” após morte. E na perspectiva dos
egípcios, o jogo possibilitava essas condições. Nesse sentido, o jogo apresenta-se
como uma experiência simbólica.

Antiguidade Grega e Romana


Os gregos influenciaram a humanidade em vários aspectos, inclusive com o
jogo. Nesse sentido, na Grécia temos o jogo como um instrumento de educação, uma
forma não violenta ou opressiva de ensinar à criança os valores e costumes vigentes,
como se fosse um processo natural e não uma aprendizagem social. Dessa forma, as
crianças poderiam imitar, por meio do jogo, as atividades sérias e necessárias para
convivência na sociedade.
Já em Roma, apesar de ter se tornado um império mundial, o exercito romano,
para aliviar as tensões nos cercos militares, faziam banquetes e praticavam jogos.
Dessa forma, estes, além de serrem valorizados como sagrados, passam a ser
considerados como “prazer e diversão”. Nesse sentido, opõe-se ao trabalho, pois está
no universo do não sério como algo “inútil”, mas também está na religião.
Decorrente de vários fatores, no início da era cristã, o jogo começa a ser
entendido como uma atividade pagã e, consequentemente, pecaminosa.

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Idade Média
Na parte inicial da Idade Média, o
jogo romano foi sendo negado, pois os
princípios pagãos vinculados aos deuses
precisavam ser desvencilhados para que
os princípios cristãos fossem difundidos.
O jogo, nesse momento histórico,
apesar da aparência de futilidade,
apresentava uma função social
determinada: o repouso do espirito e a

Figura 2 - PIETER BRUEGEL. Jogos Infantis. adequação do agir humano e de sua


intelectualidade voltados para a lógica.
Dos vários tipos de jogos que estreitavam os laços da coletividade, podemos
destacar: Jogos de cavalaria; jogos de rimas; jogos de ofício; jogos de azar; cavalo de
pau; cata-vento; esconder; bater palmas; xadrez; raquetes; contar histórias e fábulas;
jogos com uso de brinquedos; mímica; ações militares; adivinhas; entre outros.

Modernidade
Neste contexto, o jogo perdeu sua
importância na sociedade, pois a crescente
racionalidade econômica entrou certa na subversão
aos valores de produção e consumo que estavam se
propagando. O jogo podia ser visto como um espaço
para incrementar esses novos valores, encontrando
um meio prazeroso de reelaborar a vida.
Na modernidade o jogo começa a ser Figura 3 - Jogos e a
concebido sob um novo olhar, decorrente das Modernidade.

transformações econômicas e sociais que estavam acontecendo com aquela


realidade. A valorização do prazer era crescente no processo educacional e

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contribuindo para que as atividades de carácter lúdico fizessem parte do universo do


ensino e da aprendizagem. Não falamos apenas da aprendizagem na escola, mas
também daquela aprendizagem informal nas casas, na rua, em que se podia ter
condições essenciais para apropriação de valores e princípios que regiam a sociedade
moderna como nas empresas e meios corporativos.

O JOGO NO CONTEXTO GERAL

A função do jogo, fora do ambiente escolar, trata-se de estreitar e


aproximar a manutenção ou transformação de comportamentos. O jogo tem
sido utilizado com o proposito de manter a ordem estabelecida, inserindo,
inclusive, as pessoas na lógica do mercado de trabalho e de convivência na
sociedade, por isso é necessário que haja interações sociais possibilitando
reflexões e, quem sabe, transformações no sujeito e em sua realidade.
Na língua portuguesa, a palavra jogo possui um carácter lúdico e está
vinculado ao mundo infantil. Em outras línguas, como alemão spielen e francês
jouer, por exemplo, é entendido apenas como uma única palavra para
expressar uma série de ações distintas relacionadas ao jogar, ao brincar, mas
também como estratégia e conhecimento. Já na língua portuguesa depende do
contexto de utilização.
Várias são as fundamentações teóricas que sustentam, na atualidade, o
emprego da palavra jogo e demonstram que existe uma rede de simplificações
explícitas, todas resultantes da utilização no contexto social em que o jogo está
inserido.

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Figura 4 - Brincadeira de Criança. Cândido Portinari

O jogo então é uma atividade livre que deve ser realizada sem o carácter
da obrigatoriedade. Possibilita a liberdade e a criação, permitindo o surgimento
de outras formas de jogar, implica em sentido e um significado que, com o
tempo, passam a fazer parte da cultura do grupo, comunidade, povo ou nação
que o inventou. Você pode perceber isto se buscar um jogo que é típico da sua
região, mas que poderá ter características diferentes ou nem existir em outra
região do país.

É importante, também, considerar o jogo em seu processo de criação,


recriação e readaptação, levando-se em conta as possíveis influências
políticas, econômicas e sociais pelas quais tenha passado, dando-lhe uma
nova configuração e uma compreensão crítica.

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PAPEL DO JOGO NO MUNDO DO TRABALHO


No Brasil, os jogos corporativos iniciaram no meio dos anos 90, no
mercado mundial foi a partir da década de 80 que se iniciou a preocupação em
simular o dia a dia dos profissionais. Isso aconteceu por conta da crise do
petróleo de 1979, conhecida como a Segunda Crise do Petróleo.
Há muito tempo os business games (jogos de negócios) são utilizados
nas empresas. Estas simulações, na qual os participantes tomam decisões
similares ao seu dia a dia, influenciam as pessoas através de algumas
distorções: o que eu deveria fazer e não faço no meu dia a dia e replico nesse
tipo de jogo, a pessoa sabe o que tem que ser feito, porém não faz no dia a dia.
Percebendo essas dificuldades, alguns executivos de recursos humanos
criaram jogos com ambiente lúdico diferente do dia a dia, dividiram os
participantes em grupos para que trabalhassem e tomassem as decisões em
grupo e assim o participante não fica exposto perante os colegas. Por conta do
ambiente lúdico diferente, as máscaras caem e os profissionais acabam
reproduzindo o comportamento do dia a dia sem perceber. Assim os lideres
conhecem melhor seus liderados e ajudam na motivação da cooperação.

O jogo acontece como estratégia do RH em empresas para seleção de


candidatos e há uma relação do jogo com a motivação no alcance de metas.

SAIBA MAIS EM...


... http://risedh.com.br/blog/tipos-de-jogos-corporativos/. Acessem, é um
blog para pesquisa e conhecer mais sobre o mundo dos negócios.

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JOGO E ESPORTE
O jogo é definido como uma atividade de caráter lúdico com normas
livremente estabelecidas pelos participantes. O esporte, por sua vez, tem
regras preestabelecidas pelas diferentes instituições que regem cada
modalidade esportiva, sejam ligas, federações, confederações ou comitês
olímpicos. A busca pela vitória e competividade também está presente.
Algumas características poderão auxilia-lo a compreender melhor a
diferença do jogo e do esporte:
 Distingue-se do esporte pelo simples fato de que, ao se iniciar o jogo,
pode ser finalizado a qualquer tempo;
 É construído de maneira coletiva e na medida em que é incorporado
aos hábitos de determinado grupo, povo ou população, torna-se
fenômeno cultural;
 Deve ser livre;
 O carácter social do jogo torna-o uma necessidade regular como se
fosse um complemento, um hábito necessário na vida do jogador;
 É uma atividade desligada de todo e qualquer interesse material, com
o qual não se objetiva obter lucro.

OS ESPORTES E OS JOGOS SÓ SE APLICAM DE


MANEIRA COMPETITIVA?

Você já observou com que prazer às crianças, jovens e adultos joga


futebol na rua ou num espaço improvisado qualquer? Será que, mesmo de

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maneira descontraída e sem regras rígidas, vocês não estariam jogando para
competir? Todo mundo gosta de ganhar não e verdade?
Muitas pessoas dizem que competir faz parte da natureza humana, em
busca pela vitória extremamente importante para seu ego, enquanto que amor,
união e cooperação, são valores menosprezados. A importância de vencer está
intimamente ligada à sensação de superioridade, resultante do esforço
conquistado. O jogo é parte da cultura e a competição é um dos elementos que
o constituem, das civilizações mais antigas às mais modernas.

JOGOS COOPERATIVOS: UM EXERCÍCIO DE CONVÍVIO SOCIAL


Os jogos cooperativos surgiram “há milhares de anos quando membros
das comunidades tribais se uniam para celebrar a vida”. Povos de diversas
regiões vivem ainda nos dias de hoje, de maneira cooperativa, realizando
tarefas conjuntas, distribuídas a todos os membros da comunidade. Cada
membro destas comunidades trabalha em prol da coletividade em que vivem.
O jogo cooperativo é um contraponto ao espírito competitivo exacerbado
pela sociedade capitalista. Nela, o fenômeno da competição se reproduz em
vários setores da vida social.
No jogo cooperativo, há favorecimento à promoção da autoestima e a
potencialização de valores e atitudes que melhoram o desenvolvimento da
sociedade, tais como a solidariedade, a confiança e o respeito mútuo.
Características dos Jogos Cooperativos:
 Principal característica do jogo cooperativo é a forma de participação
dos jogadores. São realizadas com o objetivo de proporcionar aos
seus participantes a máxima diversão, sem preocupação em
competir exclusivamente;

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 Trabalha, portanto, a diversidade e reconhecimento que uma disputa


só é possível se considerarmos a coletividade;
 Cada indivíduo representa, com suas características, uma força que
contribui para que todos se sintam contemplados com o resultado
final.

A diferença principal entre jogos competitivos e cooperativos é que nos


jogos cooperativos todo mundo coopera e todos ganham e estes jogos
eliminam o medo e o sentimento de fracasso. O principal objetivo seria criar
oportunidades para o aprendizado cooperativo e prazeroso.

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AMPLIANDO O CONHECIMENTO, é sua vez de por em prática...


... Para que você perceba o quanto pode ser prazeroso fazer uma
atividade que envolva ações cooperativas, aqui vai uma atividade que
possibilita a interação com esse tipo de jogo, fazendo com que você e seus
colegas reflitam um pouco mais sobre o assunto:

O Barco Cooperativo.
 Para realizar essa atividade, você e seus colegas irão precisar de: canetas
coloridas, papéis, vendas e algo para imobilizar os membros superiores.
 Para iniciar a atividade, divida a sua turma em grupos com a quantidade
igual de pessoas a participar da atividade. Um será o líder, que deverá
auxiliar as pessoas, conduzir as ações e o tempo.
 A tarefa é simples: desenhar um barco em 5 minutos.
 Cada participante fará uma ação de cada vez, passando em seguida o
desenho para o outro participante e assim por diante. Cada um, na sua vez,
poderá fazer apenas um traço no papel, até que o desenho esteja
concluído ou o tempo tenha acabado. Simples não é?
 Além de poder fazer apenas um traço por vez, os participantes também
deverão ter as seguintes condições individuais: um precisa ser cego e só
ter o braço direito para escrever; o segundo só terá o braço esquerdo; outro
é cego e surdo; outro é mudo e outro não tem os braços.
 Após o jogo, cada grupo deverá apontar quais foram as dificuldades
encontradas, os desafios superados e as formas de cooperação colocada
em prática.

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LEMBRE-SE de que usar a criatividade é fundamental em todos os


momentos da atividade. Chame amigos e família para testar essa
experiência, discuta e traga para a aula essa experiência.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BROTTO, Fábio Otuzi. Jogos cooperativos: o jogo e o esporte como


exercício de convivência. Santos: Projeto Cooperação, 2001

MAIA, Raquel Ferreira et. al. Jogos Cooperativos x Jogos Competitivos: um


desafio entre o real e o ideal. In: Revista Brasileira de Educação Física,
Esporte, Lazer e Dança, v. 2, n° 4, p. 125-139, dezembro de 2007.

SANTOS, Gisele Franco de Lima. Jogos Tradicionais e a Educação Física.


Eduel: Londrina – PR. 2012. p. 15-31.

SANTOS, Gisele Franco de Lima. Origem dos jogos dos jogos populares: em
busca do“elo” perdido. Anais... IV Congresso Norte Paranaense de Educação
Física Escolar. Universidade Estadual de Londrina, UEL, 2009.

Secretaria da Educação do Estado do Paraná. Dia a dia da Educação: Portal


Educacional do Estado do Paraná. Disponível em:
http://www.diaadia.pr.gov.br/. Acesso em: 05 de jun de 2017.

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