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Universidade do Minho

Licenciatura em Matemática
Departamento de Matemática

Álgebra Linear I
Segundo teste - uma correcção 13 de Janeiro de 2021

1. Basta notar que:


ˆ Se λ ∈ R e (x, y, z) ∈ R3 ,
1 2 2 1 2 2 1 2 2
+5+5
T (λ(x, y, z)) = T (λ x, λ y, λ z) = 2 (λ x) 5 (λ y) 5 (λ z) 5 = 2 λ
| {z } x y z = λ T (x, y, z).
5 5 5 5

ˆ T (1, 1, 0) + (0, 0, 1) = T (1, 1, 1) = 2 e T (1, 1, 0) + T (0, 0, 1) = 0 + 0 = 0.




2. Basta considerar T : R4 → R4 que é uma função que satisfaz Nuc(T ) = Im(T ) =


(x, y, z, t) 7→ (z, t, 0, 0)
h(1, 0, 0, 0), (0, 1, 0, 0)i.

O exemplo acima pode ser generalizado da seguinte forma: consideramos uma qualquer base u1 , u2 , u3 , u4
de R4 (no exemplo considerei a base canónica) e definimos T (u1 ) = T (u2 ) = (0, 0, 0, 0), T (u3 ) = u1 e
T (u4 ) = u2 .

Outra hipótese consiste em escolher uma matriz A ∈ M4 (R) com caracterı́stica 2 e tal que A2 é a
matriz nula e dizer que T é tal que MB T = A, sendo B uma qualquer base de R4 (porquê?). No
  B
0 0 1 0
 0 0 0 1 
exemplo acima, A =   0 0 0 0 .

0 0 0 0

Note-se que qualquer função T : R4 → R4 tal que Nuc(T ) = Im(T ) satisfaz as condições. Em primeiro
lugar, como dim Nuc(T ) + dim Im(T ) = dim R4 = 4 e Nuc(T ) = Im(T ), temos dim Nuc(T ) = 2. Por
outro lado, se u ∈ R4 então T (u) ∈ Im(T ) = Nuc(T ) e, portanto T (T (u)) = (0, 0, 0, 0).
 
3 −1 3
3. Note-se que MCC T =  0 1 1 .
0 0 2
a) Seja R = (T − 3I) ◦ (T − I) ◦ (T − 2I). Mostrar que R é a aplicação nula é equivalente a mostrar
que imagem por R dos elementos da base canónica (ou outra qualquer) é o vector nulo. Deste
modo basta mostrar que MCC33 R é a matriz nula. De facto

MCC33 R = MCC33 (T − 3I) · MCC33 (T − I) · MCC33 (T − 2I)


   
= MCC33 T − MCC33 3I MCC33 T − MCC33 I MCC33 T − MCC33 2I
   
0 −1 3 2 −1 3 1 −1 3
=  0 −2 1  0 0 1   0 −1 1 
0 0 −1 0 0 1 0 0 0
    
0 −1 3 2 −1 5 0 0 0
=  0 −2 1  0 0 0  =  0 0 0 .
0 0 −1 0 0 0 0 0 0
É claro que também poderia ter usado o facto de R ser igual a T 3 − 6 T 2 + 11 T − 6 I.
b) Como T (1, 0, 0) = (3, 0, 0)= (3, 0, 0)B
, T (1, 2, 0) = (1, 2, 0) = (0, 1, 0)B e T (−2, 1, 1) = (−4, 2, 2) =
3 0 0
(0, 0, 2)B temos MB BT =
 0 1 0 .
0 0 2
 20 
3 0 0
20
c) Como MB B 120 0 . Por outro lado,

B T é uma matriz diagonal então MB T =  0
0 0 220
como
−1
MCC T = MCB I · MB B C B
B T · M C I = MB I · M B T · MB I
C

temos
20  −1 20 20 −1
MCC T = MCB I · MB B T · M C
B I = MCB I · MB
BT · MCB I
   20  −1
1 1 −2 3 0 0 1 1 −2
=  0 2 1  0 1 0  0 2 1 
0 0 1 0 0 2 20 0 0 1
1 1 19 5 20 1
 20
1 −221 320 21
    
3 2 −1 5 2 − 23 23 − 2 − 2
1 20 20
= 0 2 2  0 1 −1  =  0 1 2 −1 .
2 20
0 0 2 0 0 2 0 0 220

4. a) (x, y, z, t) ∈ Nuc(T ) se e só se


   
1 0 1 1 x 0
 0
 2 −1 1   y
    0 
 =  .
 2 2 1 3  z   0 
1 0 1 1 t 0

Obtemos assim, sucessivamente



x +z +t = 0 
 x +z +t = 0

 
2y −z +t = 0 x +z +t = 0

−−−−−−−−→ 2y −z +t = 0
2x +2y +z +3t = 0 L3 →L3 −2L1  2y −z +t = 0
2y −z +t = 0


x +z +t = 0

Podemos assim concluir que Nuc(T ) tem dimensão 2, pois o sistema que o define está em escada
e tem 4 incógnitas e dois pivôs. Usando o teorema do núcleo e da imagem podemos já concluir
que dim Im(T ) = 4 − 2 = 2. Além disso, resolvendo o sistema temos

Nuc(T ) = (x, y, z, t) ∈ R4 : y = 21 (z − t), x = −z − t = (−z − t, 12 (z − t), z, t) : z, t ∈ R


 

= h(−1, 21 , 1, 0), (−1, − 21 , 0, 1)i.

Este conjunto gerador de Nuc(T ) tem tantos elementos quanto a dimensão de Nuc(T ) e, portanto,
é um conjunto livre. Assim (−1, 12 , 1, 0), (−1, − 21 , 0, 1) é uma base de Nuc(T ).
Por outro lado

Im(T ) = h(T (1, 0, 0, 0), T (0, 1, 0, 0), T (0, 0, 1, 0), T (0, 0, 0, 1)i
= h(1, 0, 2, 1), (0, 2, 2, 0), (1, −1, 1, 1), (1, 1, 3, 1)i.

Evitando fazer contas! Sabemos que dim Im(T ) = 2 e que {(1, 0, 2, 1), (0, 2, 2, 0)} é um subcon-
junto livre de Im(T ). Assim (1, 0, 2, 1), (0, 2, 2, 0) é uma base de Im(T ).
b) Um elemento genérico de Im(T ) é um elemento da forma a(1,  0, 2, 1) + b(0, 2, 2, 0), com a, b ∈ R.
x +z +t = 0
Este elemento pertence a Nuc(T ) se e só se satisfaz o sistema . ou seja,
2y −z +t = 0

a + (2a + 2b) + a = 0
se e só se . Da segunda igualdade tiramos a = 2b que, substituindo na
4b − (2a + 2b) + a = 0
primeira igualdade dá 10b = 0.
Concluı́mos assim que a = b = 0 e, portanto, Nuc(T ) ∩ Im(T ) = {(0, 0, 0, 0)}.
Usando o teorema do núcleo e da imagem temos

dim (Nuc(T ) + Im(T )) = dim Nuc(T ) + dim Im(T ) − dim (Nuc(T ) ∩ Im(T )) = 2 + 2 − 0 = 4,

e portanto, Nuc(T ) + Im(T ) = R4 , pois Nuc(T ) + Im(T ) ≤ R4 e dim (Nuc(T ) + Im(T )) = dim R4 .
Mostramos assim que R4 é a soma directa de Nuc(T ) por Im(T ).
c) Olhando para a matriz é claro que os dois primeiroselementos da base têm de pertencer a Nuc(T ).
Usando a alı́nea anterior, seja B = u1 , u2 , u3 , u4 uma base de R4 tal que u1 , u2 ∈ Nuc(T ) e
u3 , u4 ∈ Im(T ). Calculamos agora MB B T e vemos que ela satisfaz as condições pretendidas.
De qualquer modo podemos chegar à mesma conclusão sem “fazer contas”. Sabemos que existem
a1 , a2 , a3 , a4 ∈ R e b1 , b2 , b3 , b4 ∈ R tais que

T (u ) = a u + a u + a u + a u T (u4 ) = b1 u1 + b2 u2 + b3 u3 + b4 u4
| {z3} | 1 1 {z 2 }2 | 3 3 {z 4 }4 | {z } | {z } | {z }
∈Im(T ) ∈Nuc(T ) ∈Im(T ) ∈Im(T ) ∈Nuc(T ) ∈Im(T )

Em particular a1 u1 + a2 u2 ∈ Nuc(T ) ∩ Im(T ) = {(0, 0, 0, 0)}. Daqui obtemos a1 = a2 = 0 porque


{u1 , u2 } é um conjunto livre. Do mesmo modo, obtemos b1 = b2 = 0 e a conclusão segue.

5. Em primeiro lugar, como V é definido por uma equação com 4 incógnitas e um pivô, podemos concluir
que dim V = 3. Por outro lado

V = {(−2y + z − 2t, y, z, t) : y, z, t ∈ R}
= {y(−2, 1, 0, 0) + z(1, 0, 1, 0) + t(−2, 0, 0, 1) : y, z, t ∈ R}
= h(−2, 1, 0, 0), (1, 0, 1, 0), (−2, 0, 0, 1)i.

Temos então um conjunto gerador de V com tantos elementos quanto a dimensão de V . Deste modo
B = (−2, 1, 0, 0), (1, 0, 1, 0), (−2, 0, 0, 1) é uma base de V .

a) Comecemos por escolher um elemento de R4 que não pertença a V , por exemplo, (1, 0, 0, 0).
Note-se que V está estritamente contido em W = h(−2, 1, 0, 0), (1, 0, 1, 0), (−2, 0, 0, 1), (1, 0, 0, 0)i
e portanto W é igual a R4 porque tem dimensãoestritamente maior que 3. Concluı́mos assim
B = (−2, 1, 0, 0), (1, 0, 1, 0), (−2, 0, 0, 1), (1, 0, 0, 0) é uma base de R4 .
Para definir uma aplicação linear nas condições pedidas basta definir

T (−2, 1, 0, 0) = T (1, 0, 1, 0) = T (−2, 0, 0, 1) = (0, 0, 0, 0), T (1, 0, 0, 0) = ~v

sendo ~v um qualquer elemento não nulo de V , por exemplo ~v = (−2, 1, 0, 0).


De facto, como V ≤ Nuc(T ), dim V = 3 e Nuc(T ) 6= R4 porque (1, 0, 0, 0) 6∈ Nuc(T ), então
Nuc(T ) = V . É claro que também podia usar a igualdade 4 = dim Nuc(T ) + dim Im(T ) e o facto
de dim Im(T ) = 1, pois Im(T ) = h~v i, para concluir que dim Nuc(T ) = 3.
b) Seja T uma qualquer aplicação linear nas condições da alı́nea a). Então, se ~u ∈ R4 , T 2 (~u) =
T (T (~u )) = (0, 0, 0, 0) porque T (~u ) ∈ V = Nuc(T ). Deste modo T 2 é a aplicação nula e, portanto,
MB 2
B T é a matriz nula 4 × 4, qualquer que seja B.
6. Vejamos três demonstrações, a primeira sem usar o teorema do núcleo e da imagem.
Primeira demonstração:
 Seja k = dim Im(T ). Note-se que k ≤ m < n pois Im(T ) ⊆ Rm . Seja
B = u1 , . . . , uk uma base de Im(T ). Deste modo {S(u1 ), . . . , S(uk )} é um conjunto gerador de
Im(S ◦ T ), o que mostra que Im(S ◦ T ) tem dimensão no máximo k e, portanto, estritamente menor
do que n. Assim S ◦ T não é sobrejectiva.

Segunda demonstração: Como n = dim Nuc(T )+dim Im(T ) e dim Im(T ) ≤ m < n então dim Nuc(T ) 6=
0, o que mostra que T não é injectiva. Deste modo S ◦ T não é injectiva.

Segunda demonstração: (essencialmente igual à primeira) Como m = dim Nuc(S) + dim Im(S) então
dim Im(S) ≤ m < n então S não é sobrejectiva. Deste modo S ◦ T não é sobrejectiva.

Em qualquer dos casos concluı́mos que S ◦ T não é invertı́vel.

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