Estudo para FN 404 que com ela (re)constrói ao começar a/ler.

Ao realizar a escrita existe um processo de

se entender como um sujeito, criar uma
A segmentação no processo de aquisição estória, ou seja, existe um outro processo
por trás;
de linguagem:
A escrita necessita de uma abstração.
A princípio a criança tende a utilizar o seu
conhecimento internacionalizado a
Antes da criança entrar na escola ela já
respeito da escrita e apenas ao longo do
cria hipóteses de como funciona a
processo ela entende que a escrita não é
segmentação na escrita, mas ao testa-las
um espelho da fala.
elas possuem uma dúvida de como
→ A segmentação encontra conflito com
preencher esses espaços. Diante disso
as pausas na fala e as utiliza na escrita.
começam a aparecer palavras como:
→ Precisamos iniciar conhecendo o sujeito
emcasa, pegaele, desupresa, gosta ria…
(um sujeito cognoscente, intelectualmente
ativo, que busca adquirir conhecimento,
Acreditamos que as reflexões que as
procura compreender o mundo que o
crianças fazem durante o processo de
cerca e deseja esclarecer os
aquisição da escrita são essenciais para
questionamentos provocados por este
que possam compreender as convenções
mundo).
escritas da língua que falam e na qual
estão aprendendo a escrever.
Idas e vindas da criança no texto
→ Por essa razão esse aprendizado não
espontâneo:
deve ocorrer de uma forma passiva e
São os textos “produzidos pelas
mecânica como cópias e ditados pois eles
crianças em fase inicial de aquisição da
criam uma relação superficial da criança
escrita nas situações em que é delas a
com a escrita não permitindo que elas
responsabilidade da decisão sobre o que
sejam autoras do seu próprio enunciado
vão escrever (sem determinação prévia do
→ A escrita da criança oscila entre
professor, como nas atividades
convencional e idiossincrático
escolares mais controladas)”.
Nesses textos podemos observar as “idas
O processo de aquisição da escrita:
e vindas”, ou seja momentos nos quais a
criança utiliza a sua sabedoria e em
Nesse processo a criança precisa deixar
outras utiliza a forma convencional, isso
de utilizar seus aprendizados e reaprender
significa que ela está elaborando a sua
a escrita e nesse caminho eles se
própria escrita em processo de construção
confundem ao escrever de uma forma
com o auxílio de um sujeito ativo e ele cria
diferente do que se é falado, sendo assim,
soluções quando não consegue usar o
elas se encontram em um processo de
modelo contemplado.
construção de um novo sistema
ex: O natal é muito bom porque é animado
linguístico.
Eu voviaja para casa do netio poce é
→ Erros: os ‘erros’ cometidos pelos
animado na casa do meu titio.
aprendizes de escrita/leitura são
→ Essa alternância mostra que ele está
preciosos indícios de um processo em
reelaborando as suas representações
curso de aquisição da representação
sobre a escrita.
escrita da linguagem, registros dos
→ Sendo assim, a criança deve produzir o
momentos em que a criança torna
que quer da forma que ela sabe, sem um
evidente a manipulação que faz da
roteiro prévio, isso mostra a relação do
própria linguagem, história da relação
cognitivo com a escrita e a relação da
construção entre a criança e a linguagem,
→ Muitas vezes, a criança já descobriu a
natureza alfabética do sistema de escrita
que utilizamos, mas ainda não tem o
domínio sobre a convenção ortográfica.
Há certos momentos em que ela
segmenta de acordo com as normas
ortográficas e outros em que segmenta de
acordo com a sua fala.
As ocorrências de segmentação na
escrita infantil
Durante a escrita a criança ainda não
domina tudo sobre e por essa razão ela
coloca espaços ou junta as palavras, isso
está relacionado com a categorias
morfológicas.
→ Hipersegmentação: separações além
da prevista pela ortografia; ela se
corresponde às tentativas da criança
escrever uma palavra na grafia
adequada, mas nisso ela acaba picando
as palavras.
→ Hipossegmentação: junções de duas ou
mais palavras, resultam do que a criança
aprende pro vocábulo fonológico.
Hiposegmentação:
Em um primeiro momento a criança
escreve as palavras juntas da mesma
forma como são faladas por ela, e, pouco
a pouco, vai se dando conta dos espaços
em branco existentes na escrita, fazendo
as separações adequadas, no seu
processo de aprendizagem. Partindo-se
da hipótese de que a criança analisa o
tamanho da palavra como referência para
segmentação, no início do processo de
aquisição da escrita, conjuntos de uma ou
duas letras são difíceis de serem
reconhecidos pelo aprendiz, por isso, na
maioria das vezes, o aluno junta essas
letras à palavra seguinte fazendo uma
hipossegmentação.
As classes gramaticais como a conjunção
“e”, os artigos, os pronomes e as
preposições (monossílabos átonos) são as
mais afetadas por esse fenômeno.
Muitas vezes, as hiposegmentações
resultam da combinação de conjunções,
preposições ou pronomes a um verbo ou
um nome, que podem funcionar como
clíticos e que parecem ser as unidades
mais difíceis de ser identificadas e
isoladas na escrita infantil.
Ocorre a junção de uma palavra
gramatical e outra fonológica.
Ex: olobo, tecomer.
Ocorrências de Hipersegmentação:
a criança, quando começa a escrever, tem
muita dificuldade em reconhecer como
palavra conjuntos de uma ou duas letras.
Por isso, na maioria das vezes, junta essas
letras à palavra seguinte fazendo uma
hipossegmentação.
Isso pode acontecer devido à hipótese
infantil da quantidade mínima de
caracteres, segundo a qual para a criança
é necessário que se tenha um mínimo de
letras para que algo possa ser lido. À
medida que essa hipótese vai sendo
superada, estruturas que foram
indevidamente unidas passam a ser
reconhecidas, e estruturas que deveriam
permanecer unidas, principalmente na
sílaba inicial, às vezes, resultam em uma
segmentação inadequada.
Ex: com migo
Esses fenômenos ocorrem
simultaneamente, primeiro ela
hiposegmenta para depois
hipersegmentar. Juntar palavras em um
momento e separar em outro, mostra a
reflexão da criança no processo de
aquisição da escrita: ela não sabe quando
é para separar ou quando é para juntar as
palavras conforme a ortografia padrão;
desse modo, em um mesmo texto podem
ocorrer separações e junturas, o que
demonstra o trabalho que ela está
elaborando com a escrita. Os
textos seguintes exemplificam a
ocorrência de hipo e hipersegmentação
na escrita.
A Orientação de letramento: a criança e
sua comunidade
Crianças que iniciaram a pré escola e que
tinham pais alfabetizados tinham uma
maior facilidade no aprendizado pois
esses pais liam para as crianças e faziam
atividades lúdicas.
→ Segundo os autores uns dos fatores que
aceleram o desenvolvimento da leitura
das crianças são famílias que se
preocupam com a escrita e assim expõem
suas crianças a leitura de estórias desde
muito cedo.
Essa exposição a leitura facilita o
aprendizado escolar e consequentemente
o seu sucesso.
→ Crianças bem - sucedidas: são as que
atendem as expectativas da escola, sendo
assim tiveram uma orientação de
letramento compatível com a da escola.
→ Crianças mal-sucedidas; formam
grupos de risco, o letramento que tiveram
é ignorado e elas são colocadas em
programas com objetivo de adquirir o
letramento acadêmico.
Essas habilidades são encontradas em
famílias de classe média e as que não tem
esse privilégio e não dominam as
habilidades escolares são vistas não
conforme o seu desenvolvimento e sim
conforme o déficit.
—> Comunidada Maintow:
Entendem que os livros são fontes de
conhecimento. Os eventos de letramento
familiares às crianças da comunidade
abrangem leitura de livros antes de
dormir, leitura de caixas de cereal, sinais
de trânsito, propagandas na televisão e
interpretação de instruções de jogos e
brinquedos comerciais. Nesses eventos, os
participantes seguem regras socialmente
estabelecidas para verbalizar o que
sabem a partir do material escrito e sobre
ele. A estória noturna é o evento de
letramento maior que ajuda a estabelecer
padrões de comportamento que ocorrem
repetidamente durante a vida de crianças
e adultos da comunidade, apesar de
poucos pais terem consciência do que a
leitura de estórias significa como
preparação para os tipos de
aprendizagem e de demonstração de
conhecimento esperados pela
escola.O desconhecimento da orientação
de letramento do grupo social
a que pertence a criança pode impedir a
compreensão do
desenvolvimento e das necessidades que
ela apresenta.
Praticamente nada se sabe sobre o
desenvolvimento de
letramento de crianças de comunidades
iletradas.
Assim, essas crianças aprendem não
apenas a ler o livro mas também a trazer
sentido para ele, rotinas parecidas com as
da sala de aula
→ Comunidade Heath:
Os adultos não focalizam com as crianças,
eles não ensinam a montar um jogo
apenas deixam que ela observem, apenas
realizam a leitura de textos sobre fatos
reais e pedem para as crianças
responderem a resposta conforme o que
foi lido, não permitindo que eles
criem/imaginem; até a 3° série eles vão
bem e a partir da 4° elas começam a
falhar, pois não conseguem responder
questões avaliativas, nem criar estórias.
→ Comunidade Trackton:
Os pais não realizam a leitura de estórias,
também não conversam com a crianças,
eles acreditam que ele adquire a língua de
uma forma natural observando eles
falarem, como consequência eles possuem
o percentual mais baixo na escola e
apresentam dificuldades ao se adequar
ao padrão escolar.
→ A escola aponta as falhas e ignora as
características do letramento da criança e
consequentemente não oferece a elas o
ensino que de fato precisam.
→ Cada comunidade tem sua orientação
de letramento e a da classe média não
deve ser utilizada como modelo universal.
O desconhecimento da orientação de
letramento do grupo social a que pertence
a criança pode impedir a compreensão do
desenvolvimento e das necessidades que
ela apresenta.
Praticamente nada se sabe sobre o
desenvolvimento de letramento de
crianças de comunidades iletradas.
O letramento na comunidade da criança:
→ Desenvolvimento da leitura de crianças
em meios não-letrados:
Dentre os 2500 moradores que geram uma
super lotação dos aproximadamente 400
barracos, a maioria dos adultos é
analfabeto, onde uma pequena parcela
possui um ou dois anos de escolaridade e
uma parcela menor ainda possui até a
quarta série no máximo.
Trabalho: não apresentam qualificação
profissional, mais da metade das mulheres
não trabalham.
Renda Familiar: entre dois a cinco salários
mínimos.
Habitação: precária, sem isolamento
térmico e rede de esgoto, umidade alta e
falta de má higiene (falta de informação).
Saúde: falta de informações e atenção
médica associados a crenças da
comunidade que aumentam risco de
disseminação de doenças, essas,
geralmente tratadas por benzedeiras e
curandeiros.
→ O papel da escola na comunidade:
Pais entrevistados sobre a importância da
escolarização para os filhos 100% diz ser
importante a criança ler, escrever e contar.
2 justificativas foram
apresentadas:
● É importante saber ler e escrever
para obter um emprego melhor.
● É importante saber ler e escrever
pois o analfabeto é menosprezado
pela sociedade.
A valorização da escrita:
Crianças da classe média têm farta
exposição a fontes de escrita
em casa, além dessa exposição ser
produtiva.
As fontes de escrita são praticamente
inexistentes na favela, sendo a única
entrada diária de textos escritos as de
tarefas escolares.
Numa sociedade letrada, é praticamente
impossivel não entrar em contato com a
escrita, mas a quantidade e a qualidade
desse contato dependem das condições
de vida e das características da
comunidade em que as pessoas vivem.
O fato de a realização das tarefas
escolares ser o único envolvimento com a
escrita que a criança e os membros
da família geralmente presenciam, as leva
à construção de um conceito de escrita
como algo mais próprio da escola e
não da vida cotidiana.
“Ela não tá na escola ainda”
É revelada uma comunidade com baixo
grau de letramento e que vive à margem
do mundo Iletrado. Os adultos não sentem
necessidade da escrita, o que contribui
para que não dêem importância à
educação formal. Essa ausência de
valorização, e as próprias condições de
letramento dos pais, faz com que eles
não possam promover e/ou estimular o
letramento dos filhos.
→ Interação adulto X criança
A interação entre adulto e criança
focalizando a escrita é, segundo os dados
obtidos, praticamente inexistente, da
mesma forma que Interações focalizando
outros assuntos também não são
frequentes.
Desde o nascimento a criança passa
grande parte do tempo junto a adultos da
própria família ou vizinhos, entretanto,
não lhe é permitido participar das
conversas
→ Os adultos falam sobre a criança, mas
não com a criança
Somente quando esta já se expressa bem,
do ponto de vista do adulto, após a idade
de cinco ou seis anos, é permitido a
ela ter pequenas participações na
conversa dos adultos, porém, desde que
estas sejam favoráveis ao falante que
cedeu o turno, pois, caso contrário, a
criança é imediatamente interrompida.
As histórias de fracasso escolar são
muitas na comunidade e os pais tomam
como causa a incapacidade dos filhos e
expressam, com frequência, suas
dúvidas quanto ao sucesso das
crianças.
Essas dúvidas dos pais acabam sendo
internalizadas pelos filhos, influenciando
ainda mais o seu desempenho escolar.
Processos interativos em sala de aula e a
pedagogia culturalmente sensível:
Sociolinguística interacional - Ramo das
Ciências sociais com base fenomenológica
e interpretativista.
Elementos como significado, ordem e
estrutura evoluem sob influência da
interação - depende do contexto social.
Foco da metodologia: Observar as
estratégias do falante - pistas de
contextualização.
-Teóricos da ordem: Normas e categorias
sociais já existem e influenciam nos usos
linguísticos.
-Teóricos da ação ou conflito: Interação é
constitutiva da ordem social.
→ Papéis sociais (moldados ao longo do
tempo de interação) - no caso, aluno e
professor no domínio da sala de aula.
Estudo dos processos interativos em sala
de aula - ajudam a compreender
processos cognitivos de aprender
e ensinar.
BARNES (1974): As relações interpessoais
entre aluno e professor influenciam na
aprendizagem do aluno.
DETTONI (1995): Crenças dos professores
a respeito das potencialidades dos alunos
- discriminação.
O que interessa para Gumperez:
Interpretar as perspectivas de alunos e
professores em relação ao uso da língua -
observar padrões das ‘’variedades de
discurso’’.
Tipo de interação ‘’andaime’’: ocorre
sempre que um membro é mais
“competente que o outro’’
-Adulto: Provedor de novas informações -
o turno de um participante depende do
turno do outro.
A interação em andaime ocorre em quase
todos os ambientes
em que se realiza a socialização das
crianças - SALA DE AULA!
Exemplos de interação em sala de aula -
por meio dos andaimes, a professora
utiliza de estratégias para conferir aos
alunos: informação, confiança.
→ Esses exemplos, obtidos em escolas
distintas, situadas em zona rural e
zona urbana, confirmam que as
estratégias de andaime são um
recurso produtivo no ensino da língua,
especialmente quando a escola
recebe crianças cujos antecedentes
culturais são predominantemente
de oralidade.
→ Cabe à escola, nesses casos,
ampliar-lhes os recursos comunicativos e
introduzi-los na cultura de letramento,
respeitando suas peculiaridades e
cuidando para que não sejam vítimas de
insegurança no seu trato com pessoas que
não pertencem a sua rede primária de
relação.
A proposta pedagógica culturalmente
sensível:
● É um esforço especial vindo da
● escola;
● Reduz dificuldades de
comunicação entre professores e
alunos;
● Desenvolve a confiança;
● Previne a gênese de conflitos e mal
entendidos;
Proposta avançada focada em:
“começar a trabalhar a partir de
condições socioculturais e
sociolingüísticas das crianças”
→ O fracasso escolar estaria pautado
na descontinuidade entre normas
culturais, características dos lares e
das redes sociais das crianças e as
da escola.
Etnografia e Variação linguística:
Etnografia da sala de aula: não é
possível atribuir o fracasso escolar à
associação com a cultura dos alunos.
Pesquisa muda o foco no desempenho
dos alunos e passa a concentrar-se na
escola.
A análise etnográfica não deve privilegiar
o estudo da variação linguística;
O ponto de partida deve ser o PROCESSO
INTERACIONAL;
→ Papel de cada envolvido:
- Interpretação dos significados
atribuídos às ações comunicativas, tal
análise permite a observação da
importância e das consequências que a
variação linguística e cultural têm
na construção do processo educacional.
A escola: "Não conhece nem reconhece o
mundo concreto que a circunda. A maioria
dos
eventos em sala de aula são ‘artificiais’
, na medida em que as regras de
interação em
sala de aula “impedem ou proíbem a fala
real, como cotidianamente produzida e
interpretada em conformidade com as
regras da sociedade."
Implementação em escolas:
Aproveitar as experiências e vivências que
as crianças trazem consigo;
Desenvolver estratégias que façam a
distinção entre eventos de oralidade e de
letramento;
Implementar estratégias de envolvimento
Permitir que a criança fale;
Validar como falante legítima;
Respeitar as peculiaridades;
Acolher sugestões e tópicos;
Incentivá-la a se manifestar, com
exemplos.
"Aceitar a diversidade e torná-la
funcional."
Em busca de pistas
→A relevância teórica dos dados
singularidades:
O interesse teórico crescente pela
compreensão da relevância dos
dados singulares na determinação
dos percursos particulares
trilhados pelas crianças
na aquisição da linguagem.
Dados coletados de forma
naturalística sem o controle rígido
dos contextos experimentais
criados nas situações de pesquisa.
Os estudos e práticas pedagógicas
ignoraram o fato de que os "erros"
cometidos pelos aprendizes de
escrita/leitura eram, na verdade,
preciosos indícios de um processo
em curso de aquisição da
representação escrita da
linguagem.
A escola descobriu a psicologia
genética piagetiana, passando, em
consequência, a ver no aluno o
sujeito ativo responsável pela
construção do conhecimento
sobre os objetos que o cercam.
→ Consequência Pedagógica:
● Descaracterização dos
sujeitos reais da
aprendizagem, dos alunos
que vivem, cada um à sua
maneira, uma história
singular de contato com a
linguagem e com seus
interlocutores.
● Os alunos reais precisam
voltar a ser vistos em sua
singularidade.
Uma reflexão fundada na adoção
de um paradigma indiciário e
voltada para a discussão do
estatuto teórico dos
comportamentos singulares, pode
vir a contribuir para uma melhor
compreensão da relação que se
instaura, a cada momento, do
processo de aprendizagem.
A natureza singular dos dados de
aquisição de linguagem
→ A linguagem é um objeto de
manipulação:
É importante pensar na
singularidade no momento da
aquisição da linguagem
Resultado de uma relação entre o
sujeito e a linguagem
Por muito tempo as pesquisas
mostraram esse processo como
“ imperfeito” tendo como base a
gramática adulta, e os
“erros/faltas” levando a uma ideia
no que ainda deveria ser
aprendido.
Os estudos psicolinguísticos de
inspiração piagetiana passaram a
focalizar o conhecimento sobre o
sujeito que constrói a linguagem,
bem como o desenvolvimento das
habilidades cognitivas que acabam
interagindo no processo.
O contexto não costuma ser visto
como elemento constitutivo do
processo de aquisição.
O papel do interlocutor sendo
apenas um elemento a mais do
contexto social que se constrói a
linguagem
→Segundo Ferreiro (1988) as listas
de palavras escritas e/ou lidas
pelas crianças em situação
experimental representam um
conjunto de dados mais confiável
do que os dados naturalísticos,
como por exemplo: observar textos
produzidos de maneira espontânea
→ Nas situações experimentais de
escritas de palavras e frases
transformadas pelas crianças em
objeto de reflexão consciente faz o
pesquisador assegurar das
hipóteses de que esta criança está
operando em determinado
momento seu desenvolvimento
cognitivo.
→ Cada texto espontâneo
produzido por uma criança pode
sempre ser visto como fonte
riquíssima de indícios sobre a
relação sujeito/linguagem
A contemplação da forma escrita
da língua faz com que o sujeito
passe a refletir sobre a
própria linguagem
A ESCRITA É, ASSIM, UM ESPAÇO
A MAIS, IMPORTANTÍSSIMO, DE
MANIFESTAÇÃO DA
SINGULARIDADE.

Ex:
A linguagem escrita: uma questão para
fonoaudiólogos
Dificuldades de leitura e escrita
devem ser de interesse àqueles que
têm a possibilidade de estabelecer
um trabalho terapêutico capaz de
resgatar uma relação significativa
do sujeito com a linguagem escrita,
na qual possa ao mesmo tempo,
constituir a subjetividade e ser um
locus para a manifestação desta
mesma subjetividade;
A Clínica deve estar sedimentada
em princípios teóricos que
norteiam o método terapêutico;
“Todo clínico vê/escuta/age a
partir de um óculos teórico”.
A linguagem como produto:
implicações para a clínica
fonoaudiológica:
Aspecto mais recorrente abordado
na literatura: Nível gráfico da
linguagem escrita (relações entre
fonemas e grafemas e os
supostos pré requisitos às
habilidades conversão
grafofonológica);
Importância da língua oral para o
desenvolvimento da linguagem
escrita;
Dominar regras de soletração
garante a correta conversão dos
sons em grafemas.
Potencial da escrita depende da
integridade e maturação de vários
sistemas, não se torna eficaz se
não
passar pelo processo de
aprendizado;
Pressupostos teórico: consciência
fonológica e da vital importância
desta habilidade para o sucesso na
aprendizagem/construção da
linguagem escrita e de sua
correlação com os distúrbios
relacionados;
Relação entre a consciência
fonológica e a aquisição da
escrita;
Quatro níveis de consciência
fonológica: sensibilidade à
rima, silábico, intra-silábico e
conhecimento segmental.
→A criança está descobrindo a
noção de fonemas e a capacidade
de perceber que palavras são
constituídas por sons e que
estes sons correspondem a letras;
→ Fase pré-silábica marca-se pela
ausência de correspondência entre
a pauta sonora e a grade de letras
necessárias para escrevê-las;
A criança, nesta fase, não analisa
os componentes sonoros das
palavras;
→ Atividades linguísticas sobre a
segmentação silábica das
palavras, a criança fica mais
atenta às características sonoras
da palavra, a importância do papel
do outro.
→Fase silábico-alfabética:
percepção pela criança de que a
sílaba é uma unidade
decomponível;
Correspondência entre sons
(fonemas) e letras mais estável;
Demandas ortográficas estão
começando, não marca o fim.
→ Os distúrbios de leitura causam
um déficit no processamento
fonológico, que consequentemente
causa dificuldade no
estabelecimento fonológico, este
sendo fundamental para o
aprendizado da leitura e escrita.
→ Estimulação da linguagem oral:
Atividades que o terapeuta ajude e
oriente o paciente a organizar
o mundo das palavras, das ideias e
das percepções;
Trabalho com substantivos,
adjetivos, verbos, advérbios,
pronomes, antônimos e sinônimos,
feminino e masculino, singular e
plural.
→ Processo fonológico:
Enfatizar o aumento da
consciência fonológica.
→ Compreensão da leitura:
Estratégias realizadas antes,
durante e depois da leitura que
focalizem a ativação de
conhecimento prévio do paciente,
estimulação de inferência e
formulação de hipóteses sobre o
tema do texto.
Linguagem escrita→ estimulada
através da linguagem oral, visando
a organização em categorias
morfossintáticas e semânticas
→organização de textos escritos.
→ Elaboração da escrita:
● Elaboração conjunta de frases e
histórias a partir de palavras
sorteadas aleatoriamente;
● Elaboração de um brainstorming;
● Utilização de livros sem texto
→ Clínica fonoaudiológica:
A utilização da escrita como apoio
à linguagem oral.
● ESCRITO: aspectos gráficos da
linguagem ☆ ESCRITA: prática
discursiva, situação de produção,
grau de conhecimento
compartilhado, gênero discursivo,
esferas de circulação social.
♡ Processamento fonológico:
consciência fonológica, memória
fonológica, resgate lexical
→fonemas→ sílabas→palavras
→frases.
◇Leitura: estratégias
metacognitivas, suporte ao
progresso executivo de controle,
como planejar, monitorar e regular
processos cognitivos.
Av. de conhecimentos
prévios→formação de
hipóteses→produção de
interferências→ extrapolação
sobre o texto lido.
O sujeito pode tomar a escrita
como lugar de constituição e
manifestação de sua subjetividade,
desta forma, é de responsabilidade
do fonoaudiólogo compreender os
fatores que influenciaram a escrita
e entender a história única e
singular de cada sujeito.
Fatores familiar, social e
escolar constitui o sujeito e
sua relação com a linguagem
escrita; o processo terapêutico
mostra como os fatores
constituíram ou não um
leitor/escritor.
O fonoaudiólogo ao conhecer a
história do sujeito pode
reconstruir sua relação com a
leitura e escrita, tendo uma
preocupação com os aspectos
discursivos ao longo de todo o
processo terapêutico.
Importante: deve ser discutido
com o paciente o papel e a
importância da linguagem escrita,
e o processo terapêutico.
Muitos chegam considerando
pouco necessário e pouco
significante.
→ Contexto de produção:
Os parâmetros do contexto físico,
segundo Bronckart, baseia-se
nas capacidade cognitivas de
identidade pessoal e as
coordenadas de espaço-tempo.
Os parâmetros do contexto
sociossubjetivo são fruto do
aprendizado e portanto, podem ser
modificados. Assim, esses
parâmetros deverão ser
negociados com o paciente , para
que mobilize as representações
necessárias.
→ Conteúdo temático:
Conjunto de informações
explicitamente apresentadas.
Trata-se de conhecimentos que
variam em função da
experiências e do nível de
desenvolvimento.
Portanto o espaço terapêutico
deve otimizar as vivência e
experiências nas produções, para
que possam ser interessantes
ao paciente.
Segundo Bronckart, deve ser
escolher primeiro o gênero textual
a ser trabalhado, considerando as
vivências.
Também escolher os tipos
discursivos, as sequências, os
mecanismos de textualização e os
mecanismos de enunciativos.
O trabalho com a linguagem
escrita, tal como o entendemos,
não obedece uma hierarquia ou
ordem quanto aos aspectos
abordados, na medida em
que estes se inter determinam,
convergindo para o objetivo final
que é produzir um discurso.”