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CIEPS:
No estado do Rio de Janeiro, na gestão do educador e pedagogo Darcy Ribeiro como
secretário da Educação no governo de Leonel Brizola, foram criados os Centros Integrados
de Educação Pública (Cieps). Os prédios, concebidos pelo arquiteto Oscar Niemeyer e
construídos com blocos pré-fabricados, poderiam acomodar mil crianças em horário integral
de dois turnos. Ao lado da intenção de ministrar ensino de boa qualidade, espalhadas por
todo o estado, as escolas ofereciam infraestrutura composta de bibliotecas, quadras de
esporte, refeitório, vestiário, gabinete médico e odontológico. Esse projeto, envolto em
ampla propaganda, provocou reações contraditórias de aplausos e rejeição. Pelo fato de
existirem inegáveis intenções eleitoreiras, nem sempre as críticas eram desapaixonadas.
Posteriormente, distante daqueles acontecimentos, pode-se fazer uma avaliação mais
isenta, percebendo que os frutos do empreendimento não condizem com a agitação de
1985, quando foi inaugurado o primeiro Ciep.Os prédios, em que pese a notoriedade do
arquiteto, tiveram a construção encarecida devido às exigências de adaptá-los aos terrenos.
A pressa em concretizar o projeto antes das eleições de 1986 — nas quais Darcy Ribeiro
era candidato a governador — trouxe problemas posteriores como afundamentos,
vazamentos, rachaduras e mau isolamento acústico. Embora devessem atender às
necessidades das áreas carentes, muitas vezes os prédios eram construídos à margem de
rodovias ou em cruzamentos que facilitassem sua visibilidade. Também não existia muita
clareza de metodologia e de pressupostos teóricos, além da dificuldade de preparar
professores para a consecução efetiva do projeto. Criticava-se ainda o 568/685
assistencialismo da proposta, que atribuía à escola o papel de resolver problemas sociais,
como a infância abandonada, a carência de alimentação e o tratamento de saúde
A principal objeção, porém, referia-se ao saldo alcançado. Em fins de 1987, apesar
da intenção de oferecer aos pobres uma “escola de ricos”, dos 500 Cieps prometidos
apenas 117 entraram em funcionamento, atendendo à ínfima porcentagem de 3% do
alunado estadual e municipal, e não ao mínimo de 20% anunciado. Ora, o alto investimento
requerido provocara uma distorção, ao concentrar recursos para poucos, desqualificando o
ensino da maioria. De novo, a dualidade no ensino público contrariava a meta de
democratizar as condições educacionais.
A CONSTITUIÇÃO DE 1988:
A questão da escola pública acirrou discussões no decorrer dos trabalhos da
Constituinte de 1987/88. Muitos foram os confrontos e pressões, inclusive da escola
particular, desejosa de manter o acesso às verbas públicas garantidas pela Constituição
anterior. Destacamos alguns pontos importantes da nova Constituição:
• gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
• ensino fundamental obrigatório e gratuito;
• extensão do ensino obrigatório e gratuito, progressivamente, ao ensino médio;
• atendimento em creches e pré-escolas às crianças de zero a seis anos;
• acesso ao ensino obrigatório e gratuito como direito público subjetivo, ou seja, o
seu não oferecimento pelo poder público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade
da autoridade competente (podendo ser processada);
• valorização dos profissionais do ensino, com planos de carreira para o magistério
público;
• autonomia universitária;
• aplicação anual pela União de nunca menos de 18% e pelos estados, Distrito
Federal e municípios de 25%, no mínimo, da receita resultante de impostos, na manutenção
e desenvolvimento do ensino;
• distribuição dos recursos públicos assegurando prioridade no atendimento das
necessidades do ensino obrigatório nos termos do plano nacional de educação;
• recursos públicos destinados às escolas públicas podem ser dirigidos a escolas
comunitárias confessionais ou filantrópicas, desde que comprovada a finalidade não
lucrativa;
• plano nacional de educação visando à articulação e ao desenvolvimento do ensino
em seus diversos níveis e à integração das ações do poder público que conduzam à
erradicação do analfabetismo, universalização do atendimento escolar, melhoria da
qualidade do ensino, formação para o trabalho, promoção humanística, científica e
tecnológica do país
. A partir das linhas mestras dessa Lei Magna foi estabelecida a nova Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDBEN).