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História do Maculelê
Possíveis origens
A origem do maculelê é incerta, possui diversas lendas, que naturalmente, vieram por
tradição oral característica às culturas afro-brasileira e indígena da época do Brasil Colônia
e, inevitavelmente sofreram alterações ao longo dos anos.
Em uma delas conta-se que Maculelê era um negro fugido que tinha doença de pele. Ele foi
acolhido por uma tribo indígena e cuidado pelos mesmos, mas ainda assim não podia
realizar todas as atividades com o grupo, por não ser um índio. Certa vez Maculelê foi
deixado sozinho na aldeia, quando toda a tribo saiu para caçar. Eis que uma tribo rival
aparece para dominar o local. Maculelê, usando dois bastões, lutou sozinho contra o grupo
rival e, heroicamente, venceu a disputa. Desde então passou a ser considerado um herói na
tribo.
Outra lenda fala do guerreiro indígena Maculelê, um índio que não fazia nada certo; por esta
razão, os demais homens da tribo saíam em busca de alimento e deixavam-no na tribo com
as mulheres, os idosos e as crianças. Uma tribo rival ataca, aproveitando-se da ausência
dos caçadores. Para defender a sua tribo, Maculelê, armado apenas com dois bastões - já
que os demais índios da sua tribo haviam levado todas as armas para caçar -, enfrenta e
mata os invasores da tribo inimiga, morrendo pelas feridas do combate. Maculelê passa a
ser o herói da tribo e sua técnica, reverenciada.
Existem versões para cada lenda, mas a maioria mantém como base: o ataque rival, a
resistência solitária e, a improvisação dos bastões como arma. O maculelê atual, como uma
dança com bastões que envolve mulheres e homens, simboliza a luta de Maculelê.
Existe uma pequena vertente, que considera que, os africanos lutavam empunhando dois
pedaços de pau, chamados de lelé (cacete). E havia intensa rivalidade entre as tribos
macuas e males; estes expressavam a frase "vamos pegar os macuas a lelé", originando
possivelmente o nome maculelê.
Mestre Popó do Maculelê
No início do século XX, com a morte dos mestres do maculelê, a manifestação deixou de
ocorrer por muitos anos. Em 1943, Paulino Aluísio de Andrade, o Mestre Popó do Maculelê,
resolve reunir na cidade bahiana de Santo Amaro da Purificação (estado brasileiro da
Bahia) com seus filhos, netos e outros habitantes da Rua da Linha, para ensinar a dança
baseado em suas antigas lembranças. Resgatando assim o maculelê e formando com estes
o "Conjunto de Maculelê de Santo Amaro", o qual ganhou grande destaque.
Mestre Popó iniciou o aprendizado do maculelê com um grupo de pretos velhos livres,
ex-escravos Malês. Segundo ele a escravidão ja havia acabado nesta época e eles podiam
reunirem à noite: João Oléa, Tia Jô e Zé do Brinquinho: "eles eram livres, mas quem botou
o Maculelê fui eu mesmo" (Popó).
Segundo Plínio de Almeida (Pequena História do Maculelê) o Maculelê existe desde 1757
em Santo Amaro da Purificação e as cores branca e vermelha nos rostos, que assustavam
as pessoas, poderia ser símbolos de algumas tribos Africanas, como por exemplo os
Iorubas. Mas na verdade é muito difícil identificar exatamente a qual grupo étnico está
associada a origem do Maculelê. Podemos citar por exemplo os Cabindas, os Gêges, os
Angolas, os Moçambiques, os Congos, os Minas e os Cababas.
Na atualidade
Hoje o maculelê se mantém preservado graças à sua incorporação por grupos de capoeira,
que incluíram a dança nas suas apresentações em batizados e festas populares. Os
componentes se apresentam vestidos de saia de sisal, sem camisa e com pinturas pelo
corpo. Há também alguns grupos que apresentam-se com seus abadás/uniformes,
evidenciando a descaracterização, podendo resultar no esquecimento das raízes e dos
traços da miscigenação cultural do país.
Música
A música no maculelê é composta por percussão e canto.
Instrumentos
O atabaque é o principal instrumento no maculelê. A bateria mais comum é composta
apenas por três atabaques, nomeadamente:
● Rum - Atabaque maior com som grave;
● Rumpi - Atabaque de tamanho médio com som intermediário;
● Lê - Atabaque pequeno com som mais agudo.
Os dois primeiros atabaques, o rum e o rumpi, fazem a base do toque com pouco improviso,
enquanto o atabaque lê, sendo mais agudo, executa diversos repiques de improviso. Esta
formação é notadamente similar à dos berimbaus da capoeira, com seus berimbaus gunga,
médio e viola.
Tradicionalmente também faziam parte da bateria o agogô e o ganzá, mas a utilização
destes dois instrumentos caiu em desuso.
Canto
As apresentações de maculelê seguem o estilo do amálgama entre as culturas indígena e
afro-brasileira, com um dos instrumentistas cantando um verso solista, seguido pela
resposta em coro dos demais praticantes. As letras falam de diversas situações, algumas
como a "Fulô da Jurema" evidenciam a influência indígena, outras como a "Louvação aos
Pretos de Cabindas" evidenciam a influência afro-brasileira.