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SAÚDE PÚBLICA
Emergências e urgências
de Saúde Pública:
falando de DDO e
outras, em jeito de
vademecum
JOANA MARQUES*, MÁRIO FREITAS**
RESUMO
As doenças transmissíveis de declaração obrigatória (DDO) encontram-se consagradas na legis-
lação portuguesa desde 1949. A legislação tem sempre sido clara em atribuir às autoridades de missíveis.
saúde a competência genérica para a vigilância epidemiológica. Tal actividade tornar-se-ia impossí- Vigilância epidemiológica pode defi-
vel sem a colaboração de todas as entidades para as tarefas definidas para cada sistema de vigi- nir-se como uma actividade sistemá-
lância. A notificação é a primeira medida a ser tomada e a que desencadeia os procedimentos que
tica e contínua de recolha, armazena-
se afiguram necessários, segundo o estado da arte, para o controlo da infecção. Este controlo epi-
mento, análise, interpretação e trans-
demiológico destina-se a interromper a cadeia de transmissão da infecção e implica sempre inter-
missão de dados que reflectem o estado
venções distintas. Nalguns casos, a actuação da autoridade de saúde constitui uma resposta a uma
de saúde de uma população.2 Esta acti-
emergência de saúde pública.
vidade, configurando um instrumento
fundamental de planeamento e gestão
s doenças transmissíveis de
A
dos recursos da saúde, proporciona os
declaração obrigatória, vul- elementos para uma pronta e efectiva
garmente designadas por actuação sobre factores de risco indu-
DDO, encontram-se consa- tores de doença e contribui para a me-
gradas na legislação portuguesa desde lhoria dos níveis de saúde das popula-
1949. Com efeito, a Lei 2036, de 9 de ções. Assim, torna-se clara a necessi-
Agosto de 1949,1 prevê como compe- dade de coerência e homogeneidade dos
tência da Direcção-Geral da Saúde dados e seu tratamento, de forma a tor-
(DGS) a elaboração da «tabela das doen- nar possível uma vigilância epidemioló-
ças contagiosas cuja declaração for gica bem estruturada, flexível e ágil, in-
obrigatória», atribuindo também à DGS dispensável para a protecção e promo-
a função de «coligir os dados estatísti- ção da saúde dos cidadãos, das famí-
cos da morbilidade e mortalidade» de- lias e das comunidades.
correntes dessas doenças. Na mesma A legislação tem sempre sido clara
Lei, é referido que «os médicos que, no em atribuir às autoridades de saúde a
exercício da sua profissão, tenham co- competência genérica para a vigilância
nhecimento ou suspeita de casos de epidemiológica, tal como consta no De-
*Médica, Interna do Internato doença contagiosa, deverão comunicá- creto-Lei nº 286/99, de 27 de Julho,3
Complementar de Saúde -lo, no prazo máximo de quarenta e oito em vigor, e que determina serem os ser-
Pública, UOSP de Braga.
**Médico, assistente da carreira
horas, ao delegado ou subdelegado de viços de saúde pública «os serviços do
médica de Saúde Pública, UOSP saúde da respectiva área». Na realida- Estado competentes para promover a
de Braga/Centro Regional de de, data de 1949, em Portugal, a géne- vigilância epidemiológica e a monitori-
Saúde Pública do Norte; docente
da Escola de Ciências da Saúde
se do que é hoje denominado de vigilân- zação da saúde da população». Como fa-
da Universidade do Minho. cia epidemiológica das doenças trans- cilmente se depreenderá, tal actividade
QUADRO
ABSTRACT
The infectious communicable diseases have been considered in the Portuguese legislation since
1949. Legislation has always been clear in attributing health authorities the generic competence
for epidemiologic surveillance. Such activities would be impossible without the collaboration of all
the entities for the tasks defined for each surveillance system. The notification is the first mea-
sure to be taken and that sets up the procedures considered necessary to control the infection accor-
ding to the state of the art. This epidemiologic control aims at breaking the chain of transmission
of infection and always implies different interventions. In some cases, the measures of the health
authority are an answer to a public health emergency.