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Letras em dia, Português, 12 .

° ano Teste de Oralidade 3

Nome: N.º: Turma:

Avaliação: O(A) professor(a):

Vê atentamente o excerto do discurso de Miguel Torga na cerimónia oficial do Prémio Camões, em


1989.

1 Nos itens que se seguem, seleciona todas as opções que permitem obter uma afirmação correta.

1.1. No início do seu discurso, Miguel Torga afirma que «Uma vida longa dá para tudo»
(A) e de seguida comprova a afirmação, especificando vários momentos do seu percurso.
(B) a fim de mostrar que o prémio que recebe é uma honra.
(C) e de seguida apresenta o seu percurso académico.
(D) a fim de mostrar que sempre foi um poeta rebelde.

1.2. De acordo com as palavras proferidas, Miguel Torga


(A) combateu os países africanos em luta pela independência.
(B) viajou pelo mundo, numa tentativa de se cumprir enquanto artista.
(C) exerceu com liberdade a sua atividade criativa, num tempo em que muitas liberdades
estavam vedadas aos cidadãos.
(D) admirou desde sempre o grande escritor Camões.

1.3. O orador refere que «ninguém escolhe a ocasião da sua existência»,


(A) apelando à resignação dos seus contemporâneos.
(B) procurando comprovar que, mesmo em épocas difíceis, é possível permanecer livre e
fiel aos seus princípios.
(C) lamentando ter de viver numa época cheia de contradições e falsidades.
(D) mas que a fé em Deus e a razão devem guiar a ação de homens que querem ser
revolucionários e marcar a diferença na sociedade em que vivem.

1.4. Miguel Torga reconhece em si as seguintes qualidades:


(A) paciência, prudência e humildade.
(B) tolerância, gratidão e ousadia.
(C)
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simplicidade, criatividade e sinceridade.
(D) audácia, dignidade e determinação.

1.5. A expressão «a arma da caneta»


(A) remete para a literatura enquanto forma de intervenção.
(B) constitui uma metáfora do lápis azul, símbolo da censura durante o Estado Novo.
(C) alude ao poder destrutivo de alguns tipos de escrita.
(D) relembra a importância das experiências literárias da vanguarda modernista.
Letras em dia, Português, 12 .° ano Teste de Oralidade 3

Transcrição do registo vídeo LDIA12DP © Porto Editora

Miguel Torga – Uma vida longa dá para tudo: para se nascer obscuramente em Trás-os-Montes, mourejar
adolescente em terras de Santa Cruz, percorrer solidário na idade adulta os atuais países africanos
lusófonos em luta pela independência, visitar alanceado na velhice o que resta do Oriente português e
receber agora nestes patrícios e paradisíacos Açores um prémio sob a égide de Camões. Nos intervalos,
ser cidadão a tempo inteiro, com profissão tributada e deveres cívicos assumidos, e poeta rebelde, cioso da
sua
liberdade de criador numa época atribulada de guerras, tiranias, polícias políticas, campos de concentração,
terrorismo, bombas atómicas e outros flagelos. Época cruel e paradoxal em que se vai à Lua e se
fomenta o ódio nos cinco continentes, se queima os produtos excedentários e se deixa morrer de fome
populações inteiras, suprimem, direta ou indiretamente, Estados que se promete ajudar, se negam as
divindades que se cultuam, se faz da moral um disfarce e do cinismo virtude. Mas ninguém escolhe a
ocasião da sua existência e todos temos de nos cumprir na que nos coube em sorte que, seja qual for, é
sempre um desafio, no bom e no mau, às forças e fraquezas de cada um. Eu procurei cumprir-me na minha
lutando,
trabalhando, porfiando. Não foi tarefa fácil: os dons eram escassos, a saúde traiçoeira, o ambiente
irrespirável e os meus propósitos temerários. Só que morava dentro de mim uma vontade férrea, e o instinto
e a razão mandavam-me seguir. Queria ser no mundo, como em letra redonda o declarei, um homem, um
artista e um revolucionário e tentei sê-lo contra todos e contra tudo; um homem simples e prestável que não
envergonhasse a espécie, um artista escravo da vocação e um revolucionário que, com a arma da caneta e
a firmeza do procedimento, contribuísse de algum modo para a subversão da ordem vigente e a edificação
de uma sociedade melhor. Da consciência que tenho do pouco que consegui nesses três desígnios dá conta
a insatisfação que me tortura, e Deus sabe de que maneira. Mas fiz o que pude. Fui até onde o fôlego e as
circunstâncias permitiram; nem poupei as energias, nem esqueci as obrigações morais que me vinculavam à
comunidade, nem temi as consequências do meu inconformismo, nem menti em nenhum verso.

Soluções do Teste de Oralidade 3


1.1. (A); 1.2. (C); 1.3. (B); 1.4. (D); 1.5. (A).

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