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1- Porque a concepção “naturalista” de ser humano tem, cada vez mais,

permeado o cotidiano escolar?

Bastante influenciada pela visão positivista, a concepção naturalista de ser


humano passou a ser fortemente implementada na base educacional brasileira
após o período marcado pela Ditadura Militar, devido às reformas nos modelos
universitários e do ensino básico que já estavam em vigor.

Empobrecidas pela implementação de ideais atrasados norte-americanos,


priorizaram a mecanização e padronização do indivíduo, ao reduzi-lo à processos
repetidos buscando uma falsa sensação de produtividade para lhes preparar para
o mercado de trabalho sem aprofundar seu senso crítico e criatividade.

Como um porco sendo engordado com hormônios na fila de seu abatedouro, o


brasileiro é habituado cotidianamente desde o período escolar a conviver com
padrões, o que os leva a normalizar o sistema sem questiona-lo, difundindo
assim, concepções arbitrárias e “lógicas” da natureza humana aos jovens.

2- Como a concepção “naturalista” de ser humano se relaciona ao conceito


de “medicalização da aprendizagem” proposto pela cientista Maria
Aparecida de Moysés?

Com o intuito de mascarar as falhas dos modelos educacionais vigentes, uma


das nefastas escolhas políticas que a hegemonia priorizou foi a “medicalização da
educação”. Ao transformarem dificuldades individuais e coletivas em problemas
“facilmente” resolvíveis com entorpecentes, retiraram contextos históricos,
sociais, raciais e culturais das dificuldades, reduzindo-as a questões
“meramente” biológicas.

Em sua pesquisa, a cientista Maria Aparecida de Moysés trouxe à tona a grande


problemática da hiper racionalização e medicalização para lidar com casos
atípicos de aprendizado nas escolas como maneira de reduzir um pouco a
sobrecarga que eles mesmos causam nos estudantes.

A parcela que possui poder não tem interesse em mudar a realidade


desestimulante em que vivemos e, portanto, tenta maquiar os seus “defeitos”
através de remédios empurrados goela abaixo, muitas vezes, desnecessários. A
necessidade dos remédios para acalmar, “acertar mentes”, programar certos
comportamentos ditos “normais”, torna-se cada vez mais urgente, pois os
causadores propõem “soluções mais simples” para lidar com as dificuldades do
dia a dia.

3- Que maneira é possível superar a realidade descrita no vídeo? Utilize os


conceitos “senso comum”, “senso crítico/filosófico” e “concepção
histórico-social de ser humano” para sustentar sua argumentação.

Já é reconhecido no imaginário popular a problemática do uso excessivo e


desnecessário a longo prazo dos medicamentos sem necessidade e
acompanhamento médico, porém, é irônica a maneira como o brasileiro lida sem
questionar as imposições fármacas da indústria sobre a vida cotidiana, fora e
dentro das escolas.

Não sabemos, sinceramente, se as explosões informativas são mais benéficas


ou prejudiciais, pois ao mesmo tempo que parecem ajudar na disseminação
científica, parecem também contribuir para o imediatismo atual que
consequentemente desestrutura os jovens, adultos e qualquer cidadão, hoje,
conectado.

Somado ao imediatismo temos a desigualdade presente em nosso território,


modelos retrógrados ultrapassado de educação, herança colonialista e
escravocrata, mas o país prefere fingir não ver e esquecer.

Acredito que o método para superar esta realidade seria assumir nosso
passado, reconhecer e refletir sobre os nossos erros a partir de um ponto de vista
mais humanizado e menos cientificista, abandonar o ideal produtivista presente
no âmbito educacional atual e fortalecer projetos de campanhas para as parcelas
limítrofes da sociedade continuando tão apagadas. Devemos visualizar,
reconhecer e aceitar as exigências dessas populações que precisam de ajuda
sem usar de artifícios e tratamentos paliativos (os medicamentos), são soluções
difíceis de engolir, diferente dos comprimidos, porém reais.

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