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PE55OA
REVISITADO
Leítura Estruturante d,o Drama em Gen
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RIO DE JANEIRO
TINTA-DA-CHINA
MMXVII
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CONSIDERAÇÔES POUCO
OU NADA INTEMPESTIVAS
A. Mou
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questão alguma. É só uma exigência, na verdade teme-
rosa, de suportar o peso dessa convicçâo e os encargos a
que obdgâ. Toda a nossa leitura não será outra coisa do
que reiteração permanente dessa ingenuidade basilar.
Ela signifrca que vemos no "verbo" de Pessoa, mormente
naquele que conhgurâ e plasma com mais irrecusável ful-
gor essa "genialidade", uma espécie de luz ou de fogo que
r A ideiâ centml dcst€ €nsaio, P€ssoo À€ur.6irodo, foi exposta pelo âutor numâ
conlerência do CiÍcuio Cervântes", deNice, €m Mâio de 196?. (X. do.4.)
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que claramente percebemos que devimos ourro, quer seria absurdo não aplicar um princípio geral de exegese
dizer, o mesmo, mas como iluminado por dentro e sem poéticâ justamente àquelâ poesia cuja essência implica
fim. É a "joy for ever" de Keats, a existência do poema em no seu criadorum máximo de autocompreensão. Decerto,
nós e nós nele. Mas se assim é. se nós devemos uma mais como a toda a gente, a maquinaria fantástica dâ heteroní-
alta existência, ou existência outrâ, como dizia Bergson mia, a glosa superlativa e inconclusa de que foi alvo e que
â propósito da música, a essa realidade que nôs ârrâstâ confrscou em seu proYeito a âtenção devida à "poesia" de
para o seu círculo e nos domina libertando-nos, como Pessoa, como o sublinhou com irritação Casais Monteiro,
pretender jamais situar se num ponto que a domine a não deixou de criar perplexidâde. Mâs sempre Pessoa e
ela? Náo há génio crírÍco, mesmo o do critico de génio. o que se costuma considerar como as suâs "antinomias"
Que dizer dos que o não são? Por ser poema (na medida ou "contradições" ou paradoxos, ou mesmo aberrações,
em que realmente o é...) o poema tem sempre "razão", se nos pârecerâm mais luminosos que as considerações em
é a tentação de lha exigir cJue está em causa. Mas mesmo torno deles. Quanto a essa poesia mesma, poucos críti-
fora dele, o discurso daquele que noutra esfera se nos cos, talyez só dois (é verdade que poetas também) sou
revelou capaz de génio deve suscitar, quando se esboça a beram subtrair-se, ao menos em principio, ao alegado
tentaçâo de o declarar ininteligivel, incoerente ou nulo, caos da complexidade de Pessoa que é inteligivel e ao dos
um salurar reflexo de humildade. E sempre plausnel que comentadores que o é menos, declarando em suma que a
essas "razões", que tão caducas ou insólitas nos pare sua poesia é demasiad'o clara. José Régio oinsinuou sem-
cem, tenham razões que a nossa mais modesta razão de pre, como forma de a neutralizar e António Ramos Rosa
criticos desconhece. Uma obra de génio náo é um pasto com clara perspectivação a paftir de um horizonte cul-
todo preparado para a ruminaçâo obrigatória da "cul tural de mais radical hermetismo que aquele que serye a
tura". É um desafio, é âté um precipício para quem não Pessoa de matériâ poética mas não de obstáculo puro. De
tem asas para atravessar o natural abismo que ela repre- uma maneira geral, toda â poesia é a mais alta "claridade"
senta, como escreveu Nietzsche. E em princípio ninguém de uma época e no seu espelho é o restô que é obscuro'
as tem quândo o génio aparece, salvo os que consentem Mas Ramos Rosa quis apenas sublinhar que os comenta-
em o atravessar servindo se das asas dele. dores se perdiam numa complexidade secundária, pro-
Não temos nem queremos outro guia que o próprio curando nela a chave de uma outra, a poétíca, a qual não
Pessoa. Recentemente, um dos seus clássicos exegetas é precisamente complexa, se por tal se entende a arqui
admitiu a hipótese de ser ele o seu mais lúcido comen tectura e o corlo mesmo dessa poesia. Ramos Rosa tem
tador. É o que alguns sempre pensaram, em particular razão. Apoesia de um Sá Carneiro é bem mais irredutivel
Casais Monteiro e Jorge de Sena. que nâo por acaso sào e inexplicável que a de Pessoa e por isso mesmo um Régio
poetas e posteridade autêntica de Pessoa. Quanto a nós, a terá como superior a ela. A verdade é que não estão
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EDUAADO LOURINçO
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XDUÂRDO IOURf,NçO PESSOA REVISITADO
é, paradoxalment e, negatíeos. De uma maneira, por âssim riu (liânte da instância crítica. É Pessoa qr"- deve prestar
dizer, Iatal, passou-se insensivelmente do campo da aná- rnntas â propósito da sra estraruheza, tid.a ü príori corno
lise da heteronímia ao do seu desmascaramento, já com rlualquer coisa de que o autor se deve justifrcar. Curiosa
forte coloraçâo pejorâtivâ e, em seguida, à desmistifrca- rnente (mas não é assim em toda a critica humanista?) a
çâo não só do jogo heteronímíco como do processo poético interrogaçâo literária subentende um horizonte demora-
que ele estrutura, frnalmente submetido a uma espécie de listas e é o niih,sm,o de Pessoa ou o que os seus críticos
d,esmítr,fi,caçd,o. Tudo se passa como se os criticos, incons üBtiim bâptizam - que deve responder diante do tribunal
cientemente, tivessem querido punir Pessoa de ter levado da Sinceridade, da Ordem Moral, da Ordem ldeológica.
consigo a chave de um labirinto onde eles se perdem. É possivel que a Poesia tenha de comparecer diante des-
A exegese psicologista, a quem se devem intuições capi- ses tribunais todos. Mas antes convém realmente sâber
tais, acabou desesperâdâ por englobar a criação inteira de se aquilo que ela é não os anula ou os torna inadequa-
Fernando Pessoa num processo de outomífirtcaçd,o; a arrá, dos. Talvez que antes de gu€sÍionor Pessoa e de ohrigá Io
lise estilística psicologista, mais cautelosa, contentou- a explicar se, se deva começar por aceitá lo na sua esrro
se com pôr em evidência as conúradiçôes inerentes a cada nheza, Íeal ou aparente, preferindo interrogârmo - nos a
um dos poeios que constituem Pessoa, distinguindo no respeito dessâ estrânheza, buscando compreendê-la no
jogo da sua criação, com real acuidade, camadas de rea que é e signifrca, em vez de querer, antes de tud.o, reduzí-
lidade e valores poéticos comuns; frnalmente, a análise -lo. Tanto mais que se trâta de poemos, por conseguinte
sociológica, hábil e por vezes âdmirável na discrimina- de uma palavra que tem em si mesma a sua plena e inteira
ção dos espeihismos provocados pelo jogo heteronímico, justifrcação, palavra por essência sem erterior diarúe do
assimlla o com excesso a um processo real e à manifesta- qual possa comparecer6. Que uma ciaçõ'o poética - tid.a
ção tópica de um'ãbsurdo" que por nele efectivamente se por tal pelo seu exegeta possa merecer o nome de auüo-
"jogar" já dele se separa. mistiftcaçõ,o, é um puro contra- sentido. Mas que a mesma
Na realidade, e por diversâs que sejam em profundi criaçâo possa relevar da contrad'íçõ,o ou do obsurdo nào é
dade, subtileza ou coerência, estas três formas de inter- mâis aceitável. A única contradiçáo ou absurdidade que
pretação, momeltos densos e estruturâdos de outras pode alectar uma produção poética é a da sua nulidade,
mâis correntes que as ecoam ou delas se distinguem mal, mas essa suprime a questão, todas âs questÔes.
têm algo de comum'. todas interroganu Pessoa, todas pôem Se Fernando Pessoa e os seus heterónimos nâo cons
ao poetâ e à sua criação quesúôes que sâo mâis delas que tituem, a não ser numa ópticâ meramente anedótica, o
dele, todas o convocam com um máximo de boa consciên- caso tero,tológico que â crítica humanista nos apresentou
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EDUARDO LOURENçO Pf,SSOÁ ÀXVI SITÂDO
espécie de bezerro de cinco patas da criação poética lnfelizmente, e na aparência com justifrcâdos moti
a verdade é que o universo que constituem é sufrcien vos ou natural tentâção, o objecto p meiro da exegese
temente insólito para que nos interroguemos a seu res- de Pessoa nào foi a sua poesio múltipla, mas a reldçõ,o
peito. Mas devemos fazê-lo sem minimizar a dificuldade d,essa múltipla poesiü com os seus mítícos (e reaís) autores,
buscando numa vida mal inventada ou mal sonhada. o que mergulhou toda a critica numa miragem criadora
as câusas e as motivações que uma vez descobertas nos de miragens, fonte de uma perplexidade insolúvel e sem
poriam ao abrigo desse insólito em funçáo da qual as cessar renascente. O que foi tomado realmente a sério (e
buscámos. Do mesmo modo, devemos resistir à tenta- isto perpetuará até ao juízo fi.nal o sorriso mudo do Poeta)
ção de nos desembaraçar da singularidade do mundo de nâo loi â silcnciosa a u lono mia dos poemas no seu coniunlo
Pessoa oferecendo-lhe como espelhô a luz trivial e cega com o jogo que entre si constituem, mas Alberto Caeíro e
de uma visão de boa companhia, onde justamente não Reis e Campos, considerados corr,o üutores reoís dos poe-
há lugar nem para â sua compreensào nem para a rom- mas que Pessoa a justo título lhes atribui (e só ele o podia
preensáo de coisa alguma. Não temos de alinhar obri- fazer... mais a mais tendo explicado até à saciedade qual
gâtoriamente Pessoa pelos seus criticos, baste-nos ô era o género de cordão umbilical que os ligava ao "sujeito
aproximarmo-nos da sua própria luz, a única que jus criador" de todos). Como ourores reais seriâm dotados
tifica a nossa rlémarche e cuja estranheza - umâ vez de uma personalidade e de uma vocação cuja coerência
que se trâtâ de Poesia e nâo de outra coisâ nâo pode se devia exprimir nos poetnas que cada qual subscreve.
ser estranha, em sentido banal, senâo à superfície. Se Daí nasceu um teatro em segundo grau (personalizando
"estranheza" há nela e bem a desejariamos poder cir na pura arbitrariedade um "drama em gente" assim des
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cunscrever aqui é uma estranheza objectíva, quer dizer, locado para sempre do seu centro próprio) conYertendo
que se lê e recorta no mundo da cultura ou a ele reenvia, os âutores ficticios em críadores d,e Poemas quando só os
não somente porque Pessoa é grande poeta, mas por poemâs são os cniodores dos autores f,ctícíos. Na exegese
que â suâ aventura tem dentro dela um perfil incomum. universal de Pessoa os poemas-Caeiro, Reis, Campos são
A soluçâo que Pessoa encontrou para as suas difrculda sombro de seus ficticios pais quando só o inverso é evi
des pessoais, espirituais e literárias - a famosa prolife- dente. Aberto Caeiro, Reis, Campos, mas igualmente
raçdo em poetas só nos interessa na medida em que é, Fernando Pessoa "ele mesmo" são só (e que outrâ coisa
de principio a hrr,, críaçõ,o poéttca. lsto basta para nos poderiam ser?) os seus poemas. As biografras imaginárias
libertar do dever imaginário de ter que julgar e muito (mas de modo algum arbitrárias) que o seu criador com
menos justifrcar â estranheza e o insólito inerentes ao tanta aplicâçâo e gozo íntimo lhes atribuiu prolongam o
seu caso, uma vez que, seriamente falando, só a Poesia acto criador dos poemas, com ele se relacionam' mas dele
]Íf,es,Írando é estranha. se destacam como leitura desses poemas já de{rnitivamente
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f,DUÂÀDO LOUÀENÇO Pf,SSOA AEVI SITÂDO
/oro do seu criador. É um segundo estádio de distancia- vnl. É a partir dela que Casais Monteiro formula ques-
mento em relação ao que deu oligem aos poemas-Caeiro, lôcs como estâ: "Mas esses poetas nâo existem? Ou que
Reis, Campos e por isso mesmo cada um dos heteróni_ oriotência é â deles? Bem, não existem, e o problema está
mos não pode ser utilizado como objectivação cómoda (e prccisamente agora em sabermos se Fernando Pessoa
ainda por cima com a chancela de pessoa) da consciência
lcria escrito as obras por eles assinadas no caso de eles
ciadora dos poemas, servindo como serviu para julgar nâo existirem. É de notar que nenhum deles nos dá teste-
ou compreender 6 poemas na sua luz póstuma e fatal_ munhos, nos poemâs que âssinâÍâm, de qualquer tempo
mente distinta deles como jogo sobre eles que é. Casais oujo correr â obra espelhe, de qualquer evolução que tes-
Monteiro foi o primeiro crítico que se espantou e que tcmunhes." Depois de tão agudamente ter posto o dedo
estigmatizou a confusão, ou antes, inversão de relaçôes,
na feridâ vemo-lo prisioneiro do que denunciou epronto
escrevendo, emlora timidamente, que os retratos (de o assínalar estra,nhezds, óbçias em obras d,e poetas reaís,
Caeiro, Reis e Campos) foram feitos para as obras e não noquelas que ele mesmo d,esr,gna ímplicitam,ente corno obra
estas para aqueles: "Parece-me gue competiriâ ao crítico
em segundo grau. Quer dizer, e à parte o seu instinto de
Íazer incidir antes a sua investigaçâo sobre uma contradi_ poeta que nunca lhe consentiria seryir-se dessas obser-
ção de que nâo fala, e de que ninguém, creio, falou ainda; vaçôes pâra fazer o processo dos poemas, vemo-lo enre-
com efeito, mesmo com todas as desconfianças, não dado num tipo de exegese como o dos criticos que tanto
houve quem pusesse em dúyida a legitimidade da identt_ censurou e obrigado como eles â justificar, embora com
ficaçd,o retrato e bíografi,a d,os heterónimos com. as respec_
d,o
extrema lucidez, o fantasma do artífuio integral da poe-
tivas obrast." E muito justamente sugere que se desconfie
sia de Pessoa. Não é sintomático que um tâo grande poetâ
antes de famigeradas "biografias", que diz sumárias, de e crítico venha a escrever, como qualquer dos clássicos
Caeiro, Reis e Campos, do que das suos obras. Sublinha- intérpretes que ele recusou, frases como esta: "Caeiro
mos suos porque, mau grado estas lúcidas observações, ao identifrca-se com a natureza. Por isso a sua poesia é âfir-
fim e ao cabo, o próprio Casais Monteiro não pôde desen_ mativa, positiva, e evidente, como um fruto"e?
vencilhar se da teia que a confusào por ele denunciada já Esta "queda" obriga â reflectir. As perplexidades de
havia criado. A sua perplexidade vai deslocar-se da rela- Casais Monteiro provam que não é sufrciente denun-
çào Caeiro- "poemas- Caeiro" e congéneres, por ele sus- ciar o ingénuo realismo que consiste em atribuir con-
peitada, para a de Pessoa e os mesmos autores-Í-rctícios, sisrêncio à Írcção em terceiro grau que sâo Caeiro e os
reconstituindo â outro nível a mesma tramâ inextricá_ outros heterónimos enquanto "personâgens". A ficção em tffi[[[ffi[[ililil
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XDUARDO IOUBTNçO PESSOÂ REVlSITÂDO
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XDUAÀDO LOURINçO PESSOA RÍVISIlADO
entrever as linhas de força de ordem psicológica ou esti r,lrrt:itlaçâo pertinente, ou pelo menos, formalmente plau-
listica que permitem reconstituí-la, o que só é possíyel na xiv r:l , da génese da heteronímía , toda a leitura de Pessoa que
(está) hipotecada'
hipótese de situar os heterónimos num espaço de estm- lxrr tê-la ori$inado nos interessa, fica
turâ reversivel, por assim dizer, de idêntico peso onto- (llalo que entendemos essa "génese" de maneira bem
lógico. A esse preço, a aparência de dialéctica que pôde rlivcrsa da já tentada, com maior ou menor sucesso, pelas
âlcânçar-se não ultrapassou o nível de uma exterioridade vias da psicologia bânal ou profunda, embora não seia sem
essencial. Viu-se o que aproxima ou apârtâ Caeiro de inleresse receber dela alguma luz incidente ou confrrma-
(para nós) é a que nos conduz dos
Campos ou Campos de Reis ou Reis de Caeiro mas não o çâo". A "génese" óbvia
nexo orgdníco que os afiicula numa totalidade que os não Lc:ttos Pessoa anteriores à criaçào heteronímica aos tertos
deixa ler na sua ideal autonomia, mas sem a presença da lftLet onímícos. Génese que nos conduz dos primeiros aos
qual nem a autonomia aparente é susceptível de leitura, ltcgundos, mas igualmente nos reconduz dos segundos aos
O equívocooriginal- e sem cessar reassumido, mesmo primeiros e com mais necessário impulso, pois é neles
descontando a assimilação "personagens poemas" que (foi neles) que primeiro descobrimos essa rupturo' cujo
nunca Íoi total consistiu em tomar Caeiro, Campos e esclarecimento constitui questâo.
Reis comoy'agrruentos de uma totalidade que conveniente Não é aqui lugar para detalhar o processo desse escla
mente interpretados lidos permitiriam reconstituí la ou
e recimento genético, levado a cabo em mâis vasta obra a
pelo menos entrever o seu per{rl global. A verdade é mais publicar. Esse esclarecimento repousa lundamental-
simples: os heterónimos sdo a totalíd.ad"e fragmentad,a e mente sobre a préviâ e ingénua aceitação das múltiplas
nenhuma exegese por mâis hábil ou subtil a pode recons- auto explicações de Pessoa e em pafticular do celebér-
tifuir a partir deles. Por isso mesmo e por essência não rimo Íragmenlo da sua carta a Casais Monteiro acerca da
têm leitura Índiuídual. mas igualmente náo têm d"íaléctica "génese da heteronímia e da criaçâo dos heterónimos"'"'
senâo na luz dessa totalidade cle que não são parr€s, mas
plurais e hierarquizadas maneiras de uma única e deci-
rr Lenbrar€mos enpanicLrlar' pelâ hnura e pela Prio ridade, âsque Casai§ I'{on
siva frâgmentâção. Da clara percepção do fenómeno se teiro (en r942) e loel serrào (en r944) propuseram. um no prerácio à suâ hi§tóri
ca Antologa de Pessoa Gà. Confluê ncia) , ourro no prelãcio à CorresPonddnc'o
P€ssoo-
deve esperar o frm dos espelhismos falsamente pirânde-
Ilianos a que a heteronimia se tem prestado. A totâlidade Esle ensâio ile releitura de Pes§oã supÔe, naiuralmente. o conhecimento das
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fragmentada que os heterónimos sdo nào e uma quimera outms leinrrâs e não só dâs lrês princ rpâi§ já me ncio nadas enire elas as de Casais
Monte,ro. iorg. dÊ Sen.. Joel §P'r;o. PiêrrP HurrcádP Mar l"l"gr' ' Oscdr Lop'('
destinada a introduzir coerência num "puzzle" que tem
Octávio Paz, L.S. Picchio, Georg Lind. Ildefotlso Mãnuel Gil. Robtí Bréchon' An
resistido a ela. É opoesuo de Pessoa nnrenor ao surgimento tó nio Quâdros, tumând Guibet. Alaii Bosquet C. Be'nârdell i, T' Vasconcelos'
etc
Mas supÕe, anles de tudo, o conhecimento já hànalizado do§ principâi§ rextos do
de Caeiro, Campos e Reis. É o mistério dessa ruprrrra que
Poetâ. Por isso nào transcrevemos a sua carta a Câsãis Monteiro que é acessivel e
é necessário esclarecer e esclarecer concretamente. Setrr. a está emtodas as memóriâs.
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