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44a Edicao - o Louzadense - 04 03 2021
44a Edicao - o Louzadense - 04 03 2021
Dia Internacional
da Mulher
P. 8-9
Ano II • n.º 44 • Quinta-feira, 4 de março de 2021 • Diretor: José Diogo Fernandes • Quinzenal • Assinatura 20€ • Unid. 1€
P. 2 a 3
Sociedade
O que mudou
num ano de
pandemia
P. 6-7
Sociedade
Dia de Luto
pelas vítimas
vida dedicada
à educação
Pub.
Penafiel Lousada
+351 255 784 130 +351 255 913 032
+351 924 478 459 +351 926 567 965
alberto.moura@agentegeral.ageas.pt diana.mesquita@agentegeral.ageas.pt
2 Grandes Louzadenses 4 de março de 2021 | Ed. 44 | www.olouzadense.pt
Editorial
próprios edifícios. Tínhamos uma escola do uma medalha de prata pelos serviços Mais tarde, foi voluntária na Assistên-
em Santo Estevão, que por baixo tinha prestados. cia Médica Internacional (AMI), “mas
animais e o chão tinha buracos”, recorda. também tínhamos de dar a vez a outros
Trabalhar em prol do outro voluntários”, refere. Então, formou-se a
Mas será que os alunos davam mais
Depois de todo o trabalho em prol da Universidade Sénior de Lousada (USA- ▐ José Diogo Fernandes
valor à educação? Teresa Valiñas acredi- diretor@olouzadense.pt
ta que, “pelo menos, da parte da família, educação, dedicou o seu tempo a algumas LOU) e “era outro serviço que eu gostava,
embora quisessem os meninos para tra- atividades. “A certa altura, no fim do ano, porque tínhamos aulas. Mais recente-
começamos a fazer um almoço de encer- mente aceitei ser presidente”, revela. Um ano de pandemia! O que mudou? Muitas rea-
balhar, acho que sim. Se pedíssemos al- lidades!
guma coisa, mesmo com as dificuldades, ramento. Entretanto, um grupo juntou-se “Nunca fui uma pessoa aventureira,
eles faziam”. para fazer uma associação. Fizemos a ‘As- mas gostava de ter sido. De viajar pelo Desapareceram conhecidos, amigos e familiares, direta ou indire-
sociação Cultural e Etnográfica dos Pro- tamente devido a este episódio inesperado e transcendental. Quan-
“Eu penso que se estava melhor, pelo mundo. Nunca fui pessoa de me enervar”, do o país caminhava com passos lentos, mas seguros para algum
fessores de Lousada’ e surgiu o Orfeão. expõe, acrescentando que foi aceitando
que dizem os colegas. Depois, os próprios equilíbrio económico e financeiro, surge um fator completamente
Andámos por vários sítios. No momento todas as alterações que as mulheres fo- fora do nosso alcance e controle. Temos mais cidadãos desespera-
colegas começaram a ser fustigados com da fundação, tinham 41/42 professores.
papeladas e afins que lhes iam tirando a ram conquistando. No entanto, “ainda dos por não ter emprego, outros por não conseguirem abrir os seus
Agora somos só 19/20.”, explica. falta muito para conquistar”. espaços de trabalho, outros por não terem assistência médica que
paciência”, confessa. necessitam, outros por não conseguirem continuar ajudar os filhos,
Mas a associação mantém-se aberta há Sempre gostou de ser mulher e acredita
Atualmente, pensa que os alunos “co- outros por não terem esperança.
cerca de 30 anos: “somos os últimos, mas
meçaram a ter outra liberdade, outra continuamos. Chegamos a gravar um CD Acreditamos que as vacinas venham dar luz ao nosso futuro, mas
maneira de estar. Já não há aqueles pro- o verdadeiro balanço de todos estes meses, apenas será contabiliza-
blemas de higiene, mas falta a educação.
e fomos atuar em muitos sítios”. “Enquanto não houver o Dia do lá mais para a frente. Provavelmente com resultados sociológicos
Eu atendia os colegas que vinham fazer as “Fiz parte, ainda, da Associação Nacio- Mundial da Mulher, não é gravosos, que levarão bastantes anos a ultrapassar.
suas queixas”. nal dos Professores do Ensino Básico, que de descansar. Mas mentali- Este mês também tem um significado importante para a igual-
esteve sediada em Lousada alguns anos. dades não se mudam facil- dade de género. Todos os meses têm! Pois esta luta pela equidade
Enquanto Delegada Escolar, teve “bas- Também fiz parte de uma lista dos corpos de género na sociedade (por vezes desumana) deve ser constante e
tantes dificuldades” no princípio, “porque sociais da Santa Casa da Misericórdia e mente.” resiliente. Convém recordar, que está inscrito pela Organização das
as pessoas que estavam lá não aceitaram da Assembleia da Associação de Cultura Nações Unidas (ONU): “Acabar com todas as formas de discrimina-
que “todas as mulheres deviam saber ser ção contra todas as mulheres e meninas, em toda parte. Eliminar to-
muito bem serem substituídas, e muito Musical de Lousada.” mulheres”. “Enquanto não houver o Dia das as formas de violência contra todas as mulheres e meninas nas
mais, por gente nova. Deixaram-nos sem
Como delegada escolar, esteve integra- Mundial da Mulher, não é de descansar. esferas públicas e privadas, incluindo o tráfico e exploração sexual
ajudar a resolver qualquer problema”. e de outros tipos. Garantir a participação plena e efetiva das mu-
da na Comissão de Proteção de Crianças Mas mentalidades não se mudam. Vamos
“Como disse, já sabia resolver alguns vendo se ao Dia Internacional da Mulher lheres e a igualdade de oportunidades para a liderança em todos os
e Jovens (CPCJ). Como deixou a Delega- níveis de tomada de decisão na vida política, económica e pública.
problemas, mas havia outros que não ção Escolar, continuou na CPCJ como co- se vai juntando mais algum país. Porque Realizar reformas para dar às mulheres direitos iguais aos recursos
sabia, então tivemos a ajuda de um pro- optada e até completar 10 anos de servi- sabemos que a mulher é muito maltrata- económicos, bem como o acesso à propriedade e controle sobre a
fessor. Tínhamos dificuldade, principal- ço. “Foi um trabalho que gostei muito de da em muitos países”, lamenta. terra e outras formas de propriedade, serviços financeiros, herança
mente, com a folha de vencimentos dos fazer”, confessa. e os recursos naturais, de acordo com as leis nacionais”. Não será por
Não deixa nada por fazer e admite: acaso, que a ONU, em setembro de 2015, definiu um conjunto de
professores. Tínhamos de fazer aquelas
“Quero referir dois momentos impor- “agora estou numa qualidade de vida, Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), entre os quais
contas que tinham de dar todas certi-
tantes na vida das escolas e dos alunos: mas, se for preciso, e se não for preciso está o número 5, que visa alcançar a igualdade de género, colocan-
nhas”, refere. do termo a todas as formas de discriminação, violência e quaisquer
primeiro, fizemos duas idas ao jardim muito do meu tempo, eu aceito o desafio.
Por isso mesmo, chegou a ir várias ve- Ainda continuo a ser mulher”, demonstra. práticas prejudiciais contra mulheres e raparigas nas esferas pública
zoológico de Lisboa num comboio freta- e privada. Apela igualmente à plena participação das mulheres e à
zes ao Porto, ao Banco de Portugal, “bus- do para nós; segundo, o projeto proposto igualdade de oportunidades para a liderança a todos os níveis da to-
car a folha para as Finanças fazerem os mada de decisões políticas e económicas.
pagamentos. Mas depois lá fomos acer-
tando”. Na posição de Delegada, conquis- Tudo isto será uma luta constante e permanente para a qual de-
vemos contribuir. Corremos o risco de nos envergonhar, enquanto
tou, ainda, novas instalações para a Dele- cidadãos de plenos direitos. Só o facto de ainda ter de se escrever e
gação Escolar. preconizar é sinal que há muito a construir neste sentido e em mui-
“Não tive grandes problemas. Fomos tas partes do mundo. O Louzadense pretende, de uma forma singela,
resolvendo tudo, porque a Câmara tam- simbólica, mas efetiva, contribuir para esta construção de igualda-
de, alvitrada por muitos, mas concretizada por poucos. Assim, temos
bém me ajudava a resolver. Quando havia uma edição onde se releva a condição feminina, não deixando de
qualquer problema entre os colegas, eu relembrar a violência que ainda é alvo.
sabia de tudo, mas ficava só para mim. A nossa “Grande Louzadense” é Teresa Valiñas. Professora bem
Conseguia dar a volta de maneira que não conhecida no concelho, foi durante muitos anos delegada escolar
houvesse depois problemas”, lembra. (responsável pela coordenação das escolas do 1º ciclo), bem como
figura ativa na sociedade lousadense. Personalidade discreta, dili-
gente, de trato fácil e empático, marca uma geração de mulheres que
“Conseguimos edifícios no- tiveram de se impor a uma sociedade machista e arcaica.
vos, mobiliário novo, conse- ▲ Inauguração da Escola Básica da Boavista de Sta. Margarida No “Louzadenses com Alma” recordamos Maria Emília Coelho
guimos melhorar a situação Alves, da freguesia de Sousela. Mulher destemida e determinada,
viu-se viúva com trinta e cinco anos e seis filhos para criar. Dedicou-
dos estudantes.” se ao comércio de calçado, tendo para isso que percorrer a pé com
um saco na cabeça e outro no braço, desde Moreira (Lousada) até
Sobrosa (Paredes). Mais uma figura feminina lousadense relevante
pela tenacidade e arrojo.
Durante os mais de 26 anos ao serviço
da Delegação Escolar, acredita que deixou O LouzaRock continua com a sua segunda homenagem ao rock
“uma boa impressão e que toda a gente lousadense, desta vez com a banda “Kriptons”, formada por Paulo
Natalino Barros, Alfredo Campos Alves, Augusto Freire, Rui Maga-
me estimava. Não posso dizer que toda lhães e Francisco Fernandes.
a gente gostava de mim, mas procurei
sempre resolver as situações sem grandes Edição dedicada fundamentalmente à Mulher, abordando tam-
bém a vertente da violência de que são alvo e que nos devia enver-
problemas. A Direção Escolar nunca teve gonhar, enquanto sociedade do século XXI.
de vir cá resolver problema nenhum, a
Câmara sempre deu o seu apoio. Conse- Desejamos prosseguir a nossa missão de proporcionar aos nossos
leitores uma outra perspetiva da nossa comunidade.
guimos edifícios novos, mobiliário novo,
conseguimos melhorar a situação dos es- Boa leitura!
tudantes”, orgulha-se. ▲ Um dos almoços de fim-de-ano dos professores
4 Louzadenses com alma 4 de março de 2021 | Ed. 44 | www.olouzadense.pt
Pub.
www.olouzadense.pt | Ed. 44 | 4 de março de 2021 Cidadania 5
salas e vários professores para as perceber que o que tos e deveres cívicos, respeitando o
10 anos, voltei para cá e fiquei na crava das coisas, são de mudar mentalidades termos visibilidade,
mo”, termina.
casa da minha madrinha, era tudo quero é viver a vida e Não se considera política, mas mas para o bem de
muito diferente, era mais duro. ajudar os outros.” aceitou o desafio “para tentar mu- todos.”
6 Sociedade 4 de março de 2021 | Ed. 44 | www.olouzadense.pt
Desemprego cresceu
Se em termos de saúde púbica “já
vemos a luz ao fundo do túnel com
esta campanha de vacinação e va-
mos conseguir a imunidade de gru-
po”, no que respeita ao emprego as
dúvidas “são muito maiores e tudo o
que dissermos é um exercício quase
de adivinhação, se efetivamente es-
tes números vão piorar ou não”, ex-
pressa.
Em Lousada, segundo dados do
Os dois primeiros casos de co- Parecia que os cidadãos de Lousada vos. O grupo etário mais afetado pelo um tempo máximo para a utilização Instituto do Emprego e Formação
vid-19 foram reportados pela minis- e Felgueiras tinham lepra. Foi neces- SARS-CoV-2 foi a faixa etária entre os das vacinas e tem de ser tudo muito Profissional (IEFP), em janeiro de
tra da Saúde a dois de março de 2020. sário tomar uma posição de grande 40 e os 49 anos, seguindo-se as pes- bem programado e delineado”, aler- 2020 estavam registados 1 400 de-
Mas o novo coronavírus entrou em contestação junto dos reitores das soas entre os 50 e os 59 anos. ta. sempregados. Um ano depois, o
território nacional a 21 de fevereiro. universidades, por exemplo. Os pró- concelho regista 1 776 desemprega-
Paços de Ferreira foi o concelho
A nove de março, começaram a ser prios hospitais cancelaram consultas com mais casos (8.461), seguindo-se Setores mais afetados dos. A maior diferença encontra-se
anunciados em todo o país cancela- de cidadãos de Lousada e Felgueiras Da indústria à economia, do co- no número de inscritos à procura de
Lousada (6.369) e Felgueiras (6.323).
mentos de eventos, feiras e festas. Em justamente por esse receio”, lamenta. mércio ao turismo, do desporto à um novo emprego (+ 338) e nos que
Nos últimos 14 dias, Lousada regista
Felgueiras e Lousada, a situação agu- cultura, do emprego à saúde e sem se inscreveram há menos de um ano
um nível de risco “moderado”, o que
dizava-se e a Direção Geral da Saúde Casos positivos e mortes re- significa que tem menos de 240 ca- esquecer a educação, muitos foram (+ 203).
(DGS) recomendou a limitação de gistadas sos por 100 mil habitantes. os setores que registaram uma que- “São números em demasia. Mas
deslocações. A 11 de março, a Orga- No norte do Vale do Sousa, mor- bra nas vendas, lucros e qualidade confesso que no início pensei que ia
nização Mundial de Saúde decreta o reram 251 pessoas desde o início da Plano de vacinação do serviço. Ao longo deste ano, “O ser muito pior.”
surto como pandemia mundial. pandemia, com novembro a registar O plano de vacinação “é a nossa Louzadense” tem auscultado alguns “Nunca pensei que, um ano de-
“Foram os piores dias de vida au- o maior número de óbitos. No con- grande esperança e aposta”, confir- dos intervenientes destes setores, pois, pudéssemos ter apenas mais
tárquica que todos tivemos”, afir- junto dos concelhos de Felgueiras, ma o autarca. A autarquia colocou ao que não traçaram um futuro risonho 300 desempregados. São muitos, não
ma Pedro Machado, presidente da Lousada e Paços de Ferreira, que dispor do ACeS o Espaço AJE de for- para os seus negócios. estou a desconsiderar, são números
Câmara Municipal. “Fomos muito correspondem ao Agrupamento de ma a ser utilizada para uma vacina- No que diz respeito à educação, “já em demasia. Mas confesso que no
incompreendidos pela generalida- Centros de Saúde (ACeS) Tâmega III, ção massiva. “Neste momento, por estamos em risco moderado e é ur- início pensei que ia ser muito pior”,
de das pessoas, porque não tinham morreram 119 pessoas em novembro ainda haver falta de vacinas, ainda gente o regresso às aulas presenciais, menciona.
consciência do que estava a aconte- e 48 em outubro, no período mais não foi utilizado e, portanto, a vaci- nem que seja, numa primeira fase, Segundo os dados da PORDATA,
cer e da gravidade da situação. Fo- crítico até ao momento da pandemia nação está a decorrer no Centro de nos alunos mais pequenos que são em 2020 foram dissolvidas por escri-
ram dias muito complicados”, refere. neste território. Em dezembro, o nú- Saúde de Lousada e Meinedo. Quan- aqueles que têm mais dificuldades tura pública 71 sociedades, menos
A primeira preocupação, ao re- mero de óbitos baixou para 32 e, em do houver um reforço a nível nacio- no ensino à distância”, alerta, refe- seis que em 2015, registando um nú-
gisto do primeiro doente, foi: “estas janeiro de 2021, para 26. nal está pronto a ser usado”, garante. rindo que esta modalidade pode ter mero maior no setor de atividade dos
pessoas vão precisar de retaguarda e No total, segundo o autarca e da- Por esta altura, estão vacinados consequências no futuro das crian- serviços (36).
não queremos que aqueles que estão dos da Administração Regional de com a segunda dose os utentes e fun- ças.
mais próximos se coloquem em risco Saúde (ARS) Norte, no concelho de cionários ilegíveis dos lares, e com a Relativamente ao desporto, “vai Os novos hábitos de consu-
para dar ajuda as estas pessoas”. Por Lousada morreram cerca de 80 pes- primeira dose os militares da GNR e deixar também marcas, mas creio mo e apoios
isso, foram criadas equipas de reta- soas vítimas da covid-19. A taxa de Bombeiros. Os utentes com mais de que aí será mais fácil a recuperação Com o fecho de alguns estabeleci-
guarda e que poderiam ser “impres- letalidade é, atualmente, de 1,19% 80 anos estão também a receber a se conseguirmos ultrapassar este mentos, os hábitos de consumo dos
cindíveis”. na região, abaixo da região norte primeira dose. problema, este ano. Acho que vai lousadenses foram-se reinventando,
“O que mais me chocou foi sentir- (1,41%) e nacional (1,71%). “A grande dificuldade é chegar ao haver condições para se iniciar uma privilegiando o comércio local e o
me discriminado, sentir que os meus Até 30 de dezembro, o grupo etário contacto com estes utentes. Poucos nova época desportiva já sem gran- digital. “Não era um hábito generali-
concidadãos foram discriminados, com mais óbitos estava compreendi- terão telemóvel ou um contacto re- des constrangimentos”, reflete o au- zado no concelho, mas agora já co-
logo no início.” do entre os 80 e 89 anos, com 94 mor- gistado nos ficheiros da ARS e ACeS. tarca. meça a ser normal vender-se online
Em forma de balanço, “o que mais tes, seguindo-se o grupo entre os 70 Já estávamos a antever que houvesse No setor do turismo, 89,9% dos e já temos imensos exemplos de su-
me chocou foi sentir-me discrimina- e os 79, com 65 óbitos. No conjunto esta dificuldade, porque este tipo de agentes económicos conseguiram cesso de empresários e comerciantes
do, sentir que os meus concidadãos dos três concelhos, foram contabi- vacinação tem de ser muito rigoroso, evitar despedimentos, segundo um que estão a conseguir escoar o seu
foram discriminados, logo no início. lizados cerca de 20 mil casos positi- no que diz respeito à marcação. Há inquérito realizado pela autarquia produto por via das vendas online e
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serão tendências para ficar”, comen- pessoas que estavam a fazer esse tra-
ta Pedro Machado. balho podiam fazer muito mais. Se,
Esta alteração de hábitos, por par- em novembro, tivemos 956 casos, é
te dos portugueses em geral, teve humanamente impossível dar con-
especial enfoque nas mulheres e nos ta de tantas solicitações. Tínhamos
mais jovens (entre os 18 e 24 anos), vindo a demonstrar essa disponibili-
de acordo com o inquérito realizado dade, mas houve sempre resistência
pela Ageas Portugal e a Eurogroup por parte das Autoridades de Saúde,
Consulting Portugal, com o intuito porque entendiam que esse trabalho
de identificar tendências emergentes devia ser feito por técnicos de saúde.
no contexto da covid-19. E, de facto, foi uma luta que só con-
seguimos ganhar com a vinda do Sr.
Para fazer face às dificuldades de
Primeiro Ministro à região”, esclare-
empresas, famílias e associações, a
ce.
autarquia tem disponibilizado algu-
mas receitas. O valor disponibilizado Nessa altura, o que estava crítico
ao associativismo ronda os 400 mil “era a quantidade de pessoas que es-
euros, mas era o comum e manteve- tavam ansiosas, em casa, há alguns
se o valor dos anos anteriores. dias, à espera de um contacto sem
ninguém as contactar. Sinalizamos
“Relativamente à pandemia, deve
esse problema e dissemos qual era
rondar os cerca de 200 mil euros o
a solução. A solução passaria por
valor que disponibilizamos para fa-
se criar equipas multidisciplinares
zer face a um conjunto de necessi-
e que, após uma orientação da En-
dades, como a de equipamentos de
tidade Reguladora da Saúde (ERS),
proteção individual para um con-
pudessem fazer perguntas e escla-
junto generalizado de instituições”,
recessem situações que deviam ser
explica.
verificadas”, revela.
As plataformas criadas No regresso à normalidade, Pe-
Em março passado, foi criada a dro Machado acredita que o grande
linha telefónica covid-19 para escla- desafio “é que as pessoas percebam
recer qualquer questão, mas sobre- que mais vale fazermos mais algum
tudo direcionada para quem estava sacrifício durante mais algum tempo
infetado ou em isolamento e que e quando começarmos a desconfi-
precisasse de ajuda. nar estejamos em condições de não
pôr em risco todo o trabalho que foi
Quando os números começaram feito. A experiência diz-nos que para
a crescer exponencialmente, em ou- melhorarmos os indicadores preci-
tubro, “fomos insistindo com a Auto- samos de várias semanas, mas para
ridade de Saúde para rentabilizarem piorar é num instante”.
os recursos que tínhamos, porque as
Pub.
8 Destaque 4 de março de 2021 | Ed. 44 | www.olouzadense.pt
Não há muito tempo, as mu- dando muitas voltas. O meu pai damental. As mulheres têm de ser 2015, e atleta, juntamente com a
lheres não podiam participar nas
competições de desporto, não ti-
sempre teve a ideia de nos dar a
formação em tudo e mais alguma
“Há muitos preconcei- fortes. Não se menosprezar, não
duvidar do valor que têm. Têm de
irmã, que também é licenciada
em Desporto.
nham cargos de poder e tinham coisa. Achava que tínhamos de tos que acabam por ser ser fortes. Os homens sempre do- “Desde sempre que adoro des-
profissões intituladas “apenas estar na escola, de ter música, ter aspetos culturais, vi- minaram tudo por causa da força. porto, não só o atletismo. Na-
para mulheres”. Desde a Imple- formação em computadores. No vemos numa sociedade No geral, as mulheres são capazes quela altura, como a minha irmã
mentação da República à Revo- fundo, eu até gostava de muita em que esta diferença de fazer muitas coisas ao mesmo também gostava muito de correr,
lução dos Cravos, têm sido várias coisa”, comenta. tempo.”
as associações e feministas que
está muito vincada.” sugeriu que nos inscrevêssemos
“Ser professora foi um com- num clube de atletismo para le-
lutam pelos direitos das mulhe- plemento à carreira que tinha
Fernanda Alves A mulher no desporto var as coisas mais a sério. Até nem
res. Durante o Estado Novo, esse enquanto músico. As atividades Fernanda acredita que depende As Nações Unidas começaram ligava muito, mas a paixão foi au-
ativismo foi silenciado, mas as complementam-se, porque conti- de cada um chegar ao que deseja. a celebrar o oito de março como mentando ao longo do tempo”, re-
protagonistas não desistiram. Mas nuo a achar que um bom músico “Se as pessoas forem aceites nos o Dia Internacional das Mulheres, vela.
são ainda muitos os percursos es- se tiver uma grande atividade mu- cargos e nas suas profissões só que simboliza a vontade de pro- Das conquistas como atleta re-
quecidos e por conhecer. sical consegue influenciar os seus porque são empenhados e bons mover a igualdade entre mulheres corda uma “há cinco anos, que es-
O Ano Internacional das Mulhe- alunos e, ao mesmo tempo, ensi- trabalhadores, acho que isso será e homens a todos os níveis da vida tava na minha melhor forma, que
res foi proclamado, pelas Nações nar”, acrescenta. o ideal. Apesar de que, acho que a cívica, política, económica, social fui 5.ª classificada no nacional e
Unidas, em 1975, tendo-se segui- Inicialmente, quando começou sociedade está tão formatada nes- e cultural. 5.ª classificada no Corta-Mato de
do a Década das Nações Unidas a carreira na música e, nomea- tas desigualdades que vão sempre Em dezembro de 1977, a Assem- Apuramento para o Campeonato
para as Mulheres. Neste mesmo damente, na Banda de Música, pôr dúvidas”, lamenta. bleia Geral da ONU adotou uma Europeu”.
ano, realizou-se a “I Conferência “eram sempre muito poucas rapa- “Há muitos preconceitos que resolução que proclamou um Dia Como treinadora, “todos os
Mundial Sobre as Mulheres”, na rigas, sempre me vi no meio dos acabam por ser aspetos culturais, das Nações Unidas para os Di- anos, em todas as provas, temos
Cidade do México, na qual Por- homens. E sempre fui muito aca- vivemos numa sociedade em que reitos das Mulheres e para a Paz sempre pelo menos uma criança
tugal esteve representado através rinhada, nunca tive qualquer pro- esta diferença está muito vincada. Internacional a ser celebrado nos ou duas que sobem ao pódio. Mas
de um grupo de trabalho da Co- blema. Aliás, no 9.º ano, até tirei Nos próprios textos das bíblias, Estados Membros num dia esco- uma das maiores conquistas, foi a
missão para a Condição Feminina um curso de eletrotecnia”, brinca. por exemplo, que são documentos lhido de acordo com as suas tradi- minha irmã, que em 2018 foi vice-
(CCF), atualmente Comissão para essenciais na nossa cultura, isso ções nacionais. Para a ONU, o dia
Chegar a um cargo de poder, campeã nacional de Corta-Mato
a Cidadania e a Igualdade de Gé- está muito vincado. Que a mulher é comemorado a oito de março,
“foi um desafio em espírito de e, nesse mesmo ano, uma atleta
nero (CIG). deve ser submissa e isso está de tal celebração esta a que Portugal se
missão”, explica, “porque a escola foi 3.ª classificada no Corta-Mato
Fernanda Alves, 50 anos, é pro- estava a passar um período menos forma na nossa sociedade que é associou desde 1975. escolar nacional”.
fessora de saxofone e, ao mesmo bom. Mas foi um bocadinho sem difícil mudar”, reflete. Carla Nunes, 24 anos, é treina- O desporto é uma meta longín-
tempo, é Diretora Pedagógica do querer. Nem estava nos meus pro- Para atingir a igualdade, a pro- dora e fundadora da modalidade qua para a igualdade de género,
Conservatório do Vale do Sou- jetos e objetivos. Preferia dar aulas fessora acredita que falta “respei- de atletismo na Associação Des- ainda dominado pela discrimina-
sa, desde 2003. “A minha vida foi a estar enfiada num gabinete”. to, que é o princípio e valor fun- portiva de Lustosa (ADL), desde ção e pelos estereótipos. Será que
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as mulheres algum dia vão vencer cer profissões que continuam a lo que fazemos. Por exemplo, na em que “realmente fazem um re- mo. Olham para a mulher como
a corrida pela igualdade no des- ser associadas aos homens e a que minha empresa não se nota isso, conhecimento às mulheres”, mas um ser inferior. Falta reconhecer
porto? Por enquanto, apenas 30% poucas mulheres têm acesso. Se, não há desigualdade salarial. O acrescenta: “por tudo aquilo que que é mulher, mas não é por isso
dos desportistas federados em antigamente, o mundo laboral era que um maquinista masculino re- ela faz, tudo aquilo que ela de- que não tem as mesmas qualida-
Portugal são mulheres. constituído por homens e as mu- cebe por desempenhar a função, sempenha, tem de ser mãe, dona des ou capacidades”, afirma.
lheres ficavam responsáveis pela exatamente recebo eu por desem- de casa, esposa, trabalha fora de Às mulheres, deixa a mensagem
“Se formos fazer uma casa, hoje não é assim. Se traba- penhar a mesma função. Mas sei casa. Faz tudo. Acho que não é só que as mulheres “devem sempre
lham lado a lado e cuidam da casa que há muitas empresas onde as um dia por ano, devia ser todos os
competição de 10 juntos, faz sentido continuarem a mulheres sentem desigualdade dias”.
lutar por aquilo que querem, por
aquilo que gostam. Que devem se-
quilómetros de estra- existir diferenças salariais no final começando logo pela parte sala- “Ainda há aqui uma grande guir o seu coração e fazerem sem-
da, existem prémios do mês? rial”, afirma. fronteira, por parte dos homens, pre mais e melhor. É sempre isso
monetários. O prémio Rosa Mendonça, 39 anos, foi Sobre o Dia Internacional da que olham para nós como o elo que tento fazer e luto pelos meus
carteira, durante cerca de um Mulher, considera que é um dia mais fraco. Um pouco de machis- ideais e pelos meus sonhos”.
para as mulheres é ano. Por força de um acidente
sempre, ou 90% das rodoviário, acabou por procurar
provas, menor que o outra profissão. Por coincidência,
ou não, ingressa na profissão de
dos homens.” Carla maquinista do Metropolitano de
Nunes Superfície do Porto no dia oito de
março de 2004, onde se mantém
“Infelizmente, em pleno 2021, até hoje.
ainda existem algumas diferen- “Sempre fui muito acarinhada
ças entre homens e mulheres. O pela população, achavam graça
exemplo mais estrondoso é nos ao facto de andar uma mulher
prémios. Se formos fazer uma de mota a distribuir correspon-
competição de 10 quilómetros de dência. Senti-me sempre muito
estrada, existem prémios monetá- acarinhada. Ainda hoje é o dia
rios. O prémio para as mulheres é que encontro pessoas dessa fase
sempre, ou 90% das provas, menor da minha vida que dizem ‘olha a
que o dos homens. Nunca perce- menina carteira’ ou ‘olha a nossa
bi isso se correm os dois a mesma carteira’. Sempre fiquei conhecida
distância, têm os dois o mesmo por ser a carteira”, recorda.
mérito”, lamenta. Por isso, nas cor-
Hoje em dia, no Porto “é igual.
ridas organizadas pela ADL, ten-
Numa fase inicial, havia quem
tam que isso não aconteça.
achasse engraçado, quem aplau- ▲ Fernanda Alves
Uma outra situação que a in- disse. E havia, mais a parte mas-
comoda, e que acredita não se culina, que preferia esperar pelo
conseguir mudar de um dia para veículo seguinte. Fui das primei-
o outro, é: “eu e a minha irmã ras, acho que a segunda mulher a
vamos a correr na rua, se for um entrar para a parte da condução”,
homem está tudo bem, se estiver explica.
calor e formos de calções não nos
Mas continua a ser difícil para
livramos dos piropos, apitadelas e
uma mulher chegar a um cargo
essas coisas que incomodam. In-
superior: “vejo isso na empresa
felizmente, acontece quase todas
onde eu trabalho. A nível de ma-
as vezes em que vamos correr para
quinistas não somos muitas, mas
a rua”.
já somos algumas, mas noto que
Para a jovem, “este é um dia passar deste patamar para cima,
bastante importante que marca que a ascensão de maquinista
as conquistas que todas tivemos para responsável direto ainda há
até hoje e acho que é um dia que aqui uma resistência”.
deve ser celebrado. E deve ser um
São 16 mulheres, no meio de
direito de todas as mulheres cele-
quase 300 maquinistas. “Mas pela
brá-lo”.
lei da paridade, já merecíamos ter
A mudança, considera, “deve uma mulher num cargo de mais
começar pela educação que os responsabilidade. Para poder
pais dão aos filhos e filhas desde mandar”, lamenta.
pequenos que não existem coisas ▲Carla Nunes
para homens ou mulheres. Que o
futebol não é para homens e o bal- “O que um maquinis-
let para as mulheres”.
“Gostava que pensassem que
ta masculino recebe
não é um género ou a ligação de por desempenhar a
um género a uma modalidade função, exatamente
que deve ser um entrave para elas
praticarem o que elas gostam. Se recebo eu por de-
gostam de futebol, joguem. Se sempenhar a mesma
gostam, façam. Não interessa o
que os outros pensam, o que os
função. Mas sei que
outros dizem. O que interessa é o há muitas empresas
que nos faz feliz”, acrescenta Carla onde as mulheres
Nunes, numa mensagem dirigida
às meninas que queiram seguir os sentem desigualdade
seus sonhos. começando logo pela
A mulher na “profissão para parte salarial.” Rosa
homens” Mendonça
Nos dias que correm, já é fre- “Acho que é muito desigual, não
quente ver-se uma mulher a exer- somos reconhecidas por aqui-
▲ Rosa Mendonça
10 Sociedade 4 de março de 2021 | Ed. 44 | www.olouzadense.pt
Os Kriptons (1970-72)
Nos primeiros anos da década de 1970 já se faziam sentir alguns ventos de mudança políticos e sociais em Portugal. A mú-
sica era um veículo fortíssimo dessa mudança, transportando ideais e desejos de modernidade e de transição para a demo-
cracia. Os jovens com conhecimentos de música ou, em último caso, com vontade de aprender, juntavam-se para dar asas à
imaginação e à criatividade. Em Lousada a música moderna da época surgia através dos Kriptons.
Esta banda era formada por Paulo Além dos referidos componentes bispo do Porto”. Este antigo relojo-
Natalino Barros (baixo e voz), Alfre- da banda, havia outros que por ve- eiro e ourives explica que “quando o
do Campos Alves (guitarra ritmo), zes se juntavam aos Kriptons. “Era o conjunto estava a atingir alguma ma-
Augusto Freire (guitarra solo), Rui caso do Fernando Campos, que por turidade musical os seus membros
Magalhães (bateria) e Francisco Fer- vezes aparecia em convívios e alguns foram para a tropa e para a guerra do
nandes (saxofone). O primeiro nome ensaios, para dar uns acordes e tinha Ultramar e nunca mais nos voltamos
escolhido foi Ritmo 4, mas depressa muito jeito. Quem era fabuloso na a juntar”.
mudaram para Kriptons, designação guitarra e em qualquer instrumento Augusto Freire era um guitarrista
retirada dos livros de banda desenha- de cordas era o também saudoso Au- apaixonado pela música e levou essa
da sobre o Super-homem. gusto Freire. Fui muito ligado a ele, paixão para a tropa, tendo fundado o
Paulo Natalino Barros, um dos im- para além da banda. Já não sei em que grupo dos Blusões Negros.
pulsionadores do grupo, lembra que ano, mas participamos num projeto
Os Kriptons duraram dois anos e
“a banda foi formada com grande sen- da Câmara Municipal de Lousada…
deixaram memórias na adolescên-
tido de companheirismo e cumplici- Fomos os dois convidados para dar
cia e juventude lousadense de 1970 a
dade e esforço na compra de todo o aulas de iniciação à viola a crianças e
1972, tocando temas célebres da épo-
instrumental das famosíssimas casas jovens em várias freguesias do conce-
ca. ▲ Os Kriptons_Augusto Freire e Fernando Campos
“Só Música” e “Castanheira”, na rua do lho. As aulas eram dadas nos centros
paroquiais ou na sede da Junta de Fre- “Também tínhamos alguns origi- Também tocavam versões de “A início da década de 1980 o rock lou-
Almada, no Porto”.
guesia”, refere Paulo Barros. nais, mas o nosso forte eram certos whiter shade of pale”, dos Procol Ha- sadense ganhou um forte impulso. Na
“Tocávamos em bailes, sobretudo temas consagrados de música inter-
Rui Magalhães, que tocava bateria rum, “Samba pa ti” e “Black magic wo- próxima publicação far-se-á referên-
na Assembleia Louzadense, e em fes- nacional... Lembro-me bem que a
neste grupo, recorda que “a nossa pri- man”, de Carlos Santana, entre outros. cia a três bandas dessa época: Baco,
tas particulares de familiares e ami- primeira canção que nós tocamos foi
meira atuação aconteceu em Boim, na A semente musical estava a germi- Flash e Delta 4.
gos”, acrescenta aquele artista lousa- “Monia”, de Peter Holm”, afirma Paulo
dense. Casa da Fonte, que foi do digníssimo nar e em finais da década de 1970 e ▐ José Carlos Carvalheiras
Barros.
www.olouzadense.pt | Ed. 44 | 4 de março de 2021 Cultura - Opinião 15
E
mento de Estado (OE). Estes dados estão dinheiro do RSI para os mais necessitados estar preocupados com estas questões e
screvo este texto porque fiquei infeliz porque alguns dos que trabalham
disponíveis em www.pordata.pt. e que não se preocupe com um roubo des- não com outras.
impressionado com o núme- e deviam pagar IVA conseguiram evitar o
carado, provavelmente bem arquitetado
ro de pessoas que acredita nas Em segundo lugar, a comparação entre pagamento de 2 mil milhões de euros em Resumindo: já Chega de mentiras! Não
por advogados “especializados”, de cento
mentiras do Chega do Sr. Ven- os dados apresentados é absolutamente impostos no ano a que nos estamos a refe- anda metade do país a trabalhar para a
e dez milhões de euros, como muito bem
tura, a avaliar pelo resultado esclarecedora. Fazendo as contas, o que rir (2017). Também é muito estranho que outra metade! A nossa triste e pesadíssima
denunciou o Bloco de Esquerda. Esses
que conseguiu na eleição presidencial. nós pagamos só de juros (mais de 7 mil mi- o Chega/Ventura não se preocupe com a verdade é esta: anda o país inteiro, pelo
cento e dez milhões de euros davam para
Antes das minhas reflexões sobre esse lhões de euros), pelo dinheiro que empres- chamada “economia paralela” e com a res- menos os que pagam regularmente os seus
pagara o RSI, com os valores atuais, duran-
fenómeno, aqui ficam três conjuntos de taram a Portugal em 2017, é cerca de 20 000 petiva fuga aos impostos que em 2017 terá impostos, a trabalhar para que os donos de
te duzentos anos!!!! Leram bem: duzentos
dados: em 2017, os “portugueses que não (vinte mil, é verdade, vinte mil!!!) vezes (!!!) representado mais de dois mil milhões de algumas empresas ou grupos internacio-
anos!!!
trabalharam” custaram ao país €350.000 o que gastamos com o Rendimento Social euros e mostre grande revolta por causa de nais dos países mais ricos fiquem cada vez
(trezentos e cinquenta mil euros); no mes- de Inserção. E os 350 mil euros do RSI fo- menos de meio milhão de euros distribuí- Como calculam, eu estou muito mais mais ricos. E todos os que podiam resolver
mo ano de 2017, Portugal pagou, como ram parar, na esmagadora maioria dos ca- do pelos mais pobres. (Ver comunicado de perto dos que denunciam estas situações estas questões que realmente nos empo-
juros da dívida pública portuguesa, mais sos, às mãos das pessoas mais pobres que imprensa da EU sobre fuga ao IVA, 2017, do que do Chega e de todos os que “asso- brecem (abusos como o da EDP, fuga aos
de €7.000.000.000 (sete mil milhões de eu- viviam em Portugal nesse ano. Os 7 mil em www.ec.europa.eu ). biam para o lado”, incluindo o Sr. Ministro impostos, corrupção, usura internacional,
ros); nesse mesmo ano de 2017, a fuga de milhões de euros de juros da dívida foram do Ambiente e da Ação Climática, quando etc…) e não resolvem, como os políticos,
Regressando agora a 2021, ano em que
impostos em relação ao IVA no nosso país parar às contas dos grandes bancos inter- estão em causa desvios desta grandeza. todos os que deviam denunciá-las e não
os dados se vierem a ser muito diferentes
foi calculada em €2.000.000.000 (dois mil nacionais, europeus e não só, que nos em- Como calculam, eu sou dos que se preo- denunciam, como os jornalistas, estão a
dos de 2017 será por causa dos impactos
milhões de euros) pela União Europeia. prestaram dinheiro, aumentando os lucros cupam mais com “questões” que repre- ajudar o Sr. Ventura a crescer… Eu estarei
da pandemia, temos uma outra compara-
milionários dos acionistas desses bancos. sentam sete mil milhões por ano, ou dois sempre no polo oposto.
Estes dados demonstram claramente, ção que se impõe neste contexto. Devemos
É muito estranho que o líder do Chega se mil milhões de euros por ano, ou cem
para quem ainda não sabia, que o principal comparar o meio milhão de euros que va-
preocupe com o dinheiro atribuído aos po- milhões de euros de uma só vez, do que
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