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INTRODUÇÃO
I turn good players into great players, and great teams into champions
(Eu torno bons jogadores em grandes jogadores, e grandes times em campeões).
José Mourinho, 2022. Tradução nossa.
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Isso se deve principalmente à faixa etária dos anos iniciais, sendo mais emotiva e também mais
“pavio curto”, claro que não está se generalizando, mas dentro da realidade dessa escola, era um
fenômeno recorrente. Por isso o cumprimento das regras não apenas era exigido, como era condição
para os alunos poderem participar.
breve contexto de sua carreira como treinador para que depois possamos explicitar
o motivo pelo qual sua figura foi de extrema importância para o desenvolvimento do
meu trabalho no integral. José Mourinho tem seu nome elevado ao reconhecimento
mundial em 2004, quando foi técnico do FC Porto, de Portugal, este reconhecimento
se deve ao “simples” fato de ter levado o FC Porto, com um elenco limitado e
desprovido de qualquer favoritismo, a ser campeão da Liga dos Campeões da
Europa daquele mesmo ano, superando desafios colossais como eliminar o
Manchester United de Alex Ferguson2 em pleno Old Trafford3.
Após esse feito extraordinário, foi anunciado em 2005 como treinador do
Chelsea, time inglês que tinha sido comprado por um grande magnata russo e com
o objetivo de formar uma grande equipe. Em sua primeira coletiva, Mourinho ficou
conhecido como “a special one” devido a sua fala que justificava sua contratação
dizendo que ele não era qualquer um, era campeão europeu, portanto era um
técnico especial. Logo em sua primeira temporada pelo clube, foi campeão do
campeonato inglês batendo recordes, na temporada seguinte repetiu o feito,
provando que, de fato, era um técnico especial, até hoje sendo ídolo no time inglês.
Sua personalidade provocativa, arrogante, se mostrou clara nesse período na
Inglaterra, tendo constantes conflitos com a imprensa e com outros técnicos.
Seu próximo desafio foi na Itália, comandando a Internazionale de Milão, aqui
mais uma vez Mourinho cravou seu nome na história ao ganhar, em 2010, a triplete:
campeonato italiano, copa da Itália, e Liga dos Campeões da Europa, sendo esse
último seu segundo título. Essa conquista também seguiu, em partes, a fórmula da
anterior conquistada com o FC Porto, Mourinho detinha um time bom, mas com
muitos jogadores passados do auge, com idade considerada avançada, e
novamente não era considerado favorito. No entanto, foi com essa equipe que
Mourinho estabeleceu um espírito aguerrido e uma defesa intransponível que
sedimentou sua habilidade em criar sistemas defensivos eficientes. Foi com essas
qualidades que Mourinho mais uma vez superou outro desafio colossal, eliminou o
poderoso Barcelona de Pep Guardiola4 em pleno Camp Nou5. Mesmo com um time
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Treinador mais vitorioso do futebol britânico e um dos ídolos máximos do Manchester United,
ganhando diversos títulos pelo clube, e criando times lendários. É o responsável pela contratação de
Cristiano Ronaldo para o Manchester United, o resto é história.
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Estádio do Manchester United, apelidado de “O teatro dos sonhos”.
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Mais um dos grandes treinadores europeus, famoso por seu Barcelona avassalador de Messi,
Iniesta, Xavi e tantos outros. Aterrorizou a Europa com a tática tiki-taka, domínio da posse de bola e
toques rápidos para envolver o adversário.
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Estádio do Barcelona
inferior tecnicamente, o poderoso time culé não foi páreo para a defesa quase
perfeita do time italiano.
A trajetória de Mourinho seguiu, mas para não nos delongar muito e focarmos
no que nos é importante, iremos encerrar essa recapitulação por aqui. Como já
destacado, as maiores conquistas de Mourinho, as duas Liga dos Campeões da
Europa, chamam atenção pelo modo qual foram vencidas, com times limitados,
longe do favoritismo, e enfrentando equipes superiores taticamente e
financeiramente. Além, é claro, do fator tático que Mourinho elaborou para esses
times, possibilitando chegarem tão longe e superar times superiores, há outro fator
crucial: confiança, união e mentalidade.
Esses times do treinador compensam suas limitações com esses fatores
extracampo, por mais desafiador que fosse o adversário, os jogadores davam a
alma em campo e mantinham a confiança em suas capacidades, isso somado a
uma equipe que era verdadeiramente unida como um time, criou esses elencos
históricos. Mentalidade sempre foi uma grande exigência de Mourinho para seus
jogadores, sendo um dos seus focos a criação de uma mentalidade vencedora, com
essa mentalidade implantada e o cumprimento da parte tática, a vitória era questão
de tempo.
A própria postura provocativa e arrogante de Mourinho fazia parte de jogos
mentais, como o próprio treinador já explicou, através de declarações, provocações,
o treinador atrai o foco das críticas e os holofotes para ele, deixando sua equipe
livre da atenção, provando ser além de um grande técnico, um grande líder, sendo
idolatrado por muitos de seus ex-jogadores até hoje, a exemplo de uma fala de John
Terry, jogador ídolo do Chelsea que afirmou, que por Mourinho, deixava o campo
dentro de um caixão se fosse preciso.
Frente a essas características de Mourinho que me inspirei nele como
modelo na minha postura no trabalho do integral com o futebol, tentando fazer dos
métodos do treinador português uma certa pedagogia, sendo esses métodos meus
“planos e didática”, e a quadra, a mesa do almoço, a arquibancada a minha “sala de
aula”.
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Interessante ressaltar que eles eram irmãos, um do segundo A e outro do segundo B.
acabou levando mais dois gols, novamente por desatenção e não por uma
inferioridade gigantesca como se imaginava. O placar de 3 a 0 aparentemente
mostra um péssimo jogo para o quinto, aparentemente, pois o placar não refletiu o
que aconteceu em campo. O grande problema foi não encaixarem o jogo previsto, o
cansaço físico, e a desatenção em momentos cruciais. Entretanto, a entrega que eu
vi em campo me deixou muito satisfeito e orgulhoso, os meninos jogaram com raça,
entrega e disputa em cada dividida, entrega inclusive que rendeu dois alunos se
lesionando na partida, o que também afetou no rendimento7, e mesmo lesionados
seguiram jogando para não desfalcar o time.
Se o jogo não trouxe a vitória, trouxe ensinamentos duradouros e valiosos. O
jogo foi perdido não pela superioridade invencível do sexto ano, mas por erros
pontuais, inclusive tendo a chance de abrir o placar logo no início, o que poderia
fazer o jogo ser outro, ou seja, o quinto ano competiu, ofereceu dificuldades e não
entrou derrotado. A tática foi a correta, no entanto mal executada, mostrando que
necessita mais treinamento para concretizá-la, mas essas falhas se apresentam
para que possam ser corrigidas com o tempo. E o mais importante, mesmo com a
esperada decepção pela derrota no pós jogo, a sensação que pairava não era de
tristeza ou humilhação, mas uma gana de jogar de novo e tentar mais uma vez. Não
havia mais medo, apenas motivação para tentar novamente. Em minha conversa
com os alunos pós jogo, disse a eles como estava orgulhoso e satisfeito com o que
mostraram, e que se não veio hoje, a vitória pode vir no futuro, eles tem mais quatro
anos pela frente jogando contra aqueles adversários. Mas exigi deles mais uma
coisa: queixo alto8, não queria eles envergonhados ou de cabeça baixa, pois eles
tinham que se orgulhar de terem superado os seus próprios obstáculos e seguir em
frente para tentar de novo, seja no futebol ou na vida, caiu? Se levanta e tenta de
novo.
Ainda me cabe contar mais um relato, esse extrapola os alunos do integral e
evidencia mais uma vez o futebol como instrumento pedagógico. Nessa escola,
acompanhei uma turma de anos iniciais como monitor desde o fim de 2021 até fim
de 2023, acompanhando os pequenos desde o primeiro ano (2021), segundo ano
7
Os alunos do sexto, em divididas, por seu físico mais robusto acabaram causando tais lesões,
embora não intencionais.
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Referência a um gesto icônico de José Mourinho para a torcida adversária quando o Chelsea
perdeu o título da liga para o Manchester United ao empatar com o Arsenal. Mourinho fez o gesto
apontando pro queixo, significando queixo alto, e apontando para seu time. Eles saem de cabeça
erguida.
(2022) e terceiro ano (2023) dos anos iniciais, construindo uma relação intensa de
afeto, confiança e muito aprendizado. Quando anunciei a realização das interséries
para eles, fiquei encarregado de treinar eles para os jogos, foi uma oportunidade de
condensar aqueles ensinamentos do integral e aplicá-los para esse terceiro ano B.
O time da turma era bom, com potencial, mas desorganizado, mas dava pra
competir com toda certeza. Treinei com eles tudo aquilo que desenvolvi no integral,
desde táticas até os aspectos de organização e disciplina.
Na primeira partida, contra o terceiro ano A, a turma e os jogadores estavam
empolgados mas também nervosos, elaborei um esquema para o time e expliquei
aos alunos que iam jogar. No entanto, logo ao iniciar a partida, a equipe do terceiro
B se desorganizou devido ao nervosismo e começou levando dois gols, depois
conseguiram empatar em 2 a 2. Perto do fim da partida levaram o terceiro gol, mas
logo empataram, quase no lance final, fim de jogo 3 a 3, decisão por pênaltis. Da
arquibancada orientei eles para que ficassem tranquilos e confiassem em si
mesmos na hora de chutar. De 5 penalidades, o terceiro B converteu 3 contra
nenhuma do terceiro A, os classificando para a final contra o quarto A, que venceu o
quarto B.
No pós jogo, parabenizei a equipe pela vitória, mas também dei um “puxão
de orelha” pela desorganização, e ressaltei que para a final não era possível mais
depender apenas da raça, e teríamos de trabalhar esse fator que ficou deficiente.
Logo ao descobrirem que a final era contra o quarto ano, logo os alunos se
encheram de pensamentos negativos como “já perdemos”, “agora acabou”. Logo de
cara já inibi a continuação dessa mentalidade e tive uma conversa meio
“terapêutica”, parecida com a que tive com o quinto ano em relação ao sexto.
Reiterei aqueles aspectos de confiança, medo e mentalidade que já explicitei
anteriormente, e organizei uma nova tática para enfrentar o quarto ano, que sim,
tinha um time muito bom.
A tática era defensiva e apostava no contra ataque, na hora do jogo, fiz uma
preleção final motivando os alunos e reforçando a mentalidade, confiança e o
cumprimento das funções. Dessa vez, eles cumpriram a tática como designado, o
time estava impecável defensivamente, fazendo com que mesmo com sucessivos
ataques e chutes, o quarto ano A não conseguiu nenhuma finalização ao gol. O
terceiro B poderia ter aproveitado alguns contra-ataques para abrir o placar,
entretanto foram desperdiçados, 0 a 0 no placar, penalidades novamente. Nessa
disputa, a aflição ficou até o último pênalti, cobrado pelos goleiros, com o
desperdício da cobrança do goleiro do quarto A, o placar final de 5 a 4 dava a vitória
e o título ao terceiro B.
Muito além de um título, essa vitória teve impactos grandiosos na confiança,
auto-estima e comportamento dos alunos, inclusive fortaleceu minha figura de
modelo e referência para eles, fui apelidado de treinador e constantemente era
perguntado quando iríamos treinar novamente, mesmo a intersérie tendo atingido
seu fim, mas para eles, acho que isso era apenas detalhe.
CONSIDERAÇÕES FINAIS