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Rio Grande
Novembro de 2017
Felipe de Mello Grafulha
Rio Grande
Novembro de 2017
AGRADECIMENTOS
Passados quatro anos, divididos entre as demais obrigações da vida e ao Curso de
Educação Física, chego próximo ao meu intento final: minha formatura. Nesse
instante faço uma retrospectiva e vejo que não foi em vão minha luta, minhas
correrias, minhas horas de muito estudo, minha vida pessoal praticamente
paralisada, enfim, todas as minhas renúncias. Seria injusto esquecer que foi graças
a algumas pessoas que isso se tornou realidade. A começar pelo meu primo
Guilherme, ah! esse, nem sabe, não tem noção do quanto foi peça importante no
suporte que me deu nos assuntos pertinentes à informática, me conduzindo, ainda,
através do lazer proporcionado pela arte de se fazer música - ou tentar pelo menos-
refiro-me aos descompassos e as notas erradas que sempre viram deboches e
muitas gargalhadas, valeu meu Baterista! Minha gratidão à minha mãe Lúcia, que na
medida do possível, apesar da distância, foi mola propulsora nessa caminhada,
onde os obstáculos que se fizeram presente foram superados graças a seus
conselhos e incentivos. Agradeço também as palavras de incentivo vindas dos meus
irmãos Fernando, Paulo, Bernardo e Flávia junto, aquelas transmitidas pelas
amizades de infância e das nascidas na academia. Faço aqui, uma lembrança em
especial ao meu pai Paulo R. Grafulha (in memorium) o qual tenho certeza, que esta
num lugar especial, observando com orgulho e carinho os passos dos seus quatro
filhos. GRATIDÃO eterna a minha vó Lurdes, que esteve mais próximo de mim do
que qualquer outra pessoa, entendendo meus dilemas e conflitos, lutando junto
comigo ao se sacrificar várias vezes em prol da conquista de uma graduação
sonhada por mim, desde muito cedo. Este título passa a ser ainda mais grandioso
quando o dedico a Sra. Dona Lurdes, por saber da tua grandeza e do amor que tens
por tudo que considero mais importante, que é a nossa família. Lembro que a luz
que promoveu o clareamento dos caminhos que me trouxeram até aqui, partiram da
dedicação e carinho disparados pela minha orientadora de estágio Prof. Dra. Roseli
Belmonte e da minha orientadora deste trabalho final, Prof. Dra. Mirela Valério que
fez com que tudo isso acontecesse, por ter aceitado o pedido de orientação e ter tido
paciência durante os vários dias de atendimentos que foram importantes para o meu
crescimento profissional e humano, mostrando-me que a produção do conhecimento
é a pavimentação do caminho para a realização dos nossos sonhos.
RESUMO:
Este Trabalho de Conclusão do Curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade
Federal do Rio Grande-FURG, aborda os jogos competitivos e cooperativos desenvolvidos na
Educação Física escolar. Diante da consolidação dos esportes dentro da atmosfera escolar,
procurou- se verificar a possibilidade de outras perspectivas voltadas ao conteúdo dos jogos
nas aulas de E.F. Ao tentar promover o encontro dos estudantes a outras formas de sentir e
fazer Educação Física (EF), os Jogos e Brincadeiras Cooperativas, não só foram bem
aceitos como passaram a despertar outras atitudes favoráveis ao convívio e ao
aprendizado dos 24 alunos pertencentes ao sexto ano do ensino fundamental de
uma escola municipal localizada na cidade do Rio Grande-RS. A pesquisa ação de
cunho qualitativo foi realizada durante as 20 horas da disciplina do Estágio
Supervisionado III. O desenvolvimento das aulas se deu na quadra poliesportiva da
escola, contando com o suporte de materiais da mesma. O professor estagiário
seguiu seu planejamento de ensino apresentando dois formatos amplos de jogos
para cada dia de aula. De modo teórico e prático, através da alternância dos jogos, a
primeira parte da aula era composta por um jogo tradicional ou recriado no formato
competitivo. Após algumas observações e o diálogo com a turma, dava-se início ao
jogo cooperativo com um formato similar, porém com regras que favorecessem
outros conceitos e habilidades em seus participantes. Para a coleta dos dados, fez-
se uso de um diário da EF, devendo cada aluno apontar suas impressões sobre os
jogos no final de cada aula. Ao procurar realizar uma releitura da realidade, parti da
identificação dos apontamentos sugeridos por teóricos dos jogos cooperativos como
Orlik(1989), Brotto(1999), Darido(2005) e Correia (2006). As informações foram
processadas, valorizando a escrita original, resguardando a identidade de cada
aluno, identificando-os através da letra A e seu respectivo número ordenado pelo
pesquisador.
1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................1
2. OBJETIVOS.........................................................................................................4
3. REFERÊNCIAL TEÓRICO...................................................................................5
4. CAMINHOS PERCORRIDOS............................................................................10
5. SOBREPONDO TIJOLOS.................................................................................14
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................51
7. BIBLIOGRAFIA..................................................................................................53
1
1. INTRODUÇÃO:
Ao longo dos anos, a Educação Física (EF) vem sendo discutida por sua
comunidade científica, através dos seus inúmeros debates realizados em Fóruns e
Congressos, permitindo analisar de forma ampla e profunda suas atribuições à área
educacional. Graças a esses vários momentos, houve um aumento significativo na
produção de livros e artigos que tratam das diversas e renovadas abordagens
pedagógicas voltadas para as aulas da EF, apontando um universo de
possibilidades no desenvolvimento dos seus conteúdos a serem aplicados na
escola.
Frente às várias teorias debatidas desde a década de 80, a aplicação de
algumas destas abordagens como, a Construtivista, a Desenvolvimentista, a
Psicomotora entre outras, sinalizam a superação de um modelo ou cartilha de
operações tradicionais de aulas, pautadas por um viés Militarista, Higienistas e
Tecnicista que formaram os pilares da EF desde o seu surgimento no Brasil. Essa
variedade de abordagens permite a EF, ampliar o diálogo e as suas relações com
uma variedade de temas que compreendem os mais distintos contextos escolares.
Diante destes múltiplos caminhos, o professor de EF, faz deste leque de
possibilidades, infinitos meios de despertar o envolvimento e o saber dos seus
alunos, principalmente quando valoriza a busca pelo conhecimento através da
cultura do movimento humano em suas aulas. Cultura essa que abrange diversos
conteúdos como os jogos, esportes, ginásticas, lutas e outros, os quais devem estar
presentes nas escolas de modo a possibilitar a identificação e a aproximação destes
alunos com o saber.
Se num passado não muito distante, as aulas de EF pautavam-se pelo seu
esportivismo, compreendendo-o como ideia de desenvolvimento e prosperidade da
nação dependendo, única e exclusivamente do rendimento, da vitória e da busca
pelo hábil e mais forte, fez do esporte ainda, um elemento de distração à realidade
política da época, direcionando também a EF, uma formação da mão de obra apta
para a produção, ao destacar a tradição mecanicista de movimento.
Vejo que atualmente, ao primar pela formação de um corpo moderno diante
da sua essência biológica, tecnicista e esportiva, a EF parece continuar a
desenvolver suas práticas pedagógicas num mesmo sentido e caminho voltadas a
outras épocas.
2
jogando, nesse sentido Correia (2006) afirma que “A Educação Física deve basear-
se na reflexão e construção de um projeto político pedagógico, utilizando como
conteúdos expressões da cultura corporal como: o jogo, a ginástica, o esporte e a
capoeira (p.35).”
Tendo como referência o conceito de jogos cooperativos, Orlik(1989),
Brotto(2002) e Darido(2005) nos convidam a refletir sobre os demais conteúdos
compreendidos no fazer pedagógico da EF junto as relações dos jogos quando se
procura despertar algo a mais nas aulas de EF referente ao comportamento dos
alunos diante do perder e do ganhar.
Freire (2009) nos chama para a possibilidade de presenciarmos uma distinta,
porém, importante abordagem pedagógica inserida numa concepção de “Educação
Física de Corpo Inteiro”, onde o aluno poderá ter a oportunidade de aprimorar seus
gestos e habilidades durante o jogo brincado, ajudando-o a compreender a
construção do seu saber através de outros valores e conceitos.
Diante do contexto encontrado em algumas escolas e da potencialidade da
EF frente a sua riqueza de abordagens e conteúdos, além de promover uma reflexão
sobre as aulas de EF, esta pesquisa propôs verificar a aceitação por outros formatos
de jogos e brincadeiras cooperativas junto à análise dos comportamentos de seus
praticantes ao competirem e ao cooperarem.
O intuito não é fazer dos jogos cooperativos uma forma de condenar a
competição e, sim, resgatar a importância de um outro conteúdo voltado aos jogos
que, também, possa conquistar os olhares dos alunos, sendo sua prática possível
para todos, facilitando não só e seu convívio social como favorecendo a integração
do aluno à própria iniciação ao esporte.
Dessa forma, acredito que se possa ampliar a discussões sobre outras
propostas de práticas pedagógicas para a EF, partindo pela promoção do equilíbrio
dos jogos competitivos e cooperativos, fortalecendo a possibilidade de se ampliar
outras perspectivas de aulas em nossas mais diversas escolas.
2. OBJETIVOS:
2.1 Objetivo geral:
Verificar a aceitação e o envolvimento dos alunos do sexto ano do ensino
fundamental de uma escola municipal de Rio Grande- RS, em relação aos Jogos
Competitivos e Jogos Cooperativos em suas aulas de EF.
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3. REFERÊNCIAL TEÓRICO:
Frente ao panorama de formação competitivo encontrado nas aulas de EF, o
conteúdo do esporte mantém suas bases consolidadas nas práticas escolares
graças à identificação cultural de seus praticantes, sendo também um importante
caminho ao desenvolvimento do aluno, quando desperta o prazer, a alegria e o
conhecimento de seus jogadores.
Porém, nota-se que alguns de seus valores passam a ser distorcidos quando
o sentido dado a sua prática consolida o individualismo incessante, a corrida
desenfreada para atingir o sucesso, justificando a necessidade da competição para
que aluno aprenda desde cedo a sobreviver e alcançar seu espaço no mercado,
mostrando o preço por se viver num regime de sociedade a qual consideramos
moderna. Nesse sentido Bracht (1999) aponta em seu artigo intitulado: A
Constituição das Teorias Pedagógicas da Educação Física, que “A construção da
sociedade moderna e seu potencial em definir o significado do corpo reafirmam as
teorias pedagógicas críticas ao sentido incorporado pela EF diante do viés capitalista
frente às práticas corporais (p.10).”
Bracht (1999) ainda, aponta para a possibilidade de uma ruptura diante do
corpo moderno condicionado à essência biológica e tecnicista de seus movimentos e
das possibilidades que cercam a EF frente a valorização da cultura corporal diante
do desafio envolto nesse processo. Dessa forma, alinho-me ao autor, quando o
mesmo, afirma que é preciso buscar por uma “Nova visão do objeto da EF a respeito
do movimentar-se humano não mais de forma biológica, mecânica e sim, como um
fenômeno histórico e cultural, construindo um novo referencial para entender o
movimento humano (p.11).”
Referencial esse que ainda esta contido numa aula de EF que vem baseando
suas ações, através de um hábito muito comum desenvolvido nas escolas, onde os
autores Soares, Taffarel e Escobar (2006) ressaltam em seu artigo publicado no livro
“Educação Física e Esportes: Perspectivas para o séc. XXI”, que muitos alunos se
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negam a praticar outros conteúdos que não sejam os esportes, sendo difícil ministrar
uma aula sem que se tenha ao menos uma prática desportiva (p. 216). Segundo as
autoras, há uma supremacia do esporte no sistema de Educação Física frente a
qualquer outro componente da cultura corporal, como os demais conteúdos
encontrados nos jogos.
Diante dessa constatação, passei a entender que suas aproximações com os
esportes se devem, também, aos professores utilizarem, muitas vezes, como
recurso pedagógico o “LargoBola” deixando com que os alunos acabem por decidir
sua dinâmica de aula não possibilitando a exploração de novos conhecimentos
envoltos a cultura do movimento, não estimulando outros desejos e saberes em sua
turma.
Dessa forma, a inclinação pela competição mostra uma profunda relação com
os apontamentos de Darido e Rangel(2008) ao sinalizarem que a EF escolar foi
sendo fortemente marcada pelos conteúdos esportivos, vindo a se consolidar nas
grades curriculares de acordo com os ideias vigentes em cada época.
Frente a esse processo de mecanização do corpo, percebe-se, que a
realidade competitiva a qual estamos vivendo, vem justificando alguns padrões de
comportamento social, consolidando gestos marcados pelo individualismo e pela
agressividade. Nota-se, na perspectiva de Maia, um padrão de formação relacionado
aos jogos competitivos, onde:
Os jogos competitivos são defendidos por alguns profissionais como
um elemento importante na educação das crianças, tendo como
fundamento de que assim ficariam melhores preparadas para viverem
num mundo competitivo como o nosso. Preparamos nossas crianças
com o intuito de enquadrá-las em padrões pré-estabelecidos (Maia,
2007, p. 129).
imposta pelo sistema da escola. Inserido neste contexto, fui percebendo que
mentalmente já passaria a elaborar um plano de ensino que atendesse os objetivos
de um trabalho significativo à pesquisa, e que estivesse próximo ao planejamento e
a orientação pedagógica da escola. O próximo passo se daria diante da minha
apresentação à turma do sexto ano.
Antes de partirmos para a nossa primeira aula prática, solicitei aos alunos que
entregassem os termos de autorização à pesquisa aos seus responsáveis,
explicando os termos necessários não só aos alunos, como também aos
coordenadores da escola.
nos jogos, esperando que pudesse capturar suas reações e falas, tanto no decorrer
da aula, como em suas reflexões feitas nos últimos 10 minutos de cada encontro
onde, individualmente, cada aluno apontaria suas impressões diante das vivências
através das suas escritas ou figuras.
Para isso, distribuí um caderno para cada aluno definindo-o como Diário da
EF. Tal instrumento de pesquisa, proporcionou uma análise mais apurada ao partir
de quatro perguntas norteadoras baseando-se num pequeno questionário aberto as
quais me permitiram explorar seus entendimentos relacionados as suas ações.
Assim, procurei lançar as duas primeiras perguntas: O que você pensa sobre
as aulas de EF? e Quais atividades você mais gosta de fazer nas aulas de EF? logo
no inicio do estágio, buscando identificar o que esses alunos pensavam a respeito
das aulas de EF solicitando, ainda, que apontassem o tipo de atividades que mais
gostavam de fazer. Baseado nesse registro, repeti essas duas perguntas ao término
do estágio comparando seus olhares diante das diferentes formas de atividades
propostas para serem realizadas pela turma.
Já as duas últimas perguntas: Qual jogo você mais gostou de realizar? e O
que você sentiu no jogo competitivo e no jogo cooperativo? Eram lançadas no final
de cada aula buscando coletar informações sobre seus gostos diante de certos
jogos e que tipo de sentimento foram despertados diante de tais vivências. Assim
cada aluno era individualmente estimulado a escrever e ou a sinalizar com figuras o
que pensavam e sentiam, refletindo sobre alguns aspectos positivos e negativos
representado em seus gestos e atitudes em meio aos jogos.
Dessa forma, devido à proposta de alternância no formato dos jogos, os
alunos foram apontando diferentes reações, não só apresentadas por seus colegas
ao longo das práticas, como também se identificando com alguns aspectos
favoráveis a mudança de comportamento tanto individual quanto coletivo.
Tais informações foram processadas valorizando a escrita original e demais
percepções resguardando a identidade de cada aluno, identificando-os através da
letra A e do seu correspondente número sequenciado pelo pesquisador (A1, A2,
A3...). A pesquisa foi devidamente autorizada pelos estudantes e seus responsáveis
através da assinatura de um termo de consentimento livre e esclarecido.
A análise das informações produzidas por esse grupo de alunos, pôde ser
interpretada diante da fundamentação apresentada pelas autoras Catalina e Mutti
(2006) permitindo-me trabalhar com a classificação da análise de seus discursos,
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aulas de EF. Através dos jogos e brincadeiras, propus que percebessem alguns
aspectos entorno do seu desenvolvimento baseado nos jogos cooperativos e na sua
pedagogia do esporte até então vivenciada.
- “Penso que é muito legal ainda mais quando agente vai pro pátio.” (A3)
- “É uma aula sobre fazer esporte e educação física para a saúde.” (A4)
- “Eu gosto, mas o que me dá mais nos nervos é o caçador. Não gosto, tenho
medo da bola e não sei arremessar direito.” (A22)
Numa outra expressão apontada, o aluno A4, ressaltou mais uma das
diversas importâncias encontradas nas aulas de EF, destacando a saúde, que
também pode ser bem mais discutida, por valer-se como uma abordagem a ser
trabalhada na escola em prol do desenvolvimento humano. Tal afirmação, mostrou-
me que a abrangência desta área do conhecimento me possibilitaria atuar através
das diversas formas e expressões da linguagem corporal dos alunos. Assim, fui
buscando confirmar alguns resultados possíveis de serem alcançados diante das
indicações encontradas nos Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), quando se
refere à amplitude dos conteúdos existentes na EF, sugerindo que o professor tem a
sua disposição várias possibilidades de trabalhar com a construção do saber.
Assim, passei a considerar, ainda mais a ideia de se potencializar o olhar
destes alunos em prol de um desenvolvimento que contemplasse, não só o seu
repertório motor, como também suas atitudes em relação aos seus comportamentos
provocados por outras vivências.
Mas o que chamou mais atenção foi o fato de repetidamente, perceber em
suas escritas, que apesar de gostarem das aulas, definindo-as como legais e
divertidas, muitos, sinalizaram também como cansativas e repetitivas. Estas escritas
causaram-me uma certa, estranheza, pois lembro que quando criança,
procurávamos curtir e vivenciar o máximo possível os jogos realizados na rua e em
outros locais. Eu e meus amigos, não percebíamos o tempo passar, pois naquele
momento, imersos ao prazer, a alegria e a diversão, construíamos dentro do nosso
espaço, um outro universo, levando a brincadeira até tarde, não sendo interrompida
pelo tédio ou cansaço, mas sim pela mãe de algum colega que iria ser, desta vez,
conduzido para casa, pelas orelhas.
Nesse sentido, o jogo quando atrai verdadeiramente o aluno, cerca- o de tal
maneira que, ao atuar intensamente seu corpo parece ser reenergizado pela
emoção e o prazer ao ser desafiado constantemente pelas formas de se jogar,
motivando-o a marcar ainda mais sua presença em tal vivência.
Outro aluno apontou uma preferência, muito comum, a favor de um conteúdo
que vem sendo muito difundido como método pedagógico nas aulas de EF destes
alunos. Sua referência ao esporte reflete o olhar da maioria, e indica que, esta
turma, esta habituada ao convívio com o jogo, mesmo esse se resumindo aos seus
métodos contínuos e fechados praticados em suas modalidades esportivas.
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Ao perceber que os alunos estão cada vez mais focados num sentido único
traçado pela competição, uma das melhores fases das suas vidas, acaba, por ser de
certa forma, reprimida. Por considerar a infância como uma das mais belas fases do
ser humano, na qual a vida é envolta em seu aspecto mais puro, a criança, toma,
frente a essência natural dos seus gestos, o brincar como o seu compromisso mais
valioso. Independentemente do lugar ou do modo que se constitui seu meio familiar,
ela desenvolve, nesse ambiente, seu laboratório de experiências absorvendo
informações, registrando seus sentidos através da escuta, da observação e do
contato com objetos ampliando, assim, seu repertório motor e cognitivo.
Diante de tamanha fonte de oportunidades apresentadas em um mundo de
infinitas possibilidades, a criança, através de seu universo paralelo e lúdico, promove
seu próprio jogo de ações e que de acordo com suas formas, regras e verdades são
facilmente envolvidas pela magia da brincadeira. Nesse contato com um mundo
ainda considerado novo e inexplorado a sua disposição, produz e alimenta
expectativas que deveriam ser atendidos tanto dentro como fora do ambiente
escolar.
Seu anseio por novas descobertas marca o início da sua relação com o
mundo, passando a ser conduzida já nos seus poucos anos, de maneira revestida e
interiorizada profundamente conforme as exigências de um mundo cada vez mais
definidor do ser social.
Tais descobertas feitas inicialmente fora dos muros da escola passam a ser
instrumentalizadas, na maioria das vezes, pelo caminho da competição, parecendo
não estimular um número significativo de seus praticantes quando se resume a
métodos que valorizam somente o bom chute, o passe ou arremesso, fazendo da
repetição do seu gesto uma única forma de desenvolver o aluno.
Diante das observações feitas, antes do inicio à pesquisa, percebi que em
muitos momentos, o jogo estava a serviço somente da individualidade, do ser o
melhor, gerando discussões e agressões verbais e físicas. Fatos que causavam o
distanciamento daqueles que tinham medo de errar ou de interagir diante de uma
prática intensa, tendo como consequência a limitação do prazer ao seguirem uma
regra que ia esgotando não só a vontade dos demais tidos como descoordenados
ou lentos.
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Frente a sinalização, da maior parte da turma, pelo gosto por esportes tidos
tradicionais na escola, salvo outras atividades como caminhada e o jogo do caçador,
que parece, também, ao longo do tempo, consolidar sua tradição no espaço escolar,
houve ainda a lembrança de umas das brincadeiras tradicionais de infância
denominada Pega Pega.
Suas indicações me auxiliaram a perceber que esses alunos foram sendo
envolvidos de várias formas e por um longo período das suas vidas ao esporte,
sendo natural as suas escolhas por tal conteúdo, destacando os mais citados como
sendo o Futebol e o Handebol.
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Neste jogo, o objetivo é capturar os coletes presos ao corpo dos seus colegas, só pode usar
1
a mão para retirar o colete do outro, não pode segurar o seu. O pique salva, mas, não por muito
tempo. Vence quem ficar com mais coletes.
2
Neste jogo, os alunos divididos em dois times deveriam conquistar a bandeira(bola)
colocada em cada área. Ao avançarem para o outro lado da quadra, os alunos não poderiam ser
tocados, caso isso acontecesse sairiam do jogo. Alcançando a bandeira deveriam trocar passes sem
deixar a bola cair tendo que se deslocarem sem a bola, tendo o cuidado para não serem capturados
pelos colegas do outro time que deveriam impedir que a bandeira saísse do seu território.
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O jogo começa com os alunos salvos nas duas áreas da quadra enquanto o caçador
aguarda o sinal no centro. Cada aluno tem a missão de atravessar a quadra sem ser pego, caso seja
tocado, formará uma corrente humana que não pode ser rompida, estando juntos e com as mãos
dadas até alcançarem o ultimo colega.
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Neste jogo os alunos deveriam atuar em duplas, cabendo na primeira parte, esticar um
colete com as suas mãos, suspendendo e equilibrando a bola até a área demarcada pelo jogo. Em
seguida, deveriam marcar o local com a bola e voltar em direção fila, liberando a próxima dupla. Na
segunda parte, o desafio era conduzir entre trios um colega para ficar na marcação, identificando a
través da cor do dos seus coletes as linhas, completas, para a finalização do jogo.
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-“Sim, porque são legais e divertidos e é uma coisa para aprender e brincar”
(A3)
-“Eu acho que a aula além ensinar alguma coisa aos alunos, nos divertiu.”
(A20).”
-“Sim, é um mais legal que o outro é muito maneiro e cada um tem um jeito de
jogar é muito legal e maneiro” (A18)
Diante destas falas, os alunos através das atividades propostas, puderam ser
atraídos pelas variações apresentadas em simples jogos, promovendo o
conhecimento e a participação através da diversão encontrada nessas brincadeiras.
Dessa forma, destaco este último comentário, realizada pela aluna A13, que
me marcou, diante do seu comportamento notado logo no início das nossas
atividades. Devido ao clima de tensão em relação às atividades as quais estavam
acostumadas a praticarem, a aluna, não conseguia se envolver nem com ao jogo
nem com seus colegas, sendo isto uma consequência de alguns problemas e
conflitos referidos por Soler (2005) diante da constante exigência da preocupação
com o resultado final em se movimentar de forma certa, em ser o melhor.
Ao inibir a participação dessa aluna, através da mesma e contínua prática
observada em momentos anteriores, desconsiderava-se a alegria e o prazer diante
de uma interação nova que pudesse estimular outros sentidos. Dessa forma, passei
a considerar ainda mais os apontamentos de Soler (2005) ao afirmar que “quanto
maior for a parte da vida de uma criança envolvida com Jogos Cooperativos, mais
ela aceitará a cooperação, e mais ainda estará disposta a cooperar tanto no jogo da
escola quanto no grande jogo da vida (p. 48).”
Esta aluna mostrou que, ao atuar através do jogo cooperativo, houve um
despertar não só da sua participação como do seu senso crítico, mostrando-a que
esses formatos de jogos cooperativos praticados pela turma, eram acessíveis e
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poderiam servir para superar algumas das suas dificuldades. De todo modo, esta
aluna conseguiu ser atravessada pelos jogos e brincadeiras que, ao que tudo indica,
se fossem mais disseminados nas aulas de EF poderiam ajuda-la, ainda mais em
seu desenvolvimento.
Através dos relatos dos estudantes, os Jogos Cooperativos podem ser vistos
de outra forma em relação a competição trabalhada na escola, reafirmando o
posicionamento de Darido (2001) ao apresentar os Jogos Cooperativos como uma
nova tendência na Educação Física e afirma que eles “se constituem numa proposta
diferente das demais (p. 8).”
Assim, diante do que foi observado, há a necessidade de se promover uma
aproximação dos Jogos Cooperativos com os esportes, que vem marcando a
atuação desses alunos através de um formato único de jogo, levando- os a agirem
de uma forma cada vez mais individualista, competitiva e menos solidária não
abrangendo, ainda, uma ampla diversão entre todos.
Dessa forma, optei em seguir os direcionamentos de Brotto (2002), o qual
propõe uma mudança para tornar o esporte menos competitivo e excludente,
descrevendo a importância de se fomentar as características de uma ética
cooperativa que se baseei no entusiasmo, na recreação, na liberdade, no respeito
mútuo e na confiança.
Na tentativa de desenvolver a ampliação das suas convivências propus algo a
mais do que uma prática, na qual o professor executa somente a entrega da bola
aos seus alunos, como no tradicional método do largobola, o qual não permite a
participação mais efetiva da turma, nem valoriza as demais capacidades dos seus
alunos.
Dessa forma, acredito que os Jogos e Brincadeiras Cooperativas valorizaram
toda a turma não considerando somente os mais fortes e rápidos, promovendo um
equilíbrio de suas ações, diminuindo o individualismo, a agressividade e
aumentando a participação dos demais colegas.
Nesse sentido, entendo que a relação dos estudantes com jogo deva ocorrer
de um modo lúdico que facilite sua comunicação com seus colegas e com o mundo
lidando com os sentimentos que vão surgindo naturalmente através das suas
participações nos jogos.
Assim, estimulando o gosto pelo jogo, os alunos vão assimilando de gestos e
atitudes que os fazem quererem ampliar a sua busca por outras diferentes vivências,
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o que não pôde ser visto no início das práticas, pois muitos alunos carregavam o
medo traduzido pela ideia de fracasso em não saber dar um passe ou conduzir uma
bola.
Quando os estudantes estão bloqueados por esse tipo de barreira, devemos
lembrar que uma das finalidades do jogo, seja qual for o tipo de manifestação, o
propósito é segundo Freire (2009) desfrutar da “oportunidade de conviver
intimamente com as coisas do mundo, de modo a torná-las próximas de nós, mais
conhecidas, menos amedrontadoras(p.107).” e a partir de seu uso, essas barreiras
passaram a ser superadas, através da aproximação dos alunos com os jogos e
brincadeiras cooperativas, resgatando o aprender através da diversão.
Diante desses e outros formatos de jogos, houve um maior interesse e
participação durante as vivências, que segundo seus discursos, foram diferentes,
alegres e atrativas.
5.2. Buscando sua Interação:
Ao considerar a interação como um dos elementos fundamentais ao
desenvolvimento humano, propus aos alunos atividades que possibilitassem ampliar
o contato, o convívio, o trato e a comunicação através de uma atitude participativa.
No começo das atividades, notei que parte considerável destes alunos se
recusava a realizar as práticas que exigiam mais movimentação, habilidade e
controle de bola, identifiquei também a omissão em boa parte da turma.
Junto a isso, percebi que estes alunos já estavam habituados a andarem em
grupos fechados, mostrando certa resistência em interagir com diferentes colegas,
sinalizando algumas barreiras a serem superadas na busca do seu aprendizado.
Este momento, fez com que me obrigasse, ainda mais, a apresentá-los aos
jogos cooperativos de modo a estimulá-los a desenvolverem o saber através do
reconhecimento das diferenças encontradas em seus colegas. Assim, fui
apresentando algumas brincadeiras e jogos a esta turma, de modo a tentar atrai-los
através de um conteúdo diferente, pois segundo Fernández(1990) “ao negar-se a
aprender ou a rejeitar a aprendizagem a criança se negará a participar do seu
processo de desenvolvimento, o que dificultará, cada vez mais, as assimilações no
processo educativo(p. 51).”
30
5
Neste jogo os alunos distribuídos entre quatro territórios próximos, deveriam procurar alvejar
com a bola, o colega estrangeiro do outro território de modo a tira-lo do jogo. Aquele aluno que
ficasse na quadra sem ser acertado, eliminando o máximo de colegas, seria o conquistador de todos
os territórios.
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Nesse jogo, atuado em dois times, os alunos trocarão passes sem conduzir a bola,
enquanto isso, dois alunos de cada equipe, segurando um arco, transitando somente pela linha do
fundo da quadra. Todos defendem e atacam, porém quem deixar a bola cair ou errar o passe sai do
jogo.
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Neste jogo os alunos distribuídos em quatro territórios próximos, deveriam procurar alvejar
com a bola o colega estrangeiro do outro território, de modo a trazê-lo para o seu lado, tornando-o um
apoiador na troca de bola, ampliando o seu espaço de atuação com a ajuda dos novos companheiros.
Ao final, todos os alunos teriam conquistado juntos, o mesmo território.
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Nesse jogo, onde todos jogam juntos para superar um desafio em comum, focando
numa meta coletiva, houve uma maior aproximação dos alunos, que tinham como
única missão não mais eliminar seus colegas, mas sim, trazê-los para o seu espaço,
de modo a trocarem passes para aumentar o seu grupo de ajuda, trabalhando
cooperativamente, auxiliando uns aos outros para que no final, todos se tornassem
conquistadores de um único território.
Assim, acredito que os alunos alcançaram outro olhar frente a esse jogo, o
qual fez com que a consideração com o colega fosse outra. Passou a ser notada a
ajuda mútua, a colaboração em passar a bola e a consideração entre as diferentes
habilidades em prol de um melhor desenvolvimento do jogo, como notado nas
expressões apresentadas pelos alunos a seguir:
- “Gostei do Território Cooperativo por que é importante jogar com o colega, o
A5 me ajudou a me posicionar” (A 21)
- “No jogo da Conquista do Território Coop. gostei por que ensinou agente a
conhece nosso colega não sabia que a A12 jogava sor” (A6)
Tais aprendizagens se aproximam à ideia apontada por Correia (2004) o qual
defende que a EF escolar, ao trabalhar com os Jogos Cooperativos, produzem
espaços e momentos em que as crianças aprendem a pensar e agir uns com os
outros. No mesmo sentido, Lopes(2008) ressalta que “conceber o Jogo Cooperativo
é entender o jogo tendo com forma de desenvolvimento a participação de várias
pessoas, resgatando valores que vão muito além dos jogos(p.13).” mostrando nos
que tais valores podem ser usados para buscar a igualdade e a justiça com o grupo
aplicando num contexto mais amplo.
Em meio a outras atividades propostas, continuei a notar as mudanças de
atitude nesses alunos, que diante da sua confiança, passaram a superar seus
medos junto a outros desafios, sendo possível comprovar através da vivência de um
jogo cooperativo adaptado a uma tradicional brincadeira de rua, chamada Stop 1,2,3
Cooperativo8 e do Jogo da Velha.
Esses jogos fizeram com que os alunos superassem desafios em comuns, focando
numa meta coletiva, onde todos deveriam tocar e passar, se deslocando através das suas
posições, adquirindo mais confiança ao se aproximar de seu colega, despertando
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Nesse jogo, os alunos deveriam se distanciar o máximo possível daquele que estivesse de
posse da bola, este iria formar uma espécie ponte, dando três passos em direção colega que tivesse
a mesma cor de seu colete, caso não conseguisse toca-lo poderia passar a bola para que o mesmo
desse continuidade até chegar ao alvo.
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outros sentidos como sendo claramente observado pelas ações e pela escrita de
A17 o qual apontou que “Hoje eu e minha turma jogamos stop 1,2,3 e foi incrível,
teve que ter cooperatividade, confiança e coordenação. O jogo da velha cooperativo
foi legal mas com o meu problema na perna fica difícil correr mas isso não me
atrapalhou porque sou monstro!”
Foi visto, ainda, a capacidade de envolvimento e participação desses alunos,
diante de alguns jogos desconhecidos e que foram recriados por mim, chamando
atenção desses alunos ao despertar outros gostos diante da transformação destes
jogos, onde A6 afirma“ Gostei muitíssimo do Handemaluco mas adorei o Passe em
Trio9 achei muito diferente por que nunca tinha ouvido falar.”
Durante a prática dos Jogos Cooperativos, fui percebendo que eles já
estavam jogando com menos receio, ajudavam mais os companheiros do time,
somando conhecimentos em vários momentos. Sua interação passou a ser
fortalecida através da aceitação das suas diferenças representada pelo interesse de
uma maior aproximação com seu até então distante colega. O que pôde ser notado
nas escritas de alguns alunos, no momento em que foram perguntados se,
gostariam de vivenciarem mais Jogos e Brincadeiras Cooperativas em suas aulas de
EF.
Seus comportamentos baseados em suas atitudes já apontavam para uma
ampliação dos seus olhares, mostrando o início de um caminho favorável a uma
outra perspectiva de aula, baseada nos encontros desses alunos com saber
vivenciado a partir dos Jogos Cooperativos, fortalecendo suas capacidades de
interação como demonstradas em suas respostas:
- “Sim, porque é bem divertido praticar várias brincadeiras com os colegas e é
tão bom estarmos todos unidos.” A19.
- “Sim porque tem o melhor professor e os melhores jogos porque eu gostei
dele foi porque o sor jogou com a agente ele nos ajudou e todos nós jogamos” A7.
5.3. Quanto a Socialização:
9
Os alunos em duplas terão que trabalharem juntos ao conduzir uma bola suspensa por um
colete através de um mine circuito devendo se auxiliarem nas dificuldades encontrada durante o
percurso, tendo em sua etapa final um terceiro colega segurando um arco que receberá a bola
lançada por essa dupla.
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Neste jogo cooperativo, divididos em dois times, os alunos trocariam passes sem conduzir
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a bola, enquanto isso, dois alunos de cada equipe, vão transitando pelas linhas da quadra segurando
um arco de modo a ajudar seus colegas. Assim todos podem defender e a atacar, tendo um coringa
em cada lado, que jogará anulando um colega de outro time, marcando-o com um arco, liberando
também o seu companheiro. Quem acertar a bola do arco é convidado a passar para o outro time.
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Neste jogo os alunos deveriam ocupar os espaços vazios marcados pelos arcos
espalhadas pela quadra, onde através do comando, cada um deveria se posicionar dentro do seu
arco. Com o passar das rodadas, os participantes iam sendo eliminados pela escassez dos os arcos
no jogo.
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Esse momento me fez constatar que esses alunos, já estariam rumando por
um caminho favorável a uma aceitação e compreensão sobre os valores
desenvolvidas em nossas praticas, nesse caso, a solidariedade despertada nos
jogos, foi fundamental vindo a proporcionar aos alunos, um olhar mais amplo,
direcionado tanto para si quanto para o seu grupo, passando a se considerarem
seres humanos igualmente valiosos.
Esse olhar auxiliou os alunos a se valorizarem como um todo, ajudando-os a
entenderem que em nossos encontros não estaríamos somente trabalhando com a
formação do corpo, e sim, fazendo das experienciais obtidas através de atividades
de cunho competitivo e cooperativo um avanço nas suas relações sociais, vindo a se
alinhar ao estudo apresentado por Vieira, (2007).
Dessa forma, notei que estas aproximações estavam se dando pela
motivação de estarem atuando juntos na descoberta da melhor forma de se jogar e
brincar cooperativamente diante dos tipos variados de jogos. Isso fez com que
despertasse seus entusiasmos, aumentando suas motivações por outros jogos
cooperativos, como notado na escrita de A18, ao ser perguntado se gostaria de ter a
oportunidade de continuar aprendendo com os jogos ele respondeu: “Sim, é um
mais legal que o outro é muito maneiro e cada um tem um jeito de jogar é muito
legal e maneiro”
Dessa forma, alunos foram superando as desconfianças e os afastamentos
interagindo sem medo e hostilidade, produzindo risos e muito cuidado com a
integridade de cada um. Passaram a reconhecer que suas diferenças físicas ou de
habilidades serviriam para alcançar a melhor forma de jogar-brincar. Como foi
observado por A22 que apontou na sua escrita“ Uau você se superou tio, gostei do
jogo da Velha Cooperativo!!! Amei os jogos me diverti demais. Quero jogar mais
vezes. A 18 é bem leve KKK, Ninjas são as melhores, senti muita alegria, amei os
jogos.”
5.4. Em Relação à Afetividade:
Um dos aspectos a serem considerados como fundamentais nesta pesquisa,
e que passou a ser enxergado e trabalhado de uma maneira mais ampla a partir do
encontro dos alunos com os Jogos e brincadeiras, foi a afetividade.
Durante a variação dos jogos Competitivos e Cooperativos, o aluno, envolto
as suas ações lúdicas, foi descobrindo outros espaços, fantasias, regras e valores,
passando a favorecer o aprimoramento da sua sensibilidade interna em prol da sua
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Handecône Competitivo12, o qual tinha como objetivo fazer com que seus
participantes trocassem passes com a bola buscando acertar os cones espalhados
pela quadra, onde quem deixasse a bola cair ou errasse um passe, sairia do jogo.
Isso fez com que os alunos mais habilidosos procurassem sempre os
mesmos jogadores desconsiderando os demais colegas. Dessa forma, os contatos
entre aqueles que gostariam de também jogar, passaram a se resumir a uma forma
brusca de pagar a bola ou de encostar no colega, promovendo uma comunicação
baseada no uso de palavrões e xingamentos, vindo a inflamar outros
comportamentos negativos.
Estando ou não no mesmo time, uma quantidade de alunos influenciavam os
comportamentos dos demais, disparando, assim, diversas formas de violência
perante a turma. Como descrito por A9 neste jogo, “Queria jogar mais os guris não
passavam a abola e brigavam com quem queria jogar, o A14 tava roubando.”
Sendo também significativa a fala de A7, após experimentar a competição
neste jogo “Achei legal. Briguei com o A6 porque tava roubando e já tinha me dado
duas, ele sempre faz isso.”
Neste momento, percebi que um número significativo de alunos gostariam de
intervir mais no jogo, porém não tinham a chance de tocar na bola porque um de
terminado grupo de alunos já havia estabelecido uma preferência por quem poderia
jogar melhor para cumprir a meta. Isso fez com que o nível de cobrança aumentasse
entre os seus colegas. Como muitos focavam, exclusivamente, no acerto do alvo,
numa corrida desenfreada para vencer, deixavam de lado as regras, causando um
maior atrito entre seus contatos.
O nível competitivo imposto por esses alunos despertou, neste momento,
comportamentos desfavoráveis a sua formação mais ampla, ao basearem seus
gestos a partir da individualidade, agressividade, incentivando tentativas imorais
como trapacear ou de preconceito com as limitações e diferenças aos seus colegas,
junto a quebra das regras estabelecidas
Isso foi capaz de mostrar que a competição justifica cada vez mais sua
presença ao se alinhar ao fato de se viver em uma sociedade densamente
sobrecarregada por problemas éticos e morais, alimentados por suas diferenças
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Jogo com duas equipes em quadra, cada uma tem que defender a atacar os cones
espelhados pela quadra, não pode conduzir nem deixar a bola cair, acontecendo, vai para a reserva,
só retornando quando o seu colega acertar o cone.
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Neste jogo os alunos distribuídos entre quatro territórios próximos, deveriam procurar
alvejar com a bola, o colega estrangeiro do outro território de modo a tira-lo do jogo. Aquele aluno que
ficasse na quadra sem ser acertado, eliminando o máximo de colegas, seria o conquistador de todos
os territórios.
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Este foi um momento emblemático, pois pude perceber que A12, aquele
aluno, que sempre estava envolvido em algum tipo de atrito e que me caçava com
os seus olhos sempre no inicio das aulas à procura de uma bola para o seu futebol,
e que também desviava o olhar quando tinha ciência que estava exagerando em
seus gestos, estaria começando a ajudar mais os seus colegas fazendo da sua
comunicação uma forma de incentivo, se colocando nesse jogo, atrás dos seus
colegas de modo a orientá-los, só que dessa vez sem empurrões ou atitudes
agressivas.
Outro relato sobre a mesma atividade foi do estudante A7 que no mesmo jogo
achou “Mais legal, tive que ajudar as gurias, foi massa, elas me salvaram, gostei da
A 23, ela foi junto comigo e ninguém brigou.”
O que pode ser notado diante do jogo do Túnel Cooperativo15, no qual o aluno
A12 percebeu que as dificuldades encontradas nele e em seus colegas poderiam
ajudar na aproximação e no cuidado com os outros ao apontar que o jogo foi “legal,
tava difícil de jogar, todo mundo próximo, gostei um cuidou do outro para não se
machucar , comecei a gostar de jogar com a A17, ela é maneira.”
Quando perguntados quais jogos mais gostaram de fazer, pude constatar uma
vasta preferência diante das variedades de jogos a eles oferecidas, mostrando que
15
Neste jogo os alunos formam uma fila dupla, de frente um para o outro, suspendendo um
colete com as duas mãos. A primeira dupla parte do fim da fila, elevando o colete acima dos seus
colegas sem deixar cair a bola, fazendo com que o demais da fila se agachem para a sua passagem.
Durante o circuito, as duplas têm que atuarem de forma dinâmica, ajudando-se ainda, mais, no
momento do arremesso à sexta improvisada.
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os alunos estão sempre abertos a novas experiências, mesmo que algumas dessas
se resumam a simples adaptações aos jogos e brincadeiras tradicionais como:
Pega-Pega, a Dança dos Bambolês, Jogo da Velha, Stop 1,2,3, Pega a Bandeira,
Caçador em Corrente, Túnel Cooperativo, Conquista do Território, Handecône e
Handemaluco. Tais experiências aproximaram os alunos aos aspectos tidos como
fundamentais para Blanco (2007) quando se trabalha com os jogos cooperativos,
alcançando a empatia, a estima e a alegria de se aprender jogando.
Diante dos outros formatos de jogos seguintes o medo, foi perdendo lugar para a
curiosidade e a vontade de querer passar mais tempo experimentando as sensações geradas
pela transformação não só dos jogos e brincadeiras como também do seu modo de enxergar
sua relação com o colega.
- “Acho bem divertidas e adorei ter essas experiências com essas aulas, vou
leva-las para a minha vida inteira.” (A19)
Seguindo o relato do aluno A6, não é sempre que o professor consegue manter uma
relação próxima com seus alunos, o que acredito ter sido possível devido a construção do
conhecimento realizado junto aos estudantes, sendo somente um mediador, não impondo ou
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-“Sim, porque são legais e divertidos e é uma coisa para aprender e brincar.”
(A3)
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS:
e honesta, este trabalho teve a iniciativa de soltar as primeiras sementes num solo
pouco revirado por outras ferramentas, contudo mostrou ser, comprovadamente, um
terreno rico e fértil ao desenvolvimento humano.
Entendo ser necessário, nas aulas de EF, apresentar aos nossos alunos os
mais variados sentidos carregados pelos jogos, não menosprezando aspectos de
um em detrimento de outro. Ao conhecerem a riqueza do seu conteúdo, poderão
identificar os aspectos necessários a sua formação e, que diante do seu contexto
social, possam vir a colocar em prática tanto atitudes solidárias e de respeito como
habilidades que fomentem sua cultura do movimento.
7. BIBLIOGRAFIA:
após Intervenção pedagógica. Ver, Bras. Ciências Esporte, v.22, n.3, p. 117-136,
2001.
PIMENTA, S; LIMA, Lucena. Estágio e Docência. 2.ed. São Paulo: Cortez, 2004.