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Análise crítica de Óculos-de-sol Ray-Ban “Aviator”

Histórico:

O ano de 1930 foi marcado por bastantes avanços tecnológicos em termos de aviação. Os novos
aviões desenvolvidos nesta época permitiram os pilotos voarem mais alto, mais rápido e mais
longe, porém surgem novas necessidades e desafios nesta era da conquista do céu. Vários
pilotos da força aérea norte-americana reportaram que a luz do sol provocava dificuldades de
visão, extremas dores de cabeça e doença de altitude, por vezes mortal. Aqui se encontra o
cerne da criação dos Óculos-de sol “Aviator”.

Criados em 1936 por Bausch & Lomb, os óculos-de-sol “Aviator” protegiam os olhos dos pilotos,
daí o seu nome, rapidamente substituindo os óculos de voo até lá usados pelo exército norte-
americano, uma vez que, no seu design, eram mais leves, finos, cobrindo o alcance todo do olho
humano, sendo que não permitia a entrada de luz por qualquer ângulo, e, por fim, um design
muito mais elegante. Eventualmente, em 1937 estes óculos foram registados com o nome “Ray-
Ban”, com a direta tradução de “Banir Raios”.

Durante a Segunda Guerra Mundial desenvolvem a tecnologia da lente gradiente, sendo esta
revestida na parte superior para maior proteção contra os raios UV, a parte inferior, não revestida,
permitia aos pilotos uma visão clara do painel de controlo dos aviões

Quando o General Douglas McArthur pisa


o solo das Filipinas, durante a Segunda
Guerra Mundial, foi fotografado por
diversos jornais usando os seus Ray-Ban
tornando-se uma imagem ainda hoje
icónica e duradoura da Segunda Guerra
Mundial. A partir deste momento, os
“Aviators” ficam intrinsecamente ligados à
imagem de patriotismo, de heroísmo e de
vitória.

Depois da Segunda Guerra Mundial, tornaram-se


imensamente populares com o público geral, marcando
toda a moda da década de 50 e 60. Nestes anos
desenvolveram-se cerca de 50 tipos diferentes de Ray-
Ban, quer para homens, quer para as mulheres e
crianças. Com preços acessíveis, os óculos dominaram o
mundo todo, vários atores de Hollywood, tal como James
Dean e Audrey Hepburn, propagaram a imagem de sex-
appeal com estes óculos, tornando-se cada vez mais um
produto imensamente procurado, e consequentemente
ficando mais caro ganhando um estatuto de luxo e de algo
clássico que nunca sai da moda, prolongando-se aos dias de hoje. Foi uma rápida transição de
um objeto de design funcional para um objeto de moda marcado pela aspiração ao heroísmo de
todos os pilotos que ajudaram na vitória dos aliados na Segunda Guerra Mundial.

Análise Crítica, no âmbito dos 10 Mandamentos de Dieter Rams:

Os Óculos-de-sol Ray-ban “Aviator” foram extremamente inovadores para as necessidades da


época, permitiram o corpo humano acompanhar a destreza da mente de querer voar mais alto,
sendo útil para não só os pilotos, mas também para o público em geral, que conduz, joga golf,
pesca, entre outros.

É rigoroso em termos de design, a sua lente gradiente alimenta as necessidades de um piloto


que precisa de não só estar atento ao céu à sua frente imediata, mas também ao painel de
controlo que se encontra no inferior do vidro.

Devido à sua utilidade, às conotações simbólicas deixadas pelas ações dos pilotos norte-
americanos na Segunda Guerra Mundial, ao uso de Ray-Ban por parte de figuras icónicas de
Hollywood, tudo isto permitiu que o seu design se tornasse duradouro e não descartável. A
produção de diversos modelos para além do “Aviator” permitiu que houvesse um formato, uma
cor, uma “vibe” para qualquer tipo de pessoa. Mas, mesmo assim o estilo “Aviator” é dos mais
usados, vistos e vendidos mundialmente. Toda a gente conhece alguém que tem uns “Aviator”.

A sua inovação, a sua qualidade, o seu conforto, o seu formato icónico, tudo faz com que estes
óculos sejam intemporais, clássicos, consequentemente é esta a razão porque imensas pessoas
mundialmente famosas, que geralmente são influenciadas por modas momentâneas, não
larguem os Ray-Ban “Aviator” da cana no nariz no século XXI.

Conclusão e Observações:

Criado há quase 100 anos atrás, os Ray-Ban “Aviator” mantêm-se presentes no nosso dia-a-dia,
como um objeto de design clássico e intemporal. Um design único para todos, preenchendo as
faces de alguém que caminha connosco na rua até ao Joe Biden que parece recusar-se de
mostrar os seus olhos ao mundo. Sempre que os pomos nos olhos encarnamos um momento da
história, viramos personagem principal. De repente o mundo à volta torna-se na janela de um
avião, ou uma passadeira vermelha, ou tudo se metamorfoseia em preto e branco e rodeamo-
nos de luxo de glamour.

A sua carga simbólica e emocional é uns dos principais motores para a compra e fruição destes
óculos. Por isto mesmo, várias marcas de luxo, como Gucci, Armani, Miu Miu lançaram as suas
próprias recriações destes óculos-de sol para poderem, também, atrair mais público à compra
nas suas lojas.

Ray-Ban moldou a cultura popular a nível mundial, apesar de haver réplicas por parte de outras
marcas, esta mantem-se firme no seu lugar e na mente das pessoas. E agora, quase um século
depois da sua invenção, acompanha, também, os pilotos que cada vez voam mais alto e mais
rápido.

Inês Oliveira

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