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SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO DO AGRONEGÓCIO

JONIELSON DA SILVA PIRES

ANÁLISE DA AÇÃO DO FITOHORMÔNIO ETILENO NO PROCESSO DE


AMADURECIMENTO DA BANANA PRATA (Musa sapientum)

Macapá – Amapá
2024
JONIELSON DA SILVA PIRES

ANÁLISE DA AÇÃO DO FITOHORMÔNIO ETILENO NO PROCESSO DE


AMADURECIMENTO DA BANANA PRATA (Musa sapientum)

Trabalho de Produção Textual Interdisciplinar


Individual apresentado como requisito parcial para a
obtenção de média semestral na Atividade Prática.

Macapá – Amapá
2024
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 3

2 JUSTIFICATIVA........................................................................................................4

3 DESENVOLVIMENTO..............................................................................................5

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................11

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................12
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1 INTRODUÇÃO

De acordo com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) (2011), a


banana é uma fruta bastante popular em todo o mundo, tendo como provável origem
o sudeste da Ásia. Seu cultivo ocorre em mais de 122 países com clima quente-
úmido, ocupando aproximadamente nove milhões de hectares. O Brasil é o segundo
país com maior produção do fruto, com estimativas anuais de mais seis milhões de
toneladas. Seu cultivo é realizado em todos os estados, com destaque para São
Paulo, Bahia, Pará, Santa Catarina, Minas Gerais, Pernambuco e Ceará. Apesar de
ser um grande produtor, apenas 3% do total é exportado, enquanto 97% da
produção é utilizada para abastecimento interno.
Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) (2012),
a produção de banana é de grande importância econômica e social brasileira, pois
os frutos são altamente valorizados por suas propriedades nutricionais e medicinais.
As bananas são ricas em carboidratos e água, com baixos teores de proteínas e
gorduras. Além disso, contêm vários nutrientes importantes, incluindo potássio,
sódio, magnésio, fósforo, vitamina C, A, B2, B6, niacina e outros. Na medicina
popular, a banana é recomendada para tratar anemias, constipação, câimbras,
depressão, azia, estresse, hipertensão e outros problemas de saúde.
No estado do Amapá, a produção de banana cresce continuamente. Segundo
o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2022), a produção passou de
40 toneladas em 2004 para 313 toneladas em 2021, o que representa um aumento
de mais de 600% no cultivo do fruto. Também a produção tem apresentado bom
rendimento médio, na faixa de 7800 kg/ha, com valore agregado de
aproximadamente meio milhão de reais alocados na economia local. Além disso, o
fruto tem grande demanda pela população do estado, estando presente em feiras
livres, supermercados e pequenos estabelecimentos comerciais.
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2 JUSTIFICATIVA

Diante da grande importância econômica e social da produção de bananas, é


fundamental entender melhor os processos relacionados ao amadurecimento desses
frutos. Nesse contexto, a elaboração de uma atividade experimental que analise a
ação do fitohormônio etileno no processo de amadurecimento da banana prata é de
grande relevância, pois permitirá compreender melhor os mecanismos envolvidos
nesse processo e identificar possíveis formas de controle e manipulação do
amadurecimento, o que pode trazer benefícios para produtores e consumidores.
Além disso, a atividade teórica e experimental se caracteriza como uma
oportunidade para o desenvolvimento de habilidades e competências relacionadas à
observação, coleta e análise de dados, e à aplicação do método científico na
resolução de problemas no contexto da agronomia.
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3 DESENVOLVIMENTO

De acordo com Jesus (2016), a bananeira é uma planta de crescimento


contínuo que pertence à família Musaceae. É uma planta herbácea que pode
crescer até 5 metros de altura e possui raízes superficiais e fibrosas. O caule
verdadeiro da bananeira é subterrâneo, conhecido como rizoma, e suas folhas se
sobrepõem para formar um pseudocaule denominado perfilhos. A inflorescência da
bananeira apresenta flores masculinas e femininas, e ocasionalmente hermafroditas.
Como a planta não é polinizada, não produz sementes viáveis e é propagada
vegetativamente através do plantio de rizomas.
Segundo a EMBRAPA (2012) e Vilvert (2012), normalmente, as espécies de
banana são classificadas em grupos genômicos, sendo uma denominação utilizada
para as bananeiras com base em suas características genéticas e morfológicas.
Existem quatro grupos genômicos principais de bananeiras: AA, AB, BB e AABB. O
grupo AA inclui as variedades diploides de bananeira, que têm dois conjuntos de
cromossomos. O grupo AB inclui as variedades triploides, que têm três conjuntos de
cromossomos e são as mais cultivadas comercialmente.
O grupo BB inclui as variedades silvestres que não são comestíveis e têm
apenas um conjunto de cromossomos, enquanto o grupo AABB inclui híbridos
produzidos por cruzamentos entre os grupos AA e BB. A classificação em grupos
genômicos é importante para os programas de melhoramento genético de
bananeiras, permitindo a seleção de plantas com características desejáveis, como
resistência a doenças, alta produtividade e qualidade de frutos. No Quadro 1 é
apresentado as principais variedade de banana segundo seu grupo genômico
(EMBRAPA, 2012; VILVERT, 2012).

Quadro 1 – Variedade de banana segundo seu grupo genômico

Grupo Genômico Subgrupo Variedade

AA - Ouro

AAA - Caipira

AAA Cavendish Nanica

AAA Gros Michel Gros Michel


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AAB - Maçã

AAB Prata Prata, Branca, Pacovan

AAB Terra Terra, Pacova, D’Angola

ABB Figo Figo vermelho ou cinza

AAAB - Ouro da Mata


Fonte: Elaborado pelo autor a partir de Embrapa (2012) e Vilvert (2012)

Entre as variedades de banana, a prata tem destaque na aceitação e


comercialização popular, sendo um fruto rico em nutrientes e com grande
disponibilidade no mercado. Normalmente, a banana prata é consumida madura,
onde apresenta aspecto adocicado e textura macia. Mas para chegar a esse estado,
são necessários alguns dias até seu amadurecimento, que é fortemente influenciado
pelo gás etileno, naturalmente produzido pelo fruto (MELO, 2002; SOARES et al.,
2022; VILVERT, 2012).
O gás etileno (H2C=CH2) é um fitohormônio, ou seja, um hormônio vegetal
produzido naturalmente pelas plantas. Esse gás é uma olefina simples com massa
molecular de 28 Daltons, sendo altamente inflamável e suscetível a rápida oxidação,
produzido a partir do aminoácido metionina. Ele é responsável por regular vários
processos fisiológicos, incluindo o amadurecimento dos frutos. Quando a banana
começa a amadurecer, ela libera naturalmente pequenas quantidades de etileno,
que ativam uma série de reações químicas no fruto, resultando na mudança de cor,
textura e sabor (SOARES et al., 2022).
O etileno age sobre os tecidos da banana de várias maneiras. Ele pode
estimular a produção de enzimas, como a amilase e a pectinase, que degradam os
açúcares e a pectina, um componente da parede celular, deixando o fruto mais
macio e doce. Também, o etileno pode aumentar a produção de outros hormônios
vegetais, como as auxinas e as giberelinas, que afetam o crescimento e a
diferenciação celular, bem com, pode afetar a expressão de genes envolvidos no
amadurecimento e na resposta a estresses, como a defesa contra patógenos
(MELO, 2002).
O gás etileno é comumente utilizado na maturação artificial da banana, um
método que acelera o amadurecimento do fruto para que ele esteja pronto para
consumo em um curto período de tempo. Nesse processo, a banana ainda verde é
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exposta a altas concentrações de etileno em ambientes fechados, como uma sala ou


câmara, por um período controlado, o que induz a produção de enzimas que
aceleram a maturação da fruta (SOARES et al., 2022).
Nesse contexto, foi realizado um experimento para verificar a ação do etileno
do processo de amadurecimento da banana prata. A prática foi realizada em uma
residência no município de Macapá, Amapá, onde foram adquiridas duas bananas
pratas em uma feira popular. Uma foi reservada em um recipiente hermeticamente
fechado para promover a concentração do etileno produzido pelo fruto e a outra foi
colocar dentro de um recipiente aberto (testemunha). Os frutos foram observados
durante seis dias, a cada 48 horas, com registro fotográfico do processo.

Fotografia 1 – Início do experimento

Fonte: Acervo do autor (2024)


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Fotografia 2 – 48 horas de experimentação

Fonte: Acervo do autor (2024)

Fotografia 3 – 96 horas de experimentação

Fonte: Acervo do autor (2024)


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Fotografia 4 – 144 horas de experimentação

Fonte: Acervo do autor (2024)

Um dos critérios de observação foi a coloração da casca, sendo utilizado a


escala de coloração proposta por Silva et al. (2006): 1 (verde), 2 (verde-claro), 3
(verde-amarelo), 4 (mais amarela do que verde), 5 (amarelo com pontas verde), 6
(totalmente amarelo) e 7 (amarelo com manchas marrons). Inicialmente, ambas
estavam com a coloração verde-claro, após 48 h a testemunha ainda estava com a
mesma coloração enquanto que a outra estava mais amarela do que verde.
Portanto, somente após 48 horas foi possível observar uma grande diferença
na coloração dos frutos, indicando que aumentar a concentração de etileno, acelera
o processo de amadurecimento. Ao completar 96 horas, ambas estavam amarelas
com pontas verdes e ao fim do experimento a testemunha estava completamente
amarela e a outra amarela com manchas marrons mais evidentes do que a de
controle. Nesse caso, foi possível observar algo interessante, a influência da
temperatura no processo de amadurecimento.
Até as primeiras 48 horas, a banana que tinha maior concentração de etileno
mostrou aceleramento no seu amadurecimento em relação a testemunha, mas a
partir de então a diferença ficou menor, isso, segundo Thompson, Supapvanich e
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Sirison (2019), pode ter sido em decorrência da temperatura. Segundo os autores


temperaturas acima dos 27°C aumentam a produção do etileno, acelerando o
processo de amadurecimento. Como em Macapá, segundo Tavares (2014), a
temperatura média é de 33°C, podendo chegar a 40°C no período menos chuvoso,
pode ter ocorrido uma equiparação da ação do etileno entre as frutas, o que acabou
por acelerar o amadurecimento de ambas.
Mesmo assim, ao final, foi possível notar que a fruta que ficou
hermeticamente armazenada estava com o processo de amadurecimento um pouco
a frente da testemunha, pela maior presença de manchas marrons, indicando maior
ação do etileno no processo. Portanto, foi importante perceber que intervenções
para retardamento ou aceleração do amadurecimento da banana não podem ser
pensadas de forma isolada, sendo essencial levar com consideração outros fatores,
como no caso do experimento, a temperatura.
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A prática experimental que analisou a ação do gás etileno no amadurecimento


da banana prata foi bem sucedida, demonstrando a importância desse fitohormônio
nesse processo fisiológico. Além disso, foi verificado que a temperatura é um fator
importante no planejamento do amadurecimento desse fruto, pois tem a capacidade
de acelerar a produção do etileno, havendo necessidade de um planejamento
contextualizado para a adoção de estratégias de manejo da banana para
armazenamento, tendo em vista sua qualidade para a distribuição e consumo.
Compreender os mecanismos envolvidos no amadurecimento dos frutos é
fundamental para identificar possíveis formas de controle e manipulação desse
processo, trazendo benefícios tanto para produtores quanto para consumidores.
Nesse sentido, é importante ressaltar a relevância do conhecimento científico sobre
o amadurecimento da banana para a melhoria da produção agrícola e para o
desenvolvimento sustentável da sociedade.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA (EMBRAPA). Banana:


500 perguntas, 500 respostas. Brasília: EMBRAPA, 2012.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Produção de


banana no Brasil: Amapá. Brasília: IBGE SIDRA, 2022.

JESUS, C. C. Análise de custos para decisão no cultivo da banana: um estudo


de caso a partir da análise de custo, volume e lucro. 2016. 75 f. Trabalho de
Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Contábeis) – Universidade de Caxias
do Sul, Caxias do Sul, 2016.

MELO, N. F. Introdução aos hormônios e reguladores do crescimento vegetal.


Petrolina: EMBRAPA, 2002.

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL (SENAR). A cultura da


banana. Brasília: SENAR, 2011.

SILVA, C. S. et al. Amadurecimento da banana prata climatizada em diferentes dias


após a colheita. Ciência de Agrotecnologia, v. 30, n. 1, 2006.

SOARES, D. S. et al. Amadurecimento natural e artificial da banana da prata (Musa


sp.). Journal of Education, Science and Health, v. 2, n. 4, 2022.

TAVARES, J. P. N. Características da climatologia de Macapá-AP. Caminhos de


Geografia, v. 15, n. 50, 2014.

THOMPSON, A. K.; SUPAPVANICH, S.; SIRISON, J. Banana Ripening. Science


and technology. Suiça: Spring, 2019.

VILPERT, S. A produção de banana no município de Luís Alves e sua


contribuição para o comércio exterior de Santa Catarina. 2012. 81 f. Trabalho de
Extensão Universitária (Graduação em Agronegócio) – Universidade do Vale do
Itajaí, Itajaí, 2012.

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