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Atos de Significação

Disciplina: Processos Psicossociais.


Professor: Benedito Medrado.
Grupo 2: Adriana Helena, Benjamin
Tavares, Bernardo Nascimento, Heráclito
Ricardo, Luiza Regina, Marcela Lívia,
Millena Herculano e Talita Cordeiro.
Jerome Bruner
Nasceu nos Estados Unidos, em 1915, foi
psicólogo e professor da Universidade de
Harvard.
Liderou o que veio a ser a Revolução
Cognitiva, na década de 1960.
Em uma de suas obras, ele irá afirmar a
necessidade da psicologia cultural e
popular, centralizadas nos signficados
situacionais.
A PSICOLOGIA ANTES DE BRUNER

DISTANCIAMENTO DA DISTANCIAMENTO DA
SUBJETIVIDADE HUMANA PRODUÇÃO DE SIGNIFICADOS

Distanciamento de outras áreas


Principalmente nos Estados Unidos, havia como a antropologia, filosofia e
uma força das ideias que buscavam linguística, ou seja, distanciamento
distanciar-se da subjetividade. dos significados.

VISÃO BEHAVIORISTA E VISÃO


COMPUTACIONAL
A psicologia saiu da premissa de que
deveriam ser estudados os estímulos
externos para a concepção da necessidade
de foco no funcionamento interno. Visão
dicotômica do funcionamento humano.
A TESE DA MENTE SOCIAL

PAPEL CENTRAL DA CULTURA PSICOLOGIA CULTURAL E POPULAR

Defesa do papel central da cultura na Constitui-se pensando principalmente


revolução cognitiva humana. Para através dos significados culturalmente
Bruner, não há conhecimento isolado, produzidos e compartilhados. Para o autor,
tudo é uma construção provenientes é impossível conceber o funcionamento
de diversos espaços sociais. humano sem estudar o meio social.

CRIAÇÃO DE SIGNIFICADOS ABORDAGEM INTERPRETATIVA

Bruner entende a mente como criadora Para Bruner, focar na interpretação dos
de significados, ele tenta compreender a efeitos psíquicos que a cultura produz em
forma como a mente se constituí e é todos os sujeitos, não representa a
constituida pela cultura. exclusão da biologia e das investigações
laboratoriais.
Psicologia popular e a narrativa

Crenças e desejos

Subjetividade do indivíduo
Presente, passado e futuro. Nos relacionam com o tempo concebido, do nosso modo
particular
Chamadas de compromissos ou estilo de vida que caracterizam pessoas

Pessoalidade
Atribuída seletivamente e
frequentemente recusada vindo de grupos externos
Propriedades da narrativa

Sequencialidade: uma narrativa é


composta por uma sequencia de
eventos, estados mentais, ocorrências

tem seu significado dado


pelo lugar que ocupam

A narrativa pode ser real ou


imaginária: é a sequencia, e não a
veracidade que determina sua
configuração geral ou enredo
O mundo externo

é o contexto ao qual estamos situados, ele modifica a expressão e fornece


razões para nossos desejos e crenças

papel constitutivo da cultura

De acordo com Santos (1996), a cultura remete a todos


aspectos de uma realidade social, ela caracteriza a existência e
modos diferentes de organizar a vida social

"Criatura da biologia e produto da cultura humana


-Bruner"
A canonicidade da
"psicologia popular"

Canonicidade cultural (convenções);


Natureza humana de interpretação;
Expectativas axiomáticas e socioculturais
sobre o comportamento e a
contextualização da ação (Roger Barker);
"Significados negociados" (Paul Grice).
A excepcionalidade na ação de um indivíduo
pode ser "resolvida" quando esse explicita
suas razões.
A interpretação de acontecimentos
excepcionais é condicionado pelas crenças
e valores culturais.

Função da história: Encontrar razão (ou outro estado


intencional) que atenue ou traga compreensibilidade
dos afastamentos das convenções culturais.
Kenneth Burke: as histórias são
compostas pelo quinteto...
(Dramatismo da narrativa)

ATOR AÇÃO META

CENÁRIO INSTRUMENTO

+ PROBLEMA
(Desvios do canônico)
A narrativa é natural para a
comunicação social porque
permeia a idiossincrasia
individual e as expectativas
socioculturais. Além disso,
ela é capaz de ensinar,
conservar memórias e
alterar o passado.
Sobre Narrativas e ESQUEMATIZAÇÃO
Psicologia Popular Narrativizada

Memórias
O canônico e a boa história
Narrativa como meio, marcadores
Organização e perda
Grupos sociais e suas
particularidades

REGULAÇÃO DE AFETO
"A experiência no mundo social e a memória que dele temos são Prisma Afetivo
poderosamente estruturadas não apenas pelas concepções Afeto como diagrama da
profundamente interiorizadas e narrativizadas da Psicologia
memória, justificação e detalhes
Popular, mas também pelas instituições historicamente
Experiência, desestabilização e
arraigadas que uma cultura elabora para apoiá-las e coagi-las."
perda da organização

NARRATIVA COMO USO DA LINGUAGEM


Dramatização ou Estruturadora
Possibilidades
Emblemas (tropos), contexto e lógica
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
BRUNER, Jerome. Atos de Significação: Para uma Psicologia
Cultural. Porto Alegre: Artmed, 1997.

CORREIA, Mônica F. B. A constituição social da mente:


(re)descobrindo Jerome Bruner e construção de significados.
Universidade Federal da Paraíba., Estudos de Psicologia 2003.

LOPES, F. T. M. Jornalismo e racismo estrutural: uma análise


da cobertura de casos de violência policial pelo portal G1 (
Globo). 2022. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade
Federal do Rio Grande do Norte.
PERGUNTA 1
Segundo Bruner (2001), nas realidades narrativas
existem algumas características universais, três das
listadas no texto são: 1) as ações têm motivos, implicam
estados intencionais, crenças, desejos, valores, não são
determinadas por causa e efeito; 2) não possuem uma
única interpretação, e sempre existe a possibilidade de
questionamento, independente do quanto sejam
verificadas; 3) existe espaço para uma certa contestação,
para se contar e negociar versões da história.
Nesse sentido, a mídia por vezes dissemina diferentes narrativas com intuito
de, por exemplo, convencer o público sobre algo. Deste modo, de acordo com
Kellner (apud LOPES, 2022, p.19) os discursos da mídia influenciam a
construção e a reafirmação das identidades individuais e oferecem modelos
de comportamento a serem seguidos. No Brasil, as grandes narrativas
alimentadas pelo jornalismo midiático, como a guerra contra as drogas, o
banditismo, etc, configuram interpretações racistas sobre temáticas sociais.
Após estudarmos narrativas, que perspectivas podemos pensar sobre a
esteriotipação, a invisibilidade e a criminalização da população negra no
enredo contado pelo populismo penal midiático, no qual repórteres como
Bacci Datena e Sikera Júnior em programas policiais corroboram para
compor uma narrativa racista e preconceituosa da periferia e de pessoas
pretas e tiram da população formas de contestação sobre como suas próprias
narrativas estão sendo contadas, se colocando sempre no papel de herói das
narrativas alheias, ao exporem os casos e reafirmaram o papel "positivo" da
polícia, sem abordar a problemática do racismo estrutural?
PERGUNTA 2
Em seus estudos, Bruner crítica a ideia da psicologia positivista
em que o objeto de estudo deveria ser diretamente observável e
se desviasse de conceitos como a subjetividade por não ser
possível medir sua validade por meio de testes. Assim, o autor
discordava da associação entre mente humana e
processamento de informação defendida durante a Revolução
Cognitiva, chamada de paradigma computacional, que
postulava uma correlação entre máquinas inteligentes e
afastava a ênfase do estudo da produção de significados e
atividades simbólicas para informação e processamento.
Nessa linha de raciocínio, Bruner propõe uma Psicologia cultural, ou
seja, uma psicologia que deve explorar os significados e o uso destes
na prática, entendendo as pessoas como resultado desse processo
de produção de significados, uma vez que não existe conhecimento
isolado de contexto social e a cultura molda o comportamento
humano.
Nessa lógica, sabe-se que a psicologia ainda carrega traços
positivistas que reduzem o indivíduo a perspectivas generalistas
que, por vezes, tenta enquadrar os indivíduos dentro de uma
narrativa predeterminada, dando pouca relevância a subjetividade e
simbologia de cada cultura e ao fator social no desenvolvimento da
cognição e do self para construção do indivíduo. Desse modo, de
que forma a psicologia pode estar indiretamente colaborando
para a manutenção do racismo estrutural e quais possíveis
impactos disso no self?
PERGUNTA 3
Para Burke, o ''problema'' no contexto da narrativa é
justamente aquilo que desvia do ''cânone''. Dentre os diversos
mecanismos de sustentação do racismo, um deles é a
existência de narrativas que diferenciam e hierarquizam os
grupos sociais, e a exclusão de vozes outras que a da classe
dominante desse ''cânone''. Essas narrativas podem ser
analisadas como dramas, com atores (grupos raciais), ações
(discriminação, exclusão), cenas (contextos históricos e
sociais) e propósitos (manter privilégios, justificar a opressão).
No Brasil, apesar da diversidade racial e cultural, ainda existe
arraigado um discurso de meritocracia, que muitas vezes
ignora as barreiras estruturais enfrentadas pelas minorias
sociais, individualizando questões de raiz histórica e as reduz
à problemática do mérito individual, uma narrativa injusta
que culpabiliza vítimas e possui um impacto direto na
manutenção e manutenção destes problemas, perpetuando
desigualdades de oportunidade, econômicas e educacionais.

De que forma podemos reconhecer alguns desses discursos


que sustentam a opressão racial? Como desafiá-los?
PERGUNTA 4
Segundo Bruner (1997) em certa cultura, espera-se que as pessoas
comportem-se adequadamente ao contexto em que estão. Esses
comportamentos são transmitidos por meio de narrativas e são
absorvidos como regras/cânones. A literatura e a historiografia
têm influência na manutenção ou mudança desses significados
compartilhados e, assim, governos ocidentais usam desse artifício
para manter uma hegemonia "branco-conservadora" e promover a
morte da construção do conhecimento, criando formas de
dominação política e ideológica.
Sendo assim, qual a importância das narrativas como
forma de resistência e mudança cultural, ao desafiar os
significados dominantes e oferecer perspectivas diferentes,
em especial as narrativas abolicionistas e de história afro-
brasileira?

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