ATUALIDADES
Importante!
MUNDO
Candidato à presidência do Equador, Fernando Villavicencio,
é assassinado em Quito1
Fernando Villavicencio, candidato à presidência do Equador,
foi tragicamente assassinado com três tiros na cabeça após sair de
um encontro político na cidade de Quito em 9 de agosto de 2023.
Vídeos do momento do atentado circularam nas redes sociais, e a
morte de Villavicencio foi confirmada por Carlos Figueroa, assessor
de campanha e amigo pessoal do candidato.
O presidente atual do Equador, Guillermo Lasso, declarou em
sua conta no Twitter que o crime “não ficará impune” e anunciou
que o Gabinete de Segurança se reuniria ainda naquela noite para
abordar a situação.
De acordo com o instituto de pesquisas TelcoData, na terça-
-feira, 8 de agosto de 2023, Villavicencio estava em quarto lugar
na corrida eleitoral, com 6,8% dos votos. Luisa González liderava a
corrida presidencial com 30,5% das intenções de voto. As eleições
estavam programadas para o dia 20 de agosto.
Essa notícia representa um evento lamentável na política equa-
toriana, e as autoridades estão comprometidas em investigar o as-
sassinato e garantir que os responsáveis sejam julgados.
Canal do Panamá enfrenta seca preocupante, desencadeando
apreensões no mercado global2
O Panamá, em meio à sua temporada de chuvas e apesar de ser
um dos países mais chuvosos do mundo, enfrentou a atual estação
como uma das mais secas já registradas. Essa falta de chuvas abun-
dantes teve um impacto significativo no Canal do Panamá, onde a
água doce é essencial para o funcionamento das eclusas.
Os níveis de água mais baixos colocaram pressão sobre essa
importante rota de navegação internacional, levando as autorida-
des do Canal a imporem restrições ao peso dos navios e ao tráfego
diário. Como resultado, a autoridade do Canal do Panamá decidiu
estender essas restrições por pelo menos mais 10 meses.
Embora, até o momento, o impacto direto para fabricantes, va-
rejistas e consumidores nos Estados Unidos pareça ser mínimo, há
um potencial crescente para mais limitações. Isso é apenas mais um
exemplo de como as condições meteorológicas podem afetar vias
fluviais e causar atrasos no transporte de mercadorias essenciais.
Isso se assemelha aos problemas causados pelos níveis baixos do
rio Reno e do poderoso Mississippi, bem como aos incidentes como
os ventos fortes e a tempestade de areia que resultou no encalhe
do enorme navio Ever Given no Canal de Suez há dois anos.
1 FERNANDO Villavicencio, candidato à presidência do Equador, é assassinado.
G1, 2023. Disponível em: https://g1.globo.com /mundo/noticia/2023/08/09 /
candidato-a-presidencia-do-equador-e-assassinado.ghtml. Acesso em: 04 out.
2023.
2 SECA grave no Panamá atinge indústria global de transporte marítimo. Fo-
lha de S. Paulo, 2023. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/merca-
do/2023/08/seca-grave-no-panama-atinge-industria-global-de-transporte-ma-
ritimo.shtml. Acesso em: 04 out. 2023.
1
Seja devido ao clima, condições meteorológicas, fatores
geopolíticos ou outras circunstâncias imprevistas, qualquer au-
mento nos gargalos marítimos pode ter impactos significativos
nas redes globais de abastecimento, que têm se recuperado desde
as perturbações da era da pandemia.
Janelle Griffith, líder de logística para a América do Norte na
empresa de corretagem de seguros e consultoria de risco Marsh,
ressaltou a importância desses bloqueios, dado que cerca de 80%
das mercadorias são transportadas por via marítima. Ela enfatizou
que esses bloqueios têm ramificações globais, afetando toda a ca-
deia de abastecimento quando ocorrem interrupções em qualquer
uma de suas partes.
• Nível de água abaixo do esperado
O Canal do Panamá enfrenta atualmente uma escassez de
água, sendo que sua operação depende das reservas de água doce
nos lagos próximos. O sistema de eclusas consome quantidades
substanciais de água, sendo necessários pelo menos 50 milhões de
galões — equivalentes a 190 milhões de litros —, para permitir que
cada embarcação flutue pelo canal.
Normalmente, nessa época do ano, os níveis dos lagos deve-
riam estar aumentando. No entanto, a precipitação no Panamá du-
rante a primavera e o verão tinha sido a mais baixa registrada desde
o início do século, conforme relatado por Jon Davis, meteorologis-
ta-chefe da Everstream Analytics.
Davis explicou que, embora isso não significasse necessaria-
mente que os níveis dos lagos de água doce diminuiriam, não havia
expectativa de melhorias significativas nos próximos meses. Além
disso, com o El Niño começando a se intensificar e todos os mode-
los climáticos indicando que esse fenômeno continuará se fortale-
cendo ao longo de 2023 e início de 2024, existe uma preocupação
de longo prazo. Isso pode resultar em condições mais secas na
região sul da América Central, incluindo o Panamá.
A incerteza persiste quanto à gravidade das interrupções e até
que ponto a cadeia de abastecimento será afetada, e há uma clara
tendência em direção a problemas crescentes, de acordo com as
observações de Davis.
Oficial afirma que incêndio no Havaí é o mais letal nos Estados
Unidos em mais de um século3
O incêndio florestal que atingiu Lahaina, Havaí, foi descrito
como o mais letal em mais de um século, de acordo com Lori Moo-
re-Merrell, a administradora de incêndios dos Estados Unidos. Du-
rante uma coletiva de imprensa realizada em 12 de agosto de 2023,
Moore-Merrell afirmou que esse incêndio superou em gravidade
o incêndio florestal no condado de Butte, no norte da Califórnia,
ocorrido em 2018.
3 EM mais de um século, incêndio no Havaí é o mais mortal dos EUA. Bra-
do Jornal, 2023. Disponível em: https://www.bradojornal.com/ noticias/
eua/2023/08/14/em-mais-de-um-seculo- incendio-no-havai-e-o-mais-mortal-
-dos-eua/. Acesso em: 04 out. 2023.
 ATUALIDADES
O incêndio de Butte, em novembro de 2018, resultou na trágica
morte de 85 pessoas, consumiu uma área total de 62.052 hectares
e destruiu mais de 18 mil estruturas. No entanto, os incêndios flo-
restais em Maui causaram a morte de pelo menos 93 pessoas, de
acordo com as autoridades do condado.
O governador Josh Green classificou esse desastre como o
“maior desastre natural já visto no Havaí”, com aproximadamen-
te 2.200 estruturas destruídas e perdas financeiras estimadas em
quase US$ 6 bilhões. Esse evento se tornou o desastre natural mais
mortal na história do estado, superando até mesmo as 61 mortes
confirmadas em um tsunami ocorrido em Hilo em 1960. No entan-
to, é importante notar que antes de o Havaí se tornar um estado
em 1959, as ilhas já haviam enfrentado um tsunami devastador que
causou a morte de 158 pessoas em 1946.
O chefe da polícia de Maui, John Pelletier, anunciou que duas
das vítimas dos incêndios florestais de Maui haviam sido identifi-
cadas até a data da coletiva de imprensa. No entanto, ele não di-
vulgou os nomes das pessoas e destacou que as equipes de busca
ainda tinham muito trabalho pela frente. Pelletier enfatizou que
apenas 3% da área afetada havia sido revistada com a ajuda de cães
até o momento.
A expansão dos BRICS fortalece a posição da China dentro e
fora do grupo4
A expansão dos BRICS representa uma vitória significativa para
a China, consolidando ainda mais sua posição dentro do bloco e
fortalecendo sua influência global. Como segunda maior economia
do mundo e envolvida em disputas geopolíticas com os Estados
Unidos, a China estaria determinada a aproveitar as preocupações
compartilhadas pelos membros do bloco em relação ao mundo de-
senvolvido. Isso permite que a China rivalize com as iniciativas do
G7, que é composto pelas grandes democracias ricas.
A expansão dos BRICS, com a entrada de países como Argen-
tina, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã,
transformou o grupo em uma coalizão5, com um PIB combinado de
36% da economia mundial, superando o G7. Para a China, a condi-
ção financeira ou o sistema político dos países na lista não é uma
prioridade; a China é uma nação com um sistema político diferente.
A ênfase do bloco não tem relação à promoção dos direitos huma-
nos como pré-requisito.
Observação: a maior parte desse impressionante poder eco-
nômico provém da economia robusta da China. Com a expansão
do grupo, o peso econômico interno da China torna-se ainda mais
proeminente, uma vez que a influência dos outros membros se dilui
consideravelmente.
• Contrapondo os americanos
A China, cercada por países rivais na Ásia, carecia de um grupo
de afinidade antes da expansão dos BRICS. Agora, ela certamente
aproveitará todas as oportunidades possíveis para se contrapor aos
interesses dos Estados Unidos em disputas globais e regionais, em
especial após formalizar alianças com diversos atores importantes,
principalmente no Oriente Médio.
O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), chegou a
afirmar, durante a reunião em Joanesburgo — onde os líderes deci-
diram pela expansão —, que os BRICS não têm a intenção de rivali-
zar com o G7, o G20 ou os Estados Unidos. No entanto, o governo
brasileiro reconhece que o grupo ampliado inevitavelmente seria
utilizado como uma ferramenta pelos chineses para promover seus
interesses e influência.
4 RAMOS, M. A expansão do Brics não é uma vitória exclusiva da China. Brasil de
Fato, 2023. Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/ 2023/08/28/a-ex-
pansao-do-brics-nao-e-uma- vitoria-exclusiva-da-china. Acesso em: 04 out.
2023.
5 Acordo ou aliança para fins comuns.
2
Um diplomata fez uma observação bastante pragmática ao
brincar com o aumento do poder interno da China no grupo, men-
cionando que a China faz parte do “G2” e tem ambições de ser o
“G1”. Essa observação reflete a realidade do cenário geopolítico.
O desejo de fortalecer sua posição dentro e fora dos BRICS foi
a motivação que levou o governo comunista de Pequim a pressionar
os membros originais a aceitarem a expansão. Em certo momento, os
chineses chegaram a defender a entrada de todos os 22 países que se
candidataram ao bloco, o que teria resultado em uma lista ainda mais
diversa, incluindo nomes como Belarus, Venezuela e Cuba.
A Rússia, que se tornou cada vez mais dependente da China e
buscou aliados desde o início da guerra na Ucrânia, foi o primeiro
país original a votar a favor da expansão. A África do Sul, com uma
economia mais frágil e em busca de fortalecer sua relação comercial
com a China, também apoiou a expansão, trazendo a Etiópia para o
grupo como representante da África subsaariana.
Importante!
Índia e Brasil, as duas maiores democracias do grupo, foram
mais resistentes à expansão e conseguiram, pelo menos, garantir
que ela fosse mais moderada e baseada em “alguns critérios” —
que não ficaram completamente claros.
A Índia, que tem rivalidades regionais com a China e disputas
de fronteira, encontrou-se em uma posição complexa dentro dos
BRICS. No início da formação do grupo, ela acreditava que a Rús-
sia poderia ajudar a conter a influência chinesa, mas, desde então,
a dinâmica mudou. A Índia cresceu economicamente, enquanto a
Rússia enfraqueceu.
Agora, a Índia busca tirar proveito da rivalidade entre a China e
os Estados Unidos, atraindo investimentos de empresas americanas
que estão se deslocando da China. Com uma população enorme e
uma economia em crescimento, a Índia está cada vez mais adotan-
do uma diplomacia multidimensional e não alinhada.
• Conversas e impacto
Em uma posição mais frágil, o Brasil está se esforçando para
seguir uma abordagem de independência, ao mesmo tempo em
que busca fortalecer o diálogo com os Estados Unidos e a União
Europeia. Simultaneamente, o país está trabalhando para expandir
sua influência na América Latina e na África.
Para destacar essa postura, o presidente Lula utilizou seu discurso
inaugural na Cúpula de Líderes dos BRICS para abordar a questão da
guerra na Ucrânia, enfatizando a longa tradição do Brasil em condenar
violações da integridade territorial de qualquer nação. Essa menção
à guerra, embora cuidadosa o suficiente para evitar críticas diretas a
Moscou, não foi bem recebida pelos chineses e, naturalmente, pelos
russos. Esse equilíbrio delicado exemplifica os desafios que o Brasil en-
frenta ao buscar uma estratégia de independência, mas parece ser a
abordagem mais viável dadas as circunstâncias atuais.
Arábia Saudita convoca 40 nações em busca de um acordo de
paz no conflito entre Rússia e Ucrânia6
Após mais de 500 dias de conflito desde a invasão russa na
Ucrânia, o mundo testemunha a primeira grande mobilização glo-
bal em busca de uma solução para a guerra que devastou o país e
causou dezenas de milhares de mortes, entre civis e militares de
ambos os lados. Em 5 de agosto de 2023, em Jeddah, na Arábia
Saudita, teve início um encontro com representantes de 40 países
com o objetivo de elaborar um documento contendo os elementos
necessários para um futuro acordo de paz.
6 MENDES, F. Arábia Saudita reúne 40 países em busca de acordo de paz no
conflito entre Rússia e Ucrânia. CNN Brasil, 2023. Disponível em: https://www.
cnnbrasil.com.br/internacional/arabia-saudita-cupula-ucrania/. Acesso em: 04
out. 2023.
 ATUALIDADES
Jeddah já havia sediado a Cúpula Árabe em maio do mesmo
ano, reunindo nações do Oriente Médio e do Norte da África. Esse
evento foi notável por marcar o retorno diplomático do presidente
sírio, Bashar Al-Asad, que estava isolado desde o início da guerra
civil na Síria. Naquela ocasião, o presidente da Ucrânia, Volodymyr
Zelensky, foi convidado como parte do evento. Agora, ele retorna
como figura central da reunião.
O encontro reúne chefes de estado, conselheiros de segurança
nacional e altos diplomatas de 40 países. Além dos anfitriões e da
Ucrânia — que é a principal interessada em um acordo de paz—,
participaram países que têm apoiado os ucranianos no esforço de
guerra, como a União Europeia, Reino Unido e Estados Unidos.
A conquista mais significativa desse encontro foi a adesão de
potências emergentes que mantiveram uma posição neutra em re-
lação ao conflito, incluindo Índia, Brasil, Turquia, Indonésia e África
do Sul. Embora algumas dessas nações tenham condenado a inva-
são russa na Ucrânia, elas não forneceram apoio militar direto.
A presença da China é de grande importância nessas negocia-
ções, já que o país é próximo da Rússia e manteve laços diplomá-
ticos sólidos com Moscou, recusando-se a condenar a invasão à
Ucrânia. Além disso, a China é uma potência econômica e militar
que desafia o bloco ocidental, incluindo os Estados Unidos e nações
europeias, tornando-se um ator central nas relações internacionais
contemporâneas.
Ucrânia critica discurso do Papa Francisco a jovens russos
como “propaganda imperialista”7
As autoridades ucranianas criticaram o recente discurso do
Papa Francisco à juventude russa, classificando suas observações
como “propaganda imperialista”. O Papa fez esse discurso em vídeo
durante a 10ª Assembleia da Juventude Católica de Toda a Rússia,
em São Petersburgo, em 25 de agosto de 2023. No discurso, ele
incentivou os jovens a se considerarem descendentes do Império
Russo, mencionando figuras históricas como Pedro I e Catarina II.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia,
Oleg Nikolenko, criticou o discurso, alegando que ele promove uma
narrativa de “laços espirituais” e a ideia de salvar a “Grande Mãe
Rússia”, que é usada pelo Kremlin para justificar a agressão russa na
Ucrânia. Ele argumentou que a missão do Papa deveria ser abrir os
olhos da juventude russa para as ações da liderança russa, em vez
de promover ideias que sustentam sua agressão.
O presidente russo, Vladimir Putin, também foi mencionado
no contexto das observações do Papa, pois Putin citou Pedro, o
Grande, para justificar a invasão da Ucrânia pela Rússia no passado.
Essas observações de Putin foram condenadas pelos ucranianos e
interpretadas como uma admissão das ambições imperiais russas.
Sviatoslav Shevchuk, chefe da Igreja Greco-Católica Ucraniana,
expressou preocupação de que as palavras do Papa pudessem ser
interpretadas como apoio ao nacionalismo e imperialismo que con-
tribuíram para a guerra na Ucrânia. Ele considerou Pedro, o Grande,
e Catarina, a Grande, como exemplos negativos de imperialismo e
nacionalismo extremo russos.
Observação: o Vaticano rejeitou a interpretação de que as pa-
lavras do Papa foram um elogio ao imperialismo, afirmando que o
Papa pretendia encorajar os jovens a preservarem aspectos positi-
vos da espiritualidade cultural russa, sem exaltar a lógica imperialis-
ta ou figuras governamentais.
• Polêmicas nos comentários
O Papa Francisco tem sido alvo de polêmica devido a seus co-
mentários sobre a guerra da Rússia na Ucrânia. Em um comentá-
rio anterior, ele sugeriu que a guerra “talvez tenha sido de alguma
7 UCRÂNIA se incomoda com ‘propaganda imperialista’ russa em discurso do
papa. Aventuras na História, 2023. Disponível em: https://aventurasnahistoria.
uol.com.br/noticias/ historia-hoje/ucrania-se-incomoda-com-propaganda-im-
perialista-russa-em -discurso-do-papa.phtml. Acesso em: 04 out. 2023.
3
forma provocada ou não evitada”. Ele também mencionou um en-
contro com um “chefe de Estado” que estava preocupado com os
movimentos da Otan antes da invasão russa na Ucrânia.
Além disso, em agosto do ano passado, o Papa irritou as au-
toridades ucranianas ao se referir à comentadora política russa
Darya Dugina, que foi morta por um carro-bomba nos arredores de
Kiev, como uma das vítimas “inocentes” da guerra. O Ministério das
Relações Exteriores da Ucrânia convocou o Núncio Apostólico na
Ucrânia para discutir a declaração de Francisco, alegando que ela
equiparava injustamente o agressor (Rússia) e a vítima (Ucrânia).
As autoridades ucranianas também afirmaram que não tinham
conhecimento de uma missão de paz do Vaticano para resolver
o conflito com a Rússia, após o Papa alegar seu envolvimento no
processo. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, encontrou-
-se com o Papa em maio, quando o Papa expressou sua constante
oração pela paz e a necessidade de gestos humanos em relação às
vítimas da guerra.
Polônia demonstra sua crescente influência na Europa com o
maior desfile militar em décadas8
A Polônia programou-se para realizar seu maior desfile militar
em décadas na terça-feira, 15 de agosto, como uma demonstração
de força defensiva em meio ao aumento das tensões na fronteira
entre a nação membro da OTAN e Belarus, um aliado chave da Rús-
sia. O Ministério da Defesa polonês anunciou que o Dia do Exército
Polonês seria marcado por um desfile impressionante, apresentan-
do 200 unidades de equipamentos militares poloneses e estrangei-
ros, 92 aeronaves e 2 mil militares.
Entre os destaques do desfile, estiveram os mais recentes
avanços tecnológicos do arsenal polonês, incluindo tanques M1A1
Abrams dos EUA, tanques sul-coreanos K2, obuses autopropulsados
K9, lançadores de foguetes Himars, obuses autopropulsados Krab e
sistemas de baterias de mísseis Patriot, parte do sistema de defesa
aérea polonês “WISŁA”.
Observação: nos últimos anos, a Polônia emergiu como uma
das principais potências militares da Europa, investindo significati-
vamente em novos equipamentos, especialmente após a anexação
da Crimeia pela Rússia em 2014. A influência diplomática de Var-
sóvia também aumentou, principalmente devido ao seu papel no
apoio à Ucrânia após a invasão russa.
A Polônia também havia anunciado o envio de milhares de tro-
pas adicionais para sua fronteira oriental devido à crescente preo-
cupação com a presença das forças mercenárias russas do Grupo
Wagner em Belarus. Com fronteiras compartilhadas com Ucrânia,
Belarus e o enclave russo de Kaliningrado, a Polônia estava envian-
do uma mensagem clara à Rússia e Belarus por meio dessa demons-
tração massiva de poder.
Além disso, a Polônia estava a apenas dois meses das eleições,
e o governo polonês, liderado pelo partido Lei e Justiça, buscava
não apenas demonstrar sua determinação em segurança, mas
também garantir a confiança de seu povo. O partido no poder
esperava conquistar um terceiro mandato consecutivo, uma faça-
nha inédita na Polônia pós-comunista. Os especialistas acreditam
que as questões de segurança desempenhariam um papel crucial
nas eleições, dada a situação na fronteira.
Jamie Shea, ex-funcionário da OTAN e professor de estratégia
e segurança, observa que o papel da Polônia na OTAN mudou con-
sideravelmente na última década, destacando a importância da na-
ção no contexto da aliança. Shea afirmou:
8 POLÔNIA faz maior parada militar em décadas enquanto aumenta tensão em
‘calcanhar de Aquiles’ da OTAN. O Globo, 2023. Disponível em: https://oglobo.
globo.com /mundo/noticia/2023/08/15 /polonia-faz-maior-parada-militar-em-
-decadas-enquanto-aumenta-tensao-em-calcanhar-de-aquiles-da-otan.ghtml.
Acesso em: 04 out. 2023.
 ATUALIDADES
Se você observar a OTAN há 10 anos, antes da anexação da
Crimeia por Putin e a invasão da Ucrânia, o foco principal da OTAN
estava principalmente no Oriente Médio, Afeganistão e em missões
de menor escala em que a Polônia estava envolvida. Mas desde
2014, com a OTAN voltando sua atenção para a Europa Central e
Oriental... a importância da Polônia na aliança aumentou significa-
tivamente.
Arnold apontou que houve uma mudança perceptível no equi-
líbrio de poder entre os membros europeus da OTAN. “A liderança
costumava ser liderada pelo Reino Unido, Alemanha, França e, em
seguida, em conjunto com os EUA, formavam o grupo que tomava
decisões na OTAN”, disse ele.
No entanto, com o Reino Unido saindo da União Europeia e a
Alemanha demonstrando hesitação em assumir um papel de lide-
rança na Ucrânia, a Polônia viu uma oportunidade para preencher
esse vácuo.
Eles têm uma relação sólida com os países bálticos, estão ati-
vamente envolvidos em discussões sobre defesa e segurança, e a
Rússia sempre foi vista como uma grande ameaça... Foi uma aposta
acertada.
Acrescentou Arnold.
Canal em rede social vinculado ao Grupo Wagner anuncia a
morte de Prigozhin9
Há relatos de que um canal no Telegram ligado ao grupo militar
privado Wagner emitiu um comunicado informando que seu funda-
dor, Yevgeny Prigozhin, morreu em um acidente de avião ao norte
de Moscou. Esse canal já havia divulgado vídeos de propaganda do
Grupo Wagner, e o serviço de imprensa oficial de Prigozhin já havia
sido vinculado a ele no passado. No entanto, outros canais associa-
dos a Prigozhin e ao Grupo Wagner, incluindo seu canal oficial no
Telegram, ainda não haviam se manifestado sobre o assunto.
Além disso, um canal russo no Telegram — bem conhecido,
mas não oficial, que costuma acompanhar as operações do Grupo
Wagner — também afirmou que Prigozhin teria falecido. No entan-
to, até o momento, não havia informações confirmadas de fontes
oficiais sobre a morte de Yevgeny Prigozhin.
• Agência de aviação russa afirma que Prigozhin estava a bor-
do como passageiro
A Agência Federal Russa de Transporte Aéreo confirmou que
Yevgeny Prigozhin, chefe do grupo mercenário Wagner, estava a
bordo do avião que fazia o trajeto entre as cidades de Moscou e
São Petersburgo e que caiu, resultando na morte dos 10 ocupantes
da aeronave. Além de Prigozhin, outros nomes que estavam na ae-
ronave foram divulgados pela agência:
▪ Dmitry Utkin: cofundador do Grupo Wagner e tenente de con-
fiança de Prigozhin;
▪ Valery Chekalov: assessor sênior de Prigozhin designado pelo
Tesouro dos EUA por facilitar o envio de munições para a Federação
Russa;
▪ Sergey Propustin;
▪ Evgeny Makaryan;
▪ Aleksandr Totmin;
▪ Nikolai Matuseev.
Yevgeny Prigozhin era conhecido por ter fundado o Grupo
Wagner, um grupo mercenário que atua em conflitos tanto no leste
da Ucrânia quanto em outras regiões do mundo em causas apoia-
das pela Rússia. O grupo foi associado a vários abusos dos direitos
humanos e tornou-se conhecido por suas táticas brutais e muitas
9 CANAIS do grupo Wagner confirmam morte de Prigozhin e fazem ameaças.
Crusoé, 2023. Disponível em: https://crusoe.com.br/ diario/canais-do-grupo-
-wagner-confirmam- morte-de-prigozhin-e-fazem-ameacas/. Acesso em: 04 out.
2023.
4
vezes ilegais no campo de batalha. Eles são notórios por enviar re-
crutas inexperientes para a batalha com pouco treinamento formal,
resultando em muitas baixas. Prigozhin era conhecido por usar as
redes sociais para fazer lobby por suas causas e frequentemente
entrar em conflito com a liderança militar russa.
Relatório aponta tortura e abuso sexual de ucranianos em
centros de detenção russos em Kherson10
O relatório elaborado pela Mobile Justice Team, que faz parte
do Atrocity Crimes Advisory Group (ACA), patrocinado pelo Reino
Unido, União Europeia e Estados Unidos, foi criado pelo escritório
de advocacia e fundação internacional de direitos humanos, Global
Rights Compliance, em abril de 2022.
O novo relatório analisou um conjunto inicial de 320 casos de
detenção em Kherson, em mais de 35 centros identificados. En-
tre as vítimas, que incluíam tanto homens quanto mulheres, pelo
menos 43% mencionaram explicitamente práticas de tortura nos
centros de detenção, citando a violência sexual como uma tática
comum imposta pelos guardas russos. Os resultados preliminares
indicavam que os militares eram os mais propensos a sofrer tortura.
O relatório destaca que mesmo aqueles com famílias de milita-
res eram alvos das práticas de tortura. Segundo Anna Mykytenko,
consultora jurídica sênior e gerente nacional da Ucrânia para Global
Rights Compliance,
Muito é apenas punição, e além da punição pelo serviço militar
real [de seus familiares], também é punição, ao que parece, por ser
realmente um cidadão ucraniano.
Pelo menos 36 vítimas mencionaram o uso de eletrocussão
durante os interrogatórios por parte dos guardas russos, frequen-
temente nas áreas genitais. Outras vítimas relataram ameaças de
mutilação genital, e pelo menos uma vítima foi forçada a testemu-
nhar o estupro de outro detento por meio de um objeto estranho
coberto por um preservativo.
Em relação aos homens, a maioria dos crimes se refere à tortu-
ra sexualizada, principalmente da genitália, com o objetivo de punir
e impedir a procriação, conforme acrescentou Mykytenko.
• Plano para eliminar a identidade ucraniana
O relatório também destacou que técnicas como sufocamento,
afogamento simulado, espancamentos severos e ameaças de estu-
pro foram amplamente utilizadas pelos guardas russos nas câmaras
de tortura de Kherson, de acordo com a unidade especializada.
Anna Mykytenko acredita que esses padrões de estupro e tor-
tura revelam uma intenção russa de eliminar a identidade ucrania-
na. Ela observa que, em alguns casos, as vítimas eram capturadas
ou perseguidas com bandeiras ucranianas ou outros símbolos do
estado, o que sugere uma tentativa de destruir ou eliminar a iden-
tidade ucraniana.
Wayne Jordash, sócio-gerente e cofundador da Global Rights
Compliance, compartilha de uma visão semelhante, afirmando que
as táticas de violência sexual descobertas indicariam um plano de
Putin para subjugar a população ucraniana ao Kremlin, e ele men-
ciona que esses padrões são consistentes com um plano cínico e
calculado para humilhar e aterrorizar os cidadãos ucranianos.
Mykytenko acrescenta que alguns dos padrões observados
em Kherson podem eventualmente ser considerados genocidas,
embora seja difícil provar. A Rússia negou as acusações de tortura
e abusos dos direitos humanos na Ucrânia, apesar das evidências
contundentes apresentadas por organizações internacionais de di-
reitos humanos e de notícias.
10 RELATÓRIO denuncia tortura contra ucranianos em centros russos. O Estado
CE, 2023. Disponível em: https://oestadoce.com.br/ mundo/relatorio-denuncia-
-tortura-contra- ucranianos-em-centros-russos/. Acesso em: 04 out. 2023.
 ATUALIDADES
Índia torna-se o primeiro país a pousar no polo sul da Lua11
A Índia alcançou um marco histórico ao se tornar o primeiro
país a pousar no polo sul da Lua e o quarto país a realizar um pouso
bem-sucedido no satélite natural. A missão Chandrayaan-3 foi lan-
çada em 14 de julho e alcançou o polo sul lunar em 23 de agosto de
2023. Até então, apenas os Estados Unidos, Rússia e China haviam
conseguido realizar pousos na Lua.
A Organização Indiana de Pesquisa Espacial (ISRO) anunciou
com entusiasmo a conquista, declarando: “A Índia está na Lua.
Apreciações e agradecimentos por todas as contribuições da Índia e
do exterior para este empreendimento”.
O pouso lunar foi transmitido pela agência espacial indiana e
acompanhado por centenas de pessoas, incluindo o primeiro-mi-
nistro da Índia, Narendra Modi, que estava na África do Sul para
a 15ª Cúpula do BRICS. Modi celebrou o sucesso da missão Chan-
drayaan-3 como um “momento de orgulho para a Índia”.
O feito também marcou a primeira vez que um país conseguiu
pousar no polo sul lunar, uma região considerada mais desafiado-
ra para pousos. Agora, a Índia prepara-se para realizar a coleta de
imagens e dados da superfície lunar por meio do rover Pragyaan,
um veículo de seis rodas que estava a bordo do módulo de pouso
Vikram. O rover se comunicaria com o módulo de pouso, que en-
viaria as informações ao orbitador da missão Chandrayaan-2, que
continua em órbita lunar, para posterior transmissão à Terra.
Importante!
Os cientistas acreditam que o local de pouso pode conter cra-
teras com água congelada, e o estudo desse recurso pode forne-
cer insights importantes sobre a história da água no sistema solar.
O administrador da NASA, Bill Nelson, parabenizou a Índia e sua
agência espacial pelo feito histórico.
Cúpula do BRICS 2023: cooperação e desenvolvimento global
em destaque12
O BRICS, que é um acrônimo formado pelas iniciais dos cinco
países que o compõem, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul,
representa um grupo de economias em desenvolvimento que ga-
nhou destaque no cenário econômico e geopolítico ao longo dos
anos. No entanto, é importante esclarecer que os BRICS não são um
bloco econômico, como o Mercosul ou a União Europeia, nem uma
organização internacional formal, com estatuto e registro.
Inicialmente, os BRICS eram uma reunião de economias emer-
gentes com o objetivo de discutir questões relevantes e definir dire-
ções comuns. Com o tempo, essa reunião evoluiu para uma cúpula
de interesses compartilhados entre os estados-membros. O grupo
destaca-se por reunir nações localizadas em diferentes continentes,
o que lhe confere uma perspectiva global.
A Cúpula dos BRICS é um evento importante que reúne líderes
e representantes dos países-membros para discutir uma variedade
de temas, incluindo questões econômicas, políticas e geopolíticas.
Na Cúpula dos BRICS em Joanesburgo, na África do Sul, que ocorreu
nos dias 22 e 24 de agosto, foram debatidos assuntos como a situa-
ção na Ucrânia, a possibilidade de uma moeda única para o grupo e
a adesão de novos países ao bloco.
Em resumo, os BRICS representam um grupo de economias
em desenvolvimento que buscam cooperação e coordenação em
questões de interesse mútuo, embora não sejam formalmente uma
organização internacional.
11 ÍNDIA é o 1º país a pousar no polo sul da Lua. Poder 360, 2023. Disponível
em: https://www.poder360.com.br/ tecnologia/india-e-o-1o-pais-a-pousar-no-
-polo-sul-da-lua. Acesso em: 04 out. 2023.
12 ROMANO, G. BRICS dá em 2023 seu terceiro grande passo: ‘o resto do mun-
do’ busca protagonismo. Brasil de Fato, 2023. Disponível em: https://www.bra-
sildefato.com.br/2023/08/28/ brics-da-em-2023-seu-terceiro- grande-passo-o-
-resto-do-mundo-busca-protagonismo. Acesso em: 04 out. 2023.
5
• O surgimento do BRICS
Os BRICS surgiram em um contexto em que as novas econo-
mias emergentes estavam ganhando destaque global. A ideia inicial
surgiu em 2001, quando o grupo financeiro multinacional Goldman
Sachs introduziu o termo no relatório intitulado “The World Needs
Better Economic BRICs”.
Nesse documento, o acrônimo do grupo, composto original-
mente por Brasil, Rússia, Índia e China, foi usado para descrever a
reunião dessas nações que compartilhavam potencial econômico
semelhante. Naquela época, esses países estavam à margem das
reuniões do grupo G8, que era formado pelas oito maiores econo-
mias do mundo.
Com o passar dos anos, o termo ganhou aceitação e, em 2009,
os ministros das Relações Exteriores dos quatro países realizaram a
primeira cúpula oficial, que ocorreu na Rússia. O foco principal des-
sa reunião era discutir os impactos da crise financeira global sobre
as economias emergentes.
Atenção! Finalmente, em 2011, a África do Sul juntou-se ao
grupo, e, a partir da terceira cúpula, o grupo passou a ser chamado
de BRICS.
• Relevância econômica
Os países do BRICS, juntos, representam uma parcela signifi-
cativa da população global e da riqueza mundial. De acordo com
dados do instituto de pesquisas do Reino Unido Acron Macro Con-
sulting, os BRICS atualmente respondem por 31,5% do Produto In-
terno Bruto (PIB) mundial, superando os 30,7% do G7, um grupo
que reúne as sete nações mais desenvolvidas do mundo (Estados
Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá).
Além disso, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, juntos,
abrigam cerca de 41% da população global, o que confere ao grupo
um peso econômico maior do que o do G7.
Em 2014, durante a sexta edição da cúpula, realizada em Forta-
leza, no Ceará, os BRICS estabeleceram seu próprio banco, o Novo
Banco de Desenvolvimento (NBD), com sede em Xangai. O NBD
teria como missão fornecer apoio financeiro a projetos de infraes-
trutura e desenvolvimento sustentável, tanto públicos quanto pri-
vados, em países-membros, economias emergentes e nações em
desenvolvimento.
Importante! No início de 2023, a ex-presidente brasileira Dilma
Rousseff assumiu a presidência do banco, indicada pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva. Seu mandato está previsto para se estender
até julho de 2025.
A especialista Priscila Caneparo destacou a importância do Ar-
ranjo de Reservas de Contingência, um fundo de US$ 100 bilhões
que pode fornecer empréstimos emergenciais em caso de crise de
liquidez entre os estados-membros do grupo. Esse acordo de reser-
vas e contingências representa uma alternativa para os países do
BRICS em relação ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Portan-
to, os cinco Estados estão cada vez mais se afastando, na prática,
das instituições multilaterais criadas pelo norte global, como o FMI
e o Banco Mundial.
Idalia intensificou-se e tornou-se um furacão de categoria 3
pouco antes de atingir os Estados Unidos13
O furacão Idalia ganhou força e alcançou a categoria 3, com
ventos intensos de 201 km/h, antes de atingir a costa do Golfo da
Flórida na manhã de quarta-feira, 30 de agosto de 2023, de acordo
com informações do Centro Nacional de Furacões (NHC).
13 SULLIVAN, B. K.; CHEDIAK, M.; WINGFIELD, B. Bloomberg Linea, 2023. Idalia
se fortalece como furacão de categoria 3 e se aproxima da Flórida. https://www.
bloomberglinea.com.br/internacional/idalia-se-fortalece-como-furacao-de-ca-
tegoria-3-e-se-aproxima-da-florida/. Acesso em: 04 out. 2023.
 ATUALIDADES
No momento, o furacão Idalia estaria localizado a aproximada-
mente 97 km a oeste de Cedar Key e 145 km ao sul de Tallahassee,
enquanto continuava sua trajetória em direção à região de Big Bend,
na Flórida. Além disso, a tempestade estaria se movendo mais rapi-
damente, com uma velocidade de deslocamento de 29 km/h.
O NHC alertou que o Idalia poderia continuar a se fortalecer
antes de atingir a costa de Big Bend, na Flórida, dentro das horas
seguintes.
As áreas previstas de serem afetadas pelo furacão Idalia nos
Estados Unidos incluíam:
• Big Bend;
• Saint Marks/Baía de Apalachee;
• São Petersburgo/Baía de Tampa;
• Savannah, Geórgia.
O furacão Idalia passou por um processo de intensificação rápi-
da e notável em menos de 24 horas, com ventos máximos aumen-
tando em 89 km/h. Ele evoluiu de um furacão de categoria 1, com
ventos de 121 km/h, para um furacão de categoria 3, com ventos
de 201 km/h.
Observação: o NHC também observou que, embora se espe-
rasse que o Idalia enfraquecesse após tocar o continente, era pro-
vável que ele ainda fosse classificado como um furacão ao mover-se
pelo sul da Geórgia e aproximar-se da costa do estado ou do sul da
Carolina do Sul.
O chefe dos bombeiros de Madeira Beach emitiu um alerta in-
formando que em breve poderia chegar um ponto em que as au-
toridades de emergência não conseguiriam mais realizar resgates
devido às condições adversas. Ele enfatizou que os caminhões de
bombeiros não são adequados para águas com mais de um metro
de profundidade e que a situação pioraria nas horas seguintes. O
chefe instou os residentes a levar a ameaça do furacão Idalia a sério
e a permitir que as autoridades realizassem resgates enquanto ain-
da fosse possível, enfatizando que a segurança pessoal e da família
era a prioridade, e que bens materiais podem ser substituídos.
BRASIL
Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC): saúde
receberá investimento de R$ 31 bilhões nos próximos anos14
O Ministério da Saúde anunciou um investimento significativo
de R$ 31 bilhões ao longo dos próximos anos em várias áreas da
saúde, como atenção primária, atenção especializada, telessaúde,
preparação para emergências sanitárias e o Complexo Econômi-
co-Industrial da Saúde. Essas ações integram o Novo Programa de
Aceleração ao Crescimento (PAC) e foram anunciadas pelo presi-
dente Lula em 11 de agosto de 2023. O programa tem como objeti-
vo impulsionar investimentos em políticas públicas, incluindo obras
de infraestrutura econômica, social e urbana.
O valor total dos recursos destinados ao programa é de R$ 1,7
trilhão, considerando todas as áreas abrangidas. Uma das principais
novidades deste ano é o foco na sustentabilidade, com ênfase na
geração de energia renovável e combustíveis de baixo carbono. A
inclusão digital e a ciência e tecnologia também são destacadas.
No campo da saúde, o Novo PAC envolve a construção e con-
clusão de obras de Unidades Básicas de Saúde (UBS), expansão do
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), Centros Espe-
cializados em Reabilitação (CER), Oficinas Ortopédicas e Centros de
14 NOVO PAC: Saúde terá investimento de R$ 31 bilhões nos próximos anos.
Gov.br, 2023. https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2023/agosto/
novo-pac-saude-tera-investimento-de-r-31-bilhoes-nos-proximos-anos. Acesso
em: 04 out. 2023.
6
Atenção Psicossocial (CAPS), bem como investimentos estratégicos,
como a universalização do SAMU e a redução de vazios assistenciais
na saúde mental.
O planejamento do programa é plurianual e abrange todo o
governo do presidente Lula. Para 2023, estaria previsto um investi-
mento inicial de R$ 1,4 bilhão, que inclui as seguintes ações:
• retomada de obras inacabadas em UBS;
• expansão do SAMU, dos CER, das Oficinas Ortopédicas e dos
CAPS;
• alocação de recursos para a compra de equipamentos de ra-
dioterapia e para os hospitais estaduais;
• instalação de salas e equipamentos para teleconsultas, nú-
cleos de telessaúde e laboratórios de resposta rápida em regiões
isoladas;
• investimento no Centro de Inteligência Genômica e no forta-
lecimento da cadeia de produção e inovação;
• criação do Memorial da Pandemia.
O programa tem como principal objetivo abordar problemas
estruturais na saúde, como a ampliação do número de leitos hos-
pitalares por mil habitantes, com a construção de novos hospitais
estaduais. Isso se deve à necessidade de atingir a meta de três leitos
por mil habitantes, conforme preconizado pela OMS, em contras-
te com os 2,13 leitos por mil habitantes atualmente disponíveis no
Brasil.
Outra prioridade é reduzir as desigualdades de acesso à saúde
bucal, por meio da aquisição de unidades odontológicas modernas
enviadas a regiões de difícil acesso e áreas rurais, beneficiando
aproximadamente 1,2 milhão de pessoas. A mortalidade materna,
que aumentou significativamente entre 2019 e 2021, também seria
um desafio a ser enfrentado, com foco na Nova Rede Cegonha.
O Novo PAC aborda ainda a preparação para emergências sanitá-
rias, com a expansão de laboratórios, construção do primeiro labora-
tório nível 4 de segurança no Brasil, implementação de laboratórios de
resposta rápida em áreas remotas e fortalecimento da cadeia produti-
va de imunobiológicos, fármacos e equipamentos de saúde.
Observação: para garantir que os serviços do SUS estejam ali-
nhados com os protocolos mais recentes de telessaúde, o programa
prevê a implementação de núcleos para teleconsulta com base em
experiências bem-sucedidas em várias regiões do país.
Estudo revela que 80% dos educadores enfrentaram agres-
sões no ambiente escolar este ano15
Um estudo revelou que 8 em cada 10 educadores foram víti-
mas de agressões no ambiente escolar em 2023. O levantamento,
conduzido pela Nova Escola em conjunto com o Instituto Ame Sua
Mente, demonstrou um aumento de 20% nesse índice em compa-
ração a 2022.
Entre as formas de agressão relatadas, a verbal destacou-se
como a mais prevalente, afetando 76,1% dos participantes da pes-
quisa. Na sequência, a violência psicológica/moral foi identificada
em 41,5% dos casos. Diante desse panorama, 6 em cada 10 profes-
sores entrevistados expressaram temor em relação à sua própria
segurança física.
O presidente do Instituto Ame Sua Mente, Rodrigo Bressan,
avaliou que o “ambiente de violência ganhou força desde o retorno
pós-pandemia”. Contudo, ele ressaltou que os níveis de agressão
já eram altos mesmo antes disso. “Desde os eventos violentos no
início do ano, houve um aumento, e presenciamos casos de maior
intensidade e gravidade”, acrescentou.
15 OITO em cada dez educadores já foram vítimas de agressão no ambiente
escolar. Jovem Pan, 2023. Disponível em: https://jovempan.com.br /noticias/
brasil/oito-em-cada-dez-educadores-ja- foram-vitimas-de-agressao-no-ambien-
te-escolar-mostra-pesquisa.html. Acesso em: 04 out. 2023.
 ATUALIDADES
O psiquiatra explicou que as escolas “foram concebidas para mediar conflitos e educar cidadãos que cultivam o respeito mútuo e
a habilidade de lidar com figuras de autoridade”. De acordo com ele, o retorno à escola após a pandemia destacou como “um desafio
significativo para os alunos readaptarem-se a permanecerem em sala de aula, realizar avaliações e lidar com colegas, o que gerou uma
atmosfera tensa, contribuindo para a insatisfação dos professores”.

Bressan defende que “agora é o momento de enfatizar a necessidade de priorizar a saúde mental” dentro das instituições de ensino,
tanto públicas quanto privadas. “O primeiro passo é reconhecer que existe um problema e o segundo é agir, sem esperar que algo ocorra,
através de diálogos entre alunos e professores.”
Ele também acredita que é essencial que as escolas desenvolvam estratégias para lidar com situações envolvendo alunos que possam
estar enfrentando autoagressão, por exemplo. “Saber como agir cria um ambiente seguro tanto para professores quanto para alunos”,
concluiu.
A pesquisa quantitativa foi conduzida pela plataforma Typeform em parceria com a base da Nova Escola, durante o mês de julho, com
a participação de 2.752 educadores.

Apagão nacional de 2023: uma análise detalhada16

Na manhã de terça-feira, 15 de agosto, um apagão atingiu todas as unidades da federação, com exceção de Roraima. De acordo com
informações do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e do Ministério de Minas e Energia (MME), ocorreu uma falha no Sistema
Interligado Nacional por volta das 08h31.
O ministro do MME, Alexandre Silveira, em uma entrevista, apontou que o apagão teve origem em uma sobrecarga no estado do Ceará
e mencionou a existência de “outro incidente” em local não especificado pelas autoridades. Ele também anunciou a intenção de solicitar
investigações por parte da Polícia Federal (PF) e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para determinar se o apagão poderia ter sido
resultado de ação humana.
Os impactos do apagão foram significativos, causando uma série de problemas em todo o país, tais como:
• interrupções nas operações do metrô;
• falta de fornecimento de água em algumas cidades;
• semáforos desligados, resultando em caos no trânsito;
• dispensa mais cedo dos alunos de escolas em algumas regiões;
• prejuízos financeiros para o comércio;
• suspensão de consultas em hospitais.

Importante: Roraima não foi afetado pelo apagão nacional devido a uma característica única do seu sistema elétrico e da sua conexão
com o restante do país. Veja na tabela a seguir:

SISTEMA ISOLADO GERAÇÃO PRÓPRIA LIMITADA INTEGRAÇÃO

Roraima é o único estado brasileiro que
não está conectado ao Sistema Interligado
Nacional (SIN), rede de transmissão de
energia elétrica que cobre a maior parte
do Brasil. Em vez disso, Roraima possui um
sistema elétrico isolado, o que significa
que não compartilha diretamente a mes-
ma infraestrutura de transmissão com as
outras regiões do país
Para atender às necessidades de eletricidade
em Roraima, o estado depende principalmen-
te da geração própria, como usinas térmicas a
diesel e a gás natural. Isso confere a Roraima
uma certa independência em termos de
fornecimento de energia e reduz a exposição
a falhas em outras partes do sistema elétrico
brasileiro
Roraima possui uma interligação elétrica
limitada com a Venezuela, o que propor-
ciona uma alternativa para a aquisição
de eletricidade em situações de necessi-
dade. No entanto, devido à instabilidade
política e econômica na Venezuela, essa
interligação pode não ser uma fonte
confiável de suprimento em todos os
momentos

Nos últimos 24 anos, o Brasil enfrentou cinco episódios de apagões. Veja:

▪ Brasil (1999)
Em 11 de março de 1999, um dos maiores blecautes da história do Brasil ocorreu, afetando 10 estados e o Distrito Federal. A causa
inicialmente atribuída a um raio em uma torre de distribuição em Bauru (SP) posteriormente foi refutada, sendo a sobrecarga do sistema
considerada a razão. O impacto foi sentido por aproximadamente 76 milhões de pessoas. Dois anos após esse incidente, houve um racio-
namento de energia em todo o país, com exceção da região Sul.

▪ Brasil e Paraguai (2009)

Em 10 de novembro de 2009, uma falha em três linhas de transmissão da usina binacional de Itaipu resultou no desligamento automá-
tico de 20 turbinas hidrelétricas. A interrupção afetou quase 90 milhões de pessoas no Brasil e no Paraguai, com quatro estados brasileiros
sendo completamente afetados e cerca de 90% do Paraguai ficando sem luz.

▪ Nordeste (2011)
Em 3 de fevereiro de 2011, uma falha em uma subestação na fronteira entre Pernambuco e Bahia deixou todo o Nordeste sem energia,
exceto o Maranhão. Cerca de 47 milhões de pessoas enfrentaram várias horas de interrupção no fornecimento de energia.

16 CALDAS, A. L. Apagão: análise preliminar do ONS aponta início de desligamento no CE. Agência Brasil, 2023. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/
radioagencia-nacional/geral/audio/2023-08/apagao-analise-preliminar-do-ons- aponta-inicio-de-desligamento-no-ce. Acesso em: 04 out. 2023.

7
 ATUALIDADES
▪ Brasil (2018)
Em 21 de março de 2018, todas as regiões do país foram afeta-
das por um apagão, com maior impacto e duração no Norte e Nor-
deste. A falha ocorreu devido a um problema na linha de transmis-
são associada à usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, que não
conseguiu suportar um aumento de carga. Cerca de 70 milhões de
pessoas foram afetadas, com os estados de Alagoas, Amapá, Ama-
zonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Piauí, Pernambuco,
Rio Grande do Norte, Rondônia, Sergipe e Tocantins sendo os mais
prejudicados.
▪ Amapá (2020)
Em 3 de novembro de 2020, um incêndio na principal subesta-
ção do Amapá resultou na interrupção do fornecimento de energia
em 13 dos 16 municípios do estado. A restauração levou tempo,
causando caos nos serviços públicos e deixando quase 800 mil pes-
soas sem eletricidade por um período de 10 dias.
Ranking de competitividade dos municípios de 202317
O Ranking de Competitividade dos Municípios de 2023 avaliou
precisamente 410 cidades brasileiras, correspondendo ao número
exato de municípios com uma população acima de 80 mil habitan-
tes, conforme os dados atualizados pelo Instituto Brasileiro de Geo-
grafia e Estatística (IBGE) em 2022.
Tadeu Barros, diretor-presidente do Centro de Liderança Públi-
ca (CLP), esclareceu que a competitividade funciona como um indi-
cador do bem-estar social. Em outras palavras, um município com-
petitivo é aquele que proporciona o melhor atendimento possível
aos cidadãos, resultando em uma alta qualidade de vida.
A instituição acredita que esses dados devem contribuir para
uma gestão pública embasada em evidências concretas. “Isso sig-
nifica acabar com conjecturas e passar a focar em indicadores e
desempenho. É uma maneira de examinar exatamente o que está
acontecendo”, destacou Tadeu Barros.
Hebert Lima, secretário da Educação de Sobral, já está familiari-
zado com o Ranking de Competitividade dos Municípios produzido
pelo CLP desde 2020. Para ele, essa avaliação serve como um guia
para a área educacional em Sobral. “Esse ranking, assim como ou-
tros indicadores, serve como referência, principalmente para avaliar
a eficácia na aplicação dos recursos públicos nas cidades”, afirma.
O CLP empregou 65 indicadores abordando áreas consideradas
cruciais para a competitividade municipal. Aspectos como a taxa
de matrícula no ensino básico, o tempo necessário para abrir uma
empresa e a velocidade do desmatamento ilegal foram analisados.
Esses dados foram extraídos de cerca de 35 bancos de dados
públicos. Para assegurar uma análise imparcial, todos os índices se-
lecionados costumam ser divulgados pelas prefeituras ou são obri-
gatórios de serem divulgados por elas.
Cidades bem avaliadas em qualidade da educação
1º Sobral (CE)
2º São Caetano do Sul (SP)
3º Itatiba (SP)
4º Jundiaí (SP)
5º Conselheiro Lafaiete (MG)
6º Apucarana (PR)
7º Birigui (SP)
17 SILVA, B. Florianópolis é a cidade mais competitiva do Brasil, mostra ranking.
CNN Brasil, 2023. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/ nacional/flo-
rianopolis-e-a-cidade-mais- competitiva-do-brasil-mostra-ranking/. Acesso em:
04 out. 2023.
8
8º Ipatinga (MG)
9º Indaiatuba SP
10º Paranavaí (PR)
11º Atibaia (SP)
12º Limeira (SP)
13º Divinópolis (MG)
14º Ijuí (RS)
15º São José dos Campos (SP)
Fonte: Centro de Liderança Pública (CLP)
Inovador programa educacional oferece aos alunos uma com-
preensão aprofundada da complexidade da Amazônia18
O programa “Itinerários Amazônicos” tem o potencial de alcan-
çar um milhão de estudantes, 54 mil professores e 3 mil escolas de
ensino médio, de acordo com os dados do último censo escolar do
Ministério da Educação (MEC).
Em uma entrevista, Paulo Andrade, coidealizador do projeto,
explicou que a intenção é “trazer a Amazônia para as escolas do
Brasil”. “A Amazônia envolve muito mais do que apenas a questão
ambiental; engloba dimensões sociais, econômicas, territoriais, cul-
turais e diversas outras”, afirmou.
Por esse motivo, o presidente do Instituto Lungo ressal-
ta a importância de que os jovens do ensino médio, tanto da
Amazônia Legal quanto de todo o país, tenham a oportunidade de
compreender essa complexidade.
Segundo o especialista, o plano do programa engloba duas
principais contribuições: “Material pedagógico para que os profes-
sores possam planejar suas aulas, além de formação continuada ao
longo de 2 ou 3 anos.”
O ensino promovido é interdisciplinar, abrangendo matérias
como matemática, ciências da natureza, linguagem e ciências hu-
manas. “Isso permite construir um conhecimento mais sólido sobre
a região”, enfatizou.
Dessa forma, ele vê que “ter um conhecimento aprofundado é
crucial, mas não é tudo; os jovens vão não somente adquirir conhe-
cimentos em profundidade, mas também entender como podem
agir.”
O programa foi desenvolvido ao longo dos últimos 12 meses
com a colaboração de diversos especialistas e já foi adotado nos
estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará,
Roraima e Tocantins.
Paulo Andrade enfatizou que espera que o currículo seja ado-
tado por escolas em todo o Brasil; o material está disponível no site
itinerariosamazonicos.org.br.
Pesquisa indica que 61% dos dirigentes escolares consideram
o acesso a recursos para ensino integral “muito difícil”19
Acesso a recursos para implementar o ensino integral no Bra-
sil é considerado bastante desafiador por 61,9% dos dirigentes de
ensino do país, enquanto apenas 7,3% afirmam não enfrentar qual-
quer obstáculo. Esses dados fazem parte de uma pesquisa inédita
conduzida pelo Itaú Social, que avalia os desafios dos anos finais do
ensino fundamental (do 6º ao 9º ano).
18 GARCIA, A. Novo programa ensina complexidade da Amazônia aos alunos,
diz co-idealizador. CNN Brasil, 2023. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.
br/ nacional/novo-programa-ensina-complexidade-da- amazonia-aos-alunos-di-
z-co-idealizador/. Acesso em: 04 out. 2023.
19 CECÍLIA, S. Acesso a recursos para ensino integral é “muito difícil” para 61%
dos dirigentes escolares, diz pesquisa. Silva Lima, 2023. Disponível em: https://
blogdosilvalima.com.br/ acesso-a-recursos-para-ensino-integral-e-muito-dificil-
-para-61-dos- dirigentes-escolares-diz-pesquisa/. Acesso em: 04 out. 2023.
 ATUALIDADES
Na modalidade de ensino integral, os alunos permanecem na
escola por no mínimo sete horas diárias ou 35 horas semanais.
Para a elaboração desse estudo, foram ouvidos representantes
de mais de 3,3 mil redes municipais de ensino em todo o país. O ob-
jetivo da pesquisa era identificar os principais desafios enfrentados
na oferta e gestão dos anos finais do ensino fundamental.
De acordo com o levantamento, 60,4% dos dirigentes enfren-
tam grandes dificuldades relacionadas à falta de infraestrutura físi-
ca, enquanto apenas 9,3% não têm preocupações nesse aspecto.
Apesar da escassez de recursos, os líderes demonstram um
empenho na implantação dessa modalidade de ensino. Segundo o
estudo, no Brasil, 57,5% afirmam ter ações em curso para expandir
ou implementar a educação integral nos anos finais do ensino fun-
damental.
A pesquisa aponta que o Nordeste se destaca em comparação
com outras regiões, com 70% das redes trabalhando na expansão
da proposta, seguido pelas regiões Norte (52,7%), Sul (51,1%), Su-
deste (46,5%) e Centro-Oeste (24,1%).
Entre as estratégias para ampliar a educação integral, a mais
comum é a oferta de disciplinas eletivas ou atividades extras. Con-
forme o estudo, 42,8% das redes já implementaram essas medidas,
enquanto 18,5% ainda não têm planos para colocar essas estraté-
gias em prática.
Outra iniciativa mencionada para a implementação desse mo-
delo de ensino é o aumento do número de professores, já concre-
tizado por 39,9% dos dirigentes. Por outro lado, 20,8% deles não
possuem perspectivas para essa expansão.
Embora haja a intenção de ampliar a oferta de educação inte-
gral nas escolas, 26,9% das redes municipais ainda não planejaram
a extensão da carga horária existente, e 29,8% não têm planos para
aumentar o número de disciplinas curriculares.
Quanto a esses dois aspectos, as regiões Centro-Oeste e Sul
possuem mais de 40% das redes declarando que não têm planos de
implementação.
• Programa Escola em Tempo Integral
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou o progra-
ma “Escola em Tempo Integral”, direcionado a estados e municípios.
O governo federal tem o propósito de investir R$ 4 bilhões para au-
mentar, até o fim de 2023, em um milhão o número de matrículas
em escolas básicas de educação integral.
Além da extensão do período de permanência dos alunos, o
programa também contempla a utilização dos espaços dentro e fora
da escola, bem como a integração com áreas como saúde, cultura,
esporte, ciência e tecnologia, meio ambiente e direitos humanos,
entre outras estratégias com o objetivo de aprimorar as condições
de aprendizado e desenvolvimento dos estudantes.
Brasil assume a Presidência do G20 pela primeira vez em sua
história20
Na quarta-feira, 30 de agosto de 2023, o Palácio do Planalto
anunciou que o Brasil assumirá a Presidência do G20 pela primeira
vez. O presidente Lula estava programado para viajar na semana
seguinte para participar do encontro que ocorreria em Nova Delhi,
na Índia, nos dias 9 e 10 de setembro.
De acordo com o governo, como país que ocupará a Presidên-
cia, o Brasil também terá a responsabilidade de coordenar a próxi-
ma cúpula, agendada para novembro de 2024, no Rio de Janeiro.
Durante sua visita oficial à Índia, o presidente Lula participaria de
três reuniões de trabalho do G20 e estaria previsto que ele se en-
contrasse com líderes de outras nações para discussões bilaterais.
20 BRASIL vai ocupar a Presidência do G20 pela primeira vez após cúpula na
Índia. Gov.br, 2023. Disponível em: https://www.gov.br/planalto/pt-br/ acom-
panhe-o-planalto/noticias/2023/08/brasil-vai -ocupar-a-presidencia-do-g20-pe-
la-primeira-vez-apos-cupula-na-india. Acesso em: 04 out. 2023.
9
Importante!
O presidente teve a responsabilidade de proferir o discurso
de encerramento da cúpula em 10 de setembro, quando recebeu
simbolicamente a Presidência do primeiro-ministro da Índia, Na-
rendra Modi.
Segundo o embaixador Maurício Lyrio, secretário de Assuntos
Econômicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores
(MRE), o presidente abordaria as prioridades do Brasil em seu dis-
curso, algumas das quais ele já antecipara em uma entrevista na se-
mana anterior. Isso inclui o combate às desigualdades, não apenas
no âmbito social, mas também entre os países, especialmente em
questões relacionadas ao acesso a recursos, bem como às áreas de
agenda social em geral, combate à fome e à pobreza.
Resultados do Censo de 2022 revelam a presença de 1,69 mi-
lhão de indígenas no Brasil21
Os resultados do Censo Demográfico de 2022, divulgados pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 7 de agosto
de 2023, revelaram que o Brasil conta com uma população indígena
de 1.693.535 pessoas, o que equivale a 0,83% da população total
do país. Essa população está distribuída em 4.832 municípios bra-
sileiros.
Comparando com os dados do Censo de 2010, quando o IBGE
registrou 896.917 pessoas declarando-se indígenas, observa-se um
aumento significativo de 88,82% ao longo de 12 anos. Além disso,
o Censo de 2022 identificou um aumento no número de terras indí-
genas oficialmente delimitadas, passando de 501 em 2010 para 573
no ano passado.
O aumento na contagem da população indígena pode ser atri-
buído a várias razões, como:
• melhorias no mapeamento de comunidades indígenas em
todo o país, inclusive em áreas remotas e urbanas;
• adoção de procedimentos padronizados para abordar líderes
indígenas;
• uso de guias institucionais da Fundação Nacional dos Povos
Indígenas (Funai) e da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai);
• preparação das equipes regionais e locais da Funai e Sesai
para apoiar a coleta de dados;
• inclusão de guias comunitários indígenas e treinamento dife-
renciado das equipes censitárias;
• monitoramento em tempo real para garantir uma coleta de
dados abrangente e adaptações metodológicas para facilitar a com-
preensão do questionário.
Marta Antunes, responsável pelo Projeto de Povos e Comuni-
dades Tradicionais do IBGE, expressou sua gratidão às lideranças in-
dígenas que desempenharam um papel fundamental na realização
do Censo, reconhecendo-o como uma política de Estado e um direi-
to dos povos indígenas de serem contados de maneira adequada.
Observação: a Região Norte do Brasil destaca-se como a que
concentra a maior parte da população indígena, representando
44,48% do total, com um contingente de 753.357 pessoas. A Região
Nordeste abriga 31,22% da população indígena, somando 528.800
indivíduos. Juntas, essas duas regiões compreendem 75,71% da po-
pulação indígena do Brasil.
Dois estados brasileiros concentram 42,51% da população indí-
gena residente no país: o Amazonas, com 490.854 pessoas (28,98%
da população indígena), e a Bahia, com 229.103 (13,53% do total).
Mato Grosso do Sul aparece em terceiro lugar, com 116.346 indí-
21 DADOS do Censo 2022 revelam que o Brasil tem 1,7 milhão de indígenas.
Gov.br, 2023. Disponível em: https://www.gov.br/funai/pt-br/ assuntos/noti-
cias/2023/dados-do-censo-2022 -revelam-que-o-brasil-tem-1-7-milhao-de-indi-
genas. Acesso em: 04 out. 2023.
 ATUALIDADES
genas, seguido por Pernambuco, com 106.634, e Roraima, com
97.320. Juntos, esses cinco estados compõem 61,43% da população
indígena do país.
No ano de 2022, Manaus liderou como o município brasileiro
com o maior número de pessoas indígenas, totalizando 71,7 mil ha-
bitantes. Em seguida, encontra-se São Gabriel da Cachoeira (AM),
com 48,3 mil habitantes indígenas, e Tabatinga (AM), com 34,5
mil. As maiores proporções de população indígena foram obser-
vadas em Uiramutã (RR), onde 96,60% da população era indígena,
Santa Isabel do Rio Negro (AM), com 96,17%, e São Gabriel da Ca-
choeira, com 93,17%.
• Terras indígenas
A população residente em terras indígenas no Brasil totalizava
689,2 mil pessoas, das quais 622,1 mil (90,26%) eram indígenas e
67,1 mil (9,74%), não indígenas. Quase metade dessa população
(49,12%) estava localizada na região Norte, onde as terras indíge-
nas abrigavam 338,5 mil habitantes, sendo que 316,5 mil (93,49%)
eram indígenas.
A terra indígena ianomâmi (AM/RR) destacava-se com o maior
número de pessoas indígenas, contabilizando 27.152 indivíduos, o
que equivalia a 4,36% do total de pessoas em terras indígenas no
país. Em segundo lugar estava a terra indígena Raposa Serra do Sol
(RR), com 26.176 habitantes, seguida pela terra indígena Évare I
(AM), com 20.177 residentes.
Dos 72,4 milhões de domicílios particulares permanentes ocu-
pados em todo o Brasil, 630.041 tinham pelo menos um morador
indígena, representando 0,87% do total de domicílios. Dentre esses
630.041 domicílios com pelo menos um morador indígena, 137.256
estavam localizados dentro de terras indígenas (21,79%), enquanto
492.785 estavam fora de terras indígenas (78,21%).
A média de moradores nos domicílios com pelo menos um mo-
rador indígena era de 3,64 pessoas. Dentro das terras indígenas,
essa média era de 4,6 pessoas, enquanto, fora das terras indígenas,
era de 3,37 pessoas. Em todos os casos, essa média foi mais alta do
que a média geral de moradores nos domicílios do país, que era de
2,79 pessoas.
• Amazônia Legal Brasileira (ALB)
No âmbito da Amazônia Legal, o Censo Demográfico identificou
um total de 867.919 pessoas indígenas, o que corresponde a 3,26%
da população residente total da região. Esse contingente represen-
ta uma parcela significativa, compreendendo 51,25% da população
indígena residente em todo o Brasil.
Dentro da Amazônia Legal, um total de 403.287 indígenas fo-
ram recenseados como residentes em terras indígenas, represen-
tando 64,83% da população indígena nacional que reside nessas
terras.
Importante!
A presença da população indígena nas terras indígenas da
Amazônia Legal supera a média nacional. Enquanto, na Amazônia
Legal, 46,47% da população indígena reside em terras indígenas, no
conjunto do país, esse percentual é de 36,73%.
O líder indígena Junior Yanomami reconhece os desafios en-
frentados pelas equipes do IBGE ao tentar alcançar comunidades
isoladas na Amazônia, que muitas vezes estão ameaçadas por ga-
rimpeiros e madeireiros. Ele enfatiza a importância de viver em paz
e de contar com proteção efetiva para os povos indígenas e para a
floresta, além de acesso a serviços essenciais, como saúde, educa-
ção e segurança. O Censo é visto como um instrumento fundamen-
tal para direcionar políticas públicas que atendam às necessidades
dessas comunidades.
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Banco Central confirma que a moeda digital será denominada
Drex22
O Banco Central (BC) confirmou na segunda-feira, 7 de agosto
de 2023, que a moeda virtual que equivalerá ao dinheiro em circu-
lação, chamada de real digital, será denominada Drex. A confirma-
ção foi feita pelo economista do BC, Fabio Araujo, coordenador da
iniciativa, durante uma transmissão ao vivo semanal realizada pela
autoridade monetária no YouTube.
De acordo com o BC, cada letra do nome Drex representa uma
característica da ferramenta:
• “D” para digital;
• “R” para real;
• “E” para eletrônica;
• “X” para evocar modernidade e conexão, além de fazer refe-
rência à última letra do Pix, o sistema de transferência instantânea
criado em 2020.
Observação: o Drex, segundo o BC, tem o objetivo de facilitar a
vida dos brasileiros, proporcionando um ambiente seguro e regula-
do para a geração de novos negócios e um acesso mais democráti-
co aos benefícios da digitalização da economia tanto para cidadãos
como empreendedores.
Diferentemente das criptomoedas, cujo valor varia de acordo
com a demanda e a oferta e que são conhecidas por sua volatilida-
de, o Drex terá o mesmo valor do real. Cada R$ 1 valerá 1 Drex, e
a moeda digital será garantida pelo Banco Central, diferentemente
das criptomoedas, que não têm garantia de nenhuma autoridade
monetária.
O Drex será uma moeda de atacado, não de varejo, e não será
acessado diretamente pelos correntistas. Em vez disso, os clientes
poderão utilizá-lo por meio de carteiras virtuais associadas a insti-
tuições de pagamento, como bancos e correspondentes bancários.
Os clientes depositarão o equivalente em reais nessas carteiras e
poderão realizar transações com a versão digital da moeda.
Na prática, o Drex funcionará de maneira semelhante ao Pix,
mas com finalidades e escalas de valores diferentes. Enquanto o Pix
é frequentemente usado para transações comerciais obedecendo a
limites de segurança, o Drex poderá ser utilizado para adquirir bens
como imóveis, veículos e até títulos públicos.
Embora esteja em fase de testes desde o início do ano, o real di-
gital só estará disponível para a população no final de 2024. O Ban-
co Central já escolheu a plataforma para as transações e habilitou
16 consórcios nos últimos meses para desenvolverem ferramentas
e instrumentos financeiros que serão testados no novo sistema.
Os testes com os consórcios começarão em setembro e envol-
verão operações simuladas para avaliar a segurança e a agilidade
nas transações entre o real digital e os depósitos tokenizados de ins-
tituições financeiras. Os ativos utilizados no projeto piloto incluirão
depósitos de contas de reservas bancárias, contas de liquidação,
conta única do Tesouro Nacional, depósitos bancários à vista, con-
tas de pagamento de instituições de pagamento e títulos públicos
federais.
Dica
Esses testes ocorrerão em etapas, com as transações simula-
das com títulos do Tesouro Nacional previstas para fevereiro do
próximo ano.
22 DREX — Real Digital. Banco Central do Brasil, 2023. Disponível em: https://
www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/drex. Acesso em: 04 out. 2023.
 ATUALIDADES
Líder quilombola e religiosa Bernadete Pacífico é assassina-
da23
A declaração de Maria Bernadete Pacífico, líder quilombola e
ialorixá de 72 anos, em julho deste ano, parecia quase premonitória
quando ela afirmou: “Acho que quando chega até a morte, a revolta
é muito grande.” Infelizmente, Maria Bernadete foi vítima de um
assassinato a tiros em sua própria casa. No momento do crime, ela
estava na companhia de seus netos e outras duas crianças.
Esse trágico incidente ocorreu seis anos após a morte a tiros de
seu filho, Fábio Gabriel Pacífico dos Santos, conhecido como Binho
do Quilombo. Desde 2017, Maria Bernadete vinha buscando justiça
pela morte de seu filho.
Jurandyr Pacífico, outro filho de Maria Bernadete, conversou
com uma equipe de televisão enquanto lidava com os procedimen-
tos para o sepultamento de sua mãe. Ele revelou que sua mãe es-
tava sendo ameaçada desde 2016, meses antes do assassinato de
Binho. Devido a essas ameaças, ela foi incluída em um programa de
proteção, que, infelizmente, não conseguiu garantir sua segurança.
Jurandyr questionou a eficácia desse programa:
O programa de proteção eram as câmeras lá onde ela morava,
na roça, e a polícia ia lá uma vez no dia, ficava 20, 30 minutos e vol-
tava. Não ficava 24 horas. Na hora que executou minha mãe dentro
de casa, juntamente com os netos, cadê a proteção?
Maria Bernadete também vinha cobrando das autoridades
mais segurança para o Quilombo Pitanga dos Palmares. Em julho,
durante a visita da ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Fede-
ral (STF), a ialorixá alertou sobre a violência na região e pediu uma
maior atuação do poder público.
A ministra Rosa Weber foi uma das autoridades que lamentou a
morte de Maria Bernadete. Ela relembrou seu encontro com a líder
quilombola e instou as autoridades locais a tomarem providências
urgentes para esclarecer o caso e responsabilizar os autores. O pre-
sidente Lula expressou condolências à família e manifestou preocu-
pação com o assassinato, aguardando uma investigação rigorosa.
O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, ordenou uma in-
vestigação imediata pelas forças de segurança estaduais. A Polícia
Civil do estado está trabalhando no caso e não descarta a possibi-
lidade de que os assassinatos de Maria Bernadete e de Binho este-
jam relacionados.
Atenção! As investigações sobre o assassinato de Bernadete
Pacífico também envolveriam a Polícia Federal, pois o programa de
proteção ao qual ela estava vinculada era de âmbito federal, embo-
ra executado pelo estado. As forças de segurança estadual e fede-
ral estão unidas na busca por esclarecimentos não apenas sobre as
motivações, mas também sobre as falhas ocorridas.
Ivanir dos Santos, interlocutor da Comissão de Combate à In-
tolerância Religiosa, destacou a importância de se considerar que
esse crime ocorreu em um espaço religioso dentro de uma terra
quilombola, carregando diversos simbolismos. Ele enfatizou a ne-
cessidade de criminalizar tais atos, reconhecendo a complexidade e
os aspectos culturais envolvidos.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, lembrou que os
ataques a terreiros e o assassinato de líderes religiosos de matriz
africana não são eventos isolados. Ela expressou o compromisso
profundo do Ministério com a comunidade de axé e solidariedade
à família de Maria Bernadete. Ela concluiu: “Eu peço que os orixás
acolham a Bernadete e desejo do fundo do meu coração toda a so-
lidariedade aos familiares”.

23 BISCHOFF, W. Bernadete Pacífico, liderança quilombola da Bahia, é assas-

sinada. G1, 2023. Disponível em: https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/
2023/08/18/bernadete-pacifico-lideranca- quilombola-da-bahia-e-assassinada.
ghtml. Acesso em: 04 out. 2023.

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