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Contas contábeis

As Contas contábeis são a estrutura básica do sistema de informação contábil, nela são
registradas as transações contábeis de uma entidade.[1] As contas contábeis devem ser
expressas com títulos em conformidade com os atos e fatos administrativos provocados, e
figurar num plano de contas, de acordo com as suas características, similaridades ou
eventos econômicos produzidos. Uma conta deve representar facilmente a operação
realizada por uma entidade.[2] No Brasil, conforme o artigo 178 da Lei 6.404/76, (https://ww
w.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm) "no balanço patrimonial, as contas serão
classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a
facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia".[3] Sem contas
contábeis organizadas de forma cartesiana ou racional escrituradas pelo método das
partidas dobradas, os sistemas de informação devem ser denominados de gerenciais ou
administrativos, não contábeis.[1]

História
Conforme registros do Paleolítico Superior, as contas, como instrumentos de registros,
surgiram antes da invenção da escrita e cálculo, dada a necessidade humana de registrar e
controlar seus bens de forma organizada.[4] De forma rudimentar, o ser humano registrava
seus bens, através de seixos. Em um rebanho por exemplo, era atribuído um seixo a cada
animal e adicionado um seixo a medida que um animal nascia ou era adquirido e retirado a
cada decréscimo do animal. [5] Segundo Cecherelli, tal recurso foi intuitivo e natural.[6]

Posteriormente, em 4.000 A.C, na Suméria, a humanidade passou a efetuar esse registro


através de símbolos abstratos[4]. Na baixa Mesopotâmia, cerca de 3.500 A.C, foram
encontrados inscrições em argila onde constava um sistema informativo que seria base para
surgimento do Livro diário, Livro razão e posteriormente o Balanço Patrimonial, Nas
tabuletas de Lagash, 2.600 A.C, atualmente no Museu do Cincoentenário, de Bruxela, já
consta apurações de resultados em “contas do Exercício".[4]

Na obra Summa de Arithmética, Geometria, Proportioni et Proportionalitá do Frei Luca Pacioli,


conceituou o registro dos fatos contábeis pelo método das partidas dobradas, sendo no
Livro diário feitos pela expressão "POR" e "A", onde "POR" designa a conta devedora, e "A" a
conta credor, como ele exemplificou: [4]

"1493, 8 de novembro, Veneza

1º Por Caixa de Numerário: A Capital Próprio, eu, Fulano de tal,


etc.

Débito. 1 em dinheiro, em espécie encontrado presentemente em


ouro e moedas;

Crédito. 2 prata e cobre de diversas cunhagens, como aparece na


folha do Inventário em Caixa colocado, etc., no total tantos
ducados de ouro e moedas ducados, tanto valendo tudo ao câmbio
veneziano em base ouro, isto é, a 24 soldos grandes por ducados, e
a 32 soldos pequenos em liras de ouro." [7] Frei Luca Pacioli

Pacioli, também definiu como escriturar o Livro razão, onde são anotados as transações por
conta contábil transportados do Livro diário.[4]

Correntes de Pensamento
Depois de Luca Pacioli, começaram a ser desenvolvidas diversas teorias, originadas através
de observações, que foram organizados em correntes de pensamento de acordo com suas
semelhanças[8]

Contismo
Também conhecida como escola francesa cujas teorias da época foram chamadas de
corrente contábil do contismo. A teoria mais popular, chamada de "teoria das cinco contas",
criada no século XVIII, por Edmond Degrange, dominou a contabilidade prática durante quase
dois séculos, introduziu o livro diário-razão, o qual teve grande aceitação nos Estados
Unidos, a ponto de ser mais conhecido como "diário americano". Ao contismo sucederia o
neocontismo.[9] As cinco contas:

mercadorias;
dinheiro;
efeitos a receber;
efeitos a pagar;
lucros e perdas.[9]
Personalismo
Na teoria personalista as contas são comparadas a pessoas com relação com a entidade,
assim, o débito de representa uma dívida e um crédito um direito da pessoa[2]. Logicamente,
cada débito da entidade é um crédito dos agentes consignatário ou correspondentes, e vice-
versa. Nessa teoria a contas se dividem em três grupos[2]:

Contas dos proprietários, que


registram o Patrimônio Líquido, as
Receitas e as Despesas.
Contas dos agentes consignatários,
que registram Bens.
Contas dos agentes correspondentes,
que registram os direitos e as
obrigações.

Materialismo
Na escola materialista, as contas representam relação material com a entidade. Sendo
assim, as contas patrimoniais (bens, direitos e obrigações) são chamadas de contas
integrais, já as contas do Patrimônio Líquido e de resultado são conhecidas como contas
diferenciais.[2]

Patrimonialismo
Na corrente patrimonialista , as contas são separadas contas Patrimoniais (Ativo e Passivo)
e contas de Resultado (Receitas e Despesas).[2]

Classificação
Na teoria patrimonialista, suporte das normas nacionais e internacionais de contabilidade, as
contas são divididas em contas patrimoniais e contas de resultado.[10]

Contas patrimoniais
As contas patrimoniais são classificadas como Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido. As
contas ativas abrigam os bens e os direitos, já nas contas passivas são registradas as
obrigações com terceiros e o capital pertencente aos sócios e acionistas são alocados no
Patrimônio Líquido.[10]
Contas de Resultado
As contas de resultado são classificadas como Receitas e Despesas, nas Receitas são
registrados as origem dos fatos contábeis modificativos aumentativos, como receita de
venda mercadoria, receita de venda de servições. Nas Despesas são alocados o destino dos
fatos contábeis modificativos diminutivos, como despesa de aluguel, despesa de
funcionário. [10]

Plano de Contas
As contas contábeis fazem parte do sistema de informação contábil cujo objetivo é permitir
o controle do patrimônio e das informações destinada as partes interessadas da entidade.
Para atender esse objetivos, é necessário de organizá-las em um Plano de Contas. [1] Para se
possibilitar uma eficiente análise de contas divide-se as contas em analíticas e sintéticas.[10]

As contas analíticas representam o último nível de detalhamento do plano de contas, elas


recebem a escrituração por meio dos lançamentos contábeis.[1]

Já as contas sintéticas são utilizadas para sumarizar, por soma, o saldo de diversas contas
de natureza semelhante. [1]

Débito e crédito
Nos livros contábeis, os débitos se inscrevem no lado esquerdo das contas, e os créditos, no
lado direito. Pelo método das partidas dobradas, a cada operação, correspondem um ou
mais débitos e um ou mais créditos, sendo que a soma dos créditos será igual à soma dos
débitos correspondentes. Se uma conta possuir mais débitos que créditos, terá saldo
devedor, e se possuir mais créditos que débitos, terá saldo credor.[11]

O fato de se identificarem as origens (credores) e destinos (devedores) dos recursos faz


com que os conceitos de débito e crédito sejam difíceis de se compreender à primeira vista,
já que eles são erroneamente associados a diminuições e aumentos de capital,
respectivamente. Ou seja: crê-se, erroneamente, que débito é sempre ruim e que crédito é
sempre bom.[12]
Ligações externas

«Vídeo aula sobre Grupo de Contas» (htt


p://sites.eplusa.org/avenidacult/contabi
lidade/grupodecontas)

Referências

1. Padoveze, Clóvis Luís (2019).


Contabilidade empresarial e
societária 3ª ed. ed. Curitiba [PR]:
IESDE Brasil. pp. 38–41. ISBN 978-
85-387-6493-9
2. Silva, João Edson da; Antonovz,
Tatiane (2018). Contabilidade geral
2ª ed. ed. Curitiba [PR]: IESDE Brasil.
ISBN 978-85-387-6445-8
3. BRASIL (17 dez. 1976). «Lei n. 6.404,
de 15 de dezembro de 1976. Dispõe
sobre as sociedades por ações.» (htt
ps://www.planalto.gov.br/ccivil_03/le
is/l6404consol.htm) . Brasília, DF.:
Diário Oficial da União, Poder
Executivo. Consultado em 4 dez.
2022
4. Sá, Antônio Lopes de (2004). Luca
Pacioli: um mestre do renascimento
(https://cfc.org.br/wp-content/uploa
ds/2018/04/1_Livro_lucapacioli.pdf)
(PDF) 2ª ed. ed. Brasília: Fundação
Brasileira de Contabilidade. pp. 26–
31. 63–139
5. IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARION, José
C.; FARIA, Ana C. (2018). Introdução
à teoria da contabilidade 6. ed. ed.
São Paulo: Atlas
6. Ceccherelli, Alberto (1915). La
Logismologia F. Vallardi ed. Milão:
[s.n.] pp. pág. 4 e seguintes
7. Pacioli, Luca (1523). Summa de
Arithmetica geometria proportioni :
et proportionalita... (https://books.go
ogle.com/books?id=iqgPe49fhrsC&n
ewbks=0&printsec=frontcover&dq=S
umma+de+Arithm%C3%A9tica,+Geo
metria,+Proportioni+et+Proportionali
t%C3%A1&hl=pt-BR) (em italiano).
[S.l.]: Paganino de Paganini
8. Sá, Antônio Lopes (1997). História
geral e das doutrinas da
contabilidade (https://books.google.
com.br/books/about/Hist%C3%B3ria
_geral_e_das_doutrinas_da_conta.ht
ml?id=PXByPAAACAAJ&redir_esc=
y) . [S.l.]: Atlas
9. Schmidt, Paulo (2006). História do
pensamento contábil (https://books.
google.com.br/books/about/Hist%C
3%B3ria_do_pensamento_cont%C3%
A1bil.html?id=adClPgAACAAJ&redir_
esc=y) . [S.l.]: Atlas
10. Azzolin, José L. (2019).
Fundamentos de contabilidade 1ª ed.
ed. Curitiba: IESDE Brasil. pp. 39–43.
ISBN 978-85-387-6234-8
11. Paula Luciana de Freitas; Roseli
Parreiras da Glória Gatti, Heloisa
Rabelo Fonseca, Vanessa de Almeida
Thasmo Silveira, Daniela Aparecida
Moreira Melo Santos.
«CONTABILIDADE: HISTORIA
INTERAÇÕES E PERSPECTIVAS.
Noções de débitos e créditos» (htt
p://www.unihorizontes.br/proj_inter2
0081/cont/nocoes_de_debitos_credit
os.pdf) (PDF). Consultado em 30 de
janeiro de 2012
12. MARION, J. C. Contabilidade
empresarial. 5ª edição. São Paulo.
Atlas. 1993. p. 185-186.

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