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LINGUAGENS E

SUAS TECNOLOGIAS

LINGUAGEM E SUAS TECNOLOGIAS

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Uso e finalidade dos textos no mundo do trabalho
ensino médio

1
PARA CONSTRUIR
1 (Unicamp-SP) Leia o soneto abaixo, de Luís de Camões. 2 (Unicamp-SP) Leia o soneto abaixo, de Luís de Camões:

H13 H13
Enquanto quis Fortuna que tivesse “Cá nesta Babilônia, donde mana
esperança de algum contentamento, matéria a quanto mal o mundo cria;
o gosto de um suave pensamento cá donde o puro Amor não tem valia,
me fez que seus efeitos escrevesse. que a Mãe, que manda mais, tudo profana;
Porém, temendo Amor que aviso desse cá, onde o mal se afina e o bem se dana,
minha escritura a algum juízo isento, e pode mais que a honra a tirania;
escureceu-me o engenho com tormento, cá, onde a errada e cega Monarquia
para que seus enganos não dissesse. cuida que um nome vão a desengana;
Ó vós, que Amor obriga a ser sujeitos cá, neste labirinto, onde a nobreza,
a diversas vontades! Quando lerdes com esforço e saber pedindo vão
num breve livro casos tão diversos, às portas da cobiça e da vileza;
verdades puras são, e não defeitos... cá neste escuro caos de confusão,
E sabei que, segundo o amor tiverdes, cumprindo o curso estou da natureza.
Tereis o entendimento de meus versos! Vê se me esquecerei de ti, Sião!”

a) Nos dois quartetos do soneto acima, duas divindades são


contrapostas por exercerem um poder sobre o eu lírico. a) Uma oposição espacial configura o tema e o significado
Identifique as duas divindades e explique o poder que desse poema de Camões. Identifique essa oposição, in-
elas exercem sobre a experiência amorosa do eu lírico. dicando o seu significado para o conjunto dos versos.

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b) Um soneto é uma composição poética composta de 14 b) Identifique nos tercetos duas expressões que contem-
versos. Sua forma é fixa e seus últimos versos encerram plam a noção de desconcerto, fundamental para a
o núcleo temático ou a ideia principal do poema. Qual é compreensão do tema do soneto e da lírica camoniana.
a ideia formulada nos dois últimos versos desse soneto
de Camões, levando-se em consideração o conjunto do
poema?

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4 (Uern) Os gêneros literários são empregados com finalida-
de estética. Leia os textos a seguir.
H2

Busque Amor novas artes, novo engenho,


Para matar-me, e novas esquivanças;
Que não pode tirar-me as esperanças,
Que mal me tirará o que eu não tenho.
Camões, L. V. de. Sonetos. Lisboa: Livraria Clássica Editora.
1961. (Fragmento).

Porém já cinco sóis eram passados


Que dali nos partíramos, cortando
Os mares nunca doutrem navegados,
Prosperamente os ventos assoprando,
Quando uma noite, estando descuidados
Na cortadora proa vigiando,
Uma nuvem, que os ares escurece,
Sobre nossas cabeças aparece.
CAMÕES, L. V. Os Lusíadas. São Paulo:
3 (Unifesp) Abril Cultural, 1979 (Fragmento).

H2
Ste anos de pastor Jacob servia
Assinale a alternativa que apresenta, respectivamente, a
H13 Labão, pai de Raquel, serrana bela; classificação dos textos.
mas não servia ao pai, servia a ela, a) Épico e lírico.
e a ela só por prêmio pretendia. b) Lírico e épico.
Os dias, na esperança de um só dia, c) Lírico e dramático.
passava, contentando-se com vê-la; d) Dramático e épico.
porém o pai, usando de cautela,
Leia o soneto abaixo para responder às questões 5 e
em lugar de Raquel lhe dava Lia.
6.
Vendo o triste pastor que com enganos O tempo acaba o ano, o mês e a hora,
lhe fora assi negada a sua pastora, A força, a arte, a manha, a fortaleza;
como se a não tivera merecida, O tempo acaba a fama e a riqueza,
O tempo o mesmo tempo de si chora;
começa de servir outros sete anos,
dizendo: “Mais servira, se não fora O tempo busca e acaba o onde mora
para tão longo amor tão curta a vida”. Qualquer ingratidão, qualquer dureza;
Mas não pode acabar minha tristeza,
Enquanto não quiserdes vós, Senhora.

Uma das principais figuras exploradas por Camões em sua O tempo o claro dia torna escuro
poesia é a antítese. Neste soneto, tal figura ocorre no verso: E o mais ledo prazer em choro triste;
a) “mas não servia ao pai, servia a ela,”. O tempo, a tempestade em grão bonança.
b) “passava, contentando-se com vê-la;”. Mas de abrandar o tempo estou seguro
c) “para tão longo amor tão curta a vida.”. O peito de diamante, onde consiste
d) “porém o pai, usando de cautela,”. A pena e o prazer desta esperança.
e) “lhe fora assi negada a sua pastora,”.

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5 (UFJF-MG) A posição da mulher em relação ao eu lírico, no 6 (UFJF-MG) Explique em que consiste a “esperança” do eu líri-
“Soneto 168”, de Camões, baseia-se em uma tradição poé- co, mencionada no último verso do “Soneto 168”, de Camões.
H13 tica que também encontra ecos no Romantismo. Explique, H13
com base nessa afirmação, como a figura feminina é retra-
tada no texto.

FAÇA VOCÊ MESMO


1 Leia o soneto de Luís de Camões e, em seguida, assinale V ( ) Camões idealiza a figura feminina e retrata um modelo
para o que for verdadeiro e F para o que for falso sobre ele. de mulher dotada de beleza celestial.
H13
( ) O poema sugere o desejo erótico do eu lírico, que
Um mover de olhos, brando e piedoso, compara a mulher amada a Circe, figura mitológica,
sem ver de quê; um riso brando e honesto, pelo poder que ela tem de enfeitiçá-lo com sua beleza.

quase forçado, um doce e humilde gesto, ( ) O eu lírico expressa seu desencanto por uma mulher,
de qualquer alegria duvidoso; considerada uma feiticeira, assim como Circe, figura da
mitologia grega.
um despejo quieto e vergonhoso;
um desejo gravíssimo e modesto; 2 Analise o soneto de Camões, a seguir, e responda às questões.
uma pura bondade manifesto
H2
indício da alma, limpo e gracioso; Como quando o mar tempestuoso
um encolhido ousar, uma brandura; H13 o marinheiro, lasso e trabalhado,

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um medo sem ter culpa, um ar sereno; de um naufrágio cruel já salvo a nado,
um longo e obediente sofrimento: só ouvir falar nele o faz medroso,

Esta foi a celeste formosura e jura que, em que veja bonançoso


da minha Circe, e o mágico veneno o violento mar e sossegado,
que pôde transformar meu pensamento. não entre nele mais, mas vai forçado
CAMÕES, Luís de. Um mover de olhos branco e piedoso. pelo muito interesse cobiçoso;
Disponível em: <http://sonetoscamonianos.blogspot.com/
2009/03/um-mover-dolhos-brando-e-piadoso.html>. assi, Senhora, eu, que da tormenta
Acesso em: 24 fev. 2020.
de vossa vista fujo, por salvar-me,
jurando de não mais em outra ver-me:
( ) Pertence à categoria das poesias épicas de Camões, minh’alma, que de vós nunca se ausenta,
assim como Os lusíadas. dá-me por preço ver-vos, faz tornar-me
( ) O eu lírico faz elogios a aspectos físicos da mulher amada,
donde fugi tão perto de perder-me.
como os olhos e o riso.
CAMÕES, Luís de. Como quando do mar tempestuoso.
( ) O tema central do poema são os feitos de Portugal no Disponível em: < http://sonetoscamonianos.blogspot.com/2009/03/
como-quando-do-mar-tempestuoso.html>. Acesso em: 24 fev. 2020.
período das Grandes Navegações.

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a) Qual o foco temático desse soneto? Ele faz uma abor- ( ) No primeiro quarteto do soneto, o eu lírico descreve as
dagem pessimista ou otimista do tema? características da mulher e, no último terceto, ele revela
que tais características são o que o faz se afastar dela.
( ) Ao longo do soneto, o eu lírico descreve as caracterís-
ticas da mulher e, no último terceto, ele revela que tais
b) Explique a metáfora criada no poema, em relação ao características são o que o faz amá-la.
mar e ao sentimento do eu lírico.
4 Leia o soneto de Camões, a seguir.
H2
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
H13 muda-se o ser, muda-se a confiança;
todo o Mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.
c) Qual a relação entre a metáfora utilizada no soneto de
Camões e o contexto em que ele foi Continuamente vemos novidades,
produzido? diferentes em tudo da esperança;
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem (se algum houve), as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
3 Analise o soneto de Camões. que já coberto foi de neve fria,
H2 e, enfim, converte em choro o doce canto.
Leda serenidade deleitosa,
que representa em terra um paraíso: E, afora este mudar-se cada dia,
H13
entre rubis e perlas, doce riso; outra mudança faz de mor espanto,
debaixo de ouro e neve, cor de rosa. que não se muda já como soía.
CAMÕES, Luís de. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades.
Presença moderada e graciosa, Disponível em: <https://www.escritas.org/pt/t/2513/mudam-se-os-
tempos-mudam-se-as-vontades>. Acesso em; 24 fev. 2020.
onde ensinando estão despejo e siso
que se pode por arte e por aviso,
como por natureza, ser fermosa: Considere as afirmações sobre o soneto lido.
I. Tem o seguinte esquema rítmico: ABBA, ABBA, CDC,
fala de quem a morte e a vida pende,
DCD.
rara, suave; enfim, Senhora, vossa;
II. Tem o seguinte esquema rítmico: ABBA, ABBA, ADA, BCB.
repouso nela alegre e comedido.
III. De forma filosófica, os versos tratam da transitorieda-
Estas as armas são com que me rende de das coisas, ao falar sobre as mudanças que ocorrem
e me cativa Amor; mas não que possa no mundo ao longo do tempo.
despojar-me da glória de rendido. IV. No primeiro terceto, o eu lírico fala sobre uma mudan-
CAMÕES, Luís de. Leda serenidade deleitosa. In: ______. Obra ça que ocorre na natureza.
completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008. Disponível em:
<https://poesia.fandom.com/pt/wiki/Leda_serenidade_deleitosa>.
V. A segunda estrofe expressa uma visão pessimista do
Acesso em: 24 fev. 2020. eu lírico em relação às mudanças ocorridas no mundo.
VI. Tem como foco temático a instabilidade do sentimen-
Sobre o soneto, marque V para o que for verdadeiro e F to de amor, que se transforma em mágoa com o pas-
para o que for falso. sar do tempo.
( ) No soneto, o eu lírico retrata uma figura ideal da mu- Assinale a alternativa que indique as afirmações corretas.
lher, vista como uma figura celestial, de modo que a) I e III. d) I, II, IV e VI.
chega a ser comparada ao paraíso.
b) II, III e IV. e) Todas as alternativas.
( ) O poema tem como foco temático a vida e a morte, c) I, III, IV, V.
retratando a imagem cristã que se tem do paraíso.

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