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CURSO DE

ESTRATÉGIA SAÚDE
DA FAMÍLIA
MÓDULO - 3
CURSO DE
ESTRATÉGIA SAÚDE
DA FAMÍLIA
MÓDULO - 3
SUMÁRIO
UNIDADE 1 - TRABALHO EM REDE
TRABALHO EM REDE..............................................................................................7

AS REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE.....................................................................8

A POLÍTICA DE HUMANIZAÇÃO E A APS........................................................12

PONTOS DE ATENÇÃO SECUNDÁRIA DE UMA REDE DE ATENÇÃO EM


SAÚDE........................................................................................................................13

PONTOS DE ATENÇÃO TERCIÁRIA DE UMA REDE DE ATENÇÃO À


SAÚDE....................................................................................................................... 16

JÁ FOI FEITO ASSIM: UM RELATO DE BOAS PRÁTICAS!........................... 17

SISTEMAS DE APOIO DAS REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE..................... 18

OS SISTEMAS DE ACESSO REGULADO À ATENÇÃO À SAÚDE....................25

OS SISTEMAS DE TRANSPORTE EM SAÚDE.................................................27

TRABALHO EM EQUIPE: ATENÇÃO UNIPROFISSIONAL E ATENÇÃO


MULTIPROFISSIONAL.......................................................................................... 30

NÚCLEOS AMPLIADOS DE SAÚDE DA FAMÍLIA E ATENÇÃO BÁSICA


(NASF-AB).................................................................................................................31

SAÚDE MENTAL..................................................................................................... 34

REABILITAÇÃO........................................................................................................35

ATENÇÃO MÉDICA ESPECIALIZADA E ATENÇÃO MÉDICA


GENERALISTA..........................................................................................................37

O TRABALHO EM REDE INTERSETORIAL - UM GRANDE


DESAFIO!..................................................................................................................39

A POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL .................................... 43


PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA ............................................................................. 45

PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL......................................................................... 46

SERVIÇOS E REDE DA ASSISTÊNCIA SOCIAL NO DISTRITO FEDERAL.49

CENTROS DE REFERÊNCIA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL (CRAS) NO DIS-


TRITO FEDERAL .................................................................................................... 49

CENTROS DE REFERÊNCIA ESPECIALIZADO EM ASSISTÊNCIA SOCIAL


(CREAS) NO DF.......................................................................................................53

CENTRO DE REFERÊNCIA ESPECIALIZADO PARA A POPULAÇÃO EM


SITUAÇÃO DE RUA (CENTRO POP) NO DF................................................... 54

SERVIÇOS DE PROTEÇÃO ESPECIAL – ALTA COMPLEXIDADE...................55

SERVIÇOS DOS SUAS DO DF.............................................................................56

A INTERSETORIALIDADE ENTRE SUS E SUAS..............................................56

CONSELHO TUTELAR ..........................................................................................57

OUTROS CONSELHOS DE DIREITOS.............................................................. 58

BOAS PRÁTICAS!!!................................................................................................. 60

ENCERRAMENTO...................................................................................................72

REFERÊNCIAS.........................................................................................................73
UNIDADE 1
Trabalho em REDE
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

Objetivos da Unidade

• Descrever as estratégias de integração e compartilhamento do cuida-


do entre os diferentes espaços institucionais da saúde e outros setores.

• Identificar normas e fluxos de encaminhamentos e modos de regu-


lação entre a Atenção Primária à Saúde (APS) e a atenção secundária.

• Relacionar estratégias de integração entre a APS e a Rede de Urgência


e Emergências.

• Identificar os serviços e equipamentos sociais que podem apoiar as


ações na APS/Unidade Básica de Saúde (UBS), qualificando o diálogo
com a rede SUAS.

TRABALHO EM REDE

As redes na poética de João Cabral de Melo Neto:

Tecendo a Manhã

“Um galo sozinho não tece uma manhã:

ele precisará sempre de outros galos.

De um que apanhe esse grito que ele

e o lance a outro; de um outro galo

que apanhe o grito de um galo antes

e o lance a outro; e de outros galos

que com muitos outros galos se cruzem

os fios de sol de seus gritos de galo,

para que a manhã, desde uma teia tênue,

se vá tecendo, entre todos os galos.

E se encorpando em tela, entre todos,

se erguendo tenda, onde entrem todos,

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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

se entretendendo para todos, no toldo

(a manhã) que plana livre de armação.

A manhã, toldo de um tecido tão aéreo

que, tecido, se eleva por si: luz balão”.

AS REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE

Esta unidade está estruturada a fim de possibilitar aos trabalhadores das equi-
pes de Estratégia Saúde da Família uma reflexão, avaliação e reorganização das
suas práticas de cuidados integrais em saúde, com foco no trabalho em rede.

Para contextualizar a necessidade de mudanças nos processos de trabalho em


saúde, cabe um breve resgate histórico sobre a transição epidemiológica que vem
acontecendo no mundo inteiro, com forte impacto nos países em desenvolvimen-
to, e explanação sobre a decisão técnica política do Ministério da Saúde de adoção
de modelo de cuidados em saúde com foco no trabalho em REDE.

Considerava-se à época (e ainda) o perfil epidemiológico brasileiro, caracteriza-


do por uma tripla carga de doenças, que envolve a persistência de doenças parasi-
tárias, infecciosas e desnutrição características de países subdesenvolvidos, impor-
tante componente de problemas de saúde reprodutiva com mortes maternas e
óbitos infantis por causas consideradas evitáveis. E o desafio das doenças crônicas
e seus fatores de risco, como sedentarismo, tabagismo, alimentação inadequada,
obesidade, e o crescimento das causas externas em decorrência do aumento da
violência e dos acidentes de trânsito, trazendo a necessidade de ampliação do foco
da atenção para o manejo das condições crônicas, mas atendendo, concomitante-
mente, as condições agudas (BRASIL, 2010a; BRASIL, 2015).

O modelo de atenção à saúde vigente fundamentado nas ações curativas, cen-


trado no cuidado médico, fragmentação de serviços, programas e práticas clínicas,
estruturado com ações e serviços de saúde dimensionados a partir da oferta, mos-
trava-se insuficiente para dar conta dos desafios sanitários atuais e insustentável
para os enfrentamentos futuros (BRASIL, 2010a).

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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

Diante desse cenário, houve a implantação das Redes de Atenção à Saúde


(RAS) em todo o país, com a publicação da Portaria nº 4.279, de 30 de dezembro de
2010, segundo a qual:

A Rede de Atenção à Saúde (RAS) é definida como arranjos organizativos de


ações e serviços de saúde de diferentes densidades tecnológicas que, inte-
gradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam
garantir a integralidade do cuidado.

O objetivo da RAS é promover a integração sistêmica de ações e serviços de


saúde, com provisão de atenção contínua, integral, de qualidade, respon-
sável e humanizada, bem como incrementar o desempenho do Sistema em
termos de acesso, equidade, eficácia clínica e sanitária; e eficiência econômica.

Caracteriza-se pela formação de relações horizontais entre os pontos de


atenção com o centro de comunicação na Atenção Primária à Saúde (APS),
pela centralidade nas necessidades em saúde de uma população, pela res-
ponsabilização na atenção contínua e integral, pelo cuidado multiprofissio-
nal, pelo compartilhamento de objetivos e compromissos com os resultados
sanitários e econômicos.

Fundamenta-se na compreensão da APS como primeiro nível de atenção,


enfatizando a função resolutiva dos cuidados primários sobre os problemas
mais comuns de saúde e a partir do qual se realiza e coordena o cuidado em
todos os pontos de atenção.

Os pontos de atenção à saúde são entendidos como espaços onde se ofer-


tam determinados serviços de saúde, por meio de uma produção singular.
(BRASIL, 2010a).

Quanto aos atributos da Rede de Atenção à Saúde, a portaria nos informa que:

Considera-se que não há como prescrever um modelo organizacional único


para as RAS, contudo as evidências mostram que o conjunto de atributos
apresentados a seguir são essenciais ao seu funcionamento:

1. População e território definidos com amplo conhecimento de suas neces-


sidades e preferências que determinam a oferta de serviços de saúde;

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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

2. Extensa gama de estabelecimentos de saúde que presta serviços de pro-


moção, prevenção, diagnóstico, tratamento, gestão de casos, reabilitação e
cuidados paliativos e integra os programas focalizados em doenças, riscos e
populações específicas, os serviços de saúde individuais e os coletivos;

3. Atenção Primária em Saúde estruturada como primeiro nível de atenção


e porta de entrada do sistema, constituída de equipe multidisciplinar que
cobre toda a população, integrando, coordenando o cuidado, e atendendo
às suas necessidades de saúde;

4. Prestação de serviços especializados em lugar adequado;

5. Existência de mecanismos de coordenação, continuidade do cuidado e


integração assistencial por todo o contínuo da atenção;

6. Atenção à saúde centrada no indivíduo, na família e na comunidade, ten-


do em conta as particularidades culturais, gênero, assim como a diversidade
da população;

7. Sistema de governança único para toda a rede com o propósito de criar


uma missão, visão e estratégias nas organizações que compõem a região de
saúde; definir objetivos e metas que devam ser cumpridos no curto, médio e
longo prazo; articular as políticas institucionais; e desenvolver a capacidade
de gestão necessária para planejar, monitorar e avaliar o desempenho dos
gerentes e das organizações;

8. Participação social ampla;

9. Gestão integrada dos sistemas de apoio administrativo, clínico e logístico;

10. Recursos humanos suficientes, competentes, comprometidos e com in-


centivos pelo alcance de metas da rede;

11. Sistema de informação integrado que vincula todos os membros da rede,


com identificação de dados por sexo, idade, lugar de residência, origem ét-
nica e outras variáveis pertinentes;

12. Financiamento tripartite, garantido e suficiente, alinhado com as metas


da rede;

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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

13. Ação intersetorial e abordagem dos determinantes da saúde e da equi-


dade em saúde; e

14. Gestão baseada em resultado. (BRASIL, 2010a).

Conforme a Portaria de Consolidação GM/MS nº 3, de 28 de setembro de 2017,


em seu Art. 3º, foram pactuadas cinco Redes de Atenção à Saúde a serem implan-
tadas nas regiões do país, a saber:

I - Rede Cegonha;

II - Rede de Atenção às Urgências e Emergências (RUE);

III - Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas;

IV - Rede de Atenção Psicossocial (RAPS);

V - Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência.

Saiba Mais!

Há uma rediscussão da Rede Cegonha no âmbito do MS (PORTARIA


GM/MS Nº 715, DE 4 DE ABRIL DE 2022, a qual altera a Portaria
de Consolidação GM/MS nº 3, de 28 de setembro de 2017, para
instituir a Rede de Atenção Materna e Infantil (Rami), sendo a Por-
taria ainda objeto de discussão tripartite.

Se liga na dica!!!

GUIMARÃES, A. M. D. N.; CAVALCANTE, C. C. B.; LINS, M. Z. S.


(org.). Planificação da atenção primária à saúde: um instrumento
de gestão e organização da atenção primária e da atenção ambula-
torial especializada nas redes de atenção à saúde. Brasília: CO-
NASS, 2018.

A proposta de Planificação da Atenção à Saúde (PAS) tem como


objetivo apoiar o corpo técnico e gerencial das secretarias estadu-
ais e municipais de saúde na organização dos macroprocessos da

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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

APS e AAE, tendo por base o modelo operacional de Construção


Social da Atenção Primária à Saúde e o Modelo de Atenção às
Condições Crônicas (MACC). Nesse documento, você encontra a
experiência do Distrito Federal no que se refere à planificação de
uma região de saúde.

Documento no link:
https://www.scielo.br/j/csc/a/KrXMY6P7LTtkwckj7xMMGXm/?for-
mat=pdf&lang=pt

A POLÍTICA DE HUMANIZAÇÃO E A APS

Segundo a Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS


(2013b), os modos de produzir saúde e os modos de gerir os processos de trabalho
entre atenção e gestão, clínica e política, produção de saúde e de subjetividades
são indissociáveis.

O trabalho de humanização tem por objetivo provocar inovações nas práticas


gerenciais e nas práticas de produção de saúde, propondo para os diferentes cole-
tivos/equipes implicados nessas práticas o desafio de superar limites e experimen-
tar novas formas de organização dos serviços e novos modos de produção, bem
como possibilitar a circulação de poder.

Operando com o princípio da transversalidade, a Política Nacional de Hu-


manização (PNH) lança mão de ferramentas e dispositivos para consolidar
redes, vínculos e a corresponsabilização entre usuários, trabalhadores e ges-
tores. Ao direcionar estratégias e métodos de articulação de ações, saberes,
práticas e sujeitos, pode-se efetivamente potencializar a garantia de atenção
integral, resolutiva e humanizada. (BRASIL, 2013b, p. 3).

A humanização como política que atravessa todas as instâncias do SUS pro-


põe-se a atuar na descentralização, isto é, na autonomia administrativa da gestão
da rede de serviços, de maneira a articular processos de trabalho e as relações
entre os diferentes profissionais e a população atendida. A Atenção Primária em
Saúde é um espaço privilegiado para o desenvolvimento dessa política.

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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

Pensar a APS na perspectiva de RAS como estratégia de ordenação dos siste-


mas de atenção à saúde, segundo Mendes (2012), significa afirmar que ela exerce
três funções essenciais:

1. Resolubilidade: ser resolutiva, capacitada, e atender, aproximadamente, 85%


dos problemas mais comuns de saúde.

2. Comunicação: ser o centro de comunicação das RASs, ou seja, ordenar os


fluxos e contrafluxos das pessoas, produtos e informações entre os diferentes com-
ponentes das redes.

3. Responsabilização: ter conhecimento, relacionamento íntimo e responsabi-


lizar-se, econômica e sanitariamente, em relação à população adscrita nos micro-
territórios, com base no exercício da gestão de base populacional.

PONTOS DE ATENÇÃO SECUNDÁRIA DE UMA REDE DE


ATENÇÃO EM SAÚDE

Os pontos de atenção primária, secundária e terciária se diferenciam por suas


respectivas densidades tecnológicas, sendo os pontos de atenção terciária mais
densos tecnologicamente que os pontos de atenção secundária, por essa razão
tendem a ser mais concentrados espacialmente. Contudo, na perspectiva das
redes poliárquicas, não há entre eles relações de subordinação, já que todos são
igualmente importantes para se atingirem os objetivos comuns das RASs.

As unidades ambulatoriais nas RASs não podem atuar de forma isolada e sem
uma comunicação ordenada com os demais componentes da rede, em especial
sem a coordenação da Atenção Primária à Saúde, que deve saber, portanto, anteci-
padamente, quem e quantas pessoas devem ser referidas, por tipo de intervenção,
à unidade de atenção secundária (MENDES, 2011).

Na organização dos pontos de atenção secundária, devem ser elaborados os


protocolos clínicos que normalizam, em detalhes, toda a carteira de serviços ofer-
tada. Assim, ficam claros os papéis das equipes de APS em relação a cada condição
de saúde e as situações em que as pessoas usuárias devem ser encaminhadas ao
ponto de atenção secundária de uma RAS para uma interconsulta e sua devolução
para a APS (MENDES, 2011).

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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

Os especialistas focais, no modelo de RAS, cumprem, em geral, o papel de in-


terconsultor, de suporte no apoio de diagnóstico (que compõem o sistema de exa-
mes) e terapêuticos nas ações das equipes na APS. As evidências demonstram que
a atuação dos especialistas só agrega valor para as pessoas quando eles conhecem
pessoalmente e trabalham conjuntamente com os generalistas, não sendo efetivo
o modelo tradicional de referência e contrarreferência (MENDES, 2011).

Para saber!

No Distrito Federal, existem diversos protocolos e guias de atuação


em vigência, os quais são produzidos em formatos de Protocolos Clí-
nicos, segundo as normatizações da Comissão Permanente de Proto-
colos de Atenção à Saúde (CPPAS), ou na forma de Notas Técnicas.

Todo profissional da área de saúde pertencente ao quadro efetivo


da SES-DF poderá propor protocolo em sua área de atuação se-
guindo fielmente o “Roteiro de Protocolo” disponibilizado no site da
CPPAS (https://www.saude.df.gov.br/protocolos-da-ses-cppas/).

Os diversos Protocolos e Notas Técnicas abordam de forma equâ-


nime toda a Rede SES-DF, não podendo ser produzido um proto-
colo individualizado para determinada Unidade de Saúde ou Su-
perintendência.

Os protocolos são elaborados contendo exclusivamente medi-


camentos, insumos e procedimentos padronizados no âmbito da
SES-DF, obedecendo às indicações clínicas pactuadas, evidên-
cias científicas e autorizações da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária e/ou Ministério Saúde.

Na ausência de Protocolo ou Nota Técnica para um tema específi-


co, são admitidos os Protocolos do Ministério da Saúde.

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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

Para a incorporação ou suspensão de tecnologias, medicações, in-


sumos ou procedimentos, estão disponíveis os Formulários de Padroni-
zação, Despadronização e Alteração de Descritivo de Produtos para a
Saúde (https://www.saude.df.gov.br/protocolos​-formularios/), que de-
vem contar com justificativa cientificamente comprovada baseada em
evidências com citação das referências utilizadas.

Algumas delas são:

Nota Técnica nº 4/2021 - SES/SAIS/CATES/DUAEC/GEDIAG, de


7 de abril de 2021.

Assunto: Nota Técnica - Critérios de encaminhamento de pa-


cientes para a realização de exames de Radiologia e Diagnós-
tico por Imagem.

Nota Técnica nº 2/2021 - SES/SAIS/COASIS/DASIS/GESNUT, de


21 de janeiro de 2021.

Assunto: Nota Técnica - Critérios de encaminhamento de pa-


cientes para os ambulatórios de Nutrição na Atenção Secun-
dária.

Nota Técnica SEI-GDF nº 33/2019 - SES/SAIS/COASIS/DASIS/


GESAMB, de 23 de setembro de 2019.

Assunto: Nota Técnica - Critérios de encaminhamento de pa-


cientes para a realização de consulta de Acupuntura no Adul-
to da Atenção Secundária.

Nota Técnica nº 6/2020 - SES/SAIS/CATES/DSINT/GESAD, de 12


de junho de 2020.

Assunto: Nota Técnica - Funcionamento geral dos Núcleos Re-


gionais de Atenção Domiciliar.

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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

Para conhecer esse conteúdo, acesse estes links:

● https://www.saude.df.gov.br/protocolos-aprovados/

● https://www.saude.df.gov.br/notas-tecnicas/

● https://www.saude.df.gov.br/protocolos-sob-consulta-publica/

Outros links importantes:

● Protocolos e Diretrizes do Ministério da Saúde

● Regula Mais Brasil

● Cadernos de Atenção Básica e Protocolos de Encaminhamento da


Atenção Básica para Atenção Especializada

● TelessaúdeRS

PONTOS DE ATENÇÃO TERCIÁRIA DE UMA REDE DE


ATENÇÃO À SAÚDE

Os hospitais, os prontos-socorros ou as Unidades de Pronto Atendimento, nas


RAS, devem cumprir, principalmente, a função de responder às condições agudas
ou aos momentos de agudização das condições crônicas, conforme estabelecido
em diretrizes clínicas baseadas em evidências. Para isso, os hospitais em redes de-
vem ter uma densidade tecnológica compatível com o exercício dessa função, tais
como a realização de exames especiais, cirurgias invasivas e o cuidado constante
para a reabilitação.

Contudo, na visão integrada das RASs, a qualidade hospitalar não pode derivar
somente de seu funcionamento isolado, mas de sua inserção em redes, contri-
buindo, efetivamente, para gerar valor para as pessoas usuárias dos sistemas de
atenção à saúde.

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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

JÁ FOI FEITO ASSIM: UM RELATO DE BOAS PRÁTICAS!

Em um Município de São Paulo, o Pronto-Socorro de referência de um deter-


minado território se reúne a cada dois meses com os Centros de Atenção Psicosso-
cial (CAPS), em especial os tipo III, para discutirem a ocupação de leitos de saúde
mental de ambos os serviços, os casos de pacientes com diagnóstico de transtorno
mental que recorrentemente ocupam os leitos de emergência de Saúde Mental e
pensar em estratégias de desospitalização.

O PS também organizou uma planilha virtual, preenchida diariamente pelo


serviço, e com acesso possibilitado para toda a rede de serviços de saúde, a fim de
que a UBS de Referência, as equipes de Consultório na Rua e o CAPS de referên-
cia do paciente possam ter a informação em tempo real de sua observação/inter-
nação em serviço de urgência, possibilitando discussão clínica entre os serviços,
organização de alta responsável e qualificada, a partir da elaboração de projetos
terapêuticos singulares construídos conjuntamente.

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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

SISTEMAS DE APOIO DAS REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE

Outro componente das RASs são os sistemas de apoio, que consistem nos lu-
gares institucionais das redes em que se prestam serviços comuns a todos os pon-
tos de atenção à saúde, nos campos do apoio diagnóstico e terapêutico, da assis-
tência farmacêutica e dos sistemas de informação em saúde.

O sistema de apoio diagnóstico e terapêutico

O sistema de apoio diagnóstico e terapêutico envolve os serviços de diagnós-


tico por imagem, de medicina nuclear diagnóstica e terapêutica, a eletrofisiologia
diagnóstica e terapêutica, as endoscopias, a hemodinâmica e a patologia clínica
(anatomia patológica, genética, bioquímica, hematologia, imunologia e microbio-
logia e parasitologia) (MENDES, 2011).

Ele deve ser integrado nas RASs como um componente transversal de todas as
redes temáticas. Para isso, esse sistema deve ser construído com base nos princí-
pios das RASs, conjugando, dialeticamente, escala, qualidade e acesso e se distri-

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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

buindo pelos territórios locais, microrregionais e macrorregionais, de acordo com


as suas densidades tecnológicas e com a disponibilidade de recursos para operá-lo
(MENDES, 2011).

Em geral, esse movimento de reorganização implica uma centralização das


unidades de processamento, uma descentralização da coleta dos exames para to-
das as unidades de atenção à saúde, especialmente para as unidades de APS e
uma ligação dessas duas pontas por meio de um sistema logístico eficaz (MEN-
DES, 2011).

O sistema de apoio diagnóstico e terapêutico deverá atender às necessidades e


características de sua população, devendo rever seus protocolos de funcionamen-
to a partir das necessidades apontadas pelos serviços e equipes de Atenção Básica.

O sistema de assistência farmacêutica

O segundo sistema de apoio, fundamental para a organização das RASs, é o


sistema de assistência farmacêutica, que envolve uma organização complexa exer-
citada por um grupo de atividades relacionadas aos medicamentos, destinadas a
apoiar as ações de saúde demandadas por uma comunidade, englobando interven-
ções logísticas relativas à seleção, à programação, à aquisição, ao armazenamen-
to e à distribuição dos medicamentos, bem como ações assistenciais da farmácia
clínica e de vigilância, como o formulário terapêutico, a dispensação, a adesão ao
tratamento, a conciliação de medicamentos e a farmacovigilância (MENDES, 2011).

A Assistência Farmacêutica (AF) no Sistema Único de Saúde (SUS) é estrutura-


da em três componentes: Básico, Estratégico e Especializado, além do Programa
Farmácia Popular. A forma de organização e financiamento, os critérios de acesso e
o elenco de medicamentos disponíveis é específico para cada um dos componentes.

A Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename) é uma lista orien-


tativa e cabe a cada município estabelecer sua própria relação de medicamentos
de acordo com suas características epidemiológicas. A Rename contempla os me-
dicamentos e insumos disponibilizados no Sistema Único de Saúde (SUS) e está
dividida também em Componente Básico da Assistência Farmacêutica (CBAF),
Componente Estratégico da Assistência Farmacêutica (CESAF), Componente Es-
pecializado da Assistência Farmacêutica (CEAF), além de determinados medica-
mentos de uso hospitalar.

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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

Hospitais possuem descrição nominal própria de tabela de procedimentos,


medicamentos, órteses, próteses e materiais do SUS.

Você sabia?

No Distrito Federal, é possível consultar em tempo real o estoque


de medicamentos em sua UBS no site do InfoSaúde.

Clique aqui e confira!

Farmácias das UBS - Infosaúde

Na SES, a Diretoria de Assistência Farmacêutica (DIASF) é responsável por co-


ordenar, normatizar e organizar tecnicamente a Assistência Farmacêutica e as Far-
mácias da SES-DF. Assim, a DIASF atua fornecendo dados e informações essenciais
às tomadas de decisão estratégicas que, de alguma forma, envolvam a assistência
farmacológica ou a organização dos serviços.

O Componente Básico da Assistência Farmacêutica contempla medicamentos


e insumos voltados ao atendimento dos principais agravos e programas de saúde,
no nível da Atenção Básica. A Secretaria de Saúde do Distrito Federal é responsável
pela compra da maioria desses medicamentos, cabendo ao Ministério da Saúde a
aquisição de insulinas humanas NPH e regular, contraceptivos orais e injetáveis,
dispositivo intrauterino (DIU) e diafragma.

O Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF) foi aprovado


por meio da publicação da Portaria GM/MS nº 2.981, de 26 de novembro de 2009
e, desde então, tem se consolidado como uma importante estratégia para a ga-
rantia do acesso a medicamentos no Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente,
o CEAF é regulamentado pela Portaria de Consolidação GM/MS nº 02 (regras de
financiamento e execução) e pela Portaria de Consolidação GM/MS nº 06 (regras
de financiamento, controle e monitoramento), ambas de 28 de setembro de 2017
e retificadas no Diário Oficial da União de 13 de abril de 2018.

O CEAF foi construído a partir da necessidade da ampliação do acesso aos me-


dicamentos e da cobertura do tratamento medicamentoso, seja para ajustar as li-
nhas de cuidado para as doenças já tratadas ou para ampliar o escopo de doenças

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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

a serem contempladas. A principal característica do Componente é a garantia da


integralidade do tratamento medicamentoso, em âmbito ambulatorial, para todas
as condições clínicas contempladas no CEAF, por meio das diferentes linhas de
cuidado definidas nos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT). Esses
protocolos são documentos técnico-científicos elaborados pelo Ministério da Saú-
de, baseados em evidência, que estabelecem critérios para diagnóstico, tratamen-
to e acompanhamento de uma doença ou agravo em saúde.

O Componente Especializado da Assistência Farmacêutica atende atualmente


102 condições clínicas preconizadas em 93 Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêu-
ticas. O elenco de medicamentos contemplados pelo CEAF está definido no Anexo
III da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename 2022). O acesso a
esses medicamentos está garantido mediante a pactuação entre a União, Estados,
Distrito Federal e Municípios.

Para mais informações e acesso a documentos técnicos da Assistência Farma-


cêutica no DF, acesse: https://www.saude.df.gov.br/informativos-diasf/.

Para mais informações sobre o Componente Básico da Assistência Farmacêu-


tica, acesse: https://www.saude.df.gov.br/farmacias-unidade-basica-de-saude/.

Os sistemas de informação em saúde

O terceiro componente dos sistemas de apoio nas RASs são os sistemas de


informação em saúde. Eles têm sido considerados importantes ferramentas para
o diagnóstico de situações de saúde com vistas à produção de intervenções sobre
as necessidades da população. Os sistemas de informação em saúde constituem
um esforço integrado para coletar, processar, reportar e usar informação e conhe-
cimento para influenciar as políticas, os programas e a pesquisa.

A construção social das RASs, para ser consequente, tem de ser suportada por
informações de qualidade, ofertadas por bons sistemas de informação em saúde.

A base para construção de diagnóstico de saúde da população vem do e-SUS


APS, modelo de prontuário eletrônico adotado na Atenção Básica do DF.

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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

Saiba Mais!

O e-SUS APS está integrado à Rede Nacional de Dados em Saú-


de (RNDS) que consiste em uma plataforma nacional de intero-
perabilidade (troca de dados) em saúde, com a disponibilização
parcial de dados.

Entretanto, a maior parte dos dados clínicos dos usuários atendi-


dos em outros pontos de atenção no DF fica restrita a prontuários
eletrônicos específicos, que não se comunicam.

Dentre as diretrizes do Plano Diretor de Tecnologia da Informação


da Secretaria de Estado da Saúde do DF (PDTI SESDF), está a in-
tegração de todos os diversos registros de prontuários existentes.

Por meio desse instrumento de planejamento é possível nortear as


ações e os investimentos de tecnologia na área de saúde pública.

Tal plano está em revisão.

Confira:

RNDS

PLANO DIRETOR DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Secreta-


ria de Estado da Saúde do Governo do Distrito Federal

É importante que o trabalhador esteja familiarizado com essa ferramenta, de


forma a alimentar correta e regularmente o e-SUS em todos os contatos com o
cidadão. O e-SUS alimenta os dados localmente e, a nível nacional, alimenta o Sis-
tema de Informação em Saúde da Atenção Básica (SISAB). O cadastro do cidadão
é o primeiro passo na qualificação dos dados à medida que o vincula e toda a pro-
dução de cuidado à equipe, sendo fundamental para a manutenção de repasses
financeiros federais essa vinculação.

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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

Com o cadastro atualizado, além do paciente ser contatado quando houver


uma consulta ou exame agendado, pode verificar, através do aplicativo ou do site
do Conecte SUS, o status de suas solicitações no SISREG (Sistema Nacional de Re-
gulação). Assegura que as equipes de Saúde da Família (eSF) visitem, busquem e
acompanhem os usuários no território.

Os sistemas logísticos das redes de atenção à saúde

Um quarto componente das redes de atenção à saúde são os sistemas logísti-


cos, constituídos de soluções tecnológicas fortemente ancoradas nas tecnologias
de informação, que garantem uma organização racional dos fluxos e contrafluxos
de informações, produtos e pessoas nas RASs, permitindo um sistema eficaz de
referência e contrarreferência das pessoas e trocas eficientes de produtos e informa-
ções, ao longo dos pontos de atenção à saúde e dos sistemas de apoio, nessas redes.

Os principais sistemas logísticos das RASs são o cartão de identificação das


pessoas usuárias, o prontuário clínico, os sistemas de acesso regulado à atenção à
saúde e os sistemas de transporte em saúde.

• O cartão de identificação das pessoas usuárias

O cartão de identificação das pessoas usuárias é o instrumento que permite


alocar um número de identidade único a cada pessoa que utiliza o sistema de
atenção à saúde. No Brasil, a proposta de uso desse cartão é o “Cartão SUS”. Toda
vez que acontece um atendimento em um estabelecimento público de saúde ele
é registrado por meio do cartão da pessoa usuária no banco de dados do SUS.

A integração do sistema de atenção à saúde é muito importante porque possi-


bilita a emissão de um histórico confiável do paciente, fundamental para orientar
o profissional de saúde (MENDES, 2011).

23
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

Você sabia?

O Governo Federal vem atuando no sentido de unificar em um re-


gistro único, pelo número de CPF, as informações do cidadão, de
modo a interligar os dados não somente no SUS, mas em todos os
serviços públicos.

Nesse sentido, o cidadão já conta com o portal “gov.br”, cujo ob-


jetivo é reunir em um só lugar todas as informações e serviços do
Poder Executivo Federal.

O Portal do Conecte SUS, por exemplo, utiliza o formato de login


único do gov.br, em que o cidadão pode acessar suas informações
de saúde em um só lugar. Acesse agora o portal e verifique suas
informações de saúde em https://conectesus-paciente.saude.gov.
br/menu/home-default.

• Prontuários clínicos

De acordo com a Resolução CFM nº 1.638/2002, os prontuários clínicos são de-


finidos pelo Conselho Federal de Medicina como:

[...] documento único constituído de um conjunto de informações, sinais e


imagens registradas, geradas a partir de fatos, acontecimentos e situações
sobre a saúde do paciente e a assistência a ele prestada, de caráter legal,
sigiloso e científico, que possibilita a comunicação entre membros da
equipe multiprofissional e a continuidade da assistência prestada ao indiví-
duo. (BRASIL, 2002).

Além de sua função comunicacional, os prontuários clínicos são utilizados


como ferramentas gerenciais e de educação dos profissionais e das pessoas usuá-
rias. Os prontuários clínicos são um elemento fundamental na gestão da atenção
à saúde, visto que deles derivam fluxos importantes para alimentar os sistemas de
informação em saúde, os bancos de dados e de conhecimentos, a pesquisa cientí-
fica, a teleassistência, o sistema de gestão da clínica e o sistema de gestão financeira.

24
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

Na gestão da clínica, os prontuários eletrônicos são fundamentais para permi-


tir o registro das pessoas usuárias por subpopulações estratificadas por riscos e para
emitir alertas e dar feedbacks aos profissionais de saúde e às pessoas (MENDES, 2011).

Saiba mais!

O e-SUS, prontuário eletrônico vigente, possui previsão de alertas


via SMS para os celulares do usuário e agendamento on-line pelo
próprio usuário. Assim como nos demais municípios, no Distrito
Federal, a função de emissão de alertas e feedbacks não está im-
plantada até o momento.

Em relação ao Sistema de Informações em Saúde da Atenção Bá-


sica (SISAB), verifica-se a estratificação dos riscos de grupos po-
pulacionais, em que, por meio dos cadastros, existe a possibilida-
de de localizar indivíduos que recebem o Benefício de
Transferência de Renda “Auxílio Brasil”, o Benefício de Prestação
Continuada (BPC), as pessoas com deficiência e maiores de 60
anos, apresentando e identificando vulnerabilidades individuais,
porém não familiares.

OS SISTEMAS DE ACESSO REGULADO À ATENÇÃO À SAÚDE

Os sistemas de acesso regulado à atenção à saúde constituem-se de estru-


turas operacionais que medeiam uma oferta determinada e uma demanda por
serviços de saúde, de forma a racionalizar o acesso de acordo com graus de riscos
e normas definidas em protocolos de atenção à saúde e em fluxos assistenciais
(MENDES, 2011).

Os sistemas de acesso regulado à atenção à saúde têm os seguintes objetivos:

9 Organizar o acesso de forma equitativa, transparente e com segurança.

9 Organizar o acesso com foco na pessoa usuária.

9 Desenvolver e manter atualizados protocolos de atenção à saúde or-


ganizadores do processo de regulação do acesso.

25
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

9 Instrumentalizar os fluxos e processos relativos aos procedimentos


operacionais de regulação do acesso.

9 Implementar uma rede informatizada de suporte ao processo de re-


gulação do acesso.

9 Manter um corpo de profissionais capacitados para a regulação do


acesso.

9 Gerar sistemas de monitoramento e avaliação de suas atividades por


intermédio da geração de relatórios padronizados.

Para operar a regulação do acesso à atenção à saúde, são instituídos com-


plexos reguladores que consistem na articulação e na integração de centrais de
atenção a internações de urgência e emergência ou eletivas, a consultas e a servi-
ços especializados e a sistemas de apoio diagnóstico e terapêutico, com base em
protocolos de atenção à saúde.

A central de regulação deve operar com protocolos de atendimento e, em al-


guns casos, com opinião de médico regulador, disponível no sistema 24 horas por
dia. Esse regulador pode intervir no agendamento de consultas e exames especia-
lizados e em situações de urgências e emergências. Sua função é checar as evidên-
cias clínicas do caso, encaminhar a pessoa usuária a um serviço adequado a fim de
garantir a melhor opção de atenção possível.

A efetividade desse agente regulador aumenta quando o sistema mantiver,


em cada serviço de maior importância relativa na rede de atenção à saúde, um
profissional de saúde qualificado que fará a auditoria concomitante do caso.

Saiba mais!

O Complexo Regulador em Saúde do Distrito Federal (CRDF/SES)


é composto de 4 (quatro) diretorias que têm, entre outras atribui-
ções, a tarefa de regular o acesso referente à Atenção Ambulatorial
e Hospitalar da SES, o SAMU responsável por todo o atendimento
móvel de urgência, a Central Estadual de Transplantes (CET) e a
Diretoria Administrativa.

26
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

Para acessar o documento do Processo Regulatório de Acesso à Assistência


- Sub Processo de Regulação Gerência Regulação (Consultas, Exames e Proce-
dimentos) em formato PDF, você pode acessar este link: https://info.saude.df.gov.
br/wp-content/uploads/2021/09/Processos_GER_vs05.08.2020.pdf.

Esse manual aborda o processo regulatório do acesso à assistência, cujo objeti-


vo principal é a ordenação e qualificação dos fluxos de acesso a ações e serviços de
saúde, que, para ser operacionalizado, necessita de diretrizes operacionais e proto-
colos clínicos de regulação.

OS SISTEMAS DE TRANSPORTE EM SAÚDE

Os sistemas de transportes em saúde têm como objetivo estruturar os fluxos e


contrafluxos de pessoas e de produtos nas RASs. Esses sistemas devem transportar
as pessoas usuárias em busca de atenção à saúde, mas, também, garantir o movi-
mento adequado de material biológico, dos resíduos dos serviços de saúde e das
equipes de saúde (MENDES, 2011).

Os sistemas de transporte em saúde são soluções logísticas transversais a to-


das as RASs, imprescindíveis para o acesso aos pontos de atenção à saúde e aos
sistemas de apoio diagnóstico e terapêutico (MENDES, 2011).

Os sistemas de transporte em saúde estruturam-se em diferentes subsiste-


mas: o subsistema de transporte em saúde de pessoas, o subsistema de transporte
em saúde de material biológico e o subsistema de transporte em saúde de resídu-
os dos serviços de saúde.

O subsistema de transporte em saúde de pessoas destina-se às pessoas usuá-


rias que demandam os serviços de saúde com incapacidade física e/ou econômica
de deslocarem-se por meios ordinários de transporte.

O subsistema de transporte em saúde de pessoas pode ser dividido em dois


módulos: o módulo do transporte de urgência e emergência e o módulo do trans-
porte eletivo.

No SUS, o módulo do transporte em saúde de pessoas em situação de urgên-


cia e emergência é parte do serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).

27
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

Por sua vez, o módulo do transporte em saúde de pessoas eletivo faz-se em situa-
ções previsíveis, sem urgências, a partir de sistemas de agendamentos prévios. Seu
objeto privilegiado são a atenção hospitalar e as consultas e os exames especializa-
dos feitos em ambulatórios.

O subsistema de transporte em saúde de resíduos de serviços de saúde con-


siste na remoção dos resíduos de serviços de saúde do abrigo de resíduos (arma-
zenamento externo) até a unidade de destinação final, utilizando técnicas que
garantam a preservação das condições de acondicionamento e transporte e a in-
tegridade dos trabalhadores, da população e do meio ambiente.

Saiba Mais!

EQUIPES DE GERENCIAMENTO DE CASOS (EGC)

A EGC é uma tecnologia leve ou imaterial e demasiada estratégica


para apoiar as transferências do cuidado de pacientes da Atenção
Primária à Saúde (APS) para as portas fixas de urgência e emer-
gência da RUE, com o objetivo de melhor hierarquizar o acesso de
pessoas com quadros agudos e crônico agudizados, especialmen-
te os sintomáticos respiratórios, no maior momento de pressão as-
sistencial sobre a rede de atenção à saúde do Distrito Federal.

Dado o aumento da pressão assistencial sobre os serviços de


saúde para atenção aos sintomáticos respiratórios em 2020, com
pico em Março e Abril de 2021, em particular de casos graves com
necessidade de hospitalização; o acolhimento adequado, a clas-
sificação de risco e a transferência em tempo oportuno passaram
a ser processos de trabalho de altíssima relevância demandando
maior qualificação, não somente da assistência, mas também na
repactuação dos fluxos e dos procedimentos de encaminhamento
entre a APS e os Hospitais.

Trata-se, portanto, de uma tecnologia inovadora que foi implemen-


tada em julho de 2020 na Região de Saúde Sudoeste, que já cur-
sava à época com dificuldade de intermediar o acesso de pacien-
tes da APS a outros níveis de atenção nas situações de urgência

28
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

e emergência. Por ser considerada uma experiência vanguardista


no processo de transferência de cuidado, as EGC se mostraram
uma alternativa viável e cabível ante a dificuldade de transferir os
cuidados do paciente sintomático respiratório e outras situações
de urgência e emergência no ápice da pandemia pelo novo coro-
navírus no Distrito Federal. Esse arranjo organizativo foi propos-
to às demais regiões de saúde no bojo do Plano Emergencial de
Mobilização dos Serviços da Atenção Primária à Saúde (APS) do
Distrito Federal (DF) no contexto da pandemia COVID-19 de Mar-
ço de 2021, com os objetivos de reduzir o número de atendimentos
nas portas de urgência, aumentar a efetividade da transferência de
pacientes da APS para UPAs e Hospitais e promover a retaguarda
oportuna de pacientes graves com entrada pela APS.

Como toda política pública, a implementação, o funcionamento e


os resultados apresentados pelas EGC têm sido alvo de análises
e avaliações com o objetivo de aprimoramento e aperfeiçoamento
das estratégias ante as peculiaridades da Rede de Atenção à Saú-
de (RAS) do Distrito Federal, quando consideradas as singularida-
des de cada uma das sete regiões de saúde do DF.

Para refletir!!!

É fundamental que você, enquanto trabalhador de uma equipe de


Saúde da Família, conheça quais são os recursos de seu território
para garantir o transporte de pacientes com limitações decorrentes
de limitações físico-anatômicas-fisiológicas ou, ainda, limitações
financeiras para garantir deslocamento.

Para além do conhecimento de sua existência, é importante que


você domine o fluxo de acesso aos meios, tendo informações so-
bre como poderão ser acionados, critérios de inclusão e exclusão
no uso do recurso, formas de comunicação com os profissionais
que executam o transporte, prazo para que o recurso seja aciona-
do pela equipe, entre outros.

29
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

Para além do recurso disponível dentro da Secretaria de Saúde, é


importante ter a informação se ele também está disponível dentro
de outras Secretarias, como a de Desenvolvimento Social ou Se-
cretaria de Transporte e Mobilidade.

TRABALHO EM EQUIPE: ATENÇÃO UNIPROFISSIONAL E


ATENÇÃO MULTIPROFISSIONAL

O trabalho multiprofissional dentro de uma equipe de Saúde da Família é


importante ferramenta de cuidado integral, permite a distribuição de tarefas en-
tre os diferentes membros da equipe, como, por exemplo, cadastro da população
adscrita, registro da população por condição de saúde, estratificação de condições
de saúde por riscos, usuários que necessitam de cuidados preventivos, ações de
autocuidado, entre outros.

Por vezes, ouvimos do profissional médico


que não é possível, em uma consulta de 20 mi-
nutos prevista na construção de sua agenda indi-
vidual, atendimento de qualidade ao usuário. No
entanto, trazemos aqui a importância do trabalho
da equipe multiprofissional, inclusive em uma ló-
gica de complementação. Assim, a consulta mé-
dica de 20 minutos persistirá, mas a atuação de
outros membros da equipe multiprofissional, no
cuidado longitudinal daquele indivíduo, agrega-
rá qualidade à intervenção de cuidado.

A atenção multiprofissional não é apenas


um grupo de diferentes pessoas com diferen-
tes profissões atuando juntas numa unidade de
saúde por um tempo determinado. Há que se
criar um espírito de equipe, o que implica que
os diferentes profissionais devem estabelecer e compartilhar uma visão comum e
aprender a solucionar problemas pela comunicação, de modo a maximizar as ha-
bilidades singulares de cada qual. As tarefas da atenção devem ser distribuídas de
acordo com as competências e as áreas de interesse de cada membro da equipe.

30
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

O trabalho multiprofissional é mais que a soma das contribuições de diferen-


tes profissionais, pois ele se beneficia de mais olhos e mais ouvidos, dos insights de
diferentes corpos de conhecimentos e de um espectro mais amplo de habilidades,
por isso tem sido considerado um critério de qualidade da atenção à saúde.

Os membros das equipes de saúde assumem funções e responsabilidades para


exercerem tarefas compatíveis com suas capacidades profissionais e seus pontos
fortes. A relação hierárquica no modo de trabalho convencional, com forte domínio
médico, é substituída por relações horizontais, já que cada membro da equipe é
valorizado por sua condição de prestador de serviços significativos e imprescindí-
veis para a melhoria da saúde dos usuários sob os seus cuidados.

Esclareça-se que uma equipe de saúde da família fortemente centrada na


atenção do médico e do enfermeiro não dá conta de gerar resultados sanitários
mais positivos em relação às condições crônicas, considerando as melhores evi-
dências produzidas pelos modelos de atenção a essas condições de saúde, em
comparação ao trabalho multiprofissional. A equipe multiprofissional do Núcleo
Ampliado de Saúde da Família representa enorme potência para ampliação de
ofertas e qualificação delas.

NÚCLEOS AMPLIADOS DE SAÚDE DA FAMÍLIA E ATENÇÃO


BÁSICA (NASF-AB)

Os Núcleos Ampliados de Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf-AB), criados


com a nomenclatura de Núcleos de Apoio à Saúde da Família, em 2008, segundo a
Portaria nº 154, de 24 de janeiro, devem atuar de forma integrada à rede de serviços,
a partir das demandas identificadas no trabalho conjunto com as equipes de Saúde
da Família; não devem ser, portanto, porta de entrada do sistema (BRASIL, 2008).

A responsabilização compartilhada entre as equipes SF e a equipe do Nasf-


-AB na comunidade prevê a revisão da prática do encaminhamento com base nos
processos de referência e contrarreferência, ampliando-a para um processo de
acompanhamento longitudinal de responsabilidade da equipe de Atenção Básica/
Saúde da Família e atuando no fortalecimento de seus atributos e no papel de co-
ordenação do cuidado no SUS.

31
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

Os Nasf-AB devem buscar instituir a plena integralidade do cuidado físico e


mental aos usuários do SUS por intermédio da qualificação e complementaridade
do trabalho das equipes Saúde da Família (eSF).

São ações de responsabilidade de todos os profissionais que compõem os Nas-


f-AB, conforme portaria de 2008, a serem desenvolvidas em conjunto com as equi-
pes Saúde da Família (eSF):

9 Identificar, em conjunto com as eSF e a comunidade, as atividades, as


ações e as práticas a serem adotadas em cada uma das áreas cobertas.

9 Identificar, em conjunto com as eSF e a comunidade, o público priori-


tário a cada uma das ações.

9 Atuar, de forma integrada e planejada, nas atividades desenvolvidas


pelas eSF e de Internação Domiciliar, quando estas existirem, acompa-
nhando e atendendo a casos, de acordo com os critérios previamente
estabelecidos.

9 Acolher os usuários e humanizar a atenção.

9 Desenvolver coletivamente, com vistas à intersetorialidade, ações que


se integrem a outras políticas sociais, como: educação, esporte, cultu-
ra, trabalho, lazer, entre outras.

9 Promover a gestão integrada e a participação dos usuários nas deci-


sões, por meio de organização participativa com os conselhos locais e/
ou municipais de saúde.

9 Elaborar estratégias de comunicação para divulgação e sensibilização


das atividades dos Nasf-AB por meio de cartazes, jornais, informativos,
faixas, folders e outros veículos de informação.

9 Avaliar, em conjunto com as eSF e os Conselhos de Saúde, o desen-


volvimento e a implementação das ações e a medida de seu impacto
sobre a situação de saúde, por meio de indicadores previamente esta-
belecidos.

9 Elaborar e divulgar material educativo e informativo nas áreas de aten-


ção dos Nasf-AB.

9 Elaborar projetos terapêuticos individuais, por meio de discussões peri-


ódicas que permitam a apropriação coletiva pelas eSF e os Nasf-AB do

32
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

acompanhamento dos usuários, realizando ações multiprofissionais e


transdisciplinares, desenvolvendo a responsabilidade compartilhada.

O correto entendimento da expressão “apoio”, que é central na proposta dos Nasf-AB,


remete à compreensão de uma tecnologia de gestão denominada “apoio matricial”,
que se complementa com o processo de trabalho em “equipes de referência”.

A proposta de equipe de referência (equipe de SF) na APS parte do pressupos-


to de que existe interdependência entre os profissionais. Prioriza a construção de
objetivos comuns em um time com uma clientela adscrita bem definida.

O apoio matricial será formado por um conjunto de profissionais que não têm,
necessariamente, relação direta e cotidiana com o usuário, mas cujas tarefas serão
de prestar apoio às equipes de referência, no caso as equipes de Saúde da Família.

Assim, se a equipe de referência é composta de um conjunto de profissionais


considerados essenciais na condução de problemas de saúde dos clientes, eles
deverão acionar uma rede assistencial necessária a cada caso. Em geral, é em tal
“rede” que estarão equipes ou serviços voltados ao apoio matricial, no caso, os Nasf-
-AB, de forma a assegurar, de modo dinâmico e interativo, a retaguarda especializada
nas equipes de referência, no caso, as equipes de Saúde da Família (BRASIL, 2010b).

O apoio matricial apresenta as dimensões de suporte: assistencial e técni-


co-pedagógico. A dimensão assistencial é aquela que produzirá ação clínica dire-
ta com os usuários, e a ação técnico-pedagógica produzirá ação de apoio educativo
com e para a equipe, dimensão sinérgica ao conceito de educação permanente. Essas
duas dimensões podem e devem se misturar nos diversos momentos (BRASIL, 2010b).

Um pressuposto fundamental da proposta do Nasf-AB é o de que deve ocor-


rer a compreensão do que é conhecimento nuclear do especialista e do que é co-
nhecimento comum e compartilhável entre a equipe de SF e o referido especialis-
ta. Tal conhecimento, todavia, é sempre situacional e mutante.

A rigor, as equipes do Nasf-AB terão dois tipos de responsabilidades: sobre


a população e sobre a equipe de SF. Seu desempenho deverá ser avaliado não só
por indicadores de resultado para a população, mas também por indicadores de
resultado da sua ação na equipe (BRASIL, 2010b).

A atuação de apoio dos Nasf-AB com as Equipes de Saúde da Família deverá


ocorrer nas mais variadas “frentes” de atuação, como as relativas à:

33
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

SAÚDE MENTAL

Apoiar as equipes de eSF na abordagem e no processo de trabalho referente


aos casos de transtornos mentais comuns, severos e persistentes. Ressalta-se que
deve haver a articulação entre as equipes de Nasf-AB e Saúde da Família com as
equipes de CAPS para um trabalho integrado e apoio do CAPS nos casos necessá-
rios. As equipes de SF devem identificar os casos de saúde mental e, em conjunto
com os Nasf-AB e/ou CAPS (a depender dos recursos existentes no território), ela-
borar estratégias de intervenção e compartilhar o cuidado.

Em relação aos casos de uso prejudicial de álcool e outras drogas, é necessário


trabalhar com as estratégias de redução de danos, inclusive com a integração de
redutores, onde houver. Da mesma forma, realizar detecção precoce de casos que
necessitem de atenção e utilizar as técnicas de intervenção breve para a redução
do consumo.

O Nasf-AB deve (BRASIL, 2010b):

• apoiar as eSF na construção de projetos de detecção precoce de situ-


ações de sofrimento mental, bem como desenvolver ações de preven-
ção e promoção em saúde mental;

• fomentar ações que visem à difusão de uma cultura solidária e inclusi-


va, diminuindo o preconceito e a segregação com a loucura;

• incentivar e apoiar a organização de iniciativas de inclusão social pelo


trabalho;

• ampliar o vínculo com as famílias e com a comunidade, tornando-as


parceiras fundamentais no tratamento e buscando constituir redes de
apoio e integração;

• estimular a mobilização de recursos comunitários, buscando construir


espaços de reabilitação psicossocial na comunidade, como grupos co-
munitários e de promoção de saúde, oficinas de geração de renda e
outras, destacando a relevância da articulação intersetorial (conselhos
tutelares, associações de bairro, grupos de autoajuda etc.), entre outros.

34
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

Sessão PIPOCA!

ESTAMIRA (2004). Documentário. Estamira e um grupo de amigos vi-


vem em um lixão da cidade do Rio de Janeiro. Ela tem problemas mentais
e filosofa sobre problemas sociais, como o destino dado ao lixo das grandes
metrópoles e como viver em condições lamentáveis.

Direção e roteiro: Marcos Prado. Produção: Marcos Prado e José Padilha.


Depoimentos: Estamira e outros. Edição: Tuco. Música: Décio Rocha. Distri-
buição: Riofilme / Zazen Produções Audiovisuais. Brasil. 1 DVD (116 min).

REABILITAÇÃO

Os profissionais do Nasf-AB deverão apoiar as equipes de SF para que desen-


volvam ações de promoção e de proteção à saúde, além de subsidiar o acompa-
nhamento das ações voltadas às deficiências em todas as fases do ciclo de vida,
com variadas intervenções, como discussão e construção de Projeto Terapêutico
Singular (PTS); desenvolvimento de projetos e ações intersetoriais, orientação e
informação às equipes de SF, às pessoas com deficiência, aos cuidadores sobre
manuseio, posicionamento e atividades de vida diária; mobilização de recursos e
tecnologias assistenciais para o desempenho funcional; desenvolvimento de pro-
postas de ações de reabilitação baseadas na comunidade; orientação e encami-
nhamento para procedimentos para obtenção de órteses, próteses e meios auxi-
liares de locomoção; desenvolvimento de ações que facilitem a inclusão escolar,
laboral ou social de pessoas com deficiência, conforme prevê a Política Nacional de
Saúde da Pessoa com Deficiência; entre outras.

As equipes de Nasf-AB também deverão apoiar as equipes de Saúde da Famí-


lia no que se refere às questões relativas à:

• alimentação e nutrição;

• assistência farmacêutica;

• práticas integrativas e complementares;

35
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

• intersetorialidade, redes sociais e participação cidadã;

• atenção integral à saúde da criança;

• atenção integral à saúde da mulher;

• atenção integral à saúde do idoso;

• práticas corporais e atividades físicas, entre outras.

Para saber mais!!!

Para melhor compreensão do papel dos Núcleos Ampliados de


Saúde da Família e Atenção Básica, sugerimos a leitura do Caderno
de Atenção Básica nº 39, publicado pelo Ministério da Saúde em
2014. Ele trata das diretrizes dos Nasf-AB.

Assista também aos vídeos da série de 10 anos do Nasf-AB:

● As diretrizes do Nasf-AB:

https://www.youtube.com/watch?v=WSwtHKx2xlg&t=74s

● O apoio matricial:

https://www.youtube.com/watch?v=4I4AIDRTPno

● O projeto terapêutico singular:

https://www.youtube.com/watch?v=dcC7Uh_zc0I

● Saúde mental e reabilitação no Nasf-AB:

https://www.youtube.com/watch?v=mZuSyHs4xMY

36
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

Para saber!

A atuação dos Núcleos Ampliados de Saúde da Família e Atenção


Básica no Distrito Federal, durante a pandemia de covid-19.

A pandemia do novo coronavírus evidenciou ainda mais a impor-


tância do trabalho da equipe dos Núcleos Ampliados de Saúde
da Família e Atenção Básica (Nasf-AB). Na Unidade Básica de
Saúde 1 da Asa Sul (612 Sul), o trabalho desses servidores tem
sido essencial, inclusive no auxílio aos pacientes infectados pela
covid-19.

“Além de estar ajudando na gestão, o Nasf-AB está dando todo o


suporte com a questão da pandemia. São os profissionais do Nas-
f-AB que fazem o telemonitoramento de pacientes que estão em
casa fazendo o tratamento da covid-19. O Nasf-AB é muito atuante
e de grande valia para nossa UBS, mesmo sem as atividades de
práticas integrativas com a comunidade estão dando um reforço
junto à pandemia”, avalia o gerente da UBS 1 da Asa Sul, Marcus
Limeira.

Para a leitura da reportagem na íntegra acesse: https://www.conass.


org.br/equipe-do-nasf-tem-papel-fundamental-junto-as-equipes-de-es-
trategia-saude-da-familia/

ATENÇÃO MÉDICA ESPECIALIZADA E ATENÇÃO MÉDICA


GENERALISTA

Uma importante mudança para tornar produtivas as interações entre as equi-


pes de saúde e as pessoas usuárias dos sistemas de atenção à saúde está focada
nas relações entre os médicos especialistas e os médicos generalistas, sendo aque-
les mais afeitos à atenção secundária e terciária e estes, à APS (MENDES, 2011).

Os médicos que praticam a APS devem tolerar a ambiguidade porque mui-


tos problemas não podem ser codificados segundo uma nomenclatura padrão de

37
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

diagnóstico; devem saber se relacionar com as pessoas usuárias sem a presença de


uma anomalia biológica; e devem ser capazes de manejar vários problemas ao mes-
mo tempo, muitas vezes não relacionados com uma etiologia ou uma patogênese.

O médico de APS é orientado para os problemas e formado para responder às


manifestações mais frequentes desses problemas, num contexto de atenção cen-
trada na pessoa e na família e com orientação comunitária. Ele deve ter competên-
cias para a solução de problemas não diferenciados, competências preventivas, com-
petências terapêuticas e competências de gestão de recursos locais (MENDES, 2011).

Os especialistas, ao lidarem com maior frequência com determinados proble-


mas, podem produzir serviços de maior qualidade em sua especialidade, em fun-
ção da escala; não estão tão bem preparados para lidar com sintomas e enfermida-
des vagos ou com serviços preventivos ou autocuidado, o que significa, por outro
lado, perda de qualidade da atenção à saúde (MENDES, 2011).

Embora especialistas usualmente apresentem melhor adesão a diretrizes clíni-


cas voltadas para a atenção a doenças específicas, os desfechos gerais da atenção
não são melhores e, frequentemente, são piores do que quando o cuidado é pro-
vido por médicos da APS.

Do ponto de vista de outro objetivo dos sistemas de atenção à saúde, a equida-


de, aponta-se que médicos generalistas contribuem para a redução das iniquida-
des em saúde, o que não acontece com os especialistas (MENDES, 2011).

Por essas e outras razões deverá haver a integração entre a atenção especiali-
zada e a APS. Isso significa a necessidade da construção, numa RAS, de uma par-
ceria produtiva entre os especialistas e os generalistas, para se garantirem os me-
lhores resultados sanitários.

Há diferentes formas de integração entre os especialistas e os médicos de APS,


como no estabelecimento de uma relação de parceria em que o especialista atua
mais como interconsultor e, em geral, não captura, para si, a pessoa referida. Outro
modelo é o de compartilhamento de atendimentos entre o especialista e o médico
de APS, um outro modelo, ainda, consiste em visitas periódicas do especialista para
atendimentos conjuntos com o médico de atenção primária à saúde (MENDES, 2011).

A relação de parceria entre os especialistas e os médicos de APS deve se as-


sentar em uma comunicação fluida. No modelo mais comum de referência e con-
trarreferência, o médico de APS deve consultar o especialista, especialmente, nas

38
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

seguintes situações: dificuldade em fazer um diagnóstico, metas de tratamento


não atingidas e tratamento muito especializado.

O médico de APS deve definir bem por que razão está solicitando a consulta;
fazer as perguntas que gostaria de ver respondidas pelo especialista; listar os pro-
cedimentos que está adotando, principalmente em relação aos medicamentos; re-
lacionar os resultados que tem obtido; e dizer o que espera que o especialista faça.
Por sua vez, no relatório de contrarreferência, o especialista deve dizer o que fez
para a pessoa e que resultados obteve, além de responder às questões colocadas
na referência pelo médico de APS; fazer recomendações para o tratamento e para
o seguimento da pessoa na APS; e estabelecer quando e em que circunstâncias a
pessoa deve voltar a ele (MENDES, 2011).

Acredita-se, porém, que a solução médica para o SUS está em radicalizar a in-
trodução dos médicos de família e comunidade na Estratégia Saúde da Família,
formando-os melhor, focando a graduação na APS, expandindo as residências em
medicina de família e comunidade e garantindo programas de educação perma-
nente efetivos. Além de garantir salários dignos e relações de trabalho decentes
que garantam um mínimo de segurança aos médicos que optam por dedicar-se a
um novo modo de fazer medicina que lhes exige dedicação integral (MENDES, 2011).

O TRABALHO EM REDE INTERSETORIAL - UM GRANDE


DESAFIO!

O cuidado em saúde a ser realizado de forma ampliada e integral exige que os


profissionais de saúde transitem e busquem conhecimentos em outras áreas, que
não à Saúde.

O tema da intersetorialidade ganha destaque como estratégia relevante


para gestão pública, em especial diante de problemas caracterizados como
complexos e de públicos marcados pela vulnerabilidade. (JACCOUD, 2016).

São muitas as interfaces intersetoriais nos cuidados exigidos no dia a dia de


uma equipe de Estratégia Saúde da Família. A seguir, traremos duas situações do
dia a dia de equipes de Atenção Básica que podem e devem provocar nossa refle-
xão, em relação a essa temática dos cuidados intersetoriais.

39
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

Para refletir e discutir em equipe!!!

Como cuidamos de alguém com diagnóstico de tuberculose


sem discutir questões intersetoriais?

• Existe o uso de álcool e outras drogas?

• Qual é esse impacto nos gastos financeiros dessa família?

• Qual a regularidade e qualidade alimentar desse indivíduo?

• Quais são as condições de biossegurança no espaço de moradia


e trabalho desse indivíduo?

• Quais as necessidades de afastamento desse cidadão do local


de trabalho? Quais impactos esse afastamento teria na manuten-
ção de seu trabalho posteriormente? Qual impacto financeiro esse
afastamento representa para o núcleo familiar?

• Quais as possibilidades de transporte desse indivíduo para a rea-


lização de tratamento supervisionado diário na Unidade de Saúde?

Como realizamos o pré-natal de uma gestante com agravo de


saúde mental e sem condições financeiras sem discutir ques-
tões intersetoriais?

• Essa mulher está fazendo uso de medicamentos antipsicóticos


ou antidepressivos? Se sim, quais são as implicações dessa medi-
cação para o desenvolvimento intrauterino?

• Como o serviço de alta complexidade para gestantes de alto risco


avalia essa situação?

• Como é a rede de apoio social e familiar dessa mulher?

• Ela já é acompanhada pelo CRAS do seu território?

• Como o CAPS poderia possibilitar suporte para a equipe de eSF

40
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

durante a gestação e pós-gestação?

• Quais programas e serviços de segurança alimentar existem no


território da eSF para apoiar essa mulher?

• Que recursos informais do território, como igrejas e associações


de bairro, poderiam apoiar essa gestante na obtenção de itens de
cuidados ao recém-nascido, como fraldas e roupas?

• Qual é o papel do conselho tutelar na proteção e defesa do re-


cém-nascido?

Dica de leitura rápida!!!

Com vistas à ampliação do acesso a direitos sociais e empoderamento


dos usuários, o debate sobre a intersetorialidade tem se intensificado. A in-
tersetorialidade, além de respeitar as especificidades de cada “setor”, “pasta”
ou secretaria, cria espaços de comunicação, aumentando a potência de re-
solução de conflitos, buscando a superação de práticas, aumentando a efi-
ciência para alcançar resultados esperados, com maior qualidade na oferta
prestada à população.

O trabalho em rede intersetorial é bastante complexo, exige mudanças


culturais por parte dos atores envolvidos, sendo necessária a construção de
espaços de diálogo permanentes entre os setores, a fim de refletir e propor
mudanças nas já estabelecidas intervenções, avaliar as práticas de cuidado
realizadas até então, bem como permitir a construção de novas formas de
atuação com foco no cuidado integral e ampliado.

Acesse este link para reflexão sobre os desafios da intersetorialidade no


âmbito do SUAS: https://www.gesuas.com.br/blog/intersetorialidade-suas/. Re-
portagem de Juliana Medeiros, 2017.

41
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

Fica a dica!!!

Segundo o “Guia Rápido para Organização de um Fórum de Saú-


de do Território ou Reunião de Rede” (MACHADO, 2021), os obje-
tivos do encontro podem ser:

• informar;

• esclarecer;

• promover reflexões sobre o processo de trabalho conjunto das


equipes e serviços do território;

• resolver casos complexos, situações-problema, construir fluxos


de atendimentos etc.;

• decidir;

• esclarecer e definir papéis e responsabilidades entre as equipes


e serviços (SUS, SUAS, Educação etc.).

Segundo o guia, esses espaços podem ser divididos nas seguin-


tes etapas:

Momentos e duração (sugestão):

Periodicidade e tempo sugeridos: quinzenal, com 3 h de duração.

1º Informes (até 30 min).

2º Pautas (até 1 h).

Discussão/estudos de caso (até 1 h 30) – intervalo mensal (alter-


nando a cada reunião com educação permanente).

Educação permanente (até 1 h 30) – intervalo mensal (alternando


a cada reunião com discussão/estudo de caso).

42
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

Material disponível em: MACHADO, M. P. M. ANEXO 1. Guia rápi-


do para reunião de matriciamento. In: TRAVASSOS, A. G. Á.; SOU-
SA, L. S. J. (org.). Proteção social das pessoas em situação de vulne-
rabilidade social com sífilis, HIV/AIDS, hepatites virais, tuberculose ou
hanseníase. 1. ed. Natal: SEDIS-UFRN, 2021. pp. 146-150.

A POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

A Política Nacional de Assistência Social (PNAS) é uma forte aliada no enfren-


tamento dos determinantes sociais de saúde e nas questões de saúde que trazem
como origem questões sociais, tais como desemprego ou violência doméstica.
Cotidianamente, reconhecemos que tais problemas, entre outros que recebemos
diariamente nas Unidades de Saúde, são consequências de questões que extrapo-
lam nossos diagnósticos, ou que não poderão ser resolvidas com medicamentos
ou procedimentos médicos, mas que necessitarão de outros olhares e outras polí-
ticas públicas.

Segundo o artigo primeiro da Lei Orgânica da Assistência Social (1993), a Políti-


ca Nacional de Assistência Social é:

Art. 1º A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de


Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada
através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da socie-
dade, para garantir o atendimento às necessidades básicas.” (BRASIL, 1993).

Ou seja, a característica dessa política pública é a garantia dos mínimos sociais,


tendo como público as pessoas que dela necessitem. É de conhecimento que o
SUS é para todos e que o SUAS é para quem dele necessite.

E quem seriam essas pessoas e qual a relação entre as duas políticas? Pode-
mos fazer várias listas, mas vamos elencar algumas em que temos um maior nú-
mero de atendimento. Pessoas que possam estar em situações de vulnerabilidade,
como condições precárias de moradia; pessoas que moram em áreas empobre-
cidas ou áreas de conflitos entre comunidades; situações de vulnerabilidade por
desastre natural ocorrido, como enchentes ou secas.

43
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

Outras são casos que, por vezes, são “descobertos” em nossos atendimentos,
como crianças e adolescentes, mulheres e idosos, vítimas das mais diversas for-
mas de violências. Pessoas com rompimentos de laços familiares ou comunitários
por diversos motivos, adolescentes em conflito com a lei, pessoas que não tenham
acesso a renda ou a alimentos, pessoas que tenham dificuldade de acessar algu-
ma política pública, e, nesse caso, a assistência social seria a porta de entrada para
demais políticas, como as políticas habitacionais.

Segundo Pereira (2010), um dos maiores desafios dessa política é assegurar


um projeto político-institucional que assegure as condições necessárias à diminui-
ção da pobreza e ao combate à desigualdade social.

Segundo a Política Nacional da Assistência Social, a proteção social deve ga-


rantir as seguintes seguranças: segurança de sobrevivência, acolhida e convívio
familiar (BRASIL, 2005). Consideram-se também as situações geradoras de neces-
sidade de acolhida, em decorrência de necessidades de separação familiar decor-
rentes de situações de violência familiar ou social, drogadição, alcoolismo, desem-
prego e criminalidade.

A PNAS (2005) tem como princípios:

1. Supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências


de rentabilidade econômica;

2. Universalidade dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da ação


assistencial alcançável pelas demais políticas públicas;

3. Respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a bene-


fícios e serviços de qualidade, bem como à convivência familiar e comunitá-
ria, vedando-se qualquer comprovação vexatória de necessidades;

4. Igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação de


qualquer natureza, garantindo-se equivalência às populações urbanas e rurais;

5. Divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos assisten-


ciais, bem como dos recursos oferecidos pelo Poder Público e dos critérios
para sua concessão. (BRASIL, 2005 p. 32).

44
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

Os objetivos da PNAS são:

- Prover serviços de Assistência Social, projetos e benefícios de proteção social


básica e/ou especial para famílias, indivíduos e grupos que deles necessitarem;

- Contribuir com a inclusão e a equidade dos usuários e grupos específicos,


ampliando o acesso aos bens e serviços socioassistenciais básicos e espe-
ciais, em áreas urbanas e rurais;

- Assegurar que as ações no âmbito da assistência social tenham centralida-


de na família, e que garantam a convivência familiar e comunitária. (BRASIL,
2005 p. 33).

A assistência social também se organiza em níveis de complexidade, como a


saúde. No entanto, devido às características dessa política pública, esses níveis são
chamados de proteção social básica e proteção social especial, este último subdivi-
dido em proteção especial de média complexidade e de alta complexidade.

PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA

O objetivo da proteção social básica é prevenir situações de risco, por meio do


desenvolvimento de potencialidades e aquisições, e fortalecer vínculos familiares e
comunitários. Tais vulnerabilidades são decorrentes da pobreza, privação ou fragi-
lidade de vínculos afetivos e de pertencimento social. O quadro a seguir apresenta
os serviços, conforme tipificação da assistência social, aprovado pela Resolução nº
109/2009, do Conselho Nacional de Assistência Social.

45
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

Quadro 1. Serviços da Proteção Social Básica da Política Nacional de Assistência Social,


conforme a tipificação dos serviços da assistência social, 2009.

Proteção social básica assistência social


Serviço Definição

Trabalho com famílias, de caráter continuado, com o objetivo


Serviço de Proteção e Aten-
de fortalecer a função protetiva das famílias; prevenir a ruptura
dimento Integral à Família
dos seus vínculos; promover seu acesso e usufruto de direitos;
(PAIF); (Funcionam nos
e contribuir na melhoria de sua qualidade de vida. Pode ser
CRAS- Centros de Referência
realizado por meio do estabelecimento de equipes volantes ou
da Assistência Social).
mediante a implantação de unidades de CRAS itinerantes.

Serviço realizado em grupos, organizado a partir da história de


vida do usuário, de acordo com o seu ciclo de vida, complemen-
tar ao trabalho social com famílias, com a função de prevenir a
ocorrência de situações de risco social.
Serviço de Convivência e For-
Pode ser classificado nas seguintes faixas etárias:
talecimento de Vínculos
• crianças até 6 anos;
• crianças e adolescentes de 6 a 15 anos;
• adolescentes de 15 a 17 anos.

Serviço de Proteção Social


Objetivo de prevenção de agravos que possam provocar o rom-
Básica no Domicílio para
pimento de vínculos familiares e sociais dos usuários. Serviço
Pessoas com Deficiência e
realizado nos domicílios dos usuários.
Idosas.

Fonte: Pacheco (2015), com base na Resolução nº 109/2009,


do Conselho Nacional de Assistência Social.

PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL

A proteção social especial visa a atender a pessoas ou famílias que já tenham


seus direitos violados, com foco nas questões de abandono, maus-tratos físicos ou
psíquicos, abusos sexuais, uso de substâncias psicoativas, cumprimento de medi-
das socioeducativas, situação de rua, situação de trabalho infantil, entre outras.

A proteção especial divide-se em proteção especial de média complexidade e


proteção especial de alta complexidade. A diferença entre as duas complexidades

46
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

está no rompimento ou não de vínculos familiares e comunitários, sendo os servi-


ços conforme quadro abaixo:

Quadro 2. Serviços da Proteção Social Especial da Política Nacional de Assistência Social,


conforme a tipificação dos serviços da Assistência Social, 2009.

Proteção social especial

Média complexidade

Serviço de apoio, orientação e acompanhamento a famílias com


Serviço de Proteção e Atendi-
um ou mais de seus membros em situação de ameaça ou viola-
mento Especializado a Famí-
ção de direitos.
lias Indivíduos (PAEFI).
OFERTADO NOS CREAS.

Atendimento especializado a famílias com pessoas com defi-


Serviço de Proteção Social ciência e idosos com algum grau de dependência, que tiveram
para Pessoas com Deficiência, suas limitações agravadas por violações de direitos.
Idosos(as) e suas Famílias. PODE SER OFERTADO NO CREAS, OU EM SERVIÇO DE RE-
FERÊNCIA, CASO A CIDADE TENHA DEMANDA ESPECÍFICA.

Serviço ofertado, de forma continuada e programada, com a


finalidade de assegurar trabalho social de abordagem e busca
ativa que identifique, nos territórios, a incidência de trabalho
infantil, exploração sexual de crianças e adolescentes, situação
Serviço Especializado em
de rua, entre outras. Crianças, adolescentes, jovens, adultos,
Abordagem Social.
idosos e famílias que utilizam espaços públicos como forma de
moradia e/ou sobrevivência.
PODE SER OFERTADO NOS CREAS OU EM TERRITÓRIOS
EM QUE SE TENHA NECESSIDADE OU NOS CENTRO POP.

O serviço tem por finalidade prover atenção socioassistencial e


Serviço de Proteção Social a acompanhamento a adolescentes e jovens em cumprimento de
Adolescentes em Cumprimen- medidas socioeducativas em meio aberto, determinadas
to de Medida Socioeducativa judicialmente.
de Liberdade Assistida (LA)
e de Prestação de Serviços à SERVIÇO OFERTADO NO CREAS.
Comunidade (PSC). EM CIDADES COM MAIS DE UM CREAS PODE SER OFERTA-
DO EM UM DELES, CONFORME DEMANDA DA CIDADE.

Serviço ofertado para pessoas que utilizam as ruas como espa-


ço de moradia e/ou sobrevivência. Tem a finalidade de assegu-
Centro POP – Centro de rar atendimento e atividades direcionadas ao desenvolvimento
Referência Especializado para de sociabilidades, na perspectiva de fortalecimento de vínculos
Pessoas em Situação de Rua. interpessoais e/ou familiares que oportunizem a construção de
novos projetos de vida. (Jovens, adultos, idosos e famílias que
utilizam as ruas como espaço de moradia e/ou sobrevivência)

47
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

Alta complexidade

Acolhimento em diferentes tipos de equipamentos, destinado


a famílias e/ou indivíduos com vínculos familiares rompidos ou
fragilizados, a fim de garantir proteção integral.
Serviço de Acolhimento Institu-
cional, nas seguintes modali- Para crianças e adolescentes: casa-lar; abrigo institucional.
dades:
- abrigo institucional; Para adultos e famílias: abrigo institucional; casa de passa-
- casa-lar; gem. Para mulheres em situação de violência: abrigo institucio-
- casa de passagem; nal. Para jovens e adultos com deficiência: residências inclusivas.
- residência inclusiva.
Para idosos: casa-lar; abrigo institucional (instituição de longa
permanência para idosos - ILPI).

PERÍODO DE FUNCIONAMENTO: ininterrupto (24 horas).

Serviço que oferece proteção, apoio e moradia subsidiada a


grupos de pessoas maiores de 18 anos em estado de abandono,
Serviço de Acolhimento em situação de vulnerabilidade e risco pessoal e social, com vínculos
República. familiares rompidos ou extremamente fragilizados e sem condições
de moradia e autossustentação. USUÁRIOS: jovens entre 18 e 21
anos, adultos em processo de saída das ruas e idosos.

Serviço que organiza o acolhimento de crianças e adolescentes


afastados da família por medida de proteção, em residência de
Serviço de Acolhimento em
famílias acolhedoras cadastradas. É previsto até que seja pos-
Família Acolhedora.
sível o retorno à família de origem ou, na sua impossibilidade, o
encaminhamento para adoção.

O serviço promove apoio e proteção à população atingida por


Serviço de Proteção em Situa-
emergências e calamidade pública, com a oferta de alojamentos
ções de Calamidades Públicas
provisórios, atenções e provisões materiais, conforme as neces-
e de Emergências.
sidades detectadas.

Fonte: Pacheco (2015) com base na Resolução nº 109/2009,


do Conselho Nacional de Assistência Social.

48
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

SERVIÇOS E REDE DA ASSISTÊNCIA SOCIAL NO DISTRITO


FEDERAL

A Secretaria de Desenvolvimento Social do Distrito Federal é responsável por:

29 – CRAS – Centro de Referência da Assistência Social;

16 – CCFV – Centro de Convivência;

12 – CREAS – Centro de Referência Especializada de Assistência Social;

14 – Restaurantes Comunitários;

2 – Centros POP – Centros de Referência para a População em Situação de Rua;

1 – Centros de Referência de Diversidade;

1 – Central de Vagas de Acolhimento e Atendimento Emergencial;

3 – Serviços de Acolhimento Institucional de adultos e famílias (SAIF), de


crianças e adolescentes (SAICA), de mulheres (SAIM) e idosos (SAIPI),

Além dos Programas Bolsa Família e DF Sem Miséria, 47 convênios com 38


instituições e uma série de serviços no DF. (DISTRITO FEDERAL, 2021).

CENTROS DE REFERÊNCIA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL


(CRAS) NO DISTRITO FEDERAL

No Distrito Federal, a rede de proteção social básica é composta de 27 Centros


de Referência da Assistência Social, os quais, assim como as unidades básicas de
saúde, possuem territórios definidos e têm o objetivo de proteção social básica
para pessoas e famílias que estejam em situação de vulnerabilidade temporária ou
permanente.

Os CRAS podem ser aliados importantes para as eSF no que se refere à garantia
de direitos, apoio dos cadastros de benefícios eventuais, de cestas básicas de ali-
mentos, de transferência de renda, como o extinto Bolsa Família, substituído pelo

49
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

programa Auxílio Brasil. Quanto ao trabalho com as famílias que recebem transfe-
rência de renda, os CRAS possuem um importante papel no sentido de auxiliá-las
para que saiam dessa condição e possam ter seus próprios recursos financeiros e,
nesse sentido, possam fomentar a participação em grupos de geração de renda,
cursos de capacitação profissional, organização de documentos necessários para
procurar empregos, como Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS).

Outro apoio importante que os CRAS podem oferecer às Unidades Básicas de


Saúde são para os casos de violação de direitos de crianças, mulheres ou idosos
vítimas de violência. O atendimento acontecerá nos CREAS, mas o CRAS pode au-
xiliar o encaminhamento e a organização dos atendimentos caso o profissional da
saúde apresente dúvidas.

No DF alguns CRAS possuem grupos de convivência por faixa etária e muitos


dos nossos usuários podem se beneficiar desses grupos, principalmente usuários
crônicos de saúde mental estáveis. É importante que, durante nossos atendimen-
tos, possamos avaliar adultos ou idosos que possam se beneficiar dessas ativida-
des de socialização.

Quais serviços estão disponíveis nos CRAS do DF?

Alguns serviços disponíveis no CRAS estão incluídos na Política Nacional de


Assistência Social (PNAS) e outros cada município avalia as necessidades. No DF
temos os seguintes serviços ofertados para a população:

PAIF - Proteção e Atendimento Integral à Família: é o serviço principal ofer-


tado nos CRAS e está previsto na PNAS. Esse serviço tem objetivo de fortalecer os
vínculos familiares e comunitários, promover acesso a demais serviços setoriais, a
benefícios, promover aquisições sociais e materiais às famílias.

Serviço de convivência e fortalecimento de vínculos – (SCFV): são grupos de


convivência organizados por critério de ciclo de vida, a fim de complementar o tra-
balho social com famílias e prevenir a ocorrência de situações de risco social. É um
serviço que se articula com o PAIF (esse serviço não ocorre em todos os CRAS, está
disponível nos CRAS Candangolândia, Guará, Planaltina Arapoanga, São Sebastião
e Varjão).

Existem outras localidades com a cobertura dos Centros de Convivência (CE-


CON) no DF, veja a lista com endereço e público atendido em cada CECON neste
site: https://www.sedes.df.gov.br/cecon-2.

50
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

Programa Caminhos da Cidadania: para adolescentes com idades entre 15 e


17 anos, inscritos no CadÚnico, preferencialmente integrantes do benefício Auxílio
Brasil. O objetivo é estimular a convivência social, participação cidadã e preparação
para o mundo do trabalho.

Programa Criança Feliz Brasiliense: programa em parceria com o Instituto de


Educação, Esporte, Cultura e Artes Populares (IECAP) com ações principais: visitas
domiciliares e articulação entre políticas públicas. São realizadas visitas domi-
ciliares, quando o visitador orienta acerca de práticas que estimulam o desenvol-
vimento da criança, fortalecem os vínculos familiares, e do acesso a serviços para
garantia de direitos.

Benefícios disponibilizados nos CRAS:

Isenção para emissão da 2ª via da carteira de identidade: serviço disponível


para pessoas com renda mensal de até um salário mínimo, uma única vez.

Carteira de Idoso: idosos com 66 anos ou mais, renda mensal de até 2 salários
mínimos ou inscritos no CadÚnico. Possibilita que o idoso tenha acesso gratuito ou
desconto de 50% em passagens interestaduais.

Auxílio-natalidade: concessão de pecúnia a mãe ou representante legal, uma


parcela única no valor de R$200,00 (duzentos reais). Para receber o auxílio, é ne-
cessário preencher o cadastro on-line http://www.bolsamaternidade.sedes.df.gov.
br:8080/bolsamaternidade/index.html.

Auxílio por morte: é concedido em duas modalidades:

• bens: urna funerária, velório e sepultamento, incluindo transporte fune-


rário, utilização de capela, pagamento de taxas de placa de identificação;

• pecúnia: parcela única no valor de R$415,00 (Quatrocentos e quinze reais).

Auxílio em situação de vulnerabilidade temporária: esse auxílio é concedido


de forma temporária a famílias ou indivíduos, visando a reduzir riscos, perdas e
danos decorrentes de acontecimentos sociais imprevistos. Para tanto, devem estar
integrados ao serviço de fortalecimento de vínculos (PAIF).

51
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

Auxílio em situação de desastre e calamidade pública: é um benefício even-


tual que visa a suprir a necessidade da família ou de indivíduos diante de situação
de desastre ou calamidade pública.

Benefício excepcional: auxílio diante de desabrigo temporário. É subsidiária à


Política de Habitação, decorrente de situações de vulnerabilidade temporária oca-
sionadas pela falta ou inadequação da moradia, destinado apenas ao pagamento
de aluguel.

Cesta de alimentos emergencial: programa de provimento alimentar direto


– em caráter emergencial –, de fornecimento temporário e ocasional de cestas de
alimentos direcionado às famílias e pessoas em situação de insegurança alimentar
e nutricional.

CadÚnico: o cadastro único para programas sociais do governo federal é um


instrumento que identifica e caracteriza as famílias de baixa renda. São conside-
radas famílias de baixa renda aquelas que possuem renda per capita de até meio
salário mínimo ou renda familiar total de até três salários mínimos. Esse cadastra-
mento não significa a inclusão imediata no programa Auxílio Brasil ou em outros
programas assistenciais. Cada programa possui critérios definidos e específicos.

Auxílio Brasil: esse programa de transferência de renda para indivíduos ou


famílias em situação de extrema pobreza substitui o Bolsa Família, mas segue en-
caminhamentos bastante semelhantes. Quem participa do programa:

- Famílias em situação de extrema pobreza;  

- Famílias em situação de pobreza; e

- Famílias em regra de emancipação.

As famílias em situação de extrema pobreza são aquelas que possuem ren-


da familiar mensal per capita de até R$ 105,00, e as em situação de pobreza,
renda familiar mensal per capita entre R$ 105,01 e R$ 210,00. (BRASIL, 2021a).

DF sem miséria: plano de superação de extrema pobreza. Para famílias que,


mesmo com o recebimento do Auxílio Brasil, apresentam renda per capital inferior
a R$140,00 reais, recebem um auxílio para chegar a atingir essa renda. Os valores
dependerão da situação de pobreza de cada família.

52
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

Como ocorrem os atendimentos nos CRAS? No DF os atendimentos nos CRAS


são realizados por meio de agendamento, quer seja para a inscrição no Cadastro
Único quer seja para outro serviço disponível. O agendamento pode ser realizado
pelo site da Secretaria de Desenvolvimento Social. Em atendimento para serviços
do CRAS ou pelo Telefone 156, em ambos os casos, quando abrir vaga, alguém en-
trará em contato com o usuário para marcar o agendamento.

Saiba mais!

Por este site você tem nome, contato e endereço de cada um dos
27 CRAS e áreas de abrangência deles: https://www.sedes.df.gov.
br/cras/.

CENTROS DE REFERÊNCIA ESPECIALIZADO EM ASSISTÊN-


CIA SOCIAL (CREAS) NO DF

No DF são 11 CREAS e 1 CREAS diversidade. Os CREAS são serviços especializa-


dos que atendem indivíduos ou famílias em violação de direitos.

Quais serviços são disponibilizados nos CREAS do DF?

Nos CREAS são realizadas ações do Programa de Atendimento Especializado


às Famílias e Indivíduos (PAEFI) objetivando a proteção dos rompimentos de vín-
culos familiares e sociais. Atendem pessoas ou famílias que vivem situações de
violência ou violação de direitos. Indivíduos ou famílias vítimas de violência física,
sexual, negligência, abandono; crianças ou adolescentes que realizam trabalho in-
fantil; e pessoas afastadas do convívio familiar.

A equipe mínima dos serviços de assistência social é composta de assistente


social e psicóloga, porém vale ressaltar que o objetivo da psicologia da assistên-
cia social não é trabalhar questões ligadas a transtornos mentais ou outro agravo
de saúde. O objetivo é trabalhar questões voltadas à proteção social, reestabeleci-
mento ou evitar o rompimento de vínculos sociais e familiares.

Acesse o endereço de todos os CREAS do DF e a área de abrangência por este


link: https://www.sedes.df.gov.br/protecao-e-atendimento-especializado/.

53
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

Saiba mais!

Leia este folder explicativo sobre CREAS no DF: https://www.sedes.


df.gov.br/wp-conteudo/uploads/2018/03/FOLDER-CREAS.pdf.

CENTRO DE REFERÊNCIA ESPECIALIZADO PARA A POPU-


LAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA (CENTRO POP) NO DF

É um serviço de média complexidade, voltado para pessoas em situação de


rua. Faz a função semelhante aos CREAS, porém também disponibiliza serviços
disponíveis nos CRAS. Não possui locais para pernoite ou moradia.

Onde estão os Centro POP do DF?

Veja endereços e contatos dos Centros POP:

Centro Capacidade de
Endereço e e-mail Telefone
POP atendimento

Capacidade
3773-7556
Centro Pop para atender a QNF 24 A/E nº 02 Mód. A – Taguatinga Norte
Taguatinga 100 pessoas centropoptaguatinga@sedes.df.gov.br
3773-7557
por dia

3773-7561
Capacidade
Centro Pop para atender a SGAS 903, Conjunto “C”
3773-7562
Brasília 150 pessoas centropopbsb@sedes.df.gov.br
por dia
3773-7563

Saiba mais!

Leia este folder sobre os serviços disponíveis nos Centros POP:


https://www.sedes.df.gov.br/wp-conteudo/uploads/2017/10/FOL-
DER-CENTRO-POP.pdf.

54
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

SERVIÇOS DE PROTEÇÃO ESPECIAL – ALTA COMPLEXIDADE

São serviços para pessoas que tiveram seus vínculos sociais e familiares rompi-
dos e são locais para pernoite ou/e moradia temporária.

Crianças e adolescentes

São serviços para acolhimento de crianças e adolescentes em medida proteti-


va por determinação judicial, em decorrência de violação de direitos ou da impos-
sibilidade de cuidado e proteção por sua família.

Importante!

Os locais não são divulgados por proteção das crianças e adoles-


centes abrigadas. E os encaminhamentos são realizados por meio
de ordem judicial e acompanhamento pelo conselho tutelar.

Adultos e famílias, mulheres e idosos

São serviços de acolhimento imediato e provisório à população em situação de


rua ou desabrigo, podendo ser ofertado abrigo institucional ou casa de passagem.

Para acessar o serviço, o contato deve ser realizado por meio do Centro POP,
CRAS ou abordagem social.

Saiba mais!

Leia este folder explicativo das unidades de acolhimento: https://www.


sedes.df.gov.br/wp-conteudo/uploads/2018/03/FOLDER-ACOLHI-
MENTO.pdf.

55
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

SERVIÇOS DOS SUAS DO DF

No Distrito Federal, temos alguns serviços específicos que podem não ser en-
contrados em outras cidades, pois marcam característica da vulnerabilidade de
alguns moradores do DF.

A Unidade de Proteção Social Especial (UPS 24 horas) é responsável por exe-


cutar, de forma continuada e ininterrupta, atendimento a famílias e indivíduos em
situação de vulnerabilidade e risco pessoal e social, em situações emergenciais
e de calamidade pública (incêndios, desabamentos, deslizamentos, alagamentos,
entre outras) que tiveram perdas parciais ou totais de moradia, objetos ou utensí-
lios pessoais e que se encontram temporária ou definitivamente desabrigados ou
foram removidos de áreas consideradas de risco, por prevenção ou determinação
judicial.

O CREAS Diversidade é voltado especificamente para atender a situações de


discriminação, por orientação sexual, identidade de gênero, raça, etnia ou religio-
sidade.

As possibilidades de ações intersetoriais são inúmeras, tendo em vista, entre


outras similaridades, o tangenciamento dos princípios da universalidade, equida-
de e integralidade das ações.

A Central de Acolhimento é um serviço de alta complexidade, com funciona-


mento ininterrupto para acolhimento emergencial de crianças e adolescentes sob
medida protetiva.

A INTERSETORIALIDADE ENTRE SUS E SUAS

Temos no Brasil um importante Programa de Transferência de Renda da Políti-


ca da Assistência Social, o extinto programa Bolsa Família, atual Auxílio Brasil, que
tem como exigência para sua manutenção condicionantes da política de saúde.

• Calendário nacional de vacinação instituído pelo Ministério da Saúde.

• Acompanhamento do estado nutricional de crianças com até sete


anos de idade incompletos (peso e altura).

56
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

• Acompanhamento do estado nutricional de pessoas em situação de rua.

• Pré-natal para as gestantes.

Como essas condicionalidades podem ser interessantes para “start” de ações


intersetoriais? Esse programa proporciona nome e endereço das pessoas que mais
necessitam de atendimento. Mediante cadastro dessas pessoas, realizado pelos
profissionais do SUAS, podemos identificar qual a população mais vulnerável per-
tencente ao nosso território. Podemos utilizar esse cadastro como um instrumento
para trabalho em reuniões de equipes intersetoriais, verificando se essas pessoas
estão acessando os serviços de saúde.

No período em que a lista dos beneficiários do Bolsa Família chega à unidade,


é preciso apresentar se foram realizadas as contrapartidas da saúde para eles. As-
sim, podem-se aproveitar e verificar outras avaliações de saúde necessárias. Esse
é um simples exemplo do que se pode pensar nas relações entre as duas políticas.

CONSELHO TUTELAR

Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicio-


nal, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da
criança e do adolescente, definidos nesta Lei. (BRASIL, 1990).

Os conselhos tutelares são órgãos garantidores de direito de crianças e adoles-


centes. Não são para julgar ou punir, mas para fiscalizar e monitorar a garantia dos
direitos. Existem desde a promulgação do Estatuto da Criança e Adolescente em 1990.

Os conselheiros tutelares são eleitos pela população do município, no caso de


Brasília, do Distrito Federal, por voto secreto e facultativo para um mandato de 4
(quatro) anos. Cada um dos municípios brasileiros e o Distrito Federal estabelecem
critérios próprios para participação na eleição ao cargo de conselheiro tutelar. A
eleição é unificada em todo o território brasileiro e ocorre 1 (um) ano após a eleição
presidencial.

No DF são 40 conselhos tutelares e cada um atende a um território predefini-


do. Você já entrou em contato com o conselho tutelar do seu território? Já recebeu
alguma notificação ou ofício para atendimento? Como foi para responder? Sentiu-
-se com medo ou injustiçado?

57
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

Como podemos pensar nossa relação com os conselhos? A aproximação é


sempre importante. Em geral, os conselhos definem um conselheiro de referên-
cia para cada subterritório ou elencam uma forma que o conselheiro que recebeu
uma denúncia a acompanhe até o final.

Quando observada uma situação de violência contra criança e adolescente,


como negligência, violência física, sexual, psicológica ou moral, podemos acionar
o conselho tutelar para auxiliar na condução dos casos.

Lembre-se de que qualquer conduta equivocada ou descabida pode ser uma


forma de nova violência tanto com a criança ou adolescente quanto com a família.

Neste site você encontra a lista dos conselhos tutelares e contatos:

https://con​selhotutelar.sejus.df.gov.br/2346-2/.

Denúncias ao conselho tutelar

As denúncias ao conselho tutelar podem ser realizadas através de:

• e-mail;

• telefone;

• pessoalmente;

• ofício.

OUTROS CONSELHOS DE DIREITOS

Outros conselhos podem apoiar as práticas na garantia de direitos. Estes não


funcionam com conselheiros com carga horária disponível para abordagens, mas
recebem denúncias e podem orientar as práticas da violação de direitos.

Conselho dos Direitos do Idoso do Distrito Federal

Endereço: SAAN – Estação Rodoferroviária – Ala Central-Térreo – Brasília DF

CEP: 70.631-900

E-mail: cdi@sejus.df.gov.br

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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

Telefone: (61)2104-4231

HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO: 9h às 13h e das 14h às 18h.

CONSELHO DOS DIREITOS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA – CODDEDE/DF

EQS 112/113, Estação da Cidadania, Lojas 11 e 12 – CEP: 70.375-400

(61)3345-6551

secretariacoddede@gmail.com

https://coddede.blogspot.com/

8h às 17h (1h de almoço)

CONSELHO DOS DIREITOS DA MULHER – CDM-DF

Endereço: Ed. Anexo do Palácio do Buriti, 8º andar

Telefone: (61) 3033-3103

E-mail: cdmdf@mulher.df.gov.br

59
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

BOAS PRÁTICAS!!!

Desconhecimento
do Fluxo Preconceitos

Articulações intersetoriais

Fantasias Idealizações

Nem tudo “são flores” quando falamos sobre articulações intersetoriais, ali-
ás, são difíceis na maioria das vezes. Podemos elencar diversos motivos para isso
acontecer, como desconhecimento sobre o fluxo e funcionamento dos serviços,
conhecimentos repletos de fantasias, idealizações ou preconceitos, pouco ou ne-
nhum conhecimento sobre as atribuições dos profissionais de determinado servi-
ço, espaços de encontros não sistematizados entre as equipes, etc.

Partindo desse apontamento e depois de muitas brigas entre as equipes da


saúde e assistência social de uma cidade do interior de Brasília, em SUSilândia (ve-
lha conhecida nossa), a situação foi resolvida com uma rotina mensal de estudo de
casos complexos entre os atores envolvidos.

Inicialmente, foi realizada a apresentação entre os serviços envolvidos. Em um


primeiro momento, participaram da reunião as equipes da UBS e CAPS (qual? Ad/
adulto), CRAS e CREAS do território. A depender das dificuldades que se apresen-
tavam no referido caso, outros serviços da saúde e assistência eram incluídos e
convidados para os encontros, como o hospital de referência, serviços especializa-
dos de tuberculose, serviço especializado em IST, equipes de Consultório na Rua,
serviço Especializado em Abordagem Social (SEAS), entre outros. Também parti-
cipavam das reuniões equipamentos não governamentais, como uma Associação
que possuía uma cozinha popular que fornecia refeições para famílias vulneráveis
do território.

60
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

UBS CAPS CRAS CREAS

Equipes de Consultório
Hospital de referência
na Rua

Serviços especializados Serviço Especializado


de tuberculose em Abordagem Social

Serviço especializado
entre outros...
em IST

A rotina da participação sempre contava com uma apresentação do serviço


convidado para todos os integrantes e esclarecimento das dúvidas das equipes.
Muitas dúvidas e fantasias foram esclarecidas. Limites, como a ausência de veícu-
los para transporte de determinadas equipes, eram resolvidos, com o apoio entre
os serviços e visitas compartilhadas.

E como as discussões de caso eram instrumentalizadas? Com o modelo do ro-


teiro de matriciamento já utilizado pela equipe de saúde.

Vamos relatar um dos casos discutido:

61
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

Relato de Caso 1

Caso da família moradora de um condomínio popular

A eSF acompanhava longitudinalmente uma família composta de 2 adultos,


2 adolescentes e 5 crianças, que residiam em um apartamento popular de 48 m².
Essa família havia sido alocada nesse apartamento em razão de morar em um local
insalubre.

Apartamento Alcoolismo

Material reciclado Violência Sexual

Analfabetismo Notas do Condomínio

Sua renda familiar era obtida com venda de material reciclado, mantinham
esse material no terreno da antiga casa, parte dele na moradia atual. Nunca ha-
viam morado em um apartamento e, muito menos, em um local tão pequeno.
A mãe não era alfabetizada, sabia apenas assinar o nome. O pai da família tinha
problemas com álcool e, por vezes, ficava muito violento com a mãe. Havia uma
suspeita de que a filha mais velha tivesse sofrido violência sexual por parte de um
cunhado.

O condomínio sempre emitia notas sobre questões ligadas ao acúmulo de ma-


terial reciclado no apartamento, o que gerava mau cheiro no bloco.

O acompanhamento de saúde das crianças era muito difícil, e a ACS sempre


acompanhava a família para garantir a vacinação das crianças e realizar as condi-
cionalidades do Programa Bolsa Família.

62
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

O acompanhamento no CRAS e CREAS também era difícil. As crianças não


participavam dos grupos de convivência com regularidade. E a adolescente que ti-
nha uma suspeita de abuso sexual tinha sido encaminhada ao CREAS, tendo com-
parecido apenas no primeiro atendimento com a assistente social, não retornando
para os atendimentos com a psicóloga.

Depois de uma reunião de matriciamento com a equipe do Nasf-AB, resolve-


ram que precisariam incluir a família nas discussões de caso regulares entre as
equipes. O médico da unidade relatava estar muito preocupado com o número
de pessoas naquela família, que já tinha esse tamanho todo, e questionava sobre
o acesso ao planejamento familiar, discutia que era fundamental um cuidado com
as/os adolescentes e crianças da família, para que pudessem decidir sobre ter ou

63
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

não ter filhos, escolher o melhor método contraceptivo, bem como terem acesso
às informações relacionadas a ISTs.

Durante o estudo de caso, alguns pontos de destaque foram levantados:

• As duas equipes tinham dificuldades com os cuidados com a família.

• A família não tinha sido preparada para ocupar um apartamento.

• O acompanhamento necessitaria de uma troca constante de informa-


ções entre os profissionais dos serviços envolvidos.

• A família precisaria ser informada das dificuldades que a REDE encon-


trava no cuidado dela. E precisaria ser convidada a refletir sobre a im-
portância de todos em participar ativamente da construção de seus
cuidados integrais em saúde, como as questões relacionadas a plane-
jamento familiar, condição de trabalho e moradia, entre outros.

• Outros serviços e organizações não governamentais precisam compor


o cuidado dessa família, entendendo que as equipes de saúde e assis-
tência social estavam com dificuldades nesse processo.

• O vale-transporte para os atendimentos no CREAS e para outros ser-


viços seria garantido pela assistência social com antecedência. A mãe da
família iniciaria o acompanhamento no grupo de mulheres conduzido pela
profissional. A unidade de saúde era bastante próxima do condomínio.

Estratégias de cuidados compartilhados levantadas:

• O médico da unidade e a psicóloga do NASF, profissionais com maior


vínculo com a mãe, conversariam com ela para informar sobre a reu-

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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

nião, apresentar as dificuldades que precisariam priorizar (relação com


demais moradores, planejamento familiar, condição financeira da fa-
mília, violência doméstica relacionada ao consumo de álcool, entre ou-
tras) e quais as possibilidades e estratégias de cuidado pensadas.

• A troca de informações foi pensada a partir de grupo em aplicativo de


conversa que essa rede já tinha constituído para troca de informações,
mas, para garantir o sigilo mínimo, apenas seriam informadas as faltas
nos atendimentos.

• Seriam acionados outros serviços que pudessem colaborar com a fa-


mília, como a cozinha comunitária, secretaria de esportes, que possuía
atividades de contraturno, e serviço de geração de renda da Secretaria
da Assistência Social.

Discussão sobre o caso

É importante destacar que o trabalho intersetorial nem sempre é fácil ou re-


solutivo conforme desejamos ou idealizamos. Nesse caso, percebemos que os en-
caminhamentos iniciais foram o start para um cuidado compartilhado, mas que
poderiam gerar frutos, com o fortalecimento e acompanhamento regular da rede
intersetorial. Na situação apresentada, a aposta do grupo de trabalhadores foi a
de sistematizar o estudo de casos complexos e de difícil resolução acompanhados
pelas equipes.

É preciso dizer que os combinados nas reuniões podem parecer mais simples
do que realmente são. Assim, é importante pensarmos em ações pequenas e fac-
tíveis, em vez de grandes ações que podem ser impraticáveis e inalcançáveis. Lida-
mos com pessoas, e nem sempre elas aceitam nossos planos e projetos, já que são
seres desejantes e autônomos que seguem seus próprios projetos de vida, chegan-

65
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

do a suas próprias conclusões e ações. Nosso papel enquanto operadores do cui-


dado é ofertar serviços e possibilidades, bem como compartilhar o cuidado com
quem está sendo cuidado, a fim de garantir que esse usuário/família também se res-
ponsabilize por esse cuidado e, principalmente, opte pelo caminho que deseja seguir.

Relato de Caso 2

A família da dona Silvia

A entrada dessa família aconteceu por várias portas dos serviços de saúde e
assistência social. Fábio, o pai da família, ingressou por meio da Unidade de Saúde
Prisional. Havia sido preso por porte de drogas, mas recebeu a liberdade, sendo
considerado usuário. Na ocasião, passou pela Equipe de Saúde Prisional, na tria-
gem inicial, para diagnóstico de possível caso de tuberculose e infecção sexual-
mente transmissível. Foi realizada a coleta de escarro, e o resultado foi positivo.
Iniciou, ainda no presídio, o tratamento para tuberculose, e a família foi orientada a
procurar a UBS para realizar avaliação, enquanto contatos/comunicantes de Fábio.

Fábio logo saiu do presídio e foi orientado pela equipe de saúde a procurar o
CAPS ad, o mesmo encaminhamento recebeu do judiciário como condição para
liberdade. Foi recebido no CAPS ad com o encaminhamento judicial. Na época, a
equipe do CAPS ad recebia em torno de 100 encaminhamentos de termo circuns-
tanciado por mês de pessoas que foram abordadas portando SPA.

A equipe do CAPS ad havia combinado com o juiz da comarca a realização de


oficinas com esses usuários para avaliar o caso e apresentar o serviço, incluía ofici-
nas de redução de danos. Fábio optou por iniciar seu acompanhamento no serviço.
Já possuía muitas internações em comunidades terapêuticas, algumas interna-
ções interrompidas antes do tempo previsto e outras com recaída logo após alta.
Iniciou o acompanhamento no CAPS ad, onde frequentava oficinas de prevenção
à recaída e oficinas terapêuticas de geração de renda.

Nessa mesma família, a avó materna das filhas gêmeas havia realizado uma
denúncia no conselho tutelar de que o pai (Fábio) havia abusado sexualmente das
netas. O conselheiro encaminhou o caso para o CREAS com objetivo de realizar as
avaliações e os encaminhamentos necessários. A mãe, Silvia (companheira de Fábio),
falava que a avó, mãe dela, desejava retirar as filhas dela e, por isso, fez essa condução.

No CREAS, as filhas recebiam acompanhamento com a psicóloga e a assisten-


te social, em modo remoto, o serviço optou por teleatendimento. O objetivo era

66
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

compreender o que havia acontecido, tentando entender se havia ocorrido ou não


uma tentativa ou um abuso sexual.

A família começou a ser acompanhada pelo conselho tutelar para que as me-
didas protetivas fossem cumpridas, e o pai seguia em acompanhamento no CAPS
ad, com muitas recaídas ao longo do acompanhamento, mas permanecia.

A mãe da família tinha um histórico de tentativas de autolesão e ideação sui-


cida desde a adolescência, já havia iniciado acompanhamento de saúde mental
por algumas vezes, mas, sempre que estava um pouco mais estável, abandonava
o tratamento. A última vez tinha realizado uma tentativa de suicídio com medi-
camentos, foi levada para o Pronto Atendimento, recebeu atendimento, perma-
necendo em observação por 12 horas, recebeu alta e encaminhamento para ser
acompanhada pelo CAPS Adulto Saúde Mental. Permaneceu no serviço por quatro
meses, recebendo alta no início de 2020, com indicação de acompanhamento na
Unidade Básica de Saúde.

Logo no início da pandemia, a UBS de seu território suspendeu os atendimen-


tos presenciais e passou a realizar apenas a renovação das receitas de uso contí-
nuo. Quando apresentou nova crise, procurou o CAPS novamente, a profissional de
referência entrou em contato com a unidade, pois queria entender o motivo de a
usuária ter ficado quatro meses sem suas medicações.

A família chega para o atendimento da Unidade Básica de Saúde por meio do


serviço especializado (CAPS) e pela rede intersetorial (Conselho Tutelar e CREAS),
mas, como ordenadora do cuidado em saúde da população de seu território, a
equipe de referência inicia a centralização do cuidado em saúde.

Com o início da pandemia, os atendimentos foram interrompidos na UBS e


todos os serviços tentavam se organizar para a continuidade dos atendimentos. O
CAPS também havia suspendido os atendimentos em grupo (havia portaria que
suspendia as atividades coletivas) e mantinha atendimentos remotos, acolhendo
casos novos presencialmente e acompanhando por telefone os usuários do servi-
ço. Os profissionais de referência ligavam para os usuários, conforme a frequência
que estes tinham no serviço no momento em que precisou fechar as atividades,
monitoravam sinais e sintomas e, quando necessário, os orientavam a comparecer
no serviço para um atendimento individual.

67
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

Silvia recebeu uma nova receita dos medicamentos pela médica do CAPS e
foi em alguns atendimentos individuais no serviço, estabilizando seu quadro. Fora
definido que ela seria acompanhada individualmente pela psicóloga do Nasf-AB.
No decorrer dos atendimentos, Fábio, seu esposo, resolve sair de casa, e Silvia rea-
liza nova tentativa de suicídio, dessa vez usou mais medicamentos e precisou ficar
por um período maior em observação no Pronto Socorro. Foi reencaminhada ao
CAPS, ficando em leito de hospitalidade integral por três dias. Para o retorno dos
atendimentos, a médica da unidade solicitava apoio maior do CAPS na condução
do caso, mas a usuária tinha estabelecido um vínculo bom com a psicóloga do
Nasf-AB.

A solução com todos os serviços trabalhando remotamente foi agendar uma


reunião via app de reuniões. Na reunião, participaram profissionais de referência
dos serviços de CREAS, UBS (eSF e Nasf-AB), CAPS ad, CAPS adulto saúde mental
e conselheiro tutelar. No início da reunião, cada um dos serviços apresentou o que
conhecia da história familiar e como estava o acompanhamento dessa família no
serviço.

Respeitando alguns desejos da família e propondo novos desafios tanto para


as equipes quanto para a família, dividiram-se os atendimentos. Silvia permanece-
ria em acompanhamento com a psicóloga do Nasf-AB, mas sendo avaliada pela
médica psiquiatra do CAPS adulto até que o caso fosse estabilizado. As adolescen-
tes permaneceram em acompanhamento no CREAS até que Silvia recebesse alta
da psicóloga do Nasf-AB ou até que os grupos da atenção primária fossem libera-
dos, e então seriam incluídas nos grupos de adolescentes da UBS.

Fábio mantinha-se em acompanhamento no CAPS ad, mas com expectativa


para alta do serviço, e seria monitorado na unidade pela terapeuta ocupacional
do Nasf-AB, que fazia grupo de apoio para pessoas que abusavam de substâncias
psicoativas, porém, até aquele momento, também estava realizando apenas aten-
dimentos individuais. A avó continuaria sendo cuidada na sua UBS de referência, e
as equipes chamariam esse serviço para compor a próxima reunião de rede.

Esse caso aponta para a complexidade dos cuidados em saúde mental de uma
mesma família, a necessidade de destacar profissionais e serviços para atender a
determinado integrante da família, discutir o sentido da estratégia de um mesmo
profissional atender ou não a mais de um membro da mesma família e quais ou-
tros recursos podem ser acionados.

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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

lém disso, a rede precisa discutir quais serviços naquele momento possuem
maior vínculo e condições (técnicas, de estrutura física, de deslocamento, entre
outros) para atender a determinada situação. As equipes precisam pensar em es-
tratégias, a curto, médio e longo prazo para a condução do caso. Como relatado
nesse caso, o processo pandêmico exigiu que as equipes reinventassem suas prá-
ticas e deslocassem seus cuidados entre os vários serviços da rede.

Relato de Caso 3

A integração entre conselho tutelar e UBS

Em um dia normal de atendimento na UBS de um bairro bastante distante da


região central, chega uma senhora no cantinho do balcão da recepção e pergunta
pela ACS que passa por sua casa. A ACS a atende, e a senhora pede-lhe para falar
em um local reservado. A senhora fala que tem uma família em frente à sua casa
que chegou há uns dois meses, que ela tem escutado e visto que a menina de
quatro anos apanha muito e que não sabia o que fazer, então resolveu pedir ajuda
na unidade.

A ACS falou com a enfermeira, que resolveu fazer uma VD, dizendo que era ro-
tina para pessoas recém-chegadas no território e que precisava verificar a carteira
de vacinação e a situação de saúde dos moradores da casa.

Na unidade de saúde, os demais profissionais já pensavam em como organi-


zariam os atendimentos. A estratégia era aproximar a família da unidade. Seriam
deixados, durante a visita domiciliar, um horário de consulta com a médica e outro
com a psicóloga para acompanhamento da família.

Na chegada da visita, a mãe recebeu bem a enfermeira, esta percebeu que


aquela era muito agitada e, por vezes, irritada. Durante a visita, verificou-se atraso
na vacinação da criança, bem como condição dentária bastante prejudicada, com
a presença de cáries. A enfermeira orientou a mãe a levar a filha na unidade para
atualizar a carteira de vacinação, bem como a realizar consulta médica e odontoló-
gica. Questionou se a mãe estava bem e se já havia realizado algum acompanha-
mento de saúde nos últimos tempos. A mãe informou que estava muito cansada e
muito irritada e que nunca havia feito acompanhamento de saúde, porque sempre
foi saudável.

69
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

Após a visita, em discussão em reunião de equipe de eSF e equipe do Nasf-AB,


a enfermeira relatou sua visita, destacou que a criança tinha marcas de queimadu-
ra no braço e que, ao questionar à própria criança o que havia acontecido, ela olhou
para sua mãe e não respondeu; disse, ainda, que a criança havia ficado ansiosa
com o questionamento.

Adicionalmente, a enfermeira relatou a irritabilidade da mãe e suas orientações


para a procura da UBS a fim de atualizar a carteira de vacinação e realizar consul-
ta médica. Naquele momento, o grupo definiu que a assistente social do Nasf-AB
entraria em contato com o conselho tutelar e que, durante o atendimento médico
dessa mãe, seria avaliado o quadro de saúde mental, com a oferta de seguimento
com a psicóloga do Nasf-AB, caso verificasse a necessidade e existisse o interesse.

O conselheiro tutelar orientou a assistente social que a denúncia poderia ser


realizada por e-mail, o conselho faria uma visita de verificação da denúncia para
os encaminhamentos necessários. O conselho tutelar orientou a profissional da
equipe de saúde a fazer um Boletim de Ocorrência (B.O) de maus-tratos contra
criança e adolescente. A equipe de saúde informou que já havia agendado consul-
ta médica para essa mãe e criança, e o conselheiro solicitou que, caso a família não
comparecesse aos atendimentos, fosse informado.

Como procedimento padrão do conselho tutelar, o conselheiro realizou a visita,


formalizou os encaminhamentos para Unidade Básica de Saúde por ofício soli-
citando atendimento integral a criança e familiares e encaminhou a família para
atendimento no CREAS, devido à situação de violação de direitos.

A família faltou a todos os atendimentos agendados, a assistente social e a psi-


cóloga do Nasf-AB realizaram visita domiciliar para avaliar melhor a situação da
casa e da família e conversar com a mãe e com a criança.

Novamente, a mãe recebe bem as profissionais de saúde, informou que não


havia conseguido ir até a consulta porque estava com muitas tarefas; disse que, às
vezes, fica muito confusa e não consegue se organizar para suas atividades diárias.
A psicóloga solicita que, enquanto a assistente social conversasse com sua filha, a
mãe conversasse com ela.

Nesse contexto, foi possível identificar uma situação de conflito, a mãe relatou
que estava muito cansada; que se irritava com facilidade; que, em alguns momen-

70
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

tos, perdia a paciência; que seu marido trabalhava para sustentar a casa e ela, que
sempre trabalhou, não estava conseguindo trabalhar pelo fato de não ter conse-
guido creche para a filha; que ficou assustada com a visita do conselho tutelar.

Ao final da visita domiciliar (VD), ficou combinado que a mãe iria até a unidade
para um atendimento com a psicóloga e que talvez pudessem conversar com a
médica para avaliar alguma medicação para auxiliá-la em alguns de seus sintomas.

A assistente social entrou em contato com o conselho tutelar, informou a per-


cepção de ambas durante o atendimento domiciliar e solicitou apoio desse serviço
para que auxiliasse a família na busca de vaga em creche para a criança. Ela foi in-
formada de que essa busca estava em andamento com a Secretaria de Educação.

Após consulta realizada pela psicóloga, verificou-se que a mãe apresentava


momentos de raiva, era bastante intempestiva, trouxe relatos de ter sofrido muita
violência física na infância e de que percebia que não estava conseguindo “dar
conta” da maternidade, ao mesmo tempo que se sentia muito culpada por isso. A
família permaneceu em acompanhamento na Unidade de Saúde e no CREAS para
suporte, sendo iniciada medicação para a mãe após um diagnóstico de um quadro
de Transtorno Afetivo Bipolar (TAB) nunca diagnosticado.

O caso relatado aponta a importância do trabalho em rede e a da saúde como


grande disparador desses contatos, a partir de seu olhar ampliado e integral dos
cuidados em saúde.

71
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

ENCERRAMENTO

O trabalho em rede é um grande desafio no cuidado em saúde. Pensar o cui-


dado em saúde com outros setores é condição para aproximar nosso olhar e nosso
fazer do cuidado integral e individualizado.

A saúde, no seu dia a dia de cuidado, deverá articular suas ações a partir das
múltiplas necessidades que se apresentam no trabalho da atenção básica. Com
efeito, sabemos que essa articulação de rede é trabalhosa, exige que o trabalhador
“saia de sua zona de conforto”, exige deslocamento pela cidade, realização de ati-
vidades que, muitas vezes, não se tornam indicadores, negociações que, por vezes,
viram brigas. Apesar disso tudo, ainda assim, acreditamos que esse é o único modo
verdadeiro de “fazer saúde”.

72
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

REFERÊNCIAS

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dezembro de 2011. Institui a Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com so-
frimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack,
álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília: Minis-
tério da Saúde, 2011c.

73
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

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BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Na-


cional de Assistência Social. Política Nacional de Assistência Social – PNAS 2004:
Norma Operacional Básica – NOB/SUAS. Brasília: Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome; Secretaria Nacional de Assistência Social, 2005. Dispo-
nível em: https://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Nor-
mativas/PNAS2004.pdf. Acesso em: 10 nov. 2021.

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos.


Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Presidência da
República, 1988.

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos.


Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Ado-
lescente e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 1990.

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos.


Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993. Dispõe sobre a organização da Assistência
Social e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 1993.

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos.


Lei nº 14.284, de 29 de dezembro de 2021. Institui o Programa Auxílio Brasil e o
Programa Alimenta Brasil; define metas para taxas de pobreza; altera a Lei nº 8.742,
de 7 de dezembro de 1993; revoga a Lei nº 10.836, de 9 de janeiro de 2004, e dispo-
sitivos das Leis n os 10.696, de 2 de julho de 2003, 12.512, de 14 de outubro de 2011,
e 12.722, de 3 de outubro de 2012; e dá outras providências. Brasília: Presidência da
República, 2021b.

DISTRITO FEDERAL (Estado). Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social. Se-


cretaria. Brasília: Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social, 2021. Disponível
em: https://www.sedes.df.gov.br/secretaria-adjunta/. Acesso em: 9 nov. 2021.

74
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

DISTRITO FEDERAL (Estado). Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal.


Comissão Permanente de Protocolos de Atenção à Saúde. Protocolo de Atenção
à Saúde Segurança do Paciente: prescrição, uso e administração de medicamen-
tos. Brasília: Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal; Comissão Perma-
nente de Protocolos de Atenção à Saúde, 2019-2021.

DISTRITO FEDERAL (Estado). Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal.


Diretoria de Assistência Farmacêutica. Manual de Assistência Farmacêutica.
Brasília: Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal; Diretoria de Assistên-
cia Farmacêutica, 2018. Disponível em: https://www.saude.df.gov.br/wp-conteudo/
uploads/2018/04/Manual_ASSIST%C3%8ANCIA-FARMAC%C3%8AUTICA.pdf. Aces-
so em: 8 nov. 2021.

GUIMARÃES, A. M. D. N.; CAVALCANTE, C. C. B.; LINS, M. Z. S. (org.). Planificação da


atenção primária à saúde: um instrumento de gestão e organização da atenção
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Brasília: CONASS, 2018.

JACCOUD, L. Pobreza, direitos e intersetorialidade na evolução recente da proteção


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do em Profissional em Saúde Mental e Atenção Psicossocial) - Programa de Pós-
-Graduação em Saúde Mental e Atenção Psicossocial, Centro de Ciências da Saúde,
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2015.

75
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

SÃO PAULO (Estado). Prefeitura de São Paulo. Secretaria Municipal de Assistên-


cia e Desenvolvimento Social. Informativo SMADS Nº 16 - Nota Técnica Nº 04/
SMADS/2020. Dispõe sobre os fluxos de encaminhamento entre serviços socioa-
ssistenciais de acolhimento e abordagem em função da pandemia de COVID-19.
São Paulo: Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, 2020. Dis-
ponível em: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/assistencia_social/
coronavirus/?p=302983. Acesso em: 7 nov. 2021.

76
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA

FICHA TÉCNICA

© 2022. Ministério da Saúde. Escola Fiocruz de Governo. Fundação Oswaldo Cruz.


Alguns direitos reservados. É permitida a reprodução, disseminação e utilização desta
obra, desde que citada a fonte. É vedada a utilização para fins comerciais.

Curso de Estratégia Saúde da Família. Brasília: [Curso na modalidade a distância].


Fiocruz-2022.

PROGRAMA QUALIS APS


Secretaria de Estado de Saúde O Programa Qualis APS tem por objetivo cooperar
no processo de qualificação da gestão e da assis-
do Distrito Federal
tência, visando à melhoria dos serviços prestados
Secretaria Adjunta de Assistência à Saúde na Atenção Primária à Saúde do Distrito Federal.
Subsecretaria de Atenção Integral à Saúde É viabilizado por meio de convênio da Secretaria

Coordenação da Atenção Primária à Saúde de Estado de Saúde do Distrito Federal com a Fio-
cruz Brasília e a Fundação para o Desenvolvimen-
Diretoria da Estratégia Saúde da Família
to Científico e Tecnológico em Saúde (Fiotec) e
Gerência de Estratégia Saúde da Família
conta com a colaboração técnica de pesquisado-
Gerência de Apoio à Saúde da Família
res da Universidade de Brasília.
Gerência de Qualidade da Atenção Primária

FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ


Gerência Regional de Brasília (Gereb/Fiocruz Brasília)
Escola de Governo Fiocruz Brasília (EGF)
Avenida L3 Norte, s/n, Campus Universitário Darcy Ribeiro, Gleba A
CEP: 70.904-130 – Brasília – DF
Telefone: (61) 3329-4550
CRÉDITOS Designer Instrucional

Diretora da Fiocruz Brasília Fabrícia Silva

Maria Fabiana Damásio Passos Produtor Multimídia

Coordenação Fiocruz – Programa Qualis APS Paulo Lepletier

Luciana Sepúlveda Köptcke Designer Gráfico/Ilustrador

José Antonio Silvestre Fernandes Neto Eduardo Calazans

Marcio Aldrin França Cavalcante


Diagramador

Coordenação Geral do curso Daniel Lopes Dias

Marcelo Pedra Martins Machado Desenvolvedores

Coordenação Adjunta do curso Bruno Costa

Gabriel Ferreira do Nascimento


Ena de Araújo Galvão
Joana D’Angeles
Conteudistas
Rafael Cotrim Henriques
Janaína de Oliveira
Thiago Xavier
Joice Pacheco
Trilha Sonora
Jorge Samuel Dias Lima
Marcelo Pedra Martins Machado
Katia Muniz Amirati
Revisor

Erick Pessoa Guilhon


PRODUÇÃO

Núcleo de Educação a Distância da Editor AVA


EGF-Fiocruz Brasília Trevor Furtado

Coordenadora de Produção
Supervisora de Oferta
Maria Rezende
Meirirene Moslaves

Supervisora de Produção
Apoio Técnico
Fabrícia Silva
Dionete Sabate

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Não Comercial – Compartilhamento pela mesma licença 4.0 Internacional. É permitida
a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte.

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