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1.OBJETIVOS
Descrever e padronizar as condutas de avaliação para adultos e idosos com disartria
no Ambulatório de Fonoaudiologia do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora
(HU-UFJF) – Unidade Dom Bosco.
2.INTRODUÇÃO
A avaliação é fundamental para prática clínica com o objetivo de caracterizar
qualitativamente os aspectos para os quais o paciente apresenta maiores dificuldades.
Para contextualizar a necessidade de intervenções nessa área, cabe destacar que a
disartria é um distúrbio de fala, de origem neurogênica, ou seja, resultado de uma lesão no
mecanismo nervoso (central e/ou periférico), que regula os movimentos da fala, caracterizado por
fraqueza, lentidão, imprecisão, além de afetar a respiração, fonação, ressonância, articulação e
prosódia. Com sua etiologia podendo ser secundária ao acidente vascular cerebral; traumatismo
crânio encefálico; tumor benigno ou maligno no cérebro, cerebelo ou tronco cerebral; enfermidades
infeciosa, metabólica, tóxica ou degenerativa do sistema nervoso central ou periférico, cresce a
necessidade de que o tempo adicional acrescido à expectativa de vida seja vivido em condições de
saúde adequada, boa qualidade de vida e, em especial, que o desempenho articulatório continue
preservado (HUANG, 2019).
Na literatura são encontrados diferentes tipos de disartria, e suas características
podem variar de acordo com o local e o tamanho da lesão neurológica ou a doença que provoca o
problema. Os principais tipos incluem:
Disartria flácida: é uma disartria que, geralmente produz uma voz rouca,
monótona, hipernasalidade, pobreza da inteligibilidade e consoantes imprecisas (devido flacidez),
pobre abertura labial, sialorréia e redução dos movimentos alternados de língua. Costuma
acontecer em doenças que provocam lesão no neurônio motor inferior, como miastenia gravis ou
paralisia bulbar, por exemplo.
Disartria espástica: provoca uma voz anasalada, imprecisão consonantal e
vocálica, gerando uma voz tensa e “estrangulada”. Pode estar acompanhada de espasticidade e
reflexos anormais dos múculos da face. Mais frequente em lesões do neurônio motor superior,
como na esclerose lateral amiotrófica e traumatismo crânio encefálico.
Disartria atáxica ou cerebelar: lesão no cerebelo em que os movimentos se
tornam incoordenados, fala lentificada, monótona, imprecisão articulatória, fadiga nos aspectos
articulatórios e prosódicos, tremores nos lábios e língua. Pode lembrar a fala de alguém alcoolizado.
Costuma surgir na situações em que há lesões relacionadas à região do cerebelo.
Disatria hipocinética: imprecisão articulatória (devido flacidez), voz rouca,
soprosa e trêmula, havendo também alteração na velocidade da fala e tremor de lábios e língua.
Pode ocorrer em doenças que provocam alterações na região do cérebro chamada gânglios de base,
mais comum na doença de Parkinson.
Disartria hipercinética: ocorre uma distorção na articulação das vogais,
provocando uma voz rouca-áspera e com interrupção na articulação das palavras. Movimentos
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voluntários mioclônicos (espasmos). Pode acontecer em casos de coréia, tiques ou distonia, por
exemplo.
Disartria mista: apresenta alterações características de desordens do sistema
nervoso que afetam mais de um tipo de disartria, e pode acontecer em diversas situações, como na
esclerose múltipla, esclerose lateral amiotrófica, doença de Wilson ou traumatismo crânio
encefálico, por exemplo.
O presente protocolo pretende traçar os critérios de avaliação que norteará o
fonoaudiólogo no tratamento de cada caso, auxiliando-o na escolha das estratégias a serem
utilizadas, a fim de minimizar os comprometimentos articulatórios, favorecendo a sua comunicação.
3.MATERIAIS NECESSÁRIOS
4.2 Atribuições
Inicialmente, os pacientes passam por uma triagem, para verificar a elegibilidade
para a terapia fonoaudiológica. Além disso, quando necessário, são encaminhados para outras
especialidades e/ou para realização de exames.
Quando o atendimento do paciente é agendado no Ambulatório de Fonoaudiologia,
inicia-se a aplicação de uma anamnese detalhada e em seguida realiza-se a avaliação da disartria
por meio de protocolo específico.
Os atendimentos são individuais, realizados no Ambulatório de Fonoaudiologia, no
setor de Métodos Gráficos – Unidade Dom Bosco, ocorrem semanalmente e têm duração de 30
minutos.
Na anamnese, serão investigadas a história pregressa da doença, sendo especificados
o tipo e a data da lesão, as sequelas e/ou alterações observadas, os antecedentes individuais e
familiares, as habilidades e dificuldades de articulação na disartria, e os aspectos motor, psicológico
e sociocultural.
Na avaliação serão propostas atividades para que sejam observadas as habilidades e
déficits do paciente a respeito dos sistemas respiratórios (ressonância, escape de ar, velofaringe e
velocidade, cansaço), fonatório (rouquidão, ritmo de fala, fluência, cansaço e observar adaptações).
Com os dados obtidos, deverá ser levantada a hipótese diagnóstica do tipo da
disartria. O resultado dessa avaliação será registrado no sistema AGHU (Aplicativo de Gestão para
Hospitais Universitários).
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5.PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO
Sistemas respiratório e fonatório devem ser testados juntos já que anormalidades na
fonação afetam a respiração e vice-versa.
5.2 Diadococinesia
Pedir para repetir PA TA KA para observar a velocidade na alternação dos movimentos de um
estrutura a outra (/PA/ bilabial /TA/ linguodental e /KA/ palatal.
5.3 Restrição Nos Movimentos
Pedir um /TA/TA/TA/ bem rápido e observar as possibilidades mandibulares
TDTDTDTD.
5.4 Pedir Para Repetir Palavras
Observar o ritmo de fala, prosódia, as emissões nasais, articulação, os movimentos
da língua.
tornado - gengibre - artilharia - catástrofe - impossibilidade - análise estatística
igreja episcopal presbiteriana – lixo lixeira - cidade cidadão cidadania - gato catapulta - porta porteiro portaria - O rato
roeu a roupa do rei de Roma.
Soprar
Assobiar
Estalar a língua
Inflar as bochechas
Lamber os lábios
OBSERVAÇÃO
O profissional poderá utilizar outros testes de acordo com a especificidade do quadro
clínico do paciente.
6.REFERÊNCIAS
FERREIRA, L. P., BEFI-LOPES, D. M., LIMONGI, S. C. O. Tratado de fonoaudiologia. São Paulo: Roca,
2004.
MUDOCH, D. E. Disartria: uma abordagem fisiológica para avaliação e tratamento. Lovise, 2005.
7.HISTÓRICO DE REVISÃO
VERSÃO DATA DESCRIÇÃO DA ALTERAÇÃO
01 14/05/2021 Elaboração inicial do documento
Elaboração/Revisão
Análise
Serviço de Fonoaudiologia
Validação
Aprovação